Jornal Regional de Bauru
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nº 08 07
TRABALHO
Dezembro Novembro de 2014
CIDADE
AÇÃO CONJUNTA
Entidades e vereadores mediam crise na Ajax, que põe em risco 1.100 empregos
RODOVIÁRIA Aumento de usuários no final do ano acentua número de reclamações
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SOCIAL
HÁ ESPERANÇA “Braços Abertos”, da capital, é alternativa de combate ao crack
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FUTEBOL NOVO GOVERNO
DILMA CONCLAMA UNIDADE NACIONAL Após eleição marcada pelo ódio, presidenta dá indícios de que deve avançar em reformas estruturais Pág. 5
JOGO DURO Clubes do interior lutam contra desmandos da alta cartolagem
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Bauru
2 CIDADE
Rodoviária apresenta problemas
EDITORIAL O ano de 2014 vai chegando ao fim, e entrará para a história por inúmeros acontecimentos que fugiram da normalidade. No Brasil, não podemos deixar de recordar da Copa do Mundo de futebol, que até hoje gera controvérsias, seja no âmbito político ou esportivo. Sob uma tensão de protestos durante o evento, principalmente referentes às obras e remoções, o Mundial teve êxito em sua realização – excetuando a tragédia da Seleção Brasileira, que tomou o vergonhoso 7 a 1 da Alemanha. A eleição presidencial mais disputada da Nova República, caracterizada por uma polarização ideológica como há muito não se via, também será lembrada. A presidenta Dilma conquistou mais quatro anos de governo, com a tarefa de avançar nos programas sociais, nos serviços públicos e, sobretudo, no controle da economia que defenda a manutenção dos empregos da classe trabalhadora. Contudo, um episódio que talvez ganhe mais destaque nos livros de história aconteceu no último dia 17 de dezembro: a reaproximação dos Estados Unidos com Cuba. A disposição de Barack Obama e Raúl Castro em reestabelecer a diplomacia pode trazer alguma esperança ao povo cubano, que, com o embargo econômico internacional – em vigor há mais de 50 anos – e seu regime contraditório, tem benesses sociais das mais avançadas do mundo e escassez de itens de primeira necessidade. Se isso implicará no fim do socialismo real do século XX no ocidente, ainda é cedo para afirmar. Mas, de concreto, a ação do governo federal em financiar o Porto de Mariel, via BNDES, pode ajudar no desenvolvimento econômico da ilha no próximo período, e render negócios ao Brasil. Ou seja, tinham razão aquelas pessoas raivosas, que, sem uma leitura aprofundada da geopolítica mundial, criaram factoides na grande mídia sobre a política externa brasileira? E agora, para onde irão fugir os descontentes com o Brasil: Miami ou Havana? Feliz Ano Novo!
Com o fim do ano, aumenta o trânsito de pessoas no Terminal Rodoviário de Bauru, de onde sai ônibus para 350 cidades de todo o país. De acordo com a Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru (Emdurb), em dias úteis, cerca de 3,5 mil pessoas circulam diariamente pelo local, com uma tendência a dobrar nos feriados. O movimento intenso de passageiros, no entanto, não tem motivado a autarquia a investir em melhorias na infraestrutura. Essa é a percepção dos usuários. Umas das reclamações constantes é a ausência de caixas eletrônicos – hoje, só é possível fazer transações pela Caixa Econômica Federal. “Se você não tem cartão de crédito, acaba ficando na mão. Aqui deveria ter, no mínimo,
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Superlotação nos feriados provoca mais reclamações
um caixa 24 horas”, reclama o bauruense Roberto Granito, 36. A falta de uma sala de espera para os passageiros também incomoda. O espaço aberto que se mistura aos guichês e às lanchonetes não é o melhor modelo para alguns usuários. “A rodoviária é bem bonita, mas pegar ônibus com frio ou chuva aqui é muito ruim. Deveriam investir neste tipo de
serviço para melhorar o atendimento”, apontou a rio-pretense Maria Lourdes Sousa, 53. Nos feriados, outra crítica diz respeito à limpeza dos espaços, como o banheiro. “Os serviços prestados não acompanham o aumento da demanda. Banheiro de rodoviária já é caótico em dias normais, e aqui fica quase impossível de usar nos dias de muito movimento”, lembra Maria.
