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ETNOGRAFIA

TOMO XI

Ouvi em Vale de Lamas, concelho de Bragança, esta anedota que, na ideia, se liga à fábula da viúva por forma ainda mais concisa e não menos cáustica. O criado, logo que faleceu o amo, entrou a cantarolar: Meu amo, quando morreu, Deixou-me recomendado: Que me metesse de amo E me deixasse de criado. — Ah desavergonhado!, ainda ele aqui está e já cantas assim! O criado, porém, não fez caso e continuou na mesma: Meu amo quando morreu, ............................................ ............................................ e, quando no regresso do enterro, o criado repetiu a quadra, disse-lhe a viúva: Cala-te não digas mais, Não cantes mais isso; Que a mim também mo dixo, Que a mim também mo dixo. O João Balesteiro, de Vale de Lamas, meu informador, dizia que os dois últimos versos da quadra, deviam ser cantados no tom da moda da segada como a viúva havia feito.

Apodos irritantes e epigramáticos (451) Dos moradores de DONAI, concelho de Bragança, diz-se: «Donai, muito prato e nada hai». Alusão irónica ao maneirismo perliquitetes dessa gente. Ver artigo Quintela de Vinhais, tomo IX, pág. 270, destas Memórias. MOFREITA — No tomo IX, pág. 265, falamos do ditério de papalvos, aplicado aos de Mofreita e algo também aos de Palaçoulo, concelho de Miranda do Douro. Na página 268 mostramos como o costume de satirizar a papalvice se encontra em diversos povos antigos, lembrando, a propósito, os beócios alfinetados pelos gregos, apesar de terem produzido pessoas notáveis, como foram: Hesíodo, Píndaro, Plutarco, a famosa Corina, cinco vezes vencedora (451) Ver tomo IX, p. 260, destas Memórias.

MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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