Jornal brasil atual – limeira 34

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LIMEIRA

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Jornal Regional de Limeira

jornal brasil atual

DISTRIB

jorbrasilatual

GRATUUIIÇÃO TA

nº 34

IMIGRAÇÃO

Maio de 2015

CIDADE

COLÔNIA DE HAITIANOS Homens e mulheres trabalham duro em busca de uma vida melhor no Brasil REAJUSTE Conta de água terá aumento de 20,27% a partir de 2 de junho

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CRISE DA ÁGUA

SABESP Empresa demite 500 e eleva tarifas; risco de colapso ainda é real

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SHOW DIREITOS

PERIGO: JUVENTUDE EM SÉRIOS RISCOS Advogado de DH desmistifica polêmica debatida no Congresso sobre redução da maioridade penal Pág. 5

VIRADA CULTURAL Laranja Oliva abre trabalhos do palco principal do evento

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Limeira

2 CIDADE

Conta de água vai aumentar

GIOVANNI GIOCONDO

Reajuste aprovado por agência reguladora será de 20,27%

EDITORIAL Uma agenda conservadora avança no Brasil. No final de março, foi aprovada a constitucionalidade da Proposta de Emenda Constitucional 171/93, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, com o objetivo de reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos, atropelando o Estatuto da Criança e do Adolescente. Além de ser uma medida que não funcionou em nenhum lugar do mundo, a PEC escancara a forma como o pensamento conservador entende a violência no Brasil: como causa, não consequência. Consequência da falta de investimentos em educação, da falta de oportunidades para os nossos jovens, da falta de equipamentos públicos de esporte, cultura e lazer. A greve do professorado paulista exemplifica como os governos brasileiros não levam a sério a educação do seu povo. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) não mostra disposição em negociar com o sindicato da categoria, e menospreza os atos políticos dos educadores, que enfrentam diariamente salas superlotadas, com escolas literalmente em ruínas, para ganhar salários miseráveis. Aceitar a tramitação da PEC 171/93 no Congresso é admitir que falhamos como sociedade, que não sabemos lidar com seres humanos em formação. Relegar jovens de 16 anos ao sistema prisional significa alimentar ainda mais a máquina da violência – segundo a Fundação Casa do Estado de São Paulo, a taxa de reincidência de crimes dos jovens internos é de 13%; já no sistema prisional estima-se reincidência de 70%. Existem duas premissas para tratar esse caso de forma leviana: ou é má-fé de setores interessados no encarceramento em massa, uma vez que alguns países já privatizaram suas cadeias, e para o “negócio” ser rentável é preciso que se tenha maior número de presos; ou é inocência comparada ao “Mito da Caverna”, do filósofo grego Platão, em que a pessoa só consegue enxergar o mundo das aparências.

Os limeirenses devem começar a preparar o bolso para mais um aumento nas contas. Depois da energia elétrica, agora é o serviço de água e esgoto que vai ficar mais caro a partir do dia 2 de junho.

O reajuste de 20,27% foi aprovado pela Agência Reguladora dos Serviços de Saneamento das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (ARES-PCJ), responsável por regulamentar o serviço forne-

cido pela Odebrecht Ambiental, concessionária do tratamento e distribuição de água de Limeira desde 1995. Após o parecer técnico favorável da Agência, o Conselho Municipal de Regulação e Controle Social deu aval ao aumento. Segundo Osmar da Silva Júnior, presidente do Conselho e também do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), o reajuste inflacionário já estava previsto em contrato (8,13%). Já a elevação feita com base no aumento das tarifas de energia elétrica (12,14%) foi ratificada após a apresentação de um relatório técnico pela empresa, que detém o serviço até 2039.

Correlação entre tarifas “A energia é utilizada, para fazer a captação de água nos mananciais. A estação de tratamento está a uma altura de 200 metros em relação ao local da retirada da água, requerendo muita potência das bombas. Depois, são mais 16 km de

distância entre a estação e a cidade, além da rede de distribuição, que também consome muita energia”, justifica Osmar. Em nota, a Odebrecht Ambiental lamentou o reflexo do aumento nas contas, e informou que o índice foi

considerado para “manter a qualidade dos serviços e investimentos na cidade”. A empresa, que lucrou R$ 450 milhões brutos em 2013, prometeu reduzir o valor das contas de água caso o custo da energia também seja reduzido.

