Revista Apolo

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Editorial

REVISTA APOLO

A Renascença no centro de SP

R

enascimento. Uma das épocas mais culturalmente abertas a evolução e a busca pela perfeição que temos conhecimento.

Foi muito complicado para nós registrar em um número

A

determinado de páginas tamanha bagagem, pois o que

exposição Mestres do Renascimento

foi feito em 300 anos de processo histórico pode ser

aconteceu em São Paulo durante o mês

facilmente registrado em um sem número de livros inteiros

de julho até o nal do mês de setembro e

que falem somente dessa época.

atraiu cerca de 290 mil pessoas durante

Grande parte dos maiores nomes da história

esse período. Pessoas de vários lugares de São Paulo e até

da arte zeram seus nomes em algum dos centos do

mesmo de outros estados vieram admirar e estudar as obras

Renascimento: a autenticidade e maturidade de Leonardo

de arte, as esculturas e os objetos provenientes de coleções

da Vinci, a originalidade e perfeição de Michelangelo,

particulares, cedidas gentilmente ao Centro Cultural Banco

o cuidado e o realismo de Rafael Sanzio e a maestria e

do Brasil, organizador da exposição.

precisão de Brunelleschi são apenas alguns exemplos,

Como é sabido, o movimento renascentista teve

vagos até, da genialidade que fez parte da Renascença.

muitas formas de expressão interligadas entre si por meio de

O Renascimento trouxe a mente humana o desejo pela

certos padrões, mas não foi um movimento uniforme, pois

iluminação e por diretrizes de pensamento, fosse na arte

em cada local onde o movimento se fez presente, se fez de

ou na ciência, diante de uma obscuridade categórica

formas diferentes. Dessa forma, a organização da exposição

proveniente de uma recém-acabada Idade Média. Com isso,

se preocupou em catalogar e distribuir as obras pelos

houveram avanços que até hoje são valorizados, estudados

três andares do prédio onde o Centro Cultural funciona

e usados tanto na arte quanto na ciência, na loso a e em

de forma que o espectador vivenciasse o ciclo natural de

campos do conhecimento que até mesmo passam longe

desenvolvimento do movimento, começando com as

do acadêmico, despertando a curiosidade e a ânsia por manifestações iniciais em Florença, berço da Renascença,

entendimento de todos que caem no profundo e vasto

passando por locais como Urbino (cidade de Rafael Sanzio),

caminho do conhecimento renascentista.

Milão e Roma. A exposição não reuniu somente as pinturas de cada local, mas também se preocupou em mostrar as esculturas e a arquitetura pertencente ao movimento, uma vez que o Renascimento não se restringiu somente a pintura.

Foto da Capa: Cristo Abençoado (1506) - Autor: Rafael Sanzio Créditos: http://macariocampos.blogspot.com.br/

O Nascimento de Vênus (1483) - Autor: Botticelli Créditos: http://www.infoescola.com/biogra as/sandro-botticelli/

Organizadas de forma bem sucedida, as esculturas e as peças arquitetônicas se misturavam as pinturas, criando uma linha do tempo perfeita que proporcionou uma experiência renascentista incrível.

a REVISTA A Revista Apolo leva esse nome em referência ao deus grego

eXPEDIENTE

SumARIO

Projeto Gráfico

4. RENASCENÇA

Leonardo Correia

do conhecimento, entre outras

Um movimento artístico capaz de mudar

atribuições, pois é o nome que

Diagramação

o rumo da história da arte. As primeiras

justi ca a existência da nossa revista:

Leonardo Correia Leandro Domingos

páginas da revista que retratam o máximo

queremos levar conhecimento e arte ao mesmo tempo aos nossos leitores,

até a arquitetura.

de uma forma diferente, gostosa de

Redação

somente a Itália Renascentista, mas passou também pela

acompanhar e com conteúdos sempre

Leandro Domingos

Europa no geral, mostrando com sucesso as diferentes

instigantes e curiosos.

