Jornal Brasil Atual - Itariri 10

Page 1

Jornal Regional de Itariri

jornal brasil atual

Distrib

Itariri

www.redebrasilatual.com.br

jorbrasilatual

Gratuuiição ta

nº 10

habitação

Abril de 2013

aniversário

O prédio da cidade Como é a vida de quem mora no Solar Jureia, o único edifício de Itariri

64 anos Dia 9 de abril, Itariri festeja a sua data. Parabéns pra nós

Pág. 2

ecologia

novos limites Estação Jureia-Itatins ganha regulamentação. Moradores são contra

Pág. 3

Pênsil perfil

rita cadillac. profissão: chacrete A dançarina que enfeitiçou os brasileiros mais simples, de garimpeiros a presidiários Pág. 4-5

ponte que partiu Falta de manutenção faz desabar ponte construída há 77 anos

Pág. 7


Itariri

2

CAI A MáSCARA

aniversário

Uma data (muito) querida Dia 9 de abril, Itariri faz 64 anos Esporte – Campo Municipal de Itariri Dia 6/4

09 h – Início da Liga Nacional de Futebol de Base

09 h – Sub 14

11 h – Sub 16

14 h – Futebol Feminino – Itariri X Nova Itariri

15 h – Veteraníssimo – Itariri X Miracatu

Dia 7/4

10 h – Veteranos 45 Raposo X Vitoria (Santos)

11 h – Veteranos 35 Raposo X Vitoria (Santos)

14 h – Início Festival de Futebol de Campo 9 de Abril – Areia Branca X Três Barras

Dia 9/4

09 h – Continuação do Festival de Campo 9 de Abril – Caixa d’Agua X Galástico

10h30 – Pop X Nova Itariri

12 h – SEAD X Jardim Quiles

13h30 – Igrejinha X Raposo Tavares

15 h – Bem Amigo X São Jorge Esporte Radical – Ponte do Rio do Azeite, no Centro

editorial Itariri vai fazer aniversário, 64 anos, dia 9 de abril. Quem sabe não seja uma bela data para a gente colocar ordem na casa e começar a (re)construir uma cidade que, ao longo do tempo e dos maus governos municipais, trataram de desonrar e de submeter a toda sorte de desditas na saúde, na educação e na conservação do patrimônio, culminando, mês passado, com a vergonhosa queda da nossa Ponte Pênsil, construída há 77 anos, símbolo maior da malversação da coisa pública. Felizmente, os itaririenses retomaram o seu caminho, a sua estrada pelo viés do bem, e começam a botar as coisas nos eixos. Portanto, dia 9, vamos comemorar o futuro que se anuncia. Uma matéria saborosa traz o perfil de Rita Cadillac, mulher que já teve “vida fácil” e hoje, aos 58 anos, trabalha duro, rebolando como ninguém. Outra coisa que passou, mas é importante. A imprensa comercial brasileira, conhecida como PIG – o Partido da Imprensa Golpista –, pelas posições políticas conservadoras, alardeou pelo país afora que o sucesso carnavalesco de 2013 seria uma máscara inspirada no juiz Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF) – Joaquim é, para ela, uma espécie de bom-moço, de terceira via para futuros embates eleitorais. Mas passaram os blocos, Momo se foi junto com os confetes e não se viu meia dúzia de brasileiros à la Joaquim Barbosa, para desespero de quem pregava a mentira. É isso. Boa leitura!

Dia 7/4

09 h – Descida de Kaiaki e Rapel

Cultura – Rua do Comércio, no Casarão da Cultura Dia 6/4

16 h – Tarde da Poesia e Prosa

Dia 7/4

Desfile da Banda Marcial de Itanhaém

14 h – Distrito de Ana Dias

15h30 – Bairro de Raposo Tavares

17 h – Área Central de Itariri

Dia 9/4

15h30 – Corte de bolo, na Rodoviária

Show – Ao lado da Rodoviária Dia 5/4

20 h – Noite de Louvor

Dia 6/4

20 h – Banda Tribo Xote

Dia 7/4

20 h – Troféu Curió

Dia 8/4 Dia 9/4 Tradição Dia 9/4

20h – Bandas com músicos da cidade 20h – Show de encerramento do aniversário de Itariri com as bandas Pura Emoção do Samba e Celio Silva & Viviany Dias 06 h – Alvorada (queima de fogos) – Ao Lado da Prefeitura 08 h – Hasteamento das bandeiras – Em frente à Prefeitura 10 h – Sessão solene – Câmara Municipal de Itariri

