Jornal brasil atual limeira 33

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LIMEIRA

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Jornal Regional de Limeira

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GRATUUIIÇÃO TA

nº 33

SAÚDE

Abril de 2015

TECNOLOGIA

EPIDEMIA DE DENGUE Doença se alastra por toda a cidade e população se une no combate ao mosquito

INCUBADORA Espaço vai congregar novas práticas e novas ideias empreendedoras

Pág. 2

TRANSPORTE

INCERTEZA Nova concessão não assegura empregos dos antigos funcionários

Pág. 6

MÚSICA CRISE DA ÁGUA

A CULPA É MESMO DE SÃO PEDRO? Especialistas rebatem versão oficial e explicam que ciclos de seca podem ser previstos com tecnologia Pág. 3

20 ANOS Orquestra Sinfônica de Limeira expande seus projetos

Pág. 7


Limeira

2 TECNOLOGIA

Incubadora é inaugurada Novas ideias e práticas para uma economia criativa Secretário de Desenvolvimento Tecnológico Vladimir dos Santos

FOTOS: GIOVANNI GIOCONDO

Vice-governador Márcio França (PSB)

EDITORIAL Nos últimos dias 13 e 15 de março, vimos novamente a polarização em parte do país, que se arrasta desde a eleição presidencial de outubro. De um lado, movimentos sociais e centrais sindicais, apoiadores da reeleição da presidenta Dilma Rousseff; de outro, um amálgama de oposicionistas, que reúne todo tipo de pensamento conservador e retrógrado. A edição de duas Medidas Provisórias (MPs) que restringem direitos trabalhistas, como o seguro-desemprego, desagradou às bases que reelegeram a presidenta. A resposta foi propositiva e direta. Em todas as capitais do país, a CUT, o MST, a UNE e outras entidades populares saíram às ruas, no dia 13, pedindo a revogação dessas MPs, reforma política, em defesa da Petrobras e, sobretudo, em defesa da democracia. Já no dia 15, uma difusão de bandeiras genéricas se espalhou por todo o país, sem apresentar nenhuma ação concreta ou fundamentada. O discurso do ódio e a afronta aos direitos humanos transcendeu o pano de fundo da ideia de combate à corrupção. O dito “cidadão de bem” caminhou lado a lado nas passeatas com grupos neonazistas e defensores da volta da ditadura militar – quando o Estado brasileiro torturou, matou e desapareceu com seus cidadãos que pensavam diferente. Está claro que parte dos derrotados em outubro quer provocar o “terceiro turno”, desrespeitando as regras do jogo democrático. Um bom começo para atenuar esse tensionamento seria Dilma voltar-se aos trabalhadores que a reelegeram, revogando as MPs. Os setores médios não devem mudar seu posicionamento, porque ali está presente muito mais o ódio de classe e o individualismo do que um projeto de país. Mas, para que eles também não tenham que pagar pela crise econômica, a taxação das grandes fortunas pode ser uma saída para o ajuste fiscal não atingir esses dois polos, e promover uma mudança de paradigmas. É preciso mudar o receituário econômico neoliberal, presidenta.

No dia 17 de março, foi inaugurado o Centro de Inovação Tecnológica de Limeira, onde irá funcionar a Incubadora Tecnológica, que tem, segundo seus gestores, o intuito de atender a uma histórica “vocação” do município e do Estado de São Paulo para o desenvolvimento tecnológico e sustentável. Segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Tecnológico, Vladimir dos Santos, a incubadora vai distribuir para o Distrito Industrial, universidades e comunidades do entorno a inovação produzida a partir de novos projetos feitos em parceria com as empresas participantes. Até o momento, três companhias já apresentaram propostas de inovação nos setores de arqui-

tetura e informática. “Para isso, nós montamos a Associação de Ambientes de Inovação de Limeira, que vai fazer a gestão da incubadora, do Centro de Inovação e do parque tecnológico [que será construído conforme a demanda das empresas incubadas] através de um convênio com a Prefeitura, que agora só precisa de regulamentação”, esclareceu o secretário, que estima em até quatro anos o prazo para que uma empresa possa sair “apta” a desenvolver com autonomia o aprendizado obtido na incubadora. O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação e também vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), disse que a incubadora

é uma “semente” para atrair novas ideias. “O importante é ter um formato correto, sem pular etapas, e que crie mecanismos para promover a inovação, gerar empregos e difundir a tecnologia sem a pressa que atrapalha o processo”, explicou. França ainda usou dos exemplos da Europa, do Japão e dos Estados Unidos para dizer que o Brasil, se quiser se desenvolver, precisa deixar seu papel de exportador de commodities. “As grandes nações exportam conhecimento, produtos de valor agregado e tecnologia, além de terem foco na economia criativa, que inclui turismo, moda, cultura, arte, gastronomia, entre outras áreas com as quais a incubadora terá sintonia”, ressaltou.