É importante ressaltar que a mostra abarcou não

Revisão

facetas de um movimento tão expansivo quanto foi o

Equipe

Renascimento. A exposição terminou, mas mesmo após o seu nal,

do Renascimento, indo a partir da pintura

Leonardo Correia Leandro Domingos

sua organização bem estruturada desde a entrada decorada

7 . O renascimento do intelecto humano

9. MESTRES DO RENASCIMENTO Uma cobertura da exposição Mestres do Renascimento, realizada pelo Espaço

com um Sanzio até a mostra das mais simples iluminuras não nos deixa esquecer a genialidade que constituiu séculos

Sugestões, reclamações e elogios

de uma bagagem histórica e de conhecimento profundo.

Créditos

Leonardo Correia

Foto da matéria: Rosemar Schick Fotos da exposição: Danilo Verpa/Folhapress 10

Leandro Domingos

E-mail: leo2011br@gmail.com Telefone: (11) 5789-1234

Cultural Banco do Brasil durante esse ano.

Boa leitura


RENAS S

ejam bem-vindos ao período da história da arte que cunhou a ideia de arte que temos hoje. A renascença (ou renascimento) foi um movimento cultural e simultaneamente um período da história Européia, considerado como marcando o final da Idade Média e o início da Idade Moderna, tendo seu início no século XIV em Florença, na Itália e no século XVI no norte da Europa. Entre os diversos artistas do período os três mais influentes são Leonardo da Vinci, Michelangelo Buonarroti e Rafael Sanzio, pertencentes à Renascença italiana.

Por LEANDRO DOMINGOS

MESTRES DO RENASCIMENTO A exposição trouxe a São Paulo as principais belezas do Renascimento, cobrindo seu início tímido em Florença até se espalhar pela Europa durante o século XVI. Por LEONARDO CORREIA

9


CENÇA

REVISTA APOLO Antonio Manetti descreve os artistas desse período como “mestres de artes mistas e de engenho”. Artes, na Florença da época, eram as corporações de artesãos e comerciantes que governavam a cidade desde o século 14. Além delas, com maior prestígio, havia as artes liberais, que se aprendiam pelos livros e não pela experiência prática. Os “mestres de artes mistas” não eram uma coisa nem outra. Já não se identificavam com o saber artesanal das corporações, transmitido de pai para filho; tampouco com o saber escolar dos acadêmicos. Buscavam conhecimentos empíricos, quando necessário (engenharia, fundição dos

Pietá (1499) - Autor: Michelangelo Buonarroti Créditos: http://saintpetersbasilica.org/Altars/Pieta/Pieta.htm

metais, fabricação de cores), embora não se restringissem a nenhuma das profissões tradicionais. Em sua maioria, não liam latim, mas dispunham de tratados de ótica e geometria traduzidos e consultavam cientistas e matemáticos sempre que fosse preciso. Eram leitores vorazes da nova literatura em vulgar (Dante, Petrarca, Boccaccio) e estudavam história. A cultura deles se definia em função dos projetos em que estavam envolvidos – uma igreja, um monumento, um quadro. Enfim, não eram nem artesãos nem filósofos. Pela primeira vez na história, eram artistas. Enfim, o Renascimento não foi um renascer, mas uma invenção. A invenção da arte, como ainda hoje a entendemos.

O Rapto das Sabinas (1581-82) - Autor: Giambologna Créditos: http://praarte.blogspot.com.br/2011/02/maneirismo.html Adoração da Santíssima Trindade (1511) - Autor: Albrecht Dürer Créditos: http://virusdaarte.net/wp-content/uploads/2013/03/adosatri.jpg

8

Castelo de Chambord (1519) - Autor: Leonardo da Vinci Créditos: http://www.pliniocorreadeoliveira.info/


REVISTA APOLO

REVISTA APOLO

RENASCENÇA

Seguindo o espírito humanista do período, a arte tornou-se mais laica em suas temáticas, buscando motivos na mitologia clássica em adição aos temas cristãos. Este gênero de arte costuma ser chamado de

