History the of Final fantasy VII

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Final Fantasy® Brasil Textos extraídos de Final Fantasy® Brasil em www.finalfantasy.com.br Edição de Dante_Benfica luciojuniobenfica@hotmail.com Venda Proibida.


Prefácio Final Fantasy, ou apenas FF, como é chamado pelos fãs é considerado no mundo todo como o maior RPG já visto. Com uma vasta categoria de filmes, jogos e personagens capazes de encantar o público, FF vêm desde a década de 90 tomando o seu lugar nesse mundo. Toda a trama se desenvolve até o momento em treze jogos sem falar nos spin-off’s, que são histórias paralelas. Para mim e, sei também que para muitos Final Fantasy já era um titulo clássico mas sua fama veio em sua sétima edição, com a cativante história de Advent Children – que apesar de não deixar coisas soltas ao ar não revela toda a trama também. O desespero dos fãs foi então correr atrás dessa tal história e juntar esse pequeno quebra-cabeça. Comecei a escrever pela minha própria satisfação sem pedir conselhos a outros, seguindo apenas tudo o que vi e ouvi dessa magnífica série desde o inicio desse século. Essa história é contada tendo como base os jogos e o curta-metragem Last Order. Foram colocados ainda os contos “The Maiden Who Travelled the Planet” (A Dama que navegou no planeta) – repare que é usada a tradução navegou e não viajou como mandaria a regra já que é narrado antes dos acontecimentos de FF Advent Children e mostra a viagem de Aerith pelo lifestream após derrota de Sephiroth pela 1ª vez, logo após sua loucura. Os textos “On a Way to a Smile” é divido em três contando o que ocorreu antes e logo após o incidente do Geostigma. A ordem cronológica do conto “Last Order”, adaptado da animação com o mesmo nome, foi alterado para a facilitação do entendimento. Nos primeiros instantes da animação são mostrados Cloud e Zack, que morreria pouco depois, fugindo das instalações da Shin-Ra. Enquanto a fuga deles tentava ser abatida pelos Soldiers, Tseng, líder dos Turk’s, lembrava-se em seu escritório do incidente ocorrido com Sephiroth quando esse descobriu que havia sido resultado de uma experiência bizarra, levando-o assim a enlouquecer. Essas alterações entre flashbacks e flashofward’s foram substituídas por uma ordem cronológica.



Final Fantasy VII

O

planeta... Um astro que vaga pelo espaço, gravitando em uma órbita definida. Uma massa de terra e areia. Mas não como asteróides, meteoros ou cometas. Diante de um Planeta estes últimos tem tanta importância quanta poeira espacial.

"Mas o que faz de um planeta algo tão importante assim?". Você deve estar se perguntando. A resposta é simples: tudo. Tudo é "o motivo". Porém talvez, o mais importante dentre tantos é o destino para o qual ele fora designado em tempos imemoriais... Um planeta possui um grande motivo para existir: o de dar a vida, de dar abrigo e proteção a aqueles que possuírem vida... E apenas eles têm o poder de CRIAR a vida. Contudo, ao se fazer isso, os Planetas sacrificam sua própria energia, mesmo que por um curto período de tempo. Utiliza-se de seu fluxo de vida para criar outros... Sangue de seu sangue... Parte de seu Lifestream... Até que estes seres voltem de sua jornada e se tornem, novamente, um só com o Planeta... Isso é o que faz os Planetas serem Planetas. Entretanto, estes seres normalmente não sabem disso. E no topo de todos eles, estão os humanos... Os mais condenáveis dentre todos, pois, mesmo com a sua inteligência superior, NÃO SE IMPORTAM COM ESSE SACRIFÍCIO. E dessa forma utilizam de sua sapiência para depredar o Planeta e roubar o seu Lifestream para uso próprio. Para satisfazer seus desejos mesquinhos... E adquirir poder... Mas, antes deles, existiram outros. Outros que consideravam um Planeta o dom máximo de qualquer ser vivente... Que reconheciam todo o esforço realizado pelo local onde viviam. Um povo nômade, que acreditava no encontro da Terra Prometida, onde finalmente receberiam a felicidade suprema. A felicidade de

retornar ao Planeta. Estes foram chamados de Cetra. Os verdadeiros habitantes do Planeta... Mas aqueles que não concordavam com a jornada dos Cetra surgiram. Assim cessaram a migrações deram início a uma vida sedentária. Uma vida fácil. Removendo tudo do Planeta sem dar nada em troca... Estes eram os humanos. Diferentes dos Cetra, este povo não se arriscaria pela segurança do Planeta. Não moveria um dedo. E foi o que fizeram (ou "não" fizeram...). Há muito tempo atrás, um desastre se abatera sobre o Planeta. Um desastre forte o bastante para levar consigo parte do Planeta. E toda a vida seria extinta. Os humanos, com suas vidas cômodas, aceitaram de cabeça baixa. Mas os Cetra enfrentaram esse destino, sacrificaram-se para que o planeta recuperasse suas energias e fosse capaz de cicatrizar o ferimento. E assim, poucos Cetras sobreviveram... Enquanto os humanos continuaram a crescer em números, tornando-se a raça dominante. Uma raça com os mesmos ideais de milhares de anos atrás... Desde então os humanos tentam, através de sua ciência, atingir a capacidade e o poder dos Cetra... O conhecimento supremo da força misteriosa conhecida como mágica. E assim descobrem as chamadas Matérias, Lifestream cristalizado, portadoras dos conhecimentos dos antigos, aprendendo, em seguida, a produzir tais pedras. Com todo o poderio, a humanidade começa a se rebelar contra as demais raças. Destroem tudo e até a si mesmos. Humanos sobrepõem humanos... E num ciclo imortal de poder e ódio, nascera à companhia de energia conhecida como Shinra, que, com seu sistema de absorção de Lifestream (energia Mako para eles) para utilização como fonte de energia para seus aparelhos e sua vida fácil, passa a dominar todos os ramos da sociedade... E agora avança para o seu monopólio, sobre a natureza, criando armas biológicas...


Todavia, nem tudo está perdido. Existem, entre muitos, uns poucos que conhecem os ideais dos Cetra e os seguem, tentando impedir a inevitável morte do Planeta... Quando todo o Lifestream é drenado, deixando-o seco. Sem a capacidade de criar, de renovar a vida...

Ato I – A Última Ordem – Parte I


Tudo estava em chamas. –Por... Por que vocês estão fazendo uma coisa como... –Antes mesmo de conseguir terminar a pergunta, o aldeão foi morto pela espada de Sephiroth. Casas, estradas, pessoas tudo estava desaparecendo naquele local. Tudo pela loucura daquele que um dia havia sido intitulado como herói. -Eu vou buscá-la agora... Sephiroth começou então a caminhar lentamente em direção ao Reator Mako daquele lugar. Tifa estava desesperada não podia acreditar no que estava vendo. Toda sua vila o local onde havia crescido, brincado com seus amigos agora pegava chamas. A dor que ela sentia não podia ser expressa. -Papai, onde esta você?... Se você estiver ai, responda! Papai! Tifa gritava na esperança de encontrar seu pai, mas acabou avistando apenas eu mestre sentado no chão. –Mestre! Gritou ela. -Tifa!O que faz aqui?Saia daqui agora! Disse ele voltando-se em direção a garota. Tifa sem dar ouvido apenas correu na direção dele e perguntou: -O que diabos está acontecendo? Sem dar uma resposta seu mestre apenas virou-se de costas Tifa então percebeu que seu mestre não estava sentado no chão, mas sim ajudando um rapaz provavelmente ferido por Sephiroth. Assustada ela apenas respirou fundo e disse quase que consigo mesma... -Quem faria algo assim...? -Parece que Sephiroth está por trás disto. -Há?Sephiroth? Não, isso era impossível para Tifa, ou até aquele momento, era como se tudo em que ela acreditasse houvesse se tornado mentira do dia para a noite. -Porque Sephiroth faria uma coisa como essa? Tifa não possuía uma resposta para essa dúvida, mas logo ela se lembrou que não poderia preocupar-se com isso, agora ela precisava achar seu pai! –Mestre, você viu meu pai? Não o encontro em nenhum lugar! -O seu pai está no reator Mako nas montanhas-Quase que instantaneamente Tifa saiu correndo em direção ao local onde o pai dela estava e para onde Sephiroth se dirigia... -N-não vá...!O rapaz que até então parecia inconsciente deu o pequeno conselho a Tifa, quase que com suas ultimas forças, Tifa ainda voltou-se e viu o sofrimento daquele homem-Sephiroth está nas montanhas... O rapaz estava mal, a sua morte se aproximava. Ei! Agüente firme! Eu vou encontrar alg... Tifa saiu correndo. -Tifa! Espere! Mesmo se você for lá, não poderá fazer nada! A garota não deu ouvidos e continuou a correr, ela ainda ouviu o ultimo grito do seu mestre chamando por ela e tentando impedi-la!

O mestre de Tifa levantou-se, havia duas coisas que ele precisava fazer. A primeira salvar a vida daquele amigo. E a segunda salvar Tifa. -O que faço agora? Perguntou ele para si mesmo. -Me... Deixe aqui, vá atrás da garota. Disse o rapaz, quase que inconscientemente. Jamais faria isso com você, somos amigos, lembra-se! Vamos para casa, le colocou o rapaz sobre suas costas e seguiu em frente. -Ei Senhor! Gritou uma voz ao longe. Era Zack, que vinha correndo. -Ah é você! Disse o mestre de Tifa reconhecendo o SOLDIER. –É bom não estar louco também! -Como se eu não ficasse, numa situação como essa. Ironizou ele. Havia mais alguém com Zack, era um soldado. -Sephiroth fez isso... Não foi? Perguntou Zack. -As pessoas o chamavam de herói, coisas desse tipo... Mas ele não passa de um maníaco homicida! -Que cruel... O que aconteceu a você Sephiroth? Disse Zack, revoltandose com a situação. -Ah Sim!Vá em frente e resgate Tifa! Lembrou-se o mestre dela. -Algo aconteceu com Tifa? Perguntou imediatamente Zack. -Ela foi até o Reator Mako, nas montanhas, procurando seu pai. Sephiroth também está lá. Explicou ele. -O quê?! -Aquela garota não tem chance contra ele. Seu oponente deve ser um SOLDIER como você. -Eu não sou um SOLDIER comum. Gabou-se Zack -O quê?! - Eu sou um SOLDIER 1ªclasse. Concluiu ele. –Ajude o senhor a sair daqui, ordenou Zack ao soldado que o acompanhava. -Sim senhor. -Eu também voltarei assim que possível. Deixo Tifa em suas mãos. -Deixe comigo. Respondeu Zack ao mestre da garota. Tifa corria, desesperadamente, queria ver seu pai a qualquer custo, mas o medo de encontra com Sephiroth também estava nela, mas desde cedo ela havia aprendido a enfrentar seus medos. -Papai! Onde esta você papai?! Tifa avistou o Reator e parou em frente ele, havia um corpo lá. “Mais um amigo pensou ela” seria melhor que ela estivesse certa, pois, na verdade, o corpo era de seu pai. -Papai! Tifa correu, mas já era tarde. -Agüente firme, papai! Disse ela segurando-o em seus braços. -T... Tifa... Disse ele erguendo uma das mãos.


As lágrimas de Tifa começaram a cair, mesmo ela tendo dito que não voltaria a chorar aquilo era demais para ela. -Papai!! Agora sua lagrimas caiu por sob seu querido pai. -Tifa... Fuja rápido. -Ei agüente mais um pouco! Era o fim... Ele estava morto. Tifa não sabe quanto tempo ficou ali, nem todas as coisas que passaram pela sua cabeça. Ela só tinha a convicção de que havia lhe tirado tudo. E isso era imperdoável. -Sephiroth não é? Sephiroth fez isso, não foi? Tifa estava com um ódio imenso dentro de si e prestes a enlouquecer. Ela levantou-se e caminhou para dentro do Reator. -Sephiroth... SOLDIER... Shin-ra... Reator Mako... – havia uma espada no chão, suja de sangue, provavelmente a que matara seu pai. Tifa a arrancou e gritou: -Eu odeio... Odeio tudo isso!!! Enquanto isso, no lado de dentro, Sephiroth subia as escadas calmamente, era uma longa escadaria vermelha até o corpo daquela que ele chamava de Mãe, Jenova. Olhando para cima e contemplando o corpo Sephiroth disse: -Mãe... Eu vim para vê-la... Sephiroth ergueu a mão em direção, mas de repente um barulho o incomodou alguém vinha correndo! -Sephiroth! Como se atreve a fazer aquilo ao meu pai! Como se atreve a fazer aquilo a todos do vilarejo!! Tifa subiu as escadas correndo, ergueu a espada e atacou Sephiroth pelas costas, esse apenas a bloqueou com uma mão e a levantou. Tifa ergueu os olhos e pela primeira vez viu os olhos de Sephiroth, eles eram diferentes, em especial, sua pupila que não era redonda, mas sim vertical com a de um felino. Sephiroth a atacou e Tifa caiu imóvel no chão! Sephiroth virou-se e foi em direção a Jenova, mais uma vez. Tifa o chão, com o corpo todo dolorido apenas o olhava, no entanto, a maior dor que Tifa poderia sentir era no coração. -Apesar de você ter me prometido... Que você viria me salvar quando eu estivesse em perigo... Cloud... Zack apressou-se em alcançar Tifa e impedi-la. Zack não entendia o porquê daquilo tudo e seu ódio aumentava a cada corpo que ele via no chão, mas nada se comparou quando avistou o corpo do pai de Tifa. Como alguém seria capaz de fazer tamanha atrocidade e por quê? Zack ajoelhou-se e duvidas vieram a sua cabeça: Valia a pena? Valia a pena continuar lutando e deixando inocentes morrerem? Valia a pena sustentar o titulo de SOLDIER depois de tudo isso? Zack ficou alguns instantes pensando e chegou à conclusão de que sim. Era seu sonho e

ele não poderia abandoná-lo apenas por causa das ações de um homicida. Zack despediu-se do pai de Tifa e partiu pra dentro do prédio onde a placa da Shinra era iluminada por uma luz esverdeada. Zack avistou tifa... -Será que...? -Tifa!! Ela abriu os olhos lentamente -Zack? -Sephiroth fez isso a você, não foi Tifa? -Sim... -Vocês... Vieram a esse vilarejo apenas para uma investigação, certo? Por isso eu guiei vocês aqui... Só para que... Mas porque as coisas terminaram desse jeito...? -Tifa... -Eu odeio Shin-ra, SOLDIER e também você... Eu odeio tudo isso! Zack ergueu-se e foi em direção Sephiroth -Entendo... Não vou pedir para você me perdoar, mas me deixe acabar com isso! Zack estava furioso, retirou sua espada e atacou a porta que levava até a câmera onde Jenova estava. -Mãe, vamos tomar esse Planeta de volta juntos. Eu tenho um bom plano, vamos a Promised Land. Sephiroth conversava com o corpo de Jenova. -Sephiroth!! Gritou Zack. -Porque você os matou?! Porque você feriu Tifa?! Responda-me Sephiroth! Sephiroth apenas ignorou o apelo de Zack e riu. -Mãe, aqueles tolos vieram novamente. Minha mãe deveria se tornar a regente desse Planeta, com sua força superior e seu conhecimento. Mas... Aqueles tolos... Aqueles tolos inúteis... Tomaram esse planeta á força de você, não foi Mãe? Mas, por favor, não fique mais triste. Venha comigo. Sephiroth arrancou Jenova do local onde havia estado escondida a anos, a verdadeira forma daquela que veio do espaço surgiu. -Finalmente nos encontramos Mãe! Zack estava atrás de Sephiroth e colocou sua espada contra o pescoço dele. -Sephiroth... O que diabos aconteceu com você? -Seu traidor. Sephiroth tirou sua massamune e atacou Zack esse só teve tempo de esquivar-se pulando para longe. Zack revidou os dois pareciam voar enquanto suas espadas se confrontavam diretamente. -Sephiroth eu confiava em você! Ambos caíram no chão... Não, você não é o Sephiroth que conheci um dia!


Zack caiu em cima de um das tubulações que iam para a câmera de Jenova e foi surpreendido, Sephiroth surgiu do céu e a cortou fazendo Zack cair de uma altura imensa! Por sorte zack caiu em cima de outra. Sephiroth era mais forte e mais veloz Zack já estava cansado e apenas defendia-se dos golpes da maneira que podia. -Eu sou o escolhido. Sou o ser escolhido para se tornar o regente desse Planeta. Zack tentou ataca-lo, mas foi inútil, Sephiroth, sem nenhum esforço, esquivou-se, era demais. Zack estava exausto e ferido. -A fim de retornar esse Planeta dos tolos de volta as mãos dos Cetra, eu nasci. Uma tubulação estourou bem atrás de Zack, surpreendendo-o e fazendo-o cair no chão de quatro. Sephiroth então desferiu o ultimo golpe sem dar chances de defesa para Zack! Zack havia sido derrotado. Sephiroth voltou para junto do corpo de Jenova. - Esta tudo bem agora, Mãe. Uma dor, nunca sentida antes por Sephiroth percorreu seu corpo! -Quem você pensa que é? Devolva minha mãe... Tifa e meu vilarejo! Eu... Respeitava você e o admirava, mas...! -Seu desgraçado! Exclamou Sephiroth Antes de conseguir se virar à espada foi tirada, o ferido ainda mais. O soldado então correu para fora e foi até Tifa caída no chão. Era Cloud. Cloud pegou Tifa no colo, como se quisesse tirá-la dali e poupa-la de todo sofrimento. -Cloud... Você veio por mim... -Sim... -Então você cumpriu sua promessa, hã? Você veio mesmo me salvar... -Me desculpe, eu me atrasei um pouco até chegar até aqui. -Não. Está tudo bem... Cloud. Um barulho interrompeu a conversa dos dois Sephiroth havia quebrado de vez a câmera de Jenova! -Mãe... Sephiroth cortou a cabeça de Jenova e foi para fora. Ao avistar Cloud disse: -Como alguém como você... -Cloud... Acabe com ele... Era zack, estava quase morto mas uma ainda estava acordado... -Como alguém como você... Cloud foi enchendo-se de raiva ao ver o amigo naquela situação, ao ver Tifa e a dor que ambos estavam sentindo. -Sephiroth!! Cloud correu em direção a ele! -Não me subestime! Disse Sephiroth bloqueando o ataque de Cloud.

Cloud havia se precipitado e agora a massamune estava atravessada em seu corpo. Sephiroth o atirou para longe. -Alguém como você... Seres humanos... Disse ele seguindo na direção de Cloud que tentava parar o sangue com uma das mãos. –Você realmente pensou que pudesse me derrotar?! Sephiroth mais uma vez atingiu Cloud, fazendo com que sua espada atravessasse todo o corpo de Cloud, no entanto para ele a dor havia sido ainda maior. -Lembre-se bem... -Minha família... Cloud interrompeu Sephiroth. –E minha cidade natal você acabou com tudo. Eu nunca irei perdoá-lo! Cloud segurou firme na espada de Sephiroth e avançou, a medida que ele o fazia o ferimento e a sua dor aumentavam proporcionalmente. Cloud gritava, contudo, não hesitava. Sephiroth surpreendeu-se com tal ato. -Impossível... O que diabos é você? Os olhos de Clou ardiam e faziam com que o maior SOLDIER já visto tremesse de medo. Sephiroth então tomou uma decisão - Mãe venha para a Promised Land comigo! Dizendo isso ele se jogou no enorme tanque de Lifestream que havia ali junto com a cabeça de Jenova. Cloud não suportou a dor e desmaiou. Uma Turk observava tudo. -Dr. Hojo. Disse ela no celular. -Sim... -Tenho algo que vai interessá-lo, venha para Nibelheim. O Mestre de Tifa chegou a ponto de ver sephiroth se jogando no tanque, mas apenas resgatou Tifa. -Espero que consigam sair vivos dessa... Disse ele referindo-se a Zack e a Cloud, e vendo as inúmeras tropas de cientistas da Shin-ra que chegavam ao local. Turks e cientistas observavam a Zack e Cloud enquanto os colocavam em macas. O primeiro a ser levado foi Zack, logo em seguida Cloud... Ambos serviriam de experimentos para o Dr. Hojo e sua equipe. -Este aqui leve até o porão da mansão Shin-ra. Disse ele examinando zack. –Sephiroth dessa vez você conseguiu. Dizia ele orgulhoso do filho. Tseng aproximou-se. -Ah é você, Veld está indo bem? -Sim. Respondeu Tseng. -Estou vendo. Como estão indo com o vilarejo? -Já demos inicio a operação. Era necessário mais um trabalho sujo, dessa vez limpar qualquer evidencia. Toda a destruição ocorrida em Nibelheim ficaria por causa de


um furacão e outras pessoas, filiadas a empresa morariam no lugar para que ninguém suspeitasse de uma ação errônea da Shin-ra. -Dr. Hojo. -Sim... Disse o velho enquanto examinava Cloud. -É necessário irmos tão longe? -Humn! Você ainda é jovem, sua opinião não faz muita diferença! Rápido com o vilarejo! -Sim. Respondeu Tseng. -Ow! Espere um pouco. Hojo ajeitou os óculos de lua e mais uma vez sua ganância o dominou. -Este garoto acabou com ele, hã? Interessante... Muito interessante... Tseng observava tudo com certo repudio. Hojo falava como uma criança que acabava de encontar uma nota de 10 no meio da rua. -Eu posso utilizá-lo em um novo experimento.


Ato I – A Última Ordem – Parte II Estava escuro. Não podia se ver muita coisa além do caminho. Os olhos de Cloud agora estavam esverdeados, ele havia perdido a vida, a sua vontade. Zack, ofegante, o carregava por dentro daquele caminho com árvores em volta. -Opa! Disse Zack enquanto ajeitava Cloud. Zack olhou o amigo, satisfeito, e apesar de Cloud não demonstrar nenhuma vida Zack continuava a conversar com ele, como se Cloud pudesse entender. -A culpa é minha. Eu queria deixar você descansar, mas parece que não temos tempo para isso. Zack continuou andando e logo percebeu que eles não estavam sozinhos. Os soldados enviados pela Shin-ra para capturá-los avançaram. Eram centenas deles, mas Zack, como sempre, manteve a calma e apenas retirou a espada, que seu mestre Angeal lhe havia dado. Antes mesmo que algum soldado pudesse acertá-lo ele rechaçou um a um. -Como se um soldado qualquer pudesse comigo. Gabou-se Zack enquanto dirigia-se até Cloud, caído no chão. –Não é? Concluiu ele erguendo Cloud. -Ali estão eles! Gritou uma voz ao longe. Eram mais soldados atrás dos dois. -Mas que caras persistentes. Reclamou Zack. O som das metralhadoras ecoou no silêncio daquela floresta e daquela noite. -Como se fossem me acertar! Gritou Zack, agora correndo levando Cloud consigo. As luzes da sede da Shin-ra continuavam brilhando naquela noite, aquelas luzes verdes responsáveis por tanto sofrimento. -Nossas forças fizeram contato com os alvos. -Esta certo. Respondeu Tseng. –Rude vá com os outros ate o local planejado. Os restantes devem retornar ao quartel general. Sobre a localização dos alvos. Caia sobre a carta aquele pigmento vermelho. O selo. Do líder dos Turks, Tseng, que tiraria a liberdade deles novamente. Tseng, sentado na sua imensa sala, começava a relembrar os eventos que o levaram até a situação atual. Ele então começou a escrever o relatório que enviaria para seu superior. “72 horas atrás... Nós do Setor de Investigação do Departamento de Negócios Gerais, também conhecidos como Turks, fomos ordenados a perseguir os espécimes que escaparam das instalações da Shin-ra. Os espécimes que escaparam eram dois adultos, um deles é um experiente em combates, que alcançou o status de SOLDIER, 1ª classe.”

Tseng parou por um instante de escrever. Colocou a caneta sob a mesa, pegou sua caneca com um café, amargo, levantou-se e foi até a janela. Enquanto bebia lembrava-se dos eventos de cinco anos atrás na cidade de Nibelheim. -Eu já estive envolvido com estes dois garotos, que agora são meus alvos, no incidente ocorrido cinco anos atrás. Tseng voltou-se colocou a xícara em cima da mesa e abriu um caderno, Tseng parecia lutar contra si mesmo. No fundo no fundo ele sabia que a maioria das coisas que a Shinra fazia eram erradas, uma vez que ele era o principal responsável por encobertá-las. Mas era preciso, ele também tinha conhecimento disso. -Se aquele incidente de cinco anos nunca houvesse acontecido... Talvez seus destinos não tivessem mudado. Somente se aquele homem nunca tivesse existido. Dizia Tseng enquanto passava as paginas até algo chamar sua atenção. –O maior dos soldados, uma vez conhecido como herói... Sephiroth... O celular de Tseng tocou, era uma ligação. -Sim. Disse ele. -Alvos confirmados! Alvos confirmados! Agora no ponto 137. Tseng continuava a passar as folhas daquele diário enquanto seu subordinado repetia a informação. Zack chegou ao final era um despenhadeiro, mas ele não hesitou e pulou. -Cara, essa bagunça toda só por nós dois! Exclamou Zack. Eles estavam cercados agora havia soldados armados até os dentes em qualquer lugar por onde Zack olhasse, no entanto, sem se importar ele apenas perguntou a Cloud: -Muito bem... O que faremos agora...? Zack olhou para cima e colocou Cloud no chão, encostado em uma parede em seguida cravou sua espada no chão em frente a Cloud, protegendo-o. Zack correu. Os soldados, não hesitaram e atiraram contra Cloud e Zack, este ultimo esquivava-se de todos os tiros e as que iam contra Cloud eram bloqueadas pela espada de Zack que estava na frente dele. Ao esquivar-se dos tiros dos soldados Zack fazia com que as mesmas balas acertassem a eles! -Estamos na nossa própria linha de fogo! Estamos atirando uns nos outros! Gritou o capitão. -Cuidem da situação com armas de combate corpo-a-corpo! Ordenou o capitão da operação que parecia fracassar mais uma vez! Os soldados agora partiram para cima de Zack com espadas, mas isso só serviu para tornar o massacre ainda maior! -E... Essa é a... Força de um SOLDIER? Indagou o ultimo deles.


Zack então avistou uma estrada próxima daquele local e duas motos que passavam por ali. -Atrás dele! Zack estava fugindo, pensaram os soldados, mas na verdade ele só queria uma das motos para dar o fora dali com Cloud e ir viver sua vida junto a Aerith. Cloud continuava ali. Entre a parede e a espada de Zack. -E pensar que um dia ele poderia abandonar o amigo. Disse o comandante enquanto contemplava a fuga de Zack. –SOLDIER 1ª classe, Zack-Disse em tom de deboche. Dois soldados aproximaram-se de Cloud e tentaram retirar a espada, no entanto parecia impossível. Tseng em seu escritório olhava a foto de Zack e lembrava-se das missões em que fora mandando junto a ele, tudo antes de Sephiroth enlouquecer. Zack continuava correndo, mas agora estava acuado, nas motos estavam dois soldados. Zack apenas riu como se dissesse: “Dois soldados, contra eu, que sou um SOLDIER 1ª classe?”, mas um helicóptero apareceu. Eram os Turks. -Os Turks, hã? Eram Rude e Elena. -Alvo encontrado. Nossas ordens são para capturar ou exterminar os alvos, mas... Informava Rude a Tseng. -... Traga-os de volta com vida, na medida do possível. Informou Tseng. -Positivo. Afirmou Rude. -Renda-se calmamente. Se o fizer, asseguraremos sua vida. Disse Elena. -Esses Turks... Aparecendo sei lá de onde, e fazendo o que dá vontade. Vamos capturar os espécimes nos mesmos. Disse um dos soldados que observava tudo com grande revolta. -Cada um deles, fazendo o que dá na telha... Pensou Zack. –Eu não preciso que assegurem minha vida... O que eu quero é... LIBERDADE!!! Zack virou-se e foi em direção aos soldados nas motos. Sem nenhuma dificuldade Zack os derrotou e pegou umas das motos. -Agora é só falta você. Disse ele indo em direção ao local onde havia deixado Cloud. -Apressem-se estão ai até agora! Gritou o General para os soldados, que apesar de estarem se esforçando não conseguiam mover a espada. O telefone de Tseng tocou, era Rude. -O que houve? -O alvo conseguiu uma moto. Espera-se um aumento na área de escape, de agora em diante. Zack parou a moto e viu a cena mais engraçada de sua vida, os soldados não conseguiam remover a espada por mais que tentassem.

Zack andou na direção deles e como se já não bastasse à humilhação que aquele pelotão estava passando Zack arrancou a espada com apenas uma das mãos. -Você é Zack...? Indagou um dos soldados. Mas Zack o ignorou, abaixou-se, olhou para Cloud, sorriu e disse: -Desculpe por deixá-lo esperando. Zack pegou o amigo e o colocou no banco de trás da moto, e saiu de lá. Não houve um soldado que pudesse impedi-lo, ou ao menos tentado. -Ei, não fique tão zangado. Não tinha chance de eu deixar um amigo para trás. Dizia ele a Cloud que parecia estar dormindo. Eles estavam sendo perseguidos pelo helicóptero dos Turks, mas Zack parecia não se importar. -Os militares com certeza gostam de dar essas coisas desnecessárias para eles. Disse Elena. Tantos os Turks quanto os soldados pareciam insatisfeitos com a situação, mas não havia outro jeito. Se falhassem ele teriam que se ver com Tseng e posteriormente com “Chefão”. Zack também já estava cansado da situação e então decidiu por um fim naquilo, fez uma manobra arriscada para qualquer pessoa, menos para ele é claro e entrou em um túnel subterrâneo. -Até mais! Exclamou ele. -Os alvos foram perdidos. Eles adentraram no túnel subterrâneo. Informou Elena. Rude rapidamente tirou o celular do bolso e conferiu o GPS, o túnel daria em Midgar. -Então eles planejam entrar em Midgard, hã? É lógico, humn, lá não poderemos pega-los. Tseng fez uma breve avaliação da situação e ordenou ao outro grupo. -Instale postos aos arredores de Midgar! -Entendido. -Chefe, recebemos a noticia de que os alvos foram encontrados em um dos postos. -Entendido. Estarei ai imediatamente. Tseng desligou o celular. – Nos vamos tirar a liberdade deles de novo? – Pensou Tseng olhando para a foto de Cloud nas noticias do incidente em Nibelheim. -Os alvos ultrapassaram o ponto 48 exatamente agora. Inclusive, a moto utilizada foi deixada para trás, por falta de combustível. Parece que eles pegaram carona em uma caminhonete. Enquanto isso os turks aguardavam Tseng próximos ao helicóptero, preparando-se para irem ao encalço de Zack e Cloud. -O chefe esta com aquela cara séria de novo. Comentou Reno.


-Nós os salvamos a cinco anos atrás, mas agora querem que os capturemos, dessa vez? -Mas que destino... Completou Helena. -Se você pensar bem, coitados deles... -Isso me faz quase simpatizar com eles. -Nossa vocês são tão bonzinhos! -Não importa qual seja a missão, nos sempre temos que cumpri-la, esse é o nosso trabalho. -Vamos! Ordenou Tseng. -É hora de dar um passeio. -Ei, novato, vamos logo. -Estou indo. -Ei, o que você vai fazer quando chegarmos a Midgard? Bem, pra começar, precisamos conseguir algum dinheiro. Ei, amigo, você conhece algum trabalho que possamos pegar? -O que estão dizendo? Vocês devem tentar de tudo enquanto são jovens! Enfrentem muitos trabalhos árduos enquanto são jovens, e vocês encontrarão os seus próprios caminhos. -“Tentar de tudo” ele diz. Não ajuda muito hã? -Ah sim é isso! Eu tenho muitos conhecimentos e habilidades que as outras pessoas não têm não é? Já decidi! Vou abrir um negocio que faça de tudo! -Ei! Você ouviu alguma coisa do que eu disse? -Coisas problemáticas, coisas perigosas... Farei de tudo dependendo da recompensa! Vou fazer uma fortuna! Ei, Cloud... O que você vai fazer? Só estou brincando... Eu não vou fazer algo como abandonar você... Nós somos amigos, certo? Vamos abrir um negocio que faça de tudo, ouviu Cloud? -Os alvos ultrapassaram o ponto 12. Estão prestes a entrar no nosso raso de fogo. -OK, vamos lá. -Mas fomos avisados pelos Turks para esperarmos a sua chegada. -Eles não precisam cuidar disso. -Apenas atire. Zack levantou-se de seu lugar no caminhão e foi até a cabine do motorista perguntar: -Ei, amigo, ainda não chegamos lá? Essa porcaria... Nesse momento Zack percebeu a presença não de um, mas de incontáveis soldados da Shin-ra. Eram milhares de soldados por toda parte! -Cloud, fuja! Um tiro ecoou no céu daquela estrada.

Por um instante tudo escureceu... Cloud não podia entender o que estava acontecendo, ele apenas sentia Zack carregando-o, pelo deserto, Zack sangrava, havia sido ferido no braço. Cloud, contudo, por mais que se esforçasse não conseguia mover um músculo sequer... -Não se preocupe, está tudo bem! Deixe-me aqui e fuja – Era o Cloud gostaria de ter podido dizer ao amigo. Mas ele continuou a carregá-lo. Zack recostou-se por trás de um rochedo enquanto tentava conter o sangue que saia de seu braço... Cloud continuava, do seu lado, imóvel. -Por quê? Pensava Cloud - Porque ele não se salva e me deixa aqui? Zack estava cansado. Parecia não ter mais forças para defendê-lo e defender seu amigo. Os vários soldados se aproximavam... Passo a passo, era assustadora a sensação de morrer, mas para Zack o pior era deixar seu amigo ali e fugir, Zack ouvia os passos se aproximando, mas relâmpagos seguidos de trovões iam lavando toda a esperança de Zack. Ele ergueu-se em uma última tentativa de salvar o amigo, seu braço sangrava muito e Zack mal podia segurar a espada com apenas uma mão. Zack caminhou lentamente ao encontro do batalhão, nesse momento Cloud despertou e ergueu sua mão na esperança de alcançar Zack que estava indo. -Cara... O Preço da liberdade é alto. -Seu desgraçado, acha que pode nos vencer ferido assim? Eu vou te mostrar!! Zack apenas ignorou. -Abrace seus sonhos, defenda sua honra Zack apesar de ser forte sabia que não poderia vencer aqueles soldados, estava ferido e cansado por ter carregado Cloud naquele deserto durante dias. - Depois de tanto trabalho, nós seremos os responsáveis por matar o grande Soldier de 1º classe Zack... Hehehehe... Vamos receber uma promoção! O Soldado disparou sua metralhadora contra o peito de Zack. Era o fim... Zack caiu, em frente à cratera do norte, como um raio. Ela estava diferente desde a última vez em que estivera ali. Estava maior... -Ei! O que faço com este?! Perguntou um dos soldados. -Ahh! Deixe-o ele vai acabar morrendo aqui mais cedo ou mais tarde... -Você tem sorte garoto. Disse o soldado batendo com a metralhadora no rosto de Cloud. Era demais para Cloud, não poder ter ajudado seu amigo. Talvez se ele não fosse tão fraco... Se... Ao menos... Eles teriam uma chance de saírem vivos. Cloud não suportava mais, sua alma gritava de dor e ódio


e assim ele se libertou! Libertou-se daquela prisão mental em que estava e agora podia se mexer. Com tanta raiva dentro de si, Cloud não hesitou em vingar seu amigo e acabar com aqueles dois soldados. Longe dali Aerith cuidava de suas flores. E de repente como por um instante ela sabia o que estava acontecendo com seu amado. Ela se lembrou dele, lembrou de cada elogio que ele fizera ao seu jardim quando a vira pela primeira vez. Cloud arrastava-se para perto de Zack, a chuva caia sobre a eles de uma forma restauradora, para limpar todo o sofrimento que haviam passado. -Zack... Disse Cloud olhando para o amigo. -Para mim... Tanto de nós -Tanto de nós? Perguntou Cloud. -É isso mesmo, você será... -Você s-será... Zack estava fraco. -Eu serei? Perguntou Cloud. Zack pegou a cabeça do amigo e colocou sobre seu peito ferido e sujo de sangue. -Você será a prova da minha existência. Parte de mim! Clou levantou o rosto, sujo de sangue. Zack pegando erguendo sua espada disse: -Minha honra, meus sonhos... São seus agora! Clou pegou aquela espada que já havia sido de tantos outros guerreiros como Angeal e Zack. -Eu vou ser a prova da sua existência. Disse Cloud. Zack sorriu e fechou os olhos... Para sempre! Na cratera do norte pode se ouvir o grito de dor, de Cloud... Tudo que havia passado com o amigo desde o momento em que entrara para a SOLDIER. O sol nascerá novamente e assim Cloud pode entender que não era o fim, mas sim o início de uma jornada contra a Shin-ra e seus atos inescrupulosos, ele deveria continuar vivendo por ele e pelo amigo! “Abrace seus sonhos, se você quer ser um herói, você precisa sonhar”. -Obrigado. Eu não me esquecerei... Cloud levantou-se... Estava disposto a fazer o que Zack lhe pedirá! -Boa Noite... Zack “Aquela garota, ela disse que o céu pertence a ela... Isso parece tão confortante... Essas asas, eu também quero uma... eu me sinto, bem. E o que você diria se eu te falasse que você se tornou um herói? Se você ver Aerith diga a ela por mim... Eu te amo”

Cloud caminhou até chegar a uma estação de trem. Quando o primeiro trem passou Cloud pulou em cima dele e seguiu em direção àqueles a quem ele amava.


Ato II - Novos amigos

Nos subterrâneos da mansão Shinra hiberna um ser que não se considera mais um humano. Vicent Valentine. Antigo Turk era uma das poucas pessoas em quem Hojo confiava. Vicent era perfeito em tudo. Amigo, honesto e obediente. No entanto ele amou uma pessoa que não devia a jovem Lucrecia... Agora a única coisa que ele deseja é acabar com Hojo e toda a Shin-Ra. O Dr. Hojo olhava cautelosamente os dados coletados em mais uma pesquisa. Já se passava da meia-noite quando Lucrecia adentrou a sala trazendo uma bandeja com uma xícara de café. -Doutor, é.. Hojo a olhou sem compaixão alguma. Para ele não havia nada mais importante do que suas pesquisas e experimentos. -Coloque em qualquer lugar!- Exclamou Hojo antes que ela o atrapalhasse mais-Certo. –Lucrecia teve um olhar triste nesse momento. Todo o amor que sentia por Hojo não era correspondido de forma alguma. Já fazia tanto tempo. Mas nada havia mudado.Lucrecia virou-se e deu um passo em direção a uma pequena mesa que ficava ao lado de onde Hojo estava sentado. Uma mesa empoeirada e mal arrumada. Nela haviam algumas fotos inclusive uma de Lucrecia, que aliás ela mesma deixara ali, na esperança de que Hojo porventura pensasse nela ao menos uma vez. Lucrecia andou, e sem perceber uma falha no chão tropeçou. Por acidente ou talvez azar o café caiu bem em cima do computador onde Hojo estava. Hojo encheu-se de fúria e avançou para cima dela. -O que pensa que está fazendo mulher?! A mão de Hojo ergueu-se e no momento em que iria bater em Lucrecia a porta se abriu. -O que esta havendo aqui? Era Vicente voltando de mais uma missão. Hojo olhou para ele cerrou os lábios e resmungou para Lucrecia: -Você não serve para nada!

Soltando-a ela saiu da sala imediatamente sem sequer responder ao comprimento que Vicente acabara de lhe fazer. Por aqueles corredores ela correu. Sentia-se a pior pessoa do mundo. - Eu não sirvo pra nada! Por quê?! –Pensava ela. Lucrecia parou. Colocou as mãos sobre os cabelos e sentou-se no chão, ali ela chorou... Não se sabe por quanto tempo... _______________________________________________________ _______________________________________________________ O Mundo estava em guerra, pessoas morriam por toda parte. A Shin-ra company crescia e os habitantes dos seus setores prosperavam enquanto os habitantes de Edge sofriam com doenças e fome. Mas nem sempre fora assim. Antes de a Shin-ra aparecer existia uma grande vila ao Leste, Wutai. Seus habitantes especialistas nas artes da guerra com as mãos* viviam de forma plena e feliz. O líder desse povo era Godo, um sábio guerreiro, justo e cheio de compaixão que pensava acima de tudo em seu povo e sua filha, Yuffie. Mas algo terrível estava começando a acontecer... - Então você ficou sabendo? Eles ergueram o primeiro reator. -Dizem que isso vai acabar com a o planeta. -Mentira! Tudo conversa para assustar as crianças... -Eu não sou uma criança! Yuffie parou e ficou vendo a conversa daqueles jovens rapazes. De que maneira aqueles reatores na cidade iriam afetar a vida e as pessoas de Wutai, ainda era algo desconhecido, apesar de Yuffie saber que não seria boa coisa, ou algo para se comemorar. -Oh! Yuffie já chegou?! Era Godo com aquele mesmo sorriso simpático no rosto olhando serenamente para sua filha. Yuffie abaixou os olhos e deu um suspiro e mesmo antes de poder falar alguma coisa seu pai lhe disse: -Tempos difíceis nos aguardam... Esteja preparada. -Sim! Mais uma vez Godo sorriu. Os anos foram passando e a cada dia a Shin-ra crescia mais, conquistava mais, erguia mais reatores. Até


ficar sem espaço e ter que ir a outros continentes foi ai que o pior aconteceu, em Wutai uma grande campo de Mako, energia utilizada pela Shin-ra e pelos seus reatores, foi descoberta! Os Anciãos e guerreiros de Wutai defendiam com todas as suas forças a sua terra, com medo de que a instalação de reatores na região fosse acabar com a paz daquele lugar. - Meu nome? Isso não é importante Godo. Vim até aqui lhe pedir para que mande seus homens saírem do campo, caso contrario... -Caso contrário? - Perguntou Godo com toda arrogância que possuía. -Caso contrario, vocês sentiram na pele a nossa mais nova arma. – Disse aquele homem de jaleco branco ajeitando com os dedos seus óculos. -Nós de Wutai não tememos suas armas. Confiamos em nosso espírito, e não na nossa força. O homem sorriu e disse: -Pois bem. Até mais. Ele virou-se e foi embora. Dois dias depois Wutai estava destruída e o reator instalado. -É o fim... Acabou... –Godo estava em um estado profundo de depressão. -Não! Papai precisa continuar lutando! Exclamou Yuffie agarrando o os ombros de seu pai. -Não adianta! Eles são mais fortes. E eu, estou cansado... -Pa... Pai... Yuffie soltou seu velho pai e saiu... Ela estava nervosa pela desistência de seu pai. Ela olhou para cima e porventura a primeira coisa que viu foi o Reator Mako sendo erguido, bem ali, onde ela brincava com seus amigos em sua infância. -Eu... Eu odeio a Shin-Ra! Gritou Yuffie...

___________________________________________________ Enquanto isso em algum lugar dentro da Shin-ra company... -Ei! Cid! Como vai? -Ora, ora e ai! -Mais um projeto? -Ah, sim! Hoje é o grande dia. Vou realizar meu sonho. -Então é hoje! -Mal vejo a hora de poder ver o como é lá em cima. -Vamos sair amanhã para comemorar então! -Pode deixar! -Cadê a Shera? -Bem, agora que você falou, ela saiu mais cedo, estava muito estranha hoje. -Hã? Estranha? -É! Tava falando algumas coisas sem sentido... Bem, preciso terminar isso, a gente se vê por ai! -Tudo bem. Te cuida hein? Até mais! Cid Highwind, piloto e projetista aéreo da Shin-ra. Muito bom lutador também com sua lança! Caracterizado pelo seu habito de fumar e vocabulário nem um pouco culto, Cid vai realizar seu maior sonho. Ser o primeiro homem a ir no espaço. -Onde está a Shera pelo amor de Deus? - Perguntou Cid a um de seus subordinados. - Ei! Você viu a Shera? Onde ela se meteu só faltam duas horas para o lançamento. Aquela mulher! -Cid. -O que é? -Ficou pronta. -Como é? A Highwind está pronta? -Sim. Acabamos de terminá-la. Cid não conseguiu segurar sua felicidade! Tinha colocado tudo que sabia e todo seu empenho na construção dessa aeronave era a sua


obra-prima e além do mais em poucas horas iria realizar seu maior sonho. Era o melhor dia da vida daquele rapaz alto e loiro. Cid ficou contemplando a Highwind até a hora da sua decolagem. Quando dirigia-se para a nave foi abortado por um telefonema. -Hã? Como?! Shera, Se... Quês... Trada?! Era o que me faltava! Faltam 45 minutos para o lançamento e só agora você avisa! Ah! Dê um jeito! Estou ocupado. -Ela está em um subúrbio! Em Midgard! Uma casa abandonada nº256! Cid desligou o telefone, mas não conseguiu desligar aquela informação. Shera era sua assistente nº1 a mais de vinte anos e mesmo que ele jamais fosse admitir ele gostava dela! E logo naquele dia isso teria que acontecer. Cid continuou dirigindo-se para a nave quando encontrou Rufus. Rufus era filho do Diretor e chefe da Shinra. -Olá Cid. -Hunpf! Que é Rufus? -Quanta insolência! Saiba que um grande contribuinte nosso vai vim assistir ao show com seu filho. Não nos decepcione! -Arg! Não me importo, não faço isso por vocês! -Que seja. Rufus deu um sorriso e saiu. A cabeça de Cid estava cheia de informações. Cheia de caminhos e por mais que tentasse escolher o mais correto ele não conseguia. Cid chegou até a plataforma, havia pessoas dos sete reatores, milhares de pessoas aguardando o lançamento e mais essa façanha da Shin-ra company. Ao Cid aparecer ele foi aplaudido, no entanto nem se deu conta já que estava tão preocupado com Shera. Sem conseguir se concentrar, Cid errou vários comandos e ações simples. -Está tudo bem, Cid?! Perguntou a comandante do vôo. -... -Cid? Tudo bem? -Sim... tudo bem! -Podemos continuar? -Claro.

-Então dar partida em... 10... 9... 8. -Ah Shera, porque logo hoje? Porque você não está aqui. Aqueles imbecis com certeza não vão nem sequer se preocupar com você. -7... 6... 5. -Ah... O que eu faço? -4... 3... 2. -Shera!!! -Partir! A ignição foi dada, no entanto, Cid abandonou a nave e saiu correndo. -O que ele está fazendo? -Não sei... Mas ele vai me pagar por isso. Disse Rufus. -Aquela mulher! Disse Cid enquanto pegava sua lança. Chovia muito em Midgard. Cid adentrou nos subúrbios até encontrar a casa da maneira que havia sido descrita. Era um armazém abandonado e entregue aos ratos. Cid quebrou a porta e logo de cara viu Shera sentada no chão com as mãos amarradas. -Cid!! -Shera!! Havia apenas uma pessoa. Um homem nem muito alto nem muito baixo, cabelos curtos e ruivos, estava encoberto pela sombra. -Quem é você?! Saia daí! Disse Cid. -Há quanto tempo... Cid Highwind. Cid assustou-se era um de seus inimigos. -Então é isso. Não tinha nada para fazer e veio arruinar a minha vida? -Mais ou menos, por quê? -Porque você me deixou puto de raiva cara! A luta entre os dois não durou muito. Cid era um antigo soldado da Aeronáutica além de um grande lutador, com lanças. Kim Izaku era o nome do seqüestrador. Um antigo amigo de Cid nos tempos da aeronáutica. Shera estava presa com uma fita adesiva escura. Com um canivete Cid soltou a jovem moça.


-Obrigada Cid! Disse ela abraçando-o seu amado. -Tire suas mãos de mim! Cid tirou os braços de Shera de seus ombros, virou-se e partiu. Shera ficou parada sem entender o que estava havendo. No outro dia pela manhã Shera não foi trabalhar, e assim foi por uma semana. Quando finalmente ela chegou à Shin-ra company assustou-se ao deparar com o seguinte anúncio:

Precisa-se de Secretaria Requerimentos: -Mulher -Boa aparência -Experiência com Aviões e afins PAGA-SE BEM!

-O quê é isso? Eu sou a secretaria do departamento aéreo! Indagou Shera espantada. -Não! Não é mais - Disse Cid aproximando-se- a partir de hoje você vai ser minha empregada domestica no setor um. -Mas... Mas... -É uma ordem! Lá de cima. Sinto muito.

Shera decepcionou-se, havia lutado muito para conseguir aquele emprego e havia perdido mais que ele, ela tinha destruído o maior sonho do seu amado. Cid partiu dali sem se despedir, abaixou o rosto, provavelmente, para que Shera não visse sua decepção e tristeza. Cid chegou à sala onde o Highwind estava ele se sentou em uma plataforma empoeirada de aço. Ali ele ficou olhando a sua obra-prima por algum tempo até a porta se abrir. -Ele realmente é lindo não? -Rufus?! -Como vai, Cid? -O que quer? -Bem... Pra falar a verdade vim aqui lhe comunicar que ouve uma mudança nos planos do Highwind. -Como é?! -Isso mesmo! Como sabe a principio ele seria seu como um presente pelo seu belo serviço na empresa, no entanto, você nos decepcionou muito há uma semana atrás. O Highwind ficará com a Shin-ra e essa é a decisão final. -Você não pode! Cid avançou e agarrou a Rufus. -Não piore sua situação Sr. Highwind - Disse Rufus tirando a mão de Cid com um tampa – Passar bem. -Não... Não pode ser... Eu odeio a Shin-ra!!


Lucrecia era uma pessoa obcecada por Hojo, e em troca desse amor ela faria tudo, inclusive se submeter às experiências desumanas do cientista. Ao saber que Hojo usou Lucrecia como cobaia Vicent tentou para-lo, mas era tarde demais... Ele foi morto ao tentar tirar satisfações de Hojo, este, considerou que a morte não seria o bastante para ele e decide puni-lo ainda mais, injentando o DNA de Jenova em seu cadáver. Vicent então revive, mas seu metabolismo muda para sempre e ele sofre mutações de acordo com seu temperamento se transformando em bestas perigosas... Anos mais tarde, mesmo um pouco relutante o Ex-Turk resolve se juntar ao grupo de Cloud em nome de seu ódio pela Shinra e Hojo. Vicent é uma pessoa sombria e amargurada. Intimamente ele deseja encontrar um caminho, mas em seu coração apenas está o pessimismo e a certeza de nada do que faça mudará o terrível passado de Lucrecia. O passado que ele não pode evitar... Após ter perdido a guerra para a Shinra, o guerreiro Godo, líder de Wutai começa a se preocupar com a segurança da população e desiste de retomar a honra de sua nação permitindo que Wutai admitisse sua derrota e vivesse apenas do turismo. Porém descontente com a decisão de seu pai, a filha de Godo, Yuffie Kirasagi se desentende com ele e parte para o mundo tentando recuperar o que antes fazia de Wutai uma grande potencia suas Matérias. É então que o grupo de Cloud topa com a ninja em uma floresta e ela se convida para acompanhar o grupo pretendendo roubar as matérias deles mais tarde... Yuffie é uma garota temperamental, teimosa, hiper-ativa e uma verdadeira cleptomaníaco quando se trata de matérias... E ela fará de tudo para roubar as que Cloud e seus amigos possuem. Cid é um grande piloto e projetista que é facilmente caracterizado por sua peculiar intransigência, pelo hábito de fumar sem parar e pelo seu vocabulário nada polido. Dentre seus maiores feitos estão à construção da aeronave Highwind e o primeiro projeto espacial da Shinra. Ser o primeiro homem a chegar ao espaço é o sonho de Cid, que foi arruinado no passado

pelo excesso de zelo de sua assistente Shera. Para salvar a vida dela ele impede que o foguete parta segundos após sua ignição, e por conseqüência o projeto é cancelado e o sonho de Cid arruinado... Ele nunca perdoou Shera por isso a tratando muito mal e a intimando a fazê-la trabalhar como empregada doméstica. Cid na verdade gosta de Shera, mas nunca admitiria isso... Ele entra pro grupo de Cloud ao acaso quando a Shinra abusa de sua paciência tentando-lhe tirar mais um de seus veículos. Apesar da aparência bestial, Red XIII é um ser com uma inteligência superior a dos humanos normais. Ele é o ultimo de uma raça que protege a muito tempo Cosmo Canyon. Red XIII tem um temperamento calmo, sério e cético e acima de tudo odeia seu pai, que segundo ele deixou sua mãe morrer e fugiu em pleno combate invés de proteger Cosmo Canyon. Em suas andanças pelo mundo ele acaba sendo capturado por Hojo que o usa de cobaia para vários experimentos, mas através disso ele conhece Cloud e seu grupo e então seguindo os conselhos de seu avo postiço Bugenhaguen, ele passa a lutar pelo futuro do Planeta. Barret é um homem que perdeu tudo pelas atrocidades da Shinra. Sua cidade Corel, suas esposa e seus sonhos foram dizimados pela explosão de um Reator Mako. Buscando acobertar a verdade dos olhos do mundo a Shinra culpou os próprios cidadãos pelo incidente alegando um ato criminoso e com isso Barret perdeu seu braço e seu melhor amigo. Após tudo isso Barret encontra a verdade sobre o mal que a Shinra faz ao Planeta em Cosmo Canyon, e então ele toma para si a missão de combater a empresa se tornando o líder do grupo eco-terrorista AVALANCHE. Barret tem apenas uma coisa que ainda não perde sua pequena filha Marlene. Barret parece um homem rude graças a seu temperamento nervoso, sua intransigência e sua boca suja, mas na verdade é uma pessoa doce com as crianças e que valoriza muito seus companheiros.


Ato III – Lifestream

Na água... Aerith estava afundando. Imóvel com a expressão facial de quem está apenas dormindo, ela aos poucos afundava no lago frio e tranqüilo. A rede de luz criada pelo movimento das águas da superfície dançava sobre seu corpo inerte. Era como se tentasse segurála. Seu belo rosto não poderia mais mostrar aquela expressão cheia de energia. O sentimento de felicidade e diversão que contagiavam a todos em sua volta, o carinho que ela demonstrava aos fracos, e as infinitas lágrimas que ela derramou em segredo... Nenhum deles voltará a aparecer. Seu corpo ficará em silêncio por toda a eternidade. Todavia, isso não significou o fim de Aerith. Ela estava vendo tudo. Não através de seus lindos olhos verdes, mas através de sua alma... Ela via tudo através de um corpo desencarnado cheio de energia vital, quase que formando um novo corpo físico. Ela observava, enquanto a superfície do lago se afastava. Ela observava, enquanto formas humanas a fitavam do enevoado outro mundo. Ela observava o rosto de Cloud, que demonstrava estar com o coração partido pela tristeza de perdê-la, o ódio e revolta por não ter conseguido impedir que ela fosse levada. “Não se culpe. Não há com o que se preocupar. Tudo ficará bem, mesmo que o meteoro caia. Então não se deixe levar por esses sentimentos. Apenas pense em como você pode ser você mesmo.” Ela tentou dizer, mas seus lábios não se moviam. Não havia magia que a permitisse alcançar Cloud enquanto ele desaparecia ao longe. A luz que vinha da superfície do lago ficava fraca e distante. Aerith afundava lentamente nas ruínas dos Cetra, a Cidade Esquecida. Aerith, a última descendente dos Cetra, cumpriu sua missão de proteger o Planeta. O último lugar que ela deveria alcançar não chegava, não importava o quanto ela afundasse...

Capítulo 1 Sim. Não importava o quanto ela afundasse. Ela havia chegado ao fundo do lago. Mas ainda assim, Aerith continuava a afundar. Seu corpo físico, apenas alguns minutos depois de perder sua vida, agora estava no fundo do lago, coberto da vegetação submarina típica. É

a triste prova de como ela foi separada de sua curta vida de vinte-e-dois anos para sempre. A matéria que foi separada do espírito lentamente retornava à Grande Terra nas águas puras. A consciência de Aerith prosseguia para o próximo nível. Nada havia mudado quando ela respirou levemente na poeira que a cercava. Aerith continuava a afundar no pesado caminho da precipitação. A única coisa que ela conseguia ver era uma grande escuridão... Mas mesmo sem luz, era um mundo calmo, acolhedor, onde ela não se sentia sozinha. Ela logo percebeu que aquilo não era poeira ou lama. Seus sentidos se ajustaram para que ela pudesse sentir as coisas à volta. Seus cinco sentidos estavam num patamar mais elevado agora, tanto que ela podia sentir a verdadeira natureza dos objetos. O mundo que ela via agora não era de trevas. Ela estava cercada por uma fraca luz esverdeada. Ao mesmo tempo, ela reconhecia o que via. Energia que se dividia em milhares, não, milhões de fluxos envolviam e circulavam cada parte do Planeta. O raio de luz que a cercava era um desses fluxos. A quantidade de energia Mako que o Planeta possui é algo muito além da imaginação humana e não pode ser descrito com palavras ou imagens. Aerith sentia como se o Planeta pulsasse. Ela podia ver o brilho do Lifestream que estava em toda parte. Ela reconheceu a fonte de vida para a qual todos retornam. Era um lugar cheio de energia, onde incontáveis almas se uniam com seus conhecimentos e experiências. Até mesmo suas memórias eram independentes deles. Mas Aerith estava “inteira”. Ela mantinha sua individualidade no lugar onde as mentes dos mortos se espalhavam e se partiam, mantendo a personalidade que tinha quando era viva. Ela manteve a consciência de Aerith Gainsborough, que ela fora até pouco tempo, mesmo agora, no Lifestream. Ela não sabia o que iria acontecer. Como a última Cetra viva, ela tinha a missão de manter a riqueza da Grande Terra durante sua vida. Aerith falou com o Planeta. Falou com a consciência que era parte do Lifestream. Ela então soube que a morte não é o fim da vida. A maioria dos humanos imagina que a morte significa se tornar um “nada”. Ter a consciência engolida pela escuridão, para jamais despertar novamente, um vazio que não pode ser compreendido. Eles imaginam que a morte é a aniquilação total. É por isso que os humanos temem a morte. Eles têm medo de perder sua existência. Mesmo que eles entendam que é uma raça de vida curta, muitos tentam evitar isso. Mesmo aqueles que chegaram a uma idade elevada após uma vida compensadora.


