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Zona SUL
Jornal Regional da Zona Sul de São Paulo
nº 7
Distr
ibu
Gratuição ita
Dezembro de 2010
visita ilustre
cidadania
o buraco que veio do céu Como a Cratera de Colônia virou um bairro e o que a ameaça agora graça Machel O que a esposa de Mandela conheceu na Monte Azul
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olhar local
fila legal Uma agência bancária diferente ajuda o povo de Vargem Grande
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educação entrevista
marcolino, bom de voto Os compromissos do deputado estadual mais votado na Zona Sul Pág. 3
quadro negro Em Paraisópolis, as duas piores escolas da cidade
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Fique com a gente
visita ilustre
Graça Machel em Monte Azul
editorial Este jornal da Zona Sul é quase todo ele dedicado a um bairro do extremo sul de São Paulo, que literalmente nasceu num buraco – Vargem Grande – que veio do céu, há milhões de anos. Lá, hoje, vivem 56 mil brasileiros que foram chegando e trazendo consigo esperança e fé no futuro e conquistando as poucas melhorias no peito e na raça. Pois não é que agora, depois que o buraco virou um grande bairro – o governo do Estado presenteou-o até com um cadeião na entrada do lugar –, a Prefeitura tem um plano de desalojar os habitantes e transformar a cratera num parque público para a visitação de turistas? O pessoal diz que de lá não sai e que a ideia pode se transformar numa nova Canudos! Aliás, é lá em Vargem Grande que os bancários de São Paulo têm levado adiante o projeto Olhar Local, oferecendo os serviços bancários mais comezinhos – e evitando que a turma tenha de locomover-se por duas horas para pagar uma conta das Casas Bahia, por exemplo. Também é na Zona Sul que nasce um novo tipo de político brasileiro, que – pasmem! – começou a trabalhar antes de assumir o mandato de deputado estadual: Luiz Cláudio Marcolino, gravem o nome dele. Por fim, o registro de uma tragédia da educação: duas das piores escolas brasileiras estão fincadas em Paraisópolis, segunda maior favela de São Paulo, lugar que está sendo vítima de incêndios de origem suspeita: a região é vítima da especulação imobiliária, com a construção de prédios finos na Marginal, vizinhos à ponte Estaiada. Espera-se apenas que a educação não se misture ao mau cheiro.
Graça Machel e Ute Craemer
Na Favela Monte Azul, Graça conheceu os espaços pedagógicos da comunidade. A experiência de 32 anos da Monte Azul
assegurou uma conversa profunda sobre a importância da proteção e garantia do direito infantil, apoiada no Plano Nacional pela Primeira Infância – com ações e metas nos direitos da criança de até seis anos –, que será realizado até 2022, ano do bicentenário da Independência do Brasil. Durante a visita à Casa de Parto Angela Gerke da Silva, na comunidade, Graça ressaltou o interesse em criar uma parceria institucional ligada à Primeira Infância.
favelas
Áreas de risco em São Paulo Novo mapa aponta 50 lugares muito perigosos Das 1.500 favelas da cidade, 500 estão em áreas de risco: as habitações são construídas em terreno inadequado, barrancos ou montanhas, com perigo de deslizamentos, desmoronamentos de terra e erosão a qualquer momento. Na Zona Sul há 50 locais considerados de risco muito alto. Os dados foram elaborados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), autor do novo mapeamento das áreas de risco da cidade, que estará pronto até o fim do ano – o último mapa é de 2004.
O levantamento foi encomendado pela Prefeitura em setembro do ano passado para organizar e coordenar as ações da Defesa Civil e do Corpo
de Bombeiros. As principais áreas de risco da Zona Sul são Campo Limpo, Capela do Socorro, Cidade Ademar, Jabaquara e Parelheiros.
foto: divulgação
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A presidente da Associação Comunitária Monte Azul, Ute Craemer, recebeu este mês a ativista de direitos humanos Graça Machel, casada com Nelson Mandela, o primeiro ex-presidente negro da África do Sul. Graça criou a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade, organização civil sem filiação partidária, que visa congregar forças de todos os setores da sociedade na realização de um ideal de desenvolvimento, democracia e justiça social.
foto: divulgação/monte azul
Esposa de Nelson Mandela conhece a comunidade
Deslizamento em favela: culpa da topografia?