Uma breve passagem pelo contexto histórico daquele que é considerado um dos movimentos artísticos mais ricos e belos da história da arte

classicismo renascentista. Os temas mais populares incluíam os personagens bíblicos e elementos da mitologia Grega e Romana. A arte do Renascimento pesou sua ênfase na importância da Madonna (Nossa Senhora) na arte. Tirando inspiração da arte Grega e

Basílica di Santa Maria del Fiore/Duomo de Florença (1436) - Autor: Brunelleschi Créditos: http://openbuildings.com/buildings/basilica-di-santa-maria-del-fiore-profile-1402

Romana, o artista renascentista também mostrava interesse no corpo humano, particularmente no nu. Tentaram idealizar a forma humana que foi mostrada na perfeição e pureza do físico com expressões e personalidade únicas. Nesse período, a lacuna dividindo os artistas de outros pensadores da criação, tais como os poetas, ensaístas, filósofos e cientistas, começou a diminuir. Todas essas pessoas eram vistas como visionários e começara a compartilhar ideias e aprender uns com os outros. No começo, a questão primordial foi a racionalização do espaço. A perspectiva central, cujas

O Homem Vitruviano (1490) - Autor: Leonardo da Vinci Créditos: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Da_Vinci_Vitruve_Luc_Viatour.jpg

regras “científicas” foram elaboradas por Brunelleschi, é aplicada não apenas à pintura, mas também à escultura (os baixos-relevos de Donatello, Ghiberti e Della Robbia),

O renascimento do intelecto humano

à arquitetura (proporções que levam em conta a visão a distância), à reurbanização das cidades (as praças e avenidas em perspectiva). Já no fim do século 15, no

O Renascimento está associado ao humanismo,

entanto, os artistas começam a se interessar mais por

o interesse crescente entre os acadêmicos europeus

literatura, filosofia e história do que por ótica e geometria.

pelos textos clássicos, em latim e em grego, dos períodos

A Renascença Italiana é dividida em três fases

Filippo Botticelli frequenta filósofos cujas teorias são

anteriores ao triunfo do Cristianismo na cultura europeia.

principais: Proto ou Pré-Renascença, Alta Renascença e

reconhecíveis em suas obras. Os três grandes que

No século XVI encontramos paralelamente ao interesse

Renascença Tardia. A Pré-Renascença foi liderada pelo

marcam a transição para o século 16, Leonardo, Rafael e

pela civilização clássica, um menosprezo pela Idade Média,

escultor Donatello, o arquiteto Filippo Brunelleschi,

Michelangelo, já são plenamente artistas filósofos. Daí

associada a expressões como “barbarismo”, “ignorância”,

e o pintor Masaccio. Eles iniciaram o movimento das

para frente, a arte estará mais interessada na expressão

“escuridão”, “gótico”, “noite de mil anos” ou “sombrio”

fundações de forma que o desenvolvimento e

do pensamento em imagens do que no conhecimento

(Bernard Cottret). A palavra francesa, também usada pelos

progresso fossem integrais, viabilizando a evolução e

objetivo do mundo.

ingleses, “Renaissance”, foi cunhada pelo historiador francês

sobrevivência das artes. Buscavam sua inspiração na

Jules Michelet e posteriormente usada pelo historiador suíço

antiguidade, criando figuras realísticas que retratavam

Jacob Burckhardt no século XIX. Este termo foi usado em

personalidades e comportamento. O termo Pré-

contraste com a “idade das trevas”, um termo cunhado por

Renascença abrange a grande parte da arte do século XV.

