Diálogo Urbano nº2

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AIDS

Aprenda como se prevenir e evitar de pegar a doença

Escola de música É um oásis cultural em São João de Meriti

Mulheres da Paz

Aprendem o ofício de pedreiras no Morro da Providência


Foto: Nicole Nagel

A atriz Malu Mader e a sócia da Conspiração Filmes Mini Kerti visitaram o Complexo do Alemão, no dia 15 de maio, por um motivo especial: exibir o documentário Contratempo, dirigido por elas, para cerca de 30 jovens. O filme conta a história de integrantes do projeto Villa-Lobinhos, que insere jovens de comunidades populares na música clássica. Após a sessão, elas participaram de um bate-papo com os espectadores. A apresentação fez parte da oficina de formação de Jovens Agentes de Comunicação do PAC. Para Malu Mader, o título Contratempo revela um pouco a essência do que o filme passa. “Na música, o contratempo acontece no tempo fraco. Mas é importante. Não existe música sem contratempo. Na vida, o contratempo te impede de chegar em algum lugar mas pode te levar para algo bom”, explica. A ida ao Alemão é apenas um passo para as diretoras chegarem ao público que desejam atingir. Ao invés do circuito comercial de cinema, elas querem percorrer um caminho alternativo e poder dialogar com os jovens sobre outras possibilidades de vida. “Quando fizemos o filme, Mini e eu tentamos fugir de passar mensagens, queríamos apenas ouvir os meninos e meninas com mais atenção. Mas acho que o filme passa esperança sim, mesmo com todos os contratempos e a grande tragédia que é a morte de um dos personagens. Contratempo é um filme de afirmação da vida. Talvez por isso a vontade de exibí-lo em comunidades e escolas. E a receptividade, no Alemão, foi muito boa. Eu fiquei muito empolgada conversando com eles. Boas perguntas, olhares inteligentes. Saí de lá feliz”, diz Malu.

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Quem estiver interessado em exibir o filme na sua comunidade deve ligar para 2512-6208 e falar com a Cris.

O projeto Roda de Samba e Capoeira do Mestre Manel atende hoje a 200 jovens no núcleo do Canteiro Social do PAC, Laboriaux, Vila Verde, Campinho e Escola Municipal Paula Brito. Todos na Rocinha, bairro onde mora. Com o apoio da Light, Secretaria de Cultura e Governo do Estado do Rio, os alunos recebem gratuitamente uniforme de capoeira e lanche. Além disso, eles contam com aula de reforço escolar no Nosso Shopping, na comunidade. Mestre Manel começou a dar aulas de capoeira, em 1984, na Rocinha. Por falta de recursos, passou a dar treinos em bairros da Zona Sul. “Dar aula na Gávea, Ipanema e Leblon me proporcionou alunos bem bacanas. Mais tarde, eles me trouxeram contatos que me possibilitaram patrocínio para esse projeto, que é capaz de formar cidadãos e dar profissão aos jovens”, diz. Embora, hoje, o Mestre só dê aula na Rocinha, ele promove o encontro e o diálogo dos alunos com pessoas de dentro e fora da comunidade. “Todo primeiro domingo do mês, fazemos uma roda no Posto 10, em Ipanema. Lá reunimos cerca de 250 pessoas. Muita gente para pra ver. Os jovens conhecem outras pessoas, saem da Rocinha e fazem um show. Isso aumenta a autoestima deles”, conta. Segundo o aluno Puma (Eduardo Silva), de 13 anos, a capoeira, além dos seus encantos, traz amizade, tranquilidade e sonho com o futuro: “Eu adoro as músicas e o jogo da capoeira. Mas ela também me ensinou a ter mais calma e concentração. Eu era muito nervoso, apanhava todo dia da minha mãe. Hoje não. Aqui gosto de todo mundo, ninguém é meu inimigo. E se eu tiver futuro na capoeira, quero dar aula”, conclui.

Foto: Divulgação

Malu Mader no Alemão

Capoeira na Rocinha


Foto: Divulgação

Alvorada Revista resgata história de comunidades Rap Popular Brasileiro

Cufa realiza primeiro festival de rap Um novo espaço para a música hip hop está se formando com a primeira edição do RPB Festival – Rap Popular Brasileiro. O evento, realizado pela Cufa (Central Única das Favelas), vai ser palco para rappers de todos as partes do Brasil darem seu recado e mostrarem seu talento. Até setembro, o RPB promove eliminatórias estaduais, no Rio de Janeiro e em diferentes cidades do país, que classificarão para a final nacional. Em setembro, adeptos do hip hop do Brasil se reunirão para elegerem juntos a cara e o som da nova geração do rap nacional, debaixo do Viaduto Negrão de Lima, em Madureira. Em todos os sábados de junho, o público poderá conferir, no viaduto de Madureira, as apresentações de dez grupos, em cada umas das quatro eliminatórias, e a votação popular e do júri especializado que irá avaliar letra, música e performance de palco. Quem for, poderá assistir, ainda, às finais do campeonato estadual, seletiva para o brasileiro, da Liga Internacional de Basquete de Rua (Liibra). “Muitos sons e talentos serão revelados nos palcos do RPB nos quatro cantos do Brasil, além de revivermos o calor dos grandes festivais”, acredita Nega Gizza (foto acima), diretora do festival.

O resgate histórico e cultural de quatro comunidades cariocas - Morro da Providência, Pedra de Guaratiba, Jardim Gramacho e Morro da Serrinha - ganha representação sob formato de teatro revista, em que 12 jovens atores da Cia. Spectaculu in Cena interpretam, dançam e cantam no espetáculo Alvorada Revista. A peça conta particularidades destes locais que deram origem a grandes artistas e a manifestações culturais como o samba e o jongo. “Através desta montagem, queremos desmistificar a ideia de que favela é cenário de violência e marginais. As cenas valorizam a cultura e a riqueza de personagens e artistas que saem de lá, como Cartola e Machado de Assis”, diz a produtora geral Cíntia Fernandes. A concepção do espetáculo surgiu em 2007 quando os alunos da Spectaculu - a Escola Fábrica de Espetáculos -, de Gringo Cardia, desenvolveram o projeto Belas Favelas. Os alunos percorreram sete comunidades que foram documentadas em vídeos, fotografias, maquetes, almanaque e peça teatral batizada de Alvorada Revista, em homenagem ao sambista Cartola, que viveu na Mangueira. Em 2008, os ex-alunos criaram a Cia. Spectaculu in Cena, que tem como patronos Gringo e Marisa Orth. No ano seguinte, a Cia. decidiu remontar o Alvorada Revista de forma itinerante. “Queremos percorrer mais locais, atingir mais pessoas e dar retorno ao público do trabalho que fizemos”, conta Cíntia. Toda a montagem da peça, texto, cenário, figurino, iluminação, produção, é por conta da Cia., sob direção da atriz e professora de teatro Cyda Morenyx. Alvorada Revista estreou em maio, em pequena temporada, no Teatro Raul Cortez, em Jardim Gramacho, Caxias. Comunidades interessadas em receber o espetáculo devem entrar em contato com Tiago Ortega. Tel: 2547-0463. Email: tiagoortega@hotmail.com

Inscrição diálogo urbano | maio - junho de 2009

Um dos critérios fundamentais para inscrição de grupos e artistas solos é o ineditismo da música. Mais informações no site www.rpbfestival.com.br.

