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Jornal Regional de Itariri

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nº 23

OBRAS

Abril de 2015

MEIO AMBIENTE

ABANDONARAM O BAIRRO Paralisação de pavimentação deixa ruas esburacas e alagadas em Nova Itariri APP Morador invade Área de Proteção Ambiental em Raposo Tavares

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SAÚDE

DENGUE Mudança climática não impede que o perigo ainda ronde a cidade

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CULTURA CRISE DA ÁGUA

A CULPA É MESMO DE SÃO PEDRO? Especialistas rebatem versão oficial e explicam que ciclos de seca podem ser previstos com tecnologia Pág. 4

TEATRO Parceria dissemina artes cênicas por vários espaços da cidade

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2 MEIO AMBIENTE

APP é invadida em Raposo

EDITORIAL Uma agenda conservadora avança no Brasil. No final de março, foi aprovada a constitucionalidade da Proposta de Emenda Constitucional 171/93, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, com o objetivo de reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos, atropelando o Estatuto da Criança e do Adolescente. Além de ser uma medida que não funcionou em nenhum lugar do mundo, a PEC escancara a forma como o pensamento conservador entende a violência no Brasil: como causa, não consequência. Consequência da falta de investimentos em educação, da falta de oportunidades para os nossos jovens, da falta de equipamentos públicos de esporte, cultura e lazer. A greve do professorado paulista exemplifica como os governos brasileiros não levam a sério a educação do seu povo. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) não mostra disposição em negociar com o sindicato da categoria, e menospreza os atos políticos dos educadores, que enfrentam diariamente salas superlotadas, com escolas literalmente em ruínas, para ganhar salários miseráveis. Aceitar a tramitação da PEC 171/93 no Congresso é admitir que falhamos como sociedade, que não sabemos lidar com seres humanos em formação. Relegar jovens de 16 anos ao sistema prisional significa alimentar ainda mais a máquina da violência – segundo a Fundação Casa do Estado de São Paulo, a taxa de reincidência de crimes dos jovens internos é de 13%; já no sistema prisional estima-se reincidência de 70%. Existem duas premissas para tratar esse caso de forma leviana: ou é má-fé de setores interessados no encarceramento em massa, uma vez que alguns países já privatizaram suas cadeias, e para o “negócio” ser rentável é preciso que se tenha maior número de presos; ou é inocência comparada ao “Mito da Caverna”, do filósofo grego Platão, em que a pessoa só consegue enxergar o mundo das aparências.

Uma Área de Proteção Permanente (APP), localizada no bairro Raposo Tavares, próximo à subestação da Sabesp, foi ocupada irregularmente por um morador do bairro no início de janeiro, e não foi coibida até o fechamento desta edição. O local é uma reserva de Mata Atlântica, com grande variedade de espécies, além de pelo menos dez nascentes de água. Com a ajuda de ferramentas, o homem ainda não identificado começou a carpir o terreno, que, segundo vizinhos, ele diz ser parte do seu quintal. Além do desmatamento, ele também começou a plantar mudas de banana no espaço onde outras pessoas passaram a jogar lixo. Segundo a bióloga Ana Bontorim, o desmate de uma APP é extremamente prejudicial ao ecossistema, já que, além de retirar as plantas, faz com que os animais fiquem sem abrigo e alimento, eliminando seus nichos. “Outra questão grave é com relação às nascentes, que sem a cobertura vegetal podem sofrer erosão, não permi-

GIOVANNI GIOCONDO

Morador do bairro desmata terreno de posse da CDHU

tindo a infiltração da água no solo. Pode até mesmo alterar a temperatura da região”, explica a bióloga. Outros moradores do bairro denunciaram a invasão à Prefeitura de Itariri. Técnicos do setor de engenharia da administração municipal foram até o local e, após localizarem nos arquivos do município a planta baixa do terreno, verificaram que a área é de posse da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), do governo do Estado de São Paulo. Os vizinhos contataram a Polícia Militar Ambiental. A

reportagem do Brasil Atual tentou falar com a corporação, mas foi informada de que não poderia ter informações sobre o caso, porque denúncias dessa natureza são de caráter sigiloso e protegidas por lei federal. A reportagem também tentou contato com a assessoria de comunicação da CDHU, mas não obteve resposta a respeito do problema. O morador acusado de desmatar a área também não foi localizado. Caso seja responsabilizado pelo dano à APP, ele pode pegar entre um e três anos de prisão, mais multa por crime ambiental.