Confira como fica a sua conta Clientes que consomem até 10 m³ de água por mês e que pagam, atualmente, R$ 25,40 passarão a pagar R$ 30,55.

Já para quem gasta entre 10 e 15 m³, as contas vão subir de R$ 48,00 para R$ 57,73. Nessa faixa de con-

sumo estão 64% das residências da cidade, segundo informações da Odebrecht Ambiental.

Expediente Rede Brasil Atual – Limeira Editora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de redação Paulo Salvador Edição Enio Lourenço Redação Ana Lucia Ramos, Giovanni Giocondo, Ivanice Santos e William da Silva Foto Capa - Direitos Laycer Tomaz/Agência Câmara Revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman Telefone (19) 99264-6550 (11) 3295-2820 Tiragem 15 mil exemplares Distribuição Gratuita


Limeira

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IMIGRAÇÃO

Haitianos formam colônia de trabalhadores na cidade Imigrantes sonham com uma vida melhor após terremoto que devastou país caribenho por Giovanni Giocondo Peguiel Pierre e Jamique Louis

O precursor

GIOVANNI GIOCONDO

Jean Renold Faustine

Florizze

Muitos quilômetros longe da terra natal e a saudade dos que lá ficaram não fazem com que milhares de haitianos ingressos no Brasil deixem de acreditar em um sonho: con-

quistar uma vida melhor. Esse povo idealista, religioso, apaixonado pelo futebol já forma uma colônia de imigrantes também em Limeira. Homens e mulheres de todas

as idades têm mostrado como a solidariedade entre conterrâneos, como na oferta de abrigo aos recém-chegados, é capaz de promover esperança aos imigrantes em nosso país.

O haitiano Jean Renold Faustine, 35, viveu metade de sua vida na República Dominicana, trabalhando como vendedor. Após um ano e meio economizando para as passagens, chegou ao Brasil em 2012, após uma jornada que teve Panamá, Equador e Peru. No Acre, por onde entrou, não passou muito tempo. Garantido pelo patrão, pegou um ônibus até Limeira, onde hoje trabalha em uma empresa de manutenção de postes. Jean é casado com Florizze (que veio em 2014), 33, com quem tem três filhos de 13, 10 e 4 anos. “Tinha saudade, a gente só falava

por telefone, mas consegui juntar dinheiro para ela vir”, conta. O desafio deles, agora, é trazer os filhos, que estão com a irmã de Florizze na República Dominicana. Atualmente, o casal vive nos fundos de uma casa, em um espaço de 30 metros quadrados, compartilhado com outros dois haitianos.“Sinto falta dos amigos de lá, mas gosto muito daqui e quero continuar no país, só preciso da documentação.” Jean explica que renova sua permanência no Brasil através do contrato de trabalho, mas ainda não possui o visto definitivo, já obtido por outros colegas que imigraram depois.

Memórias, trabalhos e esperanças em solo brasileiro A poucos quilômetros do lar de Jean e Florizze vivem outros oito haitianos em uma casa no bairro Santa Eulália. Cada um a seu tempo, foram se aconchegando nos quatro quartos que existem na residência e, aos poucos, recebendo doações de móveis, geladeira e fogão. A divisão igualitária das tarefas domésticas, compras e pagamento das contas é regra para os rapazes, que são evangélicos. A maioria veio há pouco mais de um ano para Limei-

ra. Dois deles, que já estão com o português afiado (lá fala-se crioulo e francês), relataram para a nossa reportagem suas histórias e os desafios de sua nova vida. Peguiel Pierre, de 29 anos, se emociona ao falar do terremoto que varreu Porto Príncipe, em 2010, matando 120 mil pessoas, dentre elas seus primos, irmãos e, por pouco, seu pai. “Graças a Deus ele continua conosco”, conta. Ele também recorda que, além das perdas materiais e de entes queridos, o terremoto

deixou muita gente desempregada devido à crise econômica que se seguiu. De fala mansa, o amigo Jamique Louis, de 37 anos, conta que naquele momento a vida no Haiti, que já não era fácil, ficou ainda mais complicada. “Foi por isso que resolvemos vir para o Brasil.” O primeiro trabalho de quase todos os moradores da casa em Limeira foi na Cerâmica Batistella, que decretou falência em janeiro. “Foi um momento de muita apreensão e medo”, revela Jamique, que

