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limeira
Jornal Regional de Limeira
nº 10
perfil
mamma áfrica
Distrib
Gratuuiição ta
Novembro de 2011
chuvas
Um clique de como o limeirense JB Anthero transforma suas fotos em arte
a ponte ruiu Obra da estrada Limeira-Cordeirópolis cai após a inauguração
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fábrica
mais empregos Governador prestigia chegada da Samsung, que opera só em 2013
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Independente religião
o descanso de um Guerreiro da paz Dom Paulo Evaristo Arns, 90 anos, uma vida dedicada ao povo brasileiro Pág. 4-5
volta ao futuro Equipe retorna à Série A-3 e ainda faz final da Segundona
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2 chuvas
Ponte se esboroa com a chuva
editorial O jornal Brasil Atual, laico e republicano, faz duas homenagens especiais nesta edição. Uma é a dom Paulo Evaristo Arns, que fez 90 anos em setembro, com a mesma crença que tinha quando colocou sua fé a serviço da solidariedade, da justiça e da paz. Durante a ditadura militar, quando se prendia e arrebentava, se torturava e matava em nome de uma ideologia que não aceitava vozes dissonantes, muitos tinham apenas nele a voz que desafiava os poderes constituídos. Sua resistência firme mas serena mexeu com a história do Brasil e da América, mudando-nos a todos para melhor. A outra demonstração de apreço é a um homem que nasceu pobre e veio criança para Limeira. Quase analfabeto – ele estudou até a 4ª série – um dia ele aceitou o convite para ser motorista do Jornal de Limeira. Então, descobriu o gosto pela fotografia, e não parou mais. Hoje, JB Anthero é o mais importante expositor da causa dos negros da cidade. Nós demos um clique em sua trajetória e o retratamos nesta edição. E, claro, nos rendemos ao jovem Guido, duas medalhas no Pan, que faz uma coisa como ninguém: nada. Tudo isso, claro, fora as sapecadas de sempre: no poder, na saúde, na Prefeitura, etc. É isso. Boa leitura.
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Para o engenheiro Carlos Alberto Álvares Leite, do Departamento de Construção Civil Geomática do Colégio Técnico de Limeira, o problema na obra da estrada Limeira-Cordeirópolis deveu-se ao surgimento de uma cratera por causa da erosão subterrânea que teve início na base do talude de aterro da cabeceira. “Esse aterro está contido por uma paliçada de madeira provisória e o fluxo de água passou entre essa paliçada e o pilar da ponte” – afirmou ele. Com a chuva forte, o lençol freático se elevou. As águas se infiltraram no topo do morro e emergiram na margem do córrego – as chuvas daquela semana superaram as previsões e as obras sob a ponte não estavam concluídas. A solução, segundo o engenheiro, é a construção de contenções en-
ana lucia ramos
Obra cai uma semana depois de entregue ao tráfego
Ponte foi reformada rapidinho: será que cai outra vez?
tre os pilares da ponte, necessárias por causa do tráfego da estrada e da vibração da ponte com a passagem de veículos. “As contenções e o sistema de drenagem subterrânea podem ser muros ou gabiões” – diz. Além desse trabalho, o engenheiro afirma que, sob a ponte, há necessidade de se concluírem obras de drenagem superficial e restauração do leito do córrego, hoje canalizado
devido às obras. Por que a Prefeitura entregou uma obra inacabada não se sabe. Ela apenas emitiu uma nota em que afirma que o problema foi no asfalto, não na ponte. “Não há nenhum comprometimento estrutural” – escreveu, acrescentando: “A responsabilidade é da empresa que realizou o serviço e que assumiu também a solução, e não há nenhum custo adicional ao Executivo”.