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SAÚDE

Dengue ainda assusta, apesar da mudança climática Mesmo com o fim do verão, o mosquito Aedes aegypti não dá sossego à população de Itariri e a contaminação pelo vírus da dengue continua. Segundo dados da Diretoria Municipal de Saúde, de janeiro a março foram confirmados 261 casos da doença, sem nenhum óbito. A situação, no entanto, ainda preocupa devido a uma série de fatores que comprometem o combate aos criadouros do mosquito. A grande quantidade de terrenos baldios, públicos ou particulares, possuem centenas de embalagens de plástico descartadas irregularmente, que são depósitos em potencial dos ovos do inseto devido as águas das chuvas. A dona de casa Viviane dos Santos, de 30 anos, é vizinha de uma casa abandonada há cerca de dois meses no bair-

GIOVANNI GIOCONDO

Departamento de Saúde diz que pior já passou; moradores reclamam de criadouros do mosquito

ro Raposo Tavares, que está infestada de focos da dengue. Ela diz que vai ter de agir por conta própria para retirar os recipientes cheios de água no quintal alheio. “Se o Poder Público não se mexe, a gente mesmo precisa se virar para eliminar os focos”, afirma.

Segundo Jocemar Pacheco, diretor do Departamento de Saúde de Itariri, apesar dos mutirões e das campanhas de conscientização feitas desde o início do ano, muitas pessoas ainda jogam o lixo em local inadequado. “Depois a população tele-

fona e pede para a Vigilância Sanitária limpar um terreno particular. O Departamento de Saúde pode até notificar o proprietário, multar. Às vezes, faz até algo que foge da sua obrigação, que é jogar um produto para eliminar as larvas, mas isso não é o correto”, esclarece.

A Vigilância Sanitária, por outro lado, sofre com a falta de estrutura para poder trabalhar. Não há funcionários suficientes para atender a todas as demandas, que não estão ligadas apenas à dengue. A Vigilância também não possui veículos para efetuar deslocamentos desde fevereiro, quando a viatura oficial sofreu perda total em um acidente e não foi substituída. Outro problema é a não contratação de agentes de endemias pelo município. Em 2014, foi feito um concurso público para a função, mas nenhum dos quatro candidatos aprovados teve interesse em assumir o posto. Já em 2015, um segundo concurso realizado ainda não efetuou a nomeação dos futuros funcionários, mesmo com o alto número de casos da doença.

Apesar do número oficial de casos, muitas pessoas com sintomas da dengue sequer são submetidas à sorologia e se encaixam nas chamadas subnotificações da doença. A dona de casa Josiane dos Santos, de 33 anos, também moradora do bairro Raposo Tavares, teve três casos não confirmados na família, inclusive seus dois filhos pequenos. Segundo ela, a ida ao posto de saúde, no Centro, para fazer o exame em um dia, e o retorno no dia seguinte para buscar

GIOVANNI GIOCONDO

Número de contaminados pode ser muito maior

os resultados “não compensa, porque a pessoa é obrigada a gastar com a passagem de ônibus várias vezes”. “Fora o tempo de espera dentro do posto de saúde,

não vale a pena. Por isso acho que o número de casos é bem maior do que o divulgado”, diz, ressaltando que muitos acabam preferindo se tratar por conta própria.

Para o diretor do Departamento de Saúde, o problema maior já passou e o Posto de Saúde Central, mesmo em reforma, já está mais “calmo” com relação ao número de pessoas que procuram atendimento médico após apresentarem os sintomas da doença. Um dos trabalhos que parecem ter surtido efeito na redução de casos é a pesquisa elaborada pelo médico Francisco Piña Rios. Integrante do programa Mais Médicos, do governo federal, o cubano diagnosticou a dengue como o

“inimigo número um de Itariri”, ainda em 2014, devido às condições climáticas da região. A partir daí, Piña Rios desenvolveu um projeto de prevenção, que incluiu orientação aos pacientes antes das consultas eletivas, além de palestras em escolas, e também um trabalho comunitário de atenção básica, feito em conjunto com a população. Na opinião do médico, “isso tem sido fundamental para reduzir o número de casos da doença”.


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4 CRISE DA ÁGUA

Ciclos de seca e de muita chuva podem ser previstos

HUGO ARCE/FOTOS PÚBLICAS

Especialistas contestam ideia de que a estiagem seja principal causa da crise

A baixa quantidade de chuvas que caiu sobre o Estado de São Paulo em 2014 é apontada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e pela Secreta-

70 anos, quando choveu sobre o Sistema Cantareira (que atende à região metropolitana da capital e a algumas cidades do interior) pouco mais da metade da média anual, que é de 1.581 milímetros.

ria Estadual de Recursos Hídricos como o principal fator que levou à atual crise do sistema de abastecimento de água. Para essas autoridades, São Paulo vive sua pior estiagem em

Especialistas, no entanto, discordam dessa afirmação com base em estudos científicos, revelando que o Estado poderia ter se preparado melhor para enfrentar o período de seca, tão recorrente quanto o de excesso de chuvas. Em fevereiro deste ano, por exemplo, choveu sobre o Cantareira mais de 30% acima da média ante o mesmo mês de anos anteriores. Um dos profissionais que contesta a versão do governo Geraldo Alckmin (PSDB) é o meteorologista Carlos Augusto Rodrigues, chefe do Instituto de Astronomia e Geociências da Universidade de São Paulo (IAG-USP). Para Rodrigues, a “pior seca da história” é uma informação que não procede. “É inadmissível que, mesmo com

por Giovanni Giocondo

tanta tecnologia disponível, o Estado não tenha detectado onde chove mais constantemente”, explica. O meteorologista afirma que só é possível fazer a previsão de chuvas para os próximos três meses, mas quando se olha a série histórica, dá para verificar que tudo ocorre dentro de um ciclo.“Em 2003 e 2007, houve uma estiagem tão forte quanto a de 2014, assim como choveu bem acima da média em 2011 e 2009.” Segundo Rodrigues, a variação na quantidade de chuvas é um fenômeno previsível. “Não adianta culpar São Pedro. O que é preciso é ter planejamento para construir reservatórios em locais onde a precipitação é maior, e isso não foi feito”, critica.

Os “segredos” do armazenamento da água GIOVANNI GIOCONDO

Segundo o engenheiro civil Antonio Carlos Zuffo, a principal função dos reservatórios é a de armazenar a água acumulada no período de chuvas para o uso posterior, quando no período das secas. “O problema é que o Sistema Cantareira foi projeta-

do na baixa, ainda na década de 1960, e hoje é operado na alta. O reservatório nunca deu conta de suportar a quantidade de chuvas que caíram ao longo dos anos”, revela. Membro da Rede Internacional de Centros de Conhecimento do Setor da Água (Ral-

cea), Zuffo lembra que em São Paulo, entre as décadas de 1940 e 1970, choveu menos que entre 1970 e 2010, e que o consumo doméstico caiu de um período para o outro. “Então por que estamos em meio a uma crise de abastecimento? Porque as obras

necessárias não foram feitas e a Sabesp, em vez de seguir as recomendações da Agência Nacional de Águas (ANA) de liberar a água que sobrou em determinada época, preferiu retê-la para vender mais cara a indústrias e empresas”, denuncia.

Desperdício de dinheiro em ações inúteis Enquanto não investiu na ampliação de seus reservatórios, o governo de São Paulo gastou somas consideráveis em ações que, para Rodrigues, estão literalmente “chovendo no molhado”.

Uma delas é o chamado “bombardeamento de nuvens”, no qual um avião joga gotículas de água dentro das nuvens para tentar “estimular” a chuva. “Existem pareceres técni-

cos que mostram que as empresas que fazem esse serviço só entram na nuvem quando a chuva já está acontecendo, apenas adiantando a precipitação”, diz. O meteorologista conta que

essa tecnologia é muito cara e inútil em São Paulo, onde as nuvens são altas e frias, o que não gera chuva. “Esse processo funcionaria no sertão do Nordeste, onde as nuvens são mais quentes e

mais baixas. Aqui, essas formações de nuvens chegam a alturas de dez quilômetros. Para mim, o uso desse recurso não passa de desperdício. É financeiramente inviável”, explica.