Premiação Para os campeões nacionais, premiações em dinheiro: R$ 5 mil para o 1º colocado; R$ 3 mil para o 2º; e R$ 2 mil para o 3º colocado. E para os campeões estaduais, premiação em dinheiro: R$2.000,00 para o 1º colocado; R$ 1.000,00 para o 2º colocado; R$ 500,00 para o 3º colocado. Foto: Divulgação

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Por Camila Elias Fotos: Rodrigo Torres

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Estrada LUB A partir das peladas no Sírio Libanês, Filó montou uma equipe de 15 atletas que percorreram diversas comunidades e cidades do Rio fazendo oficinas e exibições do streetball. Em 2005, formou um núcleo em São Paulo e logo montou sua primeira escolinha em Vigário Geral. Hoje, desde janeiro, a liga conta com uma sede em Marechal Hermes, o Celub (Centro de Cultura Urbana), onde era o Disco Voador, antigo “templo” do charme. “Aqui no Celub, oferecemos não só o basquete de rua, mas judô, capoeira, hip hop, grafite, tae kwon do,

dança de salão e ginástica para a terceira idade para quase 500 pessoas. Agora não temos mais risco de tiroteio e qualquer pessoa de qualquer comunidade frequenta. É um lugar neutro e que funciona como um clube, o pessoal vem, se encontra e pode fazer diversas atividades. A LUB deixou de ser uma necessidade só de Marechal para ser também de seu entorno”, diz Filó. O Celub também trouxe uma nova opção para aqueles que não tinham onde praticar basquete. Segundo Filó “aqui em Marechal só temos uma quadra. Para não ter disputa pelo espaço, o pessoal do futebol quebrava as tabelas e a garotada ficava sem ter onde jogar”. “Eu sempre gostei de basquete. Treinava no Centro mas o projeto acabou e para não parar eu vinha jogar na quadra de Marechal. Mas as tabelas foram quebradas e eu parei de praticar até vir para LUB”, diz Raphael Regis, de 16 anos. Atualmente a LUB conta também com uma parceria no Ceará, a Perfhorma do ex-atleta Dinei Souza.

Streetball O streetball, nascido nos guetos americanos, é praticado essencialmente nas quadras de ruas e influencia moda, comportamento e linguagem. Embora o vencedor seja determinado pela quantidade de pontos, o que está em jogo não é a disputa de quem faz mais cesta, mas a leveza, a plástica, a arte, a brincadeira. É uma espécie de pelada, ou racha, que diverte tanto os jogadores quanto os torcedores. A partida pode ser mano a mano, 3X3, 4X4 ou 5X5, em meia quadra ou quadra inteira. “Se não houver as ‘firulas’ como fitas, cravadas, ovinhos e ponte aérea não é basquete de rua. Quem assiste conta com um show. Nos intervalos, rola duelo de Mc’s, Hip Hop, B Boys. E a música que toca enquanto jogamos dá mais emoção. A cada fita um brinca com o outro e a torcida vibra”, diz Ednei Moreira, atleta de streetball da LUB.

diálogo urbano | maio - junho de 2009

Fitas, cravadas, ponte aérea, raquetada, ovinho, caneta são alguns dos movimentos indispensáveis que misturados ao som do hip hop levantam a torcida do streetball. Bonita para os olhos e menos competitiva, esta modalidade derivada do basquete ganhou as ruas do Brasil incentivada pela Liga Urbana de Basquete (LUB). Mas não para por aí. Mais do que streetball, a LUB difunde manifestações da cultura urbana como a capoeira, o grafite, o break, o hip hop, o judô e a dança. Em 2004, a LUB formou a primeira equipe de streetball do país. A iniciativa partiu do produtor cultural, engenheiro e um dos mentores do movimento Black Rio, na década de 70, Asfilófio de Oliveira, o Filó. Foi ele quem produziu o primeiro programa da NBA (a liga norte-americana de basquete) no Brasil, Basquete sem Fronteiras, que reuniu os 50 melhores jovens atletas do mundo na cidade do Rio. “Logo após este evento, fui para o Harlem, em Nova York (EUA), e lá me deparei com o basquete de rua, o streetball. Quando voltei, percebi que meu filho, de 18 anos, estava chegando bem depois do horário que saía da faculdade, suado e com ‘larica’, uma vontade de comer voraz. Estranhei. Descobri que o atraso era porque ele ia jogar streetball no Aterro do Flamengo. Decidi, então, montar um time no antigo clube Sírio Libanês, em Botafogo. Lá, apareceram 200 alunos”, relembra Filó.

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Filó, de camiseta branca, com o pessoal do streetball

Oportunidades

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A LUB funciona como uma espécie de referência do basquete de rua, no Brasil. “Quando os campeonatos de basquete se aproximam, os clubes convidam nossos atletas para participar. Mas quando acabam, eles são mandados de volta. Temos três atletas - Rodrigo Vulcão, Douglas e Diego - que acabaram de disputar o campeonato em Minas Gerais. Ganharam e agora estão voltando”, diz Filó. No judô, Lucas Correia de 15 anos tem a oportunidade de sonhar em construir uma carreira no esporte ou acadêmica: “Por estar na LUB, participei de uma seleção para intercâmbio. Ganhei uma bolsa para estudar inglês e uma pós-gradução no

exterior após eu me formar. Além disso, ela pagou minha federação para que eu possa disputar os campeonatos oficiais. Quero ser campeão no judô e engenheiro químico.” “Apesar de pouca recompensa financeira, os atletas saem de suas comunidades e, de repente, viram estrelas. Mas precisamos de mais incentivos para que o projeto prossiga. Contamos com o trabalho voluntário de 14 professores, o apoio do CDI (Comitê pela Democratização da Informática), que vai nos ceder computadores para aulas de informática e serviços para a comunidade; da We Do, que nos ajuda na criação da identidade visual, e da Accenture, que oferece treinamento para o mercado de trabalho. Mas patrocínio ainda não temos”, desabafa Filó.

Equipe praticando capoeira

Ednei (primeiro, à esquerda): com música jogamos com mais emoção

O LUB (Liga Urbana de Basquete) fica na Rua Latife Luvizaro, nº 289 | Marechal Hermes, antigo Disco Voador,


Blogueiros mostram o cotidiano das favelas do Rio Por Renata Sequeira

Ferramenta de divulgação Emerson dos Santos, mais conhecido por Fiell, autor do blog “Visão da Favela Brasil”, diz que “o blog é uma ferramenta de divulgação, seja ela cultural ou de denúncia. “Tudo que acontece no Santa Marta e em outras comunidades, nós postamos”, explica Fiell, que trabalha no Hospital Samaritano. “Visão da Favela Brasil”, além de ser uma agenda cultural de todos os eventos que acontecem na comunidade, é também um importante ponto de encontro na web da galera do hip hop. Antes de conhecer essa ferramenta, Fiell fazia um jornalzinho e distribuía pela comunidade. “Mas a internet é uma importante ferramenta de pesquisa, divulgação de música, rede

de amigos. E o blog auxilia a descobrir novas histórias, principalmente aqueles que são feitos por moradores de áreas de baixa renda. Basta colocar alguma coisa na internet para que milhões de pessoas tenham acesso”. Outro exemplo que vem do Santa Marta é o blog do projeto “Aos pés do Santa Marta”, atualizado por Pierre Ávila. O blog foi criado para divulgar os eventos realizados na favela pelo projeto. “O blog, além de ser uma espécie de arquivo, com fotos dos eventos que realizamos, é uma forma de as pessoas que não moram na favela conhecerem o trabalho desenvolvido aqui”, diz Pierre, que já foi morador do Santa Marta. Além das fotos dos eventos, o internauta pode conhecer melhor as aulas de música, que acontecem com os jovens da comunidade. “O blog é uma oportunidade de mostrar que fazemos música de boa qualidade. Nosso intuito é que outros artistas da comunidade, e não apenas quem participa do projeto, possa mostrar o trabalho”.