Expediente Rede Brasil Atual – Zona Sul Editora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de redação Paulo Salvador Editor João de Barros Redação Marina Amaral e Leonardo Brito (estagiário) Revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman Telefone (11) 3241-0008 Tiragem: 15 mil exemplares Distribuição Gratuita
3 entrevista
Luiz Cláudio Marcolino, o deputado Zona Sul Por que você teve tantos votos na Zona Sul? Não comecei agora, atuo como representante da Zona Sul desde a gestão da prefeita Luiza Erundina (1990-1994). Depois, como presidente do Sindicato dos Bancários e dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), vieram as comemorações do 1º de Maio, com programas de cidadania. Tenho bom relacionamento com as lideranças populares e com os presidentes de associações de bairros. Foram esses movimentos que trouxeram os votos, e eu agradeço a todos. Vou retribuir a confiança com muito trabalho, assumindo compromissos com a Zona Sul. Como vai fazer isso? Nas conversas e reuniões vamos ouvindo o que o povo mais deseja, mais pede, o que resulta em desenvolvimento local. Não adianta o Brasil crescer, se a região não se fortalece. Queremos o desenvolvimento local, fortalecer o parque industrial com desenvolvimento sustentável para gerar produção, comércio, serviços, emprego, renda, consumo e qualidade de vida. O que não pode parar? Um programa em andamento, o Ação Local, criação nossa, que já funciona em Vargem Grande e na Vila Natal e agora se viabiliza em Varginha. Prevê a instalação de uma agência bancária para pagamento de contas, recebimento do benefício do INSS e outras pequenas operações. As pes-
foto: divulgação/flickr
Ligação com o Rodoanel, faculdade, hospital e posto bancário são metas do mandato Por Paulo Salvador
Ele foi eleito deputado estadual com 96.594 votos, dos quais quase 50% vieram da Zona Sul de São Paulo – um fenômeno para uma primeira disputa eleitoral. A eleição de Luiz Cláudio Marcolino e de uma bancada mais forte do Partido dos Trabalhadores na Assembleia Legislativa confirma a opção da população de eleger lideranças populares de esquerda. Os deputados tomam posse em 15 de março. Mas Marcolino não perde tempo. A turma que trabalha com ele sabe que ele não para: acorda cedo, dorme tarde, acompanha tudo de perto. Assim, ele batalhou com a liderança do PT e já incluiu 24 emendas no orçamento do ano que vem – cinco especialmente para a Zona Sul. Nesta entrevista, Marcolino fala como vai pautar sua atuação e o que pretende trazer para a região. soas não precisam mais se locomover duas ou três horas só para ir ao banco. Em que o Ação Local difere dos bancos? Os grandes bancos visam apenas o lucro, mas nossa proposta é diferente, é que o resultado do posto bancário volte para a comunidade, com cursos de capacitação e apoio às micro-iniciativas de crédito. Por
Marcolino na Região Sul: 27.578 votos Grajaú Capela do Socorro Pedreira Parelheiros Cidade Ademar Piraporinha Ipiranga Campo Limpo Valo Velho Capão Redondo
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exemplo, para a mulher que faz e vende bolos e quitutes e para o pedreiro que precisa de crédito para comprar uma ferramenta, ou para quem usa a tecnologia para tratar óleo usado de cozinha. Enfim, é o apoio aos pequenos negócios. Assim, geramos empregos e renda na região. Antes de assumir, você já apresentou emendas ao orçamento do Estado. Quais as propostas para a Zona Sul? Apresentei quatros emendas para a Zona Sul. Pedi R$ 5 milhões para a construção de uma Fatec (Faculdade de Tecnologia), no Grajaú; R$ 300 mil para construir uma Unidade Básica de Saúde (UBS) parta atender os bairros do Jardim Orion e Guanhembu; R$ 250 mil para a reforma da UBS da Chácara Santo Antonio; e R$ 300 mil para pavimentar ruas do Jardim Nova Conquista e Orion, mas isso não basta. Vamos ter que pressionar o governo estadual pela liberação dos recursos. Esse é o nosso principal papel como deputado: fiscalizar e cobrar a aplicação dos recursos públicos em prol da população. E a obra do Rodoanel beneficia a Zona Sul? O Rodoanel é uma obra bilionária que não deve servir só para ir à praia ou ao porto de Santos. Queremos que esse investimento ajude os mais de um milhão de habitantes da Zona Sul. Vamos lutar para ter uma ligação aqui na região para escoar a produção para o Centro, para à Ceagesp.
