Jornal Regional de Itariri
jornal brasil atual
Distrib
Itariri
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jorbrasilatual
Gratuuiição ta
nº 14
Entrevista
Novembro de 2013
mídia
“estou no jogo” Lula concede entrevista a veículos mantidos por trabalhadores e fala de 2014
Rádio Profissionais da RBA ganham importante prêmio do jornalismo
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Saúde
Reclamação População está descontente com serviços deficientes
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Perfil cidade
O bairro Onde o poder público não chega Moradores de Nova Itariri sofrem com ausência de infraestrutura, serviços de segurança e saúde Pág. 3
Eduardo Kugler Conheça a vida do artista plástico itaririense
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política
RADAR
Por Pança
13ª Fesfol
Dia da Criança
Emenda
Emenda II
divulgação
Itariri
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Nos dias 19 e 20 de outubro, No dia 12 de outubro, o Fundo aconteceu a 13ª Festa do Folclore Social de Solidariedade de Itariri de Itariri, no Centro. A ação culorganizou a Festa das Crianças, no tural ofereceu a oportunidade de cidades vizinhas Centro, Raposo Tavares, Areia Branca e Ana Dias. mostrarem a pluralidade artística da região através Foram distribuídos mais de 4.500 brinquedos, além de artesanato, culinária, música, dança, etc. de lanches, bolos, refrigerantes para as crianças. A prefeita Rejane Silva (PP) e o No fim deste mês, o deputado vereador Josimar da Silva (PT) fofederal Ricardo Berzoini (PT) inram à Secretária Estadual do Meio cluiu no orçamento da União uma Ambiente, para assinar um convênio sobre a coleta emenda no valor de R$ 150 mil, para a aquisição de de lixo. O deputado estadual Luiz Cláudio Marcoli- equipamentos de atenção básica de saúde. Agora, só no (PT) foi o autor da emenda de R$ 150 mil. falta a liberação da verba para licitação e compra. Em outubro, a Constituição Federal completa 25 anos. A oitava Carta Magna do país desde a independência é um marco pelos princípios democráticos restabelecidos e pela retomada de direitos e garantias fundamentais ao povo brasileiro, outrora abandonados pela ditadura civil-militar (1964-1985). A volta das liberdades democráticas, a possibilidade de organização partidária e sindical, a liberdade de imprensa são algumas das conquistas de lutadores que foram calados à força pela arbitrariedade de generais e da elite econômica do país durante mais de duas décadas. No entanto, o aniversário da “Constituição Cidadã” é pertinente para fazermos uma reflexão. Dos direitos sociais da Carta, quantos se fazem valer de fato? As terras ainda continuam concentradas nas mãos dos oligarcas. Dezenas de milhares de pessoas vivem nas ruas das grandes cidades (muitas porque são expulsas do campo) sem acesso a moradia ou ao trabalho digno (subempregos para subsistência). Comunidades tradicionais, como indígenas e quilombolas, têm seus direitos violados por “legislações ambientais” ou pelos mesmos latifundiários. A polícia militar continua com os mesmos métodos repressivos dos anos de chumbo. Agora, ao invés de perseguir e torturar militantes políticos, a PM extermina jovens pobres e negros nas periferias do país. Ademais, uma série de artigos da Carta não foi regulamentada. é o caso da comunicação, que tem o espectro eletromagnético público e continua monopolizada nas mãos de algumas famílias, como os Marinhos, das Organizações Globo. Estamos falando de Direitos Humanos, oras. Não há democracia sem o respeito a esses princípios fundamentais. Até quando iremos viver com essa herança maldita de um dos piores momentos da história do Brasil? A justiça social tão aclamada na Assembleia Nacional Constituinte está longe de ser realidade. E é exatamente por isso que as pessoas não devem sair das ruas: por direitos!
