Portfólio Prática de Ensino

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Livro do Futuro Professor Leonardo Irineu JosĂŠ de SOuza


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ste livro é resultado da disciplina Pratica de Ensino I, ministrada pela Profa. Dra. Maria Cristina da Rosa Fonseca da Silva. Elaborei está pequeno resumo, ou guia, ao logo das aulas em sala e saídas de campo com tudo que considerei mais relevante na minha formação docente em Artes Visuais. Através de textos, relatos, observações e ilustrações ofereço este singelo trabalho como um registro físico para futuras consultas. Ou não!

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O início: a infância e nossa escola.

Como seria minha escola?

A infância. A infância como idealizamos. A infância Minha escola teria espaço. Muito espaço para circular. E também muito verde. Árvores estariam que lembramos. A infância como notamos hoje. nos limites dos muros escolares, assim a percepção Em alguns papéis os alunos foram convidados de limites coercitivos diminuiria. As salas de ensino a sintetizar com uma palavra nossa percepção teriam estrutura para áudio e vídeo. A organização sobre a infância. Os conceitos apresentados foram das salas daria prioridade a coletividade e área ampla categorizados a fim de discutir aspectos dessa fase. para diversas atividade. Arejado, com janelões para Desmistificar idealismo e conceitos frágeis sobre esse circular o ar, bom para dias mais quentes e confortável período foi fundamental para resgatar o significado para os mais gelados. Haveria sala de artes, com estrutura necessária para desenvolver práticas de ser criança. artísticas com as crianças mais pequenas e sem medo Em segundo momento a turma teve oportunidade de de sujar. Pátio coberto com palco para apresentações produzir, através de materiais comuns e escolares, a diversas. Sala para desenvolver atividades de teatro nossa própria ideia de estrutura física de escola (na e música. Espaço para atividades físicas, pátio de educação infantil) dentro dessa percepção do que convivência e lanche comunitário. Uma escola com seria ideal a infância. Como seria esse lugar, o que estruturas adaptadas para alunos e docentes que poderia ter nessa escola e como articular esse espaço porventura necessitem delas. Escola arborizada, colorida e aconchegante. Jardins e parquinho. Um de maneira pedagógica espaço onde o processo de ensino e aprendizagem fortaleçam e priorizem a desenvolvimento da criança em todas as suas esferas. 5


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A infância resultado de uma construção social Através do livro História Social da Criança e da Família, de Philippe Ariés, nos situamos em que ponto da História a infância foi formada da maneira que conhecemos hoje. Nessa perspectiva histórica foi possível perceber, mesmo que brevemente, os percalços que as crianças enfrentaram até serem reconhecidas como seres em desenvolvimento que possuem características e necessidades próprias.

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Paralelo com Concepções Psicológicas da Aprendizagem

planejamento de aulas.

Nesse contexto somos guiados por uma apresentação que exemplifica questões a serem consideradas no O conteúdo trabalhado acerca da infância também processo de planejamento de aula. A primeira vista possui respaldo teórico trabalhado na disciplinada parece assustador quando nos confrontamos com a de Concepções Psicológicas da Aprendizagem. complexidade da questão do ensino. A cada passo Através do estudo de autores como Jean Piaget, ou sugestão que se dá, há um obstáculo teórico, um Henri Wallon e Lev Vygostky traçamos um panorama contraponto ou até a desconhecida “epistemologia” de visões distintas e complementares acerca do correndo por fora. desenvolvimento psicológico e cognitivo do ser humano. É através desse estudo que passamos a compreender as fases do desenvolvimento (e seus Em síntese permanecem essas observações: imperativos), a linguagem, motricidade, afetividade, as influências exteriores, o substrato biológico • Para executar um bom planejamento ter consciência e muitos outros aspectos inerentes a filogênese dos subsídios necessários ao processo: domínio, formação, condições de ensino e avaliação. humana. • Momentos do planejamento. Como separar, sistematizar e trabalhar o planejamento a partir de Dimensões do planejamento análise e reflexão do contexto. Estamos cada vez mais próximos de iniciar nossa • As questões sociais como possibilidade de ponto experiência docente nos estágios supervisionados. inicial para problematização, planejamento, e Sentimento de urgência, dúvidas, medos e outras efetivação do processo de ensino-aprendizagem. caraminholas na minha cabeça. Horas de pensar • Alfabetização estética, elementos estéticos e nas questões, reunir conteúdos e refletir sobre o conteúdos próprios das artes visuais como ponto 8


