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Jornal Regional de Itariri

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GRATUUIIÇÃO TA

nº 21

SOCIAL

HÁ ESPERANÇA Programa Braços Abertos, da capital, é alternativa de combate ao crack

Dezembro de 2014

POLÍTICA

DINAMÉRICO Vereadores devem seguir TCE e reprovar contas do ex-prefeito

Pág. 2

MEIO AMBIENTE

SETE QUEDAS Trilha e cachoeiras são opções de turismo ecológico

Pág. 4

FUTEBOL NOVO GOVERNO

DILMA CONCLAMA UNIDADE NACIONAL Após eleição marcada pelo ódio, presidenta dá indícios de que deve avançar em reformas estruturais Pág. 5

JOGO DURO Clubes do interior lutam contra desmandos da alta cartolagem

Pág. 7


Itariri

2 POLÍTICA

Contas do ex-prefeito Dinamérico

EDITORIAL A eleição presidencial deste ano entrou para a história por alguns motivos peculiares. Um deles diz respeito às diversas oscilações nas candidaturas de oposição à presidenta Dilma, principalmente entre Aécio e Marina. As viradas quantitativas nas intenções de votos no primeiro e no segundo turno derrubaram muitos institutos de pesquisa. Registre-se ainda que Dilma firmou-se num sólido patamar de aceitação em torno dos 40% e ainda cresceu, apesar da enxurrada de críticas que recebeu. O enfrentamento eleitoral consolidou os votos favoráveis às mudanças trazidas pelo PT, como também encontrou no PSDB e em Aécio eco para a direita radical. Essas oscilações bruscas trouxeram um mosaico superlativo de ideias e propostas. Com elas veio também o aumento do ódio (que não cabe nem como ideia, nem como proposta) ao partido vencedor, desde sempre conduzido pela mídia comercial – que, antes mesmo do pleito, sobretudo a revista Veja, com a sua capa falaciosa referente às delações premiadas na apuração do Caso da Petrobrás, já alimentava o furor entre as pessoas. Quem tem saído às ruas para impugnar a nossa sétima eleição democrática consecutiva apresenta as piores e mais violentas facetas da sociedade: racismo, aversão aos pobres, nordestinos, homossexuais ou qualquer outro segmento que não esteja identificado com o status quo. Movimentos que só encontram referência nos momentos mais sórdidos da história mundial. É preciso saber perder, mas os vencedores também devem fazer do exercício do poder o exercício da construção do bem comum e da cidadania. A pauta, agora, é a retomada do crescimento do PIB, o controle da economia, a igualdade de oportunidades e, principalmente, o exercício da democracia. Criticar faz parte do jogo democrático, mas a violência não! O povo trabalhador, mais uma vez, saberá distinguir o joio do trigo.

Em decisão tomada em agosto, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) deu parecer desfavorável ao exercício orçamentário de 2012 da gestão do ex-prefeito de Itariri, Dinamérico Gonçalves Peroni (PSDB). Em setembro, o processo foi enviado à Câmara Municipal e aponta uma série de irregularidades na administração do tucano (2009-2012), como o descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Segundo o vereador Josimar da Silva Teixeira (PT), a Casa só deve analisar as contas do ex-prefeito e dar seu veredito após o recesso parlamentar, que termina em fevereiro. Mas alguns dos integrantes do Legislativo já têm opinião formada sobre o assunto. O vereador Airton França dos Santos (PP) lembra que, além de Dinamérico, outros dois prefeitos de Itariri já tiveram suas contas rejeitadas em anos anteriores. “Foram os casos dos ex-prefeitos José Neto Fernandes e Daniel Joaquim Silva, que ficaram inelegíveis por cinco anos devido a esses problemas”, afirma. O “ciclo vicioso” na má gestão dos recursos públicos tem motivação clara para o vereador Sinval Oliveira Silva

ERRATA ED. 19

GIOVANNI GIOCONDO

Vereadores devem reprovar exercício orçamentário de 2012

Vereador Sinval Oliveira Silva (PR)