vale o que vier Gostaria de parabenizar o jornal Brasil Atual pelas matérias feitas, todas de grande qualidade e importância para o povo limeirense, levando o conhecimento dos fatos do que acontece em Limeira. Um jornal de qualidade e, mais importante, de distribuição gratuita para o povo. Agradeço a todos que contribuem com ele, para que a população tenha informação e cultura de que tanto precisa. Giovana Damaris da Cunha Caríssima equipe do jornal Brasil Atual – Limeira. Venho me manifestar com grande satisfação pelas excelentes matérias em todas as edições dos jornais, pois o recebo mensalmente em minha residência. Com ele, fico informado das atualidades de minha cidade, meu bairro e da região de Limeira. Os outros jornais que circulam em Limeira não mostram o que realmente acontece. O Brasil Atual veio pra fazer diferença. Parabéns e continuem com o mesmo trabalho. Silvio – silviolucianodesouza@r7.com Limeira tem dois grandes jornais que não atendem à necessidade do leitor, que é saber o que acontece na Prefeitura, por que faltam investimentos, etc. Comecei a ler o jornal Brasil Atual há dois meses e me surpreendi com cada matéria. Parabéns. Solange Maria Caetano, Assistente Social Expediente Rede Brasil Atual – Limeira Editora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de redação Paulo Salvador Editor João de Barros Redação Ana Lucia Ramos, Dalva Radeschi, Ivanice Santos, Leonardo Brito, Tracy Ellen Caetano e William da Silva Revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman Telefone (19) 9708-0104 / (11) 3241-0008 Tiragem: 15 mil exemplares Distribuição Gratuita
3 fábrica
Samsung chega à cidade e vai gerar 2.300 empregos Multinacional se apresentou em setembro, no Teatro Nair Belo, ciceroneada pelo governador
Limeira
Samsung
WAGNER MORENTE
Com a presença do governador do Estado, Geraldo Alckmin, do prefeito de Limeira, Silvio Félix, e de empresários locais, foi anunciada, dia 20 de setembro, a chegada à cidade da Samsung, que trará mais 2.300 empregos diretos à região. As obras já foram iniciadas. O complexo ocupará uma área de 420 mil m², com 72 mil m² de área construída. A área fica às margens da Rodovia Anhanguera, entre Americana e Limeira, na pista sentido Capital. Limeira será o terceiro complexo industrial da empresa no Brasil, onde ela está desde 1986 – a companhia possui fábricas em Manaus (AM) e Campinas (SP). A Prefeitura deverá cumprir exigências da Samsung, como fornecer água e energia elétrica, com a construção de uma
Americana
Alckmin em Limeira: com o prefeito Silvio Félix e observando a planta da empresa
subestação de 12 megawatts – a empresa consumirá como uma cidade de 50 mil habitantes. A unidade será voltada à fabricação de eletrodomésticos da linha branca – fogões, fornos de microondas e geladeiras. A multinacional tam-
“A forma como o prefeito e sua esposa Constância Félix conduzem a cidade é admirável. Os projetos e o cuidado com os cidadãos são motivadores”. Durante a entrevista coletiva, o presidente da Samsung no Brasil, Jeongwook Kim, elogiou
bém obteve incentivos fiscais de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do Estado. Entre sorrisos e elogios, Alckmin deu parabéns ao prefeito, Silvio Félix, pela astúcia de ter trazido a Samsung e completou:
Enfim, o Samu chegou
Saúde
Inauguração foi dia 30 de setembro
“AME funciona” – diz Alckmin média e alta complexidade”. Mas são esses exames que a população mais necessita – insistiu o repórter. E ouviu como resposta: “Quem necessita desses diagnósticos é encaminhado a outros AMEs, em São Paulo”. Como a Prefeitura não dispõe de um serviço municipal de saúde que atenda o povo em sua plenitude, as viagens são custeadas pela população – todos os dias parte um ônibus com mais de trinta pacientes para fazerem os exames que,
até há três meses, eram realizados na cidade. Além disso, a saúde arcou com exames que o ambulatório tinha a responsabilidade de fazer. Quando o AME daqui voltará a atender os pacientes com todos os seus serviços? Resposta do governador: “Resolveremos a questão dos exames, porém não tenho como precisar tempo, mas logo o ambulatório atenderá os pacientes” – finalizou.