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OBRAS

Nova Itariri continua à espera de pavimentação de ruas Verbas congeladas fazem com que as ruas esburacadas do bairro permaneçam alagadas

FOTOS GIOVANNI GIOCONDO

Uma situação de calamidade atinge o bairro de Nova Itariri, considerado um dos mais carentes em serviços públicos do município. O motivo? A falta de asfaltamento e drenagem de três ruas que, faça chuva ou faça sol, permanecem alagadas devido a uma obra que foi iniciada em setembro de 2014 e abandonada em dezembro. Em dezembro de 2010, a Prefeitura de Itariri assinou contrato com o Ministério das

Cidades, do governo federal, que previa a pavimentação asfáltica e a construção de guias,

sarjetas e a drenagem pluvial das ruas 9, 12 e 17. Na ocasião, o projeto não foi iniciado de-

vido às regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que impedem a abertura de licitação

durante período de eleições. Segundo Vilma Silva, diretora municipal de Obras, a nova administração manteve o convênio, abriu licitação em 2013 e conseguiu iniciar o trabalho em setembro do ano passado, com previsão de término em março. A diretora disse à reportagem do Brasil Atual que o projeto foi interrompido em dezembro em razão da falta de repasses por parte do Ministério das Cidades.

Moradores criticam demora na conclusão do projeto chegar. O caminhão para longe e os funcionários tem que vir aqui pegar o lixo, porque se tentar passar, atola no barro”, relata. O pedreiro Elias Lopes, de 37 anos, que vive com a esposa e os dois filhos na Rua 9, acredita que o problema é responsabilidade da administração municipal.

GIOVANNI GIOCONDO

A aposentada Marli de Oliveira, de 62 anos, residente na Rua 12 há mais de 20 anos, diz que o bairro foi esquecido pelo Poder Público. “Está um desastre, ‘buraqueira’ para todo lado. A água toma conta e invade as casas, inclusive a minha. Nem o lixeiro consegue

“Rebaixaram a rua e fizeram malfeito. Se não tinha dinheiro para continuar as obras, era melhor deixar as ruas de terra, que não alagavam”, reclama. Para ele, a falta de planejamento atrapalha principalmente os mais novos, que, nos dias de chuva, precisam andar mais para chegar até a escola.

Em março, moradores do bairro participaram de uma sessão da Câmara Municipal e cobraram um posicionamento dos vereadores. Entretanto, as promessas dos parlamentares não podem se materializar, porque a liberação de recursos é de responsabilidade do Ministério das Cidades.

Trâmites burocráticos adiam solução do caso O contrato entre a Prefeitura de Itariri e o Ministério das Cidades foi assinado em 2010, e previa um investimento de R$ 253.776,56 para as obras de pavimentação das ruas 9, 12 e 17. Ao Ministério cabia o repasse de R$ 196.400,00. Segundo informações da Caixa Econômica Federal, que é responsável por inter-

mediar a negociação e fiscalizar o andamento das obras, apenas R$ 2.533,56 foram depositados até o momento. Ainda de acordo com o banco, em setembro de 2014, a Prefeitura pediu a reprogramação do cronograma das obras, aceito em outubro. Em janeiro deste ano, a administração municipal solicitou a liberação dos recursos para

continuar com o trabalho. Após uma vistoria feita no dia 4 de fevereiro, a Caixa constatou que apenas 20% do projeto havia sido concluído, e que havia pendências que impediam a liberação do dinheiro. A falta de fornecimento de notas fiscais, das planilhas de custos e da contrapartida financeira da Prefeitura eram algumas delas. O contrato tem vali-

dade até 31 de julho deste ano. Em nota, a assessoria de comunicação do Ministério das Cidades informou que o restante do dinheiro ainda não foi liberado porque a medição de serviços só foi realizada em fevereiro, e que esta apontou um custo de R$ 38.000. O repasse das verbas referentes a essa medição, segundo a pasta, segue “trâmites de rotina”,

sem impedimentos no andamento das obras. A diretora municipal de Obras, Vilma Silva, afirma que enquanto o repasse não for feito, a Prefeitura vai colocar cascalho na Rua 12 para remediar a situação. “É o único material que temos. É um paliativo para não deixar as pessoas totalmente desprotegidas”, informou.