(PR). “O município é muito pequeno e há dificuldades na arrecadação. Portanto, os administradores não conseguem trabalhar corretamente sem gastar além do que podem. Mas isso não justifica as irregularidades”, ratifica. Uma possível reprovação das contas do ex-prefeito Dinamérico na Justiça Eleitoral pode piorar a situação econômica do município, já que, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal, Itariri ficaria impedida de receber recursos federais. Atualmente, a falta de dinheiro tem impedido a cidade de acessar alguns benefícios. A prefeita Rejane Silva (PP) busca R$ 60 mil reais como contrapartida exigida pelo go-

Vereador Airton França dos Santos (PP)

verno estadual para a doação de duas ambulâncias, e ainda não sabe onde obter a verba. Para Airton, a União e os Estados precisam dar mais apoio aos pequenos municípios, para, em seguida, exigir que eles caminhem com as próprias pernas. “Nós ficamos à mercê de emendas parlamentares e passamos por sérios problemas financeiros devido à falta de alternativas para completar o orçamento”, explica. Segundo o despacho da conselheira Cristiana de Castro Moraes, do TCE, Dinamérico deixou para a atual gestão de Itariri um déficit orçamentário de pouco mais de 10% da arrecadação do município, acima dos R$ 2,6 milhões.

Na edição 19, do mês de setembro, ná página 3, Brasil Atual errou ao publicar o nome do vereador Josimar da Silva Teixeira (PT), como Josival da Silva Teixeira.

Expediente Rede Brasil Atual – Itariri Editora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de Redação Paulo Salvador Edição Enio Lourenço Redação Giovanni Giocondo Revisão Malu Simões Foto Capa Dilma (Roberto Stuckert Filho/PR) Foto Capa Futebol (Malavolta Jr/Jornal da Cidade) Diagramação Leandro Siman Telefone (11) 3295-2820 Tiragem: 5 mil exemplares Distribuição Gratuita


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NOVO GOVERNO

Dilma pede unidade para os próximos quatro anos

No último mês, os derrotados partidários de Aécio Neves (PSDB) exacerbaram

Reforma política A reformulação do sistema político brasileiro ganhou força após os movimentos da juventude de junho de 2013. Em setembro deste ano, entidades e movimentos sociais reuniram mais de sete milhões de assinaturas em uma consulta popular que indagou: “Você é a favor de uma Assembleia Constituinte e Soberana sobre o Sistema Político?”. Confira trecho do documento que justifica a ação: Vemos, por exemplo, que os candidatos eleitos têm um gasto de Campanha muito maior que os não eleitos, demonstrando um dos fatores de poder econômico nas eleições. Também vemos que o dinheiro usado nas Campanhas tem

origem, na sua maior parte, de empresas privadas, que financiam os candidatos para depois obter vantagens nas decisões políticas, ou seja, é uma forma clara de chantagem. (...) Além disso, ao olharmos para a composição do nosso Congresso Nacional vemos que é um Congresso de deputados e senadores que fazem parte de uma minoria da População Brasileira. A reforma política é o “nó a ser desatado” para que o novo governo do PT consiga estabelecer políticas públicas mais progressistas. Esta é a análise de Paulo Vannuchi, ex-ministro de Direitos Humanos, em seu comentário na Rádio Brasil Atual, logo após a eleição.

preconceitos outrora velados. A falsa dicotomia de ideias criada entre norte e sul, pobres

e ricos, “ignorantes” e “esclarecidos” ruiu quando passeatas tentaram impugnar a eleição democrática com apelos à volta dos militares ao poder, forjadas em racismo, ódio de classe e de região. O jornalista Leonardo Sakamoto, em seu blog no UOL, atribuiu parte da incitação aos crimes de ódio que essas pessoas vêm praticando, principalmente nas redes sociais, à irresponsabilidade de colunistas e jornalistas dos principais meios de comunicação. “Esses crimes virtuais cometidos por zumbis incapazes de enxergar no outro um ser humano detentor do mesmo direito à dignidade foram

alimentados por argumentos construídos e divulgados, ao longo do tempo, por pessoas que não se preocuparam com o resultado negativo de seus discursos.” Nessa conjuntura, a reforma política e a democratização dos meios de comunicação ganharam força como agendas fundamentais do próximo governo. No entanto, a renovação de parte da bancada do Congresso Nacional, com a orientação “mais conservadora desde 1964”, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), dá indícios de que o próximo mandato exigirá de Dilma ainda mais tenacidade para aprovar essas propostas.