Visão de dentro Quem tem a mesma opinião de Fiell é o blogueiro e músico Michel Fernandes, o MC Don, autor do blog “A Voz da Cidade de Deus”. “Como morador da Cidade de Deus eu sentia que poderia criar um canal para divulgar as coisas positivas que acontecem na favela. É comum ouvir de moradores que aqui não acontece nada de bom. A ideia é usar o blog para mostrar o contrário”, diz Don.

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Não há um consenso sobre o número de blogs no mundo. Mas, com certeza, ultrapassa a casa dos milhões. Esses “diários virtuais” já foram considerados uma moda passageira, mas hoje são um importante fenômeno de comunicação. Essa ferramenta gratuita, fácil de usar e disponibilizada na internet ganhou as favelas do Rio de Janeiro. Moradores da Maré, Cidade de Deus e Santa Marta são exemplos de que os blogs são uma importante forma de mostrar, com um olhar de dentro, o que acontece nas comunidades onde vivem. “A voz da Cidade de Deus”, “Cotidiano”, “Visão da Favela Brasil”, “Fotojornalismo Maré” e “Aos pés da Santa Marta” são alguns blogs de pessoas que dedicam parte de seu tempo na atualização desses espaços. Os assuntos giram sempre em torno das comunidades e não fogem de temas polêmicos.

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Ano passado, por exemplo, na época das eleições para prefeito da cidade do Rio, Don colocou a agenda completa das visitas dos candidatos, mas foi com a morte de uma moradora da comunidade que o blog recebeu um grande número de leitores. “Quando Michelle Silva Lima morreu, vítima de uma ação policial quando estava lavando roupa dentro de casa, eu coloquei informações que só uma pessoa de dentro poderia ter. O blog teve muitas visitas por causa disso”. Foi também com a morte de um morador, só que dessa vez na Maré, que o blog “Fotojornalismo Maré”, criado este ano, recebeu um grande número de visitas e comentários, surpreendendo uma de suas autoras, Vânia Bento. “Como o blog é recente, nós ficamos surpresas com a quantidade de comentários que recebemos. Nós colocamos informações sobre a morte do jovem Felipe dos Santos Correia de Lima, de 17 anos, morador da Baixa do Sapateiro. Vários amigos dele nos mandaram recados, através do blog”, conta Vânia, que escreve com mais duas moradoras da Maré, Viviane e Gizele. O nome do blog dá a impressão de que lá se encontram apenas fotografias, mas há textos de outras pessoas e informações de outras comunidades também. Um dos textos, por exemplo, aborda a ques-

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tão dos muros na favela da Rocinha. “No início, nós pensamos em fazer um blog apenas sobre a Maré, mas percebemos que as outras favelas também têm os mesmos problemas que a gente”, explica Vânia. Sem computador em casa, Vânia usa o do trabalho, da casa de amigos ou ainda da biblioteca do Ceasm (Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré), onde fez seu primeiro curso de fotografia.

Cotidiano da Maré Também da Maré é o blog “Cotidiano”, do fotógrafo da agência Imagens do Povo (Observatório de Favelas) e estudante de ciências sociais Francisco Valdean. “Com o meu ingresso na fotografia, eu produzi um número muito grande de fotos e o blog me pareceu uma boa ideia para disponibilizar essas imagens. Como eu sempre gostei de escrever, vi que também poderia usar o blog para publicar os meus textos”. Um desses textos é “Os muros que circundam a cidade”. “Mesmo que não seja um tema que interesse diretamente a Maré, já que ela não está entre as 13


Foto: Divulgação / Edu Fotonauta

Assim como Valdean inspirou as meninas do “Fotojornalismo Maré”, uma entrevista da rapper Nega Gizza falando sobre novas tecnologias inspirou “A Voz da Cidade de Deus”. “Eu ouvi a Nega Gizza dizer que precisava atualizar o blog dela e fiquei interessado no assunto. O primeiro passo foi procurar sites que me ajudassem a criar uma página. Existe um vasto material de apoio, com explicações e o passo a passo”, explica Michel.

A Voz da Cidade de Deus - http://avozdacidadededeus.blogspot.com/ Aos pés do Santa Marta - http://aospesdosantamarta.multiply.com/ Cotidiano - http://www.valldean.blogspot.com/ Fotojornalismo Maré - http://fotojornalismomare.blogspot.com Visão da Favela Brasil - http://visaodafavelabr.blogspot.com/

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favelas que terão muros construídos, é um assunto muito importante e interessa a cidade toda”. “Os blogs são uma ótima oportunidade de “documentar a história”, como o vídeo que eu coloquei com imagens da comunidade de 1981 e a internet é uma ótima ferramenta de inclusão. Infelizmente a maioria dos moradores da Maré não tem computador em casa e usam lan houses. Aqui deve ter uma média de três lojas em cada rua”, completa.

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Seu Atanásio, da Maré

O alfaiate que ajudou a alinhar as primeiras ruas da Maré fala, com orgulho, das primeiras conquistas da comunidade Por Gizele Martins Fotos: Thaisa Araújo

“Tenho orgulho de ver como tudo isso aqui cresceu. Muita coisa mudou, mas o que me agrada é saber que fiz parte dessa construção, que faço parte dessa história”, diz o alfaiate Atanásio Amorim, de 78 anos, mais conhecido como Seu Atanásio, pai de uma filha e avô de três netos, um dos moradores mais antigos da Maré, complexo de 16 favelas, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ele ajudou a alinhar as primeiras ruas da comunidade, que tem hoje mais de 130 mil moradores (Censo IBGE, 2002). Seu Atanásio veio do Maranhão em 1954, com 24 anos. O objetivo era o de vir para o Rio apenas para morar e trabalhar, mas acabou se envolvendo e fazendo parte dessa linda história que é a construção da Maré. Assim que chegou virou presidente interino da Associação de Moradores da Baixa do Sapateiro, uma das primeiras favelas da Maré, e participou também de outras conquistas iniciais da comunidade, como a inauguração das caixas d’águas na Baixa, e a grande luta pela permanência dos moradores no local. “Vim morar aqui e acabei me envolvendo com tudo o que era relacionado à favela. Fiz parte da associação, a primeira a ter registro no estado e que serviu de exemplo para muitas outras associações que ainda não tinham o seu próprio documento”, diz.

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Sem as cercas

diálogo urbano | maio - junho de 2009

Na época, a maioria das casas eram barracos; metade deles ficava na maré, ou seja, na água, como palafitas, metade em solo fixo, todos na Baixa do Sapateiro. E o alfaiate, junto a outras pessoas, começou a pensar em soluções para o alargamento das ruas, de como se poderia facilitar o acesso de carros e dos moradores. “Fizemos um projeto e encaminhamos para o governo pedindo a autorização para retirada das cercas que havia em torno do terreno. Lembro até que muitas pessoas ficaram contra o projeto. Uma moradora, Dona Rosa, era contra o alargamento das ruas. Mas depois da obra, ela mesma veio e agradeceu pela idéia ter dado certo. Segundo ela, o acesso à comunidade ficou bem melhor”, diz com orgulho seu Atanásio. Outro problema que ele teve que enfrentar foi quando o então Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) reivindicou o terreno onde estava a Baixa. “Saiu um boletim do INPS, dizendo que a área era dele e que a região tinha ser desocupada. Corri atrás, procurei as autoridades, e o INPS desistiu da ação.” Mas isso não era suficiente para garantir a posse do terreno. Tentativas de remoção aconteciam aqui e ali. Até que o 2º Congresso de Favelas do Rio produziu um documento que sustentava que favelas que tivessem, pelo menos, 20% de casas feitas de alvenaria não poderiam ser removidas, a não ser em casos de calamidade pública. O governo aceitou os termos do documento. “E como já tínhamos mais de 20% das casas de alvenaria na Maré, conseguimos ficar, garantimos que ninguém tirasse a gente daqui”. Sucesso mesmo foi em 1977, com a implantação das caixas d’água na Baixa, “Foi maravilhoso esse dia, foi uma grande conquista. Nesse dia veio o governador, os jornais, sem contar as mais de 20 mil pessoas que já moravam aqui. Todos vieram participar da inauguração”, fala.