fundamental para os objetivos. • Essencialismo x Contextualismo: buscar o equilíbrio para nossa pratica de ensino. • Reflexão, avaliação e revisão dos conteúdos. • A sala de aula como local para experimentar e aperfeiçoar a prática pedagógica. Cada turma tem suas particularidades. Saber que não há fórmula pronta para dar aula. Algumas atividades funcionam em determinada turma e contexto, mas podem não dar o mesmo resultado em outras semelhantes.

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PLANO DE AULA Contexto: Lugar: sala de aula ou, preferencialmente, sala específica para aulas de Arte. Número de Alunos: cerca de 25 Série: 1º e 2º ano dos anos iniciais Duração: duas aulas de 50 minutos

Tema: • Redescoberta do Ponto, Linha e Cor

Problema:

existentes na obra de Kandinsky: ponto, linha, cor e composição.

Objetivo específico: • Provocar no aluno uma percepção do ritmo (em conjunto com música instrumental selecionada). • Trabalhar com uma palheta de cores básicas e partir disso associar a sensações. • Desenvolver uma atitude composicional nos trabalhos com elementos de ponto, linha e cor. • Conhecer as bases da Arte Abstrata. • Descobrir a utilidade de matérias diversos para a criação na prática artística.

Justificativa

• Como ensinar elementos formais das Artes Visuais associando com questões subjetivas da formação Estabelecido o objetivo de trabalhar conscientemente subsídios estéticos das Artes Visuais como ponto, linha, estética do aluno? cor, composição, materiais e texturas buscamos um artista acessível e com obras que forneçam abertura Objetivo geral: para atividades dentro do problema abordado. • Estimular uma consciência inicial sobre os elementos 10


A escolha foi realizada a partir da observação da questão de como ensinar elementos básicos das Artes Visuais aos alunos dos anos iniciais, através de uma abordagem sensível e que proporcione, sobretudo, um processo de ensino agradável. Sem apelar para o formalismo estético rígido procuramos, como apoio associativo, a música (ritmo) e também o uso de materiais diversos que construam um trabalho de modo “expandido”. Através das provocações motivadas pelo contexto da obra, busca-se criar trabalhos que explorem as múltiplas possibilidades de sentido, poesias e a utilização de materiais diversos para composição

Metodologia Aula 1: Exposição de conteúdo: Iniciar aula apresentando imagens de Wassily Kandinsky, falar sobre sua biografia, importância

como artista (em relação ao fato de ser precursor do abstracionismo) e o que seria a arte abstrata. Logo após identificar juntos aos alunos elementos formais constituintes do seu trabalho: ponto, linha e cor. Explicar que as características apresentadas estarão presentes em todo trabalho plástico feito pelos alunos. A última parte da exposição de conteúdo será a relação das obras de Kandinsky com a música no contexto do artista e desdobrar para o cotidiano dos alunos. Explicar que cada cor pode representar uma sensação ou sentimento, mas esclarecer que essa associação varia para cada pessoa (citar exemplos).

Atividade pratica: A partir de exposto o conteúdo propor uma rápida atividade pratica. Com apoio de música instrumental incentivar alunos criar sua própria arte abstrata a partir do que eles sentem ao escutar a música. Que ritmo imprimir, que cores usar e como construir seu próprio trabalho abstrato. Individualmente, criar trabalho em papel a4, com lápis, lápis de cor, borracha e régua (se necessário). 11


como barbante, cola, revistas antigas, tinta guache, pincel e mais os materiais que os alunos trouxeram de Finalização: casa. Orientar o trabalho no sentido de seguir o ritmo Alunos que não terminaram poderão continuar da música no momento em que criarem as linhas, atividade em casa, escolhendo uma música preferida escolherem as cores ou até mesmo aplicar texturas ou como sugestão a que foi apresentada em sala no trabalho. O objetivo é criar no final uma série de de aula. Como tarefa deverão se reunir em grupos trabalhos que registrem visualmente o resultado de de quatro e escolher uma música para criarem todas as músicas escolhidas. seus trabalhos. Trazer proposta de música na aula seguinte. Sugerir que os grupos se organizem para Finalização: trazer os seguintes materiais: revista antiga para compartilhar com a turma, cola, barbante ou linhas Cada grupo apresentará seu trabalho, a fim de coloridas e retalhos. explicar como foi a criação do trabalho e significados dos elementos envolvidos em suas obras.