agradece o auxílio do Sindicato dos Funcionários Servidores Municipais de Limeira (Sindsel) durante os dois meses em que ficou desempregado. Hoje, Jamique trabalha em um fábrica de escapamentos. Ele só não está satisfeito com a desvalorização do real ante o dólar, que tem dificultado seu envio de dinheiro para a família no Haiti. Por outro lado, se a moeda nacional não vai bem, o tratamento dado a eles pelos brasileiros encanta o estrangeiros. “São muito carinhosos. Têm uma maneira muito boa de

tratar as pessoas. Para nós é muito bom”, exalta. Essa inocência perante o Brasil também aflora em Peguiel, que afirma não ter sentido racismo por parte dos brasileiros. Imediatamente, Silvana Arado, diretora do Sindsel, que intermediou as entrevistas com os rapazes, intervém: “É que aqui é crime. Mas o racismo se faz em outras frentes, como a falta de acesso à educação, salários mais baixos para os negros. Não se enganem”, alertou.


Limeira

4 CRISE DA ÁGUA

A conta não fecha: Sabesp demite e aumenta a tarifa Para manter lucros, empresa demite 500 funcionários e mira reajuste de 15,24% meses anteriores, que chegou a 8,13%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A justificativa do diretor financeiro e de relação com investidores da empresa, Rui Affonso, é de que a Sabesp vive um “estresse financeiro” maximizado pela crise hídrica. Segundo informações da pró-

Assembleia dos funcionários da Sabesp

DIVULGAÇÃO/SINTAEMA-SP

No dia 5 de maio, a Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) autorizou a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) a promover reajuste de 15,24% nas contas de água, a partir de junho. O aumento ficará acima da inflação acumulada nos 12

por Giovanni Giocondo

pria Sabesp, o lucro obtido pela estatal entre 2004 e 2013 chegou a R$ 12,43 bilhões. Nesse período, a empresa diz ter reinvestido 84,5% desses valores na estruturação do sistema, enquanto o restante dos dividendos, cerca de R$ 2 bilhões, foi repassado aos acionistas. Entre 2002 e 2012, as ações da Sabesp valorizaram 601% na Bolsa de Nova Iorque.

Falta de transparência com os clientes residenciais

GIOVANNI GIOCONDO

“Meu emprego não paga a omissão que seria não dizer as verdades sobre o que está acontecendo.” Logo após essa máxima exposta em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa, no mês de fevereiro, Marzeni Pereira da Silva foi demitido, no mês seguinte, após 22 anos trabalhados na Sabesp. Ele, que também era membro da oposição ao Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São

Paulo (Sintaema-SP), foi a público para apresentar informações que a estatal sonegou

ao consumidores residenciais durante toda a crise. “A Sabesp conta uma sé-

rie de inverdades à população para blindar o governo do Estado e responsabilizar o consumidor residencial pelo colapso do sistema de abastecimento de água”, diz. Entre essas histórias mal contadas estaria a “redução de pressão” na capital paulista, que, segundo o ex-servidor, é ilusória em bairros com alto desnível entre as ruas e as casas, como na zona norte da cidade. “A válvula redutora de pressão não está em todas as regiões”, explica.

Adepto do racionamento total e irrestrito e da decretação de estado de calamidade pública no Estado, Marzeni acredita que esta seria a medida mais justa, atingindo a todas as classes sociais, sem distinção. “Por isso defendo a reestatização da Sabesp, que deve ficar sob o controle da população. Precisamos encontrar uma saída para essa crise sem precedentes, mas isso não será possível com a Sabesp sob a tutela de seus acionistas”, critica.

