ÍNDIA - caso de estudo

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introdução


Índia

A escolha de trabalharmos o subcontinente indiano, não foi, de todo, à toa. Não há outra região com tamanha profusão de energia criativa para a produção de têxteis como esta, e a interacção de povos invasores, tribos indígenas, comerciantes e exploradores – construiu uma complexa cultura legendária pela sua vitalidade e cor.

Entre 2000 e 1500 a.C. dá-se o processo ocupacional do território indiano, promovido por diversas tribos árias. A civilização Hindu, como antepassado da actual civilização indiana, surge com uma imensa cultura com inúmeras manifestações artísticas, agricultura extensiva e actividades comerciais e religiosas próprias. Sucede-se a civilização védica, descendente dos textos sagrados Vedas. Os vedas consistem num conjunto de poemas e escritos oferecidos a Krishna (importante divindade do povo indiano), que guiam os costumes dos ensinamentos ortodoxos e também das regras sociais que justificam o sistema de castas indiano. As castas dividem o povo numa hierarquia de casses sociais, definida pelo meio/família em que se nasce. Não é possível ascender socialmente, uma vez que a crença na reencarnação determina que a casta em que cada um nasce é destino do seu espírito. Por volta do século VI a.C., um príncipe chamado Siddarta Gautma veio transformar o cenário religioso. Gautma abandonou uma vida de prazer e luxo por uma vida absorta e dedicada, centrada no fim do sofrimento humano, escrevendo aquilo que se tornaram os diversos princípios de Budismo.


Outras religiões como o Islamismo e o Jainismo apareceram também como importantes formadores da cultura e história indianas. Chegados à era Moderna, por volta dos séculos XV e XVI, as civilizações ocidentais passam a ter contacto com a Índia, que chamou a atenção dos mercadores pela riqueza de artefactos, nomeadamente os têxteis. No século XIX, o Império Britânico veio fortalecer a relação com a Europa, no entanto com interesses meramente económicos e progressivamente invasores da política indiana. Esta tentativa de dominação veio criar grandes conflitos entre a Índia e a Inglaterra, que só cessaram quando o líder Mahatma Gandhi organizou um movimento pacifista. Os seus discursos inspiravam e moviam o povo indiano, conseguindo desarticular o controlo político sustentado pela Inglaterra. Após a conquista da Independência, houve uma disputa ainda não resolvida com o Paquistão pela região de Caxemira. Embora seja evidente o dilema entre a perpetuação das suas tradições e a constante tentativa de modernização ocidental, hoje em dia a sua economia adequou-se às necessidades do capitalismo contemporâneo e é considerado um país emergente, com uma indústria têxtil que é considerada a maior do Mundo.



CULTURA INDIANA


ARTE

A história da arte indiana é tão antiga quanto a própria civilização indiana e todos os grandes períodos das História forma atribuíndo novos modos de expressão e novas formas de arte. Uma vez que a Índia estava ligada ao mundo exterior através de rotas , a influência de culutras de outras terras fez-se sempre sentir.

A arte indiana, que exerceu uma grande influência por todo o Oriente, sobre as artes da China, Japão, Tailândia, Birmânia, Camboja e Java, nomeadamente as chamadas Belas Artes, tem um grande carisma religioso. O Hinduísmo e o Budismo - como dois dos protagonistas religiosos da Índia e dos quais falaremos mais adiante - têm uma enorme influência na maioria das manifestações artísticas, uma vez que se alimentam, em grande parte, de imagens. Pode-se dizer que estas manifestações obedecem, de uma forma geral, a uma certa rigidez de estilo. O artista indiano não trabalha temas arbitrários ou aleatórios, trabalha sim motivos tradicionais ligados à cultura e religião. Motivos como a figura feminina, a árvore, a água, o leão e o elefante são dispostos numa determinada composição gerando resultados tanto inconfundíveis como inquietantes no que se refere à vitalidade sensual e ao movimento rítmico.