Aerith sabia que a morte não significava ser aniquilada. Ela até sabia sobre um mundo que um Cetra alcançaria no final, após cumprir a missão recebida para com o Planeta. Foi por isso que ela aceitou a morte sem medo, mesmo quando ela soube que a hora estava chegando. Ela cumpriu sua missão, ciente das conseqüências, sem nenhum medo. Seu coração estava em paz, embora os humanos, que perderam a capacidade de falar com o Planeta há muito tempo, digam que ela morreu sob circunstâncias não-naturais. Ela não tinha remorsos de querer estar viva, porque cumpriu sua missão. Mesmo assim, ela estava triste. Seu coração sofria. Todos os companheiros com quem ela viajou as primeiras pessoas que se aproximaram dela, a mão que a acolheu e criou durante quinze anos, Elmyra, as pessoas que ela não conhecia muito bem, as pessoas que ela poderia vir a conhecer no futuro, as pessoas que ela poderia ter conhecido... É fato que ela não poderia mais estar entre os vivos. Aerith também sabia que a tristeza também estava com aqueles que ela deixou para trás. Eles não sabiam que ela ainda existia como alma. Eles não precisavam saber. Afinal, mesmo que eles soubessem a tristeza não seria curada pela verdade. Mas pensar na dor de todos fazia Aerith sofrer ainda mais. Aerith sofria ainda mais quando pensava em Cloud. Ela também tinha bons sentimentos por ele. No início, ela pensou ver nele semelhanças com seu primeiro amor. Mesmo assim, sua aparência, voz e personalidade não eram iguais e a faziam pensar nele como uma pessoa misteriosa... Mas isso logo não importou mais. Ela o amava muito mais que seu primeiro amor. Cloud era seu herói e ele não conseguia se afastar do perigo. Ela o via como uma pessoa cheia de confiança, inteligente, e ela tinham a impressão que ele desapareceria num instante se ela tirasse os olhos dele. Ela queria ficar ao lado dele para sempre se pudesse. Ela queria mesmo. Quando Aerith deixou seus companheiros para trás e partiu sozinha para a Cidade Esquecida, o coração de Cloud era como um ovo prestes a rachar. Era como se sua mente fosse se partir. Ela queria confortá-lo. Se ela não fosse a última sobrevivente dos Cetra, ela provavelmente teria feito isso sem hesitar. Mas... O homem de preto de cabelos prateados, que uma vez foi um herói, herdou toda a vontade do “desastre que caiu do céu”, Jenova, e estava num estado de loucura. Ele iria evocar a mais poderosa magia de destruição, Meteoro, usando a Materia Negra. Tendo recebido a missão de seus ancestrais Cetras, Aerith não tinha escolha a não ser cumpri-la. Mais cedo ou mais tarde, Sephiroth iria evocar o gigantesco meteoro que certamente infligiria uma enorme quantidade de dano ao Planeta. O

ferimento seria tão grande que poderia destruir o próprio Planeta. Sem dúvida, o Planeta então concentraria uma grande quantidade de Lifestream para curar a si próprio. A intenção de Sephiroth era tomar todo esse poder para si. Depois disso, ele se tornaria um só com o Planeta, tornando-se virtualmente um Deus. Ele então provavelmente condenaria todos os humanos que ele tanto odeia à agonia e a morte. O futuro do planeta e todo o ciclo de vida acabariam. Aerith podia sentir, através dos murmúrios do Planeta, que algo poderia ser feito para impedir o pior de acontecer. Ela também sabia que era algo que somente ela, a última Cetra, poderia fazer. Ela só poderia obter o conhecimento para isso na Cidade Esquecida. Mas ir até lá também significaria tornar-se a maior obstrução aos planos de Sephiroth. Era onde Aerith poderia ter hesitado. Ela deixaria todos os humanos morrerem ou evitaria tal desastre em troca de sua própria vida...? Mas ela nunca chegou a pensar nisso, e já estava preparada. Quando ela hesitava por ter que deixar Cloud em sofrimento, pensava em como ela não poderia deixar de salvar seus amigos e o mundo. Ela já estava decidida. Não havia escolha. Era por Cloud também. E então, sozinha, ela partiu para o altar da Cidade Esquecida, para descobrir o que deveria fazer. Realmente, a chave era a última dos Cetra. Era a Materia Branca que os Cetra passavam de geração a geração... Como se carregasse o destino da última Cetra, essa relíquia podia evocar a definitiva Magia Branca, Luz, necessária para contraatacar Meteoro. Era a Materia que foi confiada a Aerith por sua mãe, Ifalna. Ela nunca a havia usado antes e a escondia sob seu laço, jamais deixando-a. Ela tinha a Materia Branca. Descobrindo que a chave estava em suas mãos o tempo todo, Aerith orou com todo o seu coração. Através da Materia, ela falou com o Planeta, tentando evocar a Magia Branca Luz, que destruiria o Meteoro. Mesmo a menor hesitação poderia significar que suas orações não alcançariam o Planeta. Mas ela conseguiu. Os requerimentos foram cumpridos antes de Sephiroth atacá-la, após perceber suas intenções. Ela aceitou a morte que sentiu há tempos quando a espada a perfurou. E fechou os olhos em paz... Mas um choro veio até ela. Não era o som dela mesma chorando. Se fosse, então ela teria sentido o sangue escorrendo pelo seu corpo e a fúria que tentava escapar das profundezas de sua alma... Era o som do coração de Cloud se partindo. Era o lamurio de seu coração, que jamais poderia ser curado do choque gerado pela morte de Aerith, a culpa sentida por ele e o ódio por Sephiroth. Ela estava surpresa em ver o grande sofrimento que ele teve. Ela estava feliz por ele sentir tanto por ela, mas também sofria uma dor muitas


vezes maior por vê-lo sofrer. Não havia nada que ela pudesse fazer pelo sofrimento de Cloud e pela dor em seu coração. A dor continuava, mesmo quando ela estava no Lifestream. Embora tenha perdido seu corpo, Aerith reconhecia a dor criando uma imagem de si mesma em sua mente. E logo, ela percebeu algo. Tudo em volta dela era a existência de um incontável número de existências. Havia muitas vozes e uma abundância de memórias. Todos em volta dela eram algo que ela nunca sentiu quando estava na igreja em Midgar. Como ela, as almas daqueles que morreram retornaram ao Planeta, e estavam todos aqui. Mesmo assim, ela não conseguia ver ninguém por perto que mantivesse uma forma, como ela mantinha. Aparentemente, apenas ela mantinha a imagem de sua forma passada no meio da energia cheia de consciências misturadas. “Será que... É porque sou Cetra?” As palavras saíram como um murmúrio de Aerith. Aqui, palavras e pensamentos são iguais. Como uma entidade de consciência, seus pensamentos e sentimentos eram expressos pelas ondas vibratórias que ela emitia. Similarmente, o grande número de memórias no Lifestream também chegava a ela através de todo tipo de onda. Por toda a volta, ela ouvia murmúrios de que se você não possui uma personalidade forte, logo não sabe mais qual consciência é a sua própria. “Eu gostaria que minhas palavras chegassem a Cloud...” Aerith fechou os olhos brevemente, como se estivesse descontente. Ela não era afetada pela confusão das várias consciências que existiam no mar de memórias e conhecimento dentro da energia Mako. Por causa de sua experiência em ouvir as vozes do Planeta desde pequena, Aerith desenvolveu muita paciência. Ela cresceu desenvolvendo a consciência, fortalecendo sua personalidade. Mas ela entendia que retornar ao Planeta dependia de como ela se separaria do “inteiro”. Mesmo quando gotas de água caem num lago, elas se misturam e não podem mais ser vistas. Não importa a quão acostumada com isso ela estivesse, Aerith ainda achava estranho sua alma permanecer única no vasto mar de energia consciente. “Mas o Lifestream deve ser um Cetra também, como eu. Minha mãe morreu, e ela também era Cetra... Já faz quinze anos. Nesse tempo, talvez eu desapareça e me torne um com o Planeta também.” Olhando para os lados, ela pensava mais sobre o assunto. “Eu poderei falar com Cloud em algum lugar? Só para dizer que estou bem... É um pouco estranho dizer que estou bem, mas talvez eu possa descobrir mais sobre mim mesma aqui.” Talvez ela pudesse entender melhor sua afeição para com Cloud aqui. Então talvez eles fossem vistos como uma família de apaixonados...

Durante sua vida em Midgar, ela sentiu muitas almas daqueles que tentaram confessar seu amor. Aqueles que ainda possuíam esses sentimentos ou que deixaram esses sentimentos para trás podiam fortemente manter sua consciência “inteira”. “Mas isso significa que desaparecerei quando encontrar Cloud? Imagino se é isso que está acontecendo ou... Ainda há mais alguma coisa que eu tenho que fazer...?” Nesse instante, Aerith sentiu algo como um choque elétrico a atravessar. Ela fechou uma das mãos em punho e acertou a palma da outra mão. Era apenas ela imaginando sua forma espiritual chocando as mãos, mas ela claramente podia ouvir o “bang”. “Faz sentido. Há um significado para tudo isso. Deve haver uma razão para eu não ter me fundido ao Lifestream ainda e estar aqui como estou. Assim como eu era a única no Planeta que podia conjurar Luz... Ainda deve haver mais alguma coisa que eu tenho que fazer.” Assim que esse pensamento passou por sua mente, ela sentiu uma pequena comoção do Planeta. Não era das consciências individuais, mas o Planeta como um todo parecia querer confirmar o que ela estava dizendo. “... Entendo. Mas o que será que é...?” Sua dúvida foi respondida com silêncio. O Planeta também não sabia o que era. Ela sorriu como as flores que ela costumava vender nos subúrbios. Na cálida luz fluorescente, o sorriso que era amado por todos cresceu docemente. “Está tudo bem. Ainda há pessoas das quais não quero me separar. Não posso descansar ainda. Até essa hora chegar, vagarei por aqui por um tempo. Se eu passar meu tempo aqui no Planeta... Na nossa Terra Prometida...” Desejando poder afastar seus pensamentos, Aerith olhou para o céu... Ela olhou além dos limites do Planeta acima dela. As partículas de Mako que flutuavam e brilhavam pareciam o céu noturno para ela. Ela olhou para o céu, como quando estava ao lado de Cloud ao redor da fogueira em Cosmo Canyon.

Capítulo 2 No mundo de Mako - Aerith sabia que o conceito de distância aqui é diferente da superfície. O tempo parecia passar lentamente se ela quisesse, e também podia voar num piscar de olhos. A passagem do tempo em Mako na verdade não tem significado. A história do Planeta é feita de memórias


acumuladas, e agora todas estavam unidas e bem ao lado dela. Havia memórias do presente e também do passado. Não há maneira de Aerith ter conseguido ver todas elas, mas os eventos gravados nas memórias ultrapassaram o tempo e agora estão unidos como um todo. Isso indicava que o tempo estava avançando para o futuro no mundo dos vivos. Enquanto essas novas memórias da superfície se fundiam com o Planeta, novas vidas eram levadas ao mundo, com a energia do Planeta como dirigente. Esse ciclo mostrava a Aerith como o tempo segue de um período a outro. Tudo está ligado ao interior do Planeta através do Lifestream. Mesmo na superfície, nos lugares mais distantes, o fluxo de energia consciente seria alcançado. Por outro lado, havia lugares tão próximos, mas que ao mesmo tempo, a energia não alcançava. Há regiões onde até mesmo o fluxo de Mako não consegue alcançar. Aerith pensava ser culpa dos reatores Mako. A energia nunca deveria ter sido usada daquele jeito e, se eles continuassem a sugá-la à força, isso eventualmente romperia o equilíbrio. Se o Planeta pudesse ajudar os humanos a viver uma vida mais fácil, ele provavelmente faria isso. Mas a Shin-Ra estava indo longe demais. Se seus atos continuassem, então o equilíbrio do Planeta entraria em colapso... Aerith se lembrava de como as flores só cresciam na igreja de Midgar, embora toda a cidade estivesse cheia de Mako. “E é por isso que todos da Shin-Ra querem saber onde está a Terra Prometida. Um lugar abundante de energia Mako, onde apenas os Cetra sabem chegar... Mas este lugar é aqui. É o lugar onde todos eventualmente irão, quando retornarem ao Planeta. A terra onde a ShinRa poderia obter toda a energia que quer não existe, não é? Tudo foi um grande engano.” Ela pensava, enquanto se deixava levar pelo Lifestream. Aerith olhava para o mundo de Mako em movimento, que apresentava poucas mudanças. “A Terra Prometida que Sephiroth tem em mente é muito diferente. Ele planeja criá-la à força. Ele pretende ferir o Planeta propositadamente para que toda a energia se concentre num só lugar. Para que ele possa controlar tudo sozinho. Essa é a Terra Prometida que Sephiroth quer...” Aerith tremia enquanto imaginava o que aconteceria ao Planeta. “Imagino se Cloud e os outros estão bem... Espero que ele e Tifa não estejam se esforçando demais indo atrás de Sephiroth...” “...Cloud? Tifa? Barret?” As ondas de uma das consciências ao lado de Aerith se expandiram como se reagissem a suas palavras. Ela se apressou para sair da corrente em que estava, porque era a primeira vez que ela encontrava outra consciência firme além dela ali. Ao se aproximar do lugar de onde a intervenção veio uma sombra se formou em Mako. Não era uma

imagem clara como a de Aerith, mas era possível reconhecer que era uma mulher. “Você os conhece? Quem é você?” “Eu sou...” Parecia que a memória estava distorcida. Provavelmente era porque a maior parte da alma já havia se fundido com o Mako. Mas seu âmago não havia se decomposto e ainda estava aqui como um todo. “Oh, eu tenho que me apresentar primeiro. Sou Aerith. Acaso você poderia ser um dos membros da Avalanche?” “Avalanche... Sim, é isso.” As memórias estavam sendo reconstruídas no mar de Mako. Dando-se conta de quem era mais uma vez, a figura transparente rapidamente retornou à forma que tinha quando estava na superfície. Como se Aerith tivesse alguma influência sobre ela, as cores também estavam voltando. Comparada com Aerith, ela ainda parecia frágil, mas parecia mais humana agora, e suas roupas também reapareceram. Seu cabelo era negro, preso em rabo de cavalo para não atrapalhar e suas roupas pareciam as de um soldado. Ela também chegou aqui cedo demais e tem quase a mesma idade de Aerith. “Como fui capaz de esquecer... Eu sou Jessie da Avalanche. Hei... Você é a senhorita Aerith?” “Pode me chamar de Aerith.” “Obrigada, Aerith. Você conhece Cloud, Tifa e Barret, não? Como estão todos? Ainda estão lutando contra a Shin-Ra? Oh...” Jessie abaixou a cabeça como se quisesse se desculpar. “Você deve estar como eu agora que veio aqui.” “Não se preocupe. Tenho certeza que todos estão bem.” Ela mudava seus pensamentos, tentando evitar a imagem de Cloud. Aqui, ela não poderia esconder, então teria que não pensar nele. “Houve um incidente que incomodou Barret por muito tempo. Então foi lá que você morreu... Você era uma das pessoas que estava tentando proteger o pilar do Setor 7 como membro da Avalanche na época. Eu só tinha conhecido o senhor Wedge.” “Wedge?!” Os olhos de Jessie se abriram. “Sim, e Biggs também! Nós três chegamos aqui juntos, mas nos perdemos... Até um momento atrás, eu não me lembrava de nada. Até encontrar você, Aerith.” Como se guiadas pelas memórias de Jessie, mais duas figuras apareceram. As formas de um homem magro e de um outro mais cheio rapidamente se formaram. “Wo-Woah.” O maior, Biggs, olhou para as palmas de suas mãos. “Eu ainda sou eu... Pensei que fosse desaparecer.”


“Estou tão feliz de poder ver vocês de novo. E... Você é aquela que cuidou de mim daquela vez, senhorita... Aerith, certo? Você morreu também?” Ao invés de dar a resposta óbvia, Aerith sorriu. “Já faz muito tempo, senhor Wedge. É bom vê-lo também, senhor Biggs. Depois daquilo, eu me tornei membro da Avalanche também, então isso me torna uma espécie de caloura entre vocês, não? “ Hmmm, acho que isso mostra que ser da Avalanche traz consigo uma grande probabilidade de morte. ” “Barret ainda é o mesmo? Ele é uma pessoa muito imprevisível. ” “Caloura? Ah, estou tão feliz! Eu sempre quis ser veterano em alguma coisa!” Depois disso, Aerith contou aos três o que a Avalanche estava enfrentando agora. Não era apenas a Shin-Ra, mas também uma existência muito mais perigosa, conhecida como Sephiroth... Eles saíram de Midgar para impedir a ambição de Sephiroth de tomar o Planeta para si. “Então Cloud é um de nós agora... Estou feliz. ” “He he... Ele é um cara frio, mas eu sabia que se juntaria a nós.” “Isso significa que o senhor Cloud é um calouro também? Ele vai ser difícil de lidar.” Havia muita comoção entre os membros da Avalanche enquanto eles conversavam e sorriam. Mas no final, Aerith percebeu suas tristezas. Um remorso profundo abatia os três. “O que foi? Todos vocês parecem estar sofrendo... ” “Bem... É por causa da maneira como nossas vidas terminaram. Não podemos nos redimir agora. ” Jessie olhou para baixo tristemente, enquanto Biggs continuou. “ Nós lutamos como a Avalanche porque dividíamos a mesma simpatia e desejos. Pensávamos que seria inevitável fazer alguns sacrifícios para deter a Shin-Ra. Mas estávamos completamente errados. Nós entendemos isso quando chegamos aqui... Você também sabe, não é, Aerith? Sobre a explosão do Reator Mako do Setor 1.” “Sim... O Setor 1 não ficava muito longe dos subúrbios onde eu morava. Não soubemos dos detalhes, mas ouvi dizer que muitas pessoas morreram... ” “Naquela época, nós só pensávamos que eles estavam recebendo o que mereciam se foram pegos na explosão, já que na parte de cima estavam todos que trabalhavam para a Shin-Ra. Mas no final, todos nós acabamos aqui, tendo trabalhado para a Shin-Ra ou não. Então estamos pensando em porque fizemos tudo isso. Tudo que fizemos na verdade foi aumentar o tom de voz e gritar nossa opinião bem alta, como um bando de bêbados. Nós estávamos exagerando em nosso método para salvar o

Planeta... ” “...Eu também não pensava muito na época. Eu não queria viver uma vida pequena. Eu queria brilhar. Então eu pensei que me juntando a Avalanche, eu poderia ser um herói que salvaria o futuro do Planeta, e era só nisso que eu pensava... Eu nunca imaginei que acabaria envolvendo outras pessoas. É tão idiota... ” Wedge abaixou a cabeça, envergonhado. “ Todo o plano na verdade foi criado pela antiga Avalanche, que não existe mais. ” Jessie comentava, com remorso: “Havia muitos outros membros na Avalanche e eram um grupo muito mais radical. Nós só herdamos o nome desse grupo de resistência, Avalanche, das pessoas que não estavam mais por perto. Mas detalhes de como fazer uma bomba e os planos de onde colocá-la foram deixados no computador. Já que eu era boa com maquinaria e bombas, decidi experimentar... Mas tenho certeza que esse plano nunca foi criado com a simples intenção de desabilitar o reator Mako 1. As pessoas que criaram esse plano horrível odiavam a Shin-ra. Eles a odiavam tanto que iriam longe o bastante para sacrificar pessoas... Eu devia ter percebido. Barret não sabia de nada disso.” “É por isso que nós...” - Desolado, Biggs olhava para o céu - “É por isso que nós queremos retornar ao Planeta agora mesmo. Nós queremos desaparecer. Mas é impossível. A luta de Barret para salvar ainda mais pessoas... Não podemos fazer nada disso para pagar por nossos pecados. Só podemos continuar aqui e sofrer. ” “No fim das contas, foi fácil esquecer quem éramos porque nós queríamos estar em paz aqui. ” “Simplesmente não dava certo. Quando tínhamos uma chance, voltávamos à maneira que éramos. Mas mesmo assim nunca fomos uma entidade tão clara como você. É como se fosse uma maldição. ” Os três pararam por um breve momento, que culminou num suspiro. “ Mas... “Mas...” - Aerith tentava confortá-los com suas palavras “Todos cometem erros. Eu, por exemplo, estava vendendo flores sem pensar, por dinheiro.” “Hmmm... Eu realmente não posso comparar minha estupidez com isso.” “Mas vocês estiveram sofrendo todo esse tempo...” “Obrigado, Aerith. Mas como um veterano da Avalanche, é uma história muito vergonhosa. Toda essa conversa séria parece que me cansa.” “Eu realmente não posso me perdoar. É por isso que essa é a única maneira de eu estar aqui. ” “Ainda chegará o dia em que poderemos retornar ao Planeta, mas neste momento nós não podemos. Agora vá, Aerith. Você deve estar nessa


forma porque ainda tem algo a fazer. Tenho medo que nossas memórias de pecado a atrapalhem.” “Não...” “Se isso acontecer, nós sofreremos ainda mais. Então vá, por favor.” Jessie estava mentindo. Aerith sabia que ela estava tentando afastá-la para que ela não precisasse dividir essa dor. Os fantasmas de três pessoas estavam desaparecendo. Aerith segurava os lábios enquanto as lágrimas caíam. “Por favor, deixem-me dizer pelo menos uma coisa. Naquele dia, muitas pessoas conseguiram escapar porque vocês trabalharam duro para proteger o pilar do Setor 7. Tenho certeza de que o número de sobreviventes foi muito maior que o de mortos do Setor 1... E eu também consegui salvar Marlene por causa disso. Talvez isso não seja o bastante para libertá-los, mas eu sei que as vidas das pessoas não são algo que você deve somar ou subtrair para analisar sua existência... Por favor lembrem que não são apenas pecados que vocês carregam.” “...Obrigada, Aerith. Obrigada.” A voz de alguém que já não sabia mais quem era ecoou, e eles foram levados de volta à prisão que eles próprios escolheram, afundando no mar de memórias. Aerith limpou as lágrimas e começou a andar de novo. Ela rezava para que as almas dos guerreiros da Avalanche pudessem descansar em paz em breve.

Capítulo 3 Aerith não sabia quanto tempo havia se passado na superfície. Já havia se passado dias desde que ela encontrou Jessie e os outros. Ou será que foi há alguns instantes atrás? Ela imaginava se a dor deles poderia ser curada. Enquanto se fazia esta pergunta, Aerith continuava vagando pelo mundo. Ela caminhava no Lifestream, no mar de Mako do Planeta. Quando viu o próximo fantasma, perdeu a respiração por um momento. A ponta de um tubo de aço surgia em meio a uma luz fraca. Quando Aerith percebeu que era uma mão artificial ligada a um braço, pensou que Barret também havia deixado o mundo dos vivos. O coração de Aerith bateu ainda mais forte quando pensou em Marlene, que escapou de Midgar com sua mãe Elmyra. “Marlene!” As ondas de pensamento de Aerith se expandiram e alcançaram o fantasma. A figura completa de um homem com uma arma ligada ao braço surgiu no Mako. A arma emitia um brilho frio, mas estava no

braço esquerdo. A arma era temível como se fosse fisicamente real, e a figura frágil do homem reluzia em vermelho. “Você é...” “Uma mulher... Onde eu a vi antes? Você até sabe o nome de Marlene.” “Nós já nos conhecemos, não é, senhor Dyne?” Ele era Dyne, o governador da Prisão Corel, uma terra de exilados cheia de areia e lixo. Ele também já foi o melhor amigo de Barret. Depois do que a Shin-ra fez com sua cidade natal, seu desespero tirou sua sanidade e, num estado de loucura, ele matou muitas pessoas. “Ah, entendo. Você é a garota que estava com Barret. Então isso deve significar que você está morta também. Mas que pena.” Não conseguindo acreditar no que via, Dyne riu. “Não consigo acreditar que depois de matar tantas pessoas, eu acabei vindo parar no mesmo lugar que uma garota inocente como você. Este mundo realmente é um absurdo. Que coisa chata esse Planeta é. Tudo realmente deveria ser destruído.” “Você vai continuar dizendo isso?” A figura de Aerith ficava em contraste com a de Dyne. Ela levantou as sobrancelhas. “Embora você realmente ame Marlene?” “Quem liga? Garota, você...” “Eu sou Aerith.” “Heheh... Você é forte. Meu braço esquerdo é tudo que resta da minha vida passada. Tudo bem. Chamarei você por esse nome. Você ouviu o que eu falei daquela vez, não? As palavras que troquei com Barret. Quando eu estava tentando destruir tudo, eu pretendia trazer Marlene aqui comigo também.” “Você está mentindo. Era apenas um blefe.” “Eu não posso mentir aqui, certo? Eu estava seriamente pensando nisso naquela época. Então eu desafiei Barret a um duelo e fui iluminado.” Por um tempo, Dyne riu de como ele teve de pagar por tudo com seu braço direito e seu corpo. “E eu agradeço a Barret por isso. Afinal, eu fui esmagado pelo ‘mundo’ que tentei destruir. Eu não queria acabar com a minha própria vida. E então, eu usei todas aquelas pessoas inúteis que viviam amedrontadas na terra do exílio, libertando-as e tornando-as felizes.” “...” “Você entende agora, Aerith? Diante de você está a aparição inútil e despedaçada de um homem que nem mesmo o Planeta aceitou. O Planeta ao qual minha esposa Eleanor já retornou. E eu já confiei Marlene a Barret. O que quer que aconteça ao Planeta agora não me interessa mais.” “...”


Vendo como Aerith ficou em silêncio, ele riu mais uma vez de como conseguiu amedrontar a garotinha. Então ele percebeu que não era engraçado e que Aerith não tirava os olhos dele. Ele percebeu que não conseguiu amedrontá-la nem um pouco na verdade. Havia um brilho em seus olhos verde-esmeralda que fazia a loucura dele se acalmar. “... Você não tem coragem.” “O que você disse?” “Posso repetir: você não tem coragem. Você não tem coragem de voltar e começar de novo. Você só esteve fazendo o que é mais fácil para você.” Enquanto Aerith encarava Dyne, deu um passo para frente. Sob a pressão de seus poderosos olhos, ele escondeu o rosto com sua arma e inconscientemente deu um passo para trás. “Barret também trocou um de seus braços por uma arma. Ele jurou destruir a Shin-ra com seus sentimentos de ódio e remorso. É por isso que as mãos dele também estavam sujas com o sangue de muitas pessoas. Mas ele não se abalou. Além de aceitar o fardo, ele está realmente tentando salvar o Planeta desta vez. Ele está tentando proteger o mundo no qual Marlene viverá sem fugir.” “...A capacidade de mudar desse jeito é a única habilidade daquele provinciano.” “Barret é especial e você é diferente?” Dyne balançou com essa pergunta. Ele estava acordando da loucura. Era a coisa que ele mais odiava... Ele ficou todo esse tempo num estado de loucura para tentar esquecer de si mesmo, mas o olhar fixo de Aerith espalhou a névoa de loucura que o cercava. A armadura em volta de seu coração se partiu. “Eu sinto o sangue daqueles que matei com minhas próprias mãos nas profundezas da minha alma. Você não vê? Eles tentam me consumir o tempo todo. Se eu voltar, não sobreviverei.” A figura avermelhada que circundava a figura de Dyne de repente mudou para uma figura sólida. Nos quatro anos que se passaram desde que Corel foi destruída, ele não se importou com a quantidade de ódio que acumulou com seu braço esquerdo de metal, e agora estava coberto de sangue. Foi o fardo do pecado que fez Dyne desistir. “Como eu posso começar de novo? Tudo que eu podia fazer era continuar nesse estado. Tudo que eu podia fazer era odiar tudo e continuar na loucura! Eu estava enganado?” “Você está enganado.” Ela não usou a coerção, mas ao invés disso, se aproximou de Dyne gentilmente. Estendendo suas mãos, tocou a camada de sangue que o cobria.

“O sangue que o cerca é algo que o seu sentimento de culpa está criando. As vidas que você tirou retornaram ao Lifestream há muito tempo. Você não pode esquecer o que você fez, mas não há motivo para não começar de novo. Eu garanto.” “...” A partir do ponto que Aerith tocou, o sangue começou a secar, separando-se de Dyne cada vez mais. Então, o braço esquerdo de Dyne começou a desaparecer. “...Eu poderei retornar ao Planeta algum dia?” “Tenho certeza que sim.” “Quando Marlene chegar ao fim de sua vida e vier aqui, eu poderei sair e recebê-la como parte do Planeta...?” Aerith olhou para o rosto de Dyne e deu um sorriso. “Você está começando de novo. Vai dar tudo certo.” O rosto obscuro de Dyne agora podia ser visto claramente. Era diferente da pessoa que ela conheceu na Prisão de Corel. Era o rosto verdadeiro de alguém que amava sua família e cidade natal mais do que qualquer um. Ele não poderia mais retornar aos tempos pacíficos de quando trabalhava nas minas de Corel antes da tragédia. Tanto Dyne quanto Aerith sabiam disso. Mesmo assim, os corações das pessoas podem ser reconstruídos. Elas se levantam e enfrentam essas memórias dolorosas. Se isso não acontecesse, então o mundo já seria um absurdo. “O que posso fazer nesse mar de Mako? Não, o que eu devo fazer...? Eu continuarei pensando naqueles que matei por um tempo. Até que um dia eu possa me unir ao Planeta.” “Sim, acho que é uma boa idéia.” “Aerith, me perdoe pela maneira como a tratei. Estou feliz por tê-la conhecido.” “Você não me tratou mal na verdade.” “Você realmente é uma pessoa incrível.” Pela primeira vez, Dyne sorriu do fundo do coração, e lentamente, sua imagem desapareceu. A ponta da arma de seu braço esquerdo também sumiu. “Após morrer e passar por tudo isso, finalmente eu posso parar de virar minhas costas contra Barret e Marlene. Deixe-me agradecer...” Pouco antes de ele desaparecer no Lifestream, Aerith viu. Ela viu partículas de Mako indo em direção a Dyne e se agarrando a ele como se tivessem vontade própria. A voz fraca de Dyne ainda podia ser ouvida. “Eleanor?” E então, Aerith voltou à sua jornada.


Capítulo 4 Até agora, Aerith pensava que o Lifestream não tinha cheiro. A maneira como sua alma percebeu foi meio que usando cinco sentidos espirituais: ouvindo as memórias remanescentes em volta dela e percebendo a energia em forma de imagens. É verdade que ela podia tocar as coisas neste mundo também, mas pode-se dizer que era apenas uma extensão da visão. Não havia necessidade clara de comer, não havia paladar. Ela apenas sabia que seu sentido de olfato estava funcionando, embora realmente não houvesse cheiro algum. Mesmo o sangue que cobria Dyne era apenas simbólico, então não havia cheiro nesse mundo. Aerith pensou brevemente como era triste que mesmo as flores não teriam perfume aqui. Ela encontrou outra alma. Tinha o cheiro de algo podre. Era como se não estivesse totalmente decomposto ainda, espalhando um cheiro desagradável. É o tipo de cheiro que faz uma pessoa sentir náuseas. Era o único ponto em que o Mako estava fraco. Era uma região em que o Mako era distorcido e evitava, incapaz de se formar naquela região específica. Um homem velho estava lá. “Bem, bem... Este é um rosto do qual me lembro.” Como em sua vida passada, o homem vestia uma roupa cara feita especialmente sob medida. Olhando melhor, Aerith pôde perceber que ele também mantinha uma imagem quase tão sólida quanto a dela. Mas as únicas coisas claras eram suas roupas caras, sapatos e ornamentos. Seu rosto estava muito distorcido. Ele era baixo, possuía bigode e uma voz típica de uma pessoa velha. “O seu nome é... Não importa. Você é a garota que tem o sangue dos Ancients correndo em suas veias, estou certo?” “Isso não importa.” Aerith realmente não tinha intenção de revelar seu nome. A pessoa diante dela era o antigo líder da Corporação Shin-ra, Presidente Shin-ra, a autoridade absoluta de uma corporação que ultrapassou o poder das nações. “Entendo. Então, você veio até aqui também. Está morta como eu? No mesmo lugar que eu?” O presidente era incapaz de esconder o contentamento com seu tom de voz. “Nos encontramos no final como se fôssemos mandados para outra vida juntos. O Planeta realmente sabe como fazer surpresas. Sinto que ganhei algo com tudo isso.”

