PEA
PRÁTICAS EDUCACIONAIS ABERTAS
01 Experiências e Reflexões
05
Aprendizagem colaborativa
10
15
20
Ensino e Aprendizagem
Revolução educacional
Práticas educacionais aberta
sumário
MÃOS QUE SIGNIFICAM O INSIGNIFICANTE UMA INSERÇÃO NA PRÁTICA EDUCACIONAL ABERTA COM ALUNOS SURDOS
• O QUE É PEA? A formação e a difusão de conhecimento que respeita à
• A EDUCAÇÃO ABERTA
diversidade humana, na visão de
A formação e a difusão de conhecimento que respeita à diversidade
Laurillard (2013), como formatadora
humana, na visão de Laurillard (2013), como formatadora da
da ética social, que constituem vias
ética social, que constituem vias que contribuem para a mudança
que contribuem para a mudança
transformacional. Também, a autora concebe as tecnologias como
transformacional. Também, a autora
meio de projetar, de disseminar, de compartilhar, enfim, de abrir a
concebe as tecnologias como meio de
educação no seu limite significando o sentido da educação aberta.
projetar, de disseminar, de compartilhar, enfim, de abrir a educação no seu limite significando o sentido da educação aberta.
01
Esculturas das mãos com materiais recicláveis
O PROJETO AMBIENTAL TRANSFORMADO EM PEA A educação aberta articula-se à perspectiva transdisciplinar para promover a transformação social, que considera as ações de preservação, sustentabilidade e intervenção no meio ambiente. Moran () sugere o espaço escolar como o início da conexão entre o homem, a natureza, o universo e a educação, tendo como referência o olhar holístico dos sistemas naturais. As políticas públicas de inclusão escolar e as produções científicas a respeito da educação aberta vinculam-se à intenção educacional de formar sujeitos críticos, relativos aos elementos nocivos causados pelo consumo desenfreado nocivos aos seres humanos e ao planeta Terra. A percepção de que se esgotam nas mãos humanas, podem reverter-se as influências negativas.
IDENTIFICAÇÃO Das ações coletivas da Escola Bilíngue Para Surdos da APÁS (APÁS), localizado na cidade de Curitiba-PR, Paraná, desenvolveu-se o “Projeto Mãos que significam o insignificante”, que projeto envolveu cem (100) alunos jovens e adultos surdos..
DE QUEM FOI A IDEIA? O projeto ancorou-se na formação da consciência ecológica, com ênfase na sustentabilidade ambiental, na primazia de aprender a separar o lixo para a reutilização do lixo, na produção de obras de artes, dando a significação do insignificante. Fundamentou-se na manifestação do artista Marcel Duchamp (1887/1968) no movimento da arte contemporânea denominado de Ready-made, que significa: do que já está feito. Que caracteriza uma crítica social de redução, de reciclagem e da reutilização dos lixos insignificantes (GARCIA, 2013). Com a participação da comunidade escolar torna-se possível transformar os resíduos sólidos
02
(lixo) em obra de arte, por meio das mãos humanas,
COMO SIGNIFICAR OS RECICLAVEIS EM OBRAS DE ARTES
03
Os professores e alunos participaram da
comunicação”.
árvores colocadas na entrada da escola e unidas com
oficina de arte, com técnica de papietagem e o
A passagem túnel escuro foi iluminado com
uma cortina feitas com as mãos;
uso de papel mache, no Centro de Artes Guido
lâmpadas acesa dentro das mãos, sinalizando em
•
Viário, localizado em Curitiba – PR.
direção à interação do surdo no mundo.
decorada com as mãos com material em EVA, com
A montagem da “Arvore do Conhecimento” foi
Os materiais empregados forammpregados
As trezentas (300) mãos com estruturas de luvas
materiais, como: arame, cola, tesoura, luvas
de borracha, copos plásticos descartáveis e fibras de
de plástico / borracha, tintas, pincel, entre
espumas foram coloridas, serviram de base para as
outros materiais, que foram custeados pela
esculturas em formato de:
O projeto culminou com a realização da exposição
APÁS e doações da comunidade.
•
das mãos viabilizando a Gestão Democrática, que
Painel intitulado “Tramas” utilizou-se as mãos
analogias ao conhecimento da cultura surda, que cresce conforme as condições ambientais.
coladas em tiras de papel embaralhadas;
mobilizou professores, pais, alunos e comunidade,
Os materiais reunidos, como suportes dos
•
nos aspectos organizacionais e como elemento
monitores dos computadores, garrafas
e os cabelos foram as mãos, que representam o
de plástico, entre outros, possibilitaram a
pensamento de surdos;
construção de dez (10) esculturas de mãos,
•
de cinquenta (50) centímetros de altura.
esfera da bandeira do Brasil foi vazada e colocada
Os jornais e revistas, que picados e
uma bola grande de plástico e colou-se as mãos;
acrescidos de farinha deram origem ao papel
•
mache utilizado nas esculturas. Também,
nascimento da mão, isto é, “A origem” da Libras;
montou-se um túnel denominado a “A luz da
•
Escultura de busto, com o título de “Ideia”,
“Os movimentos das mãos no Brasil”, onde a
Escultura no formato de ovo em mostra o Portal de entrada, com as montagens de duas
sócio-histórico difusor da cultura surda.
PORTFÓLIO DIGITAL E A PRODUÇÃO DE VÍDEO: EXEMPLOS DE PEA Os resultados do projeto foram registrados em um portfólio digital e disponibilizado em forma de vídeo e tornando a sequência didática em PEA. As transformações de materiais insignificante em obras significantes foram as peças que compôs a mostra de arte na escola aberta para a comunidade. Foi transformada em vídeo e disponibilizada em rede.