Regulação econômica da mídia A regulação econômica da mídia, reivindicação histórica dos movimentos sociais, também foi aventada pela petista na campanha. É o que acontece nos Estados Unidos, na Alemanha e no Reino Unido: o Estado regulamenta o setor para evitar monopólios e propriedade cruzada das mídias (radiodifusão e impressa). No Brasil, a Constituição Federal estabelece leis para o setor, mas que carecem de regras para funcionar. Dilma sinalizou caminhar nessa direção. “Por que qualquer setor tem regulação e a mídia não pode ter?”, questionou a presidenta em entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo, em 6 de novembro. No mesmo mês, o Fórum

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“Conclamo, sem exceção, a todas as brasileiras e todos os brasileiros para nos unirmos em favor do futuro de nossa pátria, do nosso país e de nosso povo. Não acredito, sinceramente, que essas eleições tenham dividido o país ao meio. Entendo, sim, que elas mobilizaram ideias e emoções às vezes contraditórias, mas unidas por sentimentos comuns: a busca por um futuro melhor para o país.” O discurso conciliatório da presidenta Dilma Rousseff (PT) após o fechamento das urnas marcou uma das disputas mais vorazes da Nova República – a petista venceu pela diferença de 3.458.891 votos.

VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL

Ódio e calúnias marcaram a eleição; reforma política e democratização da mídia entram na pauta

Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) publicou nota pedindo para a presidenta que o debate com os diversos segmentos sociais seja ampliado, visando a formulação do marco regulatório. Este novo marco regulatório deve responder às mudanças tecnológicas das últimas décadas e às demandas de uma sociedade mais complexa,

que clama pela garantia de seu direito à comunicação. E deve ser resultado de um amplo e plural debate com a população brasileira, há tanto tempo interditado por setores que, em nome da manutenção de seus interesses e privilégios, vêm se colocando sistematicamente contra a democratização da comunicação do Brasil.


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4 MEIO AMBIENTE

Trilha das Sete Quedas é opção de turismo ecológico Atração é um convite às caminhadas pelo meio da mata, com atenção à preservação ambiental

Pedra sobre pedra

Ecoaventura, em uma trilha feita parte por dentro da mata, parte pelo rio do Azeite. No caminho, a fauna e a

flora formam um mosaico de belezas naturais, evidenciando que a preservação é a maior das virtudes a ser conduzida.

A primeira parte da aventura A primeira parte do trajeto é feita de carro. Do Centro até o início da trilha são gastos cerca de 30 minutos. Mas, antes de começar a pisar na terra molhada para seguir em frente até as quedas d'água, a falta de cuidado com o meio ambiente chama a atenção. Silvio fica indignado com a abertura de clareiras em meio à vegetação nativa. Nesses espaços, agora estão bananeiras plantadas por invasores da Área de Proteção Permanente (APP). Para o guia, essas pessoas se aproveitam da falta de fiscali-

zação para avançar com seus negócios escusos. “Esse é um problema que pode ser superado pela implantação do turismo sustentável na região do Vale do Ribeira, com o apoio do poder público e a valorização da riqueza que nós temos. Não adianta ter 10, 15 mil visitantes no verão sem estrutura e sem consciência, deixando lixo, desmatando”, pondera Silvio. Esse trabalho também poderia desenvolver economicamente a região, considerada a mais pobre do Estado de São Paulo. Ecologia e turismo, unidos, seriam vetores da cria-

ção de empregos, do crescimento do comércio e da hotelaria. Depois da parada para a reflexão, subimos e descemos pela trilha cercados das mais variadas espécies de plantas. Os troncos de algumas delas se destacam em meio aos demais por uma coloração diferente em alguns pontos. São os liquens, organismos que associam fungos e algas ou fungos e bactérias, e que simbolizam que, naquele lugar, o ar tem uma pureza próxima dos 100%. Borboletas azuis também aparecem em decorrência deste fator.

