Jornal brasil atual bebedouro 37

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Jornal Regional de Bebedouro

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BEBEDOURO

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GRATUUIIÇÃO TA

nº 37

MOBILIDADE

Março de 2015

DENGUE

FALTA BOM SENSO Por 100 metros, dois alunos de 13 anos não têm acesso ao passe escolar

EPIDEMIA Até o início do mês, cidade registrou mais 466 casos da doença

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EDUCACÃO

JORNADA DO PISO Secretaria Municipal de Educação não cumpre legislação

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JARDINAGEM CRISE DA ÁGUA

SP NEGLIGENCIOU RIOS E MANANCIAIS Desenvolvimento excludente está na gênese do processo de escassez; grupo reivindica medidas emergenciais Pág. 4

ORQUÍDEAS Casal de produtores faz sucesso com cultivo de espécies

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Bebedouro

2 DENGUE

Epidemia avança na cidade

EDITORIAL Nos últimos dias 13 e 15 de março, vimos novamente a polarização em parte do país, que se arrasta desde a eleição presidencial de outubro. De um lado, movimentos sociais e centrais sindicais, apoiadores da reeleição da presidenta Dilma Rousseff; de outro, um amálgama de oposicionistas, que reúne todo tipo de pensamento conservador e retrógrado. A edição de duas Medidas Provisórias (MPs) que restringem direitos trabalhistas, como o seguro-desemprego, desagradou as bases que reelegeram a presidenta. A resposta foi propositiva e direta. Em todas as capitais do país, a CUT, o MST, a UNE e outras entidades populares saíram às ruas, no dia 13, pedindo a revogação dessas MPs, reforma política, em defesa da Petrobras e, sobretudo, em defesa da democracia. Já no dia 15, uma difusão de bandeiras genéricas se espalhou por todo o país, sem apresentar nenhuma ação concreta ou fundamentada. O discurso do ódio e a afronta aos direitos humanos transcendeu o pano de fundo da ideia de combate à corrupção. O dito “cidadão de bem” caminhou lado a lado nas passeatas com grupos neonazistas e defensores da volta da ditadura militar – quando o Estado brasileiro torturou, matou e desapareceu com seus cidadãos que pensavam diferente. Está claro que parte dos derrotados em outubro quer provocar o “terceiro turno”, desrespeitando as regras do jogo democrático. Um bom começo para atenuar esse tensionamento seria Dilma voltar-se aos trabalhadores que a reelegeram, revogando as MPs. Os setores médios não devem mudar seu posicionamento, porque ali está presente muito mais o ódio de classe e o individualismo do que um projeto de país. Mas, para que eles também não tenham que pagar pela crise econômica, a taxação das grandes fortunas pode ser uma saída para o ajuste fiscal não atingir esses dois polos, e promover uma mudança de paradigmas. É preciso mudar o receituário econômico neoliberal, presidenta.

Com recorde no número de pessoas doentes, Bebedouro está oficialmente vivendo uma epidemia de dengue desde o fim de fevereiro. Até o dia 4 de março, foram feitas 1.294 notificações da doença, com 466 casos confirmados – uma morte ainda carece de investigação. Os dados são do serviço de Vigilância Epidemiológica. No Hospital Municipal Júlia Pinto Caldeira, o número de pacientes com dengue aumenta a cada dia. Uma dessas pessoas é a cabeleireira transexual Renata Ribeiro Damásio, de 26 anos. Ela contraiu o vírus no bairro Menino Deus II, na zona norte da cidade. Renata conta que os primeiros sintomas que sentiu foram, pela ordem, dor de cabeça, nas juntas e ânsia de vômito, além da indisposição e da forte sen-

GIOVANNI GIOCONDO

Mais de 400 casos confirmados até o início de março

sibilidade à luz. “Você perde a fome, fica com mal-estar e uma dor que eu não desejo para ninguém”, reclama. Diagnosticada com a doença após um exame de sangue, ela retornou à Vigilância Epidemiológica para acompanhar a evolução do tratamento, que faz com medicamentos e soro caseiro. Na opinião da médica in-

fectologista e chefe da Vigilância Epidemiológica municipal, Iara Maria Ramalho Luz, eliminar os criadouros da dengue é o principal a se fazer. “Não adianta você fazer um grande número de atendimentos, ter médicos treinados, uma sala de recuperação exclusiva e as pessoas saírem curadas se os focos continuarem a aparecer nos bairros”, explica.

