Jornal Brasil Atual - Bebedouro 18

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Distrib

Bebedouro

Jornal Regional de Bebedouro

Gratuuiição ta

nº 18

mídia

Abril de 2012

Saúde pública

ela faz o que quer A sociedade brasileira quer liberdade de expressão para todos. Sem exceção oba, tem upa! Está sendo erguido o prédio da Unidade de Pronto Atendimento 24h

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estrada

alckmin sumiu

FOLHA

Governador não viu protesto do pessoal de Monte Azul Paulista

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Futebol

é pic, é pic, é pic, pic, pic

rá, Tim, Bum: Bebedouro!!! Cidade Coração faz 128 anos. Jovem e bonita, ela não aparenta ter a idade que tem Pág. 3

Um fino de bola Bebedourense Cesinha Michelon brilhou no Brasil e na Europa

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Bebedouro

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plateia

Saúde pública

R$ 1,3 mi para prédio da UPA

editorial Bebedouro faz 128 anos, mas, sinceramente, não parece ter a idade que tem. Ao contrário. Trata-se de uma elegante senhora, muito hospitaleira, que dá aos filhos que tem o que ela possui de mais encantador: o seu solo, de onde brotam as sementes do nosso futuro. Parabéns a todos que transformam a nossa querida cidade num lugar de bem viver. Nesta edição, o jornal Brasil Atual – Bebedouro, além, claro, de celebrar a festa, mostra como a televisão brasileira é um atentado à liberdade de expressão, um privilégio de meia dúzia de donos da mídia, que tudo fazem para manter a situação do jeito que está. Passou da hora de o país criar um sistema democrático à altura de sua diversidade. Afinal, é ou não é um absurdo, por exemplo, a Rede Globo destinar 18 segundos do Jornal Nacional para falar numa passeata de 100 mil mulheres que foram a Brasília reivindicar a reforma agrária e gastar 127 segundos, no mesmo telejornal, para falar dos 20 mil produtores rurais – leia-se ruralistas – que foram pedir para desmatar além dos limites atuais? Outro tema que movimentou a região foi o ato de protesto organizado pelo pessoal de Monte Azul Paulista contra o descaso com que o governador tucano Geraldo Alckmin trata a duplicação da Rodovia Armando Salles de Oliveira, no trecho Bebedouro a Olímpia. Mas, esperto, ao saber do protesto, o governador nem apareceu. É isso. Boa Leitura!

jornal on-line Leia on-line todas as edições do jornal Brasil Atual. Clique www.redebrasilatual.com.br/jornais e escolha a cidade. Críticas e sugestões jornalba@redebrasilatual.com.br

O Governo Federal enviou para Bebedouro, em dezembro, R$ 1,3 milhão para o início da construção do prédio da UPA – Unidade de Pronto Atendimento 24 horas. As UPAs são estruturas de complexidade intermediária entre as Unidades Básicas de Saúde e os hospitais de urgência. Toda essa estratégia de atendimento está relacionada ao Serviço Móvel de Urgência (SAMU), que consiste em ambulâncias tipo UTI móvel, que encaminha o paciente ao serviço de saúde adequado a cada situação e será implantado na sequência pelo Ministério da Saúde. Como a saúde de Bebedouro vai ganhar muito com

mauro ramos

Unidade de Pronto Atendimento 24 h vai ser erguida

os investimentos, muita gente quer ser “o pai da criança”. Para o Diretório Municipal do PT, partido da presidenta Dilma Rousseff, tem gente na cidade – inclusive o prefeito Italiano (PTB) – querendo faturar em cima do Governo Federal. O presidente do PT local, Luiz Carlos

de Freitas, garante que “acompanhará a obra e informará às instâncias superiores do partido e ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, sobre seu andamento”. A unidade está sendo construída na Rua Luiz Bruneli em terreno contíguo ao Hospital Municipal Julia Pinto Caldeira.

vale o que vier Há algum tempo observo a forma como os jornais de Bebedouro relatam certas notícias, que sempre me deixava em dúvida sobre a veracidade delas, mas na edição 17, do Brasil Atual, a reportagem sobre o Dia Internacional da Mulher deu-me a certeza de que minhas dúvidas tinham fundamento. Sou irmã de uma das artesãs. O repórter Saulo Pimenta ou não entendeu nada do que ocorreu ou se aproveitou da situação para inventar histórias e atacar a primeira-dama. Não estou aqui para defendê-la, mas para mostrar a minha indignação com o jornal. Na matéria, elas parecem um bando de mortas de fome que não podiam pagar o ingresso do evento. Não foi isso o que aconteceu. Ao serem comunicadas que tinham de pagar o ingresso, elas concordaram em pagar. E só saíram do evento porque o bufê não preparou um local pra elas comerem, não tinha mesa, prato, etc. Mas o jornal se preocupou somente com a política. Quanto às mentiras relatadas, a responsável pelo Círculo das Artes (e não circo como o nobre jornalista escreveu) fará uma retratação na rádio para a primeira-dama. Minha crítica é para que os jornais regionais tomem cuidado com os repórteres e fontes sem ética e sem compromisso com a verdade. Má notícia e notícia mal dada só ajudam a vender jornal. E, para os de distribuição gratuita, fomentam a fofoca nas pessoas que não têm o que fazer, mas não transformam o mundo. Renata Sarri <resarri@bol.com.br>.

Nota da Redação: O jornal Brasil Atual - Bebedouro respeita a posição de Renata Sarri, mas reafirma tudo o que foi publicado na edição passada. Expediente Rede Brasil Atual – Bebedouro Editora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de redação Paulo Salvador Editor João de Barros Redação Enio Lourenço Revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman Telefone (11) 3241-0008 Tiragem: 10 mil exemplares Distribuição Gratuita


Bebedouro

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é pic, é pic, é pic, pic, pic

A história de Bebedouro, uma baita Cidade Coração Bebedouro nasceu em 1885, quando a região entre os rios Pardo e Turvo era um sítio que abrigava tropeiros e boiadeiros que viajavam pelo sertão paulista e usavam o córrego Bebedor para saciar a sede dos andarilhos e de seus animais fatigados. Então, eles tiveram a ideia de comprar a gleba de terras para começar ali um novo povoado. Para concluir a negociação com o proprietário jaboticabalense Corrêa e Mesquita, eles propuseram um pagamento nada convencional: devido à ausência de moeda corrente na época (item raro

mauro ramos

A cidade nasceu do pagamento da prestação de suínos e de um cavalo de estimação

no interior do Brasil), ofereceram três prestações de suínos como pagamento do terreno. As duas primeiras parcelas

foram pagas pelos pioneiros e a terceira parte da dívida foi quitada por Francisco Inácio Pereira, com o repasse de um

animal de estimação: um cavalo de cela arriada. O povoado passou a se chamar Vila de São Sebastião do Bebedor – ficando depois Bebedor e, por fim, Bebedouro. O dia oficial de sua fundação é 3 de maio de 1884, data em que foi lavrada em cartório a doação de terras ao patrimônio dos fundadores. A lavoura e o comércio desenvolveram a vila que, em 1892, virou Distrito de Paz. Dois anos depois, Bebedouro se emancipava de Jaboticabal, tornando-se município e, em 1896, elevou-se a Comarca.

A população cresceu com o desenvolvimento econômico promovido pelo café. Chegaram os trilhos da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, em 1901, fazendo com que Bebedouro se interligasse à capital. Mas o crescimento e as riquezas cessaram com a crise do café nos anos 30. Bebedouro foi atrás de novas saídas, até descobrir a sua nova vocação: a laranja – por muito tempo Bebedouro recebeu a alcunha de “Capital Nacional da Laranja”. Hoje os canaviais compõem o setor primário bebedourense.