4 cidadania
Uma cratera de milhões de anos torn
Eram como peregrinos chegando à terra prometida, embora sequer desconfiassem seguir o rastr Eles desembarcaram aos magotes de ônibus e caminhões. As panelas repletas de macarronada, arroz e feijão seguiam com as mulheres. Os homens, à frente, abriam picadas na mata a golpes de facão. Na paisagem verde a perder de vista, ninguém duvidava que finalmente teria um pedaço de terra para criar os filhos sem medo da expulsão que marcava suas vidas – primeiro, pela seca do sertão nordestino, onde a maioria havia nascido; depois, pelas máquinas que destruíram seus barracos a mando da Justiça.
Desta vez eles não seriam invasores ocupando a franja da cidade reservada à especulação imobiliária. Teriam um terreno de papel passado, mesmo que isso significasse meses de salários. E ninguém ligava de ter de enfrentar 35 quilômetros em duas, três horas, numa única linha de ônibus, do distrito de Parelheiros ao Centro de São Paulo. Luz elétrica, esgoto, água encanada, escola, telefone, posto de saúde seriam conquistados depois. Até a notícia de que bem perto dali se erguia um cadeião, do qual já se avista-
A Cratera de Colônia, no extremo da Zona Sul de São Paulo: lugar cheio de casas e mananciais da Billings
Em Vargem Grande, o lixo das ruas se acumula por falta de coleta. Os córregos malcheirosos ameaçam a saúde de todos. Crianças e jovens divertem-se com videogames e peladas. Os mais velhos vão à lan house e aos bares de pagode e funk nas noites de fim de semana. Na Rua 30, artéria comercial do bairro – uma das oito ruas calçadas –, quase não há árvore alguma. Ainda assim, a Prefeitura tem o projeto de um parque e envia notas de desapropriação às quase 2 mil famílias que seriam removidas para concretizá-lo. “Somos contra a remoção dos 56 mil moradores daqui. Todos pagaram pela terra e o poder público limi-
fotos: jailton garcia
A Prefeitura ameaça retirar todo mundo de lá
Everaldo, na padaria, Cássia, na academia, e uma rua local: ameaçados de despejo
tou-se a fornecer infraestrutura quando não tinha mais o que fazer” – diz Francesca. “Nem os comerciantes acreditam em lucrar com esse tal complexo turístico. Quem viria passear por essa periferia pobre?”– pergunta a líder comunitária. Entre os donos dos 55 es-
tabelecimentos da Rua 30, a descrença com o parque é geral. “A gente quer que a Subprefeitura cumpra a promessa e regularize o bairro para a gente poder tirar os alvarás” – diz Everaldo Silva, 39 anos, ex-confeiteiro de Moema, dono de uma padaria. Ele
e 24 funcionários trabalham das 6 h às 22 h, gastam, por dia, 150 quilos de farinha para fazer pão e bolo e ainda não conseguiram dar conta da demanda de frango assado (R$ 11) nem da porção de costela (R$ 12), que acabam antes do meio-dia.
Cássia, dona da única academia de lá, com 200 alunos, recebeu a notificação da Prefeitura. “Na maquete, esta área e mais dez casas serão ocupadas por um estacionamento. Faz sentido?” – pergunta, mostrando a rua de terra cortada por um córrego parcialmente canalizado por sua própria iniciativa. A Subprefeitura de Parelheiros afirma que não decidiu o futuro de Vargem Grande. Aos moradores, o subprefeito prometeu visitar o bairro e verificar a viabilidade do projeto. Inconformado com a ameaça de despejo, o segurança João Pimentel promete: “Com tudo que já passamos por aqui, se tentarem nos tirar daqui, vai acontecer outra Canudos”.
