Leilão 16 Online
ARTE EMERGENTE
Inauguração da Exposição
de Outubro, 17h:30
a 17 de Outubro, 10h:30 18h:30
Almeida e Sousa, 28B
Lisboa,
Técnica do Catálogo e Leilão
CEO
José Baptista
Avaliações
Eduardo Reynaud
Laura Carvalho Torres
Textos e Investigação
Eduardo Reynaud
Flor de Ceres Rabaçal
Front Office Manager
João Lourenço
Assistente Executiva
Vera Morbey Affonso
Comunicação
Eduardo Reynaud
Gestão de Projeto
Eduardo Reynaud
João Lourenço
Curadoria da Exposição
Eduardo Reynaud
Laura Carvalho Torres Design e Arte Final do Catálogo
Diana Sommer
Lote de Capa
Lote 51 | Neide Carreira
“Passing Clouds”, 2021
Logística
João Lourenço
Direitos de autor © 2022
Leiloeira Santo Eloy
Todos os direitos reservados.
Lote
“Carcará I", 2022, David Vinicius (n. 1993)
Óleo sobre tela. Dimensões: 27,5 x 35,5 cm
Lote
“Carcará II", 2022, David Vinicius (n. 1993)
Óleo sobre tela. Dimensões: 33 x 41,5 cm
Ismail
Lote
“Paisagem
Lote
“zoom
Lote 19
“collages sob papel” II, 2022
Andrea Paz (n. 1988)
Colagens sobre papel
Dimensões: 29,7 x 21 cm
€ 50
Lote
“collages sob papel” III, 2022
Andrea Paz (n. 1988)
Colagens sobre papel
Dimensões: 29,7 x
Lote 21
“collages sob papel” IV, 2022
Andrea Paz (n. 1988)
Colagens sobre papel
Dimensões: 29,7 x 21 cm
“Aonde, Continuadamente”, 2022, Bárbara de Sousa
Acrílico, monoprint e colagem sobre papel
Dimensões: 50 x 70
Lote 24
“Terrae Motus”, 2022, Bárbara de Sousa
Acrílico, monoprint e colagem sobre papel
Dimensões:
Lote 25
“Horizonte (entre o céu e o mar) I”, 2022
Ana Inácio (n. 1999)
Impressão a jato de tinta sobre papel
Dimensões: 60 x 40 cm
€ 250
Lote 26
“Horizonte (entre o céu e o mar) II”, 2022
Ana Inácio (n. 1999)
Impressão a jato de tinta sobre papel
Dimensões: 60 x 40 cm
€ 250
Lote 27
“Horizonte (entre o céu e o mar) III”, 2022
Ana Inácio (n. 1999)
Impressão a jato de tinta sobre papel
Dimensões: 60 x 40 cm
€ 250
Lote 28
“Horizonte (entre o céu e o mar) IV”, 2022
Ana Inácio (n. 1999)
Impressão a jato de tinta sobre papel
Dimensões: 60 x 40 cm
€ 250
Lote 29
“Self_I”, 2021 Ana Inácio (n. 1999)
Gelatina e prata sobre papel Quimigrama Prova única
Dimensões: 12,7 x 17,8 cm
€ 275
Lote 30
“Self_II”, 2021
Ana Inácio (n. 1999)
Gelatina e prata sobre papel Quimigrama
Prova única
Dimensões: 12,7 x 17,8 cm
€ 275
Lote 31
“Self_III”, 2021
Ana Inácio (n. 1999)
Gelatina e prata sobre papel
Quimigrama
Prova única
Dimensões: 12,7 x 17,8 cm
€ 275
Lote 32
“Self_IV”, 2021
Ana Inácio (n. 1999)
Gelatina e prata sobre papel
Quimigrama
Prova única
Dimensões: 12,7 x 17,8 cm
€ 275
Lote 33
“Self_V”, 2021
Ana Inácio (n. 1999)
Gelatina e prata sobre papel Quimigrama
Prova única
Dimensões: 12,7 x 17,8 cm
€ 275
Lote 34
“Self_VI”, 2021
Ana Inácio (n. 1999)
Gelatina e prata sobre papel Quimigrama
Prova única
Dimensões: 12,7 x 17,8 cm
€ 275
Lote 35
“Manto Negro I”, 2021
Ana Inácio (n. 1999)
Gelatina e prata sobre papel
Quimigrama
Prova única
Dimensões: 12,7 x 17,8 cm
€ 225
Lote 36
“Manto Negro II”, 2021
Ana Inácio (n. 1999)
Gelatina e prata sobre papel Quimigrama
Prova única
Dimensões: 12,7 x 17,8 cm
€ 225
Lote 37
“Manto Negro III”, 2021
Ana Inácio (n. 1999)
Gelatina e prata sobre papel
Quimigrama
Prova única
Dimensões: 12,7 x 17,8 cm
€ 225
FLOR DE CERES RABAÇAL (n. 1995)
Sobre a obra
Fiz a licenciatura (2017) em Artes Plásticas na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, onde tive o meu primeiro contacto com a gravura. Posteriormente (2020) completei o meu mestrado em Desenho na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto onde solidifiquei uma postura de experimentação dentro da gravura, tanto a nível do grafismo como da forma que construo a imagem dentro dos alicerces da água forte. Encaro a água forte como algo que combina aspectos do desenho e da escultura, e abordo a de modo a conciliar métodos históricos com uma sensibilidade mais contemporânea, focando me na exploração dos materiais, das superfícies e da química envolvente.
