Jornal Brasil Atual - Jundiai 09

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Distrib

jundiaí

Jornal Regional de Jundiaí

Gratuuiição ta

nº 9

sem terra

Maio de 2012

terceira idade

à própria sorte Como vivem 100 famílias em dois assentamentos da região

aula de vida Pessoal da região que participou dos Jogos Regionais mostra força

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Radares

nova indústria Prefeitura espalha equipamentos na cidade só para multar

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Cartum economia

um imposto para melhorar o país Taxação sobre grandes fortunas ajudaria a saúde e o combate à miséria no Brasil Pág. 4-5

no trilho Paulo César Cid, o cartunista que passa a vida tirando onda

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Jundiaí

2 Terceira Idade

Idosos dão lição de vida

Os sem-terra são a parcela da população brasileira que está sujeita aos mais repulsivos acenos de exclusão. Eles são, para muitos de seus conterrâneos, cidadãos de terceira classe, que estão habituados a viver na miséria e que, unidos por uma mesma bandeira, tornam-se irascíveis e perigosos, principalmente se pleiteiam para si aquilo que lhes é devido. Mas basta um olhar mais generoso para que se perceba que eles, na verdade, só desejam dignidade para trabalhar. E, justamente, é o que não conseguem, em pelo menos dois assentamentos da região, na Comuna da Terra dom Tomás Balduíno, em Franco da Rocha, e na Fazenda São Luiz, em Cajamar. Esse é um dos assunto desta edição, que traz também um debate nacional, que promete pegar fogo no Congresso Nacional. Trata-se do imposto que deve ser cobrado dos brasileiros muito ricos, pouco mais de 45 mil pessoas. A proposta é que eles paguem uma irrisória taxa para que o país possa, definitivamente, atacar as mazelas da saúde e combater a miséria. Dessa forma, o Brasil sairia dessa batalha ecoando o brado de um slogan que retumbaria, de vez, por toda a Nação: País rico é um país sem pobreza. É isso. Boa Leitura!

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uma de ouro no atletismo masculino, com Norberto Soares; uma de prata no dominó feminino, com a dupla Maria Inês Moura e Maria Lázara de Azevedo; duas de bronze no dominó masculino, com a dupla Erceli Alves e Manoel Mércio de Oliveira; e no buraco, com

Anita Rosa Maria da Silva e Francisca Almeida Marin. Já Campo Limpo Paulista foi representado pelo Grupo Conviver da Melhor Idade, que em 2012 completou 16 anos, com mais de 500 integrantes. Ele conquistou uma medalha de prata, na dança.

Bairros

População está descontente O abandono nos quatro cantos da cidade e no Centro A população reclama, mas não é atendida. Lugares mais afastados foram abandonados pela administração, que sofre com praças e vias deterioradas, mato alto, sujeira, pouca iluminação, buracos, insegurança. “Temos abandono nos quatro cantos da cidade e também no Centro” – diz o ex-vereador e vice-presidente do PT local Gerson Sartori. “E

mauro ramos

editorial

Independente do resultado obtido nos Jogos Regionais dos Idosos (JORIs), realizados de 11 a 15 de abril, quem participou da competição deu mostra de disposição para praticar atividades físicas. Mais: mostrou que companheirismo e integração não têm idade. Entre os resultados nos Joris, Jarinu destacou-se na coreografia. Segundo Beth Muller, responsável pelo grupo, a vitória veio por causa da união. “Conquistamos não só medalhas, a alegria de participar de diversas modalidades” – comenta. Entre 48 cidades inscritas, Várzea Paulista ficou na 20ª colocação, com 19 pontos. Conquistou quatro medalhas:

mauro ramos

Eles participaram dos Jogos Regionais, em Itatiba

um lugar do porte e da importância de Jundiaí, com o orçamento que tem, não podia estar assim.” Nas redes sociais, percebe-se um descontentamento geral. Principalmente com a falta de policiamento da Guarda Municipal. “Não se identificam os bandidos porque não se instalam câmeras de segurança nos bairros. É preciso mais ação e menos propaganda” – conclui.