Petrarca, referindo-se à Idade Média. Após a introdução por

A Alta Renascença buscou criar um estilo generalizado

Petrarca, o termo foi considerado apropriado porque, durante

de arte focada no drama, presença física e equilíbrio.

o renascimento, a literatura e a cultura, clássicas das antigas

Os maiores artistas desse período foram Leonardo Da

civilizações da Grécia e de Roma foram adotadas pelos

Vinci, Donato Bramante, Michelangelo, Raphael e Ticiano.

acadêmicos e artistas na Itália, e disseminados extensamente

Foi um período de duração curta, entre 1495 e 1520. O

através da imprensa. Durante o último quarto do século XX,

Renascimento Tardio surgiu na época do saque de Roma

no entanto, um maior número de acadêmicos começou a

em 1527, forçando artistas a se mudarem para outros

achar que o Renascimento pode ter sido apenas um entre

centros artísticos na Itália, França e Espanha. Focaram-se

outros movimentos. A vida cultural deixou de ser controlada

nas leis da proporção para a arquitetura, usando as novas

pela Igreja Católica e foi influenciada por estudiosos da

técnicas de perspectiva (recém-redescoberta e bastante

Antiguidade greco-romana chamados de humanistas.

desenvolvida) representando mais autenticamente as três

Alegoria do Bom Governo (1328) - Autor: Ambrogio Lorenzetti Créditos: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/69/Ambrogio_

dimensões, corpo humano e espaço. A manipulação da luz e sombra, como o contraste de tom evidente nos trabalhos

Lorenzetti_Allegory_of_Good_Govt.jpg

de Ticciano, foi aprimorada com as técnicas do chiaroscuro

A Renascença se iniciou na Itália graças à sua

A Madona e a Criança (1505) - Autor: Rafael Sanzio Créditos: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Raffaello_Madonna_Cowper.jpg

localização central no Mar Mediterrâneo. Ela se tornou o cento do comércio entre Europa e Eurásia, e assim, um ponto

Notas

de difusão cultural entre os europeus e muçulmanos.

e do sfummato desenvolvidas por Leonardo da Vinci. Os

sfumatto: é o nome da técnica artística usada para gerar gradientes perfeitos na criação de luz e sombra de um desenho ou de uma pintura

escultores, também, redescobriram muitas técnicas antigas

chiaroscuro: É uma “palavra em italiano que significa literalmente “claro-escuro”. Técnica que faz uso da noção de tridimensão.

como o contraposto. 6

7


REVISTA APOLO

REVISTA APOLO

RENASCENÇA

Seguindo o espírito humanista do período, a arte tornou-se mais laica em suas temáticas, buscando motivos na mitologia clássica em adição aos temas cristãos. Este gênero de arte costuma ser chamado de

Uma breve passagem pelo contexto histórico daquele que é considerado um dos movimentos artísticos mais ricos e belos da história da arte

classicismo renascentista. Os temas mais populares incluíam os personagens bíblicos e elementos da mitologia Grega e Romana. A arte do Renascimento pesou sua ênfase na importância da Madonna (Nossa Senhora) na arte. Tirando inspiração da arte Grega e

Basílica di Santa Maria del Fiore/Duomo de Florença (1436) - Autor: Brunelleschi Créditos: http://openbuildings.com/buildings/basilica-di-santa-maria-del-fiore-profile-1402

Romana, o artista renascentista também mostrava interesse no corpo humano, particularmente no nu. Tentaram idealizar a forma humana que foi mostrada na perfeição e pureza do físico com expressões e personalidade únicas. Nesse período, a lacuna dividindo os artistas de outros pensadores da criação, tais como os poetas, ensaístas, filósofos e cientistas, começou a diminuir. Todas essas pessoas eram vistas como visionários e começara a compartilhar ideias e aprender uns com os outros. No começo, a questão primordial foi a racionalização do espaço. A perspectiva central, cujas

O Homem Vitruviano (1490) - Autor: Leonardo da Vinci Créditos: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Da_Vinci_Vitruve_Luc_Viatour.jpg

regras “científicas” foram elaboradas por Brunelleschi, é aplicada não apenas à pintura, mas também à escultura (os baixos-relevos de Donatello, Ghiberti e Della Robbia),

O renascimento do intelecto humano

à arquitetura (proporções que levam em conta a visão a distância), à reurbanização das cidades (as praças e avenidas em perspectiva). Já no fim do século 15, no