Justificativas oficiais Paulo Jorge André, gerente do Terminal Rodoviário, conta que a Emdurb vem realizando modificações constantes para atender melhor os usuários A autarquia abriu chamamento público no Diário Oficial para implantar novos caixas eletrônicos. “Até alguns meses, o regulamento não permitia novos caixas. Foi realizada uma modificação e em breve eles
serão instalados”, revelou. Quanto aos serviços oferecidos, o gerente frisa que não há aumento no número de funcionários da limpeza, uma vez que as contratações atuais ocorreram prevendo variações na demanda. “A única modificação que fazemos é o aumento do número de funcionários no estacionamento. Ele sempre funciona 24 horas, mas o aumento é para que haja mais ro-
tatividade entre os serviços oferecidos”, disse o gerente. Paulo André ainda reforça que desde a fundação do Terminal Rodoviário, há 34 anos, várias alterações na infraestrutura foram feitas, como a instalação de uma sala para atender os usuários. “As demais mudanças estão sendo planejadas de acordo com as demandas que a equipe técnica vai percebendo”, justificou.
Expediente Rede Brasil Atual – Bauru Editora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de Redação Paulo Salvador Edição Enio Lourenço Redação Francisco Monteiro, Flaviana Serafim, Fernando Martins de Freitas, Giovanni Giocondo, Giovani Vieira Miranda, João Andrade, Paula Pinto Monezzi, Vanessa Ramos e Vítor Moura Revisão Malu Simões Foto Capa Dilma (Roberto Stuckert Filho/PR) Futebol (Malavolta Jr./Jornal da Cidade) Diagramação Leandro Siman Telefone (11) 3295-2820 Tiragem: 5 mil exemplares Distribuição Gratuita
Bauru
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TRABALHO
Crise na Ajax coloca em risco postos de trabalho Entidades, vereadores e iniciativa privada se reúnem para defender os cerca de 1.100 empregos
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A Ajax, uma das maiores empresas do ramo de fabricação de baterias do país, passa por crise acentuada em Bauru. Depois de atrasar pagamentos de salários, demitir trabalhadores no início do ano, o novo imbróglio está relacionado ao fornecimento de energia elétrica, e deixa os cerca de 1.100 funcionários inseguros quanto ao futuro. Após descumprir consecutivos acordos de pagamento, a empresa foi expulsa da câmara de distribuição energética no mercado livre, forma de fornecimento em que as tarifas são cobradas a preço de mercado, sem a intermediação de concessionárias de distribuição.
Com uma liminar judicial, o fornecimento passou a ser intermediado pela CPFL. Porém, novamente, a Ajax contraiu dívidas. A Companhia Paulista de Força e Luz cobra R$ 1,3 mi-
lhão em multas e penalidades, além de R$ 522.698,66 de consumo no mês de setembro. De forma inédita em Bauru, entidades de classe, Poder Legislativo e setor privado se
reuniram para buscar soluções para a crise da Ajax. Uma reunião realizada na Câmara Municipal resultou num documento solicitando à CPFL o religamento imediato da energia na empresa. Um novo acordo e novos prazos foram firmados entre as partes em questão. E um novo descumprimento da Ajax resultou em um novo corte de energia. Para interromper esta ação, uma decisão judicial interveio e considerou o desligamento irregular, pois ele aconteceu durante a madrugada do dia 9 de dezembro e sem aviso prévio, colocando em risco os trabalhadores.