ANUNCIE

GIOVANNI GIOCONDO

GIOVANNI GIOCONDO

A trilha das Sete Quedas, encravada na Mata Atlântica, fica a 10 quilômetros do Centro de Itariri. O conjunto de cachoeiras é acessível a pessoas de qualquer idade desde que haja uma característica em comum: disposição. E foi cheio dessa disposição, mais protetor solar, repelente e calçado apropriado para o terreno, que o repórter Giovanni Giocondo acompanhou o guia Silvio Lourenço, um dos membros do projeto

Finda a passagem pela mata, é o momento de preparar joelhos, ligamentos e tendões e encarar as pedras à frente na travessia do rio. Para chegar até cada uma das cachoeiras, é preciso pisar com cuidado, sempre observando o ponto de impacto do seu próximo passo. Equipamento é um luxo desnecessário. A mão amiga do colega auxilia quando a escalada é um pouco mais íngreme e a rocha escorregadia. Não há riscos iminentes de tombos, mas como toda criança quando há muito não come melado, quando come se lambuza. E não deu outra. Pequena distração e excesso de autoconfiança, e lá se foi o repórter ao chão, joelho ralado, mas sem maiores consequências.

Aqui!

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Para quem é mais contido e quer evitar os desafios de uma subida, existe a opção de continuar pelo meio da trilha da mata, chegando aos mesmos lugares, mas com menos emoção. As quedas d’água variam no tamanho, na amplitude e na velocidade de sua corrente. O frio que estava no dia da visita da reportagem não permitiu um banho, nem o cascading (modalidade de escalada) e a tirolesa, esportes radicais mais praticados no verão. Mas para quem deseja uma aventura dinâmica e democrática, que custa pouco, basta se deixar levar. Sem se esquecer de que, em primeiro lugar, está a preservação da natureza.


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SOCIAL

Uso do crack se espalha no interior de São Paulo Capital paulista aponta horizonte de combate com programa interdisciplinar “Braços Abertos” problemas por conta da chamada “epidemia” da droga. Há divergências nas formas de lidar com o vício. As mais comuns são: internação voluntária, internação compulsória e recuperação mediante trabalho ou religião, que se contrapõem. Para Dartiu Xavier, psiquiatra e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o uso do crack é um sintoma da conjuntura social desfavorável em que as pesso-

as se encontram. “A situação de rua sempre existiu antes do crack, ninguém vai para a rua por causa da droga”, informa. Dartiu explica que o fato de os usuários estarem sobrevivendo em condições insalubres dificulta a recuperação. “As pessoas acham que a dependência do crack é mais difícil de tratar que a do álcool. Isso não é verdade. Qualquer dependência é sempre difícil de tratar”, esclarece.

DIVULGAÇÃO/PREFEITURA-SP

Em 2013, um levantamento do Instituto Fiocruz identificou 370 mil usuários de crack no Brasil. O consumo da droga, antes restrito a áreas deterioradas das grandes cidades e às pessoas em situação de rua, popularizou-se em municípios do interior e atinge todas as camadas sociais. No Estado de São Paulo, segundo dados da Confederação Nacional dos Municípios, 70% das cidades enfrentam

Paulo Sergio Souza, de 35 anos, é funcionário de uma empresa de limpeza pública em São Paulo, desde agosto. Há um ano, no entanto, o trabalhador fazia parte do enorme contingente de pessoas que habitam as calçadas da “cracolândia”, onde viveu durante seis anos sob as asas da droga. Em janeiro de 2014, ele passou a fazer parte do programa Braços Abertos, da Prefeitura de São Paulo, que consiste em frentes públicas de trabalho oferecidas para a população usuária de droga e moradora de rua em troca de salário, alimentação e

DIVULGAÇÃO/PREFEITURA-SP

“Braços Abertos” abre as portas para a superação

moradia (alugada em pensão). Atualmente, 470 pessoas são beneficiadas. Em julho, Paulo saltou para um trabalho formal com

carteira assinada. “Tinha perdido o emprego, a casa, e aí fui para a rua. Quando você entra ‘na droga’, fica com vergonha da sua família. Mas eles nunca

me viraram as costas. Hoje, eu voltei a ver a minha filha, que está com 10 anos, e a sensação é maravilhosa. O trabalho no projeto mostrou que a gente é capaz de virar o jogo e superar essa situação”, comemora. Mauricio Dantas, um dos coordenadores do programa social, frisa que o trabalho era uma demanda dos próprios usuários. “Eles precisavam de uma alternativa de renda e de interrupção da dinâmica da fissura que o crack provoca”, diz. Somente em 2014, foram realizados 28 mil atendimentos não compulsórios aos usuários que trabalham no projeto dentro da diretriz de redução de

