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IGREJAS, MISERICÓRDIA E CAPELAS
TOMO II
Depois, a 30 de Junho de 1787, obteve Catarina Gil (viúva do acima dito João Esteves Álvares), faculdade da Nunciatura Apostólica para poder mandar celebrar nas mesmas condições acima missa na sua quinta da Rica Fé e também seus filhos João António (que morreu logo), Domingos António, D. Teresa Maria, D. Rita Sebastiana e D. Mariana Vitória, que todos vivem à lei da nobreza na sua quinta de Rica Fé. Igualmente também essa concessão lhes dá faculdades para mandarem celebrar missa em Bragança na capela de Santo António, extramuros, hoje chamada do Toural (593). Em 1772 era o padre Caetano de Morais Ferreira de Castro, reitor de S. Gens, do lugar de Parada, termo de Bragança, administrador de um vínculo e capela da invocação de Santo António do Toural, extramuros da cidade de Bragança, instituído pelo padre Estêvão de Morais Carvalho, com o encargo de uma missa cantada no dia do santo e mais cento e quatro rezadas em cada ano. E como os bens do vínculo não chegavam ao rendimento da Lei Novíssima de 3 de Agosto de 1770, a requerimento do administrador foi abolido e seus bens declarados livres e alodiais (594). Do lado de fora da capela há um túmulo em forma de caixão levantado, de mais de um metro, e nele está sepultado António Figueiredo Sarmento, governador de Bragança (595). A capela de Santo António é hoje propriedade de António Paulo Gil de Figueiredo Carmona e de seu filho doutor José Hipólito de Morais Carmona. Esta capela, enquanto arquitectonicamente seja pouco notável, é muito airosa e a sua construção deve ter sido bastante dispendiosa, atenta a grande quantidade de granito nela empregado. Sobressai em cima de uma plataforma assente sobre um maciço de entulho de mais de dois metros de altura, ladeado de escadaria pelas quatro bandas, tendo cada uma seis degraus que vão estreitando em forma de pirâmide quadrangular truncada, tudo de granito, bem como as suas esquinas, portal e cornija. Sobre a ascendência e família de António de Figueiredo Sarmento ver artigos de Moura Coutinho em A Pátria Nova, números correspondentes
(593) Documentos existentes no Arquivo da Casa da Rica Fé. (594) Ibidem. (595) Vide o tomo I, p. 332 destas Memórias…, e o Livro das Missas, sepulturas ..., Papéis da Igreja de Santa Maria, matriz desta cidade de Bragança.
MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA