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RITA, UM JEITO DE SER PARA TODOS NÓS

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BOLACHA ALFAJOR

BOLACHA ALFAJOR

Estava chegando ao fim da crônica semanal quando um colega de escritório anunciou: Rita Lee morreu. Todo mundo parou. Impactado. Pude observar que mesmo os mais jovens, tangidos pelo que ela representou ou, para ser correto, pelo que ela representa e representará na história da música e nas transformações dos costumes. Imediatamente deletei o que houvera escrito. Aproveitei para contar as eles, todos mais novos, uma estória do Pasquim, em 1970, quando ela, iniciando uma carreira fulminante, foi convidada para uma entrevista. A entrevista era a coisa mais importante na imprensa naqueles tempos de ditadura violentíssima. Tudo que você dizia, se não fosse censurado, acabava em prisão. E, ali, a liberdade era total. Até o que o pessoal do Pasquim foi preso.

Rita seria o sucesso do jornal que circulava pelo país inteiro. Sobretudo porque era a “rebelde, “porra louca”, irreverente, mãe e esposa!” As entrevistas eram movidas a uísque. Mas uns dos jornalistas levantou uma dúvida: “Rita não bebe, tá começando agora, não vai rolar aquele sucesso que estamos esperando. Vamos chamar o Tim Maia também”. Foram os dois. Surpresa: chegando lá, nenhum dos dois bebiam. Mesmo agora, que ela se foi, ninguém seria capaz de fazer uma síntese dela. É decomposição. Cantora, compositora, multi-instrumentista, além de escritora e apresentadora. A rigor, Rita construiu uma carreira de sucesso que começou com o rock, mas que flertou com diversos gêneros: da psicodelia d’Os Mutantes ao pop, passando por disco, MPB, bossa nova e eletrônica ao longo de mais de cinco décadas. Não posso deixar de registrar também que mudou a cabeça de diversas gerações. Sem dúvida alguma que “também se tornou uma das mulheres mais influentes do país, reconhecida por gerações de artistas por seu pioneirismo brandindo uma guitarra nos palcos, a irreverência que a levou à televisão, as opiniões fortes, a defesa da liberdade e dos animais.

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A notícia da morte dela, curiosamente, chega cercada de maravilhosas lembranças deixadas pela artista. E isso se deve não só a sua brilhante trajetória musical, como a um legado que moldou o comportamento e a forma de pensar de muitas gerações. O Brasil se despede não só artista e de sua música, mas da Rita que se tornou um “um jeito de ser” para nós.

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