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Conseguimos desviar Linha Vermelha e ganhamos casas de

a

alvenaria...

Linha Vermelha Em 1979, os moradores tiveram que encarar outro drama. “O Projeto Rio causou grande conflito. Tivemos que procurar novamente as autoridades. Este projeto previa a urbanização da Maré e a construção da Linha Vermelha. Mas com toda a nossa luta conseguimos fazer com que a via expressa não acabasse com as casas, pois ninguém tinha para onde ir, principalmente quem morava na água. Depois de muita luta, conseguimos desviar a construção. Tiramos até proveito disso, com o inicio das casas de alvenaria. Isso foi o começo de tudo na Maré, o grande desenvolvimento”. Até hoje Seu Atanásio guarda com cuidado todos os documentos do tempo que passou pela associação. Para ele, esta é a forma de provar tudo o que ele e seus amigos fizeram para o bem da comunidade. “Guardo algumas fitas e diversos documentos e fotos. Estão todos aqui comigo. Tudo isso é história, são documentos da construção da Maré. Guardo todos com muito orgulho”.

Museu da Maré Todas estas e outras histórias podem ser encontradas no Museu da Maré, espaço também de muito carinho do alfaiate, que é sempre convidado a ir até lá para contar um pouco da sua história. “Fiquei muito feliz com a construção do museu, pois ali está contada toda a nossa história. Quando chego ali, lembro de tudo o que aconteceu. Recomendo que todos visitem o espaço. Mesmo os que não moram na Maré precisam conhecer aquele lugar. Ali está a nossa vida, toda a nossa história está guardada ali”, conclui.

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MULHERES

(pedreiras) DA PAZ PEUS forma mulheres na construção civil

Por Camila Elias Fotos: Rodrigo Torres

diálogo urbano | abril de 2009

Quem pensa que construção civil é trabalho só para homens está enganado. Na Providência, a exemplo de outras comunidades, as Mulheres da Paz metem a mão na massa, não só para afastar jovens da criminalidade, mas para, literalmente, reconstruir o local onde moram. Nem por isso perdem a beleza e a feminilidade.

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No Rio de Janeiro, 40 mulheres, de 18 comunidades populares, que participam do projeto Mulheres da Paz, estão divididas em 11 turmas no curso de “Técnicas Construtivas e Práticas Cidadãs”, do Projeto Espaços Urbanos Seguros (PEUS). O curso dá formação básica para o trabalho na construção civil e permite que elas desenvolvam uma nova profissão e possam contribuir para a construção de moradias mais seguras em suas comunidades.

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O PEUS é parte do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) e está sendo desenvolvido em conjunto com outros dois projetos: Mulheres da Paz e Protejo. O objetivo das Mulheres da Paz é encaminhar jovens em situação de risco social aos cursos profissionalizantes e de cidadania do Protejo. O PEUS propõe o estimulo à recuperação de espaços públicos físicos. A inscrição para o curso de construção civil foi aberta em janeiro, tanto para as Mulheres da Paz quanto para os jovens do Protejo. O inusitado é que na Providência apenas mulheres se inscreveram. E em Nilópolis e Mesquita a turma formada é majoritariamente feminina. “Das 190 vagas oferecidas em todas as comunidades, pouco mais de 30% foram ocupadas por mulheres. Por isso, destacam-se a turma da Providência, totalmente composta por mulheres, contando com 18 alunas, e a turma que reúne moradores de Nilópolis e Mesquita, com 10 mulheres entre os 17 estudantes. Nas outras turmas há pelo menos uma mulher”, diz Daniel Yuhasz, coordenador geral do PEUS, no Rio.

Obra Social Na Providência, mais do que preocupadas em conseguir um emprego na área de construção civil, elas estão entusiasmadas com a possibilidade de promover melhorias nas moradias, seja na reforma da própria casa ou para ajudar um vizinho que precise. Com o conhecimento apreendido, elas economizam nos custos das obras e se sentem independentes em relação aos homens nesta tarefa. Maria Helena que é cabeleireira, dona de salão de beleza onde mora, tem 40 anos e é mãe de 5 filhos, há 12 anos teve a idéia de promover um mutirão e arrecadar materiais para a construção de um muro num lugar onde três crianças caíram. Ela juntou jovens e adultos e, mesmo sem nenhum conhecimento sobre obras, levantou o muro em um dia. Ela diz que não ficou lá essas coisas e que o lugar continuou oferecendo riscos. Tempos depois, o muro foi derrubado e deu lugar ao Mirante da Providência. Hoje ela pretende aprimorar essa experiência. “Onde nós moramos, a obra fica muito cara. Compramos o material e ainda temos que pagar alguém para carregar. Eu gostaria de transformar o telhado da minha casa em laje. Agora, com conhecimento, sou eu mesma que vou bater a laje. Umas colegas também precisam de obra. Vamos organizar outro mutirão, com as participantes do curso, para reformar a casa de quem precisa mais na comunidade. Eu vejo tantas pessoas que moram em barraquinhos precários e tantos governantes que não fazem nada. Eu quero um dia poder tirar essas pessoas dessas habitações e entregar uma casa a elas”, vislumbra ela. “Quando eu me formar nesse curso, eu vou poder, enfim, acabar de construir minha casa. Vou também começar a mandar currículo. Para mim, que não tenho profissão, é uma oportunidade de vir a trabalhar”, diz Rosinete da Conceição, 41 anos, casada e mãe de 2 filhos.


Sem perder a vaidade

Competência feminina Durante o curso de “Técnicas Construtivas e Práticas Cidadãs”, desenvolvido em parceria com o Senac Rio, com duração de 4 meses, os alunos adquirem noções de cidadania e desenvolvem conhecimento dos materiais empregados em obras, bem como leitura de plantas de projetos e participam de aulas práticas de construção civil. Na Providência, as alunas estão construindo três banheiros, no Instituto Central do Povo (ICP), como aplicação das aulas teóricas e práticas. “Durante as aulas, elas aprendem o ofício básico do pedreiro. Aprendem a levantar parede, alvenaria, concreto armado, noções básicas de instalações, bombeiro, eletricista, tudo feito com segurança e equipamento de proteção. Ao concluir o curso, elas estarão qualificadas como pedreiras. Nas tarefas que exigem força, eu ensino a fazer alavanca e usar roldana, o que facilita o trabalho pesado”, explica Guilherme Sardinha, arquiteto e professor do Senac Rio na Providência.

diálogo urbano | maio - Junho de 2009

Embora trabalhar em obra seja uma atividade essencialmente masculina, as mulheres arregaçam as mangas e não perdem a vaidade. Continuam femininas, sem vestígios de quem pegou na enxada ou no cimento. Afinal, os equipamentos de proteção e a indústria de cosméticos estão aí para isso. “Eu tenho unhas compridas e não corto. Sempre uso luva. Ainda não quebrei nenhuma. A poeira do cimento engrossa um pouco meu cabelo. Então eu passei a lavar mais vezes, um dia sim, outro não, e faço hidratação. Durante o trabalho, até batom eu passo”, conta Jordana Santos, de 22 anos. “Sempre estamos bonitinhas e arrumadinhas. A obra não atrapalha em nada. Quando chegamos em casa, passamos logo hidratantes. Durante a semana, trabalho aqui na obra e no final de semana cuido da minha beleza e das minhas clientes no salão”, continua Maria Helena.