O Renascimento está associado ao humanismo,

entanto, os artistas começam a se interessar mais por

o interesse crescente entre os acadêmicos europeus

literatura, filosofia e história do que por ótica e geometria.

pelos textos clássicos, em latim e em grego, dos períodos

A Renascença Italiana é dividida em três fases

Filippo Botticelli frequenta filósofos cujas teorias são

anteriores ao triunfo do Cristianismo na cultura europeia.

principais: Proto ou Pré-Renascença, Alta Renascença e

reconhecíveis em suas obras. Os três grandes que

No século XVI encontramos paralelamente ao interesse

Renascença Tardia. A Pré-Renascença foi liderada pelo

marcam a transição para o século 16, Leonardo, Rafael e

pela civilização clássica, um menosprezo pela Idade Média,

escultor Donatello, o arquiteto Filippo Brunelleschi,

Michelangelo, já são plenamente artistas filósofos. Daí

associada a expressões como “barbarismo”, “ignorância”,

e o pintor Masaccio. Eles iniciaram o movimento das

para frente, a arte estará mais interessada na expressão

“escuridão”, “gótico”, “noite de mil anos” ou “sombrio”

fundações de forma que o desenvolvimento e

do pensamento em imagens do que no conhecimento

(Bernard Cottret). A palavra francesa, também usada pelos

progresso fossem integrais, viabilizando a evolução e

objetivo do mundo.

ingleses, “Renaissance”, foi cunhada pelo historiador francês

sobrevivência das artes. Buscavam sua inspiração na

Jules Michelet e posteriormente usada pelo historiador suíço

antiguidade, criando figuras realísticas que retratavam

Jacob Burckhardt no século XIX. Este termo foi usado em

personalidades e comportamento. O termo Pré-

contraste com a “idade das trevas”, um termo cunhado por

Renascença abrange a grande parte da arte do século XV.

Petrarca, referindo-se à Idade Média. Após a introdução por

A Alta Renascença buscou criar um estilo generalizado

Petrarca, o termo foi considerado apropriado porque, durante

de arte focada no drama, presença física e equilíbrio.

o renascimento, a literatura e a cultura, clássicas das antigas

Os maiores artistas desse período foram Leonardo Da

civilizações da Grécia e de Roma foram adotadas pelos

Vinci, Donato Bramante, Michelangelo, Raphael e Ticiano.

acadêmicos e artistas na Itália, e disseminados extensamente

Foi um período de duração curta, entre 1495 e 1520. O

através da imprensa. Durante o último quarto do século XX,

Renascimento Tardio surgiu na época do saque de Roma

no entanto, um maior número de acadêmicos começou a

em 1527, forçando artistas a se mudarem para outros

achar que o Renascimento pode ter sido apenas um entre

centros artísticos na Itália, França e Espanha. Focaram-se

outros movimentos. A vida cultural deixou de ser controlada

nas leis da proporção para a arquitetura, usando as novas

pela Igreja Católica e foi influenciada por estudiosos da

técnicas de perspectiva (recém-redescoberta e bastante

Antiguidade greco-romana chamados de humanistas.

desenvolvida) representando mais autenticamente as três

Alegoria do Bom Governo (1328) - Autor: Ambrogio Lorenzetti Créditos: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/69/Ambrogio_

dimensões, corpo humano e espaço. A manipulação da luz e sombra, como o contraste de tom evidente nos trabalhos

Lorenzetti_Allegory_of_Good_Govt.jpg

de Ticciano, foi aprimorada com as técnicas do chiaroscuro

A Renascença se iniciou na Itália graças à sua

A Madona e a Criança (1505) - Autor: Rafael Sanzio Créditos: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Raffaello_Madonna_Cowper.jpg

localização central no Mar Mediterrâneo. Ela se tornou o cento do comércio entre Europa e Eurásia, e assim, um ponto

Notas

de difusão cultural entre os europeus e muçulmanos.