Para a direção do PSOL, partido ao qual Marzeni é filiado, a demissão configurou “perseguição política” contra o trabalhador, sobretudo por suas fortes críticas contra os “desmandos da Sabesp”. Junto com Marzeni, outros 500 trabalhadores já foram desligados da empresa neste ano, e pelo menos 200

GIOVANNI GIOCONDO

Perseguição política aos trabalhadores da companhia devem ser demitidos até o início da data-base da categoria, que é neste mês. O Sintaema tentou mobilizar uma greve contra a política de demissões da Sabesp em meio à crise hídrica, mas não houve adesão ao movimento. Na opinião de Francisca Adalgisa, presidenta da Associação de Funcionários da Sa-

besp, o Estado de São Paulo está à beira de uma guerra civil por conta da água. “O colapso do sistema de abastecimento de água é um processo de reação da natureza a anos de descaso, não é apenas uma crise”, diz a servidora, que defende que a estatal não pode se sujeitar ao sucateamento da má administração.


Limeira

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DIREITOS

Congresso debate redução da maioridade penal Um erro histórico. É dessa forma que especialistas em direitos humanos encaram a recente aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171/1993 pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, que reduz a idade penal de 18 para 16 anos. A matéria ainda precisa ser apreciada pelo plenário da Casa, e ter o aval de 3/5 dos parlamentares para ser apresentada ao Senado. Para o advogado Marcos Fuchs, diretor adjunto da ONG Conectas, o Congresso Nacional equivoca-se quando atribui à redução da maioridade penal a responsabilidade por diminuir os índices alarmantes de violência no Brasil. “Não me parece o caminho correto, por vários aspectos”, pondera. Ele enumera três motivos pelos quais a proposta não tem qualquer fundamento. O primeiro é o baixo número de

MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

Advogado de direitos humanos desmistifica argumentos favoráveis ao encarceramento de jovens

crimes hediondos cometidos por adolescentes. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, dos 20.532 jovens que cumpriam medidas socioeducativas em 2012, somente 11,1% haviam praticado delitos graves contra a vida. O tempo máximo de internação previsto para esses crimes é de três anos, confor-

me estabelecido no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em vigor desde julho de 1990 no Brasil. Aí entra o segundo fator pontuado por Fuchs para dirimir o clamor popular pela redução da maioridade penal para 16 anos. “Houve expertise do mundo inteiro na confecção desse documento, que tanto lutamos

para ser homologado. Após muitos debates, chegou-se à conclusão de que, com 18 anos, a pessoa é penalmente responsável. A Constituição consagrou esse item em um artigo como cláusula pétrea, que segue inclusive recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU). Portanto, retirar esses direitos é incons-

titucional”, esclarece. O advogado ressalta as características que comprovam a falência completa do sistema penitenciário brasileiro: “Superlotação, falta de assistência médica, falta de trabalho, falta de tudo. Eis a realidade das cadeias”, informa. De acordo com as informações do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2014, o número de pessoas em reclusão nas cadeias chegou a 574.207. No total, 40,1% eram presos provisórios, e ainda aguardavam julgamento. Para Fuchs, colocar adolescentes de 16 anos no convívio com criminosos adultos só promove prejuízo à recuperação dos primeiros. “Obviamente que ele vai ser cooptado pelas organizações criminosas que funcionam dentro do sistema prisional. São os novos soldados a serviço do crime”, ratifica.

Impunidade aos jovens infratores trata-se de mito Além de prever o tempo máximo de internação de adolescentes infratores, o ECA também determina o cumprimento de outras medidas socioeducativas, que incluem a liberdade assistida e a prestação de serviços à comunidade. Segundo a assessoria da Fundação Casa (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente), até 10 de abril, 9.903 adolescentes esta-

vam submetidos às regras da instituição no Estado de São Paulo. A Fundação Casa substituiu a Febem (Fundação Estadual de Bem-Estar do Menor) a partir de 2006, com um novo modelo de ressocialização, baseado em unidades descentralizadas, oferecendo educação profissional, prática de esportes, acesso à cultura e ao lazer, entre outras atividades. Entre 2006 e 2015, o índice de reincidência criminal caiu

de 29% para 14%. O número de rebeliões, que chegou a 80 em 2003, só teve um registro em 2009. A grande maioria dos adolescentes atendidos pela Fundação Casa cumpre regime de internação (7.422) ou internação provisória (1.721), enquanto os que se encaixam na chamada “semiliberdade” são apenas 531 jovens. Em relação à faixa etária, 7.263 têm entre 15 e 17 anos,

702 estão entre os 12 e os 14 anos e 1.867 possuem 18 anos ou mais. Ao completar 21 anos, o jovem deve deixar automaticamente a instituição. Outra informação importante divulgada pela assessoria da Fundação Casa é que 43,6% dos internos cumprem medida socioeducativa por roubo qualificado e 38,74% por tráfico de drogas, delitos que, na visão de Fuchs, têm origem nos problemas sociais do país.