Aula 2: Atividade prática:

Avaliação:

Avaliar o alcance do objetivo e geral específico. A partir das músicas escolhidas, fazer uma playlist Absorção e a ação prática dos conteúdos expostos como pano de fundo para a segunda atividade. Com através de: auxílio dos recursos audiovisuais e internet disponível a proposta é possível. Ainda em grupos de 3, distribuir • Dúvidas acerca do conteúdo inicial apresentado papeis em tamanho A2 (ou A3), e fornecer materiais como: Kandinsky, vida e obra; Ponto, linha e cor; a música como suporte na criação do aluno. 12


• Funcionalidade dos materiais sugeridos para criação. Foram utilizados? Aluno se sentiram confortáveis? Dificuldades em aplicar maior variedade de elementos na composição? • Observar, no momento da apresentação final dos alunos, se os elementos como ponto, linha, cor e textura foram aplicados de maneira consciente as composições. Conseguiram atribuir significado para as obras apresentadas. • Funcionalidade dos trabalhos em grupo. A socialização é alcançada?

Materiais: Computador, data show e internet para apresentar obras de Kandinsky e selecionar músicas para ouvir durante a aulas. Caixas de som. Disponibilidade de papel kraft para atividade em grupo, assim como: guache, pinceis, jornais e revistas antigas, barbante, retalhos e outros materiais recicláveis coletados com os alunos. Observações em Campo: o que foi aprendido aqui. 13


NDI - Núcleo do Desenvolvimento Infantil UFSC Assim como programado a atividade de observação ocorreu no dia 13 de Maio, no NDI/UFSC sob coordenação da mestranda Stéfani Rocha. O início aconteceu próximo as 14h e se estendeu até às 17h. Os alunos foram divididos entre as turmas e puderam acompanhar um recorte da rotina dos alunos. Permaneci junto a três turmas de Educação Infantil com crianças na faixa de dois até três anos, cerca de 27 alunos. A tarde começa com a chegada das crianças na escola. As três turmas dividem o mesmo espaço em um parquinho. O ambiente em que elas ficam é limitado por cercadinhos que não são muito mais altos que os pequenos. Não há portas ou salas de aula no sentido tradicional. A medida que as crianças chegam elas começam a interagir com as professoras, que são três, e estagiárias. O número de adultos por criança é em média de um para três. Achei bastante razoável, mas mesmo assim trabalhoso manter todos 14

a vista. A atividade das professoras e estagiárias nesse momento é integrar as crianças no espaço, dar atenção, buscar conciliar os conflitos, cuidados com segurança e manter alguma ordem. As três professoras efetivas são da área da pedagogia, as demais estão em estágio de diversos cursos como: psicologia, pedagogia, história, geografia, letras e etc. Talvez por ser um ambiente de intensa pesquisa, experimentação e de formação é nítido o prazer no trabalho das professoras envolvidas. Cabe salientar que todo o corpo de funcionários que observei eram do sexo feminino. A abordagem pedagógica praticada pelo NDI na educação infantil segundo a professora Carol (uma das que eu melhor acompanhei nesse dia) é pautada em Vygotsky. Ela afirmou sobre a questão de preponderar o desenvolvimento da motricidade, da experiência com o objeto concreto a fim de adquirir conhecimento. Também há a relação com o meio e com outro, as particularidades do contexto de cada aluno ali presente. No que tange as artes a professora disse que é desenvolvido atividades que envolvem


artes visuais, teatro, literatura e música. As propostas são desdobradas de acordo com a resposta dos alunos ao que está colocado. Também há trânsito entre as áreas do conhecimento, interdisciplinaridade. Não existe uma diferenciação definida entre disciplinas principalmente por nem ser foco ou próprio para a idade das crianças. Outro ponto importante é a ideia de continuidade dos trabalhos, dos projetos. As atividades proposta são colocadas e retomadas com constância.

com formas geométricas, formas de gotas e traz em seus trabalhos materiais diversos com cores e texturas. Não recordo o nome da artista. Segundo a professora Carol a introdução ao trabalho da artista aconteceu através do lúdico com analogias a formas de sementes. As crianças coletaram diversas sementes nas saídas de campo estudando suas texturas, formato e tamanho. As sementes coletadas deverão servir para algum trabalho posterior.