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nou-se o lar de milhares de famílias
fotos: jailton garcia
ro de um cometa que por ali passara há 10 milhões, talvez 30 milhões de anos va a torre, foi desconsiderada. Quem eram eles para julgar ou temer os vizinhos? Para obter o título dos lotes de 250 m², 1.200 famílias cadastradas no livro da União dos Favelados do Grajaú (Unifag) pagaram duas parcelas no valor de cerca de um quarto do preço do m² dos loteamentos clandestinos onde antes viviam. Agora, teriam ar puro, cheiro de terra e flor. A solidariedade os unia. Um objetivo perseguido nos dois anos de reuniões nas pracinhas nos confins da Zona Sul? A presidente da Unifag, Maria Sipriana Henrique, per-
guntou aos moradores se eles apoiariam a compra daquela terra. Alguns meses depois, chegaria a escritura lavrada em 1989, no 14º Cartório de Notas da Capital. A entidade se tornava dona de quase três milhões de m² de terra, por 300 mil cruzados novos – R$ 1,4 milhão em valores atuais – pagos à vista a João Rimsa, empresário do mercado de capitais. O bairro Vargem Grande, até então chamado de Colônia, povoado por ordem de Dom Pedro II por um agrupamento de alemães a sete quilômetros dali, estava por nascer.
Depois que a seca acabou com a criação de cabras e a lavoura da família, a cearense Lucima Galdino Barbosa chegou ao interior paulista aos 10 anos, num pau de arara com pai, mãe e 16 irmãos. Todos foram trabalhar na lavoura de café. Aos 21 anos, Lucima casou-se com José Henrique Barbosa e se mudou com a filhinha de 22 dias para São Paulo. Ela veio trabalhar na casa dos donos da fazenda na capital e o marido veio tomar conta de uma granja. A segunda filha nasceu onze meses depois. O casal juntou as economias e comprou um lote onde hoje está o Shopping Interlagos. “A gente era meio bobo, mas descobriu que era tudo falso. A Prefeitura nos tirou de lá e os donos da imobiliária fugiram.”
foto: jailton garcia
A história de dona Lucima, a Lúcia do cipó
Lucima, 70 anos, fugitiva do Nordeste: e agora?
Em Vargem Grande, Lucima virou Lúcia do Cipó, por causa do marido se deslocar como Tarzan na mata nativa, e se uniu ao povo da Unifag. “Fui a 12ª associada e a segunda a ser sorteada com lotes” – conta, enquanto serve café com bolo e distribui bananas de um cacho recém-colhido para as vizinhas na cozinha aberta para o quintal
de terra, sombreado por árvores. “Aqui era lindo, tinha macaco, veado, passarinho que não acabava mais.” Dona Lucima e o marido não sabiam que, embora a transação legal fosse registrada em cartório, era proibido lotear aquela região de mananciais da represa Billings. A Unifag foi processada por crimes ambien-
tais e os moradores empurrados para a ilegalidade. O bairro, isolado do Centro, se tornou um faroeste. A Unifag instalou uma portaria com homens armados e exigia que todos pagassem uma taxa mensal, embora continuassem sem luz nas ruas nem água encanada. Quem pôde, passou o problema adiante, transferindo suas terras. Em 1995, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) aprovou o tombamento da Cratera de Colônia, o que inviabilizaria a vida dos moradores de Vargem Grande. Além de ser apontado como ameaça à Mata Atlântica e aos mananciais, o Condephaat descobriu que o sonhado bairro havia sido assentado em cima de outra riqueza, essa geológica, datada de milhões de anos.
Por Marina Amaral
Turismo? A cratera de Colônia, com 3.600 metros de diâmetro e profundidade máxima de 400 metros, foi formada pela colisão de um corpo celeste entre 5 milhões e 36 milhões de anos. Em 2008, o laboratório australiano Genalysis revelou que ela pode ter surgido da colisão da cauda de um cometa e não da queda de um meteorito. “Ela marca a evolução do planeta e da vida” – diz o geólogo Victor Velázquez, professor da USP e pesquisador da cratera. Ele explica: “a cratera é um ambiente fechado e reúne espécies em extinção. O fundo dela é uma esponja que armazena água da chuva e contribui com a Billings”. Para o geólogo, o ideal seria a população ficar concentrada na área degradada, próxima às bordas. E que o presídio Joaquim Fonseca Lopes, que despeja esgoto a céu aberto no Ribeirão Vermelho, fosse desativado – ambos, bairro e presídio, estão em área de preservação ambiental. Velázquez cita o exemplo da Cratera de Ries, na Alemanha, uma das únicas habitadas, polo turístico que atrai gente do mundo inteiro. “Os moradores ofereceriam serviços de guias nas trilhas” – sonha. Mas o Estado cogita fechar o presídio, onde vivem 1.300 presos, o dobro de seu limite?