Estratégias de combate Começou a funcionar neste mês uma força-tarefa, para orientar a população sobre os riscos da doença e combater os criadouros do mosquito Aedes aegypti. O grupo reúne Vigilância Sanitária, Secretaria Municipal da Saúde, Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Bebedouro (Saaeb). Para Sonia Pena, coordenadora do Centro de Zo-

onoses e Vetores Urbanos, o trabalho em conjunto auxilia no processo de conscientização, já que o longo período de racionamento de água fez com que boa parte dos moradores armazenasse água limpa em suas casas, que pode servir de criadouro para larvas e ovos do mosquito. Apesar dos benefícios da campanha, há denúncias de irregularidades na organização

do trabalho nos mutirões. Sob anonimato, um servidor municipal relatou desvio de função. “Meus colegas e eu deixamos de atender nos postos de saúde para integrar a equipe de combate à dengue”, informou. Até o momento, a Prefeitura contratou somente 20 agentes de saúde para atuar exclusivamente no combate à epidemia.

Expediente Rede Brasil Atual – Bebedouro Editora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de Redação Paulo Salvador Edição Enio Lourenço Redação Giovanni Giocondo Revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman Telefone (11) 3295-2820 Tiragem 10 mil exemplares Distribuição Gratuita


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EDUCAÇÃO

Professores têm jornada do piso salarial descumprida

GIOVANNI GIOCONDO

A Lei Federal 11.738, de 16 de julho de 2008, estipula o piso salarial de todos os professores da rede pública e determina que, das 40 horas trabalhadas por semana, dois terços sejam destinadas exclusivamente à sala de aula e um terço à preparação das aulas e à pesquisa. Apesar de ter tido cinco anos para se adequar à regra (encerrados em 2013), Bebedouro continua a descumprir a legislação no que se refere à divisão da jornada do piso. A denúncia foi encaminhada ao Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) por

DIVULGAÇÃO/CRIS CASTELLO BRANCO/GOVERNO DO ESTADO/SP

Sindicato entra com ação judicial e busca reunião com a Secretaria Municipal de Educação professores da rede municipal. Em novembro de 2014, a entidade entrou com uma ação judicial para obrigar a Prefeitura a cumprir a lei federal. Sandra Paixão, presidente da Subsede da Apeoesp em Bebedouro, diz que tentou reunir-se com a Secretaria Municipal de Educação. “A resposta foi evasiva. Não sabemos oficialmente se a jornada é cumprida. Agora, estamos aguardando o processo ser finalizado, para que os direitos dos docentes sejam respeitados”, informa a sindicalista, lembrando que outras 11 cidades da região também são alvo da mesma ação.

Conselheira do Fundeb alega corte de recursos Rosana Xavier Bartholo, presidente do Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle dos Recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Bá-

sica de Bebedouro (Fundeb), atribui a falta de cumprimento da legislação à redução dos repasses ao fundo e ao alto grau de comprometimento dessas verbas com o pagamento de

pessoal – no mínimo 60% devem ser investidos nesse último quesito. Rosana afirma que, em fevereiro deste ano, Bebedouro recebeu do Fundeb R$ 400 mil

reais a menos na comparação com igual mês de 2014.“Fora isso, nós temos 83% do orçamento vinculado ao salário dos funcionários”, explica. Ela, que também é profes-

sora, diz ser um “sonho” ver a lei funcionando. “Para isso, teria que haver ainda mais professores para cobrir esses horários, e não há dinheiro para pagá-los”, justifica.

