Perto de Francisco

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Quarta-Feira, 15 De OutubrO De 2014

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mundo a7 divulgação Facebook

francisco Casal brasileiro participa como convidado do encontro da igreja que discute questões sobre a família, com direito a discurso na presença do papa

Papa Francisco cumprimenta os brasileiros arturo e hermelinda Zamperlini, no sínodo

leonardo blecher

nós achamos que a igreja vai ter ares de mudança e melhorar. vai se modernizar

de são paulo

Foi por meio de um mensageiro nada trivial que os brasileiros Hermelinda e Arturo Zamperlini souberam o resultado do primeiro turno das eleições presidenciais no Brasil. O papa Francisco os avisou que a disputa seria resolvida no segundo turno. A conversa aconteceu na segunda-feira (6) de manhã, no intervalo da sessão da Assembleia Extraordinária do Sínodo (encontro dos bispos). “Quando soube que éramos brasileiros, o papa nos disse: ‘O Brasil vai para o segundo turno’”, conta Arturo. “Nós ainda não sabíamos”. Os Zamperlini são os únicos leigos brasileiros que participam do sínodo, reunião de bispos que acontece no Vaticano para discutir posicionamentos da Igreja Católica em questões sobre família. Casados há 41 anos, Arturo, 65, e Hermelinda, 61, dirigem a parte brasileira das Equipes de Nossa Senhora, movimento internacional de apoio conjugal. Segundo Arturo, o convite para o sínodo veio do próprio papa Francisco, por meio da Nunciatura Apostólica no Brasil, a Embaixada da Santa Sé no país. A participação, porém, é limitada. Assim como os outros 13 casais leigos de todos os continentes convidados ao encontro, eles não têm direito a voto no texto que definirá a opinião da igreja a respeito de temas delicados, como o divórcio, a homossexualidade e o uso de métodos contraceptivos. Ainda assim, segundo Arturo disse à Folha, por telefone, suas opiniões são levadas em consideração por quem tem poder de decisão. Ele teve direito a uma fala de quatro minutos para o público composto de cardeais, bispos, líderes de comunidades católicas, estudiosos e o papa Francisco. Aproveitou a oportunidade para defender a maior divulgação de métodos contraceptivos naturais, por meio do monitoramento do ciclo menstrual da mulher. “Casais, principalmente jovens, vivem um ritmo de vida que não lhes permite praticar esses métodos, uma vez que demandam tempo para treinamento”, discursou Arturo à plateia, pedindo o de-

eu acredito que a igreja católica se preocupa muito com perder fiéis aí no Brasil para as igrejas evangélicas, para os muçulmanos arturo zamperlini Leigo brasileiro que participa da Assembleia Geral do Sínodo

Talvez por isso o documento preliminar produzido pelo sínodo acene com uma maior aceitação às famílias que não seguem as orientações da igreja, como divorciados e casais não casados religiosamente, e aos fiéis gays. “São pessoas que merecem nosso respeito, nossa condescendência”, diz Arturo, sobre os homossexuais. “Nós temos um desafio educativo para os nossos fiéis, para olharem para essas pessoas com respeito”, afirmou. O documento está agora sendo discutido em grupos menores, de 20 pessoas. Os casais participam destas reuniões, mas contam como apenas uma pessoa. “O que estamos fazendo nesses grupos é aprimorar o texto. Não acho que vá mudar a essência dele, mas mudar uma palavrinha aqui, outra lá”, disse Arturo. vida comum

senvolvimento de uma orientação mais atual. modernização

Para Arturo, os “ares do evento são de mudança”. “A

igreja se mostra aberta a se modernizar. Ela é sempre a favor de andar ao lado de seu povo, vai responder às aspirações de seus fiéis”, disse. Segundo o brasileiro, as

mudanças que podem sair destas discussões são também fruto da preocupação da Igreja Católica com a perda de fiéis para outras religiões. “Eu acredito que a igreja se

Mulher com câncer fará suicídio assistido

preocupa muito com isso. Aí no Brasil, para as igrejas evangélicas, no mundo todo, para os muçulmanos, no leste europeu, há os cristãos ortodoxos”, disse.

Apesar da forte atuação no catolicismo brasileiro, Hermelinda e Arturo não se dedicam exclusivamente à religião. Ele é consultor técnico na empresa petroquímica Braskem, e ela é dentista em um consultório em São José dos Campos (SP), onde vivem. Portanto, a convivência com a alta hierarquia da igreja durante os dias do sínodo é inusitada para o casal brasileiro. Principalmente em relação ao papa. “Nos intervalos, ele acolhe a todos, conversando, abraçando. É muito humilde, simpático”, disse Hermelinda. Arturo destaca a participação de Francisco nas reuniões. “Ele não levantou um minuto durante as palestras”. arquivo Familiar/ap

Americana em estado terminal da doença tomará remédio para morrer em novembro giuliana vallone

de nova york

Brittany Maynard tem 29 anos de idade e já sabe o dia em que vai morrer. Diagnosticada com câncer terminal no cérebro, ela decidiu recorrer à lei que permite o suicídio assistido em alguns Estados norte-americanos e vai tomar um medicamento que dará fim à sua vida no dia 1º de novembro. Maynard descobriu a doença no início do ano, quando

procurou um médico por causa de fortes dores de cabeça. Em abril, depois de passar por duas cirurgias, recebeu a notícia de que teria apenas mais seis meses de vida. Ela diz que, depois de pesquisar sobre os tratamentos possíveis, percebeu que nada poderia salvar sua vida. “E os tratamentos recomendados destruiriam o tempo que ainda me restava”, conta, em depoimento à CNN. “Mesmo com medicamentos paliativos, eu poderia de-

senvolver dores resistentes à morfina e sofrer mudanças de personalidade e perdas motoras e cognitivas”, afirma. Ela decidiu, então, se mudar com o marido e a mãe para o Oregon, que permite a “morte com dignidade”, como diz a lei –um suicídio com assistência médica. “Eu não sou suicida. Não quero morrer. Mas estou morrendo. E quero fazer isso nos meus próprios termos”, diz. Brittany virou o símbolo da organização Compassion and

Choices, ONG que luta para estender a legislação sobre o suicídio assistido nos EUA. Hoje, ele é permitido também em Montana, Novo México, Vermont e Washington. Ela gravou um vídeo com sua história —que já tem mais de 7 milhões de visualizações. “Pretendo estar cercada pelas pessoas mais próximas, meu marido, minha mãe, meu padrasto e meu melhor amigo. E vou morrer no meu quarto, em paz, ouvindo alguma música que eu gosto”.

em vídeo, brittany disse querer morrer ao lado de parentes


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