Expediente Rede Brasil Atual – Itariri Editora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de redação Paulo Salvador Editor João de Barros Redação Enio Lourenço e Lauany Rosa Revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman Telefone (11) 3295-2800 Tiragem: 5 mil exemplares Distribuição Gratuita


Itariri

3

ecologia

Os novos limites da Estação Ecológica Jureia-Itatins

luciano faustino davi ribeiro

davi ribeiro

luciano faustino

Em 6 de março, a Assembleia Legislativa aprovou por unanimidade o projeto de lei do governador Geraldo Alckmin, que cria o Mosaico de Unidades de Conservação, estabelecendo os novos limites da Estação Ecológica Jureia-Itatins, em área superior a 97 mil hectares – o governador tem 90 dias para sancioná-lo e regulamentá-lo. O Mosaico é composto pela Estação Ecológica da Jureia-Itatins, pelos Parques do Itinguçu e Prelado, pelo Refúgio de Vida Silvestre das ilhas do Abrigo (ou Guaraú) e Guararitama e pelas Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) de Barra do Una e Despraiado, assegurando a permanência das comunidades tradicionais (caiçaras, indígenas, quilombolas) dessas regiões. Os demais moradores podem ser re-

luciano faustino

Parte dos moradores será indenizada e removida; União dos Moradores contesta a lei

A vida na Estação Ecológica Jureia-Itatins: parece que o tempo parou

movidos de suas casas de forma “amigável ou judicial”. A assessoria do deputado Samuel Moreira (PSDB), líder do governo na Assembleia, considerou a votação

da Emenda como o fruto de um consenso entre o governo, a oposição e os moradores da Jureia. Já o deputado José Zico (PT) acredita que houve avanços – como regulamentar

a vida de parte das comunidades tradicionais. “Não é uma vitória total. Algumas comunidades terão de ser removidas, mas com prazo e condições dignas de reembolso dos imó-

veis. Já as pessoas que vivem nas RDS poderão conseguir recursos para arrumar suas casas, comprar areia, cimento e plantar sem que seja considerado crime ambiental.”

O assessor da Secretaria de Meio Ambiente e primeiro gestor da Estação Ecológica da Jureia, José Pedro de Oliveira, acredita que não haverá vetos do governador Geraldo Alckmin ao projeto, que “concilia proteção ambiental e desenvolvimento sustentável das comunidades tradicionais”. De acordo com Oliveira, as RDS Barra do Una (1.487 ha) e Despraiado (3.953 ha) vão abrigar cerca de 100 famílias; outras 15 ficarão nas demais Unidades de Conservação e têm futuro incerto. “As

divulgação

O Programa Serra do Mar e a gente tradicional

comunidades não tradicionais não deverão ficar na Jureia. Já as tradicionais, que estão fora das RDS, têm três opções: ficar no local, sem exceder o limite de 10 ha; mudar para alguma das duas RDS; ou sair das terras mediante indenização.” O Mosaico faz parte do

Programa Serra do Mar, que prevê a realocação de pessoas que estão em parques ecológicos. Os moradores dessas áreas, muitas vezes consideradas de risco, serão cadastrados na Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Para a região de Pe-

ruíbe está prevista a construção de 100 moradias. A vice-presidente da União dos Moradores da Jureia (UMJ), Adriana Souza Lima, contesta o governo do Estado. “Quem é o José Pedro para dizer quem deve ou não ficar na Jureia? Ele tem algum estudo antropológico que aponta quem compõe as comunidades tradicionais? Quando a Estação Ecológica foi criada, em 1986, havia 365 famílias cadastradas. Muitas delas foram para as periferias de Peruíbe e Iguape, devido à falta de políticas públicas do governo do Estado e morreram ou vivem

marginalizadas. Não é uma democracia plena.” Para Adriana, a lei não determina o que os moradores podem fazer nas RDS e não seja considerado crime. “A repressão já é muito grande aqui dentro. Os guardas da Fundação Florestal prendem as redes de pesca dos moradores, invadem casas, andam armados. Mas vamos lutar, vamos atrás dos nossos direitos, procurando o apoio de juristas especialistas em comunidades tradicionais, que fazem valer as convenções e tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário.”