Expediente Rede Brasil Atual – Jundiaí Editora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de redação Paulo Salvador Editor João de Barros Redação Antonio Cortezani, Douglas Yamagata e Enio Lourenço Revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman Telefone (11) 3241-0008 Tiragem 15 mil exemplares Distribuição Gratuita


Jundiaí

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Assentamentos

Sem-terra, sim, mas com dignidade para trabalhar Na região de Jundiaí, como por todo o Brasil, eles sonham ter um pedaço de terra

divulgação

Muitos trabalhadores rurais sem-terra do Brasil vivem mal, sem infraestrutura onde foram assentados. Nem por isso eles deixam de lutar pelo maior sonho de suas vidas: um pedaço de terra para plantar. Por anos, a política favoreceu o latifúndio. Expulsos do campo, muitos pequenos produtores se aventuraram nas cidades. Porém, com pouca instrução, voltaram e engrossam o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Muitos perderam tudo, menos a dignidade de serem camponeses, e isso os motiva. Na região de Jundiaí existem assentamentos dos sem-terra: o dom Tomás Balduíno, em Franco da Rocha, e o São Luiz, em Cajamar. Ambos enfrentam problemas para produzir a subsistência, que vocês podem conhecer.

tado às vezes consegue o primeiro acesso ao crédito, mas não consegue o segundo, o que atrasa o desenvolvimento do assentamento” – diz o sem-terra Atmo Cavalcante. Por isso, o pessoal da Comuna vive da solidariedade da população e das entidades que assistem os moradores. “Estamos abandonados pelos órgãos federais e estaduais. Para sobreviver, muitos fazem bicos e, depois, voltam para a agricultura. Queremos só um

pedaço de terra para plantar e viver em paz” – afirma ele. Outro problema recente se deu com a bomba d’água. Quebrada desde novembro, ela foi consertada este mês, graças aos sindicatos. “Procuramos o Incra e o Itesp, mas disseram que estavam sem verba para consertar o equipamento. Por isso, apelamos à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Sindicatos para voltarmos a ter água” – conta.

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Composto por 66 famílias – cerca de 200 pessoas –, o assentamento Comuna da Terra Dom Tomás Balduíno, em Franco da Rocha, surgiu em setembro de 2001 quando, no dia da Independência, o MST ocupou uma área em Arujá. Despejadas de onde se instalavam, a andança seguiu pelo bairro do Brás, em São Paulo, depois por uma área emprestada pelos Jesuítas, em Perus, e por um acampamento na Rodovia Anhanguera. Até que deram na Fazenda São Roque, onde permaneceram acampados dois anos. Em 2004, eles conquistaram o direito ao assentamento. Hoje, a Comuna situa-se em 400 hectares e vive da agricultura de subsistência, da produção de frutas, verduras e legumes e da criação de pequenos animais – galinhas, cabras, carneiros e algumas cabeças de gado. “O agricultor assen-

Na Fazenda São Luiz, em Cajamar, vivem 32 famílias – umas 100 pessoas. O assentamento nasceu em 2004, mas desde 2008 o seu processo de regularização parou por ordem da Justiça – a fazenda tem 140 hectares, mas as famílias só podem ocupar 20 hectares. Por isso, o Incra suspendeu a seleção de famílias e a liberação de quaisquer verbas para os sem-terra. A atitude impede que as famílias tenham renda, embora algum recurso venha por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). “Mas esse dinheiro é insuficiente. E os assentados têm projetos para garantir o desenvolvimento do local” – diz o assentado Mauro Sérgio Rodrigues, que avalia a situação como difìcil: “O Incra nos abandonou; estamos há quase dois anos sem implantar qualquer projeto”. De acordo com Mauro, a situação está “insustentável”, pois não há crédito agrícola e a comunidade não conta nem com água

divulgação

“Vontade de produzir”

“Queremos viver da terra”

para irrigar as plantações. “Há muita hipocrisia do Incra, que faz as propostas e não cumpre. Mauro culpa também o ministério da Reforma Agrária pelas condições em que as famílias do local se encontram e afirma que não recebe sequer a visita dos técnicos para tentar resolver a situação. “Hoje, não temos ajuda de ninguém. As Prefeituras de Jundiaí, Cajamar e Bom Jesus não nos querem aqui. A sociedade e empresas nos evitam de todas as formas. A gente tem vontade de produzir, mas não temos estrutura pra isso” – finaliza.