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Jorceli Barbosa, de 59 anos, mãe de 4 filhos e 13 netos, que costuma animar as companheiras com samba no pé e rebolado, enquanto trabalham na obra do banheiro, concorda: “Se mandar fazer um pilar, cinta, buraco, escavação, serrar ferro, vergalhão, já sei. Estamos craques. Mesmo que eu não vá meter a mão na massa, sei como cobrar. Entendo de planta, instalação e encanamento. Não sou mais leiga no assunto”. Um dos diferenciais do trabalho das mulheres na construção civil está relacionado ao capricho e acabamento: “A mulher é mais caprichosa. Ela vai construir do jeito que faria a casa dela. Estamos fazendo três banheiros que iam ser destruídos após as aulas. Mas fizemos um abaixo-assinado e agora eles vão permanecer para que fiquem como exemplo do nosso trabalho”, conta Maria Helena. “Muitos serviços na construção civil podem ser realizados por mulheres. A construção civil se racionaliza e moderniza a cada dia e cada vez menos é a força do homem que faz a diferença. Trabalhos de acabamento, por exemplo, tais como pintura ou aplicação de revestimentos cerâmicos, podem ser muito bem desenvolvidos por mulheres, uma vez que demandam planejamento, cuidado e capricho, qualidades normalmente associadas às mulheres no trabalho”, complementa Daniel.

Perspectivas

JORCELI: Entendo de planta, instalação e encanamento

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Em cada um dos territórios beneficiados pelo Pronasci, o PEUS promove um Processo de Projeto Participativo composto de uma série de reuniões com a comunidade local para escolher um lugar e construir coletivamente um projeto arquitetônico para reabilitação ou criação de um lugar de uso público. O projeto também promoverá as obras que devem resultar em um espaço que estimule e favoreça o encontro e a convivência da comunidade. “No PEUS, os participantes do curso de construção civil também terão a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos em obra real que será promovida, a partir do projeto arquitetônico que resultará do Processo de Projeto Participativo. Essa é uma maneira de fortalecer os laços da comunidade e enfrentar algumas das raízes da violência”, revela Daniel.


Pelo fato de muitos jovens estarem começando a vida sexual cada vez mais cedo, e por muitos não optarem ainda por qualquer tipo de prevenção, os riscos de se contrair doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), incluindo a Aids, por esta camada da população tem preocupado as autoridades de saúde. E percorrendo algumas favelas do Rio de Janeiro, como o Complexo da Maré, Manguinhos e Rocinha, pode-se perceber que a situação é delicada. De acordo com o Ministério da Saúde, de 1980 a junho de 2007, foram notificados 474.273 casos de Aids no país. Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a incidência da doença tende à estabilização. Já no Norte e no Nordeste, a tendência é de crescimento. Segundo critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil tem uma epidemia concentrada, com taxa de prevalência da infecção pelo HIV de 0,6% na população de 15 a 49 anos.

diálogo urbano | maio - junho de 2009

Por Gizele Martins

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A única forma de evitar as DSTs é com o uso do preservativo. A enfermeira Vera Maria da Silva Freire, do Posto de Saúde Vicente Mariano, localizado na Maré, reafirma a importância do uso dos preservativos. “O adolescente está fazendo relação sexual mais cedo, sem a preocupação de usar camisinha. Já atendi meninas de 13 anos que engravidaram por descuido. Eles têm em mente que nada vai cedo, acontecer”. Para ela, isso não é mais falta de conhecimende to, é descuido, pois existem camisinha. campanhas para a prevenção de DSTs e de gravidez em televisão, palestras em escolas e unidades de saúde etc. “Aqui, e em outros postos da Maré, por exemplo, qualquer um pode conseguir camisinha, é só fazer uma ficha. Todos podem vir até aqui para agendar uma consulta e até mesmo para tirar dúvidas sobre doenças e cuidados”.

adolescente está fazendo O

relação sexual mais sem a preocupação

Foto: Ricardo Sousa

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Dilma Cupti de Medeiros, coordenadora do Projeto Adolescentro, situado no Centro de Cidadania Rinaldo Delamare, em frente à Rocinha, fala da importância de ter um projeto de saúde como este para oferecer atenção diferenciada aos adolescentes e aos jovens da comunidade. “Muitos adolescentes já iniciam a relação sexual usando camisinha, mas ao longo do tempo eles deixam este compromisso com a própria saúde de lado. Os jovens acham que não precisam ir ao médico, e aqui deixamos claro a importância do acompanhamento para o crescimento físico e psicológico de cada um deles”. De acordo com Dilma, cerca de 99% dos jovens atendidos no Adolescentro são da Rocinha, sendo 95% do sexo feminino. Quando a adolescente chega ao projeto, é preenchido um prontuário e feita uma entrevista pelo serviço social. Muitas dessas jovens vão para o projeto em busca de atendimento ginecológico. E já na primeira entrevista é oferecido os trabalhos de grupos: planejamento familiar, grupo de gestantes, oficinas de teatro e street dance”. Além disso, existe o acompanhamento de prénatal, e a distribuição de camisinhas, realizado pelo projeto ‘Vista essa camisinha’, para qualquer um que queira ir até lá buscar”.

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DILMA: os jovens acham que não precisam ir ao médico


O HIV destrói os linfócitos - células responsáveis pela defesa do nosso organismo -, tornando a pessoa vulnerável a outras infecções e doenças oportunistas, chamadas assim por surgirem nos momentos em que o sistema imunológico do indivíduo está enfraquecido. Portanto, não se morre de AIDS, morre-se de uma, ou várias, das doenças que invadem o corpo humano por causa da imunodeficiência. Há alguns anos, receber o diagnóstico de Aids era quase uma sentença de morte. Atualmente, porém, a Aids já pode ser considerada uma doença crônica. Isto significa que uma pessoa

Morador de Manguinhos, A., 47 anos, é portador do vírus HIV, o vírus da AIDS, há 13 anos. “Quando descobri que tinha o vírus, fiquei desesperado, porque no mesmo dia que eu soube o resultado do exame, as enfermeiras e a assistente social me explicaram que a Aids era uma doença incurável. Abordaram a dificuldade de conseguir remédios de graça, pois são caríssimos, e que eu teria que entrar numa fila de espera. Isso me deixou ainda mais preocupado”. Segundo ele, casos como o seu acontecem porque muitos acreditam que nunca irão se contaminar com algum tipo de DST e esquecem ou ignoram o uso do preservativo. “Acho também que a juventude não tem se preparado, se prevenido, eles confiam em si próprios, isso é complicado, porque só tende a aumentar o número de jovens com HIV, ou qualquer outro tipo de doença sexualmente transmissível. Por causa da doença ele já foi internado por três vezes, mas diz nunca ter se entregado, muito pelo contrário, tem grande vontade de viver e luta por sua sobrevivência todos os dias. “Já vi pacientes com 13 anos de idade com o vírus HIV que queriam acabar com a própria vida. Sentei, conversei, falei da minha experiência para eles, mostrando que com o tratamento, com os remédios controlados e outros cuidados podemos superar a doença”.

infectada pelo HIV pode viver com o vírus, por um longo período, sem apresentar nenhum sintoma ou sinal. Isso tem sido possível graças aos avanços tecnológicos e às pesquisas, que propiciam o desenvolvimento de medicamentos cada vez mais eficazes. Deve-se, também, à experiência obtida ao longo dos anos por profissionais de saúde. Todos estes fatores possibilitam aos portadores do vírus ter uma sobrevida cada vez maior e de melhor qualidade.

