Boletim Evoliano, núm. 8 (2ª série)

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O que quer o «Falangismo» espanhol JULIUS EVOLA Enquanto todo mundo acompanha com muito interesse as fases da guerra civil espanhola, menos conhecidas são as ideias que precisamente animam a insurreição das forças nacionais espanholas contra o comunismo: talvez porque muitos acreditam que, nas revoluções, a fase ideológica positiva se desenvolve sempre num período subsequente.

Os falangistas parecem estar em guarda contra os excessos do totalitarismo, que, no seu trabalho de nivelamento e uniformização, ameaça fazer de algumas tendências nacionalistas, apesar de tudo, fac-símiles nacionalizados do bolchevismo.”

Nós não somos desta opinião. Cremos que o melhor soldado é aquele que luta com o pleno conhecimento da

dade própria e perfeita, realidade viva e soberana, a

sua causa e que as ideias, ainda que sejam ideias pressenti-

Espanha aspira, por consequência, às suas próprias metas

das ou confusamente intuídas, mais do que claramente

bem definidas”. A este respeito, não só se fala de “um

formuladas, são a realidade primária em toda a mudança

retorno completo à colaboração espiritual mundial”, mas

histórica verdadeiramente importante. Estamos, portanto,

também de uma “missão universal da Espanha”, da criação,

agradecidos a Alberto Luchini por nos ter feito conhecer o

por parte da “unidade solar” que ela representa, “de um

programa doutrinário de uma das principais tendências

mundo novo”. Certamente, este último propósito, apesar

nacionalistas espanholas, em particular a da denominada

das boas intenções, é uma incerteza.

“falange espanhola”, tornando vivas e palpitantes as pala-

Não está claro o que hoje ou amanhã, a Espanha tem a

vras, com recurso a um estilo de tradução verdadeiramente

dizer no que concerne às ideias universais. Porém a realida-

assombroso e que quase poderíamos dizer necromântico

de é que, neste caso, se tem o efeito de uma lógica precisa.

pelo seu vigor, precisão e adequadas improvisações (“I

Não se pode assumir espiritualmente a ideia de nação sem

Falangisti spagnoli”, ed. Beltrami, Firenze, 1936). Trata-se

sermos instintivamente levados a sobrepujar os particula-

de uma profissão geral de fé política, cuja formulação

rismos, a concebê-la como princípio de uma organização

parece dever-se a José Antonio Primo de Rivera ou ao

espiritual supranacional, com valor portanto de universali-

escritor Giménez Gaballero. O programa, pela sua riqueza

dade: ainda que se tenha muito pouco à disposição para

de conteúdo espiritual, surpreendeu-nos, ao ponto de crer-

dar uma forma concreta e factível a tal exigência. E vice-

mos ser muito oportuno recomendá-lo ao público italiano

versa: toda a restrição particularista de uma ideia nacional

com a ideia de apresentar-lhe, em síntese, o sentido do

acaba sempre por revelar um materialismo latente ou

mesmo.

colectivismo.

Primeiro ponto. Nem a unidade linguística, nem a

Passemos à parte mais propriamente política do pro-

étnica ou territorial se consideram suficientes para dar à

grama. Os falangistas dizem não ao Estado agnóstico, espe-

ideia de nação o seu verdadeiro significado. “Uma nação é

ctador passivo da vida pública nacional ou, no máximo,

uma unidade predestinada, cósmica”. Tal – afirma-se – é a

agente de polícia com grande pompa. O Estado deve ser

Espanha: uma unidade, um destino, “uma entidade subsis-

autoritário, Estado de todos, total e totalitário, justificando-

tente para além de qualquer pessoa, classe ou colectivida-

se, no entanto, nesta sua forma, sempre tendo como refe-

de em que actua”, não só, mas também acima “da quanti-

rência a noção ideal e eterna de Espanha, independente de

dade complexa resultante da sua agregação”. Trata-se,

quaisquer meros interesses classistas ou partidários.

portanto, da ideia espiritual e transcendente da nação,

A extirpação dos partidos e da instituição parlamentar

oposta a todo o colectivismo – de direita ou de esquerda –

associada é um produto natural de tal ponto de vista. Mas

e a todo o mecanicismo. “Entidade autêntica de uma ver-

os falangistas, sob a força das tradições seculares da sua

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Número 8, 2ª Série


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