Expediente Rede Brasil Atual – Limeira Editora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de redação Paulo Salvador Edição Enio Lourenço Redação Ana Lucia Ramos, Giovanni Giocondo, Ivanice Santos e William da Silva Foto capa Crise da Água Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas Revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman Telefone (19) 99264-6550 – (11) 3295-2820 Tiragem: 15 mil exemplares Distribuição Gratuita


Limeira

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CRISE DA ÁGUA

Ciclos de seca e de muita chuva podem ser previstos

HUGO ARCE/FOTOS PÚBLICAS

Especialistas contestam ideia de que a estiagem seja principal causa da crise

A baixa quantidade de chuvas que caiu sobre o Estado de São Paulo em 2014 é apontada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e pela Secretaria Estadual de Recur-

bre o Sistema Cantareira (que atende à região metropolitana da capital e a algumas cidades do interior) pouco mais da metade da média anual, que é de 1.581 milímetros. Especialistas, no entanto,

sos Hídricos como o principal fator que levou à atual crise do sistema de abastecimento de água. Para essas autoridades, São Paulo vive sua pior estiagem em 70 anos, quando choveu so-

discordam dessa afirmação com base em estudos científicos, revelando que o Estado poderia ter se preparado melhor para enfrentar o período de seca, tão recorrente quanto o de excesso de chuvas. Em fevereiro deste ano, por exemplo, choveu sobre o Cantareira mais de 30% acima da média ante o mesmo mês de anos anteriores. Um dos profissionais que contesta a versão do governo Geraldo Alckmin (PSDB) é o meteorologista Carlos Augusto Rodrigues, chefe do Instituto de Astronomia e Geociências da Universidade de São Paulo (IAG-USP). Para Rodrigues, a “pior seca da história” é uma informação que não procede. “É inadmissível que, mesmo com

por Giovanni Giocondo

tanta tecnologia disponível, o Estado não tenha detectado onde chove mais constantemente”, explica. O meteorologista afirma que só é possível fazer a previsão de chuvas para os próximos três meses, mas quando se olha a série histórica, dá para verificar que tudo ocorre dentro de um ciclo.“Em 2003 e 2007, houve uma estiagem tão forte quanto a de 2014, assim como choveu bem acima da média em 2011 e 2009.” Segundo Rodrigues, a variação na quantidade de chuvas é um fenômeno previsível. “Não adianta culpar São Pedro. O que é preciso é ter planejamento para construir reservatórios em locais onde a precipitação é maior, e isso não foi feito”, critica.

Os “segredos” do armazenamento da água GIOVANNI GIOCONDO

Segundo o engenheiro civil Antonio Carlos Zuffo, a principal função dos reservatórios é a de armazenar a água acumulada no período de chuvas para o uso posterior, quando no período das secas. “O problema é que o Sistema Cantareira foi projeta-

do na baixa, ainda na década de 1960, e hoje é operado na alta. O reservatório nunca deu conta de suportar a quantidade de chuvas que caíram ao longo dos anos”, revela. Membro da Rede Internacional de Centros de Conhecimento do Setor da Água (Ral-

cea), Zuffo lembra que em São Paulo, entre as décadas de 1940 e 1970, choveu menos que entre 1970 e 2010, e que o consumo doméstico caiu de um período para o outro. “Então por que estamos em meio a uma crise de abastecimento? Porque as obras

necessárias não foram feitas e a Sabesp, em vez de seguir as recomendações da Agência Nacional de Águas (ANA) de liberar a água que sobrou em determinada época, preferiu retê-la para vender mais cara a indústrias e empresas”, denuncia.

Desperdício de dinheiro em ações inúteis Enquanto não investiu na ampliação de seus reservatórios, o governo de São Paulo gastou somas consideráveis em ações que, para Rodrigues, estão literalmente “chovendo no molhado”.