6 notícia boa
O futuro chega a Vargem Grande
O falante Gilmar Carneiro, ao lado da presidente dos bancários Juvandia, na inauguração do Olhar Local Capacitação
“As cooperativas de compras, que reduzem o custo de quem trabalha no mesmo ramo – como os cabeleireiros ou lojas de material de construção –, são exemplos simples de como esses princípios se aplicam na prática” – explica Cristina Castro, do Sindicato dos Bancários. O projeto é tão necessário às comunidades de baixa renda da
O Olhar Local foto: divulgação
Duas agências do Olhar Local inauguradas este ano – em Vargem Grande e na vizinha Vila Natal – oferecem serviços bancários à população, que antes se deslocava 20 km para pagar uma conta. Em menos de seis meses, 27 mil pessoas foram atendidas. E, mais legal: a obtenção de crédito, mantida em sigilo por motivos de segurança, superou com folga as expectativas do Banco do Brasil.
Capital que atrai os moradores de bairros vizinhos. “Vargem Grande vai se tornar um polo de iniciativas de desenvolvimento sustentável para toda a região de Parelheiros” – afirma Francesca Gomes, uma das articuladoras do projeto junto à comunidade. “Os comerciantes apoiam em peso. Quem não veio é porque não tinha com quem deixar o
negócio” – diz Maria Cleonice, a Cleo, comerciante da região. Além da presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, do presidente da Bancredi, Flávio Moraes, e do representante da Fundação Banco do Brasil, Eder Marcelo de Melo, parceiros do projeto, estavam presentes políticos e autoridades da região, como
Ivan Bertolazzo, representante da Subprefeitura de Parelheiros, Odilei Arruda Lima, diretor do Centro de Detenção Provisório de Parelheiros, o presidente do Conseg, Sebastião Maia, e o deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino, um dos idealizadores do Olhar Local em sua gestão na presidência do Sindicato dos Bancários.
O Olhar Local de Capacitação
foto: divulgação
Inaugurado em 9 de dezembro em Vargem Grande Paulista, o Olhar Local de Capacitação, segunda etapa do projeto Olhar Local – iniciado com a inauguração de uma agência bancária em maio deste ano –, foi recebido com entusiasmo pelos moradores locais e de bairros vizinhos. No dia seguinte à inauguração, às 9 horas da manhã, já havia uma fila de gente querendo saber como formalizar seus empreendimentos, conseguir empréstimos com o CNPJ e se informar sobre os cursos de capacitação que eram oferecidos por lá. Com apoio da Bancredi – a Cooperativa de Crédito dos Bancários (serviço do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região) – e participação do Banco do Brasil, a iniciativa visa fomentar os negócios locais e organizar o sistema produtivo da região, colocando os pequenos empreendedores no mercado formal. A ideia é capacitar a população com cursos de educação financeira dentro dos princípios da economia solidária.
fotos: divulgação
Capacitar os pequenos empreendedores é a segunda etapa do projeto Olhar Local
A inauguração do Olhar Local de Capacitação em Vargem Grande é a segunda etapa do projeto de desenvolvimento econômico da região. Agora, a atenção se volta para o aperfeiçoamento dos empreendedores locais por meio de cursos e palestras – sobre valor de produto, marketing, fluxo de caixa. Para facilitar a formalização dos negócios e responder às dúvidas dos empreendedores, um contador e um advogado ficam à disposição dos moradores. “Somos pioneiros nesse projeto que poderá servir de modelo para outras comunidades” – comemora Francesca. A iniciativa envolve também a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
7 educação
Paraisópolis tem as duas piores escolas da cidade Os especialistas concordam: para reduzir a desigualdade social e dar a esperança de um futuro digno para a juventude de baixa renda, a educação pública de qualidade é o requisito número um. Divulgado no segundo semestre deste ano, o Ideb 2009 mostra, porém, que são justamente os mais pobres que sofrem com a falta de qualidade da educação pública. Criado em 2007 para medir a qualidade das escolas brasileiras, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) reve-
Alunos não reconhecem as letras do quadro negro
gunda maior favela da capital, onde moram 100 mil pessoas. “Eu queria dar para os meus filhos a educação que eu
la que, na cidade de São Paulo, as duas piores escolas, de acordo com a avaliação, se localizam em Paraisópolis, a se-
não tive. É triste saber que a escola pública não te dá retorno!” – diz Agamenon Viana, pai de um aluno da 7ª série
foto: Divulgação
Colégio Estadual Etelvina de Góes Mercucci e Escola Municipal Paulo Freire carregam o triste fardo do colégio Etelvina de Góes Mercucci, classificado em último lugar entre as escolas que oferecem o 2º ciclo do Fundamental, do 6º ao 9º ano. O colégio – da rede estadual de ensino – obteve média 2,6 em uma escala de 0 a 10 e está entre as piores escolas de todo o Brasil (as 35% que não alcançaram a meta do MEC, que projeta nota 6 para o país em 2021). Já a pior escola municipal de 1º a 5º ano da cidade foi a EMEF Paulo Freire, que fica na mesma comunidade.