Desde o início das crises supracitadas, o Sindicato dos Metalúrgicos de Bauru (Sindmetal) esteve presente para cobrar agilidade no pagamento da dívida, sem ônus aos trabalhadores. Cândido Rocha, presidente da entidade, destaca que a maior preocupação é com a manutenção dos postos de trabalho.“Essa é uma crise que não atinge apenas os empresários, mas, sobretudo, os trabalhadores. Nós unimos as forças para que a situação fosse resolvida com o máximo de agilidade, para que os prejuízos fossem os menores possíveis para quem depende do trabalho na empresa”, destacou.
Sindicato considera Poder Público lento e omisso presas, enquanto Bauru faz uma opção de garantir a área de serviços em detrimento da indústria. Não há incentivos reais. O que a gente vê é a cidade se transformando em um grande dormitório de mão de obra para outros municípios”, exclamou o sindicalista. O chefe do Gabinete da Prefeitura, Arnaldo Ribeiro, que também é secretário de Desenvolvimento Econômico, dis-
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Na tomada de decisões, porém, Rocha não viu a Prefeitura intervir com a mesma assiduidade de outros segmentos da sociedade bauruense. Ele acredita que se o poder público continuar omisso e lento em suas decisões, Bauru caminha para ser uma “cidade dormitório”. “É incrível como a gente vê cidades da região atraindo médias e grandes em-
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corda do apontamento do Sindmetal, e ressalta que a Prefeitura tem procurado garantir o crescimento da cidade. “Nós sempre sentamos, conversamos e procuramos a melhor alternativa, da forma mais democrática possível. Não há nenhum interesse para a cidade perder as suas empresas, e muito menos ver seus cidadãos desempregados”, destacou.
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4 SOCIAL
Uso do crack se espalha no interior de São Paulo Capital paulista aponta horizonte de combate com programa interdisciplinar “Braços Abertos” problemas por conta da chamada “epidemia” da droga. Há divergências nas formas de lidar com o vício. As mais comuns são: internação voluntária, internação compulsória e recuperação mediante trabalho ou religião, que se contrapõem. Para Dartiu Xavier, psiquiatra e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o uso do crack é um sintoma da conjuntura social desfavorável em que as pesso-
as se encontram. “A situação de rua sempre existiu antes do crack, ninguém vai para a rua por causa da droga”, informa. Dartiu explica que o fato de os usuários estarem sobrevivendo em condições insalubres dificulta a recuperação. “As pessoas acham que a dependência do crack é mais difícil de tratar que a do álcool. Isso não é verdade. Qualquer dependência é sempre difícil de tratar”, esclarece.
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Em 2013, um levantamento do Instituto Fiocruz identificou 370 mil usuários de crack no Brasil. O consumo da droga, antes restrito a áreas deterioradas das grandes cidades e às pessoas em situação de rua, popularizou-se em municípios do interior e atinge todas as camadas sociais. No Estado de São Paulo, segundo dados da Confederação Nacional dos Municípios, 70% das cidades enfrentam
Paulo Sergio Souza, de 35 anos, é funcionário de uma empresa de limpeza pública em São Paulo, desde agosto. Há um ano, no entanto, o trabalhador fazia parte do enorme contingente de pessoas que habitam as calçadas da “cracolândia”, onde viveu durante seis anos sob as asas da droga. Em janeiro de 2014, ele passou a fazer parte do programa Braços Abertos, da Prefeitura de São Paulo, que consiste em frentes públicas de trabalho oferecidas para a população usuária de droga e moradora de rua em troca de salário, alimentação e
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“Braços Abertos” abre as portas para a superação
moradia (alugada em pensão). Atualmente, 470 pessoas são beneficiadas. Em julho, Paulo saltou para um trabalho formal com
carteira assinada. “Tinha perdido o emprego, a casa, e aí fui para a rua. Quando você entra ‘na droga’, fica com vergonha da sua família. Mas eles nunca
me viraram as costas. Hoje, eu voltei a ver a minha filha, que está com 10 anos, e a sensação é maravilhosa. O trabalho no projeto mostrou que a gente é capaz de virar o jogo e superar essa situação”, comemora. Mauricio Dantas, um dos coordenadores do programa social, frisa que o trabalho era uma demanda dos próprios usuários. “Eles precisavam de uma alternativa de renda e de interrupção da dinâmica da fissura que o crack provoca”, diz. Somente em 2014, foram realizados 28 mil atendimentos não compulsórios aos usuários que trabalham no projeto dentro da diretriz de redução de
danos, que por sua vez é o carro-chefe da Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras drogas. Semanalmente, Dantas é procurado por municípios do interior de São Paulo, de outros Estados e até mesmo por outros países do exterior. “Já recebi autoridades do Canadá e da África do Sul interessadas no projeto. O Braços Abertos ganhou visibilidade e tornou-se referência, mas é preciso lembrar que ele não pode ser transportado automaticamente para outro lugar. É necessária uma adaptação”, pondera.