Uma delas é o chamado “bombardeamento de nuvens”, no qual um avião joga gotículas de água dentro das nuvens para tentar “estimular” a chuva. “Existem pareceres técni-

cos que mostram que as empresas que fazem esse serviço só entram na nuvem quando a chuva já está acontecendo, apenas adiantando a precipitação”, diz. O meteorologista conta que

essa tecnologia é muito cara e inútil em São Paulo, onde as nuvens são altas e frias, o que não gera chuva. “Esse processo funcionaria no sertão do Nordeste, onde as nuvens são mais quentes e

mais baixas. Aqui, essas formações de nuvens chegam a alturas de dez quilômetros. Para mim, o uso desse recurso não passa de desperdício. É financeiramente inviável”, explica.


Limeira

4 SAÚDE

Em meio a epidemia, secretário é afastado por 60 dias “As pessoas precisam compreender que a luta contra a dengue não pode ser estatizada.” A fala é do ex-secretário municipal de Saúde, Luiz Antonio da Silva, cobrando maior participação da população no combate à doença, que já computa mais de 4.000 casos em Limeira, com oito mortes sob suspeita. Luiz Antônio – que, em entrevista ao Brasil Atual, lamentava o fato de no Brasil ter se criado uma cultura de “esperar que o agente de endemias vá até a sua casa eliminar o criadouro do mosquito Aedes aegypt” – foi afastado do cargo preventivamente no dia 20 de março. O juiz Ailson Araki Ri-

GIOVANNI GIOCONDO

Dengue já soma mais de 4.000 casos na cidade, com oito mortes sob suspeita

beiro, da Vara da Fazenda Pública, acatou o pedido do Ministério Público Estadual e afastou o secretário municipal de Saúde do cargo por 60 dias. Ele e o prefeito Paulo Hadich (PSB) são acusados de omissão e ineficiência no combate

Segundo Pedrina Rodrigues Costa, coordenadora do Centro de Zoonoses de Limeira, houve um acréscimo considerável na infestação, mas dentro do previsto. “No ano passado, tivemos apenas 700 casos, mas esse número alto de 2015 estava em nosso plano de contingência, que estimava 6.000 casos”, esclarece. Pedrina afirma ainda que uma das causas para o aumento no número de casos é a crise hídrica que o Estado enfrenta, tendo “forçado” muitas pessoas a armazenarem água irregularmente, proliferando o número de focos.

“Mas nós temos desenvolvido um trabalho em duas frentes. A primeira, da conscientização, e a segunda, uma ação técnica de bloqueio dos criadouros”, disse.

individual de cada morador é fundamental para prevenir a infestação. “Eu não tenho nenhum vaso de planta com água, deixo tudo seco e limpo, para evitar os focos da dengue”, explica. Ela, porém, critica a demo-

ra da Prefeitura para promover a “operação fumacê” (dedetização específica no combate ao mosquito), que só chegou à rua onde mora em meados de março. “Poderia ter acontecido bem antes”, relata a comerciante, que lamenta a morte de sua ginecologista Neyde Onishi, de 60 anos, falecida no dia 15 de março em decorrência da dengue. No dia seguinte à morte da médica, médicos foram até a Câmara Municipal cobrar ações do Poder Público contra a doença, como a suspensão das aulas nas escolas do município. A hipótese foi afastada pelos vereadores e pela administração municipal.

Hospital 24h contra a dengue

GIOVANNI GIOCONDO

Estimativas

à dengue. Alguns setores da população limeirense, no entanto, compreenderam o recado do Poder Público. É o caso da comerciante Sueli Santana, de 47 anos, moradora do Parque Hipólito. Para ela, o trabalho

por Giovanni Giocondo

A Prefeitura decidiu antecipar a inauguração de um prédio que seria destinado ao Programa Saúde da Família (PSF), no bairro Nossa Senhora das Dores. O local, agora, é voltado ao atendimento exclusivo de pessoas com dengue. Segundo a enfermeira Mariana Valente, o atendimento é feito por demanda espontânea, 24 horas por dia. Os pacientes passam por avaliação médica, além de classificação de risco de contaminação. Técnicos de enfermagem da Unicamp colaboram voluntariamente para

