Jornal brasil atual bauru 05

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Jornal Regional de Bauru

jornal brasil atual

DISTRIB

BAURU

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jorbrasilatual

GRATUUIIÇÃO TA

nº 05

artigo

Setembro de 2014

saúde

CUidado Na UrNa Adesão dos bancos e dos caciques do PSDB a Marina Silva escancara o que está em jogo na eleição presidencial:

CENTRiNHo Audiência pública na Câmara discute rumos de hospital referência

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Cidade

ALCuNHA

avançar no desenvolvimento com distribuição de renda e inclusão social

A realidade dos trabalhadores da “capital nacional da cobrança”

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retroceder ao tempo em que o mercado estava acima dos empregos e da cidadania

soCial

sÃo PaUlo

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SANTA EDWiGES

Escândalos de corrupção, falta de planejamento e insegurança marcam o governo Geraldo Alckmin

Escolinha de futebol reúne 80 crianças e quer ampliar o trabalho

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Bauru

2 saúde

Centrinho mobiliza Câmara

editorial Há uma novidade positiva na política, que é a obrigatoriedade de os candidatos apresentarem seus programas. E crescem as entidades e os órgãos públicos que fiscalizam a aplicação do programa. Como se vê, além do jeito e da história do candidato, os eleitores podem conhecer as propostas reais daqueles que pretendem tornar-se funcionários públicos. Focando nas eleições presidenciais, o debate vem ultrapassando ainda mais as características pessoais de cada um. Ao analisar o que foi registrado ou apresentado nas propagandas, é possível distinguir que, embora sejam três os principais candidatos na disputa pelo Palácio do Planalto – Dilma Rousseff, Marina Silva e Aécio Neves –, são formulados apenas dois grandes conceitos de administração do Estado. Um dos conceitos é o do crescimento econômico com inclusão social dos pobres, representado por Dilma na continuidade dos últimos três governos. O outro é o modelo neoliberal, radical na figura de Marina, que vem, programaticamente, sugando as ideias dos antigos governos tucanos, e incorporando novidades testadas pelos neoconservadores norte-americanos. As diferenças são brutais. Enfrentam-se: o programa de erradicação da miséria, de crescimento econômico com investimentos em educação, saúde e transporte, contra o programa de mercado, com participação mínima do Estado e grupos capitalistas que privatizam tudo: petróleo, bancos, saúde, educação, transporte e segurança. Desde sempre, o Brasil Atual faz a opção no dia a dia pelo programa da inclusão social. E para aqueles que se iludem com pessoas, é preciso entender o perigo de entregar o Brasil nas urnas a uma nova sanha neoliberal.

No dia 16 de setembro, uma audiência pública realizada na Câmara Municipal reuniu cerca de 150 pessoas para discutir a desvinculação do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, o Centrinho, da Universidade de São Paulo (USP) e o seu repasse para o governo do Estado. A convocação foi do vereador Roque Ferreira (PT), que questiona a capacidade da Secretaria Estadual de Saúde em manter o nível do equipamento, hoje, referência na América Latina. “A Secretaria não consegue administrar nem o AME, imagine

Vítor Moura

Audiência pública debate repasse do hospital para o Estado

um hospital de excelência como o Centrinho”, considerou. O diretor da Associação dos Docentes da USP (Adusp), Francisco Miraglia Neto, pediu o repúdio dos vereadores à transferência do hospital. “É

fundamental que esta Câmara aprove moção para que o Conselho Universitário da USP volte atrás na decisão”, disse. Para ele, a medida faz parte de um projeto de mercantilização dos serviços do Estado.

Medida é reflexo da crise da USP A transferência do Centrinho faz parte de um pacote de medidas lançado pelo reitor da USP, Marco Antonio Zago, para aliviar as finanças comprometidas pela crise orçamentária da instituição. Durante a reunião do Conselho Universitário que aprovou a transferência, a diretora da Faculdade de

Odontologia de Bauru, Maria Aparecida de Andrade, foi favorável a desvinculação do hospital da USP. “Não há outra saída senão dar um voto de confiança para esta gestão, para manter a excelência nos serviços do Centrinho”, declarou. O Fórum das Seis, que reúne os sindicatos dos funcio-

nários e docentes das três universidades estaduais paulistas, acusa o governo Geraldo Alckmin (PSDB) de não ter previsto novos repasses de verbas para as instituições. Seriam cerca de R$ 2 bilhões que, através de “manobras fiscais”, deixaram de ser repassados nos últimos seis anos.