04
REFERÊNCIA: GARCIA, Cecília.Marcel Duchamp. Disponível em; http://espacohumus.com/marcel-duchamp/ Acesso em: 15 jul. 2015. LAURILLAR, Diana. Ensino Aberto: a chave para Educação Aberta sustentável e eficaz. In: Educação Aberta: o avanço coletivo de educação pela tecnologia, conteúdo e conhecimento abertos / editado por Toru Iiyoshi e M.S. Vijay Kuma, p. 319 – 336. Disponível em:http://www.abed.org.br/arquivos/Livro_Educacao_Aberta_ABED_Positivo_Vijay.pdf. Acesso em: 15 julh. 2015. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, Brasília. 2007.SANTOS, Andreia Inamorato dos. Recursos Educacionais Abertos no Brasil: [livro eletrônico] : o estado da arte, desafios e perspectivas para o desenvolvimento e inovação / Andreia Inamorato dos Santos ; [tradução DB Comunicação]. –– São Paulo : Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2013. 1,6 Mb ; PDF. Disponível em: http://www.cetic.br/media/docs/publicacoes/8/rea-andreia-inamorato.pdf Acesso em: 16 jun, 2015
APRENDIZAGEM COLABORATIVA Claudete Maria Zaclikevic O desenvolvimento das tecnologias de
Assim, diante das mudanças em diversos
informação e comunicação tem possibilitado campos do conhecimento, que sinalizam novas mudanças que envolvem não somente
demandas para o sistema educacional e exigem
as informações, mas principalmente as
“dos docentes novos esquemas mentais,
pessoas. Com isso, surgem novos espaços
novas concepções acerca do saber dialogado,
de aprendizagem e interação, os quais,
de intercâmbios singulares, criatividade,
independente da localização, permitem a
disponibilidade para investigação contínua,
troca de informações, a reconstrução de
para um compromisso real com políticas
significados, a articulação de ideias de
democráticas [...]”
forma individual e coletiva, a socialização de saberes e a partilha de conhecimentos entre
(MARTINS, 1999, p. 81), é necessário superar a
as pessoas.i
visão de que o conhecimento é algo que pode ser transferido de uma pessoa para outra, mas sim como algo a ser construído coletivamente.
05
Significado de cooperação Cooperar significa atuar em conjunto com alguém, prestando auxílio para atingir
Segundo Vygostky: a educação ocorre no contexto social, por intermédio da cooperação entre os indivíduos.
um objetivo comum. Representa uma forma de integração social, e pode ser entendida como uma ação combinada em que as pessoas se juntam, de modo formal ou informal, para atingir o mesmo objetivo.
Cooperar na educação A educação designada como uma ação cooperativa ocorre como resultado de uma socialização, uma construção coletiva. Sendo assim, ela é essencial para o processo educacional (ANDRIOLI, 2007).
A aprendizagem cooperativa A aprendizagem cooperativa “é uma técnica ou proposta pedagógica na qual estudantes ajudam-se no processo de aprendizagem, atuando como parceiros entre si e com o professor, com o objetivo de adquirir conhecimento sobre um dado objeto.” (CAMPOS et al., 2003, p.26). A interação e a construção do conhecimento de forma coletiva são enfatizadas na aprendizagem cooperativa, ou seja, o discente passa a ser indivíduo ativo na edificação do seu saber e do grupo ao qual pertence. Ao buscar a participação ativa e a interatividade tanto dos alunos quanto dos professores facilita a participação social em ambientes virtuais que propiciem a interação, a colaboração e a avaliação. (CAMPOS et al., 2003 Neste sentido, Morris e Hayes (1997) apud Campos et al. (2003, p. 30) “entendem que a aprendizagem cooperativa gera benefícios para os alunos, pois eles precisam aprender a interagir com os outros membros do grupo, a exercitar a tomada de decisão e desenvolver habilidades de trabalho em grupo, tornando-se mais confiante em expor publicamente seus pontos de vista.” Assim, a cooperação ajuda a desenvolver uma relação baseada no respeito e no agir com o outro em
06
prol de um objetivo coletivo, sendo assim um instrumento na formação do cidadão.
Segundo Freinet a educação deve proporcionar ao aluno o exercício da cooperação, e o professor ser um interventor do aprendizado.
Ambientes cooperativos Como a cooperação está relacionada a postura das pessoas é possível de ser realizada em qualquer ambiente, pois não está relacionada à infraestrutura ou recursos materiais. Na aprendizagem colaborativa é necessário que não se reproduzam os grupos de trabalho do ensino tradicional, mas sim estratégias que levem os sujeitos a uma atitude crítica e reflexiva frente ao conhecimento que se constrói na relação com o outro. O professor, dentro do contexto da aprendizagem cooperativa, passa a ser um facilitador. Campos et al. (2003, p. 30) afirma que mudança no papel docente se processa quando “em lugar de atuar como especialista que fornece informações, como nas aulas expositivas, o professor estrutura um ambiente cooperativo de forma a incentivar a interação entre alunos.”
07
DIFERENçAS ENTRE GRUPOS DE TRABALHO TRADICIONAL E DE APRENDIZAGEM COOPERATIVA
Grupos em aprendizagem Cooperativa
Grupos de trabalho tradicional
Interdependência positiva
Não há interdependência
Responsabilidade Individual
Não há responsabilidade individual
Liderança Partilhada
Homogenidade
Responsábilidade Multipla compartilhada
Há um líder designado
Preocupação com a aprendizagem dos
Ausência de produção com as aprendizagens
outros elementos do grupo
dos elementos do grupo
Ênfase na tarefa e também na sua manutenção
Ênfase na tarefa
Ensino na tarefa e também na sua manutenção
È assumida a exigêngia do Skills sociais,pelo
Ensino direto dos Skills Sociais
que se ignor o seu ensino
Papel do professor : Observa e intervém .
O professor ignora o funcionamento do grupo
O grupo acompanha a sua produtividade.
