26 de novembro>> 31 de dezembro 2014
20 anos a trabalhar com a Arte pela Inclusão Social
A vida é feita de ciclos e hoje o Espaço t fecha mais um. 20 anos a trabalhar com a Arte pela Inclusão Social. Em 20 anos vivemos momentos mágicos, de sonhos, momentos utópicos, momentos reais, momentos de falta de espaço e momentos de excesso de ideias para concretizar. Vivemos 20 anos com toda uma força emocional que uma equipa pode ter. Podemos, afirmar, que valeu mesmo a pena! Contribuir, através da Arte, para transformar “Homens em Príncipes” e com eles fomos mais longe, difundimos a Cultura do Espaço t para além dos espaços físicos conquistados e assumidos como pontos de partida do trabalho do Espaço t. Hoje, ao fim de 20 anos, sabemos que valeu a pena ter momentos de crise, angústias, dúvidas e de muita resiliência… Mas sabemos que valeu a pena criar espetáculos de Teatro e Dança inclusivos, produzir revistas em negro, braille e áudio, realizar exposições para invisuais e para os outros, realizar congressos com temáticas tão complexos e simultaneamente tão simples como a Morte, o Desejo, o Sonho… Milhares de pessoas passaram pelo Espaço t e estamos certos que irão continuar a passar com a mesma vontade de encontrar caminhos para uma vida, onde a Felicidade é o sonho maior e essa é quase sempre tão singular e difícil de entender. No Espaço t não temos a pretensão de mudar o Mundo, temos apenas a vontade de contribuir para um Mundo melhor, mais inclusivo, mais emocional, onde a Arte tão bem consegue materializar esses desejos e sentimentos da subjetividade humana. Por isso, com a Quase Galeria, criamos um espaço de arte contemporânea, onde a Arte se funde com a essência da Casa da Felicidade. Com o novo Espaço Intercultural “ O Meu País no Teu” e a Galeria Espaço t(eu) iniciaremos uma nova dinâmica socio cultural, para que os imigrantes, oriundos de países terceiros, e a residir em Portugal possam sentir-se menos imigrantes, através da Arte. Com a Galeria Itinerante, temos um espaço de convergência de diferentes tipos de Arte, desde a arte “marginal” até á arte contemporânea. É assim um laboratório de experimentação artística, tendente à criação de novos conceitos de Arte, nomeadamente: a arte como forma de comunicação transversal entre diferentes públicos; a arte como forma de integração de grupos, numa sociedade cada vez mais segregada e segregadora.
No Cercar-te E5G continuamos a dotar meninos/as do bairro do Cerco de competências sociais, relacionais e outras, para poderem ser melhores Homens e Mulheres no futuro. Continuamos a realizar exposições, projetos de Arte Pública e tudo aquilo que nos possa fazer sonhar, tendo sempre como protagonistas os/as nossos/as alunos/as, pois são eles/as que nos fazem ver o Mundo de outra forma. São muitos os projetos que queremos concretizar e sonhar, mas sabemos que precisamos de mais 20 anos para os concretizar… Obrigado a todos/as os/as que desde a nossa fundação nos ajudaram a chegar até aqui!
Jorge Oliveira Novembro 2014
O Caminhar nas Sombras
Ontem, Hoje…Sempre.
Meu país natal é o Brasil, onde volto periodicamente e onde já realizei trabalhos diversos, ligados a mostras e ao ensino das artes e da cultura. Ontem, Hoje…Sempre Afetos reais, verdadeiros. Sentidos e trocados com muita seriedade, alegria, busca do belo. Intimidades abertas na vida respeitosamente vivida. Só assim vejo a arte – vida. Nada existe separado de nada. Os quadros pintados são figurativos, imagens que vejo e que sinto. Paisagens humanas por dentro e por fora. Pinturas buscadas na memória, nos sentimentos. Expressões de seres que vivem, tremem flutuam, sofrem. Ressonâncias deste mundo estranho, numa aura estranha? Rostos fantasmagóricos, olhos que veem ou não veem, corpos nus sem fronteiras – Bandeiras – condição humana. Pela magia da arte pode ser qualquer lugar, qualquer pessoa. Observe e veja – de preferência com coração e mente abertos. São janelas / portas – ingressos no tempo que nos foi dado a viver. Invoco silêncios, inquietudes, paixões contidas e sofridas. A indiferença é o pior pecado. Luz irreal, campos baços ou brilhantes, figuras que se revelam ou se escondem no aquário vítreo do não ser. Olhos, olhares – trajetórias, associações, necessidades, do ir e do voltar, voar trocar, ser e estar, persistentemente. Pontos de quem também vive, ouve e vê, afetuosamente nesta confraria de amantes da fé, do acreditar que poderá ser melhor. E, assim vivemos os momentos do cantar, dançar desenhar, pintar, buscando SER. Ontem, Hoje…Sempre hoje Cada vez melhores, em casa, em cada esquina, em cada voo, em cada símbolo, em cada claridade, em cada crepúsculo. Apesar de reinarem as trevas, as tormentas, o frio, queimadas, tornados, maremotos e outras intempéries: a indiferença, o desamor, a guerra. E a gente dentro disso tudo – vida e morte. Dia-a-dia. Lá fora, o mundo matizado pela TV, pela Internet, pelos sorrisos, pelas ironias, pelo disfarce. Fortes influências – muitas trajetórias. Que mundo é esse? Da muita informação, do pouco conhecimento. Ontem, Hoje…Sempre? Perder tempo a reinventar ”bonecos”, artefactos, criar personagens? – Não é fácil trabalhar na pintura figurativa com as modas das artes de hoje. Neste figurativo encontramos um pouco do que o ser humano precisou ver ao longo da história: a destruição (moral, social, física,
individual ou coletiva) – a redenção, o pecado, a dor, o corpo, o medo. A insegurança – a ameaça da morte. Tradicionais retratos? Universos à procura de uma versão – transparências, cumplicidades, partilhas e solidariedade – relações de memórias, produções de intenções realizadas amorosamente. Nas pinturas às vezes o trabalho é simples e fluido, outras, difícil e árduo. Muitas interrogações. Muitas camadas de tinta. Formas, sempre na busca de compreender relações e práticas da arte de viver. Catarses, pulsações cardíacas. Inspirar e expirar. Energia, ideias, visões, ativações de memórias…afetos. Imagens que se refazem, num sentido que muitas vezes não queremos representativo de um só percurso. Encontro com suportes de afirmação do feminino…e do masculino. Propósitos, verdades, convicções? – Amplificação, passado, presente, futuro: componentes essenciais do desenvolvimento sensível. E também a fé, paz, sonho, esperança, força, equilíbrio, luz. Surpresas? Contra o ruído, a inquietude, a agitação e o destrutivo. Intencionalidade prepositiva – a boa relação do ser com o meio, consigo mesmo e com as suas problematizações. Ontem, Hoje…Sempre. Consciência, razoes existenciais, réstias de esperança – necessidades, afinal, de tudo. Caldo de vida, tempero, tudo tem que fazer sentido. Padrões vítreos, opacos, ondas, brisas, casas, sons. Alimentar a alma. Intensificar os afetos. A paleta estabelece-se do escuro. Vela e desvela, mostra e esconde, mancha e ressurge em tons fortes e acrescentos de cor. Nos ciclos e nos renascimentos, a busca da ordem universal paralela ao caos. Ontem, Hoje…Sempre!
Sara Marques Leguisamo
Pode-se Por o Verbo que se quiser
Liberdade (coleção particular)
O sentido da sua vontade
Bailado entre o amor e a morte
Secretos Sinais
Camaleantes são os véus
Tu e Eu Estamos sós
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