Hospital perde o novo prédio O novo prédio que iria abrigar o Centrinho, também dentro do campus da USP, foi doado à Secretaria Estadual de Saúde no dia 7 de agosto, antes mesmo da decisão do Conselho Universitário. A decisão partiu de negociação direta entre o reitor da USP

e o deputado estadual Pedro Tobias (PSDB), com a finalidade de criar “um novo hospital geral no município”, segundo a assessoria do parlamentar. Segundo a auxiliar administrativa Marlei Emília Silva, o local já estava sendo utilizado para desafogar o atendi-

mento das atuais instalações do Centrinho. “Não sei como esses serviços vão voltar ao prédio antigo”, lamentou. A construção do prédio levou mais de 20 anos e foram gastos cerca de R$ 21 milhões, recursos despendidos pela própria universidade.

Expediente Rede Brasil Atual – Bauru Editora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de Redação Paulo Salvador Edição Enio Lourenço Redação Francisco Monteiro, Flaviana Serafim, Giovanni Giocondo, Giovani Vieira Miranda, Henrique Perazzi de Aquino, João Andrade, Luiz Felipe Barbieri, Mariana de Souza Duré, Vanessa Ramos e Vítor Moura Revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman Telefone (11) 3295-2820 Tiragem: 5 mil exemplares Distribuição Gratuita


Bauru

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Cidade

Nova alcunha: A capital nacional da cobrança Com cerca de 10 mil empregos diretos, Bauru é referência no setor de recuperação de crédito tor foi crescendo e hoje estima-se que existam cerca de 10 mil trabalhadores empregados de forma direta. “Existe todo um lado positivo, como a quantidade de empregos, os jovens envolvidos, a possibilidade do primeiro emprego, de ascensão profissional”, afirma o gerente executivo regional do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Josué Lopes.

divulgação

Em entrevista recente à Rádio Unesp FM, o secretário de Desenvolvimento de Bauru, Arnaldo Ribeiro, afirmou que a cidade já é reconhecida em todo o país como “a capital nacional da cobrança”. Ribeiro refere-se às empresas de recuperação de crédito concentradas no município, que começaram a chegar na década de 1980. Gradativamente, o se-

No entanto, existe o outro lado da moeda. Segundo a diretora executiva da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Adriana Magalhães, a maior parte dos jovens que são “filhos da classe trabalhadora” tem seu primeiro emprego no setor de serviços, atuando em companhias de telemarketing e call centers de recuperação de crédito. Até 1995, os bancos administravam setores inteiros destinados ao serviço de

divulgação

A terceirização do setor e a dinâmica do trabalho

recuperação de crédito. Com a terceirização do segmento, editada no governo Fernando Henrique Cardoso, os ban-

queiros passaram essa competência a empresas especializadas, precarizando direitos dos trabalhadores. “É uma forma de exploração e de reduzir o impacto na folha salarial. A renda desses trabalhadores caiu para a metade da renda dos bancários. Hoje, indiretamente, computamos cerca de 500 mil trabalhadores prestando serviços de atendimento aos bancos e que fazem o trabalho de bancários. Eles deveriam ter os mesmos direitos, como o piso, o vale

alimentação, refeição”, explica Adriana. Mas a realidade é outra. A massa da mão de obra destinada à recuperação de crédito, formada por uma maioria jovem e com o ensino médio incompleto, recebe, em média, R$ 1.000, acrescidos de premiações, gratificações e vale refeição (inferior ao dos bancários). O que também não arrefece são as cobranças exacerbadas em torno das metas para a regularização de empréstimos e

de financiamentos. De acordo com a dirigente da CUT, isso explica a alta taxa de rotatividade entre os mais jovens, quase o dobro da observada entre os adultos. “Essas empresas aproveitam o vigor, a vitalidade da juventude, que tem aquela vontade de consumir, de comprar um celular, um tênis, pagar a faculdade. Muitas vezes são esses jovens que complementam a renda familiar. Tem essa forte carga emocional”, ressalta.