Fonte: Ministério da Saúde

Participantes do “Conexão G”, grupo formado por jovens voluntários homossexuais e heterossexuais da Maré, realizam oficinas e distribuem camisinhas orientando profissionais do sexo sobre os cuidados relacionados às DSTs. Gilmar dos Santos, de 23 anos, um dos voluntários, diz ter percebido o aumento da Aids e DSTs dentro do meio GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transexuais). “A gente se baseia na nossa convivência com este grupo, porque dados estatísticos não temos, não existe. O que notamos é uma incidência grande de moradores e destes profissionais com HIV”. Para Gilmar, seria importante existir estatísticas diferenciadas e localizadas, dirigidas a grupos específicos, como favela e GLBT, dentre outros, pois somente assim se poderá desenvolver um trabalho voltado para eles. “A gente precisa desse número, de uma pesquisa, pois a falta de dados inviabiliza nosso trabalho”. Foto: Vânia Bento

GILMAR: faltam estatísticas dirigidas a grupos específicos

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A Aids é uma doença incurável, que pode levar à morte, e que se manifesta após a infecção do organismo humano pelo Vírus da Imunodeficiência Humana, mais conhecido como HIV. Esta sigla é proveniente do inglês - Human Immunodeficiency Virus. Também do inglês deriva a sigla AIDS, Acquired Immune Deficiency Syndrome, que em português quer dizer Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. A imunodeficiência é a inabilidade do sistema de defesa do organismo humano para se proteger contra microorganismos invasores, tais como: vírus, bactérias, protozoários etc.

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O HIV pode ser transmitido pelo sangue, sêmen, secreção vaginal e pelo leite materno. O vírus da Aids é bastante sen-

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sível ao meio externo. Estima-se que ele possa viver em torno de uma hora fora do organismo humano. Graças a uma variedade de agentes físicos (calor, por exemplo) e químicos (água sanitária, álcool, água oxigenada) pode tornar-se inativo rapidamente.

Sexo vaginal sem camisinha Sexo anal sem camisinha Sexo oral sem camisinha Uso da mesma seringa ou agulha por mais de uma pessoa Transfusão de sangue contaminado Mãe infectada pode passar o HIV para o filho durante a gravidez, o parto e a amamentação Instrumentos que furam ou cortam, não esterilizados

Apesar de o vírus da Aids estar mais presente no esperma, essa não é a única forma do vírus ser transmitido em uma relação sexual. Há, também, a possibilidade de infecção pela secreção expelida antes da ejaculação ou pela secreção da vagina, por exemplo. Os fatores que aumentam o risco de transmissão do HIV, nesses casos, são: imunodeficiência avançada, relação anal receptiva, relação sexual durante a menstruação e presença de outras doenças sexualmente transmissíveis como cancro mole, sífilis e herpes genital.

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Sexo, desde que se use corretamente a camisinha Masturbação a dois Beijo no rosto ou na boca Suor e lágrima Picada de inseto Aperto de mão ou abraço Talheres / copos Assento de ônibus Piscina, banheiros, pelo ar Doação de sangue Sabonete / toalha / lençóis

Se comparado a outras formas de contágio (sexo vaginal, sexo anal e compartilhamento de seringas, por exemplo), o risco relacionado ao sexo oral é baixo. Contudo, oferece riscos maiores para quem pratica (ou seja, o parceiro ativo), dependendo fundamentalmente da carga viral (quantidade do vírus no sangue) do indivíduo infectado e se há presença de ferimentos na boca de quem pratica (gengivites, aftas, machuca-

dos causados pela escova de dente). Caso não haja nenhum ferimento na boca, o risco de contágio é menor. Isto se explica, talvez, pela acidez do estômago, que pode tornar o vírus inativo, quando deglutido. No entanto, na prática de sexo oral desprotegido, há o risco de se contrair herpes, uretrite, hepatite B, ou HPV, independente da sorologia do parceiro. Fonte: Ministério da Saúde


Quem passa pela Rua Duque de Caxias, bairro de Vilar dos Teles, em São João do Meriti, na Baixada Fluminense, nota que ali há um oásis de música popular brasileira, numa das áreas mais inóspitas da região metropolitana do Rio. Num casarão com a fachada amarelo vivo e azul, funciona há 11 anos a Escola de Música da Associação do Movimento de Compositores, que já formou mais de 2 mil alunos, alguns deles profissionais que movimentam as noites cariocas. Hoje são 180 meninos e meninas com idade entre 9 e 18 anos e uma fila de espera com o dobro de candidatos.

A escola foi criada por três apaixonados pela música e pela cultura brasileira que o acaso levou para São João do Meriti. O músico Bernard von der Weit, vinha da Zona Sul e foi morar lá, nos anos 1970, quando a barra política estava pesada para quem se opunha ao governo. Conheceu Lena de Souza, professora do Estado desencantada com seu trabalho. Os dois ficaram amigos de Amarildo Cardozo, violonista profissional, nascido e criado em Vilar do Teles. Em 1998, com a ajuda de 30 amigos que se cotizaram para pagar as despesas, fundaram a Escola AMC e o resto é história.

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Por Beatriz Coelho Silva Fotos: Thaisa Araújo

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VIVIANE E WILIAM: música no lugar do ócio

Em vez de bobeira, música

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“No início foi difícil convencer pais e professores a matricular os alunos, mas hoje preferem ver os filhos aqui do que na rua, de bobeira. Eles já têm poucas horas de aula, quando têm aula. Então, aqui se ocupam e aprendem a fazer e a gostar de música”, diz Lena. “Temos ex-alunos, como o Henrique Garcia, que hoje é da banda do Diogo Nogueira, e a Samara Líbano, que entrou aqui com 11 anos, virou instrutora e toca com Nei Lopes e Walter Alfaiate.” Samara, rara mulher que toca violão de 7 cordas, conta que foi para a escola obrigada pela mãe, a empregada doméstica Maria Rosa, que não a queria na rua ou em casa sem fazer nada. “Agradeço a ela por isso. Gostei de cara e escolhi o violão. Fui para o de 7 cordas porque faltava um no nosso grupo”, conta Samara. Com 21 anos, ela sonha alto. “Quero viver de música, ensinando e tocando, e pretendo fazer faculdade na área.” Afora a faculdade, essa é a história de Amarildo Cardozo, fundador da escola e responsável pelas aulas de violão. Ele começou “tocando por aí”, matriculou-se na Escola Brasileira de Música e teve aulas com o violonista Bartolomeu Wiese, do conjunto de choro Galo Preto. Adora tocar em rodas de samba e cho-

ro, fazer shows, mas confessa que seu maior prazer é ver o progresso dos alunos. “É uma alegria incomparável ver um menino que chegou aqui sem saber nada sair tocando”, diz. É o que acontece com os irmãos Viviane, de 11 anos, e Willian de Souza Lima, de 14. Tal como Samara, eles foram levados à escola pelos pais, preocupados com o ócio forçado na maior parte do dia. Hoje frequentam a escola três vezes por semana e estão ficando feras na percussão. Tocam com amigos de idades variadas, todos unidos por um gênero de música que não conheciam até entrarem para a escola da AMC. “Não abrimos mão desse ponto. Aqui é uma casa da cultura brasileira e a música é a forma de abordar essas crianças e adolescentes”, afirma Bernard, que além de coordenar a escola é responsável pelas aulas de clarinete e cavaquinho. “Geralmente, os meninos chegam querendo ouvir pagode, funk ou rap, que conhecem do rádio e da televisão. Mostramos que existem outros tipos de música, que é bom tocar junto porque é um exercício de democracia. Em grupo, você tem que ouvir o outro, esperar o seu espaço para tocar e isso vai para a vida.”