128 vezes parabéns a você, Bebedouro! “À querida cidade que me acolheu, me deu esperança e um futuro melhor, eu desejo nesses 128 anos toda a felicidade. Que seus filhos a tratem com o carinho e o amor que você merece. Cidade Coração, eu só tenho a agradecer e a retribuir pelas vitórias que me concedeu. Parabéns, Bebedouro.” Lourival Rosa Basílio, presidente do Sindicato dos Funcionários Municipais “ B e b e douro das tropas que seguiam rumo a Barretos, dos coronéis, que em suas fazendas cultivavam o café e, depois, os laranjais.

Hoje, a Cidade Coração busca uma nova vocação. Cabe a nós, seus filhos, reconduzi-la ao lugar de destaque que merece. Parabéns, Bebedouro.” Airton Pinheiro, diretor do Sindicato dos Funcionários Municipais “Se pudesse, eu daria a Bebedouro, como presente de aniversário, um visual mais bonito. Concluiria as obras no lago artificial – cartão de visita e point da cidade – com calçadas, bancos e gabiões à sua margem. Asfaltaria as ruas da cidade, conservaria as praças, logradouros e sanitários públicos e cuidaria dos distritos de Andes, Botafogo e Turvínea. Nossa bela cidade ficaria ainda mais bela.” José Eduardo

Vicente, presidente da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos “À terra em que nasci, cresci e vivo com minha esposa e filhos, à terra em que nasceu e vive meu pai, desejo felicidades ao seu povo, que trabalha e sonha com um futuro melhor. Eu já tive o prazer de ser vereador aqui, por dois mandatos, já tive a honra de presidir a Câmara Municipal. Espero ainda ajudá-la a se desenvolver. Feliz aniversário.” Carlos Orpham, diretor do Sindicato dos Bancários “Não nasci aqui, mas minha esposa é filha desta ter-

ra, que aprendi a querer bem. Como empresário, invisto em Bebedouro por acreditar em sua gente trabalhadora, amiga e responsável. Parabéns, Bebedouro, pelos 128 anos de emancipação política.” Hélio Bergman, dono do Restaurante e Choperia Mercato e do Salão de Eventos Nevada “Como viceprefeito municipal, trabalho pelo desenvolvimento de Bebedouro. Mesmo com tantos obstáculos, acredito que eles são muito menores do que a força do povo bebedourense. Que nesta data a cidade receba o carinho de todos para se renovar na esperança de um futuro próspero, justo e merecedor. Parabéns, Bebedouro.” Gustavo Spido, vice-prefeito

“Bebedouro faz 128 anos. É o momento para a gente olhar as experiências de quem aqui vive e luta pelo desenvolvimento do município e avaliar o seu sucesso. Que cada aniversário seja uma chance a mais de nos congratularmos com o progresso e desenvolvimento de Bebedouro.” Manoel Vasco, presidente do Sincomércio “ Q u e r o cumprimentar os irmãos bebedourenses. Nestes 128 anos de fundação da cidade, desejo prosperidade, fartura nos lares, emprego e saúde para todos.” Carlos Serotine ‘Tota’, presidente da Câmara Municipal


Bebedouro

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Por uma televisão com todas as vozes e sotaques Cem mil mulheres chegam a Brasília vindas de todas as partes do Brasil. São trabalhadoras rurais, caminham durante dias e são recebidas pela presidenta da República para discutir reforma agrária. Em outro dia, 20 mil produtores rurais ocupam a Esplanada dos Ministérios. Querem que o Congresso vote as mudanças na legislação florestal para poder desmatar além dos limites atuais. A Marcha das Margaridas recebeu 18 segundos da edição de 17 de agosto de 2011 do Jornal Nacional. Já o churrasco da maior entidade ruralista, 127 segundos. “Ninguém quer acabar com a Globo nem democratizar a Globo. Ela cumpre um papel político e cultural no Brasil” – diz Renata Mielli, da coordenação do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). Em outras palavras, cada empresa pode transmitir o que achar importante, mas as margaridas, as acácias, as violetas e todas as flores têm direito a uma emissora que as represente – e todo cidadão, o