Cada projeto tem etapas e repetições de atividades a fim de estabelecer conexões concretas para as crianças. Tudo é formado de maneira contextualizada, com ênfase em atividades que priorizem o ato motor e integração das crianças.

A atividade de papietagem iniciou com o corte do papel pardo em pedaços menores. Cabe lembrar que as professoras buscam reutilizar e reciclar materiais para as práticas. Também existe especial atenção com o conteúdo desses materiais para a segurança das crianças. A atividade transcorreu durante uns Após a chegada das crianças é iniciado a atividade 40 minutos. Tudo vai ao seu tempo sem forçar a programada para o dia. Todas elas são convidas a participação das crianças. Alguns ainda são muito participar, se quiserem, da papietagem de três caixas novos e não conseguem rasgar o papel sozinhos. de papelão. Segundo a professora Ligia essa não Ajudamos e incentivamos as crianças a rasgarem e seria a primeira vez que a atividade acontece. Ela já colocar o papel nas bacias indicadas pelas professoras. se estende dentro de um projeto onde as crianças As crianças as vezes bagunçam os papeis, jogam conheceram um pouco de uma artista que trabalha areia na bacia e brigam entre si. As professoras 15


pacientemente mediam a situação. Após essa primeira etapa as crianças são levadas ao espaço aberto que há ao lado do parque fechado. É iniciado a atividade de colagem dos papeis nas caixas. A cola é feita com água e trigo. Nem todas as crianças participam, algumas se divertem mais com os balanços e outros brinquedos. A participação, assim como na primeira atividade é intermitente, as professoras permanecem executando a atividade, ajudando as crianças interessadas e incentivando os demais. As estagiárias ficam na função de manter todas a vista, em distância segura. A atividade transcorre em cerca de 40 minutos. O maior trabalho foi transitar com as crianças de um ambiente para o outro, já que são deveras dispersas. Depois dessa atividade as crianças retornaram para o seu espaço. É iniciado a hora do lanche. Acontece por volta de 15h30min. É apenas nesse momento que as crianças são divididas em sala separadas, três. A divisão ocorre pela idade de cada criança e todas as salas são envidraçadas, assim temos uma visão de tudo que acontece no espaço. O lanche é distribuído pelas professoras. A comida consiste em 16

suco, frutas (nesse dia uva, maçã e banana), pão e geleia. A comida de cada dia é levada por dois alunos de cada turma. Existe uma tabela que organiza os dias em alternância. Os alunos sentam todos juntos em uma mesinha com três bancos para três pessoas. Todos comem, riem e conversam. Alguns mais difíceis outros são mais fáceis de manter o foco no lanche. A professora diz que precisa ter paciência pois muitos estão cansados, não descansaram depois do almoço e ficam mais turrões. Após o lanche as crianças são liberadas para brincar na sala delas e no espaço fechado que liga as outras salas. É nesse momento que os mais novos trocam as fraldas, alguns alunos vão ao banheiro, outros dormem e uma salinha onde tem colchonetes e cobertas. As professoras disseram que nem sempre conduzem alguma atividade no segundo período. As crianças ficam livres para brincar no espaço, mas sempre sob supervisão. Alguns, mesmo assim, conseguem escapulir sorrateiramente dali, foi uma correria. Nesse momento geralmente os mais velhos,


de três anos, brincam mais e os novinhos descansam. Cada criança é um ser singular. Todos têm suas particularidades e são respeitados em sua individualidade. As professoras procuram flexibilidade em situações de conflito, negociam, falam e tom baixo, olham nos olhos e nunca assumem postura coercitiva. De todo modo todas as atividades e o espaço priorizam a interação e integração das crianças. Todos brincam com todos. Não percebi divisão ou formação de turminhas. Existem muitos adultos para supervisão nenhum aluno é deixado de lado por muito tempo. Nada ali denota ou reforça diferenças socais ou situação de exclusão aparente. O que salta os olhos é essa homogeneidade e também a satisfação dos alunos que convivem ali.