A nível da superfície, tendo a usar os versos (danificados) de gravuras antigas ou de gravuras que dei como terminadas e que apago morosamente com um raspador e lixas. Também uso chapas que me são oferecidas ou que encontro já com marcas, ou ferimentos, na sua superfície. Mesmo que tenha decidido posteriormente que desenho irá ser gravado, este pode sofrer alterações consoante a distribuição das marcas já presentes na superfície do metal. Fazer uma gravura (especificamente água forte) é, para mim, quase como um acto de violência e por isso eu furo, corto e rasgo o metal com os instrumentos cortantes da água forte de modo a construir a imagem.
Gravo a imagem no mordente durante o máximo tempo possível sem, no entanto, cair na imperceptibilidade da imagem que pode resultar da submersão excessivamente prolongada do metal no mordente. O resultado das mordeduras prolongadas, mas controladas é uma gravura profunda, que produz na impressão resultante não só negros profundos como uma superfície impressa extremamente texturizada, quase como se de um baixo relevo se tratasse. A gravura tem para mim uma qualidade inerentemente escultórica, e que isto seja evidente nas provas tiradas de uma matriz é fundamental para o meu trabalho.
A manipulação dos aspectos químicos da gravura é outro aspecto fundamental do meu trabalho, e faço experiências com diferentes materiais tanto impermeáveis como permeáveis de modo a desconstruir o verniz convencional utilizado na água forte, procurando a criação da imagem fomentada pela exploração de materiais.
O mundo natural é a fonte primária do meu imaginário; tendo a interpretar a natureza através de uma lente de violência e tenho um fascínio pela morte e pelo vazio, mas também pela calma e pela gentileza. Faço muitos estudos da natureza, por gosto e por aprender, e o grafismo rápido típico do estudo tende a não ser processado e digerido por mim e acaba até por revelar se nas gravuras finais. Gosto do esquiço. Interessam me as pessoas e os animais, os seus corpos (cujas características físicas e linguagem corporal revelam o percurso das suas vidas), as suas interações no mundo real e a sua presença no imaginário gráfico e folclórico que acompanha o espólio da humanidade. Interessa me a Natureza.
O Éter nas Paisagens de Neide Carreira
As paisagens de Neide Carreira poderão ser comparadas com as pinturas dos mestres holandeses modernos e à paisagística inglesa oitocentista, como a de J. M. W. Turner. No entanto, as imagens de Carreira lembram nos da sua contemporaneidade relativa, estando presente o efeito humano e social na apropriação terrestre pelo Homem e pela indústria.
As suas pinturas são, efetivamente, uma homenagem à paisagem europeia onde cresceu, com o moto mutatis mutandi, não ignorante da função de memento pessoal que cada tela, frequentemente de pequeno formato.
Se Raquel Henriques da Silva se refere à obra final do artista oitocentista português Henrique Pousão como possuidora de” valores ‘dissonantes’ da atmosfera e da vegetação cujas sombras materializam uma espessa luz colorida, segundo a poética pessoal que o pintor desenvolveria”, afirmo justamente o mesmo relativamente à obra ainda inicial de Neide Carreira.
O observador fica, invariavelmente, mesmerizado pelos difusos rasgos de luz de uma paisagem simultaneamente etérea, real, antropomorfizada e tangível. Tal como a Arcadia Contemporary Gallery afirma sobre a obra do igualmente contemporâneo Renato Muccillo, “We are mesmerized at first by the luxurious colors and near miraculous use of light”, também Carreira usa a manipulação manchista da luz como ponto de interesse máximo nas suas composições, jogando com focos de luz de carros, de estradas, luzes de diversos ambientes em diferentes horas do dia e do ano.