“A miséria, a falta de políticas públicas, a ausência do Estado na saúde, na educação, tudo isso corrobora para esse cenário”, destaca. Considerados crimes hediondos, o homicídio qualificado, o homicídio doloso, o latrocínio – roubo seguido de morte – e o estupro, juntos, respondem por somente 3% do total de internos da instituição. (por Giovanni Giocondo)


Limeira

6 CULTURA

10.ª Mostra de Teatro de Limeira acontece neste mês Apresentações irão debater tabus ligados à intolerância e ao preconceito na sociedade

Guto, Allan e Ana Júlia

Feminismo em pauta “Em Memória de Mim”, da Companhia Andanças, encena o conflito de gerações entre mãe e filha. A primeira, uma prostituta profissional, tenta convencer a filha a seguir o mesmo caminho em

uma sociedade marcada pelo moralismo de ocasião. A atriz Ana Julia Nogueira, 20, conta que o espetáculo busca humanizar essas mulheres marginalizadas. “Eu mesma tinha certo preconceito, mas

quando fizemos a pesquisa com elas passamos a conhecer um pouco desse mundo, e percebemos o porquê de as mulheres terem essa vida. E é isso o que queremos mostrar”, revela.

®2012 BERALDO E LUANA SOUZA

Os Saltimbancos

GIOVANNI GIOCANDO

A 10.ª edição da Mostra de Teatro de Limeira acontece entre os dias 16 e 22 de maio, no Teatro Vitória, com entrada gratuita para todos os espetáculos. A variedade de temas explorados transita entre adaptações livres e criações próprias, sobretudo de jovens atores e diretores que, em cena, prometem levar ao público muita reflexão e debates referentes às contradições da sociedade brasileira.

Os Saltimbancos é um espetáculo infantil inspirado no conto Os Músicos de Bremen, dos irmãos Grimm. Musicado originalmente pelo italiano Sergio Bardotti, foi traduzido para o português pelo cantor e compositor Chico Buarque, que deu origem à peça. Na adaptação feita por Allan Araújo, 22, da Companhia Atores da Vida, são pessoas com síndrome de Down

e deficiência intelectual que interpretam os animais que sofrem maus-tratos, unindo-se posteriormente em busca de um sonho. Para Araújo, o texto tem tudo a ver com o grupo, muitas vezes desprezado até por familiares. “A peça é a forma como eles [atores] encaram a vida. Eles fazem isso para quê? Para que as outras pessoas aceitem essa condição”, ressalta.

Programação

Querida Celie, do Espaço Núcleo, reúne, em ambiente intimista, fragmentos da obra de Alice Walker, filmada por Steven Spielberg (A Cor Púrpura). A história conta a trajetória de uma adolescente negra, violentada sexualmente pelo pai, que tem na troca de cartas com a irmã e no companheirismo de outra mulher a fonte para escapar da opressão do marido. Segundo o ator Guto Oliveira, 26, a peça é sensível e dolorosa por refletir sobre as

A Mostra também apresenta o espetáculo Que Isso Fique Entre Nós, de jovens diretores locais, além do musical Florilégio II - Nas Ondas do Rádio, oferecido pelo Circuito Cultural Paulista. Os detalhes sobre horários, classificação etária e outras informações de todos os espetáculos podem ser conferidos no site da Secretaria Municipal de Cultura. <www.limeira.sp.gov.br/ pml/secretarias/cultura>. “Nosso intuito é que as companhias tragam uma pro-

DIVULGAÇÃO

Adaptação de “A Cor Púrpura”

adaptações do indivíduo ao longo da vida, principalmente após enfrentar períodos de intempéries. Guto é também diretor de

Outros 500, que retrata sem didatismo a história do Brasil de maneira crítica, nem sempre contada nos livros.

posta pedagógica interessante, além de garantir a elas o espaço para mostrar a sua verdade, sabendo o quanto é difícil trabalhar com arte no Brasil”, pondera a secretária de Cultura Gláucia Vilatto.