atender os cerca de 200 novos doentes que tem aparecem a cada dia. Nas salas de hidratação, muitas pessoas se recuperam. Uma delas é a servidora pública Rogéria de Oliveira, de 51 anos, que deixa uma dica. “Muita gente faz o exame de sorologia logo que tem os sintomas e ele dá negativo. Às vezes, na ansiedade de ir embora, pode piorar. Por isso é fundamental passar pelo atendimento médico e seguir as orientações”, pondera. Segundo a chefe da Vigilância Epidemiológica, Amélia Pereira, os casos mais graves da doença evoluem pela falta

de hidratação dos pacientes. “É preciso ficar atento a dores abdominais fortes, vômito, diarreia. Tem que procurar o atendimento especializado imediatamente”, orienta. Amélia ainda pede aos moradores que colaborem fazendo todos os exames solicitados. “Nossa avaliação não tem sido muito precisa, porque as pessoas deixam de coletar e assim fica impossível encerrar alguns casos. Pedimos a ajuda de todos para organizarmos melhor nosso plano de combate ao mosquito”, conta.


Limeira

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CIDADE

Uso de Vant no combate à dengue está proibido Anac pediu interrupção de voos do equipamento, que filmava a cidade em busca de criadouros

DIVULGAÇÃO

A Secretaria Municipal de Saúde decidiu interromper a utilização dos Veículos Aéreos Não Tripulados (Vants) nas ações de combate aos focos do mosquito da dengue. Os equipamentos voadores, que possuem câmeras de alta resolução, são controlados a distância por computador e precisam de uma autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para operar e registrar as imagens. Segundo o ex-secretário de Saúde, Luiz Antonio da Silva, os Vants demonstraram um desempenho satisfatório no que tange à visualização dos

grandes criadouros da larva do Aedes aegypt. “Essa tecnologia foi bastante útil, porque o Vant atua cirurgicamente e nos auxilia a eliminar boa parte dos focos da doença, como em piscinas, calhas e telhados”, comentou. No início de março, o uso dos Vants foi suspenso na cidade após determinação da Anac. Em nota, a assessoria de imprensa da Agência informou que “não emitiu nenhum Certificado de Autorização de Voo Experimental (Cave) para a Prefeitura de Limeira”, e após verificar a existência de uma operação não autorizada

“decidiu notificar a administração municipal, para que prestasse esclarecimentos sobre o uso da aeronave”. Ainda segundo a Anac, qualquer cidadão, empresa ou instituição pode adquirir um Vant, mas a operação depende de autorização prévia da Agência, emitida por meio da Instrução Suplementar nº 21-002, de outubro de 2012. “Esse certificado, ainda que permita voos apenas em caráter experimental, exige uma série de comprovações por parte do interessado, que visam garantir a segurança da aviação”, explica a nota.

ARQUIVO PESSOAL

Invasão de privacidade também entra em debate Além da falta de segurança da população civil, um dos problemas do uso dos Vants em áreas povoadas é o risco de invasão de privacidade das pessoas em suas residências. Para Bruna Castanheira, advogada especialista em direito digital, apesar dos benefícios que a tecnologia pode trazer na batalha contra a dengue, a população tem de estar

ciente de que suas residências são observadas. “Da mesma forma que a vigilância ‘convencional’ de combate à dengue pede permissão para adentrar a casa do cidadão, talvez fosse necessária a anuência do morador para ter sua casa observada, uma vez que não estamos falando de um local público, mas de um ambiente privado”, esclarece.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, as residências abandonadas e fechadas, que impediam o acesso dos agentes de endemia, estavam entre os principais alvos do Vants no município. Para a advogada, também é essencial que haja transparência com relação à divulgação das imagens capturadas dos Vants.

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“A Constituição Federal e o Código Civil preveem que a privacidade é um direito humano inviolável. Portanto, é preciso transparência quanto ao uso desta tecnologia, ainda mais porque, no caso, contribui para a saúde pública. Por isso, não vejo motivos para o cidadão não ter acesso às imagens”, constata.