Itariri

4 perfil

Rita Cadillac, a chacrete mais conhecida do Brasil

arquivo pessoal

arquivo pessoal

Moradora de um prédio de três andares, estilo art déco, numa avenida arborizada do bairro paulistano de Santa Cecília, vizinho ao Centro da cidade, a carioca Rita de Cássia Coutinho – a Rita Cadillac, como é conhecida –, de 58 anos, convive numa boa com o caráter distinto do lugar, pois o sossego do dia dá lugar à agitação noturna de seus restaurantes e barzinhos, sempre repletos. Paradoxo, aliás, que se estende pela história de vida da mais famosa chacrete dentre as mais de 500 mulheres que trabalharam como assistentes de palco de Chacrinha, o apresentador mais debochado do Brasil. O apartamento dela exala ares do passado. Está no segundo andar de um edifício cinza e sem elevadores, onde se chega por uma escada amarelada, de mármore puído, que enobreceria todo saguão de entrada, não tivesse ele se transformado numa papelaria, comércio solitário aos pés da fachada. Na ampla sala há um sofá confortável e uma grande te-

divulgação

Uma breve história de vida da dançarina que reinou na Discoteca do Chacrinha

levisão, que fica o tempo todo ligada. Mas é a simplicidade da decoração que conta a sua trajetória. Por exemplo: ela está repleta de artigos religiosos, que misturam crenças. Há santos e pedras para energizar o ambiente. Buda e Iemanjá decoram esse cômodo de Rita, que não tem religião, acredita em “um pouquinho de tudo” e monta a sua crença. No bairro em que mora, Rita é uma mulher comum:

O que ela faz hoje Com 36 anos de carreira, Rita Cadillac é feliz. “Alcancei o que queria, tenho um nome a zelar, uma carreira sólida e não me arrependo de nada do que fiz.” A artista faz em média 10 shows por mês. Antenada, usa e abusa das redes sociais: posta notas em seu

Facebook e adora twittar novidades para os fãs. Avó coruja, ela acompanha a vida das netas de 15 e de 2 anos e diz que “em vez de cuidar delas, adoro estragá-las, fazendo suas vontades”. Para Rita Cadillac as coisas mais importantes são a família e o trabalho.

caminha para manter a forma, faz compras, conversa com os vizinhos e passeia com a cachorrinha Angel, uma simpática poodle preta, de lacinhos nas orelhas. Em casa, usa moletom, não se maquia nem se preocupa com a aparência. “Não sou vaidosa, levo uma vida simples”. Porém, na hora em que ela tem de virar Cadillac, produz-se em dois minutos. Famosa mulher sensual, de belas curvas, essa mulher

avessa à academia diz que, para manter o corpão, ela apenas caminha e dança nos shows. Sua única cirurgia foi uma prótese nos seios, em 2008. O silicone espantou a chegada de uma flacidez indesejável. Mas quando uma ruguinha a incomodar, “vou lá e modifico, mas não quero ficar igual a essa gente sem expressão ou com boca de pato”. E o que ela faz para manter o bumbum? “Nada” – garante. “Fiz um

Por Lauany Rosa

seguro, que não chegou a um ano.” Um mês depois de parar de pagar, um fã apagou um cigarro em sua nádega! Ao contrário do que muita gente imagina, Rita Cadillac nunca pensou em sexo o tempo todo. Ao contrário. Ela viveu dez anos em absoluta abstinência e, agora, está indo para mais três. “Quando sinto tesão, tomo um banho” – afirma essa “romântica à moda antiga”, que acredita no amor verdadeiro e espera a chegada do tão sonhado cara. O segredo para a mulher se manter bonita e sensual é, antes de tudo, “aceitar-se com é. Não importa se ela é alta, baixa, gorda, magra; ser sensual é parte de sua natureza, basta deixar fluir”. Rita lamenta apenas que, desde a queima do sutiã, a mulher evoluiu muito, mas perdeu o sex appeal – a sensualidade que produz desejo sexual – e, por medo de aparentar fraqueza, abdicou de sua característica natural feminina, como a de “pertencer a um sexo frágil, ainda assim mais forte que o homem”.