As mais antigas manifestações artísticas dos primitivos hindus a que se tem acesso estão entre 23 e 26 séculos a.C., havendo vestígios na pintura e escultura, em emblemas de formato rectangular com figuras em posições de Yoga. A visão hindu-budista do mundo é centrada num paradoxo existencial, segundo o qual a mudança e a perfeição, o tempo e a eternidade, a imanência e a transcendência, funcionam como partes de um único processo. Aplicando esta visão à arte, o universo da experiência estética fica dividido em três elementos: os sentidos, as emoções e o espírito. Assim, o corpo e o espírito são fundidos, por meio da uma deliberada sensualidade com um complexo simbolismo. Temos como exemplo disto, a representação da mulher, que emana carnalidade ao mesmo tempo que transmite mistério, criatividade e uma aura de mãe eterna. Só entre os séculos XIII e XVIII é que se instala o Islamismo, fazendo com que as representações passassem a assumir um carácter muito mais geométrico. A escultura foi-se voltando, pouco a pouco, para as formas lineares, para os contornos pronunciados em vez de grandes volumes. A pintura, era por vezes serena e espiritual, outras vezes energética e voluptuosa.

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ARQUITECTURA As primeiras construções arquitectónicas da Índia foram edifícios de tijolo com estruturas de madeira, que inspiraram outras construções de pedra que ainda hoje estão de pé. O Budismo foi o grande influenciador na época clássica primitiva na Índia, tendo sido posto na ribalta pelo imperador Asoka, e os maiores exemplos desta influência são os Stupas – pequenos templos que albergavam as relíquias oferecidas a Buda – e as Chaitvas – templos rupestres. IMAGEM DE SACNCHI E CHAITYA DE KAULI. Da arquitectura de influência islâmica temos como exemplos o Mausoléu de Gol Gundadh, em Bijapur e a torre Qutb Minar, em Delhi. Na fase Mongol deste estilo islâmico os materiais são muito mais luxuosos, como o mármore, de que é exemplo supremo o grande Taj Mahal, em Angra, e é a partir do século XVIII que os modelos europeus se começam a impor. Mas a marca arquitectónica que é inerente a este país é sim, a mistura de motivos das principais religiões, que aparecem talhados em pedra, em colunas, capitéis e frisos adornando as grandes construções.



CINEMA Desde o século de XX que o cinema tem uma profunda influência no quotidiano do povo indiano. A indústria cinematográfica indiana é considerada a maior do Mundo no que toca a êxitos de bilheteira e número de produções. Na medida em que se fala uma língua diferente de região para região na Índia (sendo a língua oficial o Hindi) existem também diferentes produtoras cinematográficas, sendo a mais famosa destas produtoras o conhecido Bollywood, em Mumbai. É comum pensar-se que apenas Bollywood produz filmes na Índia, o que não é, de todo, verdade, havendo quase 20 produtoras diferentes. A segunda produtora mais conhecida é a de Bengali e o grande centro de produção situa-se no sul, em Madras. A apelabilidade dos filmes indianos reside precisamente no facto de estes serem uma combinação de música, dança, comédia, acção entre outras coisas, que lhes valeu o nome Masala – combinação de especiarias em Hindi.


MÚSICA

FILOSOFIA

A música clássica indiana tem origem nos Vedas, que são as mais antigas escrituras da tradição Hindu, e foi significativamente influenciada e/ou sincronizada com a música folclórica indiana bem como com a música tradicional Persa. O Samaneda, um dos quatro Vedas, descreve a música pela sua duração. Elaborada e expressiva, com ênfase no improviso, é de natureza monofónica, baseada numa única linha de melodia, tornando o solo a forma de expressão musical mais comum. No início, a melodia indiana surge cantada com apenas três notas – Samagana – que evoluem para uma melodia mais completa – Jatis – até alcançar a complexidade melódica das Ragas indianas. As Ragas (da palavra sânscrita ‘Rani’ que significa alegria, deleite, prazer) são formas melódicas precisas e subtis que são a base da música clássica indiana. Evoluindo, a música clássica deu origem à música popular e folclórica indiana, assim como a escalas Persas. O intérprete expressa-se com todo o seu sentimento, e isso, mais que na música Ocidental, transparece.