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4 Economia

Um imposto que não mata ninguém. E vale muito Tributação das grandes fortunas seria para a saúde pública e o combate à miséria Por Maurício Thuswohl Estados e municípios devem investir na saúde. Defensores e críticos da tributação praticada em outros países voltaram a tornar públicos argumentos de uma discussão que ganha corpo. Em 1989, o Senado aprovara um projeto de lei complementar do então senador Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) que punha em vigor o IGF, mas permitia

fotomontagem

A criação de um Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), prevista na Constituição Federal de 1988, está subordinada à aprovação de lei complementar para entrar em vigor e até hoje não virou realidade. O debate sobre a taxação das fortunas voltou à tona no ano passado, por causa da Emenda 29, que fixou os percentuais mínimos que União,

que os valores pagos fossem deduzidos do imposto de renda. Na Câmara, o projeto acabou substituído por outro, do PSOL, aprovado na Comissão de Constituição e Justiça em junho de 2010 e pronto para ir a voto em plenário. No entanto, dorme em alguma gaveta da Mesa Diretora à espera de uma decisão política que destrave a discussão.

Imposto sobre Grandes Fortunas Alíquota do Imposto sobre Grandes Fortunas, em milhões

Elaborado pelos deputados Chico Alencar (RJ), Ivan Valente (SP) e Luciana Genro (RS, sem mandato), do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), o projeto de lei do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) visa complementar a Constituição Federal.

Ele determina que o imposto incida em 1% sobre os patrimônios de R$ 2 milhões a R$ 5 milhões; em 2%, entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões (26.206 pessoas em 2008, segundo a Receita Federal); em 3%, entre R$ 10 milhões e R$ 20 milhões

(10.168 pessoas); em 4%, entre R$ 20 milhões e R$ 50 milhões (5.047 pessoas); e em 5% sobre patrimônios acima de R$ 50 milhões (1.327 pessoas – há, ainda, 997 pessoas com patrimônio acima de R$ 100 milhões).

Contribuição Social das Grandes Fortunas lhões. Seu relatório previa nove alíquotas para a CSGF, a serem pagas anualmente: 0,4% (entre R$ 4 milhões e R$ 7 milhões); 0,5% (de R$ 7 milhões a R$ 12 milhões); 0,6% (de R$ 12 milhões a R$ 20 milhões); 0,8% (de R$ 20 milhões a R$ 30 milhões); 1% (de R$ 30 milhões a R$ 50 milhões); 1,2% (de R$ 50 milhões a R$ 75 milhões); 1,5% (de R$ 75 milhões a R$ 120 milhões); 1,8% (de R$ 120 milhões a R$ 150 milhões); e 2,1% para patrimônios acima de R$ 150 milhões. A deputada ressalta que as alíquotas produziriam efeito sobre a arrecadação e

Alíquota da Contribuição Social das Grandes Fortunas, em milhões fonte: receita federal

Em 2011, no debate sobre a Emenda 29, o deputado Dr. Aluizio (PV-RJ) criou a Contribuição Social das Grandes Fortunas (CSGF). A relatora do projeto na Comissão de Seguridade Social e Família, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), apresentou emenda para que a arrecadação proveniente da CSGF fosse direcionada a ações e serviços de saúde. O dinheiro seria encaminhado ao Fundo Nacional de Saúde (FNS) e financiaria o Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a deputada, a CSGF atingiria mais de 55 mil contribuintes com patrimônio superior a R$ 4 mi-

baixíssimo impacto para os contribuintes atingidos face à evolução patrimonial: “A Receita Federal informa que, em 2009, o patrimônio das pessoas que superava R$ 100 milhões elevou-se de R$ 418 bilhões para R$ 542 bilhões – 30% de crescimento num ano.

Assim, uma tributação de 2% representa pouco para esse diminuto segmento social, mas significará um belo aporte de recursos para a saúde pública, que atende 190 milhões de brasileiros” – diz Jandira. Se aprovada na Comissão de Seguridade Social e Família,

a CSGF passará por duas comissões antes de ir a votação. O trâmite se estenderá pelo primeiro semestre de 2012. O objetivo dos defensores da proposta é evitar que se repita a situação do projeto que está a hibernar na gaveta da Mesa Diretora.


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Imposto ou Contribuição Social: o que é melhor? O professor de Direito Tributário da Universidade Federal do Rio de Janeiro Bruno Macedo Curi acha que o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) deve prevalecer sobre a contribuição (CSGF). Ele lembra que entre os objetivos constitucionais do Brasil estão a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução das desigualdades sociais: “O

combate à pobreza é algo caríssimo. Por isso, buscou-se um instrumento tributário e a receita do IGF ficou vinculada ao Fundo de Combate à Pobreza”. Segundo Curi, não haveria dupla tributação do IGF e do Imposto de Renda porque “não há duas incidências sobre o mesmo bem; o IGF não tributa a renda, mas o capital.