A infância e o começo da carreira Rita nasceu no Rio de Janeiro, em 1954. Seu pai morreu logo que ela nasceu. A mãe abandonou-a e ela foi criada pela avó paterna, dona Regina d’Eça. Rita estudou em colégio interno e só ia para casa nas férias. Aos 16 anos, casou-se com um homem dez anos mais velho. Teve um fi-

lho, Carlos. A união durou um ano. Separada, prostituiu-se. Um dia assistiu ao grupo de dança de Haroldo Costa. Lá, soube que precisavam de uma bailarina e, como estudara balé clássico, ficou com a vaga. Entregou o filho ao ex-marido e se apresentou com o grupo fora do país por três

anos. Entre as idas e vindas ao Brasil, foi a um show de Paulo Silvino e conheceu Leleco, filho do Chacrinha. Na noite seguinte, era chacrete e logo apareciam matérias com fotos dela e, claro, de seu bumbum.


Itariri

5

não entendeu bem o convite e perguntou o que fazia uma madrinha dos presos. “Ah, participa de formaturas de escolas, de capoeira, de eventos religiosos, de datas comemorativas; aceitei no ato.” A partir daí, ela lembra com carinho da convivência com os presos. “Eu tinha a maior honra, pois os respeitava e sempre acreditei que todos devem ter uma segunda chance.” Após o massacre do Ca-

randiru, em outubro de 1992, quando a pretexto de sufocar uma rebelião a Polícia Militar invadiu a cadeia e deixou 111 presos mortos, Rita frequentou o local até seu fechamento, em 2002. Aliás, ao lembrar do “massacre do Carandiru”, Rita Cadillac se arrepia. Ela ouviu relatos dos detentos que sobreviveram à chacina e considera o que ocorreu como “uma tremenda covardia, um massacre cruel”.

O amor pela Praia Grande Na época em que fazia shows no Carandiru, Rita ficou muito amiga de um diretor de patrimônio do presídio, que ela lembra chamar-se Francisco, o Chiquinho. Ele tinha um apartamento na Praia Grande, que Rita e o filho frequentavam. Tempos depois, ela comprou um apartamento para passar a temporada; depois, comprou um maior e foi morar nele. “Fiquei apaixonada pela Praia Grande” – diz ela, que considera as pessoas a melhor coisa da cidade: “São receptivas e maravilhosas”. Rita sente falta da casa praiana. Por isso, quando está de férias ou em período de descanso, adivinhe pra onde ela vai? Em 2008, ela até se can-

arquivo pessoal

Rita Cadillac fazia shows sozinha, o que levou a um “conflito de agendas” e a dançarina deixou o programa para seguir na carreira de cantora. Rita diz que Chacrinha sabia tudo de televisão e a ensinou a subir no palco e falar com o público. A dançarina lembra que o apresentador zelava pelas chacretes e fazia questão de que elas não saíssem sozinhas. “Era como um pai de virgem.” Em suas andanças pelo Brasil, Rita fez um show para 30 mil homens no garimpo de Serra Pelada e, diante de uma chuva de pedras, pensou que não estivesse agradando. Ia parar de rebolar o traseiro e dar uma bronca no povo quando percebeu que recebia uma chuva de ouro. “Não fiquei com todas as pepitas, só com as que eram de minas clandestinas. Rendeu um dinheirinho” – recorda.

reprodução

reprodução divulgação

arquivo pessoal arquivo pessoal

Rita Cadillac ganhou seu apelido do humorista Paulo Silvino que a achava parecida com a artista francesa Nicole Yasterbelsky, que na década de 1940 fazia shows sensuais com esse codinome. No Brasil, Rita virou Cadillac depois da aparição no programa do Chacrinha. Houve mais de 500 chacretes. Porém, entre tantos rostos e corpos um dos que mais chamavam a atenção era o de Rita, conhecida pelo tamanho de seu bumbum e pela sensualidade com que dançava. A fama e a popularidade a levaram a gravar Merenguendê, o primeiro vinil da carreira, com o qual se apresentava no programa e em shows pelo Brasil. “Era uma loucura; eu estava vestida de chacrete, corria, trocava de roupa, cantava, depois me vestia novamente de chacrete”. Depois de gravar o vinil,