danos, que por sua vez é o carro-chefe da Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras drogas. Semanalmente, Dantas é procurado por municípios do interior de São Paulo, de outros Estados e até mesmo por outros países do exterior. “Já recebi autoridades do Canadá e da África do Sul interessadas no projeto. O Braços Abertos ganhou visibilidade e tornou-se referência, mas é preciso lembrar que ele não pode ser transportado automaticamente para outro lugar. É necessária uma adaptação”, pondera.

“Nenhuma crença vai substituir o tratamento de saúde” Nas zonas rurais do interior proliferam-se os centros de acolhida, uma forma tradicional de tratamento aos usuários de drogas. No Esquadrão da Vida, em Marí-

lia, o tratamento é voluntário, mas, além da saúde, a religião também entra em pauta. “Nós usamos a Bíblia como material didático, porque achamos que a leitura aju-

da na libertação das drogas. A entidade é evangélica, mas ninguém precisa se converter”, explica Kin Cogu, coordenador de tratamento da entidade, que hoje abriga 14 homens.

Para Dartiu Xavier, apesar de bem-intencionadas, muitas dessas instituições não têm equipes de saúde suficientes. “Eu não tenho nada contra a religião, mas as pessoas não

podem confundir essas doutrinas com tratamento de dependência de droga. Nenhuma crença religiosa vai substituir o tratamento de saúde”, explica.


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6 SUSTENTABILIDADE

Cultivo de palmito pupunha aponta para o futuro O cultivo do palmito pupunha cresce a passos largos no Vale do Ribeira. A industrialização do produto começa a se destacar como uma das principais atividades econômicas da região, gerando emprego e renda, sendo também uma alternativa sustentável ambientalmente. A pupunha é originária da floresta equatorial, de clima quente e úmido, e começou a ser disseminada em Itariri em 1996. Naquele ano, a Coordenadoria de Assistência Técni-

GIOVANNI GIOCONDO

Confiável e ecologicamente correto, alimento pode valorizar agricultura familiar na cidade

ca Integral (CATI), órgão ligado à Secretaria Estadual de Agricultura, desenvolveu um

projeto em parceria com o biólogo Ricardo Oliveira, dono do Sítio Modelo, onde foram

plantadas inicialmente 1.500 mudas da espécie. No ano seguinte, o sítio tornou-se um laboratório do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). “A pesquisa do IAC sobre adubação e calagem (aplicação de calcário para correção da acidez do solo) era feita aqui. Nós víamos qual seria o melhor tipo de adubo e a quantidade de calcário para as plantas com foco na região, que tem ‘vocação’ para esse tipo de cultura”,

relata Ricardo. À frente das orientações estava Marilene Bovi, a maior especialista em palmáceas do mundo e doutora em Genética ligada à Agronomia pela Universidade da Flórida. Ela usava o sítio para sua pesquisa de campo, trazendo na bagagem mais de 35 anos de pesquisas na área. A parceria durou uma década, e só acabou porque a professora faleceu em 2006, vítima de acidente aéreo.

Antes da chegada da pupunha, um problema que envolvia o palmito na região era a extração da juçara, espécie nativa da Mata Atlântica, que demora sete anos para começar a produzir. O biólogo Ricardo Oliveira explica as consequências do corte da palmeira: “Você tira 400 gramas de palmito e mata uma planta que daria alimento pra 70 espécies de aves e mamífe-

GIOVANNI GIOCONDO

Extrativismo da juçara x profissionalismo da pupunha

ros, que por sua vez fariam a dispersão desta e de outras espécies pela mata”, alerta. O corte da juçara foi proi-

bido por lei em 2006 e abriu espaço para a profusão da pupunha. Segundo o engenheiro agrônomo Marcus de Lima Neto, “a pupunheira se mostra a única palmeira economicamente viável para o sistema agrícola tradicional”. Fatores como a produção levar dois anos para a primeira colheita e a longevidade da planta, que produz durante 15 anos sem substituição da muda, tornam o produto atra-