Eleições PT
Em 10 de novembro, ocorrem as eleições do PT. Em Itariri, dos 124 filiados, 80 estão aptos a escolher representantes dos diretórios municipal, estadual e federal (e coordenador da macrorregião do Vale do Ribeira). Estanislau Pança, da chapa Construindo um Novo Brasil e Elecino Moreira de Souza, da Novos Rumos, Nova Democracia são os candidatos na cidade.
reconhecimento
Jornalistas da RBA vencedoras Na 35ª edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog As jornalistas Marilu Cabañas e Anelize Moreira, da Rádio Brasil Atual, foram vencedoras da 35ª edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria melhor reportagem de rádio, com Voz Guarani-Kaiowá e Dores do Parto, respectivamente, trabalho vencedor e menção honrosa. A série de reportagens Voz Guarani-Kaiowá, realizada por Marilu Cabañas, de 50 anos, foi veiculada em
rede brasil atual
editorial
novembro do ano passado e conta a luta pela terra dos índios da etnia Guarani-Kaiowá, em municípios do Mato Grosso do Sul. Em maio deste ano (durante
a Semana Mundial de Respeito ao Nascimento), Anelize Moreira, de 28 anos, produziu a série de reportagens Dores do Parto, que denunciou a violência contra as mulheres e contou a história de algumas mães que optaram pelo parto humanizado. O Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos foi criado em 1978, três anos após o assassinato do jornalista homônimo nas dependências do DOI/CODI, em São Paulo.
Expediente Rede Brasil Atual – Itariri Editora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de Redação Paulo Salvador Secretário de Redação Enio Lourenço Redação Lauany Rosa Revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman Telefone (11) 3295-2820 Tiragem: 5 mil exemplares Distribuição Gratuita
Itariri
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cidade
Nova Itariri sofre com ausência do poder público A ausência de infraestrutura é a principal reclamação dos moradores de Nova Itariri, bairro localizado na divisa dos municípios de Itariri e Peruíbe. O cotidiano precário dos cidadãos está ligado à falta de saneamento básico, iluminação e pavimentação de vias em boa parte do bairro. Problemas com a segurança, à saúde e a limpeza das ruas e valas também são uma constante. A Rua Nove é a responsável por separar os dois municípios. De um lado do logradouro, a correspondência indica Nova Itariri; do outro lado, Caraguava, da cidade vizinha. Embora os bairros pertençam a duas administrações diferentes, os dramas com a ausência do poder público são semelhantes, prin-
lauany rosa
Bairro na divisa de Itariri e Peruíbe não tem infraestrutura, serviços de saúde e segurança Por Lauany Rosa
cipalmente no que diz respeito à presença do poder paralelo do tráfico de drogas. Para a dona de casa Roseli de Oliveira Camargo, de 43 anos, a violência é um agravante na região. “Eu moro na parte que pertence a Peruíbe, mas tanto o Caraguava quanto Nova Itariri não são bairros seguros. Falta policiamento
e o tráfico de drogas é muito grande. Tem postes, mas a iluminação nas ruas é insuficiente, o que só aumenta o perigo”, conta. O servente de pedreiro Manoel Rodrigues, de 48 anos, afirma ter medo da violência que assola o bairro. “Eu moro em Nova Itariri há 30 anos e nunca vi um policial entrar
aqui. Tem muita gente que pratica coisas erradas na nossa frente como se fosse normal.” A esposa do pedreiro, Maria de Lurdes, de 61 anos, diz ter acionado a polícia algumas vezes, mas quase nunca foi atendida. “Você liga para a PM, em Itariri, e eles pedem para entrarmos em contato com o posto de Peruíbe. Uma
unidade joga para a outra e não resolvem nada.” A transferência de responsabilidade de um município para o outro é um fato comum na vida dos moradores desta área de fronteira. A comerciante Luzia da Silva, de 33 anos, relembra que enfrentou circunstâncias semelhantes quando precisou de uma ambulância. “Meu pai tem problemas pulmonares. Um dia ele passou mal e eu liguei para a emergência de Itariri, que me orientou a ligar para Peruíbe. Por sua vez, a emergência de Peruíbe me fez a recomendação inversa. Foi um sacrifício conseguir o socorro, mas, por fim, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Itariri nos atendeu.”