Miranda, exploramos o repertório deles. Mas já falamos de Cartola, Nelson Cavaquinho, Ary Barroso e muiPara aprender as regras de convi- tos outros”, lembra Lena. “Com isso, vência, além de boa música, a discipli- contornamos a falta de programas na é um dos pontos principais. Não que culturais dessa região da cidade.” a escola tenha regras rígidas, só as que o bom senso recomenda. “Não é preciso ter o instrumento para entrar para a escola, mas se o aluno não tem, precisa Bernard e Lena evitam falar das vir aqui todo dia. Afinal, músico tem que dificuldades, mas elas são muitas. A tocar diariamente”, ensina Bernard. “Se começar pela manutenção da escoum começa a tocar muito alto, mostra- la, hoje bancada com patrocínio da mos que é preciso harmonizar todos os Petrobrás e do grupo Brascan. “Mas instrumentos. São raros os problemas precisa ser renovado todo ano e às de disciplina ou de inadaptação.” vezes ficamos alguns meses sem esOs eventos são semanais. Com dois ses recursos”, conta Bernard. Levar álbuns gravados – um CD simples com músicos para se apresentar lá ou traclássicos da música brasileira e outro zer os alunos para ver espetáculos no duplo com choros de compositores da Rio também é difícil porque eles não Baixada Fluminense –, os alunos se têm condução própria nem apoio do apresentam semanalmente em escolas poder público municipal. “E é fundapúblicas do Estado e têm no currículo mental para eles conhecerem e ouvir shows em espaços nobres como a Sala boa música ao vivo”, completa Lena. Cecília Meireles, Teatro Municipal de NiMas os resultados obtidos nesses 11 terói, museus da República e Villa-Lobos anos da escola compensam tudo. A sae outros alternativos, como a roda de tisfação de ver os alunos e ex-alunos se samba dos Escravos da Mauá ou a feira profissionalizando e fazendo boa múside antiguidades da Rua do Lavradio, no ca brasileira não tem preço. “Se a gencentro do Rio. te esquece o lado financeiro, tudo vale Mas o grande evento acontece a pena”, brinca Bernard. “Encontramos todo primeiro domingo do mês. É a uma forma de fazer e ensinar cultura roda de feijão, quando há um convida- brasileira e hoje vemos o reconhecimendo/homenageado. Nei Lopes, Monar- to aqui na comunidade e fora dela.” co, Moacir Luz, Wilson Moreira, Surica da Portela e muitos outros sambistas AMARILDO, dos fundadores da já passaram por lá. Músicos eruditos um escola e Samara, com seu violão 7 cordas como Turíbio dos Santos e Odete Ernst Dias se encantaram e até Gilberto Gil, quando ministro, surpreendeu-se com a qualidade dos músicos. “Além das rodas, temos sessões de cinema e nossa biblioteca. Falamos também dos personagens importantes da cultura brasileira. Este ano, centenário de Ataulfo Alves e de Carmen

Disciplina

É difícil mas é bom

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BERNARD E LENA encontraram a paz, e a música em São João de Meriti

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POLÍTICAS PÚBLICAS Participação social é essencial para a construção de um bairro melhor Você saberia responder que transformações físicas ou sociais estão acontecendo em sua comunidade? Estar informado sobre que projetos estão sendo implantados onde mora é fundamental para refletir, conhecer opiniões, tomar posição, fundamentar argumentos e articular-se com grupos sociais. Assim, é possível uma efetiva participação social em políticas públicas e, consequentemente, uma autêntica melhoria no dia-a-dia dos principais beneficiados desses projetos, os moradores. Desde a Constituição Federal de 1988, é assegurada a participação popular nas políticas públicas. Para que um território se desenvolva, não basta que alguém decida elaborar e implantar um projeto na comunidade. É com a participação de quem irá usufruí-lo que ele se constrói de modo sustentável e atende às necessidades locais. “Mesmo que eu tenha 50 ‘canudos’, eu não posso chegar na sua casa e fazer o que eu quero. Quem mora é que sabe onde é exatamente o problema”, diz Mariza Maria do Nascimento, moradora do Complexo do Alemão e presidente da ONG Nascibem. “Pobre precisa de tudo, mas como o orçamento é sempre reduzido, nós é quem somos capazes de dizer no que é mais urgente investir”, diz Antônio Ferreira, o Xaolin, diretorpresidente da Associação de Moradores da Rocinha.

O que é política pública e participação social

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Política pública, em linhas gerais, é uma forma de intervenção do Estado na vida do cidadão, nas mais diversas áreas, seja meio-ambiente, economia ou social. “Por exemplo, uma política pública de desenvolvimento é desmembrada em programas, como o PAC, que está em evidência atualmente. Dentro do PAC, há várias ações, habitações, tratamento de água e esgoto etc. Mas ele só trará a marca do cidadão se ele participar”, explica Vinícius Ferreira, advogado e mestre em política social. Embora a participação social, em políticas públicas, seja legalmente assegurada, nem sempre o morador sabe como participar. “Cada área da administração pública tem seu entendimento de quem representa a sociedade civil naquele espaço. Mas independentemente de que representações sejam essas, qualquer um participa quando se informa, se mobili-

Por Camila Elias Fotos: Thaisa Araújo


XAOLIN, DA ROCINHA: em vez de muro, por que não trilhas ecológicas?

Na prática Na Rocinha, através da participação social, foi possível adaptar e sugerir projetos que atendessem mais às necessidades locais. O PAC incluiu obras previstas no Plano Diretor, criado em parceria com os moradores, e a construção do polêmico muro que evita o avanço da favela em direção à MARIZA, DO ALEMÃO: “O morador é que sabe onde está o problema”

Mata Atlântica foi revista. Após uma reunião, a associação de moradores e o Governo do Rio chegaram a um acordo sobre a construção do muro. Ao invés de um muro contínuo com três metros de altura, em alguns trechos serão construídas áreas de convivência e trilhas ecológicas. Segundo Xaolin, “o muro envolve uma polêmica com a cidade que precisa ser discutida. Ele vai ser o símbolo concreto da cidade partida. Nós temos o símbolo da cidade integrada, o projeto Ecotrilhas. A idéia é que, desde o Alto da Gávea, passando pela Rocinha e São Conrado, sejam construídas trilhas no lugar de muros para que as pessoas possam se comunicar, se conhecer, andar de bicicleta e ter acesso à floresta”, explica. “Ao elaborarmos o Plano Diretor da Rocinha pensamos algumas obras, como a construção do plano inclinado, do centro esportivo e a abertura de vias de acesso. Hoje elas vão ser executadas pelo PAC. A Rua 4, por exemplo: querem abrir pelo lado direito, a partir da entrada, porque tem menos casas. Mas com diálogo, estamos mostrando que ela deve ser aberta pela esquer-

da, onde a tuberculose corre solta, por ser um local mal arejado e que ainda vai receber sombra dos prédios”, conta Antônio Ferreira, o Xaolin.

E agora? Atualmente, as obras do PAC estão a todo vapor em Manguinhos, Alemão e Rocinha. Certamente, elas vão impactar o dia-a-dia da comunidade. Para que estes impactos sejam minimizados e sejam aproveitadas as oportunidades geradas por eles, este é o momento de participar. “A área social do PAC está estimulando a participação. A abertura é dada mas precisamos nos mobilizar mais. Este é o momento. Trata-se de uma intervenção importante. Precisamos estar atentos a essas mudanças que vão mudar o ritmo de nossas vidas”, diz Maria Helena Carneiro, moradora e diretora do posto de saúde da Rocinha. “Muita gente não fala o que pensa porque acha que não adianta. E assim as coisas acabam acontecendo do jeito que quem é de fora quer”, reflete João Batista, o Timbira, um dos moradores mais antigos de Manguinhos.

diálogo urbano | maio - junho de 2009

za ou elege seus representantes. Um dia você ouve, noutro articula e depois está direcionando a política”, continua Vinícius. “Muitas vezes as lideranças sabem tudo e as comunidades ficam sem saber nada do que acontece. Sem informação não tem como participar. Se as lideranças não ouvem a comunidade, elas acabam sendo representantes delas mesmas. O povo se acostumou com doações e fica acomodado, não participa das reuniões”, observa Mariza. Para Vinícius, é necessário que os moradores se façam presentes junto às lideranças, acompanhando as discussões e a atuação de seus representantes: “Quando a comunidade não tem uma participação íntima com as representações, uma relação diária, ela não tem seus interesses representados”, avalia.