Exploração leva ao adoecimento dos trabalhadores Adriana Magalhães afirma que a pressão no trabalho leva ao adoecimento psíquico, culminando em demissões. Para ela, as empresas dispensam os empregados que ficam muito debilitados, a fim de evitar a caracterização de “acidente de trabalho”. Rogério Pantaleão, de 19 anos, viveu essa realida-

de durante nove meses. Após concluir o ensino médio, a sua primeira experiência profissional foi em uma empresa de cobrança na cidade. A rotina exaustiva de atendimentos e metas deixou péssimas impressões no jovem, que hoje faz cursinho pré-vestibular para ingressar em uma universidade. “De uma forma indireta, eu percebia que estava sob forte

pressão. Era ligação atrás de ligação e cobrança atrás de cobrança. A ameaça de perder o emprego era grande caso o meu rendimento não fosse bom, ainda mais porque era visível a rotatividade de funcionários da minha idade. No final do dia, eu voltava para casa esgotado. Eu não quero mais esse tipo de trabalho”, relata. As lesões físicas devido ao

número excessivo de repetições ou as infecções urinárias, sobretudo entre as mulheres, também são alguns dos males recorrentes. “Estudos mostram que, no caso das mulheres, há o risco de infecção urinária, cólica, porque não é permitido sair por um tempo do posto de trabalho para ir ao banheiro”, diz Adriana. Uma das conquistas cele-

bradas pela NR 17, norma regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego que trata da questão ergonômica nos teleatendimentos e telemarketings, é o direito do trabalhador ir ao banheiro. Antes da norma, cada “saída da cadeira” era associada à meta que a pessoa deveria cumprir conectada em seu ponto de atendimento.


Bauru

4 SÃO PAULO

Sucateamento do Estado mina acesso a serviços públicos Governador Alckmin responde às críticas dos movimentos sociais com violência Por Giovanni Giocondo

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A gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) tem sido marcada por uma série de ações prejudiciais ao trabalhador paulista. Serviços básicos, como transporte, saúde, saneamento e segurança, tornaram-se artigos de luxo para a população.

O protesto foi reprimido pela tropa de choque da PM. Após cinco dias de paralisação, 40 metroviários foram demitidos sob acusação de “vandalismo”. Para o diretor-geral do Sindicato dos Metroviários, Alex Fernandes, “o governo só agrediu e demitiu trabalhadores para desviar o foco da corrupção”. Ele acredita que o governador manipulou informações para jogar a população contra os funcionários. Alckmin diz ser “vítima” do esquema, mas três companhias acusadas de integrar o cartel doaram R$ 4 milhões à campanha do governador à reeleição.

Em 2013, uma pesquisa feita pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) em 71 prontos-socorros no Estado mostrou que em 57,7% deles havia pacientes aguardando por atendimento em macas nos corredores, todos com equipes médicas incompletas.

A crise da água O Estado de São Paulo vive a maior crise hídrica de sua história. O Sistema Cantareira, que abastece 8,8 milhões de pessoas na região metropolitana, entrou em colapso. Em 1º de setembro, o reservatório operava com 10,8% da capacidade, com a água sendo extraída da reserva técnica que fica abaixo do solo. A pior seca dos últimos 84 anos, porém, não é a principal responsável pelo mau uso da água. Segundo a Secretaria Estadual de Recursos Hídri-

cos, São Paulo perdeu, em 2013, 25,7% de sua água tratada por problemas no sistema de distribuição. Para o geólogo Samir Barcha, a crise está ligada à falta de planejamento. “O abastecimento de água está atrelado ao crescimento da população, do parque industrial e das condições climáticas, fenômenos previsíveis. Se esses aspectos fossem considerados, com a criação de fontes alternativas e de um programa de redução de perdas, o impacto seria menor.”