Limeira

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VIRADA CULTURAL

Laranja Oliva “abre” palco principal da Virada Cultural Uma mistura de samba, funk, soul, rock e outros ritmos compõe o repertório da Laranja Oliva, banda limeirense que vai inaugurar o palco principal da primeira edição da Virada Cultural a ser realizada na cidade, no dia 23 de maio, às 19h30. No ano passado, eles lançaram o primeiro disco, chamado Arroz, Feijão e Mistura, celebrando uma década de parceria da banda que nasceu em família. Curiosamente, todos os membros – Sérgio Moreira Júnior (vocal), Thiago Val (teclado), Bruno Bertoni (baixo),

DIVULGAÇÃO

Primeira edição local terá banda com origem limeirense, lançando Arroz, Feijão e Mistura

Cego Bertoni (bateria) e Gui Escafandro (guitarra) – têm algum grau de parentesco entre si. Apesar de a origem ter sido em nossa cidade, hoje os músicos estão espalhados pelo Esta-

do entre Limeira, São Carlos, Campinas, Bauru e São Paulo. E qual é o segredo para cair na estrada? “A gente marca um ponto, a depender de onde vai ser o show, coloca os instru-

mentos no carro e vai embora”, conta Sérgio. A separação espacial não limita a criatividade na hora de compor. Thiago Val é o principal responsável pelas

letras, mas, na melodia, a contribuição é geral. “Você escuta um som aqui, outro acolá, e aí simplesmente acontece, ao natural, é uma sinestesia de ideias que se juntam. A gente vai tocando, vai sentindo, escuta, vive, e assim surge a inspiração”, revela Val. Entre as principais influências do Laranja Oliva destacam-se as bandas Sociedade Soul, Grooveria, Red Hot Chili Peppers, Funk como le Gusta, Bixiga 70 – que também se apresenta na Virada Cultural, às 21h, logo após os limeirenses.

Sobre a experiência da criação do primeiro disco Val e Sérgio

GIOVANNI GIOCONDO

De um início baseado em covers de grupos famosos, com apresentações em bares e festas, a Laranja Oliva foi delineando um trabalho autoral, que, em maio de 2014, resultou no primeiro álbum da banda: Arroz, Feijão e Mistura. O disco tem canções que vão do rock funkeado, como na arrebatadora Vestida para Dançar, ao samba-rock de Alguma coisa a

gente tem que amar, que ainda conta com doses de arranjos eletrônicos. “Foi um processo ímpar. Resgatamos canções antigas e colocamos novas composições”, sintetiza Val. O show na Virada Cultural será a primeira apresentação pública do álbum, que está disponível para compra no iTunes e Spotfy, e também pode ser adquirido em bancas montadas durante os shows.

O download pode ser feito gratuitamente no site <www.laranjaoliva.com.br>. “Não adianta lutar contra isso [compartilhamento on-line]. Não rende frutos monetários, mas sabemos que o sentimento de satisfação do público quando conhece uma música não tem preço. O CD físico, com encarte, também existe. O importante é poder escolher”, afirma Val.

Expectativas para a apresentação do dia 23 de maio Surpresos com o convite para tocar na Virada Cultural Paulista, os integrantes da Laranja Oliva se dizem contentes pela oportunidade, mas têm os pés no chão. “Não temos empresário,

nem produtor de shows, muito menos ligação com Secretaria de Cultura, somos independentes”, lembra Sergio, que ressalta ter “muita gente boa” na música em Limeira, o que engrandece a apresentação.

Para Thiago Val, o evento é uma conquista da cidade e dos artistas limeirenses. “Muito do que se faz de bom aqui fica no underground, não só na música, mas no grafite, no skate, no hip-hop”, diz o

tecladista, que cita o coletivo King Chong – com o qual eles excursionaram para shows na Bolívia em 2014 – como um dos vetores da arte local. Para a apresentação do dia 23 de maio, Sergio dá um

recado bem-humorado ao público: “Vá preparado, porque nós também vamos. Vá de mente aberta, de corpo aberto, conecte-se com a gente, que a viagem vai ser boa”, avisa o vocalista.


Limeira

8 CASA DESTRUÍDA POR INCÊNDIO

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

GIOVANNI GIOCONDO

FOTO SÍNTESE –

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