“Nenhuma crença vai substituir o tratamento de saúde” Nas zonas rurais do interior proliferam-se os centros de acolhida, uma forma tradicional de tratamento aos usuários de drogas. No Esquadrão da Vida, em Marí-
lia, o tratamento é voluntário, mas, além da saúde, a religião também entra em pauta. “Nós usamos a Bíblia como material didático, porque achamos que a leitura aju-
da na libertação das drogas. A entidade é evangélica, mas ninguém precisa se converter”, explica Kin Cogu, coordenador de tratamento da entidade, que hoje abriga 14 homens.
Para Dartiu Xavier, apesar de bem-intencionadas, muitas dessas instituições não têm equipes de saúde suficientes. “Eu não tenho nada contra a religião, mas as pessoas não
podem confundir essas doutrinas com tratamento de dependência de droga. Nenhuma crença religiosa vai substituir o tratamento de saúde”, explica.
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NOVO GOVERNO
Dilma pede unidade para os próximos quatro anos
No último mês, os derrotados partidários de Aécio Neves (PSDB) exacerbaram
Reforma política A reformulação do sistema político brasileiro ganhou força após os movimentos da juventude de junho de 2013. Em setembro deste ano, entidades e movimentos sociais reuniram mais de sete milhões de assinaturas em uma consulta popular que indagou: “Você é a favor de uma Assembleia Constituinte e Soberana sobre o Sistema Político?”. Confira trecho do documento que justifica a ação: Vemos, por exemplo, que os candidatos eleitos têm um gasto de Campanha muito maior que os não eleitos, demonstrando um dos fatores de poder econômico nas eleições. Também vemos que o dinheiro usado nas Campanhas tem
origem, na sua maior parte, de empresas privadas, que financiam os candidatos para depois obter vantagens nas decisões políticas, ou seja, é uma forma clara de chantagem. (...) Além disso, ao olharmos para a composição do nosso Congresso Nacional vemos que é um Congresso de deputados e senadores que fazem parte de uma minoria da População Brasileira. A reforma política é o “nó a ser desatado” para que o novo governo do PT consiga estabelecer políticas públicas mais progressistas. Esta é a análise de Paulo Vannuchi, ex-ministro de Direitos Humanos, em seu comentário na Rádio Brasil Atual, logo após a eleição.
preconceitos outrora velados. A falsa dicotomia de ideias criada entre norte e sul, pobres
e ricos, “ignorantes” e “esclarecidos” ruiu quando passeatas tentaram impugnar a eleição democrática com apelos à volta dos militares ao poder, forjadas em racismo, ódio de classe e de região. O jornalista Leonardo Sakamoto, em seu blog no UOL, atribuiu parte da incitação aos crimes de ódio que essas pessoas vêm praticando, principalmente nas redes sociais, à irresponsabilidade de colunistas e jornalistas dos principais meios de comunicação. “Esses crimes virtuais cometidos por zumbis incapazes de enxergar no outro um ser humano detentor do mesmo direito à dignidade foram
alimentados por argumentos construídos e divulgados, ao longo do tempo, por pessoas que não se preocuparam com o resultado negativo de seus discursos.” Nessa conjuntura, a reforma política e a democratização dos meios de comunicação ganharam força como agendas fundamentais do próximo governo. No entanto, a renovação de parte da bancada do Congresso Nacional, com a orientação “mais conservadora desde 1964”, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), dá indícios de que o próximo mandato exigirá de Dilma ainda mais tenacidade para aprovar essas propostas.