O grupo não acompanha a sua produtividade
Aspectos em que a aprendizagem colaborativa e cooperativa podem diferir: - o estilo, a função e o grau de envolvimento do professor; - a questão da autoridade e do relacionamento entre professor e aluno; - até que ponto os alunos precisam ser ensinados a trabalhar em grupo; - como o conhecimento é assimilado ou construído; - a formação do grupo, construção da tarefa, o grau de responsabilidade individual ou do grupo para com as atividades. (MATTHEWS et al., 1995 apud TORRES; IRALA, 2007, p. 72)
( Adaptado de Johnson, johnson, Holubec & Roy, 1984, p 10 e Putman, 1987, p. 19)
Para Dillembourg e Larocque apud Torres (2004,
A aprendizagem colaborativa pode ser compreendida
p. 65), “a diferença entre cooperação e colabo-
como “duas ou mais pessoas trabalhando em grupos
ração pode ser traduzida pelo modo como é or-
com objetivos compartilhados, auxiliando-se mutua-
ganizada a tarefa pelo grupo [...], na colaboração
mente na construção de conhecimento”. (TORRES; IRA-
todos trabalham em conjunto sem distinções
LA, 2007, p. 71). E, diante disso, torna-se necessário ao
hierárquicas em um esforço coordenado a fim de
professor criar as situações de aprendizagem de forma
alcançarem o objetivo a qual se propuseram. Já,
que seja possível realizar trocas significativas entre os
na cooperação, a estrutura hierárquica prevalece
alunos e entre estes e o professor.
e cada um dos membros da equipe é responsável
08
por uma parte da tarefa”.
Colaboração para construção do conhecimento Para o sucesso de uma proposta de aprendizagem colaborativa é necessário que as atividades sejam planejadas no sentido de desafiar os alunos, levando-os a formar comunidades de aprendizagem reflexiva, concentrando seus esforços para alcançar
•
Maior motivação intrínseca;
•
•
Maior número de atitudes positivas
Estimular a busca de exemplos da vida
real;
para com as disciplinas estudadas, a escola,
•
Estimular o questionamento inteligente;
os professores e os colegas;
•
Dividir a responsabilidade pela facili-
•
Menos problemas disciplinares, dados
tação;
existirem mais tentativas de resolução dos
ideias, valores e atitudes.
•
Estimular a avaliação;
problemas de conflitos pessoais;
•
Compartilhar recursos;
•
A aprendizagem colaborativa emerge de um diálo-
•
Estimular a escrita coletiva.
necessárias para trabalhar com os outros;
objetivos comuns e respeitando a diversidade de
go ativo entre os participantes de um grupo. É por meio da participação de todos os aprendizes que
•
Aquisição das competências Menos tendência para faltar à escola.
As vantagens da aprendizagem colaborativa são citadas por Freitas e Freitas (2003) apud
Assim, torna-se necessária a estruturação
strução do conhecimento. (TORRES; IRALA, 2007).
Torres; Irala (2007, p. 91) por meio de:
de espaços destinados ao compartilhamen-
Inserir Infográfico 1
•
Melhoria das aprendizagens na escola;
entes experiências e formas de pensamento,
•
Melhoria das relações interpessoais;
pois a aprendizagem colaborativa ganha
Palloff e Pratt (2002, p. 142 - 157) relacionam as
•
Melhoria da auto-estima;
relevância, ao se utilizar de estratégias de
•
Melhoria das competências no pensam-
ensino que buscam a participação efetiva
interagem entre si que se realiza o processo de con-
dinâmicas necessárias para promover o aprendiza-
09
aprendizagem;
to de conhecimentos, à expressão de difer-
do colaborativo. São elas:
ento crítico;
dos alunos na construção do processo de
•
aprendizagem.
•
tivas dos outros;
Formular um objetivo comum para a
Maior capacidade em aceitar as perspec-
Referências: ANDRIOLI, Antonio Inácio. Educação: um processo cooperativo. Revista Espaço Acadêmico, Ano, VI, n. 71, Abril, 2007. CAMPOS, Fernanda C. A. et al. Cooperação e aprendizagem on-line. Rio de Janeiro:DP&A, 2003. MARTINS, Onilza Borges. A educação a distância: uma nova cultura docente-discente. In: MARTINS, Onilza Borges; POLAK, Ymiracy N. S.; SÁ, Ricardo Antunes de. Educação a distância: um debate multidisciplinar. Curitiba: UFPR, 1999. PALLOFF, Rena M.; PRATT, Keith. Construindo comunidades de aprendizagem no ciberespaço. Porto Alegre: Artmed, 2002. TORRES, Patrícia Lupion. Laboratório online de aprendizagem: uma proposta de aprendizagem colaborativa para a educação. Tubarão: ed. Unisul, 2004. TORRES, P. Lupion; IRALA, Esrom, Adriano, F. Aprendizagem colaborativa. In: TORRES, P. Lupion. (Org.) Algumas vias para entretecer o pensar e o agir. Curitiba: Senar, 2007, p. 65-95.
PRATICA EDUCACIONAL ABERTA UM CAMINHO PARA A APRENDIZAGEM LIVRE E SIGNIFICATIVA Frente às mudanças ocorridas na
editar conteúdos etc., estamos
sociedade nas últimas décadas, o
nos movendo para um era de
movimento da educação aberta abre
abundância de recursos e conteúdos
espaço para novas possibilidades de
abertos.
ensino e aprendizagem. Entretanto, esta abundância Com a popularização e democratização
refere-se a todo e qualquer
do acesso a internet somada à
conteúdo disponível na web, e não
facilidade de criar, “o contexto é de
especificadamente àqueles com
liberdade de emissão da palavra,
fins educacionais. Sendo assim, o
produção e compartilhamento
conceito de Recursos Educacionais
de conteúdo, autoria e coautoria”
Abertos (REA) surge para destacar
(HESSEL; SILVA, 2012, p. 221). Em
a produção de conteúdo aberto
meio a esse cenário de abertura,
destinado a aprendizagem (OKADA,
em que qualquer usuário pode
2011, p. 4).