Max corello

No Brasil, a sociedade quer a ajuda de Dilma para avançar nesse projeto

direito de buscar e encontrar uma cobertura diferente. “O objetivo é fortalecer um campo público de comunicação e discutir regras transparentes para a concessão de canais.” As estações de televisão ou de rádio que escolhemos todos os dias são um espaço público. Esse espaço é invisível, está no ar, mas é limitado, o que significa que não se pode abrir infinitas emissoras. Essa restrição torna necessária a pre-

sença do Estado para regular e disciplinar a distribuição das concessões, feitas mediante leilões válidos para um determinado período. Na prática, é como se uma pessoa alugasse uma frequência. Como qualquer contrato de aluguel, há direitos e deveres. Se descumpridos, implicam advertência, multa e até rompimento do vínculo. O Brasil, por enquanto, não discutiu essas regras. Há conceitos apre-

Por João Peres

sentados pela Constituição a ser refinados para, caso o inquilino desrespeite o acordo, o locatário – o povo brasileiro – poder solicitar de volta o imóvel, ou melhor, a frequência. O texto constitucional de 1988 diz que o setor não pode ser alvo de monopólio ou oligopólio, mas não está definido quais são os parâmetros que configuram essa concentração. Os veículos de rádio e TV devem dar preferência a conteúdos educativos e culturais – porém, sem esmiuçar o que isso significa, a sociedade não tem como cobrar a aplicação. “O discurso da censura é o discurso dos censores”, lamenta João Brant, do Coletivo Intervozes, atuante na batalha pela democratização da comunicação. “A regulação precisa incidir sobre a questão do pluralismo e da democracia e garantir que as diferentes vozes e perspectivas fluam ao debate público.” Assim ficou definido nas nações europeias e nos Estados Unidos, e é desse modo que deseja a Unesco, órgão das Nações Unidas para a educação e

a cultura. Toby Mendel, consultor internacional da entidade, lembrou durante um seminário realizado em Brasília em 2010 que liberdade de expressão não é só o direito de ouvir: é o direito de falar. O preceito é reafirmado pela Organização dos Estados Americanos (OEA), que enxerga a comunicação como um direito humano básico, a exemplo da saúde, da educação e da alimentação. Se há conselhos municipais, estaduais e nacionais para discutir essas questões, por que a comunicação ficaria de fora? A organização Transparência Brasil encontrou 52 deputados e 18 senadores associados a empresas concessionárias de comunicação. A renovação das outorgas é atribuição dos parlamentares. A Constituição prevê que eles não participem de concessões de serviços públicos, para evitar que legislem em causa própria. Em dezembro passado, o Intervozes e o PSOL ingressaram com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para barrar essa situação.

No Brasil, as operadoras que transmitem as partidas controlam mais de 90% da base de assinantes, 11 milhões de pessoas. No último Campeonato Brasileiro, a Globo, que tem o monopólio do setor, convenceu mais de 1 milhão deles a aderir ao “pague para ver”. O acesso

às partidas custou entre R$ 40 e R$ 60 ao mês. Quando apresentou suas vantagens para a renovação do contrato com os clubes, a Globo lembrou que chega a 99,67% dos lares brasileiros. Uma situação que mataria de susto estudiosos da comunicação na França. Nenhuma

emissora daquela nação pode atingir mais de 20% da audiência nacional – se passar disso, deve se livrar de canais até que volte aos níveis permitidos. Há restrições também à chamada propriedade cruzada, que é o controle por um mesmo grupo empresarial de veículos de rádio, TV, internet e impressos.

daniel augusto júnior

A dona da bola, do jogo e, claro, da renda


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No Brasil, segundo o projeto Os Donos da Mídia, há 34 redes de comunicação, mas mais da metade das emissoras está afiliada a quatro delas (Globo, SBT, Band e Record). O grupo Rede Bahia controla dez veículos de comunicação no Estado, entre os quais seis geradoras de TV e três rádios, que costumam retransmitir a programação da Globo. “Nós queremos nos ver na televisão. A televisão neste país é Sudeste, ela não é a cara de todo o povo brasileiro” – queixa-se Julieta Palmeira, médica e integrante do recém-criado Conselho Estadual de Comunicação da Bahia. “Queremos incentivos à produção independente e à produção regional para que o povo possa se ver na televisão.” Como as chamadas “cabeças de rede” ficam no Sudeste, concentra-se aí 60% do faturamento em publicidade.