Telefone: (11) 3295–2820 E-mail: jornalba@redebrasilatual.com.br | jornalbrasilatual@gmail.com jornal brasil atual

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Limeira

6 TRANSPORTE

Trabalhadores estão com o futuro incerto Após desligamento da Rápido Sudeste do sistema, nova licitação não assegura os empregos

GIOVANNI GIOCONDO

A empresa Rápido Sudeste foi desligada da concessão do transporte público em março. Passado um mês da decisão tomada pela Prefeitura, que teve como justificativa uma série de irregularidades cometidas pela empresa, como a falta de manutenção dos veículos, problemas na operação e atraso nos pagamentos,

ainda é nebuloso o destino dos antigos funcionários. Logo após ratificar a saída da Rápido Sudeste do sistema, a Prefeitura assinou um contrato emergencial de seis meses com a Viação Limeirense, que já efetuava o serviço em outras linhas. Esta empresa gastou R$ 70 mil com a reforma de 14 veículos, consi-

derados ultrapassados, para manter o sistema funcionando integralmente. Segundo Andrea Soares, secretária municipal de Mobilidade Urbana, o convênio emergencial prevê a continuidade da operação das mesmas linhas antes controladas pela Rápido Sudeste, sem prejuízo aos passageiros.

Omissão de empresa ameaça direitos trabalhistas

GIOVANNI GIOCONDO

O novo contrato também determina que a Viação Limeirense assuma os débitos que a Rápido Sudeste tem com os trabalhadores referentes às rescisões contratuais e à manutenção de todos os empregos até agosto de 2015. Segundo Walter Barbosa, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Urbano de Limeira (Sindttrul), a entidade já vinha alertando a Prefeitura desde 2014. “A Rápido Sudeste começou pagando os funcionários em dias di-

ferentes, depois deixou de pagar. Faltava até combustível para os ônibus”, relembrou. Os trabalhadores chegaram a fazer uma paralisação de algumas horas em fevereiro, e após acordo com a Prefeitura voltaram ao expediente. A empresa ainda tentou pagar os salários de motoristas e cobradores para que os ônibus não parassem, enquanto o administrativo e a manutenção não recebiam. Em nota, a Secretaria de Mobilidade Urbana considerou que a Rápido Sudeste “abandonou a prestação de

serviços no dia 10 de fevereiro”, o que levou à chamada “caducidade”, permitindo o desligamento. Com os empregos garantidos pelos próximos seis meses, os trabalhadores ainda temem pelo que virá depois. A própria secretária Andrea Soares é pragmática ao falar do futuro desses funcionários. “A questão dos empregos vai depender da próxima empresa que assumir o serviço”, revela. O Sindttrul ainda cobra na Justiça outros passivos trabalhistas deixados pela Rápido Sudeste, como os cerca de dois

anos de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) não recolhidos pela empresa aos 180 funcionários. Os representantes da companhia foram procurados pela reportagem, mas todos os telefones oficiais da empresa em Limeira foram desligados. O gerente da Viação Limeirense, Audraliano Vasconcelos, também não respondeu à equipe do Brasil Atual, após pelo menos seis tentativas via telefone e recados deixados com a secretária da empresa.

EDUCAÇÃO

Greve dos professores ganha força em São Paulo Na última semana de março, adesão ao movimento já chegava a 60% da categoria Os professores da rede pública do Estado de São Paulo estão em greve desde o dia 13 de março por melhores condições de trabalho. A principal reivindicação é o reajuste salarial de 75,33% para profes-

sores que recebem o piso, atualmente em R$ 2.415,89, para jornadas de 40 horas semanais no ensino médio. De acordo com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Pau-

lo (Apeoesp), na última semana de março, 60% da categoria encontrava-se de braços cruzados contra os desmandos do governador Geraldo Alckmin (PSDB) na Educação. Os professores também exigem limi-

te máximo de 25 alunos por sala de aula e a implantação da jornada do piso, além de uma nova forma de contratação de professores temporários, atualmente sem estabilidade nos cargos.

A rede estadual paulista de ensino conta com cerca de 230 mil docentes. Em 20 de março, 40 mil participaram de um ato no Centro de São Paulo para pressionar o governo do Estado a abrir negociação.