“Ganhou algo?” Significava a mesma coisa que Dyne disse no início. Mas no caso de Dyne, era mais cinismo quanto a si próprio. Esse homem era completamente diferente. Aerith sentia que o Presidente Shin-ra estava realmente pensando no que estava falando. “Você não entende, não é? Os Ancients são mais estúpidos do que eu pensava. Bem, é por isso que você se recusou a cooperar com a Shin-ra afinal. Ora, ora, mas que vida miserável e patética.” “Que rude. Não me lembro de ser nada disso.” O presidente riu de Aerith, como se quisesse mesmo apenas irritá-la. “Não conhecer os ganhos e perdas de alguém é uma vantagem relativa. Mas pense bem em tudo isso. Após escapar de Hojo junto com sua mãe, sua vida foi jogada nos subúrbios sujos por quinze anos. Quando os Turks encontraram você, você poderia ter vivido uma vida luxuosa nos setores ricos acima do prato se quisesse. Naquela época, Hojo estava sonhando com alguma outra experiência e então eu dei as instruções de ficarem de olho em você. Mas se você tomasse a iniciativa de cooperar conosco, então eu a teria recebido calorosamente e a daria tratamento especial. Então o que você acha agora? Após viver nos subúrbios, viver como um inseto, se envolver com a Avalanche e morrer sem saber o que é o luxo, você ainda pode dizer que sua vida não foi patética?” “...Esse é um ponto de vista realmente complexo, pesando o quão felizes uns e outros são pelo seu dinheiro.” “Eu sou uma pessoa prática. Se você analisar friamente, tenho certeza de que não encontrará outro humano que tenha lucrado tanto quanto eu.” Um sorriso surgiu no rosto do presidente enquanto ele falava. “Com minha visão sistêmica, eu consegui expandir a Shin-ra, uma companhia que começou do nada produzindo armas, até o tamanho que ela tem hoje. Descobrir as possibilidades dos usos de energia Mako e desenvolver os reatores que absorvem energia foi o ponto crucial. A energia Mako facilitou a vida das pessoas, aumentando sua satisfação e tornando-as minhas escravas. Após colocar as mãos numa vida tão conveniente, isso tornou-se viciante como uma droga para as pessoas mais ignorantes e passou a controlar suas mentes. E nós, a Shin-ra, que controlávamos essa energia, expandimos a escala de nossa companhia num instante. Com táticas simples, conseguimos reunir todos os talentos que queríamos. Sonhos de planejar a construção de uma metrópole, um programa de exploração espacial... Eles fariam tudo isso por mim. Eu podia usá-los. Eles me serviam como a um rei. O público não conseguia ver o que estava acontecendo. Mesmo a mídia, que controlava o público, era controlada por nós, que monopolizamos a energia Mako. Shin-ra simplesmente dominou o país e eu ascendi a um


trono no qual ninguém me criticaria, não importando o que eu fizesse. Eu controlava todos os idiotas, tinha um poder ilimitado e regia o mundo todo! Eu não me importaria de ter uma vida mais longa, mas tudo bem. Então, o que você acha, Ancient? Você entende qual de nós dois ganhou mais em vida? Ou melhor, entende como a sua vida foi patética?” “Hmmm... Talvez?” O que Aerith entendeu é que a felicidade do homem diante dela era muito diferente do que ela estava pensando. A felicidade da qual ele falava era apenas de coisas relativas. Ele queria estar numa posição onde tivesse mais lucros que qualquer um. Como resultado disso, as idéias da Shin-ra de absorver a vida do Planeta permaneciam com ele até mesmo agora. Ele era como uma alma indefesa que não conseguia mais sentir felicidade, enquanto aqueles que foram menos afortunados que ele conseguiam. Ela não tinha intenção de falar tudo isso. Se esse era o ponto final da satisfação dele, então não havia nada a ser feito. Ele não conseguia se desprender do dinheiro que conquistou e sua podridão começou a exalar aquele mau cheiro. Como se estivesse preso no vazio, o infeliz Presidente Shin-ra não sabia que havia se libertado de suas ambições após morrer. Sempre procurando alguém com quem se comparar, o Presidente estava irritado com a falta de resposta de Aerith. “Foi tão idiota de minha parte me comparar a uma humana tão estúpida. Não estou de bom humor. Estou muito irritado. Saia daqui rápido se não entende o que estou dizendo.” “Eu farei isso.” Esse homem não podia ser salvo. No trono onde seus desejos apodreciam, ele iria permanecer lá até o fim de seus longos dias e seu ego desaparecesse. Quando Aerith deu as costas para o Presidente Shin-ra e estava prestes a recomeçar sua jornada... Algo estranho aconteceu. Uma outra onda, separada do Lifestream, atravessou o mar de Mako violentamente. Era uma onda ameaçadora, como uma grande pulsação. “O que é isso?!?” Ouvindo os gritos do velho, Aerith se virou de volta. Tudo que ela pôde ver foi a figura do Presidente sendo levada pela distância. Gradualmente, a velocidade aumentou a um nível extremamente rápido. Ele não estava numa corrente. O velho era puxado por uma força semelhante à da gravidade, pegando mais velocidade a cada segundo. Ele estava indo a algum lugar no mar de Mako, à força. Deixando um longo grito de medo para trás, o Presidente Shin-ra

desapareceu. Aerith sentiu a pulsação de novo. Ela sabia claramente o que era desta vez. Era a mesma pulsação que acabou com sua vida na Cidade Esquecida. Aquele homem estava em algum lugar no Lifestream. “Sephiroth...” O anjo caído de cabelos prateados sorriu friamente, como se levasse as almas condenadas para o inferno. Desta vez, Aerith sabia que o perigo não estava acabado. A magia branca definitiva, Luz, que ela evocou, estava sendo contida quando estava prestes a funcionar. A antiga cicatriz do Planeta... Sephiroth estava na Cratera do Norte, a “Terra Prometida” de Jenova, esperando pelo momento de renascer como uma nova entidade. A magia negra de destruição definitiva, Meteoro, estava em andamento. O martelo demoníaco que desceria dos céus distantes para esmagar o Planeta foi evocado.

Capítulo 5 Cloud estava caindo no Lifestream. Ele não estava caindo como se estivesse morto. Ele estava caindo no mar de Mako vivo, com seu corpo material. Ele estava a caminho da morte. Na Cratera do Norte, ele descobriu que suas memórias eram falsas. Ele era apenas uma marionete para a qual o insano cientista Hojo transplantou células de Jenova. Um ser criado para se fundir com Sephiroth para sua ressurreição. Mas como uma falha, ele era um clone inferior que sequer recebeu um número. Ele foi jogado para fora de Midgar como lixo. E então ele conheceu Tifa. Ele conheceu “sua” amiga de infância, Tifa Lockhart. Naquela época, com o poder de Jenova de copiar memórias, as lembranças que Tifa tinha de Cloud foram instantaneamente transferidas para ele. As partes que faltavam foram preenchidas com suas próprias lembranças de ser um Soldier, para completar tudo. Foi assim que a personalidade conturbada de Cloud Strife, baseada no jovem que existia na mente de Tifa, nasceu. Enquanto esse “Cloud” tinha muitas contradições quanto a si mesmo, ele construiu um personagem fictício para que não duvidasse mais de si mesmo. Esse personagem era ele mesmo. Porém, o disfarce estava para acabar. Ele começou a falhar já algum tempo. Após entrar em contato com muitos clones de Sephiroth, a ressonância dentro da mente de Cloud criou muitas suspeitas. Muito antes da morte de Aerith, a personalidade


que ele construiu, escondendo suas suspeitas, começou a se partir. Usando o ódio que ele nutria por Sephiroth e os objetivos que tinha em mente, ele de alguma forma conseguiu se manter, mas isso só durou até encontrar o verdadeiro Sephiroth. Na Cratera do Norte, diante de Sephiroth, que tinha Jenova em sua posse, o personagem Cloud caiu. Logo depois disso, até sua consciência ficou sob controle de Sephiroth, já que o próprio Cloud o entregou a chave para evocar Meteoro, a Materia Negra. Cooperando com o inimigo que ele odiava e sendo capaz de se voltar contra seu próprio objetivo de deter o Meteoro, Cloud entrou em colapso. Seu falso ego mosaico se partiu em pedaços e em sua consciência vazia, apenas o desespero de como ele não era nada mais que um clone falho de Sephiroth permaneceu. E assim... Agora não tendo mais nenhuma utilidade, Cloud caiu no Planeta através da Cratera do Norte, abandonado no Lifestream. Com seu ego perdido, o que iria acontecer se a energia Mako altamente concentrada, contendo as memórias agregadas do Planeta, entrasse em seu sistema? Ele era igual a uma esponja seca mergulhada num líquido. Sua consciência em branco e inúmeras memórias sem sentido iam ser enterradas. Esse estado, no qual a pessoa fica extremamente intoxicada, é comumente chamado de “envenenamento por Mako”. Com sua mente sendo infligida além do ponto de recuperação, Cloud flutuava no Lifestream. Logo, seu corpo vivo que não deveria estar no Lifestream, foi lançado por um dos gêiseres naturais de Mako da costa de Mideel. Com sua personalidade perdida, ele agora era uma pessoa vazia em confusão. Aerith sabia uma das razões de haver um lugar do qual o Lifestream não podia se aproximar. Esse lugar tinha uma barreira que Sephiroth colocou. O desastre que caiu do céu, Jenova, trouxe consigo um meteoro que criou uma enorme cicatriz no Planeta devido a seu impacto. Agora esse lugar, onde muita energia era reunida para curar a ferida, havia se tornado o palco da ressurreição de Sephiroth. Os fluxos de vida de todo o lugar eram sugados pelo vórtice artificial, impedindo uma entidade desencarnada, como Aerith, de se aproximar. Aerith queria muito falar com Cloud quando seu corpo caiu no vórtice. Ela tentou muitas vezes, enquanto o corpo dele era carregado para Mideel. Mas com sua mente despedaçada e coberto de desespero, Cloud não conseguia ouvir a voz de Aerith. Não importava o quanto ela tentasse, sua voz não chegava até Cloud. Sem poder fazer nada, Aerith viu o corpo de Cloud retornar à superfície.

“Como eu posso salvar Cloud? Como posso deter o Meteoro? Eu nunca imaginei que Luz seria contida. Se continuar assim, o Planeta vai acabar como Sephiroth quer... O que eu posso fazer? Me diga, Cloud...” Aerith chorava enquanto pensava no estado de Cloud, que nem mesmo suas orações alcançavam. Sua personalidade partida não poderia mais ser encontrada. Se ele não era Cloud em primeiro lugar, então quem era ele? Conhecendo-o apenas como um ex-membro da Soldier, não havia como ela saber. Ela mergulhou num sentimento de inutilidade que não conseguia descrever. “Cloud... Sinto sua falta. Eu quero o verdadeiro você...” Seus murmúrios e pensamentos se expandiram em ondas e se espalharam pelo Mako. Suas memórias junto a Cloud vieram à mente outra vez. Sua impressão é que embora ele não fosse muito social, havia algo que encantava nele. “Eu senti algo estranho nele, mas tudo foi mesmo apenas inventado, parte de uma personalidade falsa? Cloud não era real em nada? ...Não, isso não pode ser verdade. Havia coisas que somente Cloud pensaria. Coisas que ele fez porque era Cloud. Ele nunca foi uma casca vazia para começar!” Mas ela não podia descobrir a verdade sozinha. Seus pensamentos apenas davam voltas. Aerith mergulhou em suas memórias mais uma vez. Memórias que mostravam a individualidade de Cloud. A maneira como ele andava, falava... Ela remontou suas ações uma a uma... Esses pensamentos começaram a se fundir no mar de Mako e despertaram alguém. Essa “pessoa” reconheceu as imagens que Aerith mentalizava e despertou. “Aerith... É você?” No início, Aerith não se lembrou de quem era a voz, porque foi muito repentino. Em pânico, ela se virou e viu um rosto nostálgico que não via há cinco anos. Ele foi o primeiro amor dela. Ele agora era um amigo muito querido que ela não via desde que ele desapareceu sem deixar vestígios. Ele tinha as mesmas características que ela viu em Cloud. Zack, que tinha os olhos azuis da Soldier, apareceu diante dela. Ele tinha uma imagem inferior à imagem sólida de Aerith. “Zack! Isso quer dizer que você está morto também?” Embora Aerith normalmente não fizesse perguntas tão óbvias, foi a primeira coisa que veio a sua mente e ela falou quase que num reflexo. Além disso, era estranho que um Soldier tão habilidoso e experiente morreria. Apesar dela não ter idéia do paradeiro de Zack, ela tinha certeza de que ele estava a salvo e vivendo tranquilamente em algum lugar... Ela se culpou por acreditar cegamente nisso. Essa realidade cruel foi um choque forte para ela. “’Você também?’ ... Isso quer dizer que você está morta também,


Aerith? Bem, eu ia dizer a mesma coisa mesmo e então... Como devo dizer... Meus pêsames?” “Você não mudou nada.” Não importava o que acontecesse, Zack nunca perdia o bom humor. Como se fosse salva por essa personalidade ativa, Aerith sorriu fracamente. Apesar de ela saber que ele era parte da Soldier da Shin-ra, era essa parte dele que a atraía. “Muitas coisas aconteceram. Coisas terríveis. Tudo começou quando fui enviado numa missão à cidade rural de Nibelheim." “Nibelheim?” “Sim, você conhece? Naquela época, eu estava junto com um Soldier muito famoso que era conhecido como herói. Ele de repente ficou louco e...” “Você fala de Sephiroth, não é?” Aerith respirou mais forte. Ela acreditava que havia um significado para Zack aparecer. Ela tinha um sentimento de que ele estava ligado a tudo. “Aquele maldito é mesmo famoso. Ou é porque você leu sobre o grande massacre de Nibelheim nos jornais?” “Você estava lá na época, Zack? Então e quanto a Cloud?” “Ei, ei, espere aí! Como você sabe sobre Cloud também? Ele está bem!?” “Eu conheço Cloud também. Realmente existe um Cloud, não existe?” Os dois rapidamente trocaram o que sabiam. E então Aerith soube. Ela soube que Cloud não era apenas um boneco feito para Sephiroth. Ela também entendeu porque ela viu Zack nele. Zack também soube. Soube a situação em que seu grande amigo se encontrava. O amigo que se envolveu com ele no incidente e foi caçado pela Shin-ra. Ele também soube que Sephiroth ia ser ressuscitado e se tornaria uma ameaça não só a Nibelheim, mas a todo o Planeta. “Zack... O que eu devo fazer para que Cloud descubra a verdade sobre si mesmo? Você pode dizê-lo que ele é real?” “É impossível para nós fazer isso. A única que pode fazer isso é aquela garota que estava conosco em Nibelheim, Tifa. Se as lembranças dela puderem despertar as de Cloud, então...” “Isso vai ser difícil. Mas não desistirei. Tenho certeza de que há uma chance.” O rosto de Aerith se encheu de brilho agora que havia uma esperança. “Quando isso terminar, Cloud e os outros poderão fazer algo quanto a Sephiroth. Eles poderão remover o obstáculo que está consumindo Luz.” E logo, a oportunidade veio. Sob a pressão da aproximação do meteoro, o Planeta despertou suas armas de defesa massivas, os Weapons, e o fluxo de Lifestream foi interrompido por suas atividades. A quantidade de energia que era

liberada na superfície nunca foi vista antes. Acontecendo também em Mideel, Cloud, que estava pacificamente descansando lá com Tifa cuidando dele, ambos caíram no Lifestream. Ambos foram engolidos pelo Mako ao cair no Planeta. Para Cloud, era a segunda vez, mas para Tifa, era sua primeira experiência. Aerith arriscou tudo que tinha nessa oportunidade de ouro. Ela desesperadamente tentou falar com Tifa, que estava prestes a ser intoxicada pelo Mako altamente concentrado. Guiando sua consciência, ela a guiou ao coração fechado de Cloud. Na verdade, Aerith queria fazer isso sozinha. Mas ela não podia. Foi por isso que ela confiou tudo a Tifa. Ela entregou a Tifa todos os sentimentos que ela nutria por Cloud. Ela os entregou àquela que iria “viver” com Cloud... E então, Tifa conseguiu. Reunindo suas próprias lembranças com as de Cloud, ela procurou as coisas que apenas o verdadeiro Cloud poderia saber. E enfim, a porta fechada foi aberta... Naquela época, o poder de Jenova que foi implantado em Cloud copiou as características de seu amigo próximo, Zack. Procurando as memórias mais profundas que estavam misturadas em tudo isso, Tifa conseguiu reconstruir o verdadeiro Cloud, ao invés da pessoa falsa que ele criou para se proteger. “Você conseguiu, Tifa. Obrigada... Sinto um pouco de inveja de você, mas... Cuide de Cloud por mim. Cuide de Cloud e do mundo...” Tifa abraçou Cloud fortemente quando ele voltou aos sentidos. Aerith observou os dois retornarem à superfície sorrindo como uma mãe afetuosa. Era uma visão deslumbrante para Zack. “Puxa, isso é incrível, Aerith. De todas as garotas que conheci, você realmente é a melhor. Depois daquela missão, nós poderíamos ter continuado como estávamos e eventualmente nos casaríamos. Teríamos uma vida feliz e pacífica depois que eu voltasse para casa. Eu odeio Sephiroth. E odeio a Shin-ra, que esteve escondendo tudo que fizeram.” “Alguém que ‘conheceu’ tantas garotas nunca poderia ser um bom marido.” “Que cruel. Eu sou muito respeitoso.” “E esse é o seu defeito. Você não é simplista e objetivo como Cloud.” “Era isso que você gostava, Aerith?” “Quem sabe...? As coisas podem ter mudado depois de cinco anos.” “Heh.” Zack fez um rosto de tristeza falso, e então sorriu levemente. Era o mesmo sorriso idêntico de quando ele e Aerith se conheceram há muito tempo. Quando ela tinha dezessete anos, foi isso que a atraiu nele. “Não acabou ainda, mas eu vou dormir por um tempo. Parece que não


há nada que eu possa fazer por enquanto. Mas sempre que se sentir sozinha, me chame, Aerith.” “Só se eu me sentir muito sozinha. Boa noite, Zack.” E o Soldier de Primeira Classe desapareceu no Mako. Acreditando que sua missão não estava acabada ainda, Zack decidiu se ocultar para poupar energia. Aerith, por outro lado, não ia dormir. Sendo uma Cetra, não se sentia nem um pouco cansada. Ela estava feliz. Estava feliz de saber que agora o verdadeiro Cloud podia cuidar de si mesmo, embora fosse apenas por um curto tempo.

Capítulo 6 “Hahaha...” Aerith parou de caminhar quando ouviu a risada que lhe deu calafrios. Mesmo enquanto Cloud e os outros lutavam para encontrar uma maneira de entrar na Cratera do Norte pela superfície, ela continuou a vagar pelo Lifestream, tentando encontrar alguma fraqueza na barreira de Sephiroth ou alguma abertura que a permitisse libertar a contida Luz. Mas ela não encontrou. Tendo absorvido completamente os poderes de Jenova, Sephiroth estava firmemente protegendo a cratera que iria se tornar seu casulo, especialmente de qualquer forma de aproximação pelo Lifestream. Fazendo isso, ele podia evitar a fúria do Planeta, que esteve contra Jenova todos esses anos, e se esconder dos olhos dos Weapons que nasceram para expurgar todos os males do Planeta. “Se Luz não funcionou a tempo, então...” Quando Aerith começou a pensar na situação, a risada ecoou de novo. Uma nova alma havia acabado de cair no mar de Mako. Era um homem velho em roupa de laboratório com o rosto cheio de veias nervosas e uma risada deturpadora: originalmente sob a autoridade da Shin-ra, ele era um cientista louco que fazia experiências anti-éticas em humanos constantemente. Hojo lentamente voltou sua atenção para Aerith. “Professor Hojo...” “Ah, a filha dos Ancients. Entendo. Enquanto os Cetra quiserem, podem viver no Lifestream sem perder sua consciência. Eles só perdem sua habilidade de serem humanos... Hahaha, igualzinho a Jenova e Sephiroth, podemos ver.” “Não me compare a eles. E você ainda não lembra o meu nome.” “Isso não importa. É muito mais apropriado chamá-la de ‘a última Ancient’ do que qualquer outro nome, já que este reflete sua verdadeira natureza única. Oh sim, sua diferença em meus laboratórios, com meu sistema de numeração, teria sido o suficiente para distingui-la.

“Os humanos e todas as coisas vivas são apenas cobaias potenciais para você? Você ainda não consegue mudar apesar de estar livre aqui como uma alma? “Hahaha... Kyahaha!” Como se tivessem contado uma piada engraçada, Hojo riu alto, como se estivesse possuído. “...Heehee, heeheehee. Não, eu mudei. Eu mudei muito antes de cair nesse Lifestream. Você não entende, não é? Ah, essa roupa de laboratório está no caminho Hojo tirou o jaleco e o dobrou vagarosamente. A imagem de seu jaleco se partiu em milhares de fragmentos, voando aleatoriamente como penas, expondo o corpo de carne que estava escondido sob ele. “...!” Aerith engasgou. O corpo diante dela não era humano, mas sim composto de células de Jenova, algo que ela já teve o desprazer de ver muitas vezes. Hojo se cansou de fazer experiências nos corpos dos outros e acabou usando a si próprio como cobaia para suas experiências insanas. “Heeheehee. Em outras palavras, não sou diferente de um exemplar agora. Mesmo você nunca imaginou que tanto assim havia mudado, não?” “O que você fez...? Você desistiu de sua humanidade, Professor Hojo? Você violou sua alma tanto que nunca poderá retornar ao Planeta...” “Lifestream... O ciclo da vida... A vontade do Planeta... Nada disso é mais importante que meus desejos para mim. O que é realmente importante para mim é descobrir até onde a ciência pode ir superando a natureza e o sistema do Planeta. Se eu puder satisfazer minhas ambições supremas e curiosidade insaciável, então não terei remorso de perder minha humanidade. Não me importa o que acontecerá ao Planeta enquanto eu puder provar minhas teorias sobre Jenova!” Os pensamentos que Hojo emitia eram pura loucura e não eram como a loucura da qual Dyne precisava ser salvo. Ao contrário das ambições do Presidente Shin-ra, o ponto final de seus objetivos era certa destruição. Hojo era como um cadáver vivo. Ele havia se tornado um escravo do conhecimento, possuído por sua própria loucura por ciência, sem pensar na vida ou no futuro. “Agora essas provas que tenho superaram Gast, que era reconhecido por seu talento, mesmo que tentasse fugir da ciência como o covarde que ele era. Se Gast estivesse à frente do Projeto Jenova agora, ele certamente nunca teria chegado a esse estágio... Haha, sim. Professor Gast era seu pai, não é mesmo?” “...Meu pai entendeu que o Planeta era mais importante que a ciência.” Aerith descobriu quando as memórias de Tifa e Cloud se fundiram com o


Lifestream quando eles caíram. Ela também descobriu que foi Hojo quem matou seu pai quando ele tentou levar Aerith, recém-nascida, para ser usada como cobaia. “Ha, esse foi o fim de Gast. Parar e não fazer o que devia ser feito foi uma blasfêmia para a ciência... Heh, é hora de nossa conversa acabar.” Sem mostrar o menor sinal de culpa, Hojo se voltou na direção da Cratera do Norte. “Meu filho, o herdeiro de Jenova, está chamando. Ele está pedindo mais energia vital. Hahaha, eu me oferecerei. Então ele se tornará um comigo, aquele que ele mais odiava e desprezava. Essa será a nossa reunião.” Hojo, que havia se fundido com Jenova, foi arrastado como Presidente Shin-ra daquela vez. Rindo verdadeiramente em sua loucura, ele foi sugado para o fundo do poço de gravidade. “Deixe-me dar um último conselho, Ancient. Não importa o que você faça, é inútil. É tudo parte do sistema desse Planeta. Muitas entidades desconhecidas caem do céu no ciclo de vida do Planeta sem saber e agora Jenova está lá. Então para onde vai o espírito? Mesmo que você tente destruí-lo, ele nunca desaparecerá. Ele se fundiu com o mar de Mako, acessando todas as partes do Planeta pelo Lifestream. Um dia, você terá que viver como parte de Jenova. Hahaha... É apenas uma questão de tempo.” “Eu nunca deixarei isso acontecer!” “Você também entenderá algum dia. Hahahahaha...!” Deixando para trás apenas sua risada insana, a coisa que uma vez foi Hojo desapareceu. E então ele se tornou um sacrifício para Sephiroth com uma expressão cheia de felicidade e loucura. Até o último momento antes de sua alma desaparecer, ele não mostrou remorso ou vergonha. Aerith sabia que a morte de Hojo significava o fim da Shin-ra. Nesse caso, a batalha decisiva de Cloud estava se aproximando. Ela começou a correr. Se Hojo podia se sacrificar para ajudar Sephiroth, então devia haver alguma coisa que ela podia fazer para salvar o Planeta. Era nisso que ela acreditava.

Capítulo 7 Cloud e seus companheiros derrotaram Sephiroth. Afundando na cicatriz do Planeta e absorvendo a energia Mako, o Sephiroth original foi revivido e seus ferimentos totalmente curados. Na batalha que se desenrolou depois, o desejo que ele herdou de Jenova, suas próprias ambições e suas fortes convicções lhe deram um enorme

poder, mas os humanos ainda conseguiram superá-lo no final. O corpo físico de Sephiroth foi destruído e, cheio de ferimentos, ele recuou. Mas apenas Cloud sabia disso. Tendo sido exposto às células de Jenova, havia traços da consciência de Sephiroth nele. Parte de sua consciência estava em sintonia. Cloud podia sentir a existência de seu alter-ego em algum lugar do Lifestream, continuando a obstruir Luz mesmo agora. Deixando apenas sua mente entrar no mar de Mako, Cloud seguiu em busca dele. Atravessando as correntes, seu velho inimigo estava esperando por ele. A alma de Sephiroth não havia sido destruída ainda e ainda era uma ameaça ao Planeta. No mundo de energia consciente, suas espadas colidiram. Sephiroth, o Soldier mais poderoso e a pessoa mais admirada, atravessou Cloud com sua espada como um raio de luz. Mas Cloud não tinha medo. Acreditando ter vencido, Sephiroth levantou sua espada longa para seu próximo ataque e nesse instante, Cloud o atacou com toda a força que tinha. Sua grande espada atravessou o corpo de Sephiroth naquele breve instante. Seu ataque abriu outra oportunidade para ele, que atacou Sephiroth mais uma vez. Foi uma tempestade de ataques: quinze ataques sucessivos atravessaram Sephiroth. O anjo caído sorriu. Mas o dano que ele recebeu estava muito além do que ele podia agüentar e seu corpo espiritual começou a se desfazer. Raios de luz saíam de dentro de seu corpo como se o estivessem cortando em pedaços. Sephiroth foi destruído. O pesadelo de Cloud, que começou há cinco anos em Nibelheim, finalmente acabou. A Luz que não estava mais obstruída imediatamente começou a agir. Desta vez, Cloud havia se separado de seu corpo e estava num estado de mente ausente, mas, no abismo do mundo de Mako, ele viu uma mão para guiá-lo. Era branca e delicada. Lembrava a mão que lhe deu uma flor em Midgar. Inconscientemente, ele estendeu sua própria mão de encontro a ela... Sua consciência retornou ao corpo. A mão de Tifa o segurava enquanto o solo se partia embaixo dele. Se a mão não estivesse lá para guiá-lo, então ele estaria no fundo do Inferno agora. Foi uma ajuda e tanto. Cloud percebeu que havia sido salvo. Mas era tarde demais. Midgar estava prestes a se tornar o ponto de impacto para o Meteoro dos céus, e ele já estava perto demais do solo. A força gravitacional entre o Planeta e o Meteoro gigante criou furacões que impiedosamente devastaram os pratos da cidade superior. Como resultado, a energia de Luz que ficava entre o Planeta e o meteoro só aumentou o poder destrutivo entre os dois ao invés de ter o efeito que supostamente deveria ter.


Continuando assim, não apenas os moradores de Midgar que se refugiavam nos subúrbios se envolveriam, mas o Planeta seria tão danificado que ficaria além da recuperação. O plano de Sephiroth havia sido detido, mas todos sabiam que o pior ainda estava por vir. O Planeta estava indo de encontro ao fim. “Emprestem-me seu poder, todos!” Aerith gritou. Suas ondas de pensamento se espalharam pelo mar de Mako. Carregadas pelo Lifestream, se espalharam pelo Planeta. “Não posso fazer isso sozinha. Vamos todos proteger o Planeta!” O chamado da última Cetra atraiu as incontáveis consciências que ela havia despertado durante sua jornada. A consciência do Planeta inteiro foi despertada. É claro, entre elas também estavam as consciências daqueles que estavam suspensos por seus pecados. Com suas fortes vontades combinadas, eles conseguiram controlar a enorme energia do Planeta. “Eu estava esperando por isso! Vamos ligar o fusível e explodir o meteoro de uma vez só!” “É a vez da Divisão Lifestream da Avalanche! Agora que Barret não está aqui, eu sou o líder!” “Não! Eu queria ser líder também! Isso não é justo, Wedge!” “Vocês nunca são sérios, mesmo que sejam companheiros de Barret. Vamos levar isso a sério e fazer direito, por Marlene.” Sob esse comando, incontáveis feixes de luz apareceram na superfície, unindo-se ao Lifestream. E então, cobrindo o Planeta e protegendo-o como uma rede, o Meteoro teve o curso mudado de volta para o espaço sideral. O movimento da Luz foi como uma Valquíria guiando seu exército imortal pelos céus. “Ei, Aerith, você viu a finalização de Cloud?” Zack guiou sua energia para a segunda onda, quando o Meteoro foi jogado de volta perdendo sua força. “Aquela era uma técnica minha também. Isso não faz você se apaixonar de novo?” Com espaço o bastante, Luz agora começava a fazer efeito. Agindo como uma barreira, as partes do Meteoro que entravam em contato com ela eram transformadas em pó e jogadas no espaço. O Meteoro não era mais uma ameaça ao Planeta e agora apenas esperava indefeso para ser destruído. O Planeta escapou da destruição. Os pensamentos de Aerith foram libertados. A bordo da Highwind, Cloud viu tudo. E também Tifa, Barret e os outros. Eles viram o sorriso de Aerith, que nunca deixou suas memórias, aparecer no Lifestream e gentilmente desaparecer, enquanto retornava ao Planeta.

Enquanto o tempo começava a se mover de novo, a tristeza de todos parecia ter curado um pouco. E então, as memórias de vida que o Planeta criou continuaram. Continuaram para o nascimento de uma nova era...