A distribuição da publicidade do governo brasileiro passou por um processo importante de desconcentração ao longo da última década. Em 2003, receberam recursos de campanhas federais 499 veículos em 182 municípios; em 2010, foram 8.094 veículos em 2.733 municípios – mas a maior fatia ainda fica com a televisão aberta. Questionado pela repórter Lúcia Rodrigues, da Rádio Brasil Atual, sobre a lentidão na comparação com o país vizinho, o ex-ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, lançou uma hipótese: “O Brasil não caminha galopando, tirando as quatro patas do chão ao mesmo tempo como um potro argentino, que é muito rápido, mas às vezes corre para um lado e depois é obrigado a voltar porque não tinha criado um consenso. O Brasil é como

um elefante, para movimentar uma pata, precisa ter as outras três no chão”. A metáfora, se não bate de frente, também não alivia para o ministro das Comunicações do governo Dilma, Paulo Bernardo – em cuja gaveta hiberna o anteprojeto de regulação rascunhado há quase dois anos. De acordo com o Observatório do Direito à Comunicação, Paulo Bernardo afirmou durante um seminário dias antes do carnaval que a revisão do projeto de marco regulatório já estaria concluída e que ele deverá ser objeto de consulta pública em breve. O ministro não mencionou prazos e ponderou que vai precisar conversar mais dentro do governo. Em seu primeiro ano de gestão, Dilma quase não tocou no assunto. Agora, o tema parece ter dado um sinal de

antonio cruz/abr

Quatro redes dominam a TV: Globo, Record, SBT e Band

vida. Na mensagem do Executivo ao Congresso Nacional, na abertura do ano legislativo de 2012, é citada a pretensão do governo de concluir o Regulamento do Serviço de Radiodifusão (de 1963). E também de “prosseguir com ações voltadas à atualização

do marco legal das comunicações eletrônicas”. Os brasileiros ávidos por um sistema mais democrático esperam, enfim, ter tocado o coração da presidenta. Sem a ajuda dela, o elefante segue adormecido, sufocando as vozes de quem ficou lá embaixo.

O então ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo Lula, Franklin Martins, experiente jornalista com passagens por Globo e Bandeirantes, começou a elaborar um anteprojeto para promover a democratização da comunicação. O texto tomou como base os debates da conferência nacional e as experiências de diversos países de avançada democracia. O esboço de Franklin foi repassado ao ministério de Dilma Rousseff, mas ainda não andou. A Bahia inaugurou em janeiro o primeiro conselho estadual de comunicação do

marcello casal jr/abr

Todos sentam à mesa para discutir. Menos a Globo

Brasil. Outros projetos do gênero surgiram em 2010, mas o apoio do governo de Jaques Wagner foi decisivo para que o colegiado baiano, fruto de

uma iniciativa de movimentos da sociedade, fosse instalado. A ideia é discutir o fortalecimento da rede pública de televisão e rádio, o papel das emissoras comunitárias e a distribuição de verbas publicitárias estaduais. “Isso traz desenvolvimento regional à medida que se apoia o produtor de conteúdo onde ele estiver” – diz Julieta Palmeira, empossada no Conselho Estadual de Comunicação da Bahia em 10 de janeiro. Julieta, também do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, considera importante o fato de empresários, sociedade civil e governo terem se sentado à mesma mesa para

