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CIDADE
from Revista Leia
by Revista Leia
CORONAVÍRUS: COMÉRCIO E SERVIÇOS SUSPENSOS POR UMA SEMANA
ATIVIDADES ESTÃO SUSPENSAS DESTE SÁBADO (21) ATÉ A PRÓXIMA SEXTA-FEIRA (27)
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A Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim decretou a suspensão das atividades relativas ao comércio e serviços, deste sábado (21) até a próxima sexta- -feira (27), como parte da estratégia de prevenção e enfrentamento do novo coronavírus no município.
Publicado na tarde desta sexta-feira (20), em edição extraordinária do Diário Oficial Município, o decreto não aplica a medida a: farmácias e estabelecimentos distribuidores de fármacos e de material médico-hospitalar; hipermercados, supermercados e mercados vendedores de alimentos e bebidas, desde que seja observado o atendimento simultâneo de até 40% de sua capacidade; lojas de conveniência em postos de combustíveis, postos de combustíveis e vendas de gás liquefeito de petróleo (GLP) e gás natural veicular (GNP); lojas de venda de produtos veterinários, somente relacionadas às vendas de medicamentos veterinários e alimentação animal; área de atendimento médico e veterinário, incluídas as atividades de exames; padarias, restaurantes e lanchonetes, desde que seja observado o atendimento simultâneo de até 40% de sua capacidade; padarias, restaurantes e lanchonetes que trabalhem com entrega de alimentos, por telefone, e-mail, aplicativos ou por site na internet; e serviços funerários, somente em relação ao plantão de óbitos. O descumprimento da determinação pelos demais estabelecimentos acarretará a suspensão do alvará de funcionamento.
ESTAMOS TODOS NO MESMO BARCO
WILSON MÁRCIO DEPES É ADVOGADO, JORNALISTA PROFISSIONAL E ESCRITOR, TENDO PUBLICADO DOIS LIVROS
Não sei se foi o Veríssimo ou se li por aí, mas a verdade é que é muito, muito difícil se manter zen num momento desses. Sou de uma geração que nunca enfrentou uma pandemia. Só faço, dentro do possível, o que os epidemiologistas mandam. E olha que estou muito orgulhoso de ter no Brasil profissionais tão preparados como os nossos. Prefiro não politizar qualquer discussão nesse momento, uma vez que a situação de despreparo, em todos os sentidos, do presidente da República é uma coisa óbvia, e, muitas vezes, doentia sob o ponto de vista existencial. Fiquei muito sensibilizado com a reclamação de um casal de avós. Moram num prédio e o filho e netos num outro muito distante. Resolveram, há pouco tempo, morar todos no mesmo prédio e, por coincidência, no mesmo andar. Tudo preparado para serem muito felizes. A pandemia veio como uma onda violenta que desfez todos os planos, jogando tudo pelos ares. Hoje, neste exato momento, moram – casal de avós e netos – um ao lado do outro sem poder sequer se tocar. Só vejo lágrimas de saudades da ausência do abraço do carinho. A internet tem sido a grande saída. Daí vem a famosa Monja Coen, com seu estilo totalmente zen, e diz: o vírus faz lembrar que somos todos humanos. Mas a primeira pergunta que acontece, naturalmente, é como podemos aproveitar positivamente o vírus? Diz ela que podemos arrumar não só a casa, como nossa mente, reorganizar a vida. Reaprender a respirar. Sugere a Monja que se pergunte: “Quem sou eu? O que estamos fazendo aqui?”. Talvez não seja isso que gostaríamos, mas o que deve ser feito. Santo Agostinho, invocado por ela, dizia que a liberdade é você fazer até o que não gostaria de fazer. Aqui no meu escritório estamos, através do meios possíveis de comunicação, procurando minimizar o sofrimento e a dor, ajudar, mesmo à distância, aqueles que precisam. Ensina a Monja que uma coisa maravilhosa que aconteceu no Japão com o horror do tsunami foi que ninguém saqueou nada. Eles percebem que estamos no mesmo barco. Que seja assim. MAS A PRIMEIRA PERGUNTA QUE ACONTECE, NATURALMENTE, É COMO PODEMOS APROVEITAR POSITIVAMENTE O VÍRUS?
CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020
MARILENE DE BATISTA DEPES É ESCRITORA, MEMBRO DA ACADEMIA CACHOEIRENSE DE LETRAS
Todo ano a Igreja Católica lança um tema durante a Quaresma, cujo simbolismo remete aos quarenta anos do povo judeu até chegar a Terra Prometida, os quarenta dias da profecia de Jonas em Nínive e os quarenta dias que Jesus passou jejuando no deserto, antes de iniciar a vida pública. Neste período somos convocados a jejuar - não só de alimento, mas principalmente do que nos torna escravos e que nos afasta de Deus; a praticar a oração diária – esta nos possibilita colocar Deus no centro da nossa vida; e a esmola - distribuir com os necessitados tudo o que possuímos em excesso e que não nos é mais útil, tornando-nos pessoas mais livres.