"On a Way to a Smile - Denzel" Episódio 1-1 Midgar era dividida como se fossem dois mundos diferentes. Um era a cidade superior, conhecida como “prato”, uma terra de aço suportada por pilares. E havia as áreas no solo que nunca viam a luz do sol por causa do prato. Os subúrbios eram cheios de vida, apesar de serem um lugar caótico. Devido ao planejamento da companhia conhecida como Shin-ra, essa cena de luz e sombra prosperando separadamente parecia que duraria para sempre. Há quatro meses atrás, quando o Lifestream saiu fluindo da terra, muitas pessoas acreditaram que seria o fim de Midgar. Aqueles que tentaram fugir da cidade com seus pertences não conseguiram. Talvez eles tivessem pensado que poderiam sonhar com prosperidade mais uma vez se estivessem perto dali. E logo, uma cidade chamada Edge foi construída, em lugar da antiga Midgar. A rua principal de Edge começava nos limites dos setores três e quatro de Midgar e seguia para o leste. A cidade em si foi formada em torno dessa rua principal e se expandiu para noroeste. À distância parecia ser uma cidade magnífica, mas a maioria dos prédios foi construída com o lixo que sobrou de Midgar. A cidade cheirava a ferro e pó. Johnny tinha uma lanchonete na rua principal. Era um estabelecimento humilde numa área aberta com um balcão, algumas mesas e cadeiras, onde ele podia preparar refeições simples. O nome da loja era Johnnys Heaven. Era um nome parecido com o do bar que uma vez existiu nos subúrbios do Setor 7. O nome desta era “Seventh Heaven”, cuja dona era uma bela mulher por quem Johnny se apaixonou. O nome dela era Tifa. Meses após o incidente em que o Setor 7 desabou, Tifa abriu um novo Seventh Heaven em Edge. Naquela época, Johnny estava inspirado por como Tifa podia decidir o que ia fazer enquanto o resto do povo ainda estava indeciso. E então, com essas idéias em mente, ela se tornou uma figura respeitada na mente de Johnny.


“Eu vou viver como Tifa. Mas como? Já sei! Vou abrir um negócio também. Vou dar esperança àqueles que perderam a sua.” Este era o início do Johnny's Heaven. Clientes que vinham à lanchonete ouviam a história do “renascimento de Johnny” muitas vezes. Como resultado disso, muitos começaram a se inspirar em Tifa e foram ao Seventh Heaven, tornando-se clientes regulares de lá. Sem saber nada sobre isso, Johnny continuava a trabalhar seis dias da semana esperando um público que viria ouvir sua história cheia de amor e esperança. Um cliente chegou. Era um garoto. É muito raro uma criança andar sozinha nessa região. Era Denzel, um garoto que era especial para Johnny. Ele é uma das pessoas que respeitavam Tifa. Johnny ia dar tudo de si para ajudar Denzel. “Bom dia, Denzel.” Johnny disse abaixando a cabeça para cumprimentá-lo. Mas Denzel só olhou para ele por um instante antes de ir para a mesa mais distante do balcão. “Aproxime-se e sente aqui.” “Não. Estou aqui para encontrar alguém.” “Ele está aqui para encontrar alguém? Ele já está tendo encontros? Mas ele ainda é só um garoto... Bem, não importa, ficarei observando. Isso tudo é parte do meu serviço especial.” - E se aproximando - “É um encontro? Boa sorte.” “Café, por favor.” “Ele está me ignorando. Ah, deve estar com vergonha.” ... “Peça ajuda se não souber o que falar. Tenho informações importantes para você. Sabe que...’ De repente, Denzel se levantou. Ele estava irritado? Johnny olhava para Denzel, mas o olhar do jovem garoto estava voltado para a entrada. Um homem de roupas finas estava parado lá. “Bem-vindo”, Johnny disse ao homem. Era Reeve. Ele era um dos funcionários antigos da Shin-ra. Era a primeira vez que Johnny via este homem, que agora comandava a WRO. Ele era famoso pelo cheiro de morte à sua volta. “Mas o que um homem como ele quer na minha loja?” Reeve caminhou observando em volta cautelosamente, até finalmente se sentar na mesma mesa que Denzel. Parecia um hábito dele. Algo passou pela cabeça de Johnny. “Reeve está convidando Denzel a se juntar ao exército. Tenho que impedi-lo. Se alguma coisa assim acontecer no meu bar, nunca mais terei coragem de encarar Tifa. “ Com isso em mente, sua expressão permaneceu calma enquanto olhava para Reeve. “Café, por favor.”, Reeve disse.

“Sim, agora mesmo.”, Johnny respondeu firmemente antes de correr para a parte de trás do estabelecimento. Ele não é uma pessoa fácil de lidar. Denzel estava surpreso de o próprio líder do WRO vi-lo entrevistar e ficou imóvel, sem sequer conseguir cumprimentá-lo. “Sente-se.” Isso puxou Denzel de volta à realidade, e ele se sentou, nervosamente. “Então, Denzel. “Eu não tenho muito tempo, então vamos direto ao assunto.”, Reeve disse num tom gentil. “Primeiro, saiba que nós somos diferentes de algum tempo atrás. A época em que daríamos boas-vindas a qualquer recruta acabou. Se você só quer ser voluntário para ajudar a reconstruir essa área, então procure o líder daqui. A WRO agora é um exército.” “Sim, senhor. Estou preparado para os perigos.” “Preparado, uh... Tudo bem. Primeiro quero saber o seu passado.” “Meu passado? Mas eu só tenho 10 anos...” “Eu sei disso. Mas mesmo uma criança de 10 anos tem um passado, não?”

Denzel era o único filho de Eber, que trabalhava no 3º Departamento de Negócios da Shin-ra, e Chloe, pessoa muito social e excelente dona de casa. Os três moravam numa casa pertencente à Shin-ra, no Setor 7. Eber estava satisfeito, pois mesmo sendo de um vilarejo pobre, ele conseguiu formar uma família em níveis superiores. Porém, ele sempre achou importante ter um objetivo na vida, e por isso almejava morar nas residências nobres do Setor 3. Quando Denzel fez sete anos, Eber foi promovido a chefe de departamento. Isso significava que ele tinha as qualidades para morar no Setor 5. Sabendo da novidade, Chloe e Denzel prepararam uma festa. Com uma decoração infantil e muita comida, eles receberam Eber. Foi um jantar feliz. Enquanto trocava piadas com seu bem-humorado pai, Denzel também ouviu dele as histórias da vida. “Denzel. Você tem sorte de ser meu filho. Se você tivesse nascido nos subúrbios, estaria comento ratos ao invés de frango.” “Eles não têm frangos?” “Sim, eles têm, mas como todos são muito pobres, não podem comprar. Já que não há mais nada que possam fazer, eles pegam ratos com lanças. Ratos cinzentos e sujos.” “Ewww... Parece nojento.” “Qual é o gosto... Hmmm?”, Eber disse piscando para Chloe. Esta apontou o dedo para o prato de Denzel. “O que achou, Denzel?”, ela questionou. Denzel ficou preocupado e comparou sua comida com a de seus pais.


Seu pai olhava para baixo, tentando não rir. E então Denzel se lembrou de uma coisa que sua mãe Chloe disse: não há sentido em viver sem sorrir. “Eles queriam me assustar de novo”. “Mas eu não acredito em vocês!”

“Que pais ruins.” “Eles só gostavam de brincar comigo. Eu não me importava.” “Bem, pelo que eu sei, ratos não eram comidos nos subúrbios. Os ratos dos subúrbios daquela época...” “Eu sei. Eu sei muito bem sobre isso.” “Oh? Aconteceu alguma coisa?” “... É uma longa história.”

Quando Denzel estava cuidando da casa, o telefone tocou. Era seu pai. “Onde está sua mãe?” Ele parecia nervoso. “Foi fazer compras.” “Quando ela chegar, diga para me ligar imediatamente. Não, deixe para lá, eu ligo depois.” Sabendo que havia algo errado, Denzel ficou nervoso. Mas como não havia nada que ele pudesse fazer, ficou assistindo TV enquanto esperava a mãe voltar. Estava passando uma notícia de um grupo chamado “Avalanche”, que bombardeou um Reator Mako. Foi por isso que ele ficou nervoso. Não foi por causa da ligação, ou por causa da demora de sua mãe. Nessa hora, alguém chegou, mas não era a mãe, e sim o pai. “Onde está sua mãe?” “Ela não voltou ainda.” “Eu vou procurá-la.” Sem explicar nada, Eber saiu. Denzel foi atrás dele. Quando chegaram ao distrito de lojas, logo acharam Chloe. Ela parecia estar conversando com o açougueiro. Eber foi até ela e, sem dizer uma só palavra, a agarrou pelo braço. Quando Chloe protestou, Denzel sentiu seu coração pular. “Me solte! O que é tudo isso?” Eber olhou em volta e baixou a voz. “O Setor 7 vai ser destruído. Temos que evacuar para o Setor 5. Há uma nova casa para nós lá.” “Eles vão destruir esse lugar?” “Aqueles que destruíram o Reator Mako nº1 agora alvejam este setor.”

Denzel olhou para os seus pais. Eles não estavam sorrindo. “É verdade?” Denzel agarrou seus pais e disse: “Vamos logo!” Mas Chloe não se mexeu. “Não podemos simplesmente fugir. Temos que contar a nossos vizinhos e amigos.” “Não há tempo, Chloe. Além do mais, essa é uma informação confidencial da Shin-ra. Eu já estou quebrando as regras por contar a vocês dois.” Irritada, Chloe se afastou e disse a Denzel: “Vá com o seu pai. Eu irei depois. Vai ficar tudo bem.” E a mãe de Denzel saiu correndo. “Hei!” Eber correu um pouco atrás dela, mas depois parou. Denzel podia sentir o sofrimento dele. “Ele quer ir atrás dela, mas eu estou atrapalhando.” “Denzel, vamos para o Setor 5.” “Não! Nós temos que ir atrás dela!” “Mamãe vai ficar bem. Nós somos uma família afinal.” Um homem alto caminhava com uma mala em direção à divisa do Setor 7 com o 6. Eber o chamou. Quando o homem viu quem era, se aproximou assustado. “Você ainda está aqui, senhor? Os Turks já estão agindo. Já colocaram quase todas as bombas. Meus colegas conseguiram transporte para nós.” O pai de Denzel já havia comentado sobre essa organização que pertencia à Shin-ra. Todo o trabalho sujo era feito pelos Turks. Mas o que ele quis dizer com “os Turks já colocaram quase todas as bombas”? Os Turks são a Avalanche? Denzel não conseguia entender, mas seu pai interrompeu seus pensamentos. “Você poderia levar essa criança ao Setor 5? Ele não causará problemas.” “Não!”, Denzel gritou. “Papai vai buscar a mamãe. Agora vá com o senhor Arkham.” ”Mas...” “Há algum problema, Arkham?” “É claro que não, senhor.” “É uma residência da Shin-ra no Setor 5, número 38. Aqui está a chave. Deixarei com meu filho.” Eber tirou uma chave do bolso e a deu a Denzel. “Papai...” “O papai comprou uma TV grande. Fique assistindo enquanto não chegamos.”


Após acariciar Denzel, ele rapidamente saiu correndo para o Setor 7. Arkham ajudou Denzel a se recompor. “Venha comigo. Meu nome é Arkham. Sou um dos empregados de seu pai. É um grande prazer conhecer você.” Denzel estava prestes a sair correndo, mas Arkham o impediu. “Eu entendo como você se sente. Mas eu não posso ir contra as ordens do seu pai. Por enquanto, vamos para o Setor 5. Depois disso, você pode fazer o que quiser, OK?” Na casa nova, não havia nada, exceto a grande caixa com a TV. Arkham a tirou de lá e a ligou. Ambos ficaram assistindo as notícias. Mais uma vez, era sobre a explosão no Reator Mako nº1. Denzel se perguntava quando Arkham iria embora. “Estou com fome.” “Tudo bem, vou comprar alguma coisa pra você comer.” Naquele momento, a casa toda tremeu. Eles ouviram o som de mísseis por todo o lugar. Quando Arkham abriu a porta, ainda ouviram o barulho de metais batendo. “Espere aqui.”, Arkham disse enquanto saía. Quando Denzel estava prestes a segui-lo, uma nova notícia surgiu na TV. “Notícia urgente.” Uma tela mostrou uma cidade destruída. Embora Denzel estivesse no Setor 7 há até alguns minutos atrás, demorou a reconhecê-lo. Quando a imagem mudou, o anunciante disse: “Esse é o estado atual do Setor 7.” O Setor 7 não existia mais. Denzel saiu correndo de casa. As ruas estavam um caos. As pessoas estavam desesperadas, acreditando que o Setor 5 seria o próximo. Denzel nem sabe por quanto tempo correu. Ofegante, chegou à divisa com o Setor 6. Os soldados fizeram uma barreira. Ele correu até eles para olhar para o Setor 7. Mas não havia nada lá. Era como se nunca tivesse existido. Era até possível ver o Setor 8 do outro lado. “Hei, é perigoso aqui.”, um soldado disse. “Onde você mora?” Ele apontou para o espaço vazio. “Entendo... É uma pena...”, ele disse num tom gentil. “E seus pais?” Mais uma vez, ele apontou para o espaço onde o Setor 7 costumava ficar. O soldado suspirou profundamente e disse: “É tudo culpa da Avalanche. Não se esqueça disso. Quando você for mais velho, vingue-se por eles.” O soldado virou Denzel na direção do Setor 6 e disse para ele ir embora. Ele caminhou distraidamente, sem notar todas as pessoas se refugiando

ali. “Qual lugar será o próximo? Papai! Eu vou ficar bem aqui? Mamãe! Não vou perdoar esses bandidos da Avalanche! O que a Shin-ra está fazendo? Papai! Mamãe! Onde vocês estão?” A voz miserável de Denzel não desaparecia. Ele não conseguia mais andar. E não conseguia parar de chorar.

Episódio 1-2 “Foi a Shin-ra?” “Sim.” Reeve olhava para longe. Parecia estar determinado a não mostrar sinais de emoção. “Se você me odeia, pode fazer o que quiser comigo.” Denzel abaixou a cabeça.

Era domingo. Quando acordou, Denzel estava em seu novo lar no Setor 5. Ele tinha certeza de que aquela cama não estava ali antes. Perto dela estava uma carta e um lanche. “Estou no escritório. Virei ver como você está mais tarde. Não vá muito longe de casa. Todo mundo está muito nervoso agora, então não é bom se envolver. E principalmente, seria difícil te encontrar. Você é uma criança muito importante. P.S.: Eu peguei a cama emprestada no vizinho, depois devolva. - Arkham.” A imagem do Setor 7 desabando não saía da TV. A Shin-ra também não parava de anunciar que agora Midgar estava segura. Os pais de Denzel estavam mortos, mesmo que eles dissessem que estava seguro, então ele não concordava com isso. Ele realmente imaginava se todos poderiam viver em paz depois daquilo. Como ele poderia sobreviver? Logo Denzel não conseguiu mais ficar em casa e saiu. Estava quieto. No centro de Midgar, ele podia ver a grande Torre da Shin-ra. “Papai e mamãe podem estar vivos e terem ido trabalhar. Afinal, esse é o horário de trabalho deles. É por isso que não estão. Já que essa área é de residências da Shin-ra, então alguns de seus conhecidos podem estar aqui.” Denzel não era muito bom em conversar com estranhos, mas decidiu tomar coragem e tentar. Primeiro ele foi até a casa à sua direita e tocou a campainha. Ninguém atendeu. Ele tentou abrir a porta. Ela não estava trancada, então ele


entrou e disse: ”Olá?” Ele esperou um pouco, mas nenhuma resposta veio. Parece que Arkham pegou a cama nessa casa. Será que ele simplesmente roubou a cama? Depois foi à casa vizinha. A do outro lado da rua. A casa da esquina. Uma casa mais distante. A maioria delas tinha um papel na porta com um endereço para contato para abrigo. Não havia ninguém lá também. Não parecia possível que seus pais estivessem no escritório. Se estivessem, eles teriam ido ali. “Mesmo que fosse impossível para o meu pai, minha mãe viria.” As esperanças de Denzel se partiam cada vez mais. Quando percebeu, estava perdido. Não sabia como havia chegado ali. Lágrimas escorriam pelo seu rosto, mas ele sentia mais ódio que tristeza. Ele parou e sentou na rua. Havia algo em seu bolso. Era um modelo de avião da Shin-ra. Denzel o jogou longe, gritando. “Eu odeio tudo!” O som de vidro quebrando ecoou, e uma voz de mulher se seguiu. “Quem fez isso?” Antes que Denzel percebesse o que tinha feito, uma mulher saiu da casa da frente e se aproximou. “Foi você?”, ela perguntou, segurando o modelo de avião. Ele negou, mas com um rosto de culpa. “Ora... Você está chorando?” Denzel abaixou a cabeça para negar, mas não conseguiu esconder suas lágrimas. “Onde você mora?” Ele estava nervoso por não poder responder. Mais lágrimas caíam. “Entre.” O interior da casa da mulher chamada Ruvi era muito diferente do da de Denzel, e era muito confortável. O papel de parede era um padrão cheio de flores, seguido pelos tapetes e sofás. Havia algumas flores artificiais para decoração, mas era uma sala que dava uma sensação de calor e tranqüilidade. Ruvi estava limpando os cacos de vidro da janela quebrada. “Quando meu filho voltar, eu faço ele consertar.” “Me desculpe, senhora Ruvi...” “Se a situação fosse outra, eu te agarraria pelo pescoço e levaria até os seus pais!” “Meus pais, eles...” “Não me diga que eles fugiram e deixaram você para trás.” “Eles estavam no Setor 7.” Ruvi parou o que estava fazendo e veio abraçar Denzel. Depois que ele se acalmou, ela disse que iam sair. Eles iam procurar a casa de Denzel. Caminharam de mãos dadas. Denzel

não andava de mãos dadas com seus pais desde os seis anos. Parecia infantil. Mas naquele momento, ele não queria soltar aquela mão. A Shin-ra estava conseguindo casas para seus funcionários desabrigados. As famílias eram mandadas para Junon ou Costa Del Sol. Ruvi disse que se eles a mandassem para algum lugar em que ela fosse ficar sozinha, ela preferia ficar ali mesmo. Eventualmente, eles encontraram a casa de Denzel. “Obrigado... E desculpe pelo vidro.” Ruvi ficou quieta. Denzel abriu a porta e ia entrar. “O que você planeja fazer numa casa que não tem nada? Venha morar comigo.” E assim, ele foi morar com Ruvi. Quando o Reator Mako nº1 foi destruído, Ruvi soube que haveria problemas, então ela comprou muita comida. Sua despensa estava abarrotada. “Você não precisa se preocupar com nada.” Ruvi estava ocupada todos os dias. Limpando a casa, cuidando do jardim, cozinhando... Denzel ajudava no que podia. Antes de ir dormir, ele lia histórias infantis. Ruvi, por outro lado, lia um livro grosso que parecia difícil de entender. Quando Denzel perguntava se o livro era bom, ela não respondia. Dizia apenas que era de seu filho. Ela já lia o livro há cinco anos, na esperança de entender como era o trabalho de seu filho. Ela ria ao perceber que sempre dormia quando ia ler. Ruvi deu a Denzel uma enciclopédia de monstros que ela disse que seria útil de ler. Era outra coisa que pertencia a seu filho, e ele a leu quando tinha a idade de Denzel. Havia uma imagem de todos os monstros e uma descrição. Todas as páginas tinham a mesma coisa escrita: “se você encontrar um monstro, fuja e fale com um adulto”. Denzel imaginava que se ele encontrasse um monstro, tudo que tinha a fazer seria falar com Ruvi. Mas ela não parecia saber lutar. Então ele teria de lutar? Ele conseguiria? Ele venceria? Denzel se achava inútil. Acreditava que por isso seus pais tinham ido embora e lhe deixado.

O sol estava mais forte, e Denzel estava suando. “Puxa... Está tão quente.”, Reeve disse a Johnny. Denzel pegou um lenço para secar seu suor. “Um lenço interessante. Parece de menina.” “E é.”, Denzel disse, olhando para o lenço.

Um dia, quando Denzel acordou, Ruvi estava lá segurando uma camisa.


“Vista isso. Eu fiz para você, mas não tinha nada masculino para usar.” Na camisa branca, havia inúmeras flores rosas. Era uma coisa que Denzel normalmente não ficaria feliz em usar, mas ele vestiu com satisfação. “E isso eu fiz porque sobrou pano. Pode ficar.” Ruvi disse isso segurando um lenço com o mesmo padrão. Parecia que sobrou muito pano, porque havia vários lenços. Denzel pegou um e guardou no bolso. “E...”, o sorriso de Ruvi desapareceu, “Como eu devo dizer isso...” Denzel imaginava o que ela ia dizer. As palavras que ele mais temia ouvir não saíam de sua cabeça. “Vá embora”. O corpo de Denzel tremia de medo dessas palavras. “Vamos lá fora.” Ruvi levou Denzel ao quintal. Ele hesitava, mas a seguiu. Ruvi parou e olhou para o céu. Denzel também olhou. Havia uma bola cinzenta no céu. Era um mau presságio. Até ontem, o céu era apenas azul e branco. Algo estava errado. “Eu não sei nada sobre isso, mas parece que se chama Meteoro. Dizem que quando ele chegar ao Planeta, estará tudo acabado.” Ruvi foi à cozinha preparar o almoço. Naquele dia, Ruvi não limpou, não lavou roupas, não fez nada. Só ficou sentada no sofá, lendo. Quando alguma coisa veio em mente, ela foi ao telefone. Parece que ninguém atendeu do outro lado. Denzel imaginava que ela estava ligando para seu filho. Ele queria perguntar mais sobre o Meteoro, mas não conseguia. À noite, Ruvi começou a limpar a casa, como se tivesse voltado ao normal. “Denzel, a maneira que você limpa não é boa. O que você está pensando?” Era a Ruvi de sempre de novo. Já tarde da noite, estavam os dois no sofá, lendo, como sempre. Mantendo seus olhos no livro, Ruvi disse: “Denzel. Eu planejo esperar pelo fim aqui. Se o Planeta vai morrer, então não importa onde eu estou. Em qualquer lugar será igual. O que você vai fazer? Se você quer ir para algum lugar, eu não me importo que leve a comida da casa. Você ainda é uma criança, então acho que você tem o direito de decidir onde quer estar no final.” Denzel pensou muito no que ela disse. E então, fez a pergunta que não conseguiu fazer o dia todo. “Eu posso ficar aqui?” Ruvi olhou para ele e sorriu. Desde então, Ruvi voltou ao normal. Ela continuava limpando a casa,

arrumando o jardim... Só não limpava o lado de fora da casa. Essa tarefa era de Denzel. Denzel viu que algo estava sendo construído na Torre da Shin-ra. Em pouco tempo, um canhão gigante estava no teto. Ruvi disse que a Shinra pretendia destruir o Meteoro. “Aquela companhia está sempre errada.”, Ruvi disse com um olhar triste. Eventualmente, o canhão atirou para alguma direção estranha e quebrou. Não muito tempo depois, a própria Shin-ra foi atacada e destruída. Denzel não conseguia imaginar que monstro era aquele, que podia destruir um prédio inteiro. Ele decidiu perguntar a Ruvi. O Meteoro estava no céu como sempre. Em outras regiões, havia grandes distúrbios, mas a vida pessoal de Denzel permanecia a mesma. Havia vezes em que Denzel não conseguia segurar a tristeza por seus pais e chorava. Ruvi sempre o acalmava, abraçando-o. Se o fim ia vir mesmo, então ele queria estar com Ruvi. O que tirou a paz de Denzel no final não foi o Meteoro, mas sim as águas brancas. Como resultado do Lifestream que o Planeta liberou, o Meteoro foi destruído, mas aquela energia também trouxe destruição para a humanidade. Um dia, quando eles iam dormir, o som de um vento forte ecoava lá fora, mas era forte demais para ser apenas um vento comum. Logo, toda a casa começou a tremer. O fim havia chegado. Seria bom se acabasse rápido, Denzel pensava, mas o som e o tremor aumentavam lentamente. O som foi ficando tão forte, era como se um trem estivesse passando dentro de casa. Denzel se segurou em Ruvi, e fechou os olhos. “Ruvi, estou com medo!” Ruvi se levantou para acender as luzes, mas nesse momento as cortinas de flores começaram a brilhar em branco. Era como se toda a casa fosse engolida por luz. “Cubra-se com o cobertor!” Enquanto Ruvi saía do quarto, o tremor aumentava violentamente e os vasos de flores caíam no chão. Denzel levantou da cama e foi atrás de Ruvi. Ruvi estava na janela da sala de estar. Era a janela que ele havia quebrado, que Ruvi tampou com vinil. O vinil estava inflando, como se fosse explodir. Ruvi correu para a janela para tentar segurá-lo. “Denzel! Volte para o quarto!” Denzel estava tremendo. Ele não conseguia se mexer, era como se seus pés estivessem pregados no chão. “Fui eu quem quebrou a janela. A culpa é minha se alguma coisa acontecer.”


Ruvi deixou a janela de lado e veio até Denzel, levando-o apressadamente até o quarto. Nessa hora, o vinil quebrou e raios de luz branca invadiram a casa. Gritando, Ruvi fechou a porta, ficando do lado de fora do quarto. “Ruvi!”, Denzel gritou enquanto tentava abrir a porta. “Denzel, pare!” “Mas!”, ele disse enquanto continuava tentando abrir a porta. Ruvi fazia o máximo que podia para segurar a porta. Com as duas mãos. “Denzel, mantenha a porta fechada!” Em volta de Ruvi, muitos raios de luz atravessavam as paredes por todos os lados. Era como se uma serpente brilhante estivesse à solta na sala. Não era um monstro da enciclopédia. Fugir e contar a um adulto não ia funcionar. “Ruvi!”, ele gritou quando a luz atacou Ruvi. A luz mudou de forma para o que parecia uma fina corda, entrando forçosamente no quarto pelo buraco da fechadura. Ruvi caiu no chão, enquanto Denzel foi agarrado pela luz. Episódio 1-3 Denzel não sabia quanto tempo ficou inconsciente. Quando acordou, a casa estava totalmente arrasada. Ruvi estava caída lá. Quando Denzel chamou por ela, ela abriu os olhos um pouco e disse que estava feliz porque ele estava bem. Ela então pediu que Denzel lhe desse a mão. Ele estendeu sua mão. Ruvi a segurou, mas Denzel não sentia nenhuma força vindo dela. Ela disse que não podia segurar as mãos do filho dela porque ele cresceu muito. Ela estava feliz por Denzel ser uma criança. Ruvi perguntou o que estava acontecendo lá fora. Denzel estava um pouco preocupado e foi ver. Era de manhã. Tudo em volta estava tão ruim quanto a casa deles.

Denzel continuou falando de cabeça baixa, enquanto Reeve fechou os olhos e ouviu.

Após ir lá fora, Denzel voltou para a casa de Ruvi. Todas as janelas estavam quebradas. Era o mesmo com todas as outras casas da região. Havia casas até sem telhado e algumas com buracos enormes na parede. Tudo acaba do mesmo jeito afinal. Ele começou a pensar que mesmo que ele não quebrasse as coisas, elas acabariam do mesmo

jeito. Mas ele não gostava de pensar assim. Ruvi passou por tantos problemas para protegê-lo e lá estava ele, como se não tivesse nada com isso. Quando Denzel voltou para o quarto, Ruvi parecia estar dormindo. Ela tinha uma expressão tão pacífica no rosto. Ele estava preocupado, então a chamou. “Ruvi.” Ela não respondeu. “Ruvi!”, ele gritou mais alto. Um fluido negro saiu da boca de Ruvi. Acreditando que era um sinal de morte, Denzel limpou o mais rápido que pôde. Mas havia mais saindo de seu cabelo. Ele começou a passar mal. Saiu correndo da casa, morrendo de medo. “Papai! Mamãe! Me ajudem!”, ele gritava. Continuou gritando até não conseguir mais. Agora, Denzel só podia chorar. “Hei, não chore.”, alguém disse. Um homem grande estava diante de Denzel. Atrás dele estava um pequeno caminhão com cerca de 10 pessoas. “O que você está fazendo aqui? O anúncio da TV disse para todos se refugiarem nos subúrbios.” Denzel sentiu que o homem brigaria com ele se ele não desse uma boa resposta. Tremendo, ele disse: “Eu não vi TV.” “Puxa! Todos por aqui acham que vai ficar tudo bem ou falam que não sabem!” Todos no caminhão pareciam ter tomado a decisão errada. “E onde está sua família?” “Ruvi está lá dentro.”

“O homem se chamava Gaskin. Ele enterrou Ruvi para mim. As pessoas do caminhão também ajudaram. Eles a enterraram no quintal, junto com o livro de seu filho. A terra lá era tão macia que todos ficaram surpresos. Normalmente você alcançaria o prato em pouco tempo.” “Talvez ela estivesse planejando plantar vegetais ou algo assim. Já que ela veio do interior, seria lógico.” “Acho que ela queria cultivar flores.”, Denzel respondeu olhando para seu lenço. “Havia muitos enfeites de flores na casa e flores artificiais também. Eu acho que ela realmente queria plantar flores... O filho dela trabalhava na Shin-ra, e morava em Midgar. Tenho certeza que ele ficaria feliz em ver algumas flores aqui, no único lugar onde havia terra boa... Desculpe... Eu falei demais.” Reeve fez sinal de que não havia problema e continuou ouvindo.


Logo, o caminhão em que eles estavam chegou à estação, onde havia um trem parado. Gaskin disse: “O trem não está funcionando. Realmente não há esperança de restaurar esse lugar. Mas felizmente, os trilhos ainda estão ligados à superfície. Se seguirmos os trilhos, poderemos descer até lá.” “É perigoso aqui?”, alguém perguntou. “Quem sabe. Por enquanto, é muito mais seguro lá embaixo, não?” Ele continuou e disse a Denzel: “Tome cuidado. Ninguém tem condições de cuidar de você. Você terá que fazer isso sozinho.” O caminhão deu uma volta em U e partiu. Muitas pessoas estavam reunidas na estação. Aquela luz branca afetou toda Midgar. Aqueles que tiveram seus lares destruídos e aqueles que pensaram que a cidade cairia logo vieram para cá. Mesmo assim, muitos ainda hesitavam em seguir a trilha para o solo. Ao invés de ouvir gritos de felicidade agora que o Meteoro se foi, só se ouvia reclamações sobre o conselho incompleto que eles receberam. A população estava dispersa e dividida em grupos enquanto caminhava pelos trilhos. Eles não sabiam o que estava à frente, mas a única pessoa liderando era Gaskin. Era óbvio que não tinham escolha a não ser obedecê-lo. Na pista cheia de metal e madeira, Denzel podia ver a superfície do solo à distância. Eles estavam tão alto que seria morte certa cair dali, então todos tomavam o máximo de cuidado. A pista era grande e parecia dar a volta em toda Midgar, mas estavam todos tão concentrados em descer, que realmente não podiam se preocupar com isso. De repente, todos pararam. Os adultos se aglomeraram. Parecia haver algum problema. Entrando na multidão, Denzel viu um garoto de cerca de três anos preso entre os trilhos, numa posição perigosa. “Se ele é a causa do nosso atraso, então podemos simplesmente deixálo”, foi o que Denzel pensou. Alguém perguntou a ele: “Onde está sua mãe?” O garoto começou a chorar, gritando por sua mãe e balançando no espaço entre os dois trilhos. Parecia que ele ia cair, então Denzel correu e agarrou seu braço. Ele pôde ouvir os adultos cochichando. Alguém disse: “Hei, aquele menino está infectado!” “Não o toque, é contagioso!” Eu não tinha idéia do que eles estavam falando. “Hei, afaste-se!”, alguém gritou nervosamente. Denzel queria responder, mas não sabia quem havia falado. Não havia nada que ele pudesse fazer, então apenas levantou o garoto e o colocou de volta num lugar seguro. Denzel estava pensando porque ninguém ajudou, mas logo entendeu. As costas do garoto estavam cobertas de uma substância escura.