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6 TURISMO

Cachoeira do Dudu encanta turistas em Raposo Tavares

FOTOS GIOVANNI GIOCONDO

Queda d’água de 20 metros, piscina natural e trilhas são algumas das atrações do passeio Distante cerca de 30 km do Centro, na saída do Bairro Raposo Tavares, a Cachoeira do Dudu, como é conhecida entre os frequentadores, encanta já no primeiro olhar diante de suas águas límpidas. Uma queda d’água de mais de 20 metros de altura, com uma piscina natural de pequena profundidade, são suas maiores atrações. A atmosfera do lugar, que recebe muitos turistas aos finais de semana e feriados prolongados, beira a paz: ar puro e pessoas convivendo em harmonia com a fauna e a flora em uma das principais atrações turísticas de Itariri. Aqueles que chegam ao local pela parte de cima do Rio Guanhanhã precisam passar sobre algumas pedras, a maioria delas grandes e firmes. A princípio, o desafio pode assustar a quem se considera “despreparado” para superar obstáculos naturais. Mas a confiança aumenta gradativamente a cada passo da aventura. O vasto verde da Mata Atlântica preenche toda a caminhada do rio e surpreende pela variedade de espécies vegetais. O canto de pequenos pássaros cria a sonoridade ideal da trilha rumo à tranquilidade. Para um passeio menos arriscado até a Cachoeira do Dudu, famílias inteiras costumam ir por uma pequena estrada de terra improvisada – em épocas chuvosas, ela costuma ficar interditada, permitindo o acesso apenas a pé. Os interessados em desfrutar da Cachoeira do Dudu podem pegar maiores informações sobre rotas e trilhas através do Departamento Municipal de Turismo pelo telefone 3418-1468.


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CULTURA

Casa da Cultura e “Pé de Ator” criam parceria frutífera Os recursos são mínimos e as perspectivas de que eles cheguem não são animadoras, mas a vontade de fazer com que a arte se espalhe pela cidade é maior do que a realidade pela qual passa a Casa da Cultura. Com projetos inovadores, gratuitos e apoio de muitos voluntários para aulas de música e teatro, o espaço tem garantido o acesso à arte aos itaririenses. Um dos vetores de crescimento desse trabalho é o projeto da companhia Pé de Ator, que promove teatro itinerante na cidade. O espetáculo Desfavorecidos, da trupe liderada

por Alexandre Andrade, em cartaz desde 2013, mira o público juvenil. Já para as crianças, encenações de livros do escritor Monteiro Lobato dão o tom em escolas municipais e estaduais. Este trabalho de Alexandre começou na vizinha Peruíbe, em 2011, quando montou a companhia ao lado de dois amigos. A princípio, a ideia do trio era permanecer no teatro amador, mas, no ano seguinte, a trupe teve a oportunidade de fazer apresentações em escolas, com a modalidade “contação de histórias” para o público infantil. O encontro da companhia

FOTOS DIVULGAÇÃO

Grupo teatral apresenta peças em vários espaços da cidade e promove iniciação para crianças

Pé de Ator com a diretora do Departamento de Cultura de Itariri, Nancy Domingues Egidio, foi obra do acaso. Ela

As recompensas do teatro

Para Alexandre Andrade, atuar em uma cidade onde não existe qualquer tipo de estrutura no setor cultural é desafiador. “Você tem que ter a sensibilidade de fazer essa arte de uma forma simples, mas ao mesmo tempo mostrá-la enquanto elemento transformador”, ressalta o ator, que

acredita ser fundamental fazer com que a população compreenda a importância do teatro na vida do ser humano. As apresentações ocorrem nas ruas, nas escolas e até mesmo nas igrejas da cidade. Entretanto, a trupe passou a trabalhar também dentro da Casa da Cultura, mas agora com uma base de jovens interessa-

dos em fazer parte do mundo do teatro. Atualmente, 30 crianças, de 7 a 12 anos, participam das oficinas gratuitas ministradas por Andrade. O ator diz observar e admirar a entrega e o interesse que os alunos têm pelas aulas, aproveitando cada ensinamento. “Para mim, como profissional, é mais que gratificante. Me faz crescer enquanto artista e pessoa”, afirma. “O teatro pode ser libertador porque ajuda o jovem a ser um pensador mais consciente em relação ao mundo e a seu meio, a pessoa aprende a se libertar de si mesma”, complementa.

conta que ficou impressionada com a atuação “tocante” da trupe nas ruas da cidade praiana, e convidou Alexandre para

trabalhar com ela. “Eu disse que não tinha dinheiro, mas tinha caminhos, e ele aceitou”, recorda.

Companhia itinerante

De Peruíbe e Itariri para todo o Estado de São Paulo. Desde 2013, a companhia Pé de Ator integra o projeto Ademar Guerra, do governo estadual, que promove a circulação do teatro em diversas cidades paulistas.

Uma “recompensa” pelo esforço, que, no entanto, ainda é insuficiente. “Estamos em busca de editais e patrocínios para continuar levando a arte para locais aonde ela ainda não chegou”, conclui.


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8 CRIANÇAS NA AULA DE “DESENHO CANTADO”

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

GIOVANNI GIOCONDO

FOTO SÍNTESE –

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