A reportagem do jornal Brasil Atual tentou, desde dezembro, obter depoimentos de professores da rede municipal sobre o descumprimento da jornada do piso salarial na cidade. Ao menos quatro docentes foram contatados, e nenhum deles aceitou dar entrevista por medo de represálias. Neste mês, uma professo-

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A inacabável jornada de um professor da rede pública ra aceitou conversar com a reportagem, mas sob a condição de anonimato. Aos 49 anos, no magistério há quase três décadas e próximo da aposentadoria, ela lamentou que não verá a legislação ser cumprida antes de parar de trabalhar. “O que eu posso dizer é que o professor trabalha muito mais do que ele é pago para trabalhar”, revela. “Ninguém

pensa que nós temos jornada dupla, precisamos corrigir provas, olhar caderno dos alunos, nos atualizar devido às novas tecnologias, estudar, fazer pesquisas. Penso que a legislação serve para isso, para nos fornecer tempo de executar essas atividades e tornar nosso trabalho mais qualificado”, constata. Atualmente, o piso sala-

rial dos professores das escolas públicas da educação básica, para uma jornada de 40 horas semanais, é de R$ 1.917,78, de acordo com dados do Ministério da Educação (MEC). Segundo a professora, esse valor ainda é insuficiente. “Considero que sou mal remunerada, por isso preciso dobrar [a jornada]”, completa.


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4 CRISE DA ÁGUA

Desenvolvimento excludente favoreceu quadro de escassez A partir deste mês, o jornal Brasil Atual inicia uma série de reportagens para debater o assunto, entender as origens da crise e como ela tem afetado comunidades em todo o Estado. Nesta primeira reportagem, trataremos da relação entre o modelo de urbanização das cidades e a falta de proteção dos mananciais.

DIVULGAÇÃO

Desde 2001, alertas sobre os riscos da má gestão dos recursos hídricos do Estado de São Paulo são feitos por especialistas. Ações adotadas em conluio pelo governo estadual, prefeituras e iniciativa privada colaboraram para o colapso do sistema de abastecimento, e colocam em risco a sobrevivência digna da população.

FERNANDA CARVALHO/FOTOS PÚBLICAS

Mesmo com legislação ambiental, Estado de São Paulo não protegeu rios e mananciais por Giovanni Giocondo

Calamidade pública

A Lei Estadual nº 898, de 18 de dezembro de 1975, declarava 18 recursos hídricos como “áreas de proteção”, como os reservatórios Billings, Guarapiranga e Cantareira – principais reservatórios da Grande São Paulo, que operam no limite da sua capacidade, com risco de desabastecimento total –, além do Rio Tietê. Elaborada por técnicos da área de saneamento na época, a lei teria sido um “esforço heroico” para impedir o avanço do “progresso” sobre os mananciais em plena ditadura militar. É o que atesta Renato Tagnin, arquiteto e urbanista especialista em recursos hídricos. “O problema é que a lei sozinha não faz verão, principalmente quando o Estado, que deveria fiscalizar, a transcende para atender aos interesses do poder econômico”, critica. Para ele, o próprio Estado criou polos industriais

Em audiência pública realizada no último dia 5 de fevereiro, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), deputados estaduais e federais, integrantes de movimentos sociais e ONGs, técnicos em saneamento, engenheiros civis e outros especialistas em recursos hídricos fizeram propostas para tentar contornar o inevitável colapso do sistema de abastecimento no Estado de São Paulo.

VAGNER CAMPOS/A2 FOTOGRAFIA

Histórico e consequências

e promoveu desenvolvimento excludente, com as empresas atraindo pessoas para trabalhar por baixos salários, sendo obrigadas a morar em locais irregulares distantes do centro, sem água, luz e esgoto tratado, e em áreas de risco. Na opinião do urbanista, além da terrível herança cultural relativa à natureza (europeia, que considera a mata “coisa suja”), o paulista tem no tecnicismo da engenharia sua busca desenfreada por querer “organizar a natureza”. “Aí entram os rios com os cursos desviados, as várzeas aterradas e todas as demais

ações antrópicas que causam desequilíbrio incalculável ao estado natural das coisas”, diz. A degradação dos mananciais prende-se a uma questão mais ampla, que é o valor que se dá ao solo, explica Tagnin. “A vegetação em um terreno não o valoriza. Qualquer outro uso tem se mostrado mais rentável do que a proteção ambiental.” Segundo o urbanista, sem a proteção devida, a água se torna mais escassa, poluída, cara e de difícil acesso para a população.