facilmente publicar vídeos, criar blogs,
Frente às mudanças ocorridas na
10
03
“Recursos Educacionais Abertos são materiais de ensino, aprendizado e pesquisa em qualquer suporte ou mídia, que estão sob domínio público, ou estão licenciados de maneira aberta, permitindo que sejam utilizados ou adaptados por terceiros. O uso de formatos técnicos abertos facilita o acesso e o reuso potencial dos recursos publicados digitalmente. Recursos Educacionais Abertos podem incluir cursos completos, partes de cursos, módulos, livros didáticos, artigos de pesquisa, vídeos, testes, software, e qualquer outra ferramenta, material ou técnica que possa apoiar o acesso ao conhecimento”. http://www.rea.net.br/site/conceito/
No entanto, pesquisadores da área, como Ehlers e Conole (2010), afirmam que mesmo com a crescente disseminação e incentivo para a criação, uso, reuso e compartilhamento de REA, a utilização destes recursos não tem tido uma expressiva evolução na educação superior. Esta situação ocorre devido ao fato que o foco das iniciativas de REA, até então, está na expansão do acesso aos conteúdos digitais, sem levar em consideração se realmente isso trará apoio às práticas educacionais e, consequentemente, a promoção da qualidade e inovação no processo de ensino e aprendizagem. Assim, é preciso ampliar o foco da educação aberta para além do acesso aos recursos, no sentido da criação de práticas educacionais abertas (PEA), prevendo em como os REA podem ser usados no contexto educacional, de modo a possibilitar o aumento da qualidade da experiência educacional.
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O que é, então, uma prática educacional aberta? De acordo com pesquisadores da área,
professores). Assim
tais como Ehlers, Conole (2010); Santos
A instituição pode:
(2012), vários são os benefícios da
•
adoção de uma abordagem baseada
para fazer os recursos educacionais
em PEA: livre acesso ao conhecimento;
abertos;
promoção da coaprendizagem
•
interinstitucional; direcionamento
institucionais para refletir sobre
para uma postura crítica diante do
abordagens abertas;
conhecimento, principalmente diante
•
Assim, PEA é:
da expansão do conceito de autoria;
por criar e usar recursos educacionais
[...] um conjunto de atividades em torno
flexibilização das configurações de
abertos;
do design instrucional e execução de
ensino e aprendizagem e pode fornecer
•
eventos e processos destinados a apoiar
uma ponte entre as experiências
MOOCs.
a aprendizagem. Eles também incluem
formais e informais de aprendizagem.
O conceito de PEA foi cunhado em 2010 por meio do projeto The Open Educational Quality Initiative (OPAL). De acordo com Cardoso (2014) este conceito decorre de um processo de amadurecimento do movimento dos Recursos Educacionais Abertos.
a criação, uso e reaproveitamento de
mudar estratégias ou políticas
reconhecer e recompensar a equipe
criar cursos abertos como os
Os alunos podem:
Recursos Educacionais Abertos (REA) e sua
Inserir uma PEA no ambiente
•
adaptação ao ambiente contextual. (OPAL,
educacional envolve muito mais do
adequados para apoiar a aprendizagem;
2011, p. 13)
que apenas a criação, utilização e
•
compartilhamento de REA. Prevê
das atividades de aprendizagem;
a criação de práticas de ensino
•
inovadoras que podem ser realizadas
foram utilizados;
tanto em cenários educacionais formais
•
quanto não-formais (EHLERS; CONOLE,
informal ou aprendizagem baseada na
2010).A adoção de uma PEA gera novos
criação.
desafios e papéis para a comunidade
12
fornecer sistemas institucionais
educacional (instituição, alunos e
encontrar e utilizar os recursos criar conteúdo aberto como parte comentar/avaliar os REA que já usar REA para a aprendizagem
Os professores podem: •
procurar, adaptar REA para usar em suas aulas;
•
fazer seus próprios recursos e disponibilizar
online; •
refletir sobre as abordagens de ensino e
aprendizagem – mudar a pedagogia e como os recursos são utilizados, repensar a experiência educacional; •
mudar a relação com os alunos – na negociação
do currículo e no desenvolvimento e utilização de
Massive Open Online Courses Em meio a este cenário de abertura e acesso livre de recursos, uma iniciativa de curso aberto é o MOOC (Massive Open Online Courses). Baseado na teoria de aprendizagem Conectivista, é um tipo de curso no qual as informações estão abertas e acessíveis pela internet de forma massiva (INUZUKA; DUARTE, 2012, p.197).
conteúdos. (MCGILL et al, 2012), No entanto, adotar um modelo educacional aberto gera impacto na cultura educacional e, por conta disso, traz à tona alguns desafios e barreiras. Banzato (2012, p. 155) destaca quatro barreiras para adoção de uma PEA: tecnológica (ausência de banda larga e facilidades de acesso à internet e/ou softwares para a criação, compartilhamento e hospedagem de conteúdos); financeira (falta ou investimento insuficiente em software e hardware necessários para o desenvolvimento e atualização de REA e repositórios); social e cultural (falta de uma cultura de partilha de recursos, necessária em um movimento de acesso aberto) e política e jurídica (a existência de políticas editoriais legais e regulamentares que impedem o movimento de conteúdo aberto).
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Um MOOC é [...] um curso online (que utiliza diversas plataformas web 2.0 e redes sociais), aberto (gratuito e sem pré-requisitos para participação, mas também sem emissão de certificado de participação) e massivo (oferecido para um grande número de alunos e com grande quantidade de material) (MATTAR, 2012).
Duas são as características essenciais de um MOOC: são
Com a evolução da web e o avanço das tecnologias,
cursos abertos, isto é, mesmo estudantes que não estão
evidencia-se que o perfil do aluno mudou e, com
regularmente matriculados na instituição promotora podem
isso, pode-se afirmar que a maneira de “aprender
participar. Permitem escalabilidade, ou seja, o curso é
é muito diferente para os jovens de hoje do que era
desenvolvido com o objetivo de atender o crescimento
30 anos atrás” (PALFREY; GASSER, 2011, p. 269).
exponencial de matrículas, podendo chegar a centenas de
Diante disso, fica claro que não há mais espaço
milhares de estudantes participando em cada oferta de curso
para o ensino tradicional, em que o professor é a
(MOTA; INAMORATO, 2012).