A política de segurança pública Dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo (SSP/SP) revelam que 322 homicídios foram registrados no Estado em julho de 2014. O governo Alckmin, no entanto, contemporiza, pois o índice segue abaixo dos 10 a cada 100 mil habitantes – números “toleráveis” pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Na contramão do combate ao crime, os movimentos sociais sofrem com a violência do Estado. Em janeiro de 2012, o governador enviou um exército de policiais para São José dos Campos, para retirar à força 7.000 moradores da comunidade Pinheirinho,

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Em julho de 2013, a multinacional alemã Siemens denunciou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a existência de um cartel nas licitações do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O esquema existia desde 1997, durante a gestão do também tucano Mário Covas, e consistia na combinação dos preços das obras entre as empresas, com aval de autoridades do governo estadual. O valor final do serviço ficava até 20% mais caro. Segundo a Siemens, diretores das empresas públicas, secretários, políticos e servidores públicos recebiam propina para “autorizar” a irregularidade. Entre os beneficiários estava o atual presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Robson Marinho. Em junho de 2014, os metroviários entraram em greve para questionar as irregularidades e exigir melhorias na infraestrutura do sistema, além da pauta salarial.

Saúde pública

EDSON LOPES JR/A2

Cartel do Metrô

E a reação aos que criticam esse modelo é uniforme: a repressão. Nesta reportagem, Brasil Atual traz um resumo das ações adotadas por Alckmin nos últimos quatro anos, para administrar crises em setores estratégicos do Estado de São Paulo.

que viviam lá desde 2003. A ação foi rechaçada por órgãos internacionais de direitos humanos. Em junho deste ano, o advogado Benedito Barbosa também foi vítima de arbitrariedade da PM, quando foi espancado e detido por soldados após ter se identificado, quando mediava a saída

de 120 famílias de uma ocupação no Centro da capital. “Esse é o modus operandi da PM. Eu me sinto impotente, porque, no dia seguinte, um jovem negro é morto pela polícia na periferia, mas seu caso também será esquecido. Não há punição, mas incentivo à violência.”, lamentou.


Bauru

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artigo

Marina Silva e PSB assumem agenda neoliberal tucana Compromissos históricos com os trabalhadores são esquecidos em nome do mercado financeiro

A adesão do mercado financeiro à candidatura de Marina Silva foi instantânea. E o programa do PSB, já com a candidata na cabeça de chapa após a morte de Eduardo Campos, torna nítida essa aliança em temas relacionados a mercado de trabalho, direitos dos trabalhadores e condução da economia. Diz o programa de Marina: “A terceirização de atividades leva a maior especialização produtiva, a maior divisão do trabalho e, consequentemente, a maior produtividade das empresas”. É essa a linguagem utilizada pelas empresas e bancos quando substituem seus quadros de funcionários por serviços terceirizados para economizar com salários e direitos, e desorganizar categorias. E são esses os argumentos da bancada empresarial no Congresso desde 2004, na tentativa de aprovar um projeto de lei (o PL 4330) que escancara as portas da legislação trabalhista para essa fraude na subcontratação de mão de obra. Atualmente, as empresas perdem na Justiça do Trabalho os processos contestando essa prática. E com um programa desses, podem acabar com a “insegurança jurídica”. O objetivo de “reduzir os custos” do trabalho no Brasil não é novo. Um projeto de lei com esse fim foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 2002, último ano de governo FHC. Quando Lula tomou posse, em 2003, retirou o projeto, que já estava no Senado, e

ayrton vignola/ae

Por Paulo Donizetti de Souza

enterrou sua tramitação. De lá para cá, o Brasil conviveu com um processo de desenvolvimento que apostou no fortalecimento do mercado interno, permitiu a criação de empregos e o aumento da renda. Para retomar aquela agenda que havia sido superada, Marina precisará de uma coalizão neoliberal conservadora no Congresso, nos moldes daquela que deu sustentação às políticas da era FHC. Com o discurso da “nova política”, vai precisar de adesões do pior da “velha política” para cumprir seus “compromissos”. Seu programa defende a independência do Banco Central, o que significa retirar do Estado o papel de regulador da economia e deixar ao sabor do mercado a regulação dos juros, do crédito e do câmbio, por exemplo. Não por coincidência, estão entre os gurus econômicos do PSB uma das donas do Itaú,