Conheça algumas dessas propostas: Decretação imediata de estado de calamidade pública em todo o Estado; Implementação imediata de racionamento, sem distinção de bairros ou municípios, com regras claras; Não ao rodízio no abastecimento, que cria diferenciações entre as regiões; Criação de força-tarefa para lidar com a crise, incluindo técnicos, membros dos três Poderes, imprensa e integrantes da sociedade civil; Apresentação de plano de contingência para a falta de água; Reestatização da Sabesp; Responsabilização criminal do governador Geraldo Alckmin pela omissão diante da crise; Gestão dos recursos hídricos com transparência e participação popular; Tabelamento de preços da água potável; Distribuição de caixas d’água e construção de cisternas para a população mais pobre, com recursos financeiros e orientação sob responsabilidade do governo do Estado; Priorizar o consumo humano em detrimento do agronegócio e da indústria; Criar programa de captação da água da chuva; Rever outorgas de poços artesianos; Garantir empregos de trabalhadores demitidos devido à falta d’água; Replantar árvores em áreas de mananciais.


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MOBILIDADE

Por 100 metros, passe escolar é negado a dois alunos Sérgio e Michael, de 13 anos de idade, são estudantes do 6º ano da Escola Estadual José Francisco Paschoal. Os meninos, que são vizinhos no bairro União, um dos mais pobres da cidade, no entanto, enfrentam uma rotina diferente dos seus colegas quando o assunto é o transporte escolar. Eles precisam caminhar por 4 km para ir e voltar do colégio, mesmo com o ônibus passando próximo de suas residências. Para o operador de guindaste David Drews, de 39 anos, que é pai de Michael, o método de distribuição dos passes escolares no município é injusto. “Fui ao colégio saber o porquê de ele não ter acesso ao passe, e disseram que é porque morávamos abaixo da distância exigida por lei”, revelou, lembrando que colegas dos meninos, que moram a

GIOVANNI GIOCONDO

Reportagem verificou que medição oficial da escola apresenta dados errados

100 metros de sua casa, recebem o benefício. Segundo as regras da Secretaria Estadual de Educação, os alunos precisam morar a, no mínimo, 2 km das escolas onde estudam para terem acesso ao benefício. Não há flexibilidade quando o assunto é o cálculo que deter-

mina qual aluno vai à escola de ônibus, o que leva cerca de 20 minutos em cada trecho, e qual vai perder uma hora e meia, entre ida e volta, caminhando sob as intempéries climáticas. Vânia Passos, diretora regional de ensino da região de Jaboticabal, defende a metodologia atual. “É essencial a

adoção de um critério único para o bom atendimento de toda a comunidade escolar, devendo-se desconsiderar critérios subjetivos que terminariam por causar injustiça aos demais estudantes”, justificou. Para Naiara dos Santos, de 27 anos, estudante de pedagogia e mãe de Sérgio, esse crité-

por Giovanni Giocando

rio não leva em consideração as necessidades dos alunos. “O tratamento é desigual. Eles ficam indispostos, pois já chegam cansados à escola. Ao chegar em casa, só conseguem tomar banho, comer e dormir”, conta. A reportagem do Brasil Atual percorreu o trajeto ao lado dos meninos para chegar até a escola. As aulas começam às 12h20, e às 11h30 partimos embaixo do sol que não costuma perdoar nesse horário. Mesmo de boné, Michael sofre para caminhar. “Às vezes tenho dor de cabeça”, nos conta. Segundo o pai dele, a escola diz ter utilizado o aplicativo digital Google Maps para comprovar a distância até sua casa. “Falaram que essa era a prova, mas ninguém imprimiu, nem me mostrou, por isso estou questionando”, contesta David.