Regulação econômica da mídia A regulação econômica da mídia, reivindicação histórica dos movimentos sociais, também foi aventada pela petista na campanha. É o que acontece nos Estados Unidos, na Alemanha e no Reino Unido: o Estado regulamenta o setor para evitar monopólios e propriedade cruzada das mídias (radiodifusão e impressa). No Brasil, a Constituição Federal estabelece leis para o setor, mas que carecem de regras para funcionar. Dilma sinalizou caminhar nessa direção. “Por que qualquer setor tem regulação e a mídia não pode ter?”, questionou a presidenta em entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo, em 6 de novembro. No mesmo mês, o Fórum
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“Conclamo, sem exceção, a todas as brasileiras e todos os brasileiros para nos unirmos em favor do futuro de nossa pátria, do nosso país e de nosso povo. Não acredito, sinceramente, que essas eleições tenham dividido o país ao meio. Entendo, sim, que elas mobilizaram ideias e emoções às vezes contraditórias, mas unidas por sentimentos comuns: a busca por um futuro melhor para o país.” O discurso conciliatório da presidenta Dilma Rousseff (PT) após o fechamento das urnas marcou uma das disputas mais vorazes da Nova República – a petista venceu pela diferença de 3.458.891 votos.
VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL
Ódio e calúnias marcaram a eleição; reforma política e democratização da mídia entram na pauta
Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) publicou nota pedindo para a presidenta que o debate com os diversos segmentos sociais seja ampliado, visando a formulação do marco regulatório. Este novo marco regulatório deve responder às mudanças tecnológicas das últimas décadas e às demandas de uma sociedade mais complexa,
que clama pela garantia de seu direito à comunicação. E deve ser resultado de um amplo e plural debate com a população brasileira, há tanto tempo interditado por setores que, em nome da manutenção de seus interesses e privilégios, vêm se colocando sistematicamente contra a democratização da comunicação do Brasil.
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6 CIDADANIA
Projeto de Lei que proíbe rodeios gera polêmica O Projeto de Lei (PL) do vereador Roque Ferreira (PT), que proíbe a prática de rodeio no perímetro urbano de Bauru, está dando o que falar antes mesmo de ser levado a votação. Em novembro, o relator indicado pela Comissão de Economia da Câmara, Moisés Rossi (PPS), pediu parecer da Federação Estadual de Rodeios, que até agora não se manifestou. Uma das críticas do petista diz respeito à violência com os animais. Segundo Willians Roufato, organizador do Rodeio do Mary Dota que esteve na Câmara para se manifestar contrário ao PL, “o sedém
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Mesmo sem data para votação, favoráveis e contrários mobilizam discussões na Câmara
(tarja de algodão colocada na base do pênis dos animais) só faz cócegas nos animais”. Outro questionamento do
PL versa sobre a realização desses eventos no Recinto Melo de Moraes e no espaço do Mary Dota, que ficam dentro do pe-
rímetro urbano do município, o que é vedado por Decreto Estadual desde 1995. Para agravar, o último local fica ao lado de uma escola estadual. “A aglomeração de animais de grande porte, confinados em espaços inadequados à natureza de cada uma das espécies, dentro da urbe, contraria todas as recomendações sanitárias que se conhece, haja vista que constituem ameaça à população, em decorrência de zoonoses que estarão sendo levadas à população, a chamada ‘contaminação cruzada’ por meio de insetos, como as moscas e de parasitas”, sinaliza o PL.