“Não por coincidência, estão entre os gurus econômicos do PSB uma das donas do Itaú, Maria Alice Setúbal, e os economistas de alma tucana Eduardo Giannetti e André Lara Resende” Maria Alice Setúbal, e os economistas de alma tucana Eduardo Giannetti e André Lara Resende. Por meio da candidata, propõem superávits primários (sobras de caixa para arcar com o pagamento de juros da dívida pública) mais elevados que os atuais. Mesmo que ao preço de conduzir a economia brasileira a um forte arrocho fiscal, levando à redução dos investimentos públicos e dos gastos sociais. O programa de Marina para a política comercial também repete o ideário neoliberal que prevaleceu no Brasil durante os anos 1990, e que destruiu economias em todo o mundo. Os acordos bilaterais propostos

pela candidata do PSB contrariam a tendência de fortalecimento dos blocos econômicos como o Mercosul. A diminuição da importância do pré-sal também é um dos anseios da “nova” aliança, o que anularia os enormes investimentos em pesquisa e tecnologia feitos para que o Brasil assumisse posição de protagonista no campo energético mundial. E prejudicaria o retorno desses investimentos, já previstos em lei, para a educação e a saúde. Outra curiosidade do caderno de projetos do PSB para o Brasil é destinar cinco páginas à importância do agronegócio, e de se garantir seu crescimen-

to; e somente três parágrafos à agricultura familiar, que responde pelo emprego de 74% da mão de obra na área rural, por aproximadamente 38% da produção nacional, e por 60% da produção de alguns itens básicos da alimentação brasileira. O programa reserva ainda a redução do papel do BNDES e dos bancos públicos, tanto no que diz respeito ao crédito de longo prazo quanto ao consumidor. Marina propõe acabar com crédito direcionado, aquele que financia casa própria, agricultura, pequenos e médios empresários e industriários. Em benefício dos bancos privados, que poderiam cobrar juros mais altos na concessão desse tipo de empréstimo, que hoje é regulamentado. Os riscos desse receituário são conhecidos dos brasileiros: recessão de fato (muito além da “recessão técnica”) e a volta do desemprego. Um cenário dos anos 1990, que enfraquece os trabalhadores e diminui sua capacidade de promover a distribuição de renda por meio de aumentos reais em seus acordos coletivos. Com o fracasso do PSDB em se firmar como braço político da elite econômica, no plano nacional, o PSB e Marina aceitam assumir essa agenda. Ela une sua fome de ganhar uma eleição com a vontade do mercado de devorar o projeto de desenvolvimento com distribuição de renda e inclusão social que vem sendo construído desde 2003 ao longo dos governos Lula e Dilma. É isso o que está em jogo no dia 5 de outubro.


Bauru

6 HaBitaÇÃo

Minha Casa, Minha vida contra a especulação imobiliária Em abril, a Prefeitura de Bauru aderiu ao programa Casa Paulista, do governo estadual, que complementa em até R$ 20 mil o valor total dos imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal. Entretanto, o modelo gera controvérsias. Gestores da habitação afirmam que o aumento do valor do imóvel, de R$ 76 mil (investido inicialmente pelo governo federal) para 96 mil, incentiva a especulação e os lucros do setor imobiliário, sem aumentar o número ou a qualidade das moradias. “Isso cria um comodismo nos empreendedores e a lógica

GioVANi ViEiRA

Programa Casa Paulista, do governo estadual, é acusado de favorecer atores do mercado

do lucro pelo lucro. Não vemos mais imóveis construídos. Em vez disso, vemos investimento do governo estadual em marketing e propaganda na TV para mostrar o Casa Paulista e,

ainda, se apropriando indevidamente das imagens do Minha Casa, Minha Vida”, critica a vice-prefeita Estela Almagro, coordenadora do programa federal de habitação em Bauru.