foto: Divulgação
Escola sucateada, diretora detestada, alunos perdidos
A carteira quebrada, cena comum na Etelvina Góes
O desabafo de Agamenon poderia estar na boca de qualquer um dos pais dos três mil alunos da escola estadual Etelvina Góes. No colégio, além da deficiência do ensino, os banheiros estão em péssimas condições de higiene, falta iluminação nas quadras, as carteiras estão riscadas e quebradas. Mais grave: muitos alunos do 6º ao 9º ano não
sabem as operações básicas de matemática e são incapazes de escrever uma redação. Às sextas-feiras poucos alunos comparecem às aulas, já que muitos professores faltam. A diretora Sofia Elena Baccari, em vez de tomar providências junto aos docentes, chegou a fechar os portões e suspender as aulas nesse dia da semana. O absurdo durou pouco por
conta das reclamações da comunidade, que, depois de diversos problemas com a diretora, conseguiu afastá-la por alguns meses com ajuda da União dos Moradores. Agora, os pais estão cada vez mais desesperançados. “Acho que meu filho não tem muito o que aprender ali, não” – resume Rejane Lopes, mãe de um aluno de 6º ano.
A situação da EMEF Paulo Freire parece melhor, apesar da má avaliação no Ideb. Os 1.430 alunos da escola estão agora sob a direção de Luciene Melo Muñoz, que assumiu o cargo no ano passado e está sendo elogiada por funcionários e pais de alunos.
Questionada por Brasil Atual sobre o motivo dos maus resultados do Ideb de 2009, a diretora afirmou que entrou com recurso no MEC pedindo a revisão da nota e enviou à imprensa a seguinte declaração: “O resultado do Ideb causou grande estranheza na
gestão da unidade, já que as professoras que lecionavam nas quartas séries no ano anterior têm um trabalho pedagógico bastante respeitado pela comunidade, e muitos pais insistem em matricular seus filhos, pois reconhecem o trabalho como bom”.
foto: Divulgação
Novos ventos na Paulo Freire
A Paulo Freire sob nova direção: agora vai?
8 foto síntese –
palavras cruzadas
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foto: Hans Hartings
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vale o que vier As mensagens podem ser enviadas para jornalba@redebrasilatual. com.br ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.
Respostas
Horizontal – 1. Coberto de revestimento 2. Amimar, embalar 3. Casa; Bispado juntamente com a sua jurisdição; Ave galinácea originária da América do Norte 4. Caminhava; Ruim; Sétima nota musical 5. Carboneto de hidrogênio saturado, de fórmula C2H6; Cachimbos, cigarros 6. Reserva Técnica; Sigla do Ceará 7. Anfíbio saltador; Que nasce conosco (fem.); Atmosfera 8. Sigla do Amapá; Mãe 9. Vontade de dormir; Jornal da Tarde 10. Cabeça de gado; Que se passa no ar Vertical – 1. O time alviverde de São Paulo 2. Mau cheiro; Justapor, sobrepor 3. Submeter a mudanças; Nordeste 4. Quarenta e nove em algarismos romanos; Velhos, anciãos 5. O espaço de 30 dias; Sentido equivalente a não é 6. Exame Nacional do Ensino Médio; Coisa fácil de fazer, sopa 7. New Times; Vontade de comer 8. Transportes Aéreos Portugueses; Antigo Testamento 9. Ângulo saliente; Poema de comprimento médio que, em geral, expressa exaltado louvor 10. Curso de água natural que deságua noutro, no mar ou num lago; Aparência, postura 11. Organização das Nações Unidas; Trabalho extraordinário
P A V I M E A C A L E N L A R S E M I A M E T A N O I R T C R A I N A A P G E N S O N O J R E S A
A P E T I T E
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Palavras cruzadas
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D O N R U I O S E A R R A O
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