Menos de 10% das ruas de Nova Itariri são pavimentadas ou possuem calçamento. As vias de terra ficam intransitáveis durante os períodos de chuvas devido aos alagamentos, que chegam a invadir as residências. “Teve gente da Rua Cinco que não conseguia sair de casa nas chuvas fortes de agosto. Era tanta água que não dava nem para tirar o carro da garagem. Atrapalha tudo, inclusive as vendas, pois as pessoas não conseguem passar”, conta o comerciante Manoel Santana, de 53 anos. Nos dias chuvosos, a auxiliar de lim-
peza Neusa dos Santos, de 39 anos, relata dificuldades para chegar ao trabalho. “As ruas viram puro barro e não dá para passar na maioria dos lugares. Saio de casa mais cedo, para ver onde consigo andar sem me sujar.” Este problema também causou constrangimento às filhas do auxiliar de produção Jailton da Silva Santos, de 38 anos. “Quando chove, minhas filhas chegam à escola com os pés e as roupas sujas de barro e os coleguinhas tiram sarro. Uma vez a professora reclamou e eu fiquei nervoso, porque morando aqui é impossível não sujar os pés.”
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Onde está o asfalto de Nova Itariri?
As condições insalubres do bairro favorecem o crescimento do mato e a proliferação de ratos, cobras e escorpiões. O pedreiro José Santana Silva, de 44 anos, se alarma com a falta de saneamento básico. “A maioria das ruas não tem rede de esgoto. As valas, que deveriam existir para escoar a água
da chuva, estão todas entupidas e tomadas pelo mato alto. Existem ruas que tinham oito metros de largura, mas agora só estão com a metade”, afirma. O pensionista Everaldo de Souza, de 39 anos, possui rede de esgoto em sua rua, mas afirma que o sistema tem apresentado problemas. “Na maio-
ria dos lugares, a tubulação está entupindo e os resíduos do esgoto voltando todo para as casas. Eu já troquei o encanamento inteiro, mas o problema persiste.” Em entrevista ao Brasil Atual, a prefeita de Itariri, Rejane Silva (PP), disse estar ciente da situação do bairro e afirmou que até o final do ano obras serão iniciadas na região. “Não me esqueci de Nova Itariri, nem das promessas que fiz durante a minha campanha. Até o final deste segundo semestre, começaremos a realizar as primeiras melhorias no bairro.”
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4 entrevista
roberto stuckert filho/IL
“Estou no jogo”, diz ex-presidente Lula
Manifestações
Eu acredito que o impacto de tudo que aconteceu em junho de 2013 deve servir como uma grande lição para a sociedade brasileira e, sobretudo, para os governantes. Certamente, muita gente de partidos políticos, sindicatos e movimentos organizados da sociedade civil foi pega de surpresa, porque foi um movimento que se deu à margem daquilo que nós conhecíamos como tradicional forma de organização. Eu me lembro que não aconteceu nada no Brasil nos últimos 40 anos que a gente não estivesse à frente. Seja o movimento sindical, sejam os partidos de esquerda, seja a UNE, sejam os sem-terra... Não foi um movimento em que as pessoas queriam derrubar o governo, mas um movimento em que as pessoas diziam: “nós queremos mais educação, mais saúde, mais transporte, mais qualidade de vida”. A nossa presidenta teve a sabedoria de dar uma resposta imediata, colocando a reforma política como fundamental para que a gente possa mudar a situação do Brasil, depois a
questão da saúde com o Mais Médicos, depois a aprovação de 75% dos royalties para a educação... Ou seja, foram medidas tomadas pela nossa presidenta que mostraram o governo num processo de evolução para tentar encontrar soluções.