única fonte de conhecimento e o aluno é o receptor passivo de informações. O ensino focado em PEA
Diferente de uma plataforma tradicional de educação a
permite a transposição do paradigma conservador,
distância em que o conteúdo é de acesso restrito para quem
para um paradigma em que as informações estão
possui uma senha e login – como nos Learning Management
disponíveis gratuitamente e professores e alunos
Systems (LMS) ou Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)
são parceiros na criação do conhecimento. No
–, o MOOC parte do princípio de livre acesso à informação.
entanto, vale ressaltar que o simples fato de utilizar
Desta forma, a implementação é feita pelo uso combinado
REA na educação superior, mantendo o modelo
de ferramentas disponíveis na internet, tais como os wikis,
tradicional de transmissão, não é considerado
blogs, fóruns, listas de discussões e redes sociais (INUZUKA;
PEA e muito menos proporciona uma experiência
DUARTE, 2012, p.198).
educacional inovadora para os alunos.
O primeiro curso com características de MOOC foi ofertado
É evidente que existem desafios e barreiras para
em 2007 na Utah State University, por David Wiley. Entretanto,
transpor, no entanto, a educação aberta nos leva a
somente em 2011 o MOOC “Inteligência Artificial”, promovido
refletir sobre a necessidade de buscar alternativas
pela Universidade de Stanford (com quase 160.000 alunos),
e soluções que possibilitem oportunidades para o
aluno desenvolver a sua autonomia para construir, em parceria com o professor, a aprendizagem significativa. Além disso, deve-se levar em consideração que neste momento histórico em que a liberdade de expressão e o compartilhamento são a marca dessa geração, o acesso ao conhecimento não pode ser restrito a uma parcela da população. Deve-se abrir as portas para que as informações e recursos sejam abertos, sem fronteiras, para que todos tenham o direito de ter acesso a materiais atuais e de qualidade.
ganhou notoriedade (MOTA; INAMORATO, 2012).
Desde então, várias iniciativas semelhantes surgiram. Abaixo são listados alguns destes exemplos:
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Coursera - https://pt.coursera.org/ MITx2 - http://ocw.mit.edu/index.htm Udacity - http://www.udacity.com edX4 - https://www.edx.org MOOCEaD - http://moocead.blogspot.co.uk/ e com grande quantidade de material) (MATTAR, 2012).
Referência BANZATO, Monica (2012). A Case Study of Teachers’ Open Educational Practices. Journal of e-Learning and Knowledge Society, v.8, n.3, 153-163. Disponível em: <www.editlib.org/d/43263/>. Acesso em: 02 ago. 2015. CARDOSO, Paula. Práticas Educacionais Abertas. OpenStax_CNX. 16 Mar. 2014 Diz sponível em: <http://cnx.org/content/m49679/1.1/ >. Acesso em: 02 ago. 2015 CONOLE, Gráinne (2010). Defining Open Educational Practices (OEP), blog post. Disponível em: <http://e4innovation.com/?p=373>. Acesso em: 02 ago. 2015. EHLERS, Ulf-Daniel; CONOLE, Gráinne (2010). Open Educational Practices: Unleashing the power of OER. Disponível em: <http://www.icde.org/filestore/Resources/ OPAL/OPALEhlersConoleNamibia.pdf >. Acesso em: 02 ago. 2015. HESSEL, Ana Maria Di Grado; SILVA, José Erigleidson da (2012). A inteligência coletiva e conhecimento aberto: relação retroativa recursiva. In: Okada, A. (Ed.) (2012) Open Educational Resources and Social Networks: Co-Learning and Professional Development. London: Scholio Educational Research & Publishing. INUZUKA, Marcelo Akira; DUARTE, Rafael Teixeira. Produção de REA apoiada por MOOC. In: SANTANA, Bianca ; ROSSINI, Carolina; PRETTO, Nelson De Lucca (Org.). Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas e políticas públicas. Disponível em: <http://www.livrorea.net.br/livro/livroREA-1edicao-mai2012.pdf>. Acesso em: 02 ago. 2015. MATTAR, João. MOOC. Disponível em: <http://joaomattar.com/blog/2012/03/24/mooc/>. Acesso em: 02 ago. 2015. MCGILL, L.; FALCONER, I.; BEETHAM, H.; LITTLEJOHN, A. (2012) Open practice across sectors: briefing paper. Disponível em: <https://oersynth.pbworks.com/w/page/49655750/OpenPracticeAcrossSectors>. Acesso em: 02 ago. 2015. MOTA, Ronaldo; INAMORATO, Andréia. MOOC, uma revolução em curso. Jornal da ciência, 26 de novembro de 2012. Disponível em: <http://www.jornaldaciencia.org. br/Detalhe.jsp?id=85111>. Acesso em: 02 ago. 2015. OKADA, Alexandra. Colearn 2.0: coaprendizagem via comunidades abertas de pesquisa, práticas e recursos educacionais. Revista e-curriculum. São Paulo, v.7, n.1, abril 2011. Disponível em: <http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/5813/4128>. Acesso em: 02 ago. 2015. OPAL. (2011). Beyond OER: Shifting Focus to Open Educational Practices. Open Education Quality Initiative. Disponível em: <https://oerknowledgecloud.org/sites/ oerknowledgecloud.org/files/OPAL2011.pdf >. Acesso em: 02 ago. 2015. PALFREY, John; GASSER, Urs. Nascidos na era digital: entendendo a primeira geração de nativos digitais. Porto Alegre: Artmed, 2011. SANTOS, Andreia Inamorato dos. Educação aberta: histórico, práticas e o contexto dos recursos educacionais abertos. In: SANTANA, Bianca ; ROSSINI, Carolina; PRETTO, Nelson De Lucca (Org.). Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas e políticas públicas. Disponível em: <http://www.livrorea.net.br/livro/livroREA-1edicao-mai2012.pdf >. Acesso em: 02 ago. 2015.