Renda é o acréscimo de patrimônio (tributável pelo IR) e a grande fortuna é o patrimônio em si. Se uma pessoa com grande fortuna não acrescer seu patrimônio durante um ano-calendário, não pagará imposto de renda, mas pagará o IGF”. O tributo, portanto, atua sobre o patrimônio de quem concentra grande parte da renda nacional.

Afortunados Grandes Fortunas do Brasil

997

pessoas com patrimônio superior a R$ 100 milhões

1.327

pessoas com patrimônio entre R$ 50 e R$ 100 milhões

5.047

pessoas com patrimônio entre R$ 20 e R$ 50 milhões

10.168

pessoas com patrimônio entre R$ 10 e R$ 20 milhões

26.206

pessoas com patrimônio entre R$ 5 e R$ 10 milhões

Segundo Curi, o calcanhar de Aquiles é a possibilidade de o IGF provocar fuga patrimonial do país. “Eis um ponto crucial. O imposto não incide sobre o patrimônio de fora do país, ao contrário do Imposto de Renda, que tem previsão constitucional para isso. Assim, é preciso haver uma emenda constitucional destinada a evitar a previsível

evasão de divisas. Até porque, quanto maior o patrimônio do cidadão, tanto maior será sua mobilidade” – diz o professor, para quem uma alternativa possível, mas não ideal, seria a União aumentar o IOF sobre certas remessas de dinheiro para o exterior. “Mas isso, infelizmente, não é à prova de fraudes e demandaria maior esforço de fiscalização.”

Como é lá fora Em 1922, na Alemanha, a tributação, com alíquotas de 0,7% a 1%, atingia não apenas quem possuía bastante dinheiro, mas também poder econômico e político. O imposto foi declarado inconstitucional em 1995. Desde então, aguardam-se novas regras para que volte a ser cobrado. Na França, o Imposto de Solidariedade sobre a Fortuna, ainda em vigor, tem alíquotas de 0,5% a 1,5% e incide sobre o patrimônio líquido de pessoas físicas. Foi recriado pelo presidente François Mitterrand, em 1988. Outros países europeus que tributam as fortunas são Áustria, Suécia, Finlândia, Islândia, Luxemburgo, Noruega e Suíça. Holanda, em 2001, e Dinamarca, em 1996, o aboliram em um passado recente; há mais tempo, Itália (1947) e Irlanda (1978) o deixaram de lado. Nos países anglo-saxões, a taxação de grandes fortunas nunca pegou. Na Inglaterra, as discussões sobre a sua criação foram de 1960 a 1974, quando se formou

uma comissão especial para decidir sobre o tema. Ela constatou que a instituição de um imposto sobre grandes fortunas substituiria um imposto sobre patrimônio já existente, impedindo sua adoção. Nos Estados Unidos e no Canadá, o debate foi abandonado na primeira metade do século 20, mas ambos possuem sistemas próprios de impostos, chamados de property tax, que incidem sobre a propriedade e não sobre o patrimônio global dos contribuintes. Nos países emergentes, a África do Sul e a China não tributam as grandes fortunas. Na Índia, desde 1957, existe um imposto anual sobre o patrimônio líquido com alíquotas que variam entre 1% e 5% sobre os bens das pessoas físicas e jurídicas que excedam um limite estabelecido pelo governo. O modelo indiano, no entanto, isenta da cobrança do imposto propriedades agrícolas, obras de arte, bens de uso pessoal e até um imóvel do contribuinte, desde que comprovadamente habitado por ele.


Jundiaí

6 Radares

Indústria da multa em Jundiaí revolta motoristas A velha frase “venha a Jundiaí e ganhe uma multa” está cada vez mais em alta na cidade vos radares ficam escondidos – a sinalização de onde eles estão é ruim – e se transformam em armadilhas” – diz Malerba, lembrando que a variação de velocidade das avenidas confunde o motorista e transforma a via num perigo constante. “Não é aplicando multas, que deveriam ser o último recurso, que se resolve o trânsito e a segurança na cidade” – lamenta. Para ele, o município care-

mauro ramos

Ao instalar radares nos quatro cantos do município, a cidade adotou a política do cowboy – multe primeiro, eduque depois –, alusão ao Velho Oeste americano do “atire primeiro, pergunte depois”. Segundo Paulo Malerba, presidente do PT de Jundiaí, a Prefeitura instala radares móveis logo após os fixos e transforma Jundiaí numa indústria da multa, em detrimento à educação no trânsito. “Os no-

ce de um programa mais efetivo de educação no trânsito para escolas e para novos condutores. “Os agentes não deveriam só multar, mas orientar o motorista a mudar sua conduta ao volante. É preciso que a Secretaria de Transportes seja mais educativa e menos punitiva” – finaliza. Recentemente, Malerba tentou saber quantos radares há na cidade, mas nunca foi atendido pela administração.

Blogs

As novas ferramentas para a liberdade de expressão Quando surgiram, no final dos anos 1990, eles pareciam uma diversão adolescente usá-la – só a próxima geração deverá aceitá-la cabalmente. Depois, há jovens e idosos

sem computador em casa, com dificuldades de absorver a tecnologia”.

fender o presidente Lula do massacre midiático que sofria na época de seu governo. Assim como o de André Lux, que criou, para combater o “golpe do mensalão”, o Tudo Em Cima (<http://tudo-em-cima.blogspot. com.br>). “Hoje sabemos que foi um factoide criado pela dupla Cachoeira-Demóstenes, com ajuda da revista Veja e da imprensa golpista” – afirma. Desde então, André escreve no espaço o que pensa sobre política, cinema, etc., e publica artigos e

charges de viés de esquerda, de outras pessoas. “Tudo claro e aberto, ao contrário da imprensa de direita que se vende como isenta e imparcial” – afirma. Há blogs progressistas para todos os gostos: com foco no cinema, no esporte, no humor. Porém, para ambos, a blogosfera enfrenta duas dificuldades: a sua aceitação e o poder aquisitivo da população. “Primeiro, há pessoas antenadas na nova mídia, mas muita gente ainda não quer

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E surgem os blogs divulgação

Os blogs serviam para as pessoas aparecerem e trocarem mensagens. Contudo, eles se tornaram uma ferramenta social interativa, que assegura um direito constitucional: a liberdade de expressão. Para Valdir Fiorini, criador do blog Esquerdopata (<esquerdopata. blogspot.com>), com duas mil visitas diárias, as novas mídias não ligadas às grandes corporações são parte do avanço da blogosfera. Hoje, as mídias da rede social – blogs, Facebook, Twiter – são um caminho que a sociedade tem para protestar. Elas propiciam a qualquer um ter voz, embora se exagere a sua influência – por exemplo, na Primavera Árabe. “Nada substitui o povo na rua” – diz Valdir. Seu blog nasceu para de-

Em 1997, o norte-americano Jorn Barger bolou um sistema para uma pessoa relatar tudo o que achasse legal na internet. Nomeou o sistema de weblog, que em forma original pode ser visto em <http:// robotwisdom.com>. O weblog se tornou uma sensação, até que outro americano, Peter Merholz, dividiu-o em duas partes – wee-blog – mais tarde apenas blog. No ano de 2000, a empresa Blogger fez de cada post uma página da web – cada blog teria um endereço. A inovação, chamada permalink, foi útil para outros sistemas, como, por exemplo, o sistema de comentários que o utiliza para diferenciar um post do outro. Com a nova ferramenta de interação, os blogueiros viraram “escritores”. Seus textos passaram a ser comentados por gente que denunciava, por exemplo, um erro de grafia. Os blogs se tornaram uma mania. Em 1999, havia 50 blogs na internet; em 2003, três milhões! Agora, eles viraram uma febre no Brasil.


Jundiaí

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Cartum

Paulo César Cid, o Trilho. Ou a vida com humor Muita gente costuma ver em jornais e revistas as famosas tirinhas que representam uma realidade social. Esse trabalho é feito pelo cartunista, profissional que se utiliza de desenhos – às vezes feitos à mão – para retratar de forma crítica a sociedade. Como ilustração, as tirinhas são parte de uma reportagem jornalística. É quando a arte retrata a vida com humor. O cartum tem origem britânica. O significado original da palavra é estudo ou esboço. Foi utilizado pela primeira vez em 1840, quando a revista Punch publicou uma série de charges para parodiar um estudo de afrescos do Palácio de Westminster, em Londres. Desde então, ele se mantém na imprensa escrita e, quase sempre, satiriza a política. Um cartunista de destaque

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Premiado em todo o Brasil, ele atua nos jornais e revistas de toda a região de Jundiaí

na região é Paulo César Cid (<www.bloggdotrilho.blogspot.com>), que assina sob o pseudônimo de “Trilho”, mas nem sabe como esse nome surgiu. Ainda garoto, ele começa seus “rabiscos” nos cadernos da escola, que mantém guardados até hoje. “Fiquei apai-

xonado” – conta Paulo César, que afirma ter tido influência do cartunista Henfil. Segundo Trilho, existem diferenças entre cartum, charge e caricatura. “O cartum é atemporal. O leitor pega o cartum e diz: Ah, é disso que fala a matéria! É um resumo bem-

-humorado, doce, para que a pessoa leia um texto salgado. Já a charge é uma sacada de humor que dura tanto quanto o fato. E a caricatura traz o diferencial, por exemplo, de exagerar certos traços físicos de uma pessoa”– diz. Para ele, a política é a

grande inspiração dos cartunistas, pois gera histórias. O humor e a ironia servem para combater as injustiças, as desigualdades sociais e a corrupção. “O cartunista ou o chargista incomodam. Eles pensam: já que não se tomam providências, vou protestar com humor, colocar pra fora aquilo que as pessoas querem dizer” – destaca. A modernidade trouxe ferramentas que auxiliam esse artista, entre os quais, o computador. “É útil, mas não substitui a sensibilidade do artista que desenha à mão”. Com tempo na estrada, Trilho acredita que alcançou seu objetivo, de fazer as pessoas pensarem diante da realidade em que vivem. “O cartum tem esse papel, ele estimula a discussão e faz as pessoas refletirem.”

serra do japi

Projeto de ‘congelamento’ da mata não tem efeito

mauro ramos

Câmara aprova projeto do prefeito Miguel Hadadd que contém emendas contraditórias A Câmara Municipal de Jundiaí aprovou o projeto do Executivo que congela os empreendimentos da Serra do Japi por cinco anos. No entanto, foram também aprovadas duas emendas que fazem com que o projeto perca o sentido. A primeira diz que ele não é retroativo a empreedimentos já aprovados, ou seja, assegura que grandes empreendimentos sejam implementados. A outra diz que o projeto será

revogado assim que a Lei 417, que regulamenta a Serra do Japi, seja votada. Desta forma, o congelamento de cinco anos perderá o efeito. Essa dubiedade fez os vereadores Durval Orlato, Marilena Negro (ambos do PT), Paulo Martins (PPS) e Fernando Bardi (PDT) votarem contra o projeto. “O tal congelamento da Serra do Japi quase não serviu para nada, pois assegura os negó-

cios aprovados e ainda será revogado na aprovação da nova redação da Lei 417. “O projeto de congelamento é inconstitucional e quem já teve seu empreendimento aprovado certamente vai contestar na Justiça. Desta forma, acho que o projeto de congelamento da Serra do Japi foi simplesmente um projeto eleitoreiro do prefeito” – afirma o vereador Durval Orlato.


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vale o que vier As mensagens podem ser enviadas para jornalba@redebrasilatual.com.br ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato. c a r a m e l a d o s

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r t o a r a m o s a t i a s a r i a r o n r t c i o

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Palavras cruzadas

t e p p i s s t o i l a a r o o s

Respostas

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Horizontal – 1. Quem lê o futuro nas cartas 2. Móvel sobre o qual se põem travessas com a comida a ser servida em uma refeição 3. Tribo indígena da bacia do Javari; 3,1416 4. Adotar os procedimentos dos povos latinos 5. Maldosa; Cada um dos membros anteriores das aves, providos de penas, que ger. servem para voar; 6. É, em francês; Comprar garrotes jovens para mais tarde revendê-los; Universidade de São Paulo (sigla) 7. Óleo, em inglês 8. Preparar 9. Contração da preposição de com o artigo definido feminino a; Reserva técnica (sigla) 10. Profissional que trabalha em oficina 11. Chão, piso; Após, depois de. Vertical – 1. Que se converte em caramelos 2. Pedir socorro; parágrafo 3. Ramagem; Ar, em inglês; 49, em algarismos romanos. 4. Andar (a montaria) entre o passo e o galope; A região dos mortos 5. Lugar com água e vegetação no meio de um deserto; Diz-se de um dos dois isômeros em certos compostos que apresentam ligação dupla entre dois átomos de nitrogênio 6. 1.500, em algarismos romanos; Denominação de vários tipos de navio, com um ou mais mastros e velas redondas 7. Agora, forma arcaica; Mais adiante 8. Nota da Redação; Tornar a pôr; A identidade do computador (sigla) 9. Argola 10. No Novo Testamento, cada uma das cartas escritas pelos apóstolos às primeiras comunidades cristãs; Símbolo do ósmio.

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