“Se você quer mudar, mude através da política” A única coisa grave do movimento é a manipulação para a tentativa de negar a política. Tenho dito publicamente que toda vez na história ou em qualquer lugar do mundo que se negou a política, o que veio depois foi pior. Portanto, se você quer mudar, mude através da política. Participe, entre num partido, crie um partido, faça o que você quiser. Aqui no Brasil, o que teve foi o regime militar de 1964. No Chile foi o Pinochet, na Argentina foi a ditadura. Não queremos isso. Queremos democracia exercida em sua plenitude. E a sociedade quer isso. A sociedade quer debater
No dia 24 de setembro, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva concedeu a sua primeira longa entrevista após deixar o Palácio do Planalto a um grupo de jornalistas da Rede Brasil Atual, TVT e jornal ABCD Maior, no Instituto Lula, em São Paulo. No encontro, de cerca de 90 minutos, ele comentou os principais assuntos em voga no país e as eleições de 2014. Ao final, brincou com os profissionais: “Se tem uma coisa que tenho vontade é de falar”. Confira a seguir os principais trechos da entrevista e a íntegra em <www.redebrasilatual.com.br>. política, então vamos debater sem medo de qualquer assunto. Sou daqueles que acham que não tem tema proibido. Reforma política
Não é fácil avançar na reforma política. As pessoas que foram às ruas não vão votar no Congresso Nacional. É importante lembrar que fizemos a campanha das Diretas, que possivelmente foi um dos maiores movimentos cívicos deste país, em meses em que fomos à rua com todos os partidos políticos, com o movimento sindical, centenas e centenas de manifestações pelo Brasil inteiro, toda a sociedade querendo, e quando a proposta chegou ao Congresso não tínhamos número para aprovar e não aprovamos. Só teremos uma reforma política plena no dia em que tivermos uma constituinte própria para fazê-la. Achar que os atuais deputados vão fazer uma reforma política mudando o status quo é muito difícil. Acredito que é possível discutirmos uma mudança na votação, votar em lista, financiamento de campanha. Há um equívoco em fazer a sociedade
compreender que o financiamento público vai tirar o dinheiro da União. A forma mais eficaz, honesta e barata de se fazer uma campanha política é você saber que cada voto vale um centavo, R$ 1 real, R$ 10 reais e que cada partido vai ter tanto e se alguém pegar dinheiro privado tem de ser considerado crime inafiançável, para que as pessoas não fiquem subordinadas aos empresários. Por que os empresários não estão defendendo o financiamento público? Oras, é porque a eles interessa cada um construir a sua bancada. Os bancos têm as suas bancadas no Congresso Nacional, têm influência, porque cada um tem a lista de quem financia. A reforma política é a melhor possibilidade para se mudar a lógica da política no Brasil. E ter em conta que não é só para combater a corrupção, mas para facilitar as coalizões que são conseguidas, porque quando você ganha uma eleição com um partido aliado a outro tem que ter coalizão na hora de montar o governo. Acredito que para 2014 a gente vai conseguir fazer uma
reforma política muito capenga. Temos que levar em conta que há interesses partidários. Tem partidos para os quais está bom assim. O cara tem mandato e quer preservar o seu mandato. As pessoas podem querer fazer as coisas para 2018, 2020, mas para esta eu acho que não vai haver mudança.
“O rico tem que pagar a saúde do povo pobre” Mais Médicos
O ministro da Saúde Alexandre Padilha tem razão com o que ele fala: não se está buscando médico fora para substituir o médico brasileiro; se está buscando médico fora para trabalhar onde não tem médico. E o Padilha sabe que o programa Mais Médicos não vai resolver o problema da saúde. O Mais Médicos vai dar oportunidade ao cidadão que não tem acesso a nenhum médico de ter acesso ao primeiro médico e a tratamento. E quando esse cidadão tiver acesso, ele vai querer mais saúde, porque ele vai ter informações. Então vai precisar formar mais gente.