REVOLUÇÃO EDUCACIONAL CULTURAL com REA e PEA? REVOLuçÃO EDUCACIONAL CULTURAL
y r a i yD
M
15
Ah! 2015! A ação que une Interação que gera produções múltiplas Que embarcadas de contexto Oferecem pontes pra mudar! Cooperação, palavra-chave Para a construção do conhecimento Aprendizes como agentes transformadores Aprendizados aplicados, no real. Cocriar? Cocriar! Produzir coletivamente Comunicar, criar, recriar... Um olhar novo e flexível Uma ação inovadora Que gera espaço para todos Uso com liberdade Aprimorar com criatividade Recombinar com propriedade Distribuir, compartilhar e assim aprender. Chegou a hora! Faça parte dessa revolução Afinal, a educação clama Por um novo caminho REA e muito mais A inovação na diversidade!
Recursos Educacionais Abertos
A nova era de abundância de informações requer uma abordagem transformada do processo de ensino-aprendizagem. Oferecer espaços interativos de remix – com imitação, compartilhamento e colaboração, amplia as possibilidades de construir o conhecimento.
O uso das tecnologias abertas tem aumentado cada vez mais e por ter um grande potencial tende a se estender e atender com efetividade a educação. O seu uso oferece abordagens de ensino e aprendizagem que buscam derrubar barreiras culturais e reconfigurar os arranjos instrucionais tradicionais.
O avanço das tecnologias abertas é inevitável e precisa de facilitadores para vencer “barreiras”.
Participação colaborativa, construção de significado compartilhado e intercâmbio criativo.
16
Educação como reflexo da mudança na participação em atividades e práticas sociais.
Levar em consideração as percepções de conflitos, de autonomia e oferecer a oportunidade de todos se sentirem “profissionais”, é fundamental neste novo processo, possibilitando que a aprendizagem envolva a construção da identidade de cada estudante.
A importância de se construir e ampliar as tecnologias abertas está ligada a algumas quebras de paradigmas em sua estrutura, tendo como maior foco a disseminação flexível e multidirecional de materiais, como arquivos e documentos.
Planejar, projetar e construir
Vygotsky que aborda este processo do ponto de vista de interatividade entre o indivíduo e o meio social. Ele afirma também que há uma relação de interdependência entre os processos de desenvolvimento do sujeito e os processos de aprendizagem, sendo esta um importante elemento mediador da relação do homem com o mundo, interferindo no desenvolvimento humano. Piaget o conhecimento não está no sujeito nem no objeto, mas ele se constrói na interação do sujeito com o objeto. Na medida em que o sujeito interage ele vai produzindo sua capacidade de conhecer e o próprio conhecimento.
17
O uso de REA pode favorecer a participação colaborativa, pois, como discutem PICONEZ; NAKASHIMA, 2012, p. 5 “[...] atendem a bidirecionalidade dialógica necessária no processo ensino-aprendizagem e promovem conexão de redes abertas que traçam uma trama de relações, importantes para a cognição distribuída”. Os REA têm revelado sua flexibilidade em apresentar interfaces tecnológicas favoráveis à criação de textos, imagens, vídeos, áudio, animações, infográficos, entre outras, A tecnologia permite a diversidade de conexões, a multiplicidade de estilos, e a integração de várias linguagens. documentos. A interação entre os pares traz a importância das relações sociais no espaço virtual, mais propriamente na internet (redes sociais). As relações sociais crescem a cada dia no espaço virtual e passam a formar novos sujeitos capazes de comunicar-se, trocar ideias, informações, compartilhando saberes e construindo novos conhecimentos. A aprendizagem se dá por um longo processo de apropriação e transformação de conhecimentos que ocorre na atividade mediada, na relação com os outros. Fatores de diversas naturezas influenciam o aprendente, como:
18
Um tempo passou Nada se criou Apesar de frutos não gerar A educação nada de se esperta
mas a tecnologia com mentes a pensar fez muita gente trabalhar e REAS se puseram a cria
A interação passou a acontecer criação e cocriação a todo momento A coaprendizagem a desafiar redes criadas pela ação e colaboração O compartilhamento e fexibilização dão base a inovação que a disposição de educadores e estudantes podem causar a revolução dos paradigmas da educação
soc ial
Af e
o v i t
l
tal n bie Am
APRENDIZAGEM
ômico Cult on u r Ec a
FÍSICO
ivo t i n g Co
Aos professores cabe a transformação de suas estratégias didáticas, passando de mero transmissores de saberes, modelo da educação tradicional, para “provocador cognitivo”, ou seja, aquele que auxilia na construção de percursos diferenciados de aprendizagem.
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A interação pode propiciar momentos de curiosidade, debate, construção coletiva, reflexão, diversão etc. Sua inserção nos mais diversos momentos de ensino e de aprendizagem, por meio de REA pode se tornar uma estratégia significativa para a construção do conhecimento.
ENSINO E APRENDIZAGEM DE QUÍMICA COM O USO DE MÍDIAS DIGITAIS: EXPLORANDO OS RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS COM ESTUDANTES DO PIBID As mídias digitais ganham espaço
digitais em práticas docentes.
entre os estudantes do curso de
conhecimentos e aprendizado,
expressivo na vida da maioria das
Parte dos professores não usam as
Química, em especial os que se
contribuindo para a abertura e o acesso
pessoas e vêm sendo inseridas no âmbito
mídias pedagogicamente devido à falta
encontram em processos de formação,
de novas alternativas que podem
educacional proporcionando ao professor
de oportunidade ou de tempo para
visando apresentar-lhes alternativas
ampliar as possibilidades pedagógicas
novas formas de ensinar e aprender.
aprender a utilizá-las; por outro lado,
pedagógicas inovadoras e uma nova
e enriquecer a prática docente.