Agora que o caminho estava livre de novo, as pessoas continuaram a andar. O garotinho continuou a chorar, dizendo as palavras “está doendo” e “mamãe”. Denzel se lembrava de alguém ter dito “é contagioso”. Ele sentiu vontade de chorar. Quando ajudou o garoto a se levantar, Denzel se lembrou de Ruvi. Lembrou de como sentiu nojo quando viu aquele líquido saindo da boca de Ruvi, apesar de ela ter sido tão boa com ele. E por isso ele queria pagar por esse pecado ajudando o garoto. Ele queria que Ruvi o perdoasse. Denzel se aproximou dele e perguntou: “Onde dói?” “Minhas costas.” “Suas costas doem, é?” “É.” Denzel tocou de leve as costas do garoto. Quando Denzel tinha dor de estômago, Chloe o acariciava e então melhorava. Ela fazia o mesmo quando ele caía. Talvez Denzel pudesse usar um pouco dessa mágica também. Denzel começou a acariciar as costas do garoto, enquanto tentava ignorar a substância negra. Embora estivesse doendo, o garoto logo dormiu. Três horas se passaram. Ele continuou cuidando do menino. As outras pessoas continuaram descendo, ignorando-os. “Ele está morto.” Olhando para cima, Denzel viu o rosto cansado de uma mulher. A mulher carregava um bebê no colo, e uma garota de mais ou menos a mesma idade de Denzel a acompanhava. “O lenço dele parece de mulher. Estranho, não, mamãe? Vamos.” A mulher tirou a jaqueta da menina e deu a Denzel. “Vista isso.” A garotinha ficou aliviada. Parecia que ela estava vestindo três peças de roupas. “Você pode ficar com ela. É da minha irmã, por isso é tão grande.”, a menina disse. Denzel olhou para o garoto deitado no chão. Ele não estava respirando. Denzel estava completamente sem forças. A menina pegou a jaqueta de sua mãe e cobriu o menino. Seu corpo agora estava escondido dos curiosos. “Ele vai ficar com a minha irmã.”, ela disse. “Obrigado”, Denzel disse com todo o seu coração. A mãe começou a andar de novo e a menina a seguiu. As duas estavam com as mãos cobertas de preto. Olhando para o enfeite de chocobo na mochila da menina, Denzel pensava:


“Todos vão morrer por causa daquela coisa preta? Todos estamos condenados?”

“Na época, nós não sabíamos nada sobre o Geostigma. Aqueles que banharam seus corpos no Lifestream iam para o “mar” e morriam. As pessoas diziam que era contagioso, através do toque. Na verdade, era só porque os pensamentos de Jenova estavam misturados no Lifestream, e nada mais... Mas não importa. Mesmo que soubéssemos disso na época, a situação não mudaria.” “Você está certo. Especialmente as crianças.” “É. Quando eu estava no trilho, meu desejo era me tornar logo um adulto. Eu queria diminuir o número de coisas que não conseguia entender.”

Denzel observava distraidamente as pessoas que fugiam para a estação nos subúrbios. Uma após a outra, elas deixavam os níveis superiores. A maioria pensava que seria o fim se parassem. Ele tinha que fazer isso também, mas não conseguia abandonar a esperança de encontrar alguém conhecido ali. Enquanto andava pela estação procurando comida, Denzel encontrou um lugar pouco distante com bagagens jogadas. Perto dali, muitos homens estavam trabalhando. Parecia que estavam cavando um buraco. Com uma rajada de vento, o cheiro de carne podre veio voando. Um homem carregando uma mulher jovem nos ombros veio e a colocou no buraco. Era um cemitério temporário. Quando Denzel estava prestes a fugir em pânico, encontrou uma bolsa familiar entre a bagagem. Tinha um enfeite de chocobo. Denzel nem sabe porque, mas correu e abriu a bolsa. Havia alguns biscoitos e chocolate dentro. Ele pensou na garota a quem a bolsa pertencia. Ela não estava mais aqui. “Coma”, uma voz disse. Era Gaskin. Ele realmente não era alguém que Denzel gostaria de ver. “Está preocupado com a doença? São apenas rumores. Pode até ser verdade, mas no momento, são apenas rumores. Além disso, você vai realmente morrer se não comer nada. Se você vai morrer mesmo, não é melhor fazer isso de estômago cheio?”, ele disse comendo alguns biscoitos. “Bom! Ainda estão na validade. Se você simplesmente deixá-los aqui, eles vão apodrecer. Isso seria um desperdício. Aqui, pegue alguns.” Denzel comeu alguns biscoitos também. Ele estava feliz em poder sentir esse gosto de novo. Ele se virou para a bolsa e disse: “Obrigado”. Gaskin acariciou sua cabeça.

Ele era muito diferente do pai de Denzel, mas a maneira como ele o acariciou foi a mesma. Cerca de um ano depois, Denzel estava vivendo exatamente naquele lugar. Seu primeiro trabalho foi encontrar comida entre a bagagem. Ele também fez amigos depressa. Todos eram crianças que perderam os pais. Os amigos de Gaskin também aumentaram. Ele os chamava de inúteis que não sabiam pensar e não conseguiam ficar sem exercício. Eles foram o primeiro grupo a começar a fazer enterros. Denzel às vezes até se encontrava rindo. Ele começou a sentir que podia ser ele mesmo de novo. Porem, cerca de duas semanas depois, o número de pessoas vindo de Midgar para se refugiar estava diminuindo, enquanto não havia mais pessoas forçadas a vir a essa área. O papel deles na estação estava chegando ao fim. Denzel passou muitas noites em claro pensando no futuro. Um homem estava andando sozinho e parecia estar procurando alguma coisa. Ele se aproximou deles. “Eu quero um cano de aço. Seria ótimo se eu pudesse reunir uma grande quantidade.” Eles saíram em busca dos canos de aço. Encontraram muitos nas ruínas do Setor 7. O homem agradeceu e foi embora. Desde então, ele voltou muitas vezes. Após a terceira visita, ele trouxe amigos com ele. Na verdade, uma nova cidade estava sendo construída na área leste de Midgar e por isso eles estavam procurando por materiais. As crianças recebiam comida em troca de qualquer coisa que pudessem encontrar. Logo Denzel e seus amigos começaram a responder como o “Time de Busca do Setor 7” e recebiam muitos pedidos. Todos os dias eram divertidos. Eles estavam orgulhosos de levar uma vida onde trabalhavam como adultos. Havia noites em que eles choravam e pensavam em seus pais, mas sempre um ajudava o outro. As palavras “um por todos, todos por um” estavam sempre com eles. Mas eles nunca imaginaram que o forte poder do destino não deixaria as coisas continuarem assim. Um dia, Gaskin reuniu seus amigos e as crianças do chamado time de busca. Ele disse que todos iam participar da construção da cidade nova e iam se mudar. Justo quando parecia que tudo estava decidido e que não havia nenhuma objeção, uma das crianças fez uma pergunta. Ele esteve coçando o peito o tempo todo enquanto Gaskin falava. “Sr. Gaskin, você está se sentindo mal?” “Só um pouco”, Gaskin disse, antes de cair no chão. Uma substância negra saiu.


“Um mês depois, Gaskin morreu. Eu o enterrei num lugar especial. Todas as pessoas boas morrem, não é?” Reeve continuou em silêncio. Denzel tomou um gole de café. Era amargo, a bebida que ele mais odiava. Mas ele queria poder aproveitar seu gosto como os adultos faziam.

Episódio 1-4 Todos os adultos se foram, e restavam apenas cerca de 20 crianças no time de busca do Setor 7. Eles sabiam que a nova cidade se chamava Edge e que estava se desenvolvendo bem. Eles também sabiam que havia um lugar para órfãos lá. Mas na cidade que eles tinham construído, não precisavam depender de adultos para sobreviver. Não havia razão para saírem. Eles também pensavam como seria ruim serem tratados como órfãos desprotegidos. Mas isso não impediu a cidade de alcançar um novo nível. Maquinaria pesada de diversas regiões era transportada para lá e logo o desenvolvimento cresceu. O trabalho que eles desenvolveram era muito mais do que Denzel e os outros fizeram nesse tempo todo. Membros começaram a abandonar o time de busca aos poucos. Em pouco tempo, apenas seis restaram. Todos estavam com fome. Eventualmente a última menina do grupo também disse que ia para Edge.

Denzel sorriu. “O que foi?”, Reeve perguntou confuso. “Eu odiava aquela garota. Eu a deixei se juntar a nós apesar de todos os outros meninos reclamarem que ela seria um peso. O trabalho era difícil, já que havia menos de 10 pessoas.” Reeve riu. “Mas agora eu sei. Sobre porque eu, como posso dizer... Porque eu ficava nervoso ou frustrado com coisas tão normais.” “Você devia agradecer a ela.” “Ela não está mais por perto.”

Quando Denzel acordou, tudo que restava do time de busca era ele e um garoto chamado Rix. “Agora vai sobrar mais comida”, Denzel disse sorrindo.

“Não que seja algo para nos orgulhar”, Rix disse. “Vou comprar o café-da-manhã e procurar um trabalho.” “Hei, espera um pouco!” Rix foi até onde eles mantinham o cofre e o abriu. “Hei, Denzel! Estamos com problemas! Dentro do cofre, não havia dinheiro suficiente para comprar uma só fatia de pão. Eles ficaram quietos por um tempo. Rix foi o primeiro a falar. “Não temos escolha a não ser viver em Edge. Lá teremos comida de graça. ” “É, nós perdemos. Não quero morrer de fome.” De repente, Denzel se lembrou de algo que seu pai falou. “Que tal pegarmos ratos para comer?” “Ratos?” “É. Eu ouvi dizer que nos subúrbios todos eram tão pobres que comiam ratos. Ratos cinza e sujos. Estes são os subúrbios afinal, e nós somos pobres. ” “Você está falando sério?” “É, eu vou comer ratos. Vou virar um morador do subúrbio de verdade. ” Rix lentamente se levantou e limpou a sujeira da roupa. Denzel se levantou também e olhou para os lados. “Vamos pegá-los com lanças.” “Faça isso sozinho. Eu moro nos subúrbios desde o dia em que nasci. ” Denzel percebeu seu erro e queria se retratar. “... Eu não sabia. ” “E se você soubesse? Nós não teríamos ficado amigos?” “Nada disso!” “Quem sabe? Você morava no abastado prato afinal. ” “Rix... ” “Lembre-se disso. Todos os ratos por aqui foram contaminados por bactérias horríveis graças à água poluída que vocês jogavam em nós. Não há ninguém aqui que seria estúpido o bastante para comê-los!” Dizendo isso, Rix deixou Denzel para trás.

Denzel suspirou. “Eu não fui atrás dele. Achei que não me perdoaria...” “E por quê?” “Eu realmente era um garoto do nível superior afinal. Eu estava me acostumando bem com as redondezas da estação e toda a poeira do Setor 7, mas eu nunca pensei em ir aos subúrbios. Eu não queria ir a Edge porque achava que seria mais um lugar igual aos subúrbios. Um lugar pobre e sujo.” “E Rix?”


“Ele está bem. Mas não sei detalhes.” “Isso é bom. Você ainda tem uma chance de fazer as pazes com ele então.” Denzel afiou as pontas das barras de aço que reuniu para usar como lanças, e saiu em busca de ratos. Ele planejava comê-los depois de encontrá-los. “Papai, o povo dos subúrbios nunca comeu ratos.” Mas ele planejava fazer isso. Ele não tinha dinheiro e nem trabalho. Era ainda pior que os subúrbios. Ele era uma criança do Setor 7 que não podia crescer. A solidão levou embora a sua vontade de viver. Denzel estava de volta como era quando o Setor 7 foi destruído. Mas o que era diferente desta vez é que ele se lembrava de todas as pessoas que o acolheram e o ajudaram: seus pais, Arkham, Ruvi, Gaskin e o time de busca. Nada mais podia acontecer. Ele sentia que não sabia mais sorrir. Mas não há sentido em viver sem sorrir. “Não é verdade, mamãe?”

“Hei, espere um pouco aí!”, Johnny interrompeu. Sem que Denzel e Reeve percebessem, ele estava ali ao lado deles o tempo todo, ouvindo a história de Denzel. “Foi o que eu pensei na hora. Mas eu estava enganado. É por isso que estou aqui agora.” “É, você está certo.” “Foi por causa das boas memórias que você tinha.” “Mas eu estava no pior estado possível.”

Não havia ratos em lugar nenhum. Em pouco tempo, Denzel estava procurando na área dos subúrbios do Setor 5. Havia uma igreja lá. E havia uma motocicleta abandonada ali. Foi a primeira vez que ele viu uma coisa como aquela. Mas o que chamou sua atenção foi o telefone celular preso ao guidão. Um sorriso invadiu seu rosto. “Vou pegar emprestado um pouco. Será divertido se funcionar.” Ele chegou perto da bicicleta e pegou o celular. Enquanto discava o número de sua antiga casa no Setor 7, Denzel imaginava o telefone tocando. “Todos os telefones do Setor 7 estão desativados.” Na época em que trabalhava com o time de busca, Denzel também procurou os seus pais, mas não conseguiu achá-los. Ainda devem estar soterrados. Ele não tinha mais esperanças que estivessem vivos.

“Todos os telefones do Setor 7 estão desativados.” Ainda com o telefone no ouvido, ele olhou para cima. Denzel podia ver o fundo do prato do Setor 5. Ele se deu conta de que ali em cima, Ruvi estava dormindo. Ele estava debaixo de um túmulo. Era por isso que era tão solitário. “Todos os telefones do Setor 7 estão desativados.” Denzel apertou o telefone e pensou em atirá-lo no chão. “Por favor, me empreste ele de novo.” Denzel ia discar o número de Ruvi, mas nunca o soube. Então ele olhou a lista de chamadas do celular. Denzel discou o primeiro número da lista. Ouviu a linha chamando. Alguém atendeu rapidamente. “Cloud, é tão raro você me ligar. Aconteceu alguma coisa?” Ele ouviu a voz da mulher em silêncio. “Cloud?”, a mulher perguntou, em tom de dúvida. “... Eu não sou ele.” “... Quem é você? Esse celular é do Cloud, não é?” “Eu não sei. Eu não sei o que fazer.”, a voz de Denzel tremia. “... Você está chorando?” Denzel sentia as lágrimas escorrendo pelo rosto. Ele fechou os olhos para limpá-las, mas sua cabeça começou a doer. Seu corpo todo tremeu, e ele deixou cair o celular. Ele se contorcia no chão, enquanto a dor aumentava. Sentiu uma substância estranha na palma da mão. Sentiu como se gritasse que não queria morrer. Mas a dor não ia embora, e então ele rezou com todo o seu coração. “Não seja negra, não seja negra.” Enquanto tentava resistir à dor, ele abriu os olhos. A substância era negra.

“Eu não me lembro do que aconteceu depois. Quando acordei, estava numa cama. Tifa e Marlene olhavam para mim. E então, depois disso... Você sabe o que aconteceu, senhor.” “Vagamente.” “Eu estou vivo graças a todo tipo de gente. Meus pais, Ruvi, Gaskin, o time de busca... Pessoas vivas, pessoas que já morreram, Tifa, Cloud, Marlene e...” Reeve entendeu e consentiu. “Eu quero ser como eles. Desta vez, eu quero proteger alguém.” Reeve ficou quieto. “Por favor.”, Denzel pediu. “Não! Não, não!”, disse Johnny. “Você fica quieto!” “Você é só uma criança!” “Isso não tem nada a ver!”


“Não”, Reeve começou a dizer, “A verdade é... A WRO não aceita mais crianças.” “Viu só?” “Então porque você não me falou desde o início?”, Denzel gritou. “Bem, eu apenas decidi isso agora. Enquanto ouvia a sua história. Há coisas que apenas crianças podem fazer. E é isso que eu quero que você faça.” “... O que você quer dizer?” “Aumentar o poder dos adultos.” Denzel esperava que ele continuasse, mas Reeve se levantou como se tivesse terminado. “Oh, e...” Denzel olhou para Reeve com esperança. “Obrigado por cuidar de minha mãe.” Reeve tirou um lenço do bolso e limpou o rosto. Era um padrão de flores. Quando Reeve saiu, Johnny começou a limpar a mesa. Denzel olhou para seu próprio lenço, que estava sobre a mesa. “Sabe...”, Johnny parou e disse, “Você pode lutar sempre que quiser. Não há necessidade de se juntar a WRO. Porque você está tão preocupado?” “Cloud. Ele...” “O que tem ele?” “Há muito tempo atrás, quando ele estava no exército, ele era forte. Eu quero ser forte também.” “Os tempos... Mudaram, sabia?” “Como?” “Bem, aqueles que diminuem as dores das pessoas são populares hoje em dia, mais populares até do que aqueles que usam armas.” “Não é como se eles quisessem ser populares.”, Denzel friamente disse a Johnny, enquanto se lembrava de todos que lhe encorajaram. Todos aqueles homens, mulheres, adultos e crianças que o ajudaram tanto. Caso de Denzel, Fim.

"On a Way to a Smile - Tifa"

Tifa se despediu do último cliente de seu bar, Seventh Heaven, antes de voltar para dentro para limpar o balcão. A sala estava silenciosa, com uma iluminação mínima, mas adequada. Não havia ninguém lá além de Tifa. Há alguns dias atrás o trabalho não parecia tão cansativo. Ela gostava de trabalhar ao lado de sua família, esquecendo todos os problemas, mas agora a água ficou fria, e ela não consegue mais manter a mesa limpa. Tifa ligou todas as luzes do bar, numa tentativa de mudar o clima. Por um breve momento, o local se iluminou um pouco, mas o suprimento instável de energia não deixou que durasse muito. O bar estava escuro de novo. Um sentimento de desconforto tomou conta dela. Ela imaginava se estava sozinha ali. Não podia agüentar esse pensamento, e chamou o nome da garota. “Marlene!” Em pouco tempo, passos macios eram ouvidos vindos do quarto da criança, e Marlene apareceu. “Shhhh!”, ela disse, colocando o dedo nos lábios. Tifa se desculpou, mas estava aliviada. “Denzel finalmente dormiu.” “Ele estava sentindo dor?” “Sim.” “Você poderia ter me chamado.” “Denzel não deixou.” “Entendo...” Tifa se culpava por permitir que a criança se preocupasse. “O que foi?” “Hmmm... O que?”, Tifa respondeu sem sentido, tentando esconder seus sentimentos. Marlene olhava para a loja vazia. “Está se sentindo sozinha?”, a menina entendia a situação. “Eu não vou a lugar nenhum.” “Obrigada. Você deveria ir dormir também.” “Eu já estava quase dormindo!” “Desculpe.” “Ela é minha filha. Foi assim que a apresentei às pessoas. Seus pais morreram há não muito tempo atrás e ela foi adotada pelo melhor


amigo do pai, Barret.” Tifa aprendeu muito sobre Marlene desde que conheceu Barret e começou a trabalhar com ele. Era simplesmente natural Barret ter confiado Marlene a Tifa quando decidiu partir em uma jornada para resolver seu passado. Tifa parou de limpar e seguiu Marlene para dentro. No quarto da criança, havia duas camas, uma ao lado da outra. Lá, Denzel dormia bem. A cicatriz de Geostigma na testa do jovem de apenas 8 anos era uma visão dolorosa. Nada podia ser feito para acalmar os sintomas, o garoto sofria e suas condições não melhoravam em nada. Denzel se mexeu um pouco quando Tifa limpou sua testa ensopada, mas continuou dormindo. Marlene, que observava Denzel, chamou por Tifa após se sentar em sua cama. “Você ainda se sente sozinha, mesmo com a gente aqui, não é?” “Desculpe-me”, Tifa respondeu honestamente. “Está tudo bem. Nós também somos assim.” “Eu entendo.” “Onde será que Cloud está?” Tifa abaixou a cabeça, incapaz de responder. Cloud estava em algum lugar de Midgar. No início, ela imaginava que o pior poderia ter acontecido. Talvez ele tivesse sofrido um acidente no trabalho, ou talvez tenha sido atacado por um monstro. Ela logo descobriu que ele ainda estava bem. Muitas pessoas o viram. Ele apenas foi embora de casa, só isso. Tifa tentava convencer as crianças de que não havia problemas, mas ela mesma não estava convencida. Em pouco tempo, as crianças perceberam que alguma coisa aconteceu. “Porque ele foi embora?” “Eu não sei. Talvez todos os tipos de problemas tenham ocorrido entre nós.” Mas Tifa se lembrava do sorriso no rosto de Cloud da última vez que o viu. Foi aquela bondade que a fez acreditar que tudo estava bem. “Imagino se eu estava enganada.” Num dia destinado, um meteoro caiu do espaço. Emergindo do núcleo do Planeta, o Lifestream se fundiu e o destruiu. Tifa e seus companheiros assistiram à cena no céu. “Eu gostaria que tudo apenas desaparecesse. Desaparecesse do meu passado. Do nosso passado. Talvez eu também tenha sentido o terror inevitável que viria com o alívio do fim da batalha.” “Eu imagino se poderia continuar vivendo como era.” Quando alguém se fazia esse tipo de pergunta, ela diria que deve-se sempre ir em frente não importa o que aconteça. Mas agora que quem

perguntava era ela, a resposta era incerta. Graças ao desenvolvimento de energia Mako da Shin-ra, o mundo estava prosperando. A luz cobria a superfície do mundo, mas ao mesmo tempo, algo muito mais obscuro estava acontecendo. O grupo anti-Shinra, “Avalanche”, surgiu para fazer o mundo descobrir que obscuridade era essa. A energia Mako estava levando o Planeta à destruição. Apesar das atividades de resistência da Avalanche, pouco mudou e o resultado não parecia bom. Depois que a humanidade adquiriu os benefícios do Mako, era difícil para ela se voltar contra ele. Num esforço para mudar a situação, Avalanche escolheu tomar medidas extremas. Na cidade de Midgar, onde muita quantidade de energia Mako era consumida e muitas pessoas viviam, eles explodiram um dos reatores. Devido a um erro de cálculo na bomba, a área que foi destruída era maior do que o planejado. As áreas vizinhas ao reator Mako também foram destruídas. Em resposta ao incidente, a Shin-ra começou a agir para acabar com a Avalanche. Um setor inteiro de Midgar, onde ficava o esconderijo da Avalanche e muitas pessoas viviam, foi completamente destruído. Foi um ato brutal da Shin-ra para destruir o pequeno grupo rebelde Avalanche. Ao final do incidente, Avalanche se tornou a razão de tantas vidas inocentes terem sido perdidas. Essa Avalanche era o grupo ao qual Tifa pertencia. Ela acreditava que esses sacrifícios eram inevitáveis para chegar ao objetivo. Eles sempre estavam prontos para sacrificar suas vidas também. Mas após a catástrofe, Tifa e os outros perderam a direção de seu propósito original. Em meio à guerra com a poderosa Shin-ra, eles logo se encontraram enfrentando o poderoso Sephiroth. Tifa, ao lado de seu amigo de infância, Cloud, o outro sobrevivente da Avalanche, Barret, Aerith, que eles conheceram durante o caos, e Red XIII, partiu numa jornada. Após mais uma série de eventos, Cid, Cait Sith, Yuffie e Vincent também se tornaram seus companheiros. Parecia que uma nova amizade estava florescendo, mas haveria um preço a pagar. Aerith perdeu a vida. Mesmo assim, a jornada ainda não estava acabada. Olhando para trás, Tifa podia sentir que a luta estava chegando ao fim, embora eles não soubessem se iam vencer ou perder. “Tudo começou quando eu ainda era uma adolescente. Houve alguns problemas no reator Mako que foi construído perto da minha cidade natal, Nibelheim, e nossa segurança estava ameaçada.” “Sephiroth foi despachado pela Shin-ra para resolver o problema, mas ele matou meu pai. Eu não consegui conter o ódio que senti dele e da Shin-ra. E então me juntei à Avalanche. Sim. Esse foi o início do ressentimento que eu guardava dentro de mim. Os ideais que a


Avalanche usava sobre como eles eram anti-Shin-ra e anti-Mako eram justamente o que eu precisava para esconder meus verdadeiros motivos. Mas muitas vidas foram sacrificadas enquanto nós tentávamos salvar o Planeta. Tudo foi apenas uma vingança pessoal então...” O pecado abalava o coração de Tifa. Ela imaginava se poderia viver com esses sentimentos. Tifa tinha medo de seu futuro. Ela olhava para o céu em silêncio. Ao mesmo tempo, Cloud estava sentado ao lado dela, olhando para o mesmo cenário, mas ele estava sorrindo. Era um sorriso que ela não havia visto antes, durante sua jornada. Cloud notou seu olhar e perguntou: “O que foi?” “Cloud, você está sorrindo.” “Estou?” “Sim.” “Tudo começará agora. Uma nova...”, Cloud procurou as palavras certas, “Uma nova vida.” “Eu vou viver. Acho que é a única maneira de eu ser perdoada. Nós passamos por... Todo tipo de coisa.” “Acho que você está certa.” “Mas quando eu penso em quantas vezes eu já quis começar uma vida nova, é até engraçado.” “Por quê?” “Eu nunca consegui.” “Isso não é engraçado.” “... Acho que dará certo dessa vez.” Cloud ficou muito quieto por um momento. E então ele disse: “Porque você está sempre comigo.” “Nem sempre eu estive com você.” “Mas é assim que será a partir de amanhã.”, Cloud respondeu sorrindo de novo. Tifa foi ver Aerith com seus companheiros. Aerith, que agora estava no fundo do lago da Cidade Esquecida. O mundo que ela quis salvar em troca de sua vida certamente ficaria bem agora. Isso é o que eles pensavam. Tifa ouviu uma voz perguntando se ela estava bem. Ela não sabia se era Aerith ou ela mesma. Ela não conseguia evitar de chorar. Quando Sephiroth tirou a vida de Aerith, Tifa não sentiu nada. Havia tristeza, mas essa tristeza aumentou ainda mais o ódio que ela sentia pelo inimigo. Pelo menos agora ela entendia a dor e tristeza que sentia, com seu coração se partindo sempre que visitava esse lugar. Ser membro da Avalanche e estar sempre com um grupo grande de pessoas criou esses sentimentos. As lágrimas não paravam. “Sinto muito. Sinto muito.”

Ela sentia as mãos de Cloud em seus ombros. Ele a abraçava firmemente, para que não fosse a lugar nenhum. Por enquanto, ela apenas se permitiria chorar o quanto quisesse. E então deixaria o resto com ele. Sozinha, ela não sabia o que fazer. Tifa e os companheiros com os quais esteve durante toda a jornada se separaram tão rapidamente quanto se aliaram. Vincent foi embora sem alardes, como um daqueles passageiros que se senta a seu lado no trem. Yuffie protestou. Não era certo que eles se separassem assim depois de tudo que passaram juntos. Barret foi quem disse a ela que eles poderiam se ver sempre que quisessem. Ou talvez tenha sido Cid. Após prometerem se reencontrar um dia, Tifa, Cloud e Barret se separaram dos outros, partindo para a Cidade de Corel. Era a cidade natal de Barret. As tragédias que aconteceram aqui por causa do Mako foram o que iniciaram tudo para ele. Ficando em silêncio por um momento, ele disse para os outros não o seguirem. Ele também tinha que seguir em frente com seus pecados. Eles também foram a Nibelheim, a cidade natal de Cloud e Tifa. Eles não sentiram nenhuma nostalgia. Lembravam-se claramente dos incidentes que aconteceram na cidade. “Eu não devia ter vindo.”, disse Cloud. “Isso me leva de volta ao passado.” As palavras de Cloud falavam por Tifa também. Eles foram a Kalm. Lá, esperando por eles, estava a mãe adotiva de Aerith, Elmyra, e a menina que foi deixada a sua cuidada, Marlene. Duas parentas de Elmyra moravam em Kalm, e foi lá que elas ficaram. Barret e Marlene estavam felizes em se ver de novo. Cloud contou a Elmyra o que aconteceu com Aerith. Não havia sinais de como eles aceitaram isso, mas Tifa, Cloud e Barret se desculparam por não terem conseguido salvar Aerith. “Vocês fizeram tudo que podiam. Não há necessidade de se desculpar.”, disse Elmyra. Tifa e os outros não podiam dizer nada em resposta. “Nós realmente fizemos tudo que podíamos?” Havia muitas pessoas se refugiando em Kalm. As casas normais viraram abrigos de emergência. Os moradores de Kalm não os cobravam, embora pudessem fazer isso. Até mesmo a estalagem providenciou quartos para os necessitados de graça. Era como se todos estivessem colaborando para reconstruir o mundo. “Vamos para casa.”, disse Cloud. “Para onde?”, Barret perguntou.