Itariri
Ação Penal 470 (“mensalão”)
Desde o começo do julgamento, tenho dito que qualquer manifestação minha só seria feita após terminar o processo, pois fui quem indicou alguns ministros que estão no STF. Não quero ficar colocando em dúvida questões da Suprema Corte, que tem uma importância muito grande para o Brasil. Fico um pouco chateado, pois se depender do comportamento de um ou de outro na imprensa, não precisaria nem de julgamento. O próprio diretor de jornalismo já condenaria as pessoas. O que deve ser garantido pelo Estado de Direito, algo pelo que a gente brigou tanto, e que para alguns editorialistas parece ser crime contra a humanidade: o direito de defesa. Tenho muita vontade de falar. Tenho ouvido os ministros falarem e vejo que alguns têm preocupação em estudar o caso, e outros não. Quando o julgamento terminar, seja qual for o resulta-
roberto stuckert filho/IL
Em 2007, derrubaram a CPMF. Foi um ato de insanidade dos tucanos em relação ao meu governo. Eles tiraram uma bagatela de R$ 40 bilhões por ano. Soma isso em quatro ou sete anos e vê a quantidade de dinheiro que tiraram da saúde, achando que iam prejudicar o Lula. Pois bem, quem eles prejudicaram? O povo. Achamos que o rico tem que pagar pela Saúde do povo mais pobre. Era por isso que tínhamos apresentado um programa chamado Mais Saúde em que a gente iria utilizar todo o dinheiro da CPMF para cuidar da saúde. Dilma e Padilha marcaram um gol com o Mais Médicos. Abriram um debate muito importante com a sociedade para as pessoas começarem a enxergar.
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do, eu vou ter muita coisa para dizer a respeito. Copa do Mundo e Olimpíadas
O Brasil é a sexta economia mundial e o país que mais ganhou Copas do Mundo. Agora precisamos ver se a Copa será um evento em que o Brasil fortaleça sua imagem para o mundo, ou se a gente vai fazer uma Copa fracassada por conta de problemas internos. Se tiver corrupção (nas obras dos estádios e infraestrutura), que digam quem fez, que se processem os responsáveis. O que não pode é trabalhar com o “denuncismo”. A teoria do domínio de fato não serve para isso. O país tem governos federal, estaduais e municipais envolvidos com a Copa do Mundo. O Ministério Público tem um procurador que foi designado para acompanhar os comitês organizadores da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Eu publiquei decretos federais em dezembro de 2009 determinando a criação de portais, para 2014 e 2016, para que seja acompanhado em tempo real para onde vai cada centavo da União que é investido nesses negócios. Até agora não há nenhuma denúncia. Não podemos permitir que alguma má informação seja passada para a sociedade sem que haja resposta. A minha preocupação é que os governos têm de mos-
trar o que está acontecendo e assumir as responsabilidades. As obras não vão ficar quando a Copa do Mundo for embora? Essa é uma preocupação que eu tenho: se não for assim, vamos ter 40 mil pessoas dentro de um estádio torcendo e outras 40 mil fora dizendo que houve corrupção. Já temos o Tribunal de Contas, a Procuradoria Geral, a Polícia Federal, o diabo a quatro... Agora é preciso construir uma narrativa do significado da Copa do Mundo e das Olimpíadas para o nosso país. Eleições 2014
O problema de fazer uma avaliação de 2014 é que eu precisaria de uma bola de cristal na minha frente. O que eu falar aqui pode ser desmentido em uma semana com o posicionamento de um partido político. Primeiro: eu trabalho com a ideia de que a presidenta Dilma deve fazer um esforço para manter sua base de sustentação. Acho que a maioria vai ficar com ela, que os tucanos vão ter candidato, talvez façam uma coalizão com o DEM, ou com outros partidos de direita, mas eles não podem fazer uma coligação com a imprensa, que é a grande aliada deles. Se a Marina conseguir o registro do partido (Rede Sustentabilidade), ela certamente será candidata. O Eduardo Campos (PSB) quer ser, mas já me disse que só decide em março ou abril do ano que vem. O PSDB ainda não sabe se vai de Aécio ou se o José Serra vai tentar criar um caso.