WAGNER MORENTE
“Os exames especializados são feitos em São Paulo” No encontro, o governador Geraldo Alckmin anunciou a vinda de mais uma Fatec, uma Etec e a construção de um presídio, sem divulgar o local. Depois, o governador concedeu uma entrevista coletiva à imprensa da cidade e região. Questionado pelo jornal Brasil Atual sobre o descaso do Ambulatório Médico de Especialidades (AME) em Limeira, o governador disse que “o AME está funcionando, ele só não faz exames de
Limeira. “É um lugar de pessoas gentis, hospitaleiras. Tenho certeza de que a Samsung contribuirá para o seu crescimento, despertando concorrentes e aumentando a visibilidade dos negócios da cidade ” – disse ele. Com inauguração prevista para 2013, a Samsung já despertou o aquecimento econômico da cidade. Para o vice-presidente da empresa, José Fuentes Molinario, o fato de Limeira contar com a Unicamp bem perto foi um dos fatores para a escolha do município. “Os saberes desenvolvidos pela Unicamp interessam muito à multinacional. Unimos o útil ao agradável” – afirmou. A cidade agora vai precisar de mais cursos técnicos e de graduação. Assim, todas as empresas que vierem a se instalar em Limeira terão mão-de-obra capacitada.
Além de Limeira, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), atende Cordeirópolis e Iracemápolis. Estavam na inauguração o ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
e o secretário da Saúde de Limeira, Gerson Hansen Martins, que deu boas-vindas ao Samu, mais um investimento do governo federal na cidade, que, segundo o ministro, não será o único. Até a metade de outubro, o Samu já atendera 440 ocorrências, 60% de casos clínicos. O diferencial é o socorro rápido, com a equipe médica capaz de diminuir o risco de morte – no momento da ligação telefônica, um médico decide o recurso que será enviado e inicia a orientação dos primeiros socorros. O telefone do Samu é o 192.
4 religião
Guerreiro de batina. Ou o cardeal dos tr
Luciney Martins\cnbb
Dom Paulo, 90, simboliza resistência e esperança. Ele transcendeu a I Dom Paulo Evaristo Arns fez 90 anos com a certeza que tinha aos 20: a solidariedade e a busca da justiça e da paz como razão de viver. A morada dele, numa congregação em Taboão da Serra, São Paulo, emana serenidade. A mesma com que o franciscano enfrentou tiranos e lutou pelos desfavorecidos. Irmã Devanir de Jesus, amiga de convivência diária, conta que ele descansa com a sensação de dever cumprido. “É uma pessoa iluminada, muito gentil.” O cardeal não dá mais entrevistas, não vai a debates nem a eventos – o que inclui celebrações dos 90 anos, completados em 14 de setembro. “Ele é despojado, tem vida simples e inteligência privilegiada” – conta dom Pedro Stringhini, bispo de Franca. A infância em Forquilhinha (SC) forjou o homem que
se transformaria em pedra no sapato da ditadura. A fé da mãe, Helena, e o espírito conciliador do pai, Gabriel, são os pilares de sua formação. Quando ingressou no seminário, seu pai lhe disse: “Papai é colono, e você sempre será filho de colono e de seu povo”. Dom Paulo levou isso na cabeça. Após a ordenação e a pósgraduação na Universidade de Sorbonne, na França, na Europa pós-guerra, a desigualdade social se alastrava. Dom Paulo deparou-se com as cicatrizes da intolerância nazista. As marcas do conflito arraigaram de vez a conduta humanista que o guiaria pela vida. De volta ao Brasil, trabalhou em comunidades carentes de Petrópolis (RJ). Em 1966, chegou a São Paulo, metrópole acinzentada, que empurrava para as bordas a massa de migrantes. A
Igreja Católica, com o Concílio Vaticano II, reinseria a realidade das mazelas do mundo na vida clerical. Emergia a Teologia da Libertação e, com ela, a opção preferencial pelos pobres – ensinar a pescar – para reagir à opressão. No Cone Sul, a força das armas produzia ditaduras. Ao assumir a Arquidiocese de São Paulo, em 1970, o franciscano deu recados. Vendeu o Palácio Pio XII, residência oficial do arcebispo, para financiar terrenos e construir casas na periferia. Fortaleceu as Comunidades Eclesiais de Base, que até hoje disseminam as discussões sobre política, cidadania e religião, e incentivou as pastorais. “O papa Paulo VI disse a dom Paulo que tivesse uma bela equipe de bispos auxiliares perto do povo” – conta dom Angélico Sândalo Bernardino.