debater o tema, apagando o preconceito em torno dos militantes. “O conselho tem caráter deliberativo, e isso ocorreu com a aceitação dos empresários, o que não é uma coisa menor.” A Rede Globo foi a exceção. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), representante dos maiores grupos midiáticos, que já havia se negado a participar da Conferência Nacional de Comunicação em 2009, tampouco quis integrar o grupo de trabalho que elaborou o projeto do conselho baiano. Em nota, a Abert manifestou considerar inconstitucional a iniciativa por acreditar tratar-se de uma prer-

rogativa da Federação, vetada aos Estados. “A Constituição brasileira é clara ao garantir o exercício da liberdade de expressão e de imprensa, da manifestação do pensamento e de opinião, sem nenhum tipo de censura, licença ou controle” – acrescenta. “Não pode haver temas interditados para o debate público” – rebate Renata Mielli, do FNDC. “Como vou controlar a Globo? Não tem como controlar. Mas tenho como discutir critérios de distribuição de publicidade oficial. Quando se fala sobre isso, esses veículos ficam enlouquecidos.”


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Manifestação cobra duplicação da SP-322 Na entrega de casas populares, governador ouviria poucas e boas. Mas ele não apareceu

divulgação

No dia 14 de abril, na vizinha cidade de Monte Azul Paulista, durante ato de entrega de 83 casas populares pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), na presença de várias autoridades tucanas da região, o movimento “Obras Já! SP-322” promoveu uma manifestação de protesto pela demora na duplicação da Rodovia Armando Salles de Oliveira, no trecho que liga Bebedouro a Olímpia. O número

de acidentes e o abandono dessa estrada surpreende: toda semana ela registra vítimas fatais e é péssimo o estado de conservação em que se encontra. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) soube que haveria a manifestação e não compareceu ao evento, passando a bola para o representante de seu partido, deputado Roberto Engler. Mês passado, manifestantes de Monte Azul e Bebedouro colocaram 2,5 mil cruzes de

madeira no trecho para simbolizar os mortos. O movimento também criou um grupo na rede social Facebook, onde as pessoas protestam contra o descaso pela rodovia. Uma diretora de escola, que não quis se identificar, estava indignada. “Não bastasse a forma que esse governo trata a nossa categoria, é vergonhoso que o Estado mais rico da Federação, que era para ser um exemplo, deixe a situação chegar a esse ponto”.

Feira Livre

solidariedade

Pastor Pedro construiu um orfanato e quer uma escola

João Arjona, a alegria dos domingos

Em 2006, na França, o pastor Pedro Rodrigues Filho, 46 anos, foi convidado por um colega haitiano a visitar o país caribenho. Sensível às causas humanitárias, Pedro passou a acalentar o sonho de ajudar aquele povo, abandonado pelo governo. E, logo depois do grande terremoto, em 2010, o religioso foi ao Haiti, cuja pobreza o comoveu muito. Ele encontrou um quadro ainda pior do que o mostrado na mídia, um país miserável, sem nada: infraestrutura, energia elétrica, estradas, comida, água potável. O cenário era quase de guerra: havia 800 mil crianças órfãs em uma população de 10 milhões de habitantes. Diante disso, o pastor evangélico voltou ao Brasil e tomou atitudes concretas para construir lá um orfanato. Ven-

Aos 56 anos, João Pedro Arjona trabalha com a esposa Amélia Fernandes da Silva na feira livre de Bebedouro, realizada aos domingos de manhã na Praça Valêncio de Barros, em frente à Prefeitura, e é considerado por muita gente como o melhor vendedor do pedaço. Sua popularidade vem do jeito brincalhão. João é do tipo que perde o amigo, mas não perde a piada. Durante a semana, ele viaja pela região vendendo frutas, mas o seu forte mesmo é vender bananas, “a preço de banana.” João cria bordões e diverte as pessoas. “A freguesia é fiel, gosta da minha banana” – diz sorridente. “Olha o ovo, alegria do povo, é de galinha solteira, sem varizes.” João se diz realizado

