Torre de Moncorvo na rota da faiança a partir do Séc. XVI Arnaldo Duarte da Silva*
1 – INTRODUÇÃO
Em 2004, foi adquirida a habitação com o nº 14, na rua Dr. Campos Monteiro, outrora rua da Misericórdia (fot. 1), em Torre de Moncorvo, para aí ser instalado o Núcleo Museológico da Fotografia do Douro Superior (fot. 2). Apesar dos inúmeros condicionalismos colocados ao seu licenciamento, o sonho materializou-se, nunca esmorecendo o entusiasmo que nos movia, antes, foi sendo reforçado
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por episódios de verdadeira descoberta, como sucedeu aquando da retirada da parede, ao nível do rés-do-chão, do alçado tardoz (fot. 3).
Este momento confrontou-nos com a presença de milhares de fragmentos de peças de cerâmica, entre outros objetos de interesse patrimonial. A retirada de terra e dos objetos aí exumados foi
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precedida de alguns contactos, no sentido de que especialistas procedessem, nesta primeira fase, a uma intervenção arqueológica, o que não veio a verificar-se por falta de técnicos, entre outros aspetos. Avançámos, então, com a retirada dos inertes do dito espaço.
O acervo da cerâmica encontrado, comporta a fabricada em Bisalhães, concelho de Vila Real; a cerâmica vermelha de produção dos centros oleiros do Felgar e do Larinho (esta recolhida em duzentas caixas); louça de importação, alguns fragmentos de porcelana da China, identificados como sendo da Dinastia Qing, período de Kangxi, compreendido o seu fabrico entre 1662 e 1722 e um fragmento de um pequeno prato, com a identificação de um friso
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de gregas em ouro e contorno a preto e vermelho, do período Qianlong, datado de 1736 a 1795, e a que suporta o presente trabalho, enquadrada na tipologia de faiança. __________________________ * Professor do 1º Ciclo; diretor e proprietário do Núcleo Museológico da Fotografia do Douro Superior
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