e do sfummato desenvolvidas por Leonardo da Vinci. Os

sfumatto: é o nome da técnica artística usada para gerar gradientes perfeitos na criação de luz e sombra de um desenho ou de uma pintura

escultores, também, redescobriram muitas técnicas antigas

chiaroscuro: É uma “palavra em italiano que significa literalmente “claro-escuro”. Técnica que faz uso da noção de tridimensão.

como o contraposto. 6

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CENÇA

REVISTA APOLO Antonio Manetti descreve os artistas desse período como “mestres de artes mistas e de engenho”. Artes, na Florença da época, eram as corporações de artesãos e comerciantes que governavam a cidade desde o século 14. Além delas, com maior prestígio, havia as artes liberais, que se aprendiam pelos livros e não pela experiência prática. Os “mestres de artes mistas” não eram uma coisa nem outra. Já não se identificavam com o saber artesanal das corporações, transmitido de pai para filho; tampouco com o saber escolar dos acadêmicos. Buscavam conhecimentos empíricos, quando necessário (engenharia, fundição dos

Pietá (1499) - Autor: Michelangelo Buonarroti Créditos: http://saintpetersbasilica.org/Altars/Pieta/Pieta.htm

metais, fabricação de cores), embora não se restringissem a nenhuma das profissões tradicionais. Em sua maioria, não liam latim, mas dispunham de tratados de ótica e geometria traduzidos e consultavam cientistas e matemáticos sempre que fosse preciso. Eram leitores vorazes da nova literatura em vulgar (Dante, Petrarca, Boccaccio) e estudavam história. A cultura deles se definia em função dos projetos em que estavam envolvidos – uma igreja, um monumento, um quadro. Enfim, não eram nem artesãos nem filósofos. Pela primeira vez na história, eram artistas. Enfim, o Renascimento não foi um renascer, mas uma invenção. A invenção da arte, como ainda hoje a entendemos.

O Rapto das Sabinas (1581-82) - Autor: Giambologna Créditos: http://praarte.blogspot.com.br/2011/02/maneirismo.html Adoração da Santíssima Trindade (1511) - Autor: Albrecht Dürer Créditos: http://virusdaarte.net/wp-content/uploads/2013/03/adosatri.jpg

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Castelo de Chambord (1519) - Autor: Leonardo da Vinci Créditos: http://www.pliniocorreadeoliveira.info/


RENAS S

ejam bem-vindos ao período da história da arte que cunhou a ideia de arte que temos hoje. A renascença (ou renascimento) foi um movimento cultural e simultaneamente um período da história Européia, considerado como marcando o final da Idade Média e o início da Idade Moderna, tendo seu início no século XIV em Florença, na Itália e no século XVI no norte da Europa. Entre os diversos artistas do período os três mais influentes são Leonardo da Vinci, Michelangelo Buonarroti e Rafael Sanzio, pertencentes à Renascença italiana.

Por LEANDRO DOMINGOS

MESTRES DO RENASCIMENTO A exposição trouxe a São Paulo as principais belezas do Renascimento, cobrindo seu início tímido em Florença até se espalhar pela Europa durante o século XVI. Por LEONARDO CORREIA

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Editorial

REVISTA APOLO

A Renascença no centro de SP

R

enascimento. Uma das épocas mais culturalmente abertas a evolução e a busca pela perfeição que temos conhecimento.

Foi muito complicado para nós registrar em um número

A

determinado de páginas tamanha bagagem, pois o que

exposição Mestres do Renascimento

foi feito em 300 anos de processo histórico pode ser

aconteceu em São Paulo durante o mês

facilmente registrado em um sem número de livros inteiros

de julho até o nal do mês de setembro e

que falem somente dessa época.

atraiu cerca de 290 mil pessoas durante

Grande parte dos maiores nomes da história

esse período. Pessoas de vários lugares de São Paulo e até

da arte zeram seus nomes em algum dos centos do

mesmo de outros estados vieram admirar e estudar as obras

Renascimento: a autenticidade e maturidade de Leonardo

de arte, as esculturas e os objetos provenientes de coleções

da Vinci, a originalidade e perfeição de Michelangelo,

particulares, cedidas gentilmente ao Centro Cultural Banco

o cuidado e o realismo de Rafael Sanzio e a maestria e

do Brasil, organizador da exposição.