Muitos conteúdos são produzidos e
outros não as utilizam por resistência
maneira de se fazer educação química
distribuídos no formato digital abrindo um
ou simplesmente porque não querem.
usando ferramentas tecnológicas de
leque de opções que podem enriquecer
Desse modo, destaca-se a necessidade
criação e publicação e entendendo
e potencializar os processos de ensino e
de uma reflexão crítica sobre as
as questões relacionadas a direitos
aprendizagem.
práticas pedagógicas desenvolvidas e
autorais utilizados para esses fins.
a carência de curiosidade e interesse
01
A sociedade contemporânea, cada vez
cultural que estimule o uso, a criação
Nesse sentido, optou-se por explorar o
mais tecnológica e digital, pede uma
e a produção do conhecimento com as
Yudu, buscando destacar a partilha e a
educação compatível e dinâmica em que
mídias digitais.
troca de conhecimentos, o que ocorreu
professores e estudantes aprendam a
Partindo desses pressupostos,
por meio de uma oficina, desenvolvida
utilizar as tecnologias da informação e da
apresenta-se um relato de experiência
junto a estudantes que fazem parte do
comunicação em benefício do ensino e
com o uso de recursos educacionais
Programa Institucional de Bolsas de
da aprendizagem. Entretanto, evidencia-
abertos - REA em práticas docentes,
Iniciação à Docência – PIBID. Esta
se a necessidade de formação inicial
viabilizados pelas mídias digitais.
oficina proporcionou momentos
e continuada dos professores para o
O objetivo é colaborar com a
de práticas educacionais abertas,
uso produtivo e significativo das mídias
disseminação do movimento REA
promovendo a interação, troca de
REA no Ensino e Aprendizagem de Química: Relato de Experiência REA no Ensino e Aprendizagem de
Química, provavelmente porque
tecnologias devem integrar-se e
entre estudantes do curso de Química,
Química: Relato de Experiência
as informações que recebem são
dialogar tanto com o conteúdo que
que participam do PIBID e que estudam
O ensino de Química tanto nas
baseadas apenas em conceitos e
se ensina como com a didática e
em uma universidade de grande porte
escolas como nas universidades ainda
teorias, distantes da prática e do
pedagogia desse conteúdo” (VAILLANT;
da cidade de Curitiba-PR. Essa oficina
apresenta uma prática pedagógica
cotidiano deles. Esse fato revela a
MARCELO, 2012, p. 79). Além disso, é
contou com a participação de dezenove
bastante voltada para abordagens
necessidade de se buscar novas
relevante ressaltar que:
estudantes e o coordenador dos
conservadoras, fragmentadas, com
metodologias de ensino e de se
dicotomias entre a teoria e a prática,
utilizar maneiras menos abstratas e
muitas vezes descontextualizada e
formas mais atraentes de promover
com pouca problematização. Precisa
a aprendizagem dessa ciência,
ficar claro que a provocação, a
para facilitar o entendimento dos
problematização e o questionamento
estudantes.
impulsionam a pesquisa, fazendo com
Para isso, propõe-se como alternativa
que os estudantes encontrem possíveis
pedagógica, o uso de ferramentas
respostas para suas dúvidas e
tecnológicas inovadoras e mais
Nesse contexto, relata-se, então, a
questionamentos (BEHRENS; CARPIM,
próximas da realidade dos estudantes,
experiência de criação e produção
2013, p. 120).
principalmente as que viabilizam
de REA, desenvolvida numa oficina,
Grande parte dos estudantes encontra
a aberturam e a troca de saberes.
visando promover a partilha, o
dificuldades para compreender a
Entretanto, entende-se que “as
compartilhamento e a coaprendizagem,
A quantidade de informações viabilizadas pelas novas tecnologias amplia os horizontes em termos educacionais, proporcionando aos educadores novas maneiras de se fazer educação, intensa interação entre alunos e professores, e a oportunidade de colaboração e troca de experiências e conhecimentos (FIALHO; ORRES, 2014, p. 114).
PIBID; ocorreu no período da manhã, perfazendo um total de quatro horas, divididas em uma parte teórica e uma prática.
(Ehlers, 2011)
02
o que é pea?
A parte teórica foi desenvolvida por meio
por exemplo” e, apenas um, disse que disponibilizaria
de uma apresentação no Power Point,
sem problemas. Diante dessa constatação, o próximo
abordando a temática REA. Assim, iniciou-
passo foi explorar e expor: o conceito de REA; que
se a oficina com o seguinte questionamento:
materiais podem ser considerados REA; as quatro
Você disponibilizaria um conteúdo de sua
possibilidades dos REA, ou seja, reusar, revisar,
criação na internet, para que outros usuários
redistribuir e remixar; porque e para que usarmos REA
pudessem usar, compartilhar, adaptar,
em educação.
modificar? Mediante essa questão deuse um tempo para que os participantes
O questionamento inicial provocou também algumas
refletissem sobre a questão. Após a reflexão,
indagações acerca da problemática dos direitos
constatou-se que a maioria dos estudantes
autorais, assunto que foi bastante discutido, pois não
responderam que não, alegando que não
se pode publicar um material que contenha conteúdo
gostariam de perder seu tempo construindo
de outro autor, sem que lhe seja atribuído a autoria.
um material didático e disponibilizar
Portanto, para esclarecer sobre esse assunto foi
abertamente sem ganhar por isso; alguns
apresentado um vídeo, que se encontra disponível no
disseram que disponibilizariam, porém com
YouTube, com o título: Licenças para REA, contendo
algumas ressalvas como: “não dá para
explicações sobre o licenciamento utilizado para
compartilhar algo que tenha a nossa imagem,
criação e publicação de materiais nesse formato.