Eram quatro bispos auxiliares, um em cada região da cidade. Dom Angélico cuidaria da Pastoral Operária. E se tornaria o “bispo dos operários”. O metalúrgico Waldemar Rossi, fundador da Pastoral Operária e líder da oposição do sindicato dos metalúrgicos de São Paulo, há anos submisso aos patrões, lembra-se de que foi chamado por dom Paulo, que queria saber se na Pastoral havia gente a favor da luta armada. “Temos o direito de nos organizar e nos defender?” – perguntou-lhe Rossi. “Na hora em que a gente ganha força, vem a ditadura e mata” – prosseguiu. O cardeal encerrou a conversa: “Vocês têm o direito da legítima defesa”. Rossi virou amigo do arcebispo. Três anos depois, ele é preso pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), em São Paulo. O crime foi denunciado nas paró-
Justiça e paz Dom Paulo articulou a Comissão Justiça e Paz, que denunciava as prisões ilegais, a tortura e pressionava os militares. “Comecei atendendo um dia por semana. No fim, atendia todos os dias, de manhã e de tarde” – conta Margarida Genevois, que integrou a comissão por 25 anos e chegou a presidi-la. “Os militares
queriam parecer bonzinhos e ficavam furiosos quando alguma coisa transpirava para o exterior” – lembra ela. A fama da arquidiocese atraiu perseguidos do Paraguai, da Argentina, do Uruguai e do Chile. Os militares reclamavam da intromissão da Igreja brasileira, e dom Paulo rebatia: “A solidariedade não tem fronteiras”.
O pastor presbiteriano James Wright despertou para a luta contra a ditadura após a morte do irmão, Paulo, em 1973, e virou grande amigo de Arns. “Eles brincavam que um parecia presbiteriano disfarçado de católico e o outro católico disfarçado de presbiteriano” – lembra Anita Wright, acostumada a ver o pai James hospedar refugiados que batiam à porta do Clamor – grupo de defesa dos direitos humanos de São Paulo com olhos na
divulgação
Clamor pela América Latina América Latina, sob a proteção do cardeal e do pastor. O Clamor arquiteta uma missão para resgatar duas crianças – Anatole e Vicky, de pais uruguaios, mortos em Buenos Aires – sequestradas pela ditadura argentina (19761983), que viviam sob a ditadura chilena e acabaram sendo descobertas pelas Avós da Praça de Maio – mulheres que se reúnem na Praça de Maio, Buenos Aires, para exigir notícias dos entes desaparecidos na ditadura militar argentina.
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rabalhadores
Dom Paulo na luta operária
ta. É o arcebispo de São Paulo’” – relembra o padre Júlio Lancelotti. Anos depois, Ana soube que o cardeal encomendara um caixão resistente para que os companheiros transportassem o corpo de Santo pelas ruas de São Paulo. Quando algum religioso corria riscos, dom Paulo ia ao Vaticano, pois era ouvido aqui e lá fora. Na década de 1970,
Brasil Nunca Mais Entre 1979 e 1985, um grupo de advogados valeu-se do direito de retirar processos do Superior Tribunal Militar, em Brasília, e montou um quadro da repressão. Seis anos depois, surgia o livro Brasil Nunca Mais, com relatos dos métodos de tortura, as acusações ilegais e os crimes promovidos pelo regime – informação que, saída de seus arquivos, nunca pôde ser contestada pelos re-
pressores. Dom Paulo, aliás, jamais acreditou na versão de que o jornalista Vladimir Herzog, o Vlado, cometera suicídio na cela em que estava detido, em 1975, no DOICodi, outro aparelho da ditadura. A missa de sétimo dia de Vlado – ato ecumênico que atraiu milhares de pessoas à Catedral da Sé – transformou-se em momento simbólico, no início do fim dos anos de chumbo.
gala, caminha pelo jardim e segue para o almoço. Ele diz não assistir televisão, mas a carne é fraca diante da paixão: dar uma espiadela na TV quando joga o Corinthians. Claro, ele não assume e atribui o “vacilo” às freiras – corintianas por obra e graça do próprio. No começo deste ano, ele foi internado e convocou ao hospital dom Angélico: queria uma missa. Ao final da celebração, na cama da Unidade de Terapia Intensiva, aproveitou a hora do abraço e sussurrou: “Confiança. Vamos avante. De esperança em esperança. Na esperança sempre”. Para o cardeal, pode-se desanimar, sofrer, esmorecer, mas desistir jamais. “A esperança não é o ópio do povo, mas o motor que modifica o mundo.”