Geração de empregos? Alguns dos organizadores defendem o rodeio como mercado gerador de empregos. O argumento é rebatido por Marta Caputo, ativista da ONG Bauru Sem Rodeios. “Eu quero ver se ele consegue mostrar uma só carteira assinada”, desafiou. “Os peões são contratados como temporários e depois, quando se machucam e ficam paraplégicos, são largados num canto porque não têm nenhum direito trabalhista”.
URBANISMO
Empreendimentos privatizam o espaço público Característicos das grandes metrópoles, os empreendimentos fechados, como condomínios e loteamentos horizontais, se espalharam pelo interior. Os muros e grades dessas construções ou as portarias de identificação revelam modelo comum, com algumas peculiaridades em Bauru. Nos condomínios horizontais, os proprietários são donos de suas residências e também de uma parte referente ao espaço comum, como áreas de lazer e ruas internas. Dessa forma, de acordo com a legislação federal, todo o espaço em um condomínio horizontal
é privativo, por isso, o impedimento da entrada de pessoas não autorizadas não é considerado ilegal. Já nos loteamentos horizontais, cada proprietário é dono apenas de seu terreno, com registro na Prefeitura e em cartório de imóveis. As áreas comuns são de propriedade do município, e isso é inconstitucional. Paulo Ferrari, secretário de Planejamento de Bauru, lembra que, no caso dos loteamentos, é possível ocorrer um acordo com a Prefeitura, que pode ceder provisoriamente a conservação das áreas públicas aos proprietários – são os “loteamentos fechados”.
GIOVANI VIEIRA
Loteamentos e condomínios usam áreas públicas e criam “apartheid social” na cidade
“A legislação municipal prevê essa possibilidade, mas não deixa de ser inconstitucional o fato de barrarem a entrada de pessoas. Aí há o uso privado do espaço público”,
conta Ferrari. Hoje, loteamentos antigos da cidade localizados na zona sul, como Paineiras, Shangri-la, Villaggio I e II, possuem portarias e cancelas. A entrada
de pessoas só acontece por meio de autorização dos moradores. É a mesma política do Lago Sul e do Jardins do Sul, estes mais recentes. “Esse é um caminho oneroso para o município. Esses empreendimentos já dificultam o acesso da população às áreas públicas pelo fato de estarem afastados, e quando possível criam barreiras. Se nada for realizado para minimizar esses ônus, Bauru caminha para ser uma cidade cada vez mais excludente e com inúmeros ‘apartheids sociais’”, alardeia José Xaides de Sampaio Alves, presidente do Conselho do Município.
Bauru
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FUTEBOL
CBF e federações jogam contra clubes do interior
ARQUIVO PESSOAL
Nas últimas décadas, o futebol profissional tem se tornado cada vez menos democrático para os pequenos clubes do Brasil, geralmente localizados no interior. Dirigentes e torcedores dessas equipes são unânimes em apontar a ausência de um calendário “mais recheado” de competições ao longo de todo o ano como uma das causas, com o agravante da falta de recursos financeiros para sustentar a estrutura profissional. É o que pensa Luciano Sato, gerente de futebol e técnico das categorias de base do Esporte Clube Noroeste, de Bauru. Atualmente na 4ª Divisão do Campeonato Paulista, a equipe campeã da Copa
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Calendário e falta de recursos são os principais entraves para atletas, torcedores e dirigentes Por Giovanni Giocondo
Jogadores do Independente Futebol Clube concentrados antes do jogo; Paulo Santana Neto, torcedor do Marcílio Dias
Paulista em 2012 (torneio para equipes que não disputam as divisões do Brasileirão e premia com vaga na Copa do Brasil) não disputou competições no 2º semestre deste ano. “A Copa Paulista é muito importante para os clubes do interior, mas financeiramente não compensa. Nós até con-
seguimos manter uma base de jogadores para a disputa da Série A-2 no ano seguinte [2013], mas perdemos nosso patrocinador principal e alguns atletas que se destacaram receberam propostas melhores de clubes que disputam o Campeonato Brasileiro e foram embora”, lamenta.