São obras pejadas do éter condutor da luz, da temperatura, da humidade e da sensação real de cada uma destas pequenas janelas, também herdeiras osmóticas da, embora suavizada, teorização paralelística de Noronha da Costa e dos seus “ecrãs”.
A artista é, com toda a certeza, uma das mais importantes criadoras da contemporaneidade, devendo ser considerado essencial para qualquer interessado, colecionador e/ou investidor possuir nas fileiras do seu acervo um “Neide Carreira”.
Lote 44
“Road with Distant Lights”, 2022, Neide Carreira (n. 1992)
Pintura de paisagem Óleo sobre madeira
Dimensões: 30 x 20 cm
€ 750
Eduardo Reynaud 2022 Historiador da ArteLote 46
“Morning in Late Spring”, 2021, Neide Carreira (n. 1992)
Pintura de paisagem Óleo sobre madeira
Dimensões: 30 x 23 cm
Lote 47
“Sem Título (Paisagem)”, 2021, Neide Carreira (n. 1992)
Pintura de paisagem. Óleo sobre madeira
Dimensões: 23 x 30 cm
Lote 52
“Sem Título (Paisagem)”, 2021, Neide Carreira
Pintura de paisagem. Óleo sobre madeira
Dimensões: 45 x 30 cm
€ 1 000
Lote 53
“Nocturne With Distant Lights”, 2022, Neide Carreira
Pintura de paisagem. Óleo sobre madeira
Dimensões: 23 x 30 cm
€ 850
Lote 54
“Autumn Evening”, 2021, Neide Carreira
Pintura de paisagem Óleo sobre madeira
Dimensões: 35 x 23 cm
Lote 55
“Autumn Evening II”, 2021, Neide Carreira
Pintura de paisagem Óleo sobre madeira
Dimensões: 35 x 23 cm
Lote 58
“Coastal Landscape”, 2022, Neide Carreira
Pintura de paisagem. Óleo sobre madeira
Dimensões: 30 x 23 cm
€ 850
Lote 59
“5pm”, 2022, Neide Carreira
Pintura de paisagem. Óleo sobre madeira
Dimensões: 30 x 23 cm
€
Lote 60
“Road at Sunset”, 2022, Neide Carreira (n. 1992)
Pintura de paisagem. Óleo sobre madeira
Dimensões: 30 x 16,5 cm
€ 700
Lote 61
“Landscape in Grey”, 2022, Neide Carreira (n. 1992)
Pintura de paisagem. Óleo sobre papel
Dimensões: 34 x 19 cm
€ 700
A Gesamtkunstwerk de Maria Tristão
As obras de Maria Tristão (n. 1999) são um desafio. Seja pela imagética, técnica, estilo ou até pela própria escala assoberbante. Herdeira direta de visões germânicas, não só no seu wagneriano apelido, traz à sua contemporaneidade uma obra completa, inebriante, ao estilo horror vacui de Makart ou de Klimt, transmutada também por semióticas tais como as de Kirchner ou Kokoschka, de índole lancinante expressionista.
Olhando para dentro, Tristão é também rica pelas suas tangências a experiências anteriores de criadores portugueses, como as de António Carneiro, onde ecoam ainda reverberações dos “Melgaço” e das mudanças radicais de cromatismo nas temáticas frequentemente paisagísticas que opera.
A obra Fórnea (2022) é, talvez, o melhor exemplo do que falo. Com a sua paleta garrida, escala parietal e estilo fortemente abstrato, é uma obra sensorial em todas as possibilidades da palavra. Não ficando minimamente atrás de Rothko na sua teorização da cor, é uma pin tura que também obriga à abstração do próprio observador. De perto, somos envoltos pela totalidade da sua escala, engolfados pelas suas cores vibrantes, aveludadas, extensas, envolventes, quentes. De longe, a teoria de John Berger é ativada e somos imediatamente levados a encontrar formas, figuras e uma lógica no aparente caos, que nos mostra a importância do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. É a apoteose contemporânea da Gesamtkunstwerk bidimensional. E nada disto é difícil, apesar de desafiante.
São obras de autor, de cariz pouco comercial e fortemente decorativas. Mas, embora possa não parecer, é tudo isto que contribui para o testemunho único de uma autora partilhado irmãmente pelas suas peças e para serem também peças irrepetíveis, de rara sensibilidade e beleza.
Eduardo Reynaud 2022 Historiador da ArteLote 64
“Quanto Mais Mexes”, 2021, Maria Tristão (n. 1999) Óleo sobre tela. Dimensões: 215 x 180 cm