tivo para a agroindústria. É possível plantar até 20 mil mudas de pupunha em quatro hectares de terra. Com o manejo sustentável, tiram-se até duas toneladas por ano, por hectare. As facilidades climáticas, topográficas e de solo da região favorecem o modelo da agricultura familiar, que pode gerar uma renda de até R$ 1.500 ao mês. Para Marcus, “o agricultor

que optar por produzir suas próprias mudas ou adquiri-las de um viveiro certificado deve atentar à origem do material genético de onde foram coletadas as sementes”. Para o engenheiro agrônomo, a qualidade e a segurança do palmito pupunha fazem com que ele seja competitivo em relação aos concorrentes, principalmente o da variedade Açaí, produzido no Pará.

Empregos e qualidade

Na hora da compra

Há dois anos, foi aberta uma fábrica de conserva do palmito, que emprega 23 funcionários. Entre eles está o auxiliar de produção Luis Fabiano Martins, de 27 anos, que já trabalhou com o corte da juçara. “Na fábrica a gente tem mais estrutura, e o manuseio da pupunha é mais prático. No mato tem risco de

Segundo o nutricionista Marcello Amado, é importante que o consumidor observe se a cor da salmoura do palmito em conserva está clara e límpida, o que comprova a sua qualidade. Outra dica é lavar e em seguida ferver os palmitos na água por 15 minutos, para que o produto perca o excesso de sódio.

cobra e fica longe do socorro médico”, revela. As hastes do palmito chegam in natura à fábrica e passam por um processo de segurança que inclui a recepção e a limpeza, o corte e a classificação, o envase, o preparo e a adição de salmoura, a correção de PH, o fechamento, a pesagem e o tratamento térmico do alimento. Todos os trabalhadores

precisam usar galochas, luvas, máscaras e toucas, a depender da função. A engenheira de alimentos Cristina da Conceição, responsável pela produção, acredita que esses cuidados eliminam os riscos de desenvolvimento de micro-organismos no palmito, como o Clostridium botulinum, que causa o botulismo.

“Pouco calórico (100 gramas geram 18 quilocalorias) e rico em fibras, o palmito pupunha é uma ótima opção para o uso variado no cardápio e nas dietas com baixa ingestão calórica”, diz. O alimento também fornece cálcio, ferro, magnésio, fósforo, potássio e as vitaminas A e do complexo B e C.


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FUTEBOL

CBF e federações jogam contra clubes do interior

DIVULGAÇÃO

Nas últimas décadas, o futebol profissional tem se tornado cada vez menos democrático para os pequenos clubes do Brasil, geralmente localizados no interior. Dirigentes e torcedores dessas equipes são unânimes em apontar a ausência de um calendário “mais recheado” de competições ao longo de todo o ano como uma das causas, com o agravante da falta de recursos financeiros para sustentar a estrutura profissional. É o que pensa Luciano Sato, gerente de futebol e técnico das categorias de base do Esporte Clube Noroeste, de Bauru. Atualmente na 4ª Divisão do Campeonato Paulista, a equipe campeã da Copa

ARQUIVO PESSOAL

Calendário e falta de recursos são os principais entraves para atletas, torcedores e dirigentes Por Giovanni Giocondo

Jogadores do Independente Futebol Clube concentrados antes do jogo; Paulo Santana Neto, torcedor do Marcílio Dias

Paulista em 2012 (torneio para equipes que não disputam as divisões do Brasileirão e premia com vaga na Copa do Brasil) não disputou competições no 2º semestre deste ano. “A Copa Paulista é muito importante para os clubes do interior, mas financeiramente não compensa. Nós até con-

seguimos manter uma base de jogadores para a disputa da Série A-2 no ano seguinte [2013], mas perdemos nosso patrocinador principal e alguns atletas que se destacaram receberam propostas melhores de clubes que disputam o Campeonato Brasileiro e foram embora”, lamenta.