Ao papa Luciney Martins\cnbb
bispos da corrente conservadora Tradição, Família e Propriedade (TFP) pediram ao governo que expulsasse dom Pedro Casaldáliga, bispo espanhol, da Prelazia de São Félix do Araguaia. O cardeal viajou a Roma, e Paulo VI mandou o recado: “Mexer com Pedro é mexer com o papa” – versão confirmada por Casaldáliga. Depois de 28 anos à frente da Arquidiocese de São Paulo, dom Paulo renunciou por questão de idade em 1998, aos 77 anos. Recebeu da Igreja o título de arcebispo emérito e, dos operários, o de cardeal dos trabalhadores. Dom Paulo viveu alguns anos no Jaçanã, Zona Norte, até retirar-se para Taboão da Serra. Ao acordar, lê jornais e faz uma celebração diária aos moradores da comunidade religiosa onde vive. Depois, apoiado numa ben-
Por João Peres e Virginia Toledo
Em 1980, Waldemar Rossi foi encarregado por dom Paulo de ler ao papa João Paulo II uma carta com denúncias de trabalhadores. O Exército levantou a ficha dele e decretou que “o comunista” não participaria da celebração. Mas dom Paulo o pôs para dentro. Como o papa se atrasara, Rossi leu apenas o primeiro e o último parágrafo. Assim foi adiante a denúncia da morte de Santo Dias e de Raimundo Ferreira Lima – trabalhadores mortos pela repressão. Quando 130 mil pessoas bradavam “liberdade!”, o papa precisou da ajuda do cardeal para entender o que se passava.
Sob o viaduto Padre Júlio, da Pastoral do Povo da Rua, relembra um episódio em que um grupo de moradores de rua estava na iminência de passar mais
uma noite fria de inverno sob um viaduto. O então prefeito, Paulo Maluf, fechara o abrigo, mas dom Paulo disse que dormiria no local enquanto não fosse
reaberto. “Ele foi ao Viaduto do Glicério, onde os moradores de rua estavam. E aí foi um esparramo. Imagine o arcebispo embaixo de um viaduto!”
Esperança no sangue Cinco dos 13 filhos do casal Gabriel e Helena seguiram carreira religiosa. Além de Paulo Evaristo, Zilda Arns, nascida em 1934, tornou-se referência com a Pastoral da Criança
divulgação
quias de São Paulo e no exterior. No 25º dia da prisão, Dom Paulo entrou no prédio e foi à sala do delegado. “Vocês torturaram esse homem. Ele não consegue andar direito” – acusou, depois de ver o prisioneiro. Essa não foi a primeira nem a última vez que ele bateu de frente com o inimigo. Em outubro de 1979, dom Paulo foi ao Instituto Médico Legal (IML), onde estava o corpo do operário Santo Dias da Silva, cujo desaparecimento só não aconteceu porque sua mulher, Ana Dias, entrou à força no carro dos policiais que o transportaram – Santo fora baleado nas costas diante de uma fábrica na zona sul paulistana, depois de discutir com a PM para que libertasse as pessoas presas por organizar uma greve. “Dom Paulo saiu de casa com os trajes episcopais e chegou dizendo: ‘Abram a por-
arquivo pessoal paulo cesar pedrini
Igreja, salvou vidas e mexeu com a história do país no século 20
e a luta contra a desnutrição infantil e por planejamento familiar. Zilda foi vítima do terremoto no Haiti, em janeiro de 2010, onde estava em missão humanitária.