foi impossível permanecer neutro. Eles chegam até nós. As crianças são alegres, ativas e gritam muito (risos). As professoras são afetuosas, às vezes pegam os pequenos no colo, sempre chama todos pelo nome. Até eu gravei o nome de muitos ali em um dia só. Foi muito interessante também, como instrumento de observação, assistir o desenvolvimento intelectual da criança, tema que debatemos na disciplina de Concepções Psicológicas da Aprendizagem. Tudo que vi nesse dia veio muito a contribuir para minha formação enquanto professor de Artes Visuais.

As situações que presenciei em nada são semelhantes com uma ideia de escola tradicional ou com as aparências desgastadas que acompanho na realidade do ensino público regular. Foi uma experiência extremamente positiva: em partes porque participei, interagi e brinquei com os alunos. Simpáticos que são 17


Escolinha de Arte - Centro Integrado de Cultura

A primeira turma teve como atividade principal nesse dia a visitação a exposição do escultor Pita Camargo no Museu de Arte de Santa Catarina (MASC), contando com a mediação de uma arte-educadora A observação ocorreu no dia 20 de maio, na Escolinha do museu. O posicionamento da professora da de Arte, CIC da Fundação Catarinense de Cultura. Escolinha nesse momento foi apenas no controle das O início aconteceu por volta das 14h e terminou crianças e manter o grupo reunido. Toda a mediação 16h30min. O restante do tempo foi aberto para foi conduzida apenas pela arte-educadora. pergunta dos alunos aos arte-educadores presentes. Ao contrário da observação anterior, que contou com Um ponto interessante da mediação, pensando em a participação dos acadêmicos em todo o processo, atividades que as crianças desenvolveriam depois, foi nos coube apenas a possibilidade de observar com a preocupação da mediadora a falar sobre materiais distância as atividades desenvolvidas. Não houve para produção de escultura do PIta, o seu processo interação com as crianças e nem com os professores de criação, histórico e as possibilidades interativas durante todo o percurso. Na maioria dos momentos de sua obra. Ficou latente a mensagem ecológica dos foi difícil até ouvir o que estava acontecendo. De trabalhos nesse momento. certo modo a situação empobreceu a experiência. Após a mediação as crianças foram novamente Nesse dia foram observadas duas turmas conduzidas a sala da Escolinha para o lanche. Cada especificamente na aula de Artes. A primeira turma uma trouxe sua própria comida: entre sucos de conta com quatro crianças por volta de 4 e 5 anos. A caixinha e salgadinhos. Após esse intervalo os segunda turma, após o intervalo, foi com seis crianças menores seriam conduzidos para aula de música. O por volta dos 6 e 7 anos de idade. intervalo e troca de turmas aconteceu por volta das 15h até 15h30min. 18


A segunda aula foi com os alunos maiores. A proposta foi dar continuidade as atividades da aula anterior. No primeiro momento os alunos voltaram a apreciar os trabalhos feitos anteriormente. Pelo que foi possível observar eram pinturas feitas com guache em papel A3 (talvez tríplex, gramatura alta). Os temas das pinturas giravam em torno de casas em florestas e com árvores. Pelo que percebemos as criações foram inspiradas em obras do Meyer Filho e as árvores de Mondrian, por exemplo. As referências imagéticas estavam dispostas em sala. Algumas crianças apenas realizaram uma reprodução em vez de criar a partir da referência. O resultado da proposta lembra muito as releituras, mas não posso dizer ao certo se esse era o objetivo. A medida que as imagens eram apresentadas os alunos explicavam suas respectivas criações. Era bem interessante perceber como eles inseriam tantos detalhes e até narrativas dentro de seus trabalhos. A segunda atividade a ser desenvolvida nesse dia seria um desdobramento da visitação que as crianças fizeram ao MASC na semana anterior. A partir disso