deu a própria casa, de mais de 300 m², em Bebedouro e, em março, construiu um orfanato na cidade de Guanamintes, de 80 mil habitantes. “Assistimos vinte crianças, mas a intenção é chegar a cinquenta” – diz. E acrescenta: “O país sofre uma epidemia de cólera, a água é contaminada e a expectativa de vida é de 50 anos. A cada mil crianças nascidas vivas, 120 morrem antes de fazer cinco anos”. O trabalho dele não para

aí. Em maio, ele vai construir uma escola no país, que tem alta taxa de analfabetismo, 57% da população. Entre os demais problemas que enfrentam, os haitianos sofrem com tráfico de crianças, gravidez na adolescência e transmissão do vírus HIV. “É um grande desafio, mas também é uma realização muito grande amar o nosso semelhante como Cristo amou a todos sem distinção” – conclui o pastor.

mauro ramos

A preço de banana

divulgação

O Haiti é logo ali

com a sua vida de cigano. “É pé na estrada e banana na caçamba da camionete.” Casado, pai de três filhos, João sempre trabalhou com frutas. Só saiu uma vez quando “caiu no mundo” para ser palhaço de um circo que ele comprou. “Sei muito bem o que é viajar pelo Brasil afora.” João acrescenta que não ficou rico, mas tem uma bela casa, muito confortável. “Minha esposa é companheira, me ajuda em tudo, não me abandona jamais, e isso faz muita diferença.”


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Futebol

Cesinha Michelon, o zagueiro que era o fino da bola

divulgação

Bebedourense brilhou em gramados brasileiros e europeus. Agora, quer publicar um livro César Augusto Belli Michelon, de 36 anos, é um dos bebedourenses que mais sucesso tiveram no mundo do futebol. Cesinha Michelon profissionalizou-se na Ponte Preta de Campinas e jogou na Portuguesa de Desportos, no Corinthians, no Palmeiras e no Paris Saint-Germain da França, entre outros. Foi convocado 27 vezes para a Seleção Brasileira e jogou com craques do futebol mundial como Ronaldo Fenômeno, considerado “um grande amigo” – Ronaldo o levava em fábricas da Nike, sua patrocinadora, e fazia questão que os jogadores da seleção levassem para casa algumas sacolas de tênis.

Tudo começou aqui na terrinha. Ainda garoto, jogou no time da Procontel (antiga empresa de telefonia da cidade). O ex-jogador Branco, cuja história foi contada nestas páginas, foi quem o descobriu e o levou para as divisões de base da Ponte Preta. Cesinha lembra das dificuldades que teve para realizar seu sonho. Quando estava na base da Ponte Preta passou um “Reveillon” no Estádio Moisés Lucarelli com outros jogadores, pois não tinha dinheiro para ir para casa. “Ficamos treinando enquanto todos estavam reunidos com suas famílias. Foi realmente um grande aprendizado, por isso hoje

valorizo muito essas reuniões com amigos e a família, pois sei como é duro ficar longe deles, a saudade era muita.” Anos depois, Cesinha atravessou o Oceano Atlântico para jogar em Paris. Lá, no jogo de estreia, fez o gol mais bonito de sua carreira. Também na França, jogou pelo Rênis até 2002, quando retornou ao futebol brasileiro, trazido pelo Palmeiras. Em 2003, sagrou-se Campeão Paulista pelo Corinthians. Em 2004, Cesinha voltou a Europa para defender o time espanhol Tenerife. Em 2006 voltou ao Brasil definitivamente e passou por diversos clubes – Atlético Paranaense, Fortaleza e Ponte Preta, time

ao qual dedica grande carinho. Em 2009, ele encerrou a carreira no Mirassol. Sincero e humilde, César diz não ter grandes projetos para o futuro. “Vivo o presente com intensidade, com muito respeito a todos com quem convivo. O futuro a Deus pertence, prefiro viver o hoje, assim sou mais feliz” – diz, com um sorriso. Hoje, o zagueiro deseja duas coisas: publicar um livro sobre sua carreira e assistir aos jogos da Copa do Mundo de 2014. Casado com Rachel Ribeiro, é pai de um filho, Thiago. O pai de Cesinha, Luiz Carlos Michelon, também foi jogador de futebol, atacante.