Em 1984, os artistas da gravadora RGE faziam shows pelas cadeias do país. Rita Cadillac então se apresentou na Penitenciária Frei Caneca, no Rio de Janeiro, o mais antigo presídio do país, que acabou implodido em 2010. Rita não gostou da experiência. “Achei deprimente; o local era sombrio.” Um ano depois, com essa lembrança ruim, ela foi escalada para ir ao Carandiru, em São Paulo, presídio que abrigou mais de 8.000 presos, e era o maior de São Paulo. E se sentiu muito bem e curtiu fazer o show. Um dia depois, a Comissão de Internos pediu aos dirigentes do Carandiru que convidassem Rita para um almoço, ocasião em que lhe perguntaram se ela não queria ser madrinha dos detentos. Rita

arquivo pessoal

A rainha dos presidiários

Bela e formosa

didatou a vereadora em Praia Grande, pelo PSB, o Partido Socialista Brasileiro, e conseguiu 378 votos. “O preconceito do eleitor continua” – desabafa. Em 2012, ela voltou a ser sondada por grandes

partidos em São Paulo, São Vicente e Praia Grande, que ofereceram uma nova chance na política, mas ela recusou: “Já pensou você estar lá e não poder falar o que pensa ou o que considera errado!”.


Itariri

6 habitação

Condomínio Solar Jureia, o edifício de Itariri

Primeiro morador é síndico Em 1997, Adélson Pereira de Carvalho, de 62 anos, se aposentou e voltou de Santos, onde viveu toda a carreira profissional como estivador no porto. A construção do primeiro edifício de Itariri chamou a atenção do aposentado e o fez visitar as obras. Ao conhecer o apartamento decorado em exposição, ele não titubeou: “Eu não tive dúvidas e adquiri o apartamento exposto por R$ 65 mil. Hoje ele vale R$ 120 mil. No dia 7 de setembro de 2000, minha esposa, meu filho e eu nos mudamos para cá”. O apartamento 37, no 3º andar, de 97 m², é o refúgio da família Carvalho. Adélson destaca a convivência harmoniosa en-

tre os condôminos como uma qualidade do lugar. “Aqui todo mundo se respeita, temos regulamentos, fazemos reuniões (antes mais do que hoje).” A esposa, Maria Lúcia de Souza Carvalho, a dona Lucinha, de 63 anos, complementa: “Eu fecho a porta e pronto, acabou. É cada um na

sua, não tem som alto ligado à noite como em outros prédios. Aqui é muita paz”. Seis anos depois de sua chegada, o pioneiro Adélson foi eleito síndico do Solar Jureia. Ele fala com orgulho da posição que ocupa. “A turma sabe que eu sou aposentado e quer que eu continue na função. Eu sou o síndico do prédio desde o dia 20 de março de 2006.” Já dona Lucinha parece não se contentar muito com o trabalho voluntário do marido: “Todos os problemas sempre sobram para ele. É o elevador quebrado, as contas dos inquilinos ou do condomínio. Ele não ganha nada para fazer esse trabalho”.

O começo de tudo

enio lourenço

Quem chega a Itariri logo vê a estrutura de concreto armado, nas cores azul e branco, que destoa do verde dominante da Mata Atlântica e das pequenas casas térreas da cidade. Um tanto deteriorado pelas intempéries, o Condomínio Solar Jureia, único edifício da cidade, é um prédio de 11 andares, na Rua João Alves, 128, no bairro Cooperativa. Começou a ser construído em 1997 e ainda não está acabado. Hoje são aproximadamente 230 moradores entre proprietários e locatários. Com perfil de classe média, lá vivem funcionários públicos, comerciantes, comerciários, profissionais liberais, aposentados. Há, ainda, figuras ilustres da política municipal como o ex-prefeito Dinamerico Gonçalves Peroni.

enio lourenço

enio lourenço

Prédio de 30 metros de altura existe há mais de dez anos e ainda não está acabado Por Enio Lourenço

O responsável pelo empreendimento imobiliário foi o construtor espanhol Maximiliano Ortega, morto em setembro de 2012, aos 86 anos. O engenheiro viveu a terceira idade em Itariri. Nos últimos nove anos, a enfermeira Conceição Aparecida Sampaio, de 40 anos, foi a pessoa com quem ele conviveu. Os dois se conheceram na época em que ela trabalhava numa clínica de Peruíbe e fez um curativo na perna de Ortega. “Pegamos afinidade e ele me pediu para eu ser a sua enfermeira particular. Ele me ajudaria a criar as minhas duas filhas enquanto eu cuidasse dele.” Conceição lamenta a morte do engenheiro, mas ressalta com orgulho a determinação do companheiro – como ela o trata – estrangeiro. Ele começou a trabalhar na construção civil como pedreiro, aos 17 anos, na Espanha, após perder o pai e a mãe. Estudou engenharia em Madrid, veio ao Brasil e construiu muito em São