“Meu papel será o que a Dilma quiser que seja” Acho que o quadro é favorável. Falo da Dilma com muito orgulho. Vejo as pes-
soas colocarem defeitos nela, com essa história de que não gosta de conversar. Cada um tem um estilo. O que eu tenho consciência é que poucas vezes no mundo tivemos uma presidente tão decente como a Dilma. De caráter, competente e séria. Isso é condição fundamental para que o Brasil continue a trajetória que conseguimos implantar nos últimos dez anos. Papel do Lula nas eleições
O meu papel será o papel que a Dilma quiser que seja. Tenho que ter muito cuidado, porque não posso conversar com um partido político sem a orientação da presidenta ou do partido. Uma coisa que sei fazer, e espero estar em condições, é pedir voto. Eu me considero razoável de palanque. Gosto e me sinto bem. Agradeço a Deus todos os dias pela relação de confiança que a população construiu comigo. Certamente que hoje ela precisa menos do que precisava em 2010, porque é a presidenta, está no mandato, tem exposição mais forte, vai ser julgada pelo que já está fazendo. Mas vou fazer o mesmo esforço que fiz em 2010. É como se fosse a minha campanha. A vitória da Dilma é a minha vitória. O sucesso dela é o sucesso do povo brasileiro, das camadas mais pobres. É difícil, gente, porque nem todo mundo acha prazerosa a ascensão dos mais pobres. Tem gente que fica incomodada dos mais pobres terem acesso às universidades, aos restaurantes, a exposições nas bienais. É um gesto ruim, pois acredito que, quanto mais o pobre ascender, melhor será para todos, já que a classe média sobe junto e todo mundo
ganha. Quando não tivermos mais miseráveis, teremos menos violência, menos assaltos. Isso que temos que ter consciência, que a Dilma pode nos ajudar a construir nos próximos anos. Como eu, ela vai fazer um segundo mandato infinitamente melhor do que o primeiro.
“São Paulo está perdendo nível industrial” No Estado de São Paulo
Acredito que nunca estivemos tão próximos de vencer as eleições em São Paulo. Por isso é preciso dividir o lado de lá. É preciso alcançar alianças além do PT, do PDT, do PC do B, para, então, construirmos um discurso apropriado. Estamos no caminho certo. Os tucanos estão num processo de fadiga de material. Eles não têm mais o que propor. Isso não significa dizer que o governador está acabado, está fraco. Alckmin é uma figura com força política no Estado e precisamos ter habilidade para derrotá-lo. Acho que ele não tem mais proposta para o ABCD ou para a Região Metropolitana. Não tem mais o que fazer em nível estadual. São Paulo está perdendo força, está perdendo nível industrial. Não tem propostas para a educação. É muito desagradável quando pegamos as avaliações do MEC sobre o ensino fundamental e vemos que São Paulo está entre os piores Estados. Está provado que o crime organizado derrotou o governo de São Paulo. Parece uma coisa sem controle. Acredito que se o Alexandre Padilha [ministro da Saúde] for realmente o indicado, teremos um ótimo candidato em São Paulo.
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6 Saúde
Serviços médicos estão no topo da lista de reclamações Tion”, localizada na região central, abriga o Pronto-Socorro Municipal e a Unidade Básica de Saúde (UBS). O “Centro de Saúde” (como também é conhecido) é o maior ponto de atendimento médico e ambulatorial da cidade e recebe centenas de pessoas ao dia, que procuram por exames, medicamentos, tratamentos e consultas emergenciais. Independentemente da demanda diária de pacientes, a espera sempre é grande. “Outro dia, só tinha eu e um senhor para sermos atendidos
Nos postos de saúde
Nos três postos de saúde, localizados nos bairros Raposo Tavares, Boa Esperança e no distrito de Ana Dias, estão as equipes do Programa Saúde da Família – compostas de um clínico geral (que atende uma vez por semana), um ou dois enfermeiros, agentes de saúde e funcionários administrativos. Lá as reclamações não fogem muito do que acontece no Centro. O aposentado Antônio Mendes, de 84 anos, relata que deixou de usar o posto de saúde de Ana Dias devido ao descaso dos profissionais. “Eu chegava bem cedo ao postinho e ficava esperando um bom tempo. Às vezes, o médico ia embora correndo, porque já tinha cumprido o horário, e deixava mais de 10 pessoas sem atendimento. Isso é falta de respeito! Agora vou cuidar da saúde em Peruíbe.”