COMPARTILHAMENTO
INTERNET PEA pARTILHA COLABORAÇÃO REDE REA COOPERAÇÃO COCRIAÇÃO
REMIXAGEM
READAPTAÇÃO
COAPRENDIZAGEM
É importante ressaltar que
recursos são as licenças
Compartilhamento pela
distribuída e inclusive ser
permite o uso comercial
um material didático só pode
Creative Commons,
mesma Licença (by-sa),
usada para fins comerciais,
do material e, além disso,
ser considerado REA se o
as quais permitem
cuja restrição é que as
mas tem que atribuir os
deve ser compartilhado pela
criador fizer “uso de licenças
seis possibilidades de
obras derivadas sejam
créditos ao autor e não
mesma licença, mesmo que
livres ou menos restritivas
licenciamento, a saber:
licenciadas sob os mesmos
pode ser modificada.
haja modificação no material
para oportunizar a criação
•
termos, permitindo, então,
•
original.
e o compartilhamento de
é a licença menos restrita
que o usuário distribua,
Comercial (by-nc), licença
•
materiais educacionais com
de todas e permite que o
remixe, adapte e até
que permite tudo que
Comercial – Não a Obras
professores, estudantes e
usuário distribua, remixe,
mesmo comercialize,
atribuição (by) explicita,
Derivadas (by-nc-nd), é a
pesquisadores do mundo
adapte ou crie obras
porém atribuindo a mesma
porém a obra não pode ser
licença mais restritiva da
todo” (FIALHO; TORRES,
derivadas, mesmo que
licença da obra original.
comercializada.
Creative Commons, pois não
2014, p. 125). Dessa forma,
sejam para fins comerciais,
•
•
permite uso comercial, nem
é válido enfatizar que as
contanto que seja dado
Obras Derivadas (by-nd),
Uso Não Comercial –
modificação, e os créditos
licenças para diminuir as
crédito pela criação
que como o próprio nome
Compartilhamento pela
devem ser dados ao autor.
barreiras legais quanto
original.
diz não pode ser derivada,
mesma Licença (by-nc-
à publicação desses
•
ou seja, ela pode ser
sa), é a licença que não
Atribuição (by), que
Atribuição –
Atribuição – Não a
Atribuição – Uso Não
Atribuição –
Atribuição – Uso Não
A parte prática foi realizada
documentos, áudios,
etapa, alguns estudantes
textos elaborados pelos
outro documento, porém
no laboratório de informática
fotografias e websites.
buscaram ilustrações para
estudantes, o próximo
todos publicaram no estilo
seus textos em sites que
passo era salvar esse
livro, por ser o primeiro da
e a proposta foi que os estudantes utilizassem
Na oficina, os estudantes
possibilitam que se faça
documento, no formato
lista de escolhas.
a ferramenta tecnológica
utilizaram, então, a
o download de imagens,
Portable Document
É fundamental ressaltar que
YUDUfree para entender
versão free e deram início
de maneira free. Após a
Format, isto é, em pdf. Em
durante todo o processo
sua funcionalidade. O
ao primeiro passo do
elaboração do texto, os
seguida, era o momento
houve mediação tanto do
YUDUfree é uma biblioteca
processo, ou seja, cada
estudantes tiveram que
de publicar o material no
professor coordenador dos
de publicação e de mercado,
estudante criou uma conta
entrar no site da Creative
YUDUfree. Nesse momento,
PIBID, como da professora
que permite ao usuário:
no site, para obter login
Commons, e escolher um
todos entraram no site
que estava coordenando
leitura, publicação, compra,
e senha. Feito o login e
licença para seu texto.
utilizando seu login e
e orientando a oficina,
venda e compartilhamento
a senha, os estudantes
De comum acordo, todos
senha e clicando no ícone
instruindo e auxiliando os
de conteúdo digital. A versão
deveriam elaborar um texto
decidiram escolher a
“publicar”, cada um fez
estudantes em suas dúvidas
free permite que o usuário
direcionado para a área de
licença Atribuição – Uso
a sua publicação, que
e dificuldades.
explore, leia e compartilhe
química, podendo utilizar
Não Comercial.
podia ser nos estilos: livro,
os conteúdos nela contidos,
artigos já publicados
Escolhida a licença e
revista, brochura, catálogo,
e permite que se publique
por eles mesmos. Nessa
colada na página inicial dos
jornal, pasta, relatório ou
Links de Aulas produzidas no YUDU: Tema: Colesterol
http://goo.gl/71gsDk
Tema: Composição Química do Refrigerante http://goo.gl/FehP65
Tema: Drogas e Medicamentos http://goo.gl/bFY9AS
Considerações Circunstanciais Os resultados dos trabalhos deixaram os
para o desenvolvimentos de práticas
estudantes animados e entusiasmados
inovadoras e condizentes com a
para utilizarem esse recurso em suas
realidade atual.
futuras práticas docentes. Ficou evidente
Conclui-se que, a utilização do
que eles gostaram de atuar como autores,
YUDUfree, assim como de outras
criando e publicando seus próprios
ferramentas tecnológicas, dentre
trabalhos, e isso ficou claro em alguns
a diversidade que encontramos
comentários, ao final da oficina, como: “eu
disponíveis, pode proporcionar um
achei muito interessante esse recurso,
ensino diversificado, atual e dinâmico,
porque podemos produzir mini-ebooks
por envolver os estudantes e pelo seu
com os estudantes do Ensino Médio; “dá
potencial de publicação, comunicação
para fazer um jornal na escola”; “eu gostei
e colaboração, vindo auxiliar o ensino
muito desse recurso porque dá para fazer
e contribuir significativamente para
um portfólio de atividades laboratoriais e
uma aprendizagem química mais
publicar”.
motivadora e contextualizada.
Diante dessas colocações, considerase que a oficina foi produtiva, pois levou os estudantes a refletirem sobre a ideia de partilha e de troca entre os pares, ações características dos REA, além de incentivá-los e motivá-los
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