Paulo, onde vivia. Em Peruíbe ele ergueu cinco prédios. Por curtir a natureza, veio a Itariri. E ficou. “Ele dizia que daqui de cima” – da cobertura dúplex onde ambos viviam, cada um no seu apartamento, no 10º andar –, “o ar era mais puro, que se sentia bem em ver as áreas verdes, comentava sobre a camada de ozônio, os benefícios em não viver no meio da poluição.” O espanhol também avistou o potencial de desenvolvimento econômico do município, aliado às riquezas naturais, motivado pela criação do Mercosul, na década de 1990. “Ele comentava que a região iria crescer muito devido à Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, que serviria como alça de acesso para outros países sul-americanos, pois faz a ligação com a Rodovia Régis Bittencourt, que leva ao Estado do Paraná. Por isso, ele dizia para eu nunca vender o meu apartamento, porque iria valorizar muito” – conta Conceição.


Itariri

Piscina sem água Os moradores do Condomínio Solar Jureia pagam uma taxa de manutenção do imóvel de R$ 180, para os apartamentos de dois dormitórios, e R$ 150, para os apartamentos de um dormitório. Os condôminos mantêm uma faxineira com registro em carteira de trabalho. O prédio dispõe de 70 apartamentos, 90 vagas de garagem, duas piscinas, uma quadra de futsal, dois salões de festas – um se tornou bicicletário –, um salão de jogos, uma sauna, uma sala de ginástica e três churrasqueiras. Alguns dos espaços de entretenimento e lazer nunca foram utilizados ou finalizados. É o caso

política

da sauna, da sala de ginástica e do salão de jogos, que não possuem equipamentos. Outras áreas apresentam danos e revelam ausência de manutenção nesses 13 anos. Na quadra de futsal, por exemplo, há muitas rachaduras no piso e faltam as traves. As duas piscinas, também, nunca foram utilizadas. “A maior reclamação dos moradores é para que a construtora termine as obras, principalmente nas áreas de lazer. Nunca enchemos as piscinas porque falta terminar a cobertura do prédio. Sem ela, a parte térrea enche de sujeira” – diz o síndico Adélson.

RADAR Câmara

A sessão solene de aniversário de 64 anos de emancipação político-administrativa de Itariri não terá a tradicional entrega de título de cidadão itaririense – a honraria será concedida em outra data. Portanto, a sessão será bem mais rápida que as de anos anteriores.

Refis

A lei municipal 1.821/13, de 31 de janeiro de 2013, aprovada pela Câmara Municipal e sancionada pela prefeita municipal Rejane Silva institui o Refis Municipal, que dá desconto de 20% a 100% nas multas e juros de impostos vencidos até o último dia de 2012. A lei estipula ainda o prazo de 30 de abril de 2013 para o contribuinte acertar as contas com a administração pública.

Tudo pela segurança O jornalista Ari Gonçalves, 40 anos, veio há pouco mais de um ano do bairro Tobias com os três filhos (duas meninas de 14 e 13 anos e um menino de sete anos). Ele explica: “Viemos pela segurança. No prédio, meus filhos brincam com tranquilidade. A convivência é boa. Aqui é uma família”. O monitoramento do residencial é feito por câmeras e permite o acesso às imagens a todos os apartamentos em tempo real. Dona Lucinha comemora: “Graças a Deus nunca ocorreu violência por aqui. E se você for ver, tem muitas casas sendo assaltadas”. A enfermeira Conceição revela: “Às vezes, tenho vontade de morar em uma casa térrea, mas aí vou ter que arrumar cachorro para cuidar da casa”.

Portal

Teve início dia 23 de março a restauração e limpeza do portal de entrada da cidade, após quatro anos sem qualquer manutenção ou reparo. A empresa responsável garantiu que a obra será finalizada antes do aniversário da cidade, no dia 9 de abril.

Econômicas

O governo federal repassou para o município no ano passado o valor de R$ 11.433.874,72 referente ao Fundo de Participação do Município (FPM). Já o governo estadual repassou R$ 3.482.631,01 referentes ao repasse do ICMS, IPVA e outros tributos estaduais.

Emendas

Há vários anos, o deputado federal Ricardo Berzoini (PT) encaminha para o município verbas de sua cota pessoal. Em 2012, Itariri foi agraciada com uma emenda para aquisição de um raio X. A administração anterior não deu andamento à emenda e acabou perdendo o benefício. Este ano, mais uma vez o deputado agracia Itariri com emenda no valor de R$ 150.000,00 na área de saúde.