Para enfrentar o problema, Estela afirma que, na terceira fase do Minha Casa, Minha Vida, em 2015, as construtoras que receberem subsídios do Casa Paulista terão que garantir algum benefício às moradias populares, como a construção de um quarto a mais, garagem, muro ou área de serviço maior. Segundo a vice-prefeita, em comparação ao Minha Casa, Minha Vida, o programa do governo Geraldo Alckmin é “decepcionante”, pois, dos R$ 2,2 bilhões do orçamento estadual para a habitação em 2014, só R$ 654 milhões foram reser-

vados para a moradia social. “Com a arrecadação de impostos e o caixa que tem para habitação, o governo estadual podia ser mais ousado”, opina. Na avaliação de Paulo Roberto dos Santos Amaral, presidente do Conselho Municipal de Habitação (CMH), “a burocracia que atrasa o andamento dos programas de habitação só fortalece o argumento da falta de áreas”. “Valoriza terras em regiões mais afastadas do centro, obrigando à construção de prédios em vez de casas, o que nem sempre é o desejo dos sorteados”, explica.

De acordo com a Prefeitura de Bauru, a meta do Minha Casa, Minha Vida no município é chegar a 4.000 imóveis financiados pelo programa, com 16 mil moradores até 2015. Desde 2012, já foram

sorteados mais de 2.200 imóveis em Bauru através do programa do governo federal, beneficiando cerca de 8.000 pessoas – dessas, cerca de 600 famílias (em torno de 2.400 pessoas) foram priorizadas e retiradas de áreas de risco.

GioVANi ViEiRA

Prefeitura quer chegar a 4.000 imóveis até 2015 “Não tenho do que reclamar, foi algo divino, porque eu tinha três filhos morando longe por falta de habitação”, comemora a trabalhadora doméstica Adriana Alves, de 42 anos, moradora do Residencial Santana, no bairro Mary Dota.

Em todo o Brasil, são 2,75 milhões de moradias contratadas até o final de 2014. Para a terceira etapa, em 2015, o governo federal ampliou o programa e a meta para mais de 3 milhões de unidades construídas até 2018.

HERME WANDERLEY GUILse preparar para o O Brasil ralou paravirão os grandes PIBs século 21. Agora

ADO SONHO EMANCIP u Vozes de quem deixo Estado de ser invisível ao

m.br www.redebrasilatual.co nº 99 setembro/2014

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Bauru

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soCial

escolinha de futebol faz jogo bonito de cidadania

riência no apito da Liga, somados ao desejo de trabalhar em um projeto social e contribuir para o futuro das crianças da periferia, amadureceu sua ideia de criar a escolinha. “O objetivo é mostrar que ainda existe amor no ser humano através do tempo que passamos aqui e dedicamos às crianças. Queremos fazer com que elas cresçam em um ambiente familiar, amando, res-

peitando”, ressalta Marrom. A princípio, a escolinha de futebol suscitou certa desconfiança dos pais, que não acreditavam no trabalho do grupo, que reunia outros oito voluntários, além do pastor José Geraldo de Araújo. No entanto, hoje são cerca de 80 alunos matriculados. “Nós queremos ampliar o trabalho, mas não temos recursos”, reivindica Marrom,

que cobra mais iniciativa do poder público. “Claro que os políticos poderiam ajudar, porque eles não têm nos ajudado em nada. Eles só aparecem em época de eleição, mas só fazem barulho. Continuam não fazendo nada”, complementa. O projeto sobrevive de doações e tem a “vontade” como grande aliada. “Precisamos de bolas, de chuteiras, de leite, de uniformes, de elástico pra fazer uma academia, precisamos de colchão pra treinar os

goleiros, precisamos de quase tudo”, reforça o ex-árbitro. Marrom ainda relembra que muitos ofícios já foram enviados à Prefeitura, solicitando materiais, como traves, ou areia, mas dificilmente se obtém uma reposta. “Já mandamos vários ofícios pedindo ônibus, mas só uma vez o ônibus veio. Qual é a reposta? Eles colocam na gaveta. Você leva o ofício, eles falam que vão ver e colocam na gaveta”, lamenta.

regularização formal Os voluntários da escolinha de futebol foram informados de que só conseguiriam captar mais recursos quando o projeto estivesse regularizado e documentado formalmente. Segundo eles, esse pro-

PARA SÃO PAULO MUDAR E O BRASIL MELHORAR AINDA MAIS

cesso já está em fase de revisão. A ideia é ampliar o trabalho e contemplar outras áreas, como dança, computação e até mesmo a construção de uma academia para os jovens atletas.