Limeira

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MÚSICA

Orquestra sinfônica comemora 20 anos Maestro Rodrigo Muller rege projeto que casa aprendizado e apreciação da música clássica vel para toda a população, seja pela apreciação dos espetáculos ou pelos ensinamentos. “Comecei ainda pequeno, quando um parente da minha mãe, que era maestro daquelas bandas de coreto, me deu uma flauta doce de presente. Como eu ainda era criança, ela não me deixava tocar para ‘não estragar’ o instrumento. Isso foi até meus 11, 12 anos, quando na minha escola tinha um colega que tocava flauta. Ele começou a me ensinar, e no ano seguinte tive a minha primeira experiência musical”, rememora. Muller relembra em deta-

RICARDO FIDELLI

No ano em que a Orquestra Sinfônica de Limeira comemora 20 anos de sua fundação, a equipe do Brasil Atual conversou com um dos personagens mais importantes da trajetória desse grupo que, a cada temporada, desempenha com excelência um trabalho de popularização da música clássica e de formação cultural na região. Trata-se do oboísta, maestro e regente Rodrigo Muller, de 40 anos. O músico, que é natural de Rio Claro, fundador da orquestra, transformou, ao lado de sua equipe, concertos eruditos em uma arte acessí-

lhes do episódio em que este amigo mudou para o período noturno da escola e deixou de tocar em uma orquestra

amadora de Rio Claro, convidando-o para o substituir. “Eu nem tinha ideia de como funcionava um concerto, uma

orquestra, mas fui começando a ter contato com os instrumentos, a flauta transversal, o oboé. Ganhei uma bolsa para estudar em Piracicaba, ainda adolescente”, conta. Antes de chegar a Limeira, Muller fez uma passagem essencial pelas aulas do professor de composição Otávio de Carvalho, da Unicamp. Da técnica e do refinamento da universidade, ele se direcionou para a materialização dessa experiência na Orquestra Sinfônica de Rio Claro, ainda amadora, e depois na de Americana, como funcionário da Prefeitura local.

Limeira representou o amadurecimento do músico

GIOVANNI GIOCONDO

“Quase tudo que eu sei na vida eu aprendi com a música, de fazer café a datilografar”, diz entre risos Muller, contente com a naturalidade com a qual deixou de ser o oboísta da sinfônica de Americana para reger a orquestra pela primeira vez.

Após essas primeiras experiências como maestro, a oportunidade ímpar estava em Limeira, no ano de 1995. “Eu já estava na cidade, onde fazia parte do Projeto Guri, do governo do Estado, quando fui convidado para integrar a primeira Orquestra Sinfônica da história do município”, conta.

Nessa época, a administração municipal também empreendeu a construcão do Teatro Vitória, que passou a ser a casa da Orquestra Sinfônica Municipal – antes disso, os 53 integrantes iniciais tocavam nas igrejas da cidade. Hoje, além dos profissionais, a orquestra também

possui mais de 500 “aprendizes”, entre crianças e adolescentes, que a partir dos 10 anos podem receber aulas gratuitas dos mais variados instrumentos musicais. As aulas são realizadas em um prédio na Praça da Boa Morte, no Centro.

Popularização e alcance da música erudita Para comemorar as duas décadas de história, a Orquestra Sinfônica de Limeira faz concertos em todos os meses do ano, sempre no Teatro Vitória, com ingressos que variam de R$ 6 (meia-entrada) a R$ 12 (inteira). Este mês será no dia 16 de abril, às 20 horas, no

Teatro Vitória. Os músicos, no entanto, não têm um calendário estanque e podem fazer outras apresentações em escolas, praças, centros comunitários da cidade e da região. Para o maestro Muller, a formação musical dos alunos e do público para os consertos

em uma vertente popular aparecem como alguns dos principais desafios. “É importante inserir elementos populares no nosso repertório, com uma roupagem sinfônica. Essa flexibilidade facilita a popularização, e aumenta a qualidade da orquestra, porque a execução às vezes é mais difícil que

a do erudito”, esclarece. A música popular brasileira e a bossa nova também encantam o maestro Muller, que, além de Tchaikovsky e Bach, tem Tom Jobim como um de seus inspiradores. “Depois de um tempo descobri que o Tom teve várias músicas compostas para orquestras que nunca fo-

ram gravadas. E ele ficava possesso com isso, porque as canções são lindas, mas os regentes mais tradicionais não gostavam de tocar”, ressalta. Quem sabe elas não apareçam no repertório da Orquestra Sinfônica de Limeira nos próximos meses.


Limeira

8 DE OBSTÁCULOS FOTO SÍNTESE – TREINO NA HÍPICA DE LIMEIRA

GIOVANNI GIOCONDO

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

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