Como alternativa, Sato diz que o Norusca deve apostar nos jovens que disputarão a Copa São Paulo de Futebol Júnior, em janeiro, para formar a base da equipe profissional do ano que vem. O presidente do Independente Futebol Clube, de Limeira – que neste ano chegou
às semifinais da Copa Paulista e subiu para a Série A-2 do estadual –, Marcelo de Assis, entende que sem dinheiro, não há perspectiva de sobrevivência para as equipes menores. “A Federação Paulista de Futebol paga R$ 120 mil a cada clube da Segunda Divisão, mas tira R$ 40 mil para pagar arbitragem, exame antidoping e outras despesas. Quem consegue manter uma folha salarial, mesmo que barata, com esses valores?”, critica. Para efeito de comparação, os valores pagos aos clubes do interior que estão na Série A-1 variam entre R$ 2 milhões e R$ 2,5 milhões. São Paulo, Corinthians, Santos e Palmeiras recebem o dobro.
Ativismo de jogadores e sua pauta de reivindicações 2013 com o objetivo de tornar mais efetiva a participação dos atletas na gestão do futebol, também informa que cerca de 16 mil jogadores ficam desempregados ao fim dos campeonatos estaduais. Roberto Volpato, ex-goleiro da Associação Atlética Ponte Preta, é um dos integrantes
GUILHERMEDORIGATTI/PONTEPRESS
Levantamento do Bom Senso F.C. mostra que 583 clubes brasileiros ficam mais de seis meses sem disputar competições na temporada. Em média, essas equipes disputam apenas 17 partidas por ano, enquanto as grandes podem jogar até 85. O movimento, criado em
do Bom Senso F.C. O atleta afirma que é preciso urgência para mudar esse quadro. “Sou um atleta profissional, mas antes de tudo sou um cidadão. Por isso, além de defender os interesses do meu clube, volto o olhar para o lado social do futebol”, pondera. “Foi por esse motivo que me
uni ao Bom Senso, que apresentou ao público propostas com foco na democratização do calendário, incluindo a criação de uma Série E do Brasileiro, para que todos os clubes e atletas se mantenham em atividade, e os torcedores retomem sua paixão pelo esporte”, constata.
Torcida entra em campo para batalhar pelo futebol O professor Lucas Sartorelli, de 29 anos, é torcedor do Noroeste. Para ele, a reformulação do calendário do futebol brasileiro tem que partir da redução das datas dos campeonatos estaduais – o Paulistão chega a durar quatro meses – e da melhor distribuição das
equipes menores na Copa do Brasil e nas Divisões do Campeonato Brasileiro, gerando mais atividades ao longo da temporada. E quem bancaria os custos e as viagens? “A CBF, com seus lucros astronômicos”, responde Lucas. O torcedor considera inadmissível a situação
atual do Norusca. “Mas não dá pra culpar só a administração. Hoje, muitos dirigentes praticamente bancam a temporada do próprio bolso, porque de fato não há apoio financeiro”, conta. Não é somente no Estado de São Paulo que as dificuldades dos clubes pequenos se
transformam em suplício. Paulo Santana Neto, consultor empresarial de 24 anos, fã do Clube Náutico Marcílio Dias, de Santa Catarina, conta que seu time está inativo desde abril, quando terminou o estadual. “A Federação [Catarinense de Futebol], que tem o mesmo presidente há 30 anos, prome-
teu uma vaga na Série D e não cumpriu, além de não ter feito a Copa SC, que daria essa vaga. Agora, o clube só volta a jogar em fevereiro de 2015. O torcedor, obviamente, fica chateado com a situação, o quadro de sócios cai e não há como criar vínculo com o time”, explica.
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JOGOS ABERTOS DO INTERIOR
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