“Nossa realidade suspensa.” “Mas o que isso quer dizer?” “Nossas vidas normais.” “E onde nós temos algo assim?” “Vamos encontrar um lugar.”, Cloud olhou para Tifa e disse: “Certo?” “É!”, gritou a animada Marlene. Tifa também concordou, mas como Barret, ela imaginava onde eles poderiam ter uma vida normal. Os quatro chegaram de volta a Midgar. A cidade se recuperou de todo o choque e caos que aconteceu depois que o meteoro foi destruído. As pessoas estavam vivendo de novo, com esperanças no futuro... Não, se preocupavam apenas com o presente por enquanto. Ver isso fez Tifa se culpar de novo. Quando ela olhou Midgar do céu, desejou que tudo apenas tivesse sido varrido. Ela não sabia que ainda havia tantas vidas aqui. Tifa não podia se perdoar por ter sido tão egoísta. Ela contou a Cloud e Barret o que estava pensando quando estava na aeronave. Barret e Cloud entendiam como ela se sentia e concordavam. Não importava onde eles estivessem ou o que fizessem, não poderiam se livrar dos pecados em suas mentes. “Já que é esse o caso, vamos viver. Vamos viver até pagar por nossos pecados. É o único jeito.”, disse Barret. Quando Cloud e Tifa estavam sozinhos, Cloud disse a ela: “Não é comum você se incomodar com pensamentos.” “É... Assim que eu sou.” “Não. Você é muito mais animada e forte. Se você esqueceu como você era, então eu vou fazer você lembrar.” “Vai mesmo?” “Provavelmente.”, Cloud disse, corado. A primeira coisa que eles fizeram foi reunir informações em Midgar. Havia falta de materiais, mas o mais importante, não havia nenhuma informação circulando sobre o que fazer. Os três se dividiram e saíram dividindo as informações que tinham com os que precisavam delas, sobre onde eles podiam conseguir provisões, por exemplo. Eles ajudaram as pessoas que não podiam se mover sozinhas. À noite, dormiram sob uma parte do prato de Midgar, que segundo os rumores, podia cair a qualquer hora. Um dia, Barret apareceu com uma garrafa de vinho, um aquecedor e várias frutas. Ele os ganhou como gratidão por ajudar a derrubar uma casa. “Vejam”, Barret disse enquanto habilidosamente preparava uma refeição que ninguém nunca viu antes. O vinho havia sido deixado em estoque por duas semanas. Eles descobriram que era um tipo de vinho especial feito na cidade de Corel. Tifa e Cloud beberam lentamente. Barret literalmente se afogou no vinho. Ele parecia estar se divertindo,

enquanto falava de suas lembranças de tempos pacíficos. Ele contou de como uma vez bebeu demais e caiu num poço. Ele também mencionou como esqueceu porque pediu sua falecida esposa em casamento, que estava bêbado na ocasião. Já fazia muito tempo que Cloud e Tifa não riam assim. No dia seguinte, Barret disse num tom sério: “Que tal começarmos um negócio e vendermos esse vinho?” “Nós?”, Cloud perguntou, surpreso. “É claro, seu idiota! Mas nós dois nunca vamos atrair clientes. Tifa fará isso.” “Eu?” “Você é boa nisso.” Há não muito tempo atrás, o esconderijo da Avalanche era um bar chamado Seventh Heaven. Esse bar custeava as vidas e atividades dos membros. Tifa era a garçonete, ou mais corretamente, a dona do bar. Barret continuou. “Do meu ponto de vista, as pessoas de Midgar podem ser divididas em dois tipos: os que estão sem rumo e ainda não aceitam o que aconteceu com a cidade e os que estão trabalhando para seguir em frente. Eu entendo como ambos se sentem. Todos estão enfrentando seus problemas, mas apenas encontraram soluções diferentes, certo? A solução para o problema de todos é vinho.” “E por quê?” “Eu não sei. Mas quando estávamos bebendo ontem, nós rimos. Esquecemos todos os problemas, certo? É esse o momento que estamos procurando.” “É, acho que você está certo.” “Momentos assim são importantes, não? Hei, Tifa, o que você acha?” Tifa não respondeu imediatamente. Ela entendia o que Barret estava dizendo, mas abrir um bar a faria relembrar os tempos da Avalanche de novo. Cloud falou. “Tifa, vamos fazer isso. Se ficar muito difícil, podemos desistir.” “Não será difícil. Se Tifa não trabalhar, ela vai acabar pensando em todos os tipos de coisa. E então ela não poderá fazer nada.” Isso pode ter sido verdade. Os três fizeram os preparativos. Decidiram construir seu novo negócio na cidade nova, Edge, que ficava a norte de Midgar. Todas as pessoas que Barret e Cloud haviam ajudado antes se reuniram. Eles transportaram todos os materiais que seriam usados para construir partes da loja, como paredes e pilares. Barret dava ordens escandalosamente, enquanto Cloud os corrigia sem muito alarde. Tifa, por outro lado, aprendeu a fazer o vinho de Corel e melhorou seu sabor. Ela também pensava na comida que poderiam


colocar no menu. Marlene era como um mascote do bar. Era como se ela gostasse da idéia de algum dia ser garçonete ali. Era duro resolver os problemas que surgiam todos os dias, mas para Cloud, Tifa e Barret, isso servia como distração. Às vezes, Tifa se sentia culpada por seus pecados quando sorria, mas esse pensamento logo era interrompido por alguém vindo chamá-la. Mais alguns dias e eles poderiam abrir o novo bar, Cloud disse. Barret perguntou o que eles fariam quanto ao nome. Houve algumas sugestões, mas as de Cloud eram todas sem sentido, enquanto as de Barret sempre envolviam monstros. No final, Tifa teve de decidir. Os dois homens prometeram não reclamar, não importando qual nome ela escolhesse. Mas já era quase o dia da inauguração e Tifa não teve tempo para pensar nisso, com todo o trabalho que tinha. Um dia, Marlene repentinamente perguntou o que eles iam fazer quanto ao nome do bar. “Ainda estamos pensando nisso.” “Eu gostaria que fosse Seventh Heaven”, disse Marlene. Era um nome que Tifa queria evitar. Ter o passado dentro de si já era suficiente. Não havia necessidade de escolher um nome que a fizesse lembrar dele. “Por quê?” “Porque era divertido. Se for Seventh Heaven, todos vamos nos divertir de novo.” “Nós havíamos esquecido que Marlene não tem nada a ver com as ambições e pecados dos adultos. Para ela, Seventh Heaven era um lar feliz onde Barret, eu e os outros viviam.” “Hmmmm, Seventh Heaven...” “Eu não podia apagar meu passado. Só podia aceitar e seguir em frente.” Tifa decidiu que estava pronta. O primeiro dia de funcionamento do Seventh Heaven foi um grande sucesso. O vinho de Corel era algo que ninguém podia resistir, então o preço não era nada. Por causa dos ingredientes limitados que eles tinham, não podiam fazer nenhuma refeição especial. Mesmo assim, as pessoas procuravam lugares como esse. Um lugar onde pudessem beber com amigos. Um lugar onde pudessem esquecer a triste realidade ou talvez até mesmo pensar em um futuro melhor. Aqueles que não tinham dinheiro podiam pagar com itens. Uma variedade de sucos também era preparada para as crianças. Eles só serviam aqueles que Marlene experimentava e aprovava. Ela era alguém que não perdia nada. Marlene era a recepcionista, mas não ficava até muito tarde. Aqueles que bebiam demais eram convidados a se retirarem. Barret organizava os vinhos. Talvez ele planejasse ser o sommelier. O

trabalho de Cloud era obter os ingredientes para as refeições e vinho. Ele não sabia os nomes da maioria das frutas e vegetais. No início, Tifa ficou surpresa, mas quando pensou na vida que Cloud levava, compreendeu. Era engraçado pensar que a nova vida de Cloud iria começar com vegetais. “Não, eu não devo rir”, Tifa pensava consigo mesma. Cloud não era bom em socializar. Ele não era bom em comunicação, mas mesmo assim, saía para negociar os ingredientes que precisavam. Com o tempo, ele progrediu. Após a primeira semana de funcionamento, Barret disse aos outros que ia partir em uma jornada, já que os negócios estavam indo bem. Ele ia deixar Marlene para trás. “Quero partir numa jornada para encerrar meu passado.” Cloud desaprovou. “Encerrar seu passado? Mas eu quero fazer isso também.” “Você pode fazer isso aqui. Não viva apenas tirando algo dos outros. Tente provar que você pode doar também.” Marlene, que sempre dormiu com Tifa, dormiu com seu pai adotivo, Barret, na noite anterior à partida dele. Eles ficaram conversando até tarde da noite. Na manhã seguinte, Barret partiu. Atrás dele, Marlene gritou: “Escreva para mim! Telefone também!” Barret acenou com seu braço direito artificial. Ele continuou andando, sem olhar para trás. Era uma figura que até agora não conheceu uma vida sem lutas. “Eu imagino que tipo de vida ele encontrará. Espero que fique longe da guerra. Não apenas tirar algo de alguém. Espero que ele possa doar também.” “Seja um bom garoto!” Cloud e Tifa se entreolharam, enquanto ouviam as palavras de Barret: “Ser um bom garoto???” “Eu cuidarei de Cloud e Tifa!” Barret se virou e disse: “Cuidem-se!”, sua voz estava um pouco trêmula. “Mantenham a família junta e continuem assim!” “Amigos eram uma necessidade para mim, para que eu pudesse viver sem ser esmagada pelos pecados na minha consciência. Mesmo que eles fossem companheiros de luta, que dividiam os mesmos sentimentos. Mesmo que fossem companheiros amaldiçoados com os mesmos pecados. Não podíamos viver sem nos encorajar e apoiar. Talvez eu possa chamar isso de família. Nós apenas temos que manter a família junta e continuar assim.”


Tifa acreditava que poderia superar qualquer coisa estando com amigos que pudesse chamar de família. Já havia se passado vários meses desde que eles abriram o bar. Cloud, que havia saído para buscar o suprimento de ingredientes, telefonou. Ele queria discutir o privilégio de por quanto uma pessoa poderia comer e beber de graça durante toda a vida no Seventh Heaven. Tifa sabia o que ele queria dizer sem ouvir a história. Ela tinha certeza que havia alguma coisa que Cloud queria trocar por esse estranho privilégio, de qualquer maneira. Era noite, e Cloud voltou numa motocicleta. Era um modelo que eles nunca tinham visto antes. Desde então, ele esteve ajustando-a sempre que conseguia algum tempo livre. Ele procurou um engenheiro conhecido para discutir modificações na motocicleta. Parece que algumas outras pessoas vieram ajudar Cloud a completar as modificações. Marlene e seus amigos também observavam. A cena fez Tifa crer que eles realmente haviam se tornado uma família. Havia muitas vezes em que Cloud tinha de deixar a cidade para buscar suprimentos. O destino principal era Kalm. Ele precisava alugar uma moto, um caminhão, ou até mesmo um chocobo, mas agora, ele tinha sua própria moto. Ocasionalmente, parece que ele viajava até mais longe e conseguia algumas especiarias raras. Uma noite, um telefonema para Cloud. Após conversar um pouco no telefone, Cloud disse que precisava sair. “Onde você vai?” “Como direi isso...” Cloud disse a Tifa que houve muitas vezes em que ele fez entregas enquanto buscava os suprimentos. Quem ligou foi o dono de uma loja que fornecia vegetais. Parece que havia alguma coisa que ele queria que Cloud entregasse de qualquer jeito antes da noite acabar. Cloud olhou para Tifa como uma criança que acaba de ter seu segredo revelado. “Porque você está me olhando assim?”, ela perguntou. “Bem... Desculpe por não ter dito nada sobre isso...” “Sobre o quê?” “Fazer o que eu queria.” Tifa disparou a rir. Cloud continuou, dizendo que recebia dinheiro extra pelas entregas. Ele se sentia culpado por gastar tudo nas modificações de sua motocicleta. Tifa achava que ele estava agindo como uma criança. Pode ter sido um pouco triste que Cloud encontrou um outro mundo que ela não conhecia, mas o fato de que este mundo estava se expandindo era um fato bem-vindo. Sim, era muito bem-vindo. Tifa acompanhou Cloud até a porta, e estava muito feliz com o que estava sentindo.

Tifa conseguia conviver com os pecados em sua consciência agora, mas ela não os esqueceu. Algum dia, ela pode ser punida. Mas até esse dia chegar, Tifa ia olhar para frente e viver. Ela ia viver não para tirar algo de alguém, mas para provar que pode doar também. Tifa encorajou Cloud seriamente a abrir um serviço de entregas por encomenda. Eles podiam receber os pedidos no bar. Quanto aos telefonemas, Marlene ou ela mesma podia recebê-los. Cloud hesitou, mas, após pensar nisso por uma noite, aceitou a sugestão. Ele estava apenas hesitando de novo, afinal. E então, esse foi o início do Serviço de Entregas Strife. Midgar era o centro do negócio, mas eles também faziam entregas em todo o mundo. Mas apenas nas áreas que Cloud podia chegar de moto, é claro. Cloud sorria ao ver como era um grande empresário. Seu trabalho também era um grande sucesso. Era uma época em que enviar coisas não era tão fácil. Monstros ainda rondavam os campos, e havia estradas que agora estavam em regiões de perigo, por causa do Lifestream que se espalhou. Esse trabalho de viajar pelo mundo não era algo que qualquer um poderia fazer. Era o trabalho que ele estava esperando. Tifa achava maravilhoso que Cloud, que não era muito social, estava fazendo um trabalho que ligava as pessoas. Depois que Cloud começou esse serviço de entrega, a vida da “família” mudou drasticamente. Não estava muito bom. Cloud normalmente não estava em casa, exceto pela manhã ou tarde da noite. E, é claro, isso significava que havia menos oportunidades para os três conversarem. Tifa tentou fechar o bar uma vez por semana, mas isso não impediu Cloud de fazer seu trabalho. Cloud não podia negar pedidos. Apesar de Tifa querer que eles tivessem algum tempo juntos de vez em quando, ela decidiu que era egoísmo da parte dela. Nesse período, foi Marlene quem notou uma mudança em Cloud. Ela disse a Tifa que Cloud às vezes olhava para o céu e não prestava atenção nela. “Cloud nunca se aproximou realmente de Marlene para conversar, mas tenho certeza que ele nunca a ignorou antes quando ela falava com ele. Eu sabia que Cloud tinha suas próprias maneiras de lidar com Marlene. Eu pensava em como havia milhares de pessoas por aí que não são boas com crianças, mas têm suas próprias maneiras de se relacionar com elas. Eu disse a ela que Cloud provavelmente estava apenas cansado, mas isso me incomodou. Marlene era uma criança sensível às mudanças dos adultos.” Durante o feriado, Tifa e Marlene estavam limpando a sala que agora era o escritório de Cloud. Havia muitos papéis espalhados e desorganizados. Um deles chamou a atenção de Tifa.


Nome do Cliente: Elmyra Gainsborough Entrega: Buquê de Flores Destino: Cidade Esquecida Tifa colocou o papel junto com os outros como se nada tivesse acontecido. Mas ela estava tremendo. Transportar mercadorias pelo mundo significava que Cloud estava se envolvendo com seu passado também. Ela sabia que Cloud sofria muito por não ter conseguido salvar Aerith. Ele já estava quase superando isso, mas voltar ao lugar onde ele e Aerith se separaram significava que seu sofrimento e remorso voltariam para partir seu coração. Era noite, e eles haviam fechado o bar. Cloud estava bebendo vinho, embora ele raramente faça isso. O copo ficou vazio. Tifa hesitou em enchê-lo. “Posso me juntar a você?” – ela queria conversar com ele. “Eu quero beber sozinho.” Ouvindo isso, Tifa perdeu o controle e disse: “Então beba no seu quarto.” Barret ligou algumas vezes. Quase nunca falava de si mesmo, sempre perguntando por Marlene. E então, sempre terminava a ligação conversando um pouco com ela. Marlene olhou se Tifa estava por perto antes de dizer a Barret: “Cloud e Tifa não estão se dando muito bem.” Não importa o que estivesse acontecendo entre Cloud e Tifa, eles não podiam envolver Marlene Tifa pensava nisso. Tifa se esforçava para falar com Cloud. Quando Marlene estava por perto, ela escolhia assuntos mais positivos, coisas que não levassem a conversa a um rumo mais sério. Cloud estava incomodado com a maneira como Tifa mudava de repente, mas, entendendo o que ela pretendia, ele seguia seu raciocínio e conversava com ela. Até Marlene se juntava ao assunto. “Eu gostava desses momentos. Mas não podia falar sobre o que realmente queria. Eu não sei o que dizer.” Um dia, Tifa contou uma história que ouviu de um cliente. “Isso é realmente impossível.”, Cloud disse. “É impossível!”, Marlene gritou. Os adultos ficaram surpresos, e olharam para Marlene. “Você já contou essa história antes! Cloud sempre responde a mesma coisa!”

“Não estava tudo bem, mas estávamos juntos. Éramos uma família. Vivíamos na mesma casa e nos sentíamos bem estando juntos. Talvez não houvesse muitas conversas ou sorrisos. Mas éramos uma família.”, Tifa pensava. Não, era o que ela queria pensar. Quando Cloud estava dormindo, ela disse a ele. “Nós vamos ficar bem, não vamos?” É claro, não houve resposta. Apenas o silêncio ecoou. Tifa imaginava se o fato de ele estar dormindo ali significava que era parte da família. “Você me ama?” Cloud acordou, com um olhar dúbio. “Hei, Cloud. Você ama Marlene?” “Sim. Mas às vezes não sei como me aproximar dela.” “Mesmo depois de tanto tempo juntos?” “Talvez só isso não seja o bastante.” “Nós não somos o bastante para você?” Cloud não respondeu. “Desculpe por perguntar essas coisas estranhas.” “Não se desculpe. O problema sou eu.” Cloud fechou os olhos. “Vamos nos esforçar juntos.” Cloud não respondeu. Não muito tempo depois daquilo, Cloud trouxe Denzel para casa com ele. Denzel já estava inconsciente quando ele o trouxe até o bar. Era Geostigma. Cloud disse que aparentemente a síndrome começou há pouco tempo. Enquanto Tifa cuidava de Denzel, ela pensava em quantas crianças estavam infectadas com a mesma doença. Havia muitos abrigos para crianças que perderam os pais. Mesmo assim, porque Cloud trouxe Denzel aqui? Quando Tifa decidiu perguntar a ele, Cloud murmurou algo. “Esse garoto veio até mim.” “O que você quer dizer?” “Quero dizer...” Depois que Denzel se recuperou, Tifa ouviu sua história. Sobre tudo que aconteceu com ele antes de chegar aqui. Então ela acreditou que ele estava destinado a vir até eles. Ele foi uma das vítimas de quando o Setor 7 foi destruído. “O Setor 7 foi destruído por nossa causa. É por isso que eu tenho que aceitar a responsabilidade e criá-lo. Ele não foi até Cloud. Ele encontrou Cloud para vir até mim.”


Tifa conversou com Cloud e Marlene sobre como ela queria Denzel na família. Cloud aceitou silenciosamente, mas Marlene ficou cheia de felicidade. De início, Denzel insistia em ajudá-los como gratidão por cuidarem dele. Seu coração começou a se abrir mais ajudando Cloud com seu trabalho e no bar. Era noite e o bar estava fechado. Enquanto limpava o salão, Tifa olhou para a mesa do centro. Lá estavam o dono do Serviço de Entregas Strife, Cloud, e seus dois assistentes, Marlene e Denzel. Denzel às vezes sofria por causa do Geostigma, mas quando não sentia febre ou dor, ficava ajudando Cloud. Todos os dias, Cloud passava muito tempo fora. Então quando ele estava em casa, era o precioso momento de Denzel com seu herói. Sim, Cloud era um herói para Denzel. Montado em sua motocicleta, salvou Denzel quando os sintomas do Geostigma apareceram e ele ficou às portas da morte... Era tudo que Denzel mais desejava. Denzel queria saber tudo sobre Cloud. Ele ficava perguntando para Tifa quando Cloud não estava em casa. Uma vez, Tifa, brincando, disse a Denzel que ela é que fazia a comida todos os dias. Denzel também disse, se vangloriando, que ele limpava a casa e o bar. Era verdade e ele era muito bom em limpar. Quando Tifa perguntou se foi a mãe de Denzel que o ensinou a limpar, ele respondeu que não. No dia seguinte, Tifa perguntou a Cloud quem foi essa pessoa, pois Denzel havia contado a ele. Tifa ficou um pouco triste. “Eu fiquei incomodada porque ele contou a Cloud apenas. Um dia eu tentei perguntar isso a alguém da mesma idade de Denzel. Ele respondeu que os garotos são assim mesmo. Então na verdade não havia nenhum problema. Éramos apenas uma família normal.” A resposta não a fez entender, mas as palavras “família normal” aliviavam Tifa. Após fechar o bar, as três pessoas de sempre se sentaram em volta da mesa. Não seria uma surpresa se alguém dissesse que era um pai jovem com seus dois filhos. Se Tifa quisesse, poderia se aproximar, e seria recebida com agradáveis sorrisos. Cloud abriu um mapa sobre a mesa. Estava revisando as rotas de entregas para o dia seguinte. Denzel e Marlene estavam organizando os papéis. Quando havia alguma palavra que Marlene não conhecia, ela pedia ajuda a Denzel. Ele então a ensinava, como um irmão mais velho. Quando havia palavras que nem mesmo Denzel conhecia, ele perguntava a Cloud. Cloud tinha o hábito de mandá-los escrever a

palavra após ensiná-los. Ele dizia que se não escrevessem, nunca decorariam seu significado. Os vários nomes de lugares nos papéis deixavam as crianças curiosas, e elas perguntavam a Cloud como eles eram. As descrições de Cloud eram simples: “Há muitas pessoas”, “Há poucas pessoas”, “Há muitos monstros”, “É perigoso”... Eram descrições que fariam qualquer um perguntar: “Só isso?”, mas as crianças pareciam satisfeitas. Logo, Tifa quis conversar sobre esses lugares também. Quando ela adicionava mais detalhes, Denzel perguntava a Cloud se era verdade. Isso irritava Tifa um pouco. Mas ela também achava normal. É provavelmente assim que as famílias normais são. Talvez eles tenham se tornado uma família de verdade depois que Denzel chegou. Cloud estava claramente trabalhando menos. À noite, sempre reservava um tempo para ficar com as crianças. As conversas descontraídas com Tifa também retornaram. “Então, o problema foi resolvido?” “Que problema?” “O seu problema.” “É...” Cloud ficou pensativo. “Não tem problema se não quiser me contar.” “Eu não sei explicar direito...”, Cloud avisou antes de começar a falar. “O problema não está resolvido. Bem, eu acho que não será resolvido tão cedo. Não há como recuperar vidas perdidas.” Tifa concordou em silêncio. “Mas talvez exista uma maneira de salvar as vidas que estão em perigo. Talvez até eu possa fazer isso.” “Você está falando de Denzel?” “Sim.” “Hei, você lembra do que disse quando trouxe Denzel aqui?” “O que eu disse?” “Você disse que Denzel veio até você.” “Bem...”, Cloud disse, como uma criança com medo. “Fale. Decidirei se estou com raiva depois que eu ouvir.” Cloud aceitou e continuou. “Denzel estava caído na frente da igreja onde Aerith costumava ficar. Foi por isso que eu acreditei que Aerith o trouxe ‘até mim’.” Dizendo isso de uma vez só, Cloud em seguida desviou o olhar. “Você foi à igreja.” “Eu não estava planejando me esconder lá.” “Você estava se escondendo.” “Me desculpe.”


“Eu não disse que você não podia ir. Mas da próxima vez, eu vou com você.” “Eu entendo.” “E você está errado, Cloud.” Cloud olhou dubiosamente para Tifa. “Aerith não trouxe Denzel até você.” “É, eu acredito nisso agora.” “Aerith trouxe esse garoto até nós, não é?” Cloud olhou para Tifa e finalmente sorriu. Um sorriso que guardava uma enorme bondade, que a fez acreditar que tudo estava bem. Alguns dias depois dessa conversa, Cloud partiu. Tifa imaginava se o sorriso que ela viu foi apenas uma ilusão. Após pôr as crianças para dormir, ela foi até o escritório de Cloud. Limpando a poeira da foto da família, ela tentou ligar para ele. Após várias chamadas, a linha caiu. Caso de Tifa, fim.

"On a Way to a Smile - Barret"

Vários meses haviam se passado desde aquele dia… O dia destinado. Depois de ajudar Tifa e Cloud a construírem seu bar, Barret deixou Marlene, sua filha adotiva confiada a ele por seu grande amigo Dyne, com os dois e partiu em uma viagem. Uma viagem para se redimir dos pecados de seu passado. Antes de partir, trocou algumas palavras com Tifa, que se sentia igualmente culpada.

“Não viva apenas tirando algo dos outros. Tente provar que você pode doar também.” Barret pensava que fazendo isto, ela enfim alcançaria a redenção. Porém, essas palavras não serviam de consolo para ele mesmo, e Barret continuava inseguro do que teria de fazer. Estar com Marlene lhe traria paz de espírito, mas por outro lado, ele se sentiria culpado por viver dia após dia sem fazer algo de concreto. Ele sabia que tinha de partir, ainda que não soubesse porquê. Colocar distância entre ele mesmo e o que servia de apoio ao seu coração, isso o levaria a respostas verdadeiras. Isto era uma fuga para um reencontro consigo mesmo. Durante seis meses, ele vagou pelo mundo. Fora o problema com o Geostigma, a vida fora de Midgar estava aparentemente normal. A única diferença era que agora nada usava Mako, não havia um só reator funcionando. Há algum tempo, isto teria sido considerado uma vitória para Barret e o movimento anti-Shin-ra (Avalanche), porém o sentimento de estar perdido superava qualquer sensação de satisfação. Não existia lugar para um homem com uma metralhadora implantada em seu braço direito, a não ser em meio a batalhas e caos. “Deixarei tudo de lado, e simplesmente não pagarei por meus pecados?” Pensar nisso o fazia sentir ainda mais pavor. Algumas vezes ele adentrava o bosque em busca de lutas, vencendo alguns monstros que o atacavam, mas essas batalhas fúteis só lhe faziam sentir mais asco de si mesmo. “A única coisa que estou matando é o tédio.” E ele sempre acabava deixando escapar um grito de raiva. “Raaaaaaahhhh!!!” Aconteceu enquanto ele andava entre a multidão em Junon. Alguma coisa colidiu contra o seu braço-arma, e quando ele olhou para baixo, encontrou um garoto chorando, com sangue escorrendo de sua testa. Quando Barret já ia fazer algo a respeito da ferida, uma mulher, certamente a mãe do menino, chegou correndo e disse: “Por favor! Perdoe o meu filho! Eu imploro! Faço qualquer coisa!” Os olhos da mulher fitavam fixamente a metralhadora que Barret tinha implantada em seu braço direito. “Mesmo em tempos de paz, eu continuo sendo o mesmo monstro.”, pensou. Os tempos estavam mudando. Ele tinha de pensar em uma nova maneira de viver nesses novos tempos. Não sabia exatamente como poderia fazê-lo, mas sabia que devia mudar a si mesmo primeiro. Barret foi visitar o velho Sakaki, um artesão que havia criado próteses para ele antes. O primeiro modelo era simplório, tendo um gancho


inserido no final. Barret estava insatisfeito. Queria algo mais. Para cavar a terra, o ancião poderia construir um braço com uma pá; para cortar árvores, um braço com uma serra poderia servir perfeitamente. Mas nada disso deixava Barret satisfeito por completo. Um dia, o ancião disse isso a Barret, em um tom sério: “Sua cabeça só pensa na vingança contra a Shin-Ra. Jamais ficará satisfeito com o que quer que seja que tenha em seu braço. Tome isto e não volte mais!” O que o ancião havia lhe dado era um adaptador que permitia colocar acomplementos ao seu braço. Com ele, Barret poderia colocar várias próteses e armas diferentes no braço direito. “O que vai colocar aí é problema seu, mas aconselho que pense bem antes de fazê-lo.” Ao invés de seguir o conselho do ancião, Barret não pensou muito nisso. Durante os dias seguintes, a única coisa que fez foi tentar instalar todo tipo de arma que pudesse carregar e experimentar seu poder destrutivo. Durante alguns anos, as únicas coisas que Barret levaria em seu braço seriam armas. Quando Barret voltou ao ateliê do ancião, pediu que lhe fizesse um novo braço. Um que tivesse uma textura mais suave e com uma mão na extremidade. Um que ninguém temeria, um que lhe permitiria levar uma vida normal. O ancião apenas deu um suspiro e olhou firmemente para Barret. “Não é só para parar de lutar. Não quero que as pessoas tenham medo de mim, nunca mais.” “Então... Quem você quer ser realmente?” “Como eu dizia...” – Barret começou a responder, mas buscando a resposta em seu interior, chegou à conclusão de que ela não existia. – “O que eu vou fazer agora que todos no mundo estão tentando aprender a sorrir de novo? Não há lugar para mim nesse mundo.” “Oras! Como se eu soubesse!” “Vou precisar de uma semana. O que me diz?” “Concordo. Enquanto você faz isso, eu...” “Se não tiver nada em mente...” – interrompeu o ancião – “Porque não ajuda o meu sobrinho com seu trabalho? E em troca... Hmm...” “Não se preocupe. Não preciso de uma recompensa.” “Tudo bem, mas pensarei em algo assim mesmo.” No dia seguinte, Barret partiu num caminhão. O sobrinho do velho Sakaki ia dirigindo, e Barret percebeu que esse caminhão era do mesmo

tipo do que o que o levava a todos os lugares quando pequeno. Seu motor funcionava por meio do vapor produzido a partir do aquecimento da água quando esta entrava em contato com o carvão em brasa da caldeira. Eram necessários quatro homens trabalhando juntos para fazê-lo funcionar: um motorista, por motivos óbvios; um engenheiro, vigiando o rendimento do motor; e mais dois homens para encher a caldeira de carvão. Na parte de trás do enorme caminhão, ficava o compartimento de carga, o qual podia levar cerca de dez pessoas. O carvão ocupava o espaço de cinco homens, e Barret valia por duas pessoas no espaço restante. Barret estava deitado de barriga para cima, observando o céu. “Puxa, isso está muito devagar.”, pensou. Não era culpa de ninguém. Os grandes caminhões a vapor sempre andavam a baixas velocidades como este. Os homens da caldeira trabalhavam duro, suando até a última gota. Tudo estava funcionando perfeitamente. Um dos homens da caldeira, um senhor de meia idade, se aproximou de onde estava Barret para descansar. “Sinto muito incomodá-lo enquanto você está de mau humor, mas preciso me sentar.” “Não estou de mau humor, então não há porque se desculpar.” “Está com tanto mau humor que a raiva lhe sai pela pele.” Barret se sentou e olhou enfurecido para o homem: “Você não tem mais nada para fazer?” “Viu só? Tenho razão ou não?” Os dois se calaram por um momento. Finalmente o homem de meia idade abriu a boca de novo. “Você pretende ser um guarda-costas para sempre?” “Só estou fazendo um favor ao velho. Não sei o que farei depois.” “Não seria interessante continuar assim?” “Ser guarda-costas? Ninguém quer ficar longe disso mais do que eu.” “Eu não imaginava.” – o homem permaneceu em silêncio. Barret esperou que continuasse. “O que esse idiota está achando que eu sou?”, pensou. “Hei, diga o que quer dizer, homem.” – Barret disse, por fim. – “Talvez, esse senhor possa me dar uma pista sobre o que fazer com a minha vida.” “Que tipo de pessoa eu pareço ser para o senhor?” – Barret insistiu mais uma vez. “O tipo que, ao invés de simplesmente matar os monstros que te cercam, vai também às tocas dos mesmos para exterminá-los por completo.” “Quem sabe? Pode ser que eu faça isso.”