Emendas II

Em seu primeiro mandato, o deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino lidera a bancada do PT na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Ele também está agraciando o município com verba de sua conta pessoal. O deputado informa que será entregue uma ambulância para a cidade, a fim de minimizar o sofrimento dos pacientes que têm de se locomover para outras cidades.

Salário mínimo

O salário mínimo nacional teve seu valor majorado a partir do dia 1º de janeiro e passou a valer R$ 678,00, que começaram a ser pagos no quinto dia útil do mês de fevereiro. Já o salário mínimo estadual também foi majorado a partir de 1º de fevereiro de 2013, passando a valer R$ 755,00, que começaram a ser pagos a partir do quinto dia útil do mês de março.

Ponte Pênsil

divulgação

O crônico medo da classe média também está presente na vida dos habitantes do Condomínio Solar Jureia. Todos eles, perguntados sobre por que morar em prédio numa cidade tão pequena, respondem: “pela segurança”. O fiscal do supermercado Extra, Alex Pereira Lima de Carvalho, de 24 anos, morava numa quitinete no bairro Raposo Tavares e há sete meses veio com a esposa viver no edifício. O casal aluga um apartamento no 4º andar, por R$ 430, e não esconde o motivo da mudança. “A gente passa muito tempo fora de casa, trabalhando. Por isso, é mais seguro e tranquilo morar em apartamento” – diz Alex. O fiscal conta que eles gostam de sair à noite e se sentem mais protegidos.

Por Pança

Construída há 77 anos, a Ponte Pênsil é hoje um dos mais importantes pontos turísticos do município. No local passam milhares de turistas todos os anos. Devido à não manutenção durante os últimos anos, ela desabou no início de março. Por segurança, a atual administração interditou a ponte até que sua reforma seja providenciada.

divulgação

7


Itariri

8 foto síntese –

palavras cruzadas palavras cruzadas

Itariri vista do alto

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

1

2

3

4

divulgação

5

sudoku 9 3

2

8

5 3

2

7

8

1

6

6

2

7

6

9

2

10

7 9

7

1 2 1

4 6

6

2

8

4

9

7

5

1

6

3

vale o que vier As mensagens podem ser enviadas para jornalba@redebrasilatual.com.br ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

Respostas

Horizontal – 1. O nome deste jornal 2. Provido de mobília 3. Empregai a força física ou intelectual para realizar algo 4. Orelha, em inglês; Exprime negação ou recusa; Raiva 5. Rádio Bandeirantes; Associação dos Alcoólicos Anônimos 6. Agilidade; A cor carmim 7. Abacaxi; General Electric 8. Botequim; Munir de arma 9. Anno Domini; Grito dos torcedores, em touradas e estádios de futebol; Sétima nota musical 10. Nome de certa planta ornamental. Vertical – 1. Plantas de raízes vermelhas, usada na alimentação 2. Fatia frita de pão molhada em leite, vinho ou calda de açúcar, passada em ovos 3. Gostar muito; O número divisível por dois 4. Por baixo de; Nome original da bebida destilada à base de cereais e zimbro; Pessoa que admira (às vezes com exagero) uma figura pública 5. International Bank Account Number; Doar 6. As gradações da cor violeta; Usado no período menstrual 7. Erva usada como tempero; Divisão de uma escola de samba 8. A irmã da mãe; Povo, partido, sociedade 9. Indica surpresa ou impaciência; Atuam 10. Arte Digital (abrev.); Formato compactado de arquivos da Internet; Pessoa muito hábil 11. Parte filamentosa despida de folhas de certos liquens; Desunir, separar.

b r a s i l e m o b i t r a b a l e a r n a r b g s r a p i d e a n a n a s b a r r a d f o s a m a m b

a l a

a t u a l l i a d o h a i r o r a a a a z g r a g e b r m a r e s i i a r

Palavras cruzadas

4 3 8 1 2 9 5 7 6

9 5 1 6 7 8 3 2 4

2 7 6 3 4 5 1 8 9

Sudoku

1 9 3 7 6 2 4 5 8

8 4 2 5 3 1 6 9 7

7 6 5 9 8 4 2 3 1

6 2 7 4 9 3 8 1 5

5 8 9 2 1 6 7 4 3

3 1 4 8 5 7 9 6 2


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.