A linha de pensamento da Índia refere-se às várias escolas e ensinamentos filosóficos espirituais (Dharma), originários do subcontinente indiano, como o hinduísmo, budismo, jainismo entre outras, que advêm todos de um tronco comum: os textos védicos, que são a principal fonte dos seus estudos. Tendo a mesma base, todas estas filosofias são a base do Dharma, e tenta explicar a conquista da libertação espiritual de forma semelhante. As escolas são ortodoxas ou heterodoxas, dependendo da maneira como olham para os Vedas: se como fonte de extrema viabilidade ou não. A competição entre as escolas foi intensa durante os seus anos formativos, indo progressivamente se extinguindo, até alcançar a harmonia conjunta que presenciamos hoje. A sua principal característica distintiva é que os membros de cada escola podem sempre concordar com outras. Das escolas ortodoxas temos Nyaya, Vaiseika, Samkhya, Yoga, Purves Mimamsa e El vedanta; enquanto que as escolas heterodoxas são apenas três: o Budismo, o Jainismo e o Carvakas (ou materialismo – baseado no cepticismo e indiferença religiosa.)


religi達o


A religião na Índia é algo muito forte, o Hinduísmo por exemplo é considerado um dos berços religiosos das civilizações antigas, que moldou a cultura indiana, juntamente com o Budismo. Grande parte dos indianos é seguidora do hinduísmo. Porém, existem também praticantes do Islamismo, Budismo, Jainismo, Sikhismo e Cristianismo.

HINDUÍSMO A religião hindu teve origem no ano 1500 a.C. , foi estabelecida pelos invasores arianos. Actualmente é a terceira maior religião do mundo em número de seguidores. Esta religião cedo criou uma trindade dos deuses principais: Bhrama - o criador; Vishnu - o conservador; Shiva - o destruidor. Restantes Deuses importantes: Ganesha - Deus que remove os obstáculos e traz as soluções. Ganga - Deus do rio Ganges, o rio sagrado para os hindus. Indra - Deus do Céu e do trovão Kama - Deus hindu do amor Surya - Deus do Sol. Hanuman - Deus macaco na religião hindu. Habilidades e poderes especiais. Yama - Deus da Morte Bhaga - Deus do casamento e da saúde. Sarasvati - Deusa do aprendizado e sabedoria. Laxmi - Deus da fartura, da beleza e generosidade.

Sarasvati - Deusa hindu das artes, sabedoria e música. No sistema religioso do hinduísmo actual existem algumas ramificações, que originaram crenças e práticas diversas. Também é composto por muitos deuses e seitas com diversas características. O induísmo possui crenças como o dharma, que é considerada a ética hindu, o modo correcto de viver; o samsãra, o continuo ciclo de nascimento, morte e renascimento; o karma, consiste na acção e na sua consequente reação; o moksha, libertação do samsara, e em diversos tipos de ioga (caminhos e práticas). A vaca, nesta religião, é considerada sagrada e é um símbolo de abundância, da santidade de toda vida e da terra que dá muito embora não peça nada em troca. A maioria dos hindus respeitam a vaca como uma figura matriarca, pela sua natureza gentil e por fornecer leite, ou seja produtos para uma grande parte da dieta vegetariana. Possui um lugar de honra na sociedade, e é parte da tradição hindu evitar o consumo de carne bovina. Os cultos desta religião são realizados em templos, congregações ou locais domésticos. A cerimonia mais frequente é a oração (puja). A palavra “Om”, representa a vibração que transcende o inicio, o meio e o fim de todas as coisas, vinculando-se assim á imagem da própria divindade.


Tradicionalmente, a zona entre as sobrancelhas (onde o bindi é colocado) é considerada o sexto chakra, assim como a "sabedoria oculta". De acordo com seguidores do hinduísmo, este chakra é o ponto de saída para a energia kundalini. O bindi é para manter a energia e reforçar a concentração. Diz-se também para proteger contra demônios ou má sorte. O bindi também representa o terceiro olho. Os seus códigos sagrados são: os Vedas (escrituras que incluem canções, hinos dizeres e ensinamentos) e os Smiriti (escrituras tradicionais). A crença na reencarnação, que para os hinduístas, assim como para muitas outras religiões, é um preceito básico e incontestável. Sómente tendo isto em consideração é que um ocidental pode entender o sistema de castas. Na filosofia indiana a vida é um eterno retorno , que gravita em ciclos concêntricos terminando no seu centro, coisa que os iluminados atingem. Os percalços do caminho não são motivo de raiva , assim como os erros não são uma questão de pecado , mas sim uma questão de imaturidade da alma. O ciclo completo da vida deve ser percorrido e a posição da pessoa em cada vida é transitória. Essa hierarquia implica que, quanto mais alto se chega na escala, maiores são as obrigações. A roda da vida cobra mais a quem é mais capaz. Um Brâmane, por exemplo, que é da casta superior, dos filósofos e educadores, tem uma vida dedicada aos estudos e tem obrigações com a sociedade.. As outras castas são: Kshatriya, ……………...........


administradores e soldados, Vaishya , comerciantes e pastores e Sudras , artesãos e trabalhadores. Antigamente este sistema de castas era seguido como lei, mas depois que Mahatma Gandhi, a grande personagem da libertação da India, contestar em nome dos direitos humanos, hoje na India a mobilidade social jå acontece.


Se quiseres ficar desanimado olha para ti, se quiseres ficar decepcionado olha para os homens, mas se quiseres ser salvo olha para Deus.

ISLAMISMO Actualmente, na India, esta é a religião onde é visível um aumento de seguidores. O Islamismo é fundamentado sobre a crença de que a existência humana é a submissão e devoção a Allah (Deus omnipotente). Para os muçulmanos, a sociedade humana não tem valor em si, mas o valor dado por Deus. A vida é uma oportunidade de bênção ou penitência. Para guiar a humanidade, Deus deu aos homens o Corão, livro revelado através do Anjo Gabriel, ao seu mensageiro, o Profeta Maomé, por volta do ano 610 d.C. Um século depois, houve a grande invasão a Sind, que hoje está fora da India, na região do Paquistão, onde a língua Urdu , introduzida naquela época na região, permanece até hoje . Devido a factores políticos, o Islamismo espalhou-se pelo norte e hoje existe um grande crescimento no numero de seguidores da religião por toda a India.

São reconhecidas duas vertentes no Islamismo, são elas: Sunitas (maior e mais ortodoxo grupo islâmico, que constitui a maioria religiosa em países como o Iêmen e a Arábia Saudita, entre outros) – reconhecem a sucessão de Maomé por Abu Bakr e pelos três califas que o seguiram; Xiitas – reconhecem a sucessão de Maomé por Ali, seu sobrinho. Os símbolos mais importantes para os islâmicos são a família e a mesquita, elementos centrais da vida dos seguidores do Islamismo. As práticas religiosas são fundamentais. Exemplos: 5 preces diárias a Alá; dever para com os necessitados (oferecer parte dos bens); durante a data do Ramadan entre o amanhecer e entardecer há a obrigação de jejum; todos os seguidores desta religião pelo menos uma vez na vida devem realizar a peregrinação á cidade de Meca, simbolizando a peregrinação de Maomé á cidade.



Above is the sky of the mind, and beyond this sky is the Lord - Sri Guru Granth Sahib Ji

SIKHISMO Por volta do século XV o Islão estava a dominar o norte da India e tornou-se muito intolerante, não admitindo a existência daqueles que não acreditavam na sua religião. Os hindus estavam a viverem condições desumanas, tendo sido reprimidos e até massacrados e as mulheres muito maltratadas. Por outro lado os hindus, com suas divisões de classes, superstições e parafernália de rituais, depois de séculos de invasões e dominação, passaram a ser humilhados no próprio país, proibidos de construir templos. Nesse contexto surgiu o Guru Nanak , que mostrou que ambas as religiões se estavam a distanciar dos princípios de Deus, de paz e amor e inaugurou o Sikhismo, cujos pilares são: amor, liberdade, dignidade, tolerãncia, harmonia, amizade, realização pessoal, autoconfiança, caridade e sacrifício. Para um Sikh gerar riquesa é correcto, se for em benefício da sociedade e não apenas para si próprio. É uma fé baseada na realização de Deus dentro de cada um, neste mundo e não depois da morte. O sikhismo tem três principais deveres, caracterizados como os Três

Pilares do sikhismo: manter Deus presente na mente, em todos os momentos (Nam Japam); alcançar o sustento através de trabalho honesto (Kirt Karni); partilhar os frutos do trabalho com aqueles que necessitam (Vand Chhakna). Após o nascimento de uma criança sikh é hábito levá-la a um gurdwara, onde se abre o o livro Guru Granth Sahib, numa página ao acaso para escolher um nome. O nome da criança começará pela primeira letra da primeira palavra da página do lado esquerdo, na parte em que o livro foi aberto. Os homens sikhs utilizam o nome Singh ("Leão") como segundo nome e as mulheres utilizam Kaur ("Princesa"). Os sikhs não aceitam assim o sistema de castas. Os homens seguram o cabelo com um turbante (que pode ser branco ou de cor), enquanto que as mulheres utilizam um lenço. Aqueles que cortaram o cabelo ou a barba são chamados pelos ortodoxos “patit”, isto, é “renegados". O principal templo sikh, é o Harimandir Sahib (Templo do Ouro), que é lugar de peregrinação.



Somos o que pensamos. Tudo o que somos surge com nossos pensamentos. Com nossos pensamentos, fazemos o nosso mundo. - Buda

BUDISMO A Índia foi o sitio onde Buda (Siddhartha Gautama) nasceu, sendo assim o local onde se originou o Budismo. Esta, que é, mais uma das religiões que moldou a cultura Indiana. No tempo do Imperador Ashok, o grande rei unificador da Nação indiana, a maior parte das pessoas tinha-se convertido ao Budismo, que alguns chamam de filosofia e não religião, pois não existe adoração a Deus ou Deuses. O ser humano é levado a conquistar a paz interior pelo equilibrio. Os budistas acreditam que o sofrimento é causado pelo desejo, então recorrem á meditação e procuram atingir o Nirvana (o estado de extrema paz, é considerada a meta do budismo). As mais impressionantes representações do Budismo da época áurea encontramse nas cavernas de Ajanta e Ellora ,em Aurangabad. Esta última consiste em templos e monastérios erguidos pelos monges budistas , hinduístas e jainistas, que contam a história das três religiões. O budismo pode ser dividido em dois grandes ramos: Theravada ("Doutrina dos Anciões") e Mahayana ("O Grande Veículo"). A tradição Theravada, que descende da escola Vibhajyavada, do tronco Sthaviravada, é o ramo mais antigo do budismo.



Whatever you wish for yourself, wish the same for others.

JAINISMO O Jainismo é uma das religiões mais antigas da Índia, juntamente com o hinduísmo e o budismo, compartilhando com este último a ausência da necessidade de Deus como criador ou figura central. jainas encontram-se divididos em dois grupos principais: os Digambara ("Vestidos de espaço") e os Svetambara (ou Shvetambara, "Vestidos de branco"). Cada um destes grupos encontra-se por sua vez dividido em vários subgrupos. A maioria dos jainas pertencem ao grupo Svetambara. Os jainas consideram que o tempo é infinito e cíclico. Ele é visto como uma grande roda dividida em duas partes idênticas: uma realiza um movimento ascendente (Utsarpini), enquanto que a outra um movimento descendente (Avasarpini). Cada uma destas partes divide-se em seis eras (ara). Durante o período ascendente os seres humanos progridem ao nível do saber, estatura e felicidade, enquanto que o período descendente caracteriza-se pela degradação do mundo, pelo esquecimento da religião e pela perda de qualidade de vida pelos humanos.

Segundo os jainas, vivemos actualmente num período de movimento descendente, numa era de infelicidade (Dukham Kal), que começou há 2500 anos e que durará 21 mil anos. Os jainistas acreditam também que, o universo se divide em cinco mundos, sendo cada um deles habitado por determinado tipo de seres. O universo é eterno, não tendo sido criado por nenhum ser superior. À semelhança do hinduísmo e do budismo, o jainismo partilha da crença no karma, embora de uma forma diferente. O karma no jainismo não é apenas um processo em que determinadas acções produzem reações, mas também uma substância física que se agrega a uma alma. As partículas de karma existem no universo e associam-se a uma alma devido às ações dessa alma (por exemplo, quando uma alma mente, rouba ou mata esta provoca a agregação de karma na sua alma) O processo que permite a libertação das partículas de karma de uma alma denomina-se nirjara e inclui práticas como o jejum, o retiro para locais isolados, a mortificação do corpo e a meditação.



Arte tĂŞxtil


Têxteis indianos A grande viagem dos têxteis Indianos começou há 3000 a.C. Fascinam pela história que contam através dos seus motivos, cores e texturas. Os tecidos Indianos são, pois, arte que se veste e que deslumbra o Mundo com a simbologia que está contida em cada bordado, motivo e cor. As mais antigas descobertas têxteis Indianas foram feitas no Rio Indus, em Mohenjo-Daro, no terceiro milénio a.C. Lá, foram encontrados fragmentos de algodão tecido e tingido com um corante extraído da garança, uma planta rubiácea, que tingia têxteis em tons de vermelho. Vários fusos foram também encontrados e foram utilizados para enrolar fios de tecido em teares de madeira. No mesmo local, a presença de agulhas de bronze sugerem que a civilização da Era do Bronze que vivia nesta província, embelezava a sua indumentária com bordados. Entre o século V e o século II a.C., escritos Hindus e Budistas testemunham detalhadamente os processos de produção e a utilidade dos tecidos de algodão, linho e seda. Entretanto, a expansão do Império Persa durante o século IV a.C, uniu a Índia ao Mediterrâneo, através de trocas além fronteiras e por via marítima. A indumentária Indiana era cobiçada tanto por Persas como Gregos e, mais tarde, também os Romanos se deixaram encantar pelas cores brilhantes dos tecidos.

O comércio Indiano estava a tomar uma escala grandiosa e não tardava a fazer parte de um sólido monopólio comercial que aproximava a Índia ao Ocidente. Por volta do ano 250 a.C., a Rota da Seda foi assumida e comerciantes Indianos levaram o seu comércio para as remotas cidades de Kashgar, Khotan, Tunfan e Yankan, estabelecendo colónias mercantis e uma de comunicação com a China. No Ocidente, o Império Romano procurava os bens materiais de luxo provenientes do Oriente e os mercadores Indianos serviam de intermediário e eram os principais fornecedores desses desejados produtos. Sabe-se que há centenas de anos atrás, os tecidos Indianos foram pela primeira vez comercializados com a China e com a Indonésia, assim como com o Império Romano. Comerciantes Árabes entraram também no comércio dos tecidos e, um intenso amalgama de povos e culturas, começava a operar-se cada vez mais intensamente, deixando recíprocamente vestígios desses contactos. A Europa e a Ásia procuravam a Índia pela sua riqueza têxtil. Gregos, Romanos, Árabes, Persas e Chineses, trocavam metais preciosos pelas sedas e coloridos tecidos de algodão. A tradição dos têxteis tem sofrido várias influências, o clima, a geografia, a cultura e os costumes locais levam a que haja mudanças de zona para zona, dando origem a uma rica diversidade de têxteis.


A arte da tecelagem e tingimento do algodão é conhecida na Índia á vários anos e por isso é feita por todo o país. Numa época em que a rapidez e eficácia da tecelagem é uma marca da produção técnologica, o algodão fiado, tecido e estampado à mão dão origem a um produto singular e único, e por isso de luxo. No caso do algodão Khadi, os teares manuais de produção entrelaçam o algodão de uma maneira especial que permite que o ar circule o mais possível. Assim, o Khadi é dos tecidos melhores e mais caros. A seda Muga proveniente das lagartas de Assam, um estado no nordeste da Índia, é outro importante tecido da Índia, além de bonito é forte e de grande duração. A lã de Kashmir é dos tecidos mais conhecidos da Índia. A qualidade, a perícia e a habilidade do artesão fazem dos xailes de caxemira, as pashminas, um tecido extremamente fino e delicado. É feita da “pashm” a lã da “capra hircus” uma espécie de cabra selvagem. Um outro importante tecido é o Kota Doria. É feito com dois tipos de fio, um mais grosso com 80 contas e um mais fino com 20, e por vezes a este fio junta-se seda. O Kota Doria tem ainda mais uma característica especial que já não se faz em mais lado nenhum, para aumentar a sua elasticidade é polido com goma e “kanji”. É isto que faz com que este tecido seja dos melhores têxteis indianos.

Os tecidos sujeitos a “tie and dye” são também bastante conhecidos. Esta técnica já tem uma tradição e é praticada em vários sítios, mas para ficar bem feita exige um grande conhecimento e mestria na arte do tingimento. Na realidade, os têxteis indianos só têm tido tanto reconhecimento mundial devido às suas habilidades incomparáveis no processo de tingimento. Como é o caso da técnica ‘ikat’, uma técnica não só de tingimento e tecelagem, mas também de resistência