CNPJ: 20.559.269/0001-10, valor da inserção: R$ 270,00

Coligações: COM A FORÇA DO POVO: PT, PMDB, PR, PRB, PROS, PDT, PCdoB, PP, PSD | PARA MUDAR DE VERDADE: PT, PCdoB, PR | Coligação Federal: PT, PCdoB

iNFoRME PuBLiCiTÁRio

Desde 2011, um projeto no bairro Santa Edwiges reforça o sonho de jovens, de 11 a 15 anos, de se tornarem jogadores de futebol. Os treinamentos da Escola de Futebol Bethesda, que é coordenada por integrantes da igreja homônima, acontece no campo de terra da Alameda Sócrates, na Zona Norte de Bauru. “O nosso projeto tem muito mais um caráter social. Claro que temos a visão de formar atletas, mas o nosso objetivo é formar o cidadão, tirar a crianças das ruas, dar uma assistência maior pra elas”, afirma Fábio Jeferson Forato, um dos técnicos da escolinha. Um dos pioneiros e voluntários responsáveis é Adevilson José de Souza, o Marrom, ex-árbitro da Liga Bauruense de Futebol Amador (LBFA). Os mais de 20 anos de expe-

LuiZ FELiPE

Projeto no Santa Edwiges reúne 80 crianças e supre carência de atividades esportivas na região


Bauru

8 foto síntese – plebiscito popular

Palavras Cruzadas diretas PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

Refúgio; Norma de recinto conduta Mineral A fala do radioativo bebê

Adicional de (?): é pago ao trabalhador exposto a condições de risco Benefício Norma, em inglês

Protegido; amparado

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© Revistas COQUETEL Norma de

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3/air — ese. 4/norm — tale. 5/allan — modal. 6/avalon. 8/rasourar. 9/ferrabrás — moralismo.

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As mensagens podem ser enviadas para jornalbrasilatual@gmail.com ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

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BANCO

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Edgar (?) Poe, poeta dos EUA Criar asas

Pedro (?), economista do governo FHC

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Ricky Martin, cantor Construtor de diques

Adjetivo inicial de cartas afetivas

C A S T O R

Fútil; frívolo Antônimo de "lá"

7 6 1 7 93 3 2 2

Falta de chuvas Animal do arado

www.coquetel.com.br

N B

Falta de chuvas Animal do arado

Barcos de índios Brado do toureiro

Ricky Martin, cantor Construtor de diques

3/air — ese. 4/norm — tale. 5/allan — modal. 6/avalon. 8/rasourar. 9/ferrabrás — moralismo.

Símbolo grego de ©beleza Revistas COQUETEL masculina

Partida de um carro

Fútil; frívolo Antônimo de "lá"

A

Esse, em espanhol

Partida de um carro

A I R

8 7 6 7 9 3 2 1 8

Alegre; recreativa

Preencha algarismos de 1 a 9. Continuaos espaços vazios com Tipo de a existir verbo Uma das A ilhaOs algarismos não podem se repetir refúgio nas linhas verticais e do alternativas do rei Artur horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). plebiscito (Lit.)

Barcos de índios Brado do toureiro

Símbolo grego de beleza masculina

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

Uma das A ilharefúgio do alternativas do rei Artur plebiscito (Lit.)

A L A R

um mesmo nível (fig.)

Esse, em espanhol Tipo de verbo

P E R I C U L O S I D A D E

Refúgio;

Adicional de (?): é pago

ao trabalhador exposto a recinto conduta Preencha os espaços vazios de condições de risco com algarismos Mineral A fala1 doa 9. Norma, em inglês radioativo bebê Benefício Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e sudoku horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). Pôr em

Protegido; amparado

Alegre; recreativa Continua a existir

F

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Roberto Claro

Pôr em um mesmo nível (fig.)


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