Como alternativa, Sato diz que o Norusca deve apostar nos jovens que disputarão a Copa São Paulo de Futebol Júnior, em janeiro, para formar a base da equipe profissional do ano que vem. O presidente do Independente Futebol Clube, de Limeira – que neste ano chegou

às semifinais da Copa Paulista e subiu para a Série A-2 do estadual –, Marcelo de Assis, entende que sem dinheiro não há perspectiva de sobrevivência para as equipes menores. “A Federação Paulista de Futebol paga R$ 120 mil a cada clube da Segunda Divisão, mas tira R$ 40 mil para pagar arbitragem, exame antidoping e outras despesas. Quem consegue manter uma folha salarial, mesmo que barata, com esses valores?”, critica. Para efeito de comparação, os valores pagos aos clubes do interior que estão na Série A-1 variam entre R$ 2 milhões e R$ 2,5 milhões. São Paulo, Corinthians, Santos e Palmeiras recebem o dobro.

Ativismo de jogadores e sua pauta de reivindicações 2013 com o objetivo de tornar mais efetiva a participação dos atletas na gestão do futebol, também informa que cerca de 16 mil jogadores ficam desempregados ao fim dos campeonatos estaduais. O goleiro Roberto Volpato, da Associação Atlética Ponte Preta, é um dos integrantes

GUILHERMEDORIGATTI/PONTEPRESS

Levantamento do Bom Senso F.C. mostra que 583 clubes brasileiros ficam mais de seis meses sem disputar competições na temporada. Em média, essas equipes disputam apenas 17 partidas por ano, enquanto as grandes podem jogar até 85. O movimento, criado em

do Bom Senso F.C. O atleta afirma que é preciso urgência para mudar esse quadro. “Sou um atleta profissional, mas antes de tudo sou um cidadão. Por isso, além de defender os interesses do meu clube, volto o olhar para o lado social do futebol”, pondera. “Foi por esse motivo que me

uni ao Bom Senso, que apresentou ao público propostas com foco na democratização do calendário, incluindo a criação de uma Série E do Brasileiro, para que todos os clubes e atletas se mantenham em atividade, e os torcedores retomem sua paixão pelo esporte”, constata.

Torcida entra em campo para batalhar pelo futebol O professor Lucas Sartorelli, de 29 anos, é torcedor do Noroeste. Para ele, a reformulação do calendário do futebol brasileiro tem que partir da redução das datas dos campeonatos estaduais – o Paulistão chega a durar quatro meses – e da melhor distribuição das

equipes menores na Copa do Brasil e nas Divisões do Campeonato Brasileiro, gerando mais atividades ao longo da temporada. E quem bancaria os custos e as viagens? “A CBF, com seus lucros astronômicos”, responde Lucas. O torcedor considera inadmissível a situação

atual do Norusca. “Mas não dá pra culpar só a administração. Hoje, muitos dirigentes praticamente bancam a temporada do próprio bolso, porque de fato não há apoio financeiro”, conta. Não é somente no Estado de São Paulo que as dificuldades dos clubes pequenos se

transformam em suplício. Paulo Santana Neto, consultor empresarial de 24 anos, fã do Clube Náutico Marcílio Dias, de Santa Catarina, conta que seu time está inativo desde abril, quando terminou o estadual. “A Federação [Catarinense de Futebol], que tem o mesmo presidente há 30 anos, prome-

teu uma vaga na Série D e não cumpriu, além de não ter feito a Copa SC, que daria essa vaga. Agora, o clube só volta a jogar em fevereiro de 2015. O torcedor, obviamente, fica chateado com a situação, o quadro de sócios cai e não há como criar vínculo com o time”, explica.


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8 FOTO SÍNTESE –

PONTE DO RIO DO AZEITE (BAIRRO IGREJINHA)

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

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Capacidade identificada no programa de Silício (símbolo) calouros

Pode ser evitado com a redução do tempo no banho

© Revistas COQUETEL

Forma do movimento da cobra

Flagrante Adereço (?): evi- que Dilma dência de recebeu de Lula infração

Vigilância (?): interdita bares

Arte militar Fazer passar por um filtro (o café)

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

© Revistas COQUETEL

Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9. Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). SUDOKU Adereço que Dilma recebeu de Lula

Empresa que publica livros e revistas

O hemisfério acima do equador (abrev.)