deveriam, com massas de modelar, criar formas para serem colocadas no espaço aberto ao lado da Escolinha como se fosse uma intervenção. As crianças tiveram liberdade para criar o que queriam, dessa vez não houve uma referência específica. A professora lembrou de uma atividade semelhante realizada no ano anterior onde as crianças fizeram flores com garrafas pet e penduraram em uma árvore no espaço ao lado. Alguns alunos mais perdidos fizeram flores sem ter ideia do que fazer. A atividade aconteceu em cerca de 40 minutos. Pouco antes do final da aula cada aluno, um por vez, levava suas criações até o espaço e colocaram no lugar onde desejavam. As pequenas esculturas feitas em massinha eram geralmente bichinhos, flores ou formas mais abstratas (não tinha como saber o que exatamente era). Após o término da atividade foi dado o sinal para o fim da aula e as crianças foram até a frente do museu, com supervisão, para aguardar a chegada dos pais. Sobre a relação da professora com os alunos percebi que ficou estabelecido uma certa hierarquia de 19


autoridade no sentido mais tradicional do que uma postura mediadora. A professora pareceu conduzir as atividades, fornecer os próximos passos, mas sem se envolver diretamente ou afetivamente com as crianças. A segunda aula priorizou a prática em detrimento de diálogos e conversas. Poderia dizer que há uma ideia maior de experiência estética essencialista com o contexto num plano secundário. Também parece existir traços da “Escola Nova” na condução das atividades. Pouca interferência do professor no processo ou preocupação de um desenvolvimento técnico ou crítico do trabalho. O fazer artístico parece ser o mais importante. Na conversa final com a professora conseguimos extrair alguns dados das aulas da Escolinha. As atividades ocorrem de segunda até sexta, no turno da manhã e da tarde, durante o período de duas horas e meia. Eles possuem cerca de 150 alunos, divididos por idade em turmas de 8 em média. A cada 15 dias também realizam essas aulas com estudantes de duas escolas próximas como um projeto em paralelo. O perfil da maioria das crianças é de estudantes do ensino privado que possuem pais que buscam 20

alguma atividade no contra turno para preencher o tempo dos filhos. A professora disse que alguns permanecem por anos na Escolinha enquanto outros estão mais por obrigação. Existe lista de espera para outras crianças entrarem. As atividades se estendem, mais ou menos, em consonância com o calendário escolar. Cada turma possui uma aula por semana e a idade doas alunos varia dos 4 anos até 13. A Escolinha de Arte existe a cerca de 50 anos. A atividade de ensino de arte é essencialmente informal. Segundo a professora o instrumento de avaliação é analisar a resposta dos alunos as atividades propostas e o seu processo de evolução. Costumam ter exposições no final do ano. O planejamento das aulas é flexível, elástico. Como acontece dentro do CIC, o acesso dos alunos as exposições é facilitado, o que contribui para as aulas de arte. Vale lembrar que tanto a avaliação como os planos de aula não parecem ser estruturados ou importantes para ação das professoras na Escolinha. O desenvolvimento das aulas parece ser processual. A professora que nos atendeu é formada em


Licenciatura em Artes Plásticas na UDESC Para finalizar vale lembrar a estrutura da sala de arte, onde acontece a maioria das atividades. A sala é grande, limpa e possui estrutura própria para as atividades. Existem mesas coletivas cobertas com plásticos para não sujar. Pias, varais, espaços de secagem. Bastante espaço para guardar materiais. Os materiais geralmente se apresentam como versão mais simples, e não tóxicas, dos usados pelos adultos. Não existe uma atenção especifica para reciclagem ou reaproveitamento (pelo recorte da aula que observamos). As crianças não trazem nada de casa. Existe espaço para livros, uma sala separada para a música e a mesa para o lanche.

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Escola Básica Municipal Virgílio Várzea

(café da manhã, almoço, lanche e jantar) oferecidos integralmente pela instituição. O cardápio possui A visita a EBM Virgílio Várzea ocorreu no dia uma quantidade considerável de variações durante o 27/06/2014, período vespertino (13h30min até 17h). mês e compreende uma dieta balanceada e saudável. Essa observação foi diferente das outras por estar fora As saídas para lanche, banheiro, escovar os dentes do circuito escolar definido inicialmente na disciplina. procuram intercalar com a presença dos alunos A escolha de fazer a última atividade em campo nesta maiores para evitar confusões. foi por ser a sede do projeto de Iniciação à Docência A sala observada tem estrutura relativamente ampla (PIBID/CAPES/UDESC) do qual eu faço parte. e possui todo aparato de material, brinquedos e O colégio, municipal, está situado no bairro demais itens para o dia. O contexto faz com que Canasvieiras, Florianópolis – Santa Catarina. É uma as crianças permaneçam mais tempo em sala sem escola modelo que existe a pouco mais de um ano. deslocamentos. Também existe uma saída contrária Possui boa infraestrutura e compreende discentes ao pátio principal onde existe um largo, descoberto da Educação Infantil até os Anos Finais do Ensino e gradeado, para as crianças brincarem ao ar livre. Fundamental. A turma observada pertence ao núcleo Fora este espaço há um parquinho compartilhado infantil, turma G5, com alunos de quatro e cinco anos por todas as turmas da Educação Infantil.

de idade (cerca de 20 - 25 crianças) que permanecem na escola em turno integral (08h – 17h). Cada sala Iniciei a observação após o lanche da tarde. Neste do segmento possui uma professora regente uma período as crianças estavam brincando livremente na sala de aula. Era um dia chuvoso e por esse auxiliar, ambas pedagogas de formação. motivo não poderiam ir ao parquinho. Estavam bem Todas as turmas da Educação Infantil possuem agitadas correndo e falando alto. Neste momento rotina predefinida. Contam com quatro refeições as professoras buscavam arrumar a sala de aula, 22


organizando colchões e recolhendo material nas mesas. O lugar estava um tanto bagunçado e tem excesso de materiais, brinquedos e outras coisas coladas na parede. Durante toda a aula as professoras gastam muito tempo apenas arrumando o recinto. A primeira atividade da tarde foi uma leitura de um pequeno poema de Vinicius de Moraes. A professora sentou em roda com as crianças no tapete. Após todos ficarem em silêncio, leu o poema. Fez algumas perguntas de memorização aos alunos para ver se compreenderam o texto. Após a atividade todos puderam colorir, com lápis de cor, um desenho que retratava o elefante descrito no texto e o escritor. A medida que as crianças terminam, recortaram as marcações do papel, assinam (alguns com certa dificuldade ainda) e colavam nos respectivos cadernos. Algumas crianças já tinham relativa consciência de espaço e composição, enquanto outras garatujavam bastante e ainda não entendiam as cores. A atividade aconteceu rapidamente (cerca de 30min) e as crianças puderam retornar aos jogos e brinquedos.

Depois dessa atividade, todos foram ao jantar, escovar os dentes e retornaram a sala. A professora propôs brincar com massinha de modelar. A atividade levou cerca de 20 minutos e não possuía nenhuma proposição ou orientação. Era atividade livre. Só poderiam usar uma cor sem misturar com as demais. As crianças logo perderam o interesse pela atividade e ninguém fez algo mais concreto. Voltaram as brincadeiras que foram estendidas até o fim da aula. Existem pontos importantes que destaquei neste dia. O ambiente da sala e as atividades propositivas das professoras tendem a separar a crianças por gênero. Meninas costumam sentar na mesa apenas com meninas, ficam mais no espaço “rosa” da sala e brincam com estereótipos de princesa, boneca, casinha e mamãe. Os meninos costumam usar o restante da sala, são mais barulhentos, competitivos e tendem a brigar mais. As brincadeiras giram em torno de correr, “lutinhas” e carrinhos. As atividades do dia recorreram aos aspectos das Artes Visuais, mas sem necessariamente possuir o apuro que um professor de formação específica dispensaria as atividades. Existe um caráter 23


formalista nas tarefas e nenhum desdobramento ou intenção específica. É importante relembrar que as professoras não pertencem a área. As crianças já estão em fase de alfabetização e muitas já sabem reconhecer o próprio nome escrito e de outros colegas. Nem todos conseguem empunhar o lápis para e escrever, mas parece que todos os alunos estão em relativo desenvolvimento (cada um no seu tempo). As professoras adotam uma atitude mais distanciada das crianças. Não há uma relação afetiva. Assumem postura de autoridade, estabelecem limites, mas sem recorrer a gritos, por exemplo. Alguns alunos têm “momentos” de castigo durante a aula se não respeitam as regras.

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