A diretora regional de ensino, Vânia Regina Passos, afirma que o aplicativo virtual é utilizado nas 91 microrregiões do Estado como método oficial, e que cada escola se responsabiliza pela veracidade das informações registradas. A reportagem foi conferir. Ao digitar no Google Maps “Rua Henrique Teixeira de Carvalho, 1059”, onde vive a família de Sérgio, e solicitar a rota até a escola, que fica na Rua Paul Harris, nº 152, a distância apontada

GIOVANNI GIOCONDO

Exatidão questionável e o confronto com o bom senso

Estudantes solicitando a parada do ônibus em frente à Escola Estadual José Francisco Paschoal

é de 1,9 km. Para confirmar a veracidade das informações, a reportagem utilizou o aplicativo comple-

mentar chamado Google Street View, que permite visualizar a foto do ponto exato do local pretendido.

Ao fazê-lo, verificamos que a casa da foto, localizada na mesma rua, não é a da família Santos, e sim a de número 350. Pela aproximação até o endereço real, que o aplicativo nos permite fazer, a distância até a escola aponta 2 km exatos. A equipe do Brasil Atual zerou o hodômetro do carro de reportagem e percorreu o caminho idêntico ao que os meninos fazem a pé para ter outro contraponto. Na ida e na volta à escola, o ponteiro parou em 2,2 km por trecho.

Feita a conferência, independentemente dos métodos legais que regem a questão, a pergunta que fica é: será que não falta bom senso dos administradores da escola para conceder os passes escolares nessas situações? Para a diretoria Regional de Ensino, uma resposta lacônica via e-mail indica que não. “A padronização é essencial para que o direito à escola pública possa ser garantido a todos com a equidade e igualdade necessárias”.


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6 JARDINAGEM

Cultivo de orquídeas conquista público da região Casal de produtores de Terra Roxa conta a sua história de amor e paixão pelas plantas uma viagem de rotina, que o deixou meses no hospital, fez com que ele ficasse sem poder executar suas atividades do dia a dia. Confinado em casa, sintomas da depressão começaram a rondá-lo. Seu Dão descreve o início da experiência nessa nova carreira como um lapso de loucura. “Minha mulher tinha mais ou menos uns 20 vasos de orquídeas na varanda. Eu estava sem fazer nada em casa, não aguentava mais ficar à toa depois do acidente. Foi aí que,

GIOVANNI GIOCONDO

Experiências traumáticas podem significar o reinício da trajetória de uma pessoa. É o caso de João Aparecido dos Santos, o seu Dão, de 56 anos. Há três anos, ele sofreu um grave acidente e recorreu ao cultivo de plantas para recomeçar, em especial orquídeas. Era mais um dia comum de trabalho para seu Dão, que fazia perfuração de poços artesianos na vizinha Terra Roxa, a cerca de 20 km de Bebedouro. Mas uma impensada queda de moto durante

em uma madrugada, comecei a quebrar todos os vasos. Quando ela acordou e viu aquela bagunça, o ‘pau quebrou’. E eu disse: ‘Calma, vou transformar essas 20 em 80”. Então comecei a replantar, fazer novos vasos, vender, e nunca mais parei”, recorda. Hoje são 10 mil mudas de mais de 100 espécies diferentes no sítio onde seu Dão mora com a esposa, dona Valdete, de 51 anos, que rega diariamente as plantas, e o filho Bruno Henrique, de 16 anos, que faz os vasos depois das aulas.

Passado o dia de fúria de seu Dão, “a coisa ficou séria”. Dona Valdete conta que a partir do “milagre da multiplicação das mudas”, a notícia do cultivo de orquídeas da família se espalhou, e as pessoas queriam comprá-las. Ainda sem conhecimento técnico, seu Dão buscou na Internet informações de portais especializados, que orientavam formas de adubar e de descobrir as peculiaridades de cada espécie. O passo seguinte foi a venda da casa e a locação de um sítio, com espaço mais amplo para a construção dos viveiros. Debaixo do sombrite (material sintético utilizado para proteger as plantas das intempéries) ficam as orquídeas das espécies Falenops, Linfal, Wanda e Catleia, que demoram até um