"(?) de Elite", filme com Wagner Moura (?) da Agricultura Familiar: 2014 (ONU)

Desloco (o móvel) sem levantar do chão Medida de terrenos equivalente a 100 m2

Arte militar

Fazer passar por um filtro (o café)

Letra que www.coquetel.com.br

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Empresa os espaços O hemisfé(?) da ADesloco Preencha vazios comgricultura algarismos de 1 a 9. que publirio acima (o móvel) ca livros e do equador sem levanFamiliar: revistas tar do chão 2014 (ONU) Os algarismos não (abrev.) podem se repetir nas linhas verticais e Medida de terrenos horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). equivalen-

Soldado que coletava impostos e servia ao império, na época feudal do Japão

Brinquedo infantil que rodopia

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"Internacional", em OIT

© Revistas COQUETEL Brinquedo infantil que rodopia

Em consequência de

Soldado que coletava impostos e servia ao império, na época feudal do Japão

Curso popular de conservatórios Fantástico

Terra, em inglês

(?) dog, sanduíche com salsicha

Curso popular de conservatórios Fantástico

Dez, em inglês

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Zack Snyder, cineasta de "300"

Dom João (?): fundou o Banco do Brasil

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Solução S T R A A N L I I E I T N A T O R O I S A Ã O D R I C AN O L O A M A M I S

5 7 2 4 1 8 3 6 9

3 6 8 9 2 7 5 4 1

1 5 4 8 6 3 7 9 2

Solução

76

D

4 9 3 2 5 6 1 7 8

6

6 5 D E A S P S E R E D P I C V IO D F E G A G U IN A

24

3/hot — ten — vie. 4/idos — land. 6/violão. 7/feérico. 12/inadmissível.

5 6

Dez, em inglês Mastiga outra vez (?) de março, dia da morte de Júlio César (Hist.) (?) de perdição: lugar sórdido

Carbono (símbolo) Vida, em francês

(?) de março, dia da morte de Júlio César (Hist.) (?) de perdição: lugar sórdido

6

Peça dos óculos Cidade gaúcha

Parte da Imprimem psique movimento de rotação (Psican.) a

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL Mastiga

BANCO

(?) dog, sanduíche com salsicha

Peça dos óculos Cidade gaúcha

Parte da Imprimem movimento psique de rotação (Psican.) a

O que "trava" quando fala Ponto, no futebol O erro, para o perfeccionista

Terra, em inglês

te a 100 m2

5 7 2 4 1 8 3 6 9

6 8 1 7 3 9 4 2 5

7 4 9 1 8 5 2 3 6

8 1 6 3 7 2 9 5 4

2 3 5 6 9 4 8 1 7

9 2 7 5 4 1 6 8 3

3 6 8 9 2 7 5 4 1

1 5 4 8 6 3 7 9 2

Solução

6000243

4 9 3 2 5 6 1 7 8

VALE O QUE VIER As mensagens podem ser enviadas para jornalbrasilatual@gmail.com ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

O que "trava" quando fala Ponto, no futebol O erro, para o perfeccionista

3 7

BANCO

4

Carbono (símbolo) Vida, em francês Zack Snyder, cineasta de "300"

Dom João (?): fundou o Banco do Brasil

Maior bioma do Brasil

3/hot — ten — vie. 4/idos — land. 6/violão. 7/feérico. 12/inadmissível.

3 2

7

Em consequência de

76

Solução

I

"(?) de Elite", filme com Wagner Moura

Impresso com informações de remédios

"Internacional", em OIT

identifica o sotaque inglês

C O A R

Seguidoras de um artista

algarismos romanos

A N T E

© Revistas COQUETEL 52, em

Continente de origem do ginseng

F A I X PA R E S I D E N C I A L

O voto no candidato inexistente

Letra que identifica o sotaque inglês

V I E

Flagrante (?): evidência de infração

Vigilância (?): interdita bares

Seguidoras de um artista

D E G L O I T R O A B R U R L A A S T R O EM O N I V

Forma do movimento da cobra

52, em algarismos romanos

S S T R A T I A N U L I I T E I T N A N I T O R A Ã O I S A M L Ã O D H E R I C O AN T G O O L O A M A Z D M I S S

Capacidade identificada no programa de Silício calouros (símbolo)

Pode ser evitado com a redução do tempo no banho

Continente de origem do ginseng

D E A S P S E R E D P I C V IO D F E G A G U IN A

www.coquetel.com.br

WWW.ITARIRI.COM.BR

O voto no candidato inexistente


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