Para o comerciante Tiago Akira, de 30 anos, os serviços prestados nos postos de saúde da cidade precisam melhorar. “Falta organização. O posto exige que as consultas e exames sejam marcados com antecedência, mas no dia e horário agendado sempre tem mais de 40 pacientes aguardando. Ocorre até a situação de pessoas de outras cidades se tratarem aqui”, relata. A atendente Andressa Lisandra, de 26 anos, também lamenta a desorganização do posto de Ana Dias. “Tem dias que não tem ninguém para atender e nenhum aviso explicando os motivos. Por duas vezes eu passei mal e encontrei tudo fechado no período da tarde”, conta. Segundo a cozinheira Ana Paula Martins, de 36 anos, outro problema é o atendimento prestado pelos agentes de saú-
e o médico nos deixou esperando por mais de uma hora. O pior é que isso acontece sempre”, conta a dona de casa
de, pois não tem periodicidade exata, como é o caso do bairro de Nova Itariri, onde eles não passam há mais de oito meses. “A última vez que estiveram aqui, a minha filha não tinha nascido. Eu estava no sétimo mês de pré-natal. Como eles nunca mais apareceram, eu não continuei o acompanhamento”, explica. Talvez a questão da qualidade dos serviços de saúde seja mais profunda, como reflete o ferroviário Alécio de Moura, de 58 anos, morador do Boa Esperança. “Faltam médicos no bairro para atender a população, mas sei que este é um problema que ocorre em todos os lugares do Brasil. Acho que enquanto não contratarem mais médicos e profissionais da saúde, não há muito que se fazer”, diz.
Sônia Aparecida, de 52 anos. Já a balconista Odete Romoaldo, de 39 anos, reclama da falta de atenção de alguns plan-
tonistas. Ela conta que os médicos estão sempre apressados e que por vezes deixam de examinar o paciente. “Você entra para a consulta e o médico nem olha na sua cara, não examina, só escuta e escreve. Aí fica difícil confiar no que ele vai receitar”, diz. No mesmo sentido, lamenta a aposentada Nadir de Souza, de 63 anos: “Os médicos e os funcionários são muito mal-humorados. A cidade é pequena, não temos muitos recursos. O mínimo que deveriam fazer é fornecer um bom atendimento de saúde.”
Diretoria de Saúde A diretora municipal de Saúde Tatiana Saran, que está há cinco meses à frente da pasta, atendeu a reportagem do Brasil Atual para comentar as reclamações da população. Tatiana afirmou que a cidade encontra-se com o quadro completo de funcionários na área da saúde e fornece um bom atendimento, muito embora a região do Vale do Ribeira tenha dificuldade em contratar esses profissionais. “Dentro da responsabilidade de Itariri, que é fornecer o atendimento primário à população, desempenhamos muito bem o nosso papel. Além do atendimento com generalistas (clínicos geral), pediatras e ginecologistas, que temos obrigação, também fornecemos ortopedista, nutricionista, fisioterapeuta, psicóloga, fonoaudióloga,
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O Pronto-Socorro, a Unidade Básica de Saúde (UBS), os postos de saúde e as equipes do Programa Saúde da Família (PSF) compõem o Sistema Único de Saúde (SUS) em Itariri. Os serviços estão no topo da lista de reclamações dos munícipes, que majoritariamente os consideram ruins. A demora no atendimento, os médicos desatenciosos e mal-humorados, a falta de medicamentos e a superlotação dos equipamentos são as principais queixas. A Unidade Municipal de Saúde “Doutor Tominato
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População está insatisfeita com a qualidade no atendimento e descaso dos profissionais
cirurgião e especialista em imagem e diagnóstico.” Para a diretora, a fila de espera para exames e consultas está dentro dos padrões, já que existe grande procura dos municípes. Tatiana ainda disse que a sociedade compreende o atendimento médico de forma equivocada. “Nos plantões é comum cada dia ser um médico diferente. Eles fornecem um atendimento rápido e não têm como dar a atenção necessária à população. Para isso existem os funcionários de enfermagem e as equipes de saúde da família, que fazem o acompanhamento dos casos específicos.”