precisão de Brunelleschi são apenas alguns exemplos,

Como é sabido, o movimento renascentista teve

vagos até, da genialidade que fez parte da Renascença.

muitas formas de expressão interligadas entre si por meio de

O Renascimento trouxe a mente humana o desejo pela

certos padrões, mas não foi um movimento uniforme, pois

iluminação e por diretrizes de pensamento, fosse na arte

em cada local onde o movimento se fez presente, se fez de

ou na ciência, diante de uma obscuridade categórica

formas diferentes. Dessa forma, a organização da exposição

proveniente de uma recém-acabada Idade Média. Com isso,

se preocupou em catalogar e distribuir as obras pelos

houveram avanços que até hoje são valorizados, estudados

três andares do prédio onde o Centro Cultural funciona

e usados tanto na arte quanto na ciência, na loso a e em

de forma que o espectador vivenciasse o ciclo natural de

campos do conhecimento que até mesmo passam longe

desenvolvimento do movimento, começando com as

do acadêmico, despertando a curiosidade e a ânsia por manifestações iniciais em Florença, berço da Renascença,

entendimento de todos que caem no profundo e vasto

passando por locais como Urbino (cidade de Rafael Sanzio),

caminho do conhecimento renascentista.

Milão e Roma. A exposição não reuniu somente as pinturas de cada local, mas também se preocupou em mostrar as esculturas e a arquitetura pertencente ao movimento, uma vez que o Renascimento não se restringiu somente a pintura.

Foto da Capa: Cristo Abençoado (1506) - Autor: Rafael Sanzio Créditos: http://macariocampos.blogspot.com.br/

O Nascimento de Vênus (1483) - Autor: Botticelli Créditos: http://www.infoescola.com/biogra as/sandro-botticelli/

Organizadas de forma bem sucedida, as esculturas e as peças arquitetônicas se misturavam as pinturas, criando uma linha do tempo perfeita que proporcionou uma experiência renascentista incrível.

a REVISTA A Revista Apolo leva esse nome em referência ao deus grego

eXPEDIENTE

SumARIO

Projeto Gráfico

4. RENASCENÇA

Leonardo Correia

do conhecimento, entre outras

Um movimento artístico capaz de mudar

atribuições, pois é o nome que

Diagramação

o rumo da história da arte. As primeiras

justi ca a existência da nossa revista:

Leonardo Correia Leandro Domingos

páginas da revista que retratam o máximo

queremos levar conhecimento e arte ao mesmo tempo aos nossos leitores,

até a arquitetura.

de uma forma diferente, gostosa de

Redação

somente a Itália Renascentista, mas passou também pela

acompanhar e com conteúdos sempre

Leandro Domingos

Europa no geral, mostrando com sucesso as diferentes

instigantes e curiosos.

É importante ressaltar que a mostra abarcou não

Revisão

facetas de um movimento tão expansivo quanto foi o

Equipe

Renascimento. A exposição terminou, mas mesmo após o seu nal,

do Renascimento, indo a partir da pintura

Leonardo Correia Leandro Domingos

sua organização bem estruturada desde a entrada decorada

7 . O renascimento do intelecto humano

9. MESTRES DO RENASCIMENTO Uma cobertura da exposição Mestres do Renascimento, realizada pelo Espaço

com um Sanzio até a mostra das mais simples iluminuras não nos deixa esquecer a genialidade que constituiu séculos

Sugestões, reclamações e elogios

de uma bagagem histórica e de conhecimento profundo.

Créditos

Leonardo Correia

Foto da matéria: Rosemar Schick Fotos da exposição: Danilo Verpa/Folhapress 10

Leandro Domingos

E-mail: leo2011br@gmail.com Telefone: (11) 5789-1234

Cultural Banco do Brasil durante esse ano.

Boa leitura




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