6 perfil
A colorida (e incansável) busca da origem negra João Batista Anthero, o JB, é fotógrafo profissional, tem 53 anos, é divorciado e pai de três filhos. JB nasceu no bairro de Vila Nazareth, na cidade paulista de Casa Branca. Aos quatro anos, com a mãe Antônia Bonfim Antero doente, ele se muda com a família para um cortiço na Vila Gino, em Limeira. Mas a passagem foi rápida, um ano. De volta a Casa Branca, JB tem uma lembrança da infância, de sua casa pegando fogo. “Era um barraco de madeira. Uma noite, com dor de barriga, fui ao banheiro, no quintal. Na volta, derrubei a lamparina e ele pegou fogo. Perdemos tudo” – relembra. O pai, Benedito Antero, era foguista – cuidava da caldeira dos trens Maria Fumaça – e construiu outra casa, de alvenaria, no mesmo lugar. Mas a saúde de dona Antônia piorou. No início dos anos 1960, Seu Bene-
dito volta a Limeira, com esperança de salvar a vida da esposa. Compra uma casa no Jardim Cavinato e traz a família. Contudo, Dona Antônia, que recebera alta em Casa Branca, mal teve tempo de deixar as malas em casa e foi internada na Casa de Saúde. Uma semana depois, faleceu. Benedito sentiu o fardo de cuidar dos quatro filhos – José Antero, João Batista Anthero, Luis Antônio Antero e Valdir Antero. “Ele queria os filhos junto de si, mas faltavam-lhe condições; por isso, em 1966, ele nos matriculou no internato Nosso Lar, pois sabia que seríamos bem tratados – diz JB. Foi na sacada do Nosso Lar que JB descobriu o prazer da música, ao ouvir a canção Do you Wanna Dance, do guitarrista nova-iorquino Johnny Rivers. “Foi como uma explosão no meu peito” – conta. Aos 12 anos, JB
compra um violão. “Aprendi a tocar duas músicas sertanejas e não parei mais” – lembra. O primeiro trabalho de JB, em 1969, é na casa da família Peruzza, onde fica três anos. “Eu varria o quintal, encerava os tacos, fazia pequenas compras, tomava conta da lojinha de armarinhos e ainda ajudava na barraca de feira – lembra. Nessa época, ele monta o grupo musical O Quarteto e toca no Limeira Clube, às sextas-feiras. “A música abriu portas. Foi por meio dela que conheci o diretor da Gazeta de Limeira, Roberto Lucato. Em 2 de janeiro de 1987, ele me convidou para ser motorista do jornal, e eu aceitei. Meu estudo era pouco – JB estudara até a quarta série – e o doutor Roberto me disse que não havia como eu crescer; eu ouvi e me resignei” – conta. JB dera um passo que lhe mudou a vida.
Por Leonardo Brito
arquivo pessoal
A história de João Batista Anthero, o fotógrafo que pesquisa seus antepassados
JB Anthero exercita uma paixão, cantando ao violão, e apresenta
jb anthero
Cenas da Nigéria: rio podre, favela e prédio moderno
A fotografia virou hobby de JB em 1988, época em que, no laboratório, ele ajudava os colegas Nivaldo Navarro e Mario Roberto. “Eu fuçava tudo: revelava fotos, manuseava câmeras e, nos fins de semana, levava alguma para praticar em casa” – revela. O gosto pela novidade arrebatou JB, que comprava livros sobre o assunto e pedia dicas a quem era do ramo. Depois de um tempo, já profissional da imprensa, ele percebeu que podia montar uma exposição fotográfica sobre os negros – foco de sua preocupação – as fotos eram todas em preto e branco.
jb anthero
O aprendizado foi na marra
Sua primeira exposição, em 1996, chamou-se Negros no Brasil. Depois, JB retratou os quilombos do Brasil – Cafundó e Caçandoca, em São Paulo; Campinho, no Rio de Janeiro; Palmares e Muquém, em Alagoas. E foi a outros lugares, símbolos
da escravidão, como Salvador, na Bahia, e Ouro Preto, São João Del Rei, Mariana e gruta do Maquiné, em Minas Gerais. Em 2007, ele descobre que, em 25 de julho, comemora-se o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha – há até um encontro anual dessas mulheres, na Ilha de São Martinho, no Caribe, em que elas discutem como pôr fim aos maus-tratos de que são vítimas. Como a data não é muito difundida, ele aproveita para homenageá-las numa exposição fotográfica.
7 Independente
De volta à Série A-3
a outra, as fotos com negros em preto e branco e em cores
África ancestral
em Limeira, dia 6 de novembro, às 10 h da manhã, no Agostinho Prada.
ana lucia ramos
o Capivariano – o primeiro jogo será dia 30 de outubro, em Capivari, e o segundo,
Independente ganhou tudo, dentro e fora de campo
natação
Limeirense é medalhista no Pan meiras civilizações no mundo. Mas ele pretende voltar lá, em 2012. “Dessa vez, vou a Ilé-Ifê – brinca. JB sonha fazer uma cartilha para que as crianças saibam mais sobre os ancestrais negros. “Por detrás das chibatadas que eles suportaram, há vidas que precisam ser contadas e uma beleza na África que precisa ser mostrada” – finaliza JB.