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Perfil
Eduardo Kugler, o artista plástico itaririense O artista plástico Eduardo Kugler, de 57 anos, nasceu na cidade de Santos, mas cresceu em Itariri, onde despertou seu gosto pela terceira arte ainda na infância. Ao longo dos mais de 30 anos de carreira, o pintor realizou exposições em várias partes do Brasil e em países como Portugal e México. Suas obras também estão nos Estados Unidos, França, Áustria e Israel. Kugler desenhava desde criança, mas o gosto pela pintura surgiu aos 13 anos, quando usou pela primeira vez a tinta guache. “Naquela época era muito difícil obter as coisas relacionas à arte. A tinta guache era cara e só chegava por encomenda. Em Itariri, só existiam os pintores de parede e ninguém sabia o que era tinta a óleo.” Ao completar 20 anos, ele resolveu estudar mais profundamente seu futuro campo de trabalho e comprou uma coleção de livros com quatro volumes sobre os grandes mestres
lauany rosa
Os bananais e a população local estão entre as maiores inspirações do pintor
da pintura. Como método de estudo, Kugler se aventurou na reprodução dos quadros e das técnicas dos mais variados artistas da história. “Meus estudos começaram tardiamente. Quando eu tinha 15 anos, sonhava em estudar na escola Panamericana de Artes, mas era muito caro e ficava em São Paulo. Então passei a estudar sozinho.” O autodidata acabou por se especializar no estilo de
pintura acadêmica (que tende a reproduzir o padrão ideal de beleza nas obras, nos moldes das academias de belas-artes da Europa). Com dificuldades financeiras em Itariri, Eduardo Kugler se mudou para Santos na década de 1980. Inicialmente foi trabalhar com jardinagem (ofício que também realizava em Itariri), mas em pouco tempo ele passou a dar aulas
de pintura nos fundos de uma loja de artesanato. A repercussão e a procura por seu curso o fizeram abrir um ateliê, onde começou a dar aulas livres. Nesse período, Kugler cursou jornalismo na Universidade Católica de Santos, onde se graduou em 1987, porém nunca exerceu a profissão. Certo dia, o artista resolveu resgatar aquele desejo de infância e enviou um currículo para
a Escola Panamericana de Artes e Design de São Paulo. “Fui chamado para uma entrevista e, quando me dei conta, estava lecionando na escola em que sempre sonhei estudar.” Ele foi responsável pela cadeira de desenho básico da instituição durante quatro anos. Em seguida, retornou a Itariri e montou um ateliê na Rua Benedito Muniz, próximo à delegacia, onde permanece trabalhando até hoje.
senvolveu uma técnica, a partir de fotografias, para criar imagens vibrantes e coloridas em telas dos mais variados tamanhos. “Os retratos têm bastante movimento. O diferencial está no comportamento das pinceladas e das cores. Eu uso muito os tons de verde, azul e rosa. Hoje, o retrato é o que me traz retorno financeiro, porque, afinal, as pessoas gostam de se
ver. É uma questão de vaidade, de ego”, brinca Kugler, que chega a ganhar em média R$ 450 por cada uma dessas obras. Mais trabalhos do artista Eduardo Kugler podem ser vistos através dos sites <http://retratoseduardokugler.blogspot.com.br/> e <http://kugler-retratos.blogspot.com.br/>
As fases e os estilos do artista Nos mais de 30 anos de carreira, Eduardo Kugler passou por várias fases e estilos diferentes. O artista produziu quadros realistas, abstratos e figurativos, nus artísticos, retratos. “Pintor é assim: tem que pintar sarjeta, faixa de pedestre, placa de trânsito, o que vier”, conta em meio a risos, enquanto
explica a dificuldade em sobreviver da arte. Há seis anos, por incentivo de um amigo (que Kugler não lembra o nome), ele focou seu trabalho na arte naif – caracterizada pela simplicidade dos traços em antagonismo ao rigor formal da vertente acadêmica. Esse estilo explora a ingenuidade e a inocência para exprimir alegria e espontaneidade. “Nun-
ca gostei de arte naif, mas esse meu amigo me apresentou uma galeria de Curitiba que só vendia obras desse estilo. Então, em 2007, comecei a trabalhar profissionalmente com ela”, explica Eduardo, que contou muitas histórias da bananicultura usando dessa tendência estética. Com os retratos, que atualmente representam a maioria de suas encomendas, ele de-
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8 Palavras Cruzadas diretas
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