“Mesmo se não souber onde essas tocas ficam.” – disse o homem com um sorriso. “Isso me faz parecer um idiota.” “O que você faz não é fácil. Deveria estar orgulhoso, não?” Barret olhou nos olhos do homem e riu: “Heh, heh, heh...” O homem lhe devolveu um olhar misterioso. “Posso lhe pedir um conselho?” “Depende do conselho.” “Quero pagar por meus pecados. É por isso que estou viajando. Mas não importa o quanto eu vague, não consigo imaginar uma forma de fazê-lo. Com certeza eu sou o homem de quem você falou. O que você acha que alguém como eu deve fazer para compensar por seus pecados?” “Eu diria que depende dos pecados.” “Muita gente morreu... Por minha culpa.” Barret se lembrou de quando atacou o Reator Mako nº1 com seus companheiros da Avalanche. O dano foi muito maior do que o esperado. A cidade entrou em pânico. Depois, seus próprios amigos acabaram morrendo. Assim como os cidadãos que ele nem conhecia. O homem da caldeira viu que Barret havia se calado e disse: “Você só precisa permanecer de pé e viver, é só isso. Continue em busca do que você acha que será necessário para se redimir.” “Tinha medo que você dissesse isso.” “Por exemplo, digamos que você não saiba onde fica a toca dos monstros. Ora, saia e procure por ela. Pode ser que algum dia você dê de cara com… Ah, olha ali!” O homem apontou para a parte de trás do caminhão. Um monstro pequeno, porém ameaçador, os estava seguindo. Barret dirigiu a extremidade de seu braço direito em direção ao monstro e abriu fogo, sem se preocupar um só momento em mirar. O corpo da criatura caiu despedaçado pelas inúmeras balas que o atingiram. “Péssimo dia para ser um monstro.”, comentou Barret. Quando Barret se virou para dizer ao homem da caldeira que não se preocupasse, se deu conta de que ele não tirava os olhos de seu braço direito. Era o mesmo olhar da mulher de Junon. “Pode ser que eu seja o monstro... Sabe, senhor, a toca dos monstros deve estar em algum lugar dentro de mim.” O homem da caldeira não foi suficientemente amável para responder. O destino do caminhão era um pequeno vilarejo que sobrevivia da agricultura de batatas. Um após o outro, os homens traziam sacos cheios de batatas e os colocavam na área de carga do caminhão, na qual ainda restava metade do carvão que havia quando partiram. Enquanto ajudava com o trabalho, Barret se perguntava: “Quando

vendem essas batatas na cidade, quanto será que ganham por elas? Sem dúvida, os salários das pessoas do caminhão devem estar incluídos no preço que os aldeões pedem pelas batatas.” O preço da comida era um problema em Midgar. Demasiadamente alto, mesmo para uma época de crise. Porém, vendo tantas pessoas trabalharem tão duro, Barret começou a se dar conta de que não havia outro jeito. Quando o suprimento de Mako se esgotou, a maioria das máquinas usadas nas colheitas se tornou inútil. E colher batatas sem elas era muito mais trabalhoso. Barret logo estava perdido em seus pensamentos. Se eles não podem mais usar as máquinas, não há outra escolha a não ser usar o próprio corpo. Bem, temos muita gente. Em Midgar, há todo tipo de gente sem trabalho, lutando sozinha para conseguir comida, não é verdade? Sim, essas pessoas podem comer aquilo que elas mesmas plantaram, e pelo menos fome elas não mais passariam. Claro, eles teriam de plantar algumas sementes, cultivar as plantas e cuidar delas. Também seria interessante se criassem gado. “Ah, bingo!”, pensou. Se todos nos conscientizarmos sobre isso, chegará um dia em que poderemos viver sem miséria, pelo menos na questão da comida. Quando precisarmos de máquinas, podemos usar carvão, como os caminhões. Tudo o que temos de fazer de agora em diante é fazer as coisas como se fazia antes do Mako. Pode ser que sejam tempos difíceis. Pode ser que as coisas caminhem mais lentamente. Para as pessoas impacientes como Barret, pode ser que seja ainda pior, pode ser insuportável. Mas é assim que tem que ser. É assim que os tempos caminham. Barret sorriu, feliz por ter chegado tão depressa a uma idéia própria. Então teve que considerar o que podia fazer. Primeiro, poderia incorporar uma enxada ao seu braço direito e começar a arar o campo. Daria o melhor de seu poderoso corpo e faria o trabalho de cinco homens. Mas espere, os novos tempos clamam por um novo líder. “Será esse o meu papel?”, os pensamentos de Barret se aceleravam. Se imaginava dando ordens, e seus amigos se apressando para cumpri-las. “Vamos lá, Barret!” – diria Jessie no início do dia, com Wedge e Biggs ao seu lado. Mas então lembranças de seus dias como líder da Avalanche vieram à sua mente, e a momentânea visão de um futuro brilhante se transformou num profundo remorso. “Graaaaaahhh!!!” – gritou Barret. “Merda, lá vou eu de novo...” – pensou, e deu uma olhada ao redor. Mas ninguém estava olhando. Todas as pessoas estavam reunidas em frente a uma casa, onde o sobrinho do velho Sakaki conversava com um homem de meia idade que devia ser do vilarejo. Barret se aproximou


para se inteirar do assunto. “Por mim, não há problema algum em levar sua filha a Midgar. Entretanto, ela me parece terrivelmente debilitada… Pode ser que não cheguemos a tempo...” “Mas...” – o homem de meia idade carregava em seus braços uma menina pequena, que estava desacordada, e aparentemente sofrendo. Era uma linda garotinha, mas de um de seus braços goteava um líquido negro, a horrível Geostigma, e em um estado muito grave. Barret havia dado de cara com o tipo de situação que mais odiava: “Agora, agora mesmo, acontece uma desgraça bem na sua frente e você não é capaz de fazer merda nenhuma.” Barret sabia que mesmo que ela fosse a Midgar, não poderia encontrar um tratamento decente. Talvez fosse melhor dizer isso a ela. “Você não deveria permanecer aqui no vilarejo, em paz, nos seus últimos dias?”, ele pensava em dizer. Mas se dissesse isso, ele acabaria com todas as esperanças do pai e da filha. “Isso é tudo o que posso fazer? Me calar e deixar que as coisas sigam seu curso?” – Barret queria gritar. “Ir a Midgar não será uma perda de tempo?” – perguntou uma voz. Barret olhou para o lado e viu o rosto familiar do homem da caldeira, com os olhos franzidos. “Provavelmente.” – respondeu Barret. “Então é melhor que eles saibam.” – disse o homem, e começou a caminhar em direção ao homem e sua filha. “Espere!” – disse Barret. Mas o homem não lhe deu ouvidos. Barret foi atrás dele, determinado a pará-lo antes que suas palavras levassem ao desespero o homem e sua filha. O homem parou, se virou e disse a Barret: “Você acha que devemos deixá-la ir até Midgar, para assim deixa - lá feliz, é isso? Mesmo que isso não sirva para nada?” “... Sim.” “Bom, estaria tudo bem se fôssemos numa nave voadora, mas tudo que nós temos é um caminhão. O compartimento de carga fica muito quente e apertado. É uma viagem dura. Você sabe. O que fará se ela morrer antes mesmo de chegar?” “Ainda assim, vamos levá-la, por favor...” “Não se preocupe. Serei eu quem contará a eles. Provavelmente acabarei com suas esperanças. Porém, será melhor para a menina estar em casa, com sua família, no final...” Barret não sabia se era ele ou homem da caldeira quem estava com a razão. Precisava pensar bem. Sua mente voltou a dar voltas. Novamente queria gritar, porém se conteve.

Depois de um breve momento, o homem da caldeira voltou, sem nem ter entrado na conversa. “Acaba de exalar seu último suspiro.” “O quê!?” “Você... Quer saber quais foram suas últimas palavras?” “Não.” – pensou, mas o homem da caldeira continuou. “Por favor, me leve até Midgar.” O homem da caldeira apertou seus punhos com raiva. “Suponho que eu estava enganado.” “Raaaaaaaahhh!!!” – gritou Barret – “Está tudo errado!” Cheio de raiva, mirou seu braço em direção ao céu e abriu fogo com sua arma. E o som dos tiros ecoou por todo o tranqüilo vilarejo. Barret permaneceu no vilarejo para presenciar o enterro da menina. Perguntou ao desolado pai da criança se havia algo que ele poderia ter feito. “Se pelo menos nós tivéssemos uma nave voadora...” – murmurou o homem – “Eu já fui um tripulante da Gelnika. Se tivesse continuado voando, poderia ser que a minha pequena não tivesse morrido. Daqui a Midgar teria sido um vôo tão curto...” “Escute, senhor.” – Barret sabia que tinha de dizer algo – “Sei como se sente, mas não há como curar a estigma, nem mesmo em Midgar.” Se pelo menos isso, se pelo menos aquilo... Caso esse mundo dos “se” se tornasse realidade, o amanhã seria ainda mais incerto. E era por isso que essas conjecturas de nada adiantavam. Barret tinha experiência. E lamentavelmente, ao usá-la, só piorou as coisas. Enquanto Barret procurava as palavras apropriadas, o homem começou a falar: “Não precisava ser Midgar. Poderia ser qualquer lugar. No momento em que soubéssemos que ali era possível curar a estigma, poderíamos nos pôr a caminho com o enfermo. Se tivéssemos uma nave voadora, estaríamos preparados.” “Preparados?” “Minha filha não era a única sofrendo com Geostigma.” Ainda que tivesse acabado de perder sua filha, os olhos do homem se dirigiam para o que estava por vir. O futuro que Barret havia criado em sua mente enquanto empacotava as batatas no caminhão havia desmoronado completamente. “Porque não podemos nos locomover também com naves voadoras, além de usarmos máquinas de terra? Em Midgar, já usamos veículos para locomoção e trabalho. Porque não uma nave voadora, então? Ainda que não usemos Mako. Os tempos mudaram, e eu vou fazer o mesmo.”


Não muito longe da Cidade Rocket, ao leste, se estende uma região desértica onde não cresce uma única planta. Ali há uma torre de perfuração de petróleo de cerca de cinqüenta metros de altura, e uma pequena e velha refinaria construída à sua volta. Muitos homens e mulheres estavam reunidos aos pés da enferrujada torre de perfuração. Uma delas era Shera, vestida com um jaleco branco de laboratório. O engenheiro que estava ao seu lado falou: “Diminuiu 70% em comparação com o mês passado. São mesmo más notícias, se quer saber o que eu acho. Como têm ido as coisas segundo as suas conclusões?” “Temos progredido bastante. Não posso dizer que se compare com o Mako, mas temos organizado o processo de refinação de várias maneiras.” “Sei que podemos conseguir. Mas agora precisamos é do produto para refinar, não é mesmo?” – o engenheiro dirigiu seu olhar para o sol. Shera não pôde evitar de seguir seu olhar. Ela pensava em quanto ela queria que a gigantesca broca de aço ao seu lado conseguisse extrair o petróleo restante do solo. “Só um pouco mais.” – Shera juntou as mãos em oração, mas a mancha em seu antebraço esquerdo não era petróleo. Era a estigma. A Cidade Rocket uma vez foi a base de operações para o programa espacial da Companhia Shin-Ra. Os engenheiros acabaram criando laços com o lugar, transformando a pequena vila numa cidade barulhenta. Quando Barret chegou à cidade, viu crianças brincando na rua. Algumas delas tinham a mesma idade de Marlene. Seus olhos se iluminaram de imediato. “Do que estão brincando, crianças?” – perguntou. As crianças olharam para cima, tentando identificar aquilo que estavam vendo. – “Que tal se deixarem um velho brincar com vocês?” As crianças foram embora correndo. Barret soltou um suspiro e olhou para sua mão direita. “Só terei que agüentar isso até a minha nova mão ficar pronta.” “Você dá medo de qualquer jeito.” – disse uma voz que veio de trás. “Me desculpe, mas, você é...” – ele não conseguia identificar a pessoa. “Duvido que se lembre de mim. Sou da tripulação da Highwind.” – Highwind era o nome da nave voadora que Barret e os outros usaram durante sua viagem para salvar o planeta. “Oh, sim. Obrigado por ter nos ajudado então.” “Não foi nada.” Barret não demorou para pedir ao homem que o levasse até Cid. Enquanto caminhavam, ele ouviu algumas batidas metálicas ao longe.

“O horário de almoço acabou, sabe? É melhor nos apressarmos.” “O que está acontecendo?” “Você não consegue imaginar? Aqui é onde os homens de Cid trabalham, afinal.” “Uma nave voadora?” “Veja você mesmo!” Passada a grande aglomeração de casas, se abria uma grande área, e Barret pôde ver uma enorme nave voadora. Sim, uma nave voadora, assim como a velha Highwind, estava em construção. “Puxa! É uma visão e tanto.” A nave estava sendo apoiada num primitivo andaime. Na parte mais alta do andaime, o qual não parecia digno de receber aplausos por suas medidas de segurança, trabalhavam cerca de 20 pessoas da cidade. Tudo o que Barret podia ouvir era o som estridente da placa metálica sendo martelada em diferentes lugares. A nave parecia qualquer coisa, menos terminada. “Ei, já está terminada!” “Sim, mas só o esqueleto. Ainda não há nada dentro.” – o homem acenou para o espaço vazio onde deveria estar o motor – “É porque não podemos mais usar Mako. O motor nos levará algum tempo.” O solo começou a tremer, e de alguma parte veio o som de uma explosão. Barret se assustou e caiu no chão. “O capitão está ali.” – riu o homem ao seu lado, indicando um galpão atrás da nave. Dentro do galpão havia uma única coisa, um motor, que parecia se encaixar na nave voadora. Ele estava sobre uma enorme mesa de trabalho. Muitos homens o observavam de uma distância segura, e todos eles vestiam máscaras. Novamente, o som de uma explosão. Barret estremeceu. Um dos homens arrancou sua máscara e correu em direção à máquina. “Filho de uma...!” Cid se inclinou para examinar a máquina, rangendo os dentes como se quisesse despedaçar um pedaço de carne “Maldito pedaço de merda! Vou quebrá-lo em migalhas!” Barret sorriu largamente. Ele não ouvia esse linguajar grosseiro há anos. E ele não tinha mudado nada. Cid se dirigiu tranqüilamente em direção a Barret, proferindo palavrões a cada passo. Barret recebeu Cid com uma gargalhada. “Continue falando desse jeito e Deus vai te castigar!” “Deus? Então diga a ele que se apresse e venha até aqui.” – disse rapidamente Cid, sem perder um segundo – “Quero trocar umas palavras com ele.”


Os dois se puseram rapidamente em dia sobre os acontecimentos recentes. “Deixei Marlene com Tifa. Elas se dão muito bem, então achei melhor que ela não viesse comigo.” “Que bondoso de sua parte. O mundo inteiro deve estar aplaudindo. E então, Cloud está com Tifa?” “Sim. Tifa abriu um bar, como nos velhos tempos. Cloud a estava ajudando, mas parece que agora ele tem um negócio próprio que o mantém ocupado. Um serviço de entregas.” “Cloud? Administrando um negócio?” “Pode apostar que Tifa o está obrigando a andar na linha.” “Com certeza. Afinal, ela é a mulher mais sensata que eu conheço.” “E como está Shera?” “Bem, como sempre.” – respondeu evasivamente Cid. Depois disso desviou a conversa para outro lado, falando sobre como Red XIII continuava lhe fazendo visitas curtas, como Yuffie estava ensinando o estilo de luta Wushu às crianças de Wutai, e como Vincent estava completamente fora de contato. “Bom, o que você quer afinal? Sou um homem ocupado.” “Está construindo uma nave voadora, não está?” “Esse é o meu trabalho.” “Eu poderia ajudar nisso?” “Você? O que um novato como você poderia fazer?” Normalmente Barret haveria contestado com uma resposta bruta, mas dessa vez deixou passar, e contou a Cid o que esteve pensando. “Se você tivesse uma nave voadora, Cid, teria um monte de vidas em suas mãos. Por exemplo, as pessoas com Geostigma. Se encontrassem uma cura em algum lugar, você poderia levá-las até lá num instante. Poderia levá-las voando a qualquer lugar onde fosse possível tratá-las. Entregar carregamentos de comida. Qualquer coisa que as pessoas precisem para viver, entende?” “Bem, agora você disse tudo.” – Cid aproximou seu rosto do de Barret – “Estamos falando de usar Mako. Mako! Você tem idéia do quanto a energia Mako faz falta para um veículo como uma nave voadora?” “Diabos, é claro que não. Mas escute.” – Barret fez uma recapitulação de tudo o que esteve pensando no caminho até ali – “Não se pode ser ambicioso. Se você usa Mako, está sugando a vida do Planeta, é inquestionável. Mas não estou falando de usar tanto a ponto de comercializá-la como antes. Vamos usar só um pouco. O Planeta poderia nos perdoar se usássemos só o necessário para prosseguir com nossas vidas. ” A reação de Cid: “ Eeeeeeeei!!! Mas o que está acontecendo com o líder da Avalanche?”

Barret não tinha como contestar isso. Ao menos analisando seu passado, ele teria uma resposta interior. Mas agora que era outra pessoa quem estava perguntando, procurou as palavras adequadas. A melancolia o absorveu até o fundo de sua alma, e ele levantou o braço direito. Estava prestes a abrir fogo, quando se deu conta de que estava numa área coberta, e parou em seco. Porém gritou. “ Graaaaaaaaaaaahhh!!!” Todas as pessoas no recinto imediatamente se viraram na direção de Barret. “Sinto muito. Uhn, não foi nada...” – disse aos três que estavam ao seu redor, fingindo um sorriso. Então abaixou a cabeça, buscando as palavras para se explicar. Ao invés de palavras, imagens de seu passado vieram à sua mente. Essa expressão tão séria era a que costumava ver nos rostos de Biggs, Wedge e Jessie – “Vamos, digam algo. Digam, homens, encham-me de culpa.” Olhou para todos os lados, como se quisesse afugentar as três figuras, e então olhou para cima. Cid o olhou diretamente. “O que diabos está acontecendo com você?” – perguntou Cid, surpreso. “Cid, você tem que me dizer. Eu não sei o que fazer. Meu passado é como um campo minado que não foi desarmado. Mas têm que haver coisas boas nele também. Mas quais? Quais delas são corretas? Quais são equivocadas? Quem você acha que eu devo ser de agora em diante? Eu preciso mudar. Isso não me é permitido por causa do meu passado? Hein? Acredita que eu devo continuar com essa arma pregada em meu braço assustando as crianças? É assim que vou pagar por meus pecados? Eu já não sei de mais nada. Ajude-me, Cid… O que eu devo fazer?” E no final, Barret abriu fogo contra o teto, abrindo numerosos buracos nele. Cid olhou para o teto e disse: “ Bem, para começar, pode arrumar isso.” Cid passeava tranqüilamente, supervisionando como Barret estava trabalhando cuidadosamente no conserto dos buracos do teto. Cheio de vergonha, Barret decidiu ignorá-lo e continuar os reparos. Cid se sentou ao seu lado. “Está mais calmo agora?” “Sinto muito.” Cid balançou a cabeça para dizer “não se preocupe”. – “Preciso de sua ajuda com uma coisa.” Barret parou de trabalhar e olhou para Cid. “É sobre o que disse antes, Mako. Sobre a possibilidade de colhermos apenas um pouco do Planeta, só o que precisamos. Tivemos a mesma idéia. A verdade é que as naves voadoras são úteis. Especialmente


quando o mundo está no meio de uma crise, tentando se recuperar. Se algum dia me disserem que não precisam mais delas, suponho que posso encontrar algum lugar com uma bela paisagem para aterrisar, e transformá-lo em minha casa.” Cid continuou falando sobre a situação atual da energia. Do jeito que estavam as coisas, os reatores Mako de todo o mundo estavam parados. E o motivo não era só porque as pessoas sentiam remorso por terem usado o Mako demasiadamente, sugando a vida do Planeta. Havia também um problema prático maior: a extração era difícil sem a ShinRa, que era quem havia criado os reatores Mako. Mas qual era a verdadeira razão de ninguém ainda ter tentado reativar os reatores Mako? “Hoje em dia, todo mundo sabe que a energia Mako absorve o Lifestream e o consome” – disse Cid – “E naquele dia, todos experimentaram em primeira mão como o Lifestream pode ser terrível. Estão assustados. Assustados demais com o Planeta. ” Barret se lembrou da imagem do Meteoro se desintegrando bem acima de Midgar, momentos antes de ter podido destruir a cidade. O poder do Lifestream era aterrador, seguramente muito maior do que qualquer coisa que o homem poderia produzir. “Ninguém quer mexer com Mako, nem com uma vara a dez metros de distância.” “Então você está dizendo que não há forma de produzir energia Mako agora?” – perguntou Barret. “Exato. Provavelmente não há como. Entretanto, ainda resta algum Mako que nunca foi usado acumulado nos reatores de Midgar. Agora mesmo, essas reservas de Mako fariam funcionar todos os motores de Mako do mundo. Os líderes locais podem dividi-lo, repartindo-o de acordo com o que acreditam ser mais necessário. Principalmente para manter funcionando as máquinas que ajudam com a reconstrução.” “Sim, eu sei. Estive em Midgar. Mas veja, que mal haveria em aproveitar só um desses reatores agora e também depois? Duvido que seja tão temível.” – Barret disse, enquanto pedia perdão a Jessie, Wedge e Biggs. “Não extrairá uma só gota de Mako naquele solo. O fluxo do Lifestream mudou.” “Você tem certeza disso?” “Red me contou. Já que foi ele quem disse, deve ser verdade.” Barret ficou sem palavras. Acaso este seria um aviso do Planeta de que não deveriam usar Mako nunca mais? “Agora, se fôssemos construir um reator Mako em algum outro lugar, seria uma história completamente diferente. Mas primeiro temos de encontrar o lugar, transportar todos os materiais... Não sei quando

acabaríamos. Além do mais, há o problema de como transportar todos esses materiais em primeiro lugar.” “Isso não é nada bom.” “Sim. Uma vez que essas reservas de Mako se esgotem, acabou. O mundo voltará à época do carvão. Voltaremos a ter de nos esforçarmos nos velhos caminhões a vapor de novo. Voltaremos a viver na época em que, no máximo, cruzaremos grandes dstâncias velozmente montando chocobos. Não seria tão ruim, se quer saber.” “É assim que você quer viver, como um derrotista? Está me dizendo que devemos conduzir nossas vidas em direção ao retrocesso? Sim, estaremos na merda por um bom tempo, eu sei. Talvez seja melhor para nós não voltar a trilhar o mesmo caminho. Mas e daí? Por causa disso, vamos ficar parados? Por quê não podemos buscar outro caminho?” “Que nos levará ao petróleo.” – disse Cid com um amplo sorriso. “Petróleo? Aquele piche inútil?” Para Barret, que trabalhou nas minas de carvão, mencionar o petróleo era uma surpresa. A única coisa para a qual ele servia era para queimar em lamparinas. “Ele só se tornou inútil porque apareceu o Mako. A verdade é que o petróleo ia comandar a nova era. Teríamos uma tecnologia destinada a produzir diferentes combustíveis a partir do petróleo. Mas uma vez que o Mako surgiu, a tecnologia se centralizou nas aplicações dele. E o petróleo desapareceu da história.” E Cid continuou, explicando como ele e sua equipe haviam encontrado documentos e localizado um antigo campo de petróleo. Felizmente, não ficava muito longe da Cidade Rocket. Ali, encontraram instalações para perfurar o solo em busca de petróleo e refiná-lo em gasolina. Estava tudo muito enferrujado, mas não inutilizável. Cid e seus camaradas haviam restaurado as instalações a um estado operacional. Mas a gasolina não produzia energia suficiente. Eles precisavam de um combustível mais potente. Haviam colocado todos os seus esforços em conseguir esse objetivo, e por fim a possibilidade de conseguir combustíveis para reatores parecia clara. Paralelamente a isso, eles estavam trabalhando em um processo para modernizar os motores, para que funcionassem com o novo combustível. Entretanto, esse projeto não estava avançando muito bem. “Desde quando começaram a molengar, estúpidos?” “Depois que aconteceu aquilo, logo depois.” “Meu Deus! Cid, isso é incrível!” “Como eu lhe disse, temos os documentos. Não há sinais de uma nova tecnologia. Tudo o que temos feito é trazer de novo à vida uma tecnologia antiga.”


“O que vocês têm feito significa o fim do carvão, não é?” – Barret, tendo crescido numa cidade de mineradores de carvão, tinha sentimentos confusos quanto a isso. “Os tempos mudam. O que penso é que nós nascemos na mudança, só isso.” “Não posso dizer que me sinta a favor de uma parte ou de outra.” “Então, que tal você se sentir uma pessoa afortunada? A nova era é a nossa oportunidade de tentar fazer todo tipo de coisa.” “Tem razão.” “A única parte ruim é...” “O quê?” “Com tanta coisa para fazer, nós mesmos acabamos ficando sem tempo. Não é uma merda?” Cid e Barret partiram para o leste da Cidade Rocket. Caminhou o dia todo, antes de chegar ao seu destino. Shera veio dar-lhes as boasvindas. “Olá!” – exclamou Barret, que estava feliz por vê-la novamente depois de tanto tempo. Shera parecia não ter mudado nada. Mas Barret notou uma marca do estigma em sua mão direita. Ela provavelmente percebeu isso, e a escondeu debaixo da manga. “E então, você está bem?” – perguntou Cid bruscamente – “Não se esforce demais.” ”Nós ficamos sem tempo...? Não, o ‘nós’ já não existe mais...”, pensou Barret. Cid olhou para a torre de perfuração de petróleo. Não mostrava sinais de funcionamento. “Porque esse demônio não está funcionando?” Shera rapidamente explicou a situação. “Nós o cortamos essa manhã. Poderíamos tê-lo forçado mais, mas a produção já havia caído mais de 10% em comparação com quando começamos a perfurar, e então decidimos parar a bomba de extração.” Cid baixou o olhar e disse: “No primeiro dia em que chegamos aqui, isto jorrava sem usar sequer uma bomba. Ficamos todos sujos de preto com o petróleo que saía. Rachamos de tanto rir.” Barret deixou escapar um grande suspiro. “O Planeta não vai dar mais nada para a gente, não é?” “Isso não é verdade.” – disse Shera com uma voz firme – “O Planeta tem muitas coisas boas reservadas para nós. E eu lhes asseguro que o carvão, o petróleo e o Mako estão entre elas. Inclusive devem existir coisas que nós nem conhecemos ainda. Ficaremos bem, enquanto não as usemos erroneamente. Enquanto não nos tornarmos gananciosos. Se

formos persistentes, o Planeta olhará por nós. Afinal de contas, o Lifestream que o percorre já foi uma vez as vidas das pessoas que viviam onde nós estamos.” Cid e Barret refletiram sobre essas palavras. “Shera... Ela sempre se preocupará com Cid, não importa se esteja viva ou se tenha retornado ao Planeta.” – pensou Barret – “O mesmo vale para Cid. E para mim.” “Shera...” – foi tudo o que Cid disse para quebrar o silêncio. Depois de um tempo, ele voltou a abrir a boca: “Shera, como está o combustível?” “Bem. Parcialmente ele depende da eficácia do seu motor, mas deve ser capaz de dar uma volta completa ao redor do Planeta. Deve ser o suficiente para mais que uma volta regulada, eu diria. O que você acha?” “O motor não está pronto. Nada funciona. Não tenho sequer uma idéia em mente. Escute, Shera...” “O quê foi?” Cid se calou. Barret falou em seu lugar. “Cid quer você por perto, para que o ajude com o desenvolvimento do motor. Para que o coloque em forma, sabe? Mesmo que o combustível esteja terminado, ainda há um monte de coisas para fazer.” “Eu sei.” – Shera olhou para Cid – “Não posso jogar a toalha ainda.” Barret precisava dizer algo mais. “E depois que terminar de construir o motor, há mais um monte de coisas para fazer!” Shera concordou com ele com um sorriso. Os três observaram a torre de perfuração em silêncio. “Barret...” – disse Cid – “Você conhece algum campo de petróleo?” “Deixe comigo!” – Barret já não tinha mais nenhuma dúvida. “Ei, Planeta. Ei, todo mundo que vive aqui. Se querem me castigar, que o façam. Mas vou lutar com tudo o que tenho. Os únicos que têm o direito de me castigar são os idiotas que continuam vivendo. Vou viver por isso teremos um amanhã.” Quando Barret voltou ao ateliê do velho Sakaki, este já havia construído uma nova prótese, exatamente da maneira como Barret havia pedido. A mão era feita de madeira, e causava uma boa sensação de tato. Não era feita para se encaixar num adaptador, ajustando-se diretamente ao braço de Barret. Barret olhou para a mão, depois para o ancião e disse: “Todavia, tenho que continuar viajando. Preciso fazê-lo. Tenho que encontrar algum lugar que produza petróleo. Pode ser que eu acabe indo a lugares onde ninguém mais se atreveria a entrar, lugares perigosos.


Não consigo sequer imaginar os monstros que encontrarei. Por isso ainda preciso de uma arma. E não só para me defender. Não posso me dar ao luxo de parar de lutar. Se eu parar, então outra pessoa terá que fazer isso em meu lugar, por isso essa é a minha causa. Não, minha sina. Minha penitência.” Depois de ouvir essas comoventes palavras, pouco características de Barret, o velho Sakaki foi até a parte de trás da tenda, e voltou com um pacote. Quando o abriu, Barret viu diante de si uma prótese com algo de diferente. Era uma estranha mão feita de metal. Até os dedos pareciam capazes de se mover. “Com a prática, poderá chegar a escrever com ela. Depende de você se isso será útil ou não.” “Isto…” “Pretendia dá-la como pagamento por ajudar o meu sobrinho. Mas como parece que não vai usar, a guardarei.” “Sinto muito. Deve ter passado por muitos problemas para fazê-la.” “Não se preocupe. Você ainda tem muitos anos de vida pela frente. Venha pegá-la quando tiver terminado sua missão.” – disse o ancião – “Cuidarei para que não enferruje.” Depois de deixar o ateliê e caminhar um pouco, Barret pensou: deveria escrever uma carta para Marlene. Chamá-la para vir com ele nessa nova viagem. Não. Uma vez que tudo estivesse terminado, ele voltaria aqui e a escreveria com a nova mão que o velho lhe fez. E levaria a carta pessoalmente para Marlene. Barret queria gritar. Por isso, com todas as forças de seu coração, ele o fez: “Aí vou eu!”. Caso de Barret, fim.


FIM


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