Neste ano o tema é: “Fraternidade e vida: dom e compromisso”. E o lema: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”. O cartaz da campanha remete a Irmã Dulce, que foi canonizada, e que conseguiu unir fé e ação – seu exemplo foi de perseverança, sem deixar de lado a prudência e a esperança. Ela via o próximo como o próprio Cristo, respeitava profundamente os diferentes sem nunca abrir mão dos seus princípios. Por conta das suas atitudes em favor dos pobres e marginalizados sofreu preconceitos e até violência física, mas não desistiu. Deixou uma obra filantrópica, que faz mais de 4 milhões de atendimentos por ano aos usuários do SUS. A obra surgiu de um espaço em que a Irmã Dulce abrigava pobres e doentes recolhidos das ruas.
Durante a explicação da escolha do tema da Campanha, situações contemporâneas que põem em risco o valor da vida foram citadas – “As mortes nas ruas, nas macas de hospitais, as provocadas por balas perdidas, a fome, o desemprego, a ausência de moradia para milhões, a inexistência de educação para todos, a devastação dos campos e reservas indígenas, os índices crescentes de suicídio”. É necessário refletir se os casos não estariam sendo tratados com indiferença levando ao ponto de acreditar que a morte seja a solução.
O ato de rezar, orar, foi ensinado por Jesus Cristo – orai para que vossa alegria seja completa. Entretanto não basta apenas orar, mas também agir. E encerro lembrando o exemplo do Bom Samaritano, citado no Evangelho de Lucas. Ele encontrou, caído na estrada, um homem que fora assaltado e ferido. Por ali já havia passado um sacerdote, um levita e finalmente o samaritano, povo desprezado pelos judeus. E foi o samaritano que cuidou, acolheu, enfim se compadeceu do ferido através de atos concretos. A quaresma é um período para refletir e agir – quem é o próximo que precisa de mim? DEIXOU UMA OBRA FILANTRÓPICA, QUE FAZ MAIS DE 4 MILHÕES DE ATENDIMENTOS POR ANO AOS USUÁRIOS DO SUS
PROLIXO
SERGIO DAMIÃO SANT´ANNA MORAES, É MÉDICO E MEMBRO DA ACADEMIA CACHOEIRENSE DE LETRAS
Dia desses fui surpreendido, ouvi: Sergio, não seja prolixo. Estava ao telefone e o observador ao meu lado. Lembrei do tempo de faculdade. Certa vez fui chamado à atenção por um colega de Escola: diminua a prolixidade. Na ocasião, não atentei para o fato. Acho que não entendi a observação e não sabia se a prolixidade ajudaria ou não na profissão. Prolixo: palavra derivada do latim, algo extenso, longo. Pior, tediosamente extenso e cansativo pela grande quantidade de minúcias inúteis, supérfluas. Bem... Na verdade, será isso chatice? Tudo leva a crer que sim: no passado e por duas vezes no presente. Duas vezes, recente: em casa e no hospital. Será o envelhecimento? Bom... Parece que em tempos atuais as pessoas perderam a paciência. Exigem a laconicidade. Pedem: seja breve. Lacônico (muito breve, ao falar ou escrever; seja de poucas palavras). Um quase, não me canse. A paciência já não se encontra no consultório médico (não podemos mais chamar “pacientes”). Perguntam: “Doutor, o que tenho?” Um diagnóstico definitivo deve ser feito de pronto. Algo, muitas vezes, impossível. Os sinais e sintomas de uma doença podem não aflorar de imediato. As pessoas têm pressa. Cada vez maior. O tempo de convalescência não é respeitado e guardado. O tempo tornou-se um instantâneo. Instantâneo na imagem, no diagnóstico de uma doença, na cicatrização de uma ferida cirúrgica, nas respostas... Como na maioria das vezes não as temos, tornamo-nos ansiosos. Devemos ser concisos: termos mais próprios e significativos, sem redundâncias; sucintos: apenas ideias essenciais, sem pormenores. Mas, nem sempre é possível agradar. As pessoas, em sua correria diária, mudam de humor - ora desejam as explicações minuciosas; em outros momentos, de um mesmo dia, nada querem ouvir. Os que explicam se cansam. Tornam-se lacônicos, palavra derivada do grego, dos espartanos - do povo que discursava brevemente. Assim: um recado deve ser lacônico, conciso e sucinto. Pena, com o passar dos anos, o medo de errar, ou não se fazer entendido, nos deixa totalmente diferente dos guerreiros espartanos. Com o cansaço dos anos de vida, na comunicação, nos aproximamos de um veterano de guerra. O TEMPO DE CONVALESCÊNCIA NÃO É RESPEITADO E GUARDADO.