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Manguinhos

Foto: Thaisa AraĂşjo

Rocinha

Foto: Ricardo Sousa

Foto: Ricardo Sousa Rocinha

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Meninas | Morro do Timbau, Complexo da Maré

Pensando favela | Pedra do Sapo/Esperança, Complexo do Alemão

Foto enviada por Robertha Godoy

Participe Mande sua foto para foto@dialogourbano.com.br Resolução: 300 DPI

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Foto enviada por Nádia Maria de Jesus

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PontoFinal

Comunidade ou A favela é conhecida pelas suas condições precárias, regiões de baixa qualidade de vida e falta de uma infraestrutura básica na vida de seus moradores. As favelas podem ser localizadas em terrenos elevados ou planos, reunir centenas ou milhares de moradores e têm características e mobiliários urbanos diferentes – casas ou apartamentos, algumas vezes os dois, e ainda diversas características ambientais. E essas pluralidades são totalmente ignoradas. E não é só isso: os moradores têm limitado poder aquisitivo, sofrem com poderes paralelos e têm uma dinâmica econômica “informal”, utilizada por seus habitantes, que acabam criando um certo estereótipo em relação à favela, não só fora dela como dentro também. Por conta disso, se dá a (bi) partida opondo favela/cidade, favela/asfalto ou favela/comunidade, termo trazido não só pela imprensa como pelos políticos. A discriminação operante é uma mudança no comportamento, resultante de uma mudança no ambiente, subordinando os habitantes

favela ?

do lugar a não ter memória sobre sua própria história, que veio sofrendo com a ausência do Estado, na sua falta de gosto social da biografia dos seus moradores e da favela. “Não vejo diferença nenhuma nos termos favela/comunidade. Mas a influência vem da mídia em relação ao termo comunidade. A favela não vai se conhecer como ela realmente é – favela – é bom porque ela muda sua relação com a cidade”, falou Jozimere, 37 anos. “Para mim o certo é favela, mas quando falo comunidade não cria um conflito. Porque eu faço curso fora da favela e se me refiro à favela, as pessoas ficam logo assustadas e acabam tendo um certo conflito, mas gosto mais do termo favela”, falou Admilson, 40 anos. “Não tem nada de errado falar favela ou comunidade. Não são a mesma coisa? Apesar de que a palavra favela tem um certo peso negativo, não só porque a favela tem tráfico, mas porque ela é vista pelos seus problemas, como esgoto a céu aberto, falta de água, iluminação precária e outras coisas mais. Mas tem seu lado bom”, falou Viviane.

RENATO OLIVEIRA LIMA participou das oficinas de formação de Jovens Agentes de Comunicação no Complexo do Alemão

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PRESTAÇÃO DE CONTAS AO CIDADÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – 2007/2009

SOMANDO FORÇAS, ESTAMOS RECUPERANDO O NOSSO ESTADO. VEJA ALGUNS RESULTADOS. NOS ÚLTIMOS 2 ANOS, O RIO DE JANEIRO COMEÇOU A MUDAR. JÁ NÃO EXISTEM DESAFIOS IMPOSSÍVEIS. JUNTOS, PODEMOS FAZER MAIS.

SAÚDE SAÚDE MODERNIZADA E QUATRO VEZES MAIS PESSOAS ATENDIDAS

Emergências UPA 24 Horas: t 20 unidades construídas em 17 meses. t 2.019.533 pacientes atendidos. t 1.197.046 exames realizados. t 12.665.814 remédios distribuídos. t Cartão Saúde com cadastro informatizado e personalizado. Ampliação do SAMU: 50 novas ambulâncias. t Aumento de 167% nos atendimentos diários. t

Modernização da rede de saúde: t R$ 108 milhões para a compra de equipamentos (tomógrafos, aparelhos de ultrassonografias, leitos etc.) em pregões internacionais no fim de 2007. t O maior investimento em equipamentos hospitalares na história do Rio.

Em 2 anos, os atendimentos realizados pela rede pública estadual foram multiplicados por 4.

SEGURANÇA REINTEGRAÇÃO DE COMUNIDADES DOMINADAS POR CRIMINOSOS E POLÍCIA REEQUIPADA

Comunidades Dona Marta, Cidade de Deus e Batam reintegradas: t Adoção da filosofia de policiamento comunitário. t Mais de 700 policiais especialmente treinados. t Parcerias com Governo Federal, prefeituras e sociedade. Renovação da frota: 1.300 veículos comprados. t Manutenção garantida e terceirizada para 730 novos carros da PM. t

Construção do Centro de Inteligência Policial mais moderno do país.

Salto de produtividade com maior economia do dinheiro público: t Em 2008, foram quase 6,3 milhões de exames contra 2,5 milhões no ano anterior. t A terceirização dos exames de laboratório possibilitou uma redução de gasto anual de 135 para 28 milhões de reais.

Estado líder no Brasil na implementação do Pronasci: t Mais de 20.000 agentes de segurança realizando cursos de capacitação e 700 recebendo Bolsa-Auxílio no valor de R$ 400,00.

No total, foram investidos na saúde 400 milhões de reais acima do piso estabelecido pela lei.

O SÉCULO XXI CHEGA ÀS

EDUCAÇÃO ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS

Cada professor em sala de aula recebeu um laptop com conexão

para internet em banda larga, totalizando 50 mil computadores. Todas as 1.600 escolas estaduais foram dotadas de laboratórios de informática conectados à internet. Todas as 19 mil salas de aula também receberam um computador com banda larga. No total, a rede estadual possui hoje 10 vezes mais computadores do que tinha 2 anos antes, em 2006. Modernização da gestão das escolas: t Acompanhamento das atividades de 1 milhão e 500 mil alunos através de cartões digitais. Criação de portais de internet com conteúdos específicos para alunos e professores. Desenvolvimento de escolas-piloto focadas nos novos mercados de trabalho, como a Nave, na Tijuca, no Rio de Janeiro.

OBRAS GOVERNO REALIZA OBRAS QUE O ESTADO ESPERAVA HÁ DÉCADAS

Entrega de 4 pontes importantes para o interior do estado: Resende, Cabo Frio, Campos e São Fidélis. t Pavimentação e restauração de 553 quilômetros de vias públicas em todo o Rio de Janeiro. Início do Arco Rodoviário, que irá desafogar o tráfego para capital e Baixada Fluminense, projeto estratégico para o desenvolvimento do estado.

GESTÃO PÚBLICA GASTOS DESNECESSÁRIOS TRANSFORMADOS EM INVESTIMENTOS PRIORITÁRIOS

Economia de 1,3 bilhão de reais em gastos públicos até 2009. t Meta até 2010: 3,5 bilhões de reais. Recursos economizados permitem aumento dos investimentos em saúde, segurança e educação. Novo modelo de controle dos projetos do governo e de seus objetivos, garantindo melhores resultados para a população. Definição de um plano estratégico, com 47 projetos prioritários para o futuro do Rio.

Urbanização e habitação beneficiando 200 mil famílias. Melhorias no saneamento e água de qualidade, para 3,4 milhões de pessoas, com a Nova Cedae. A maior retirada de esgoto da Baía de Guanabara, com a ampliação da Estação Alegria.

REAFIRMANDO SEU COMPROMISSO COM A TRANSPARÊNCIA NA GESTÃO PÚBLICA, O GOVERNO DO RIO DE JANEIRO OFERECE AOS CIDADÃOS SUA PRESTAÇÃO DE CONTAS.


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