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Da atividade prazerosa ao negócio lucrativo

João Aparecido dos Santos (seu Dão) e dona Valdete

ano para começar a brotar. Todas as semanas, seu Dão vai até a cidade de Orlândia (70 km de distância) buscar novas orquídeas. No sítio, elas são transplantadas e geram mais mudas. Atualmente, a família possui uma banca de muito sucesso na feira livre

do município vizinho de Morro Agudo. É lá que seu Dão e dona Claudete encontram um dos maiores prazeres do ofício: a amizade das pessoas. “Olha, eu já trabalhei com muita coisa na vida, muita experiência. Todo serviço que você vai fazer, arranja ami-

zade. Mas não tem nada que você faça mais amizade do que cultivar orquídeas. E é uma amizade carinhosa, que a pessoa se torna até íntima, começa a perguntar da família. Uns tempos atrás eu tive um problema no pulmão, fiquei um mês sem ir à feira. Logo que voltei já vieram me abraçando. É de emocionar”, diz seu Dão. Parte desses novos amigos integra um grupo de moradores de Bebedouro que, de tantas plantas comprarem de seu Dão e dona Valdete, passaram a se autodenominar “os orquiloucos”. A experiência do grupo é compartilhada via redes sociais na Internet. Dona Valdete ressalta que o negócio também rende do ponto de vista financeiro. Ela e o marido não pretendem deixar essa atividade tão cedo, porque

o empreendimento se tornou importante fonte de renda. Para quem é iniciante na arte das orquídeas, a dica de seu Dão é muito simples. “Não se deixe levar pelas aparências.” Ele conta que muitas pessoas prestam mais atenção nas variedades que têm flores o ano todo, sendo que nem sempre estas são as mais belas. “Tenho na minha varanda a Onosmun, por exemplo, que é uma orquídea que floresce só uma vez ao ano, em setembro. Dois dias depois que sai a flor, ela exala um perfume que é fora do comum, o aroma chega quase até a rua. Um dos maiores prazeres da minha vida é sentar na minha cadeira e sentir esse cheiro no final da tarde”, conta.


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FUTEBOL

Internacional estreia fora de casa na “Segundona” Lobo vermelho enfrenta Barcelona Esportivo Capela, de São Paulo, no dia 19 de abril

A.A INTERNACIONAL DE BEBEDOURO

Regulamento

A Internacional de Bebedouro se prepara para a estreia no Campeonato Paulista da Segunda Divisão (a popular “Segundona”) – o estadual possui as séries A1, A2 e A3 antes desta divisão.

O lobo vermelho estreia fora de casa (com local a definir), no dia 19 de abril, às 10 horas, contra o Barcelona Esportivo Capela, de São Paulo (clube que volta ao futebol profissional após seis anos).

Já o primeiro jogo oficial deste ano no Estádio Municipal Sócrates Stamato será no domingo seguinte à estreia, dia 26 de abril, no mesmo horário, contra o Desportivo Brasil, da cidade de Porto Feliz.

O Campeonato Paulista da Segunda Divisão é dividido em três grupos, com dez times cada, que se enfrentarão em turno e returno. Avançam para a segunda fase os quatro melhores de cada grupo. Os 12 clubes classificados serão divididos em dois hexagonais, novamente com jogos de ida e volta, e os dois primeiros de cada grupo garantem o acesso para a Série A3. Os primeiros colocados desses grupos disputarão a final em dois jogos.

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Os clubes participantes poderão inscrever até 28 jogadores (25 de linha e três goleiros) no torneio, com a possibilidade de realizar quatro trocas de atletas no intervalo das fases. As agremiações também serão obrigadas a cumprir com o far play financeiro, ou seja, devem respeitar pontualmente as obrigações contratuais com seus atletas sob pena de perderem três pontos em cada partida em que os salários estiverem atrasados.


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8 NASCENTE NO HORTO FLORESTAL

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

GIOVANNI GIOCONDO

FOTO SÍNTESE –

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