Moto-velocidade

Equipe bebedourense destaca-se na região João Luiz Ferraz de Amorin, 40 anos, o popular J. Mancha, atua há 26 anos no ramo de mecânica de motos, preparando motores de alta performance para competições. Profissional apaixonado pelo que faz, J. Mancha enaltece o momento que atravessa com seus dois pilotos. Segundo ele, o Pablão, Pablo Rodrigo Pereira, atravessa uma fase muito boa, ganhando grandes disputas pela região, e Giuliano Trizolio, o Nei, também surpreende com grandes conquistas. “Esses meninos já estão dando o que falar, levando o

mauro ramos

Apesar das dificuldades a equipe de J. Mancha acumula vitórias

nome de Bebedouro por onde passam” – diz o mecânico. Apesar disso, J. Mancha reclama da falta de apoio. “Não te-

mos patrocinadores, temos de arcar com as despesas, às vezes fazemos grandes esforços para viajar, e a Prefeitura não

apoia também. Mesmo assim é gratificante competir.” Entre os principais campeonatos da região estão Bebedouro, Ribeirão Preto, Itu e Poços de Caldas, em Minas Gerais, “onde nos consagramos recentemente ganhando todas as corridas, a especial, a iniciante e a especial graduado, saímos até na TV Minas como grandes revelações” – lembra Mancha. Os pilotos também reclamam da dificuldade encontrada na pista de Bebedouro, no Sambódromo. “Lá, a pista é adaptada e temos que rebolar para conseguir treinar bem.” Segundo o mecânico, um ve-

reador conseguiu R$ 50 mil de verba para a construção de uma pista oficial, mas a Prefeitura não sinalizou com nada de concreto. “Estive na Prefeitura em várias reuniões e, até agora, nada.” Apesar das dificuldades, J. Mancha acredita no futuro do esporte de moto-velocidade e sonha com uma pista federada pela Federação Paulista. “Isso seria o ideal para formarmos novos pilotos e preparadores de motores de alta performance” – diz. O mecânico acredita que assim acabaria a prática perigosa e ilegal do racha em vias públicas.


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vale o que vier As mensagens podem ser enviadas para jornalba@redebrasilatual.com.br ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

Respostas

Horizontal – 1. Diz-se de pessoa que gosta de contar vantagens ou de mentir para se promover 2. Som, ruído; Impor silêncio 3. Traço ou caminho sem desvios ou curvas; Ordem dos Advogados 4. Clarear 5. Recobre o corpo das aves 6. Cidade da Hungria; Oitavo mês do ano 7. Cachorro; Três vezes; Ala de um exército 8. Segundo a psicanálise freudiana, um dos três componentes estruturais básicos da psique; Argola; (Abrev.) Cruzeiro 9. Veia do coração; Elemento químico de número atômico 53 10. Casas humildes. Vertical – 1. Incidente, aventura, fato imprevisto ou palpitante 2. Diz-se de motor em alta rotação 3. Que não dá espaço a contestações; Iniciais de Roberto Carlos 4. Aia; Registro escrito do que ocorreu em uma sessão 5. Antes de Cristo; Na retaguarda 6. Instrumento muito usado no campo; Indivíduo de pele escura 7. Primeira letra do alfabeto grego; Expressão de saudação; Instituto de Biociências 8. Contração do pronome te e do pronome a; Qualquer quadrúpede usado na alimentação humana; O colorido predominante em um corpo 9. Anel, argola; O tempo que vai do meio-dia até anoitecer 10. Que demonstra muita crueldade.

p a r l e c o r e t a i l u m p e n a e r d c a o i d a a o r t s c a

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Palavras cruzadas

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