Guido é bronze no nado de costas e ouro por equipe Guilherme Augusto Guido conquistou a medalha de bronze nos 100m, nado de costas, nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, com o tempo de 54s81 – a medalha de ouro foi para outro brasileiro, Thiago Pereira. A outra medalha veio no revezamento 4x100 medley, ao lado de Felipe Freitas (nado peito), Gabriel Mangabeira (nado borboleta), Cesar Cielo (nado livre).
divulgação
jb anthero
Em 2011, JB viajou à Nigéria, na África. Passou um mês e fotografou Lagos, a capital, cidade com influência da colonização portuguesa e centro de comércio de escravos por três séculos. Depois, foi a Badagri, porta de saída de escravos. “No Barracão Brasil, os negros mais fortes dominavam os mais fracos e os vendiam aos portugueses e ingleses, que os traziam para a Bahia – explica. JB lamenta não ter ido a Ilé-Ifê, região Yorubá, a sete horas de carro de Lagos, berço do candomblé e uma das pri-
Campanha conturbada, cheia de desafios dentro e fora de campo, com salários atrasados e uma parceria que acabou desfeita. Mas a garra dos jogadores fez a diferença, e lhes rendeu o título de “gladiadores”. Em 23 de outubro, com uma goleada de 4 x 0, em Limeira, o Independente conquistou o acesso à Série A-3, sobre o Primeira Camisa, de São José dos Campos – gols de Leandro Neves (dois) Gilberto e João Santos, todos no 2º tempo. No campeonato, o Independente disputou 28 jogos, com 16 vitórias, 8 empates, e 4 derrotas. O ataque marcou 50 vezes e a defesa sofreu 23 gols. Dos 84 pontos, a equipe conquistou 56, aproveitamento de 66,6%. Agora, o time do técnico Jorge Parraga disputa a final contra
WAGNER MORENTE
jb anthero
O time ainda pode ser campeão da Segundona
8 foto síntese – Igreja da Boa Morte
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Vertical – 1. Que provém dos apóstolos 2. Conserva de ovas de esturjão; Filamento que nasce em certas partes da pele do corpo do homem 3. Odor; Começo, princípio 4. (voc. onom.) Voz de cabra; Seguia 5. Órgão responsável por parte da digestão dos alimentos 6. (abrev.) Tomada de tempo; Sigla de Rondônia 7. Pequena igreja, capela; Utensílio usado em trabalhos agrícolas 8. Nome artístico do músico português João Maria Centeno Gorjão Jorge; Prenome do grande parceiro de Roberto Carlos 9. Que tem esta ou aquela qualidade; Variação do pronome pessoal tu, regida de preposição; Despido 10. Preposição que indica a distância limite; Céu da boca 11. Pessoa pobre ou mal trajada, mas pretensiosa; Terminação característica dos álcoois.
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Horizontal – 1. Lançar-se com ímpeto; Sigla do Amapá 2. Conversa; Letra que, no alfabeto, vem após o esse 3. Célula reprodutora feminina das aves; Hotel para encontros amorosos 4. Natural da Síria 5. Forma sincopada de está; Sigla do Amazonas; Contração antiga da preposição de com o artigo El 6. Rezo; Cultivar; Sigla do Partido dos Trabalhadores 7. Abertura ou sulco num terreno, natural ou artificial, para conduzir água; Amarrar 8. Imposto sobre Produtos Industrializados; Quem dá guarida a político 9. Privado da visão 10. Grito de incentivo dos torcedores, em arenas de touradas e estádios de futebol; Sinal gráfico que se coloca sobre o i e sobre o j 11. País localizado no chifre da África; Provedor brasileiro da internet.
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vale o que vier As mensagens podem ser enviadas para jornalba@redebrasilatual.com.br ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.
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o m e t e l e s r o t m r i o i a m d o a r a r e g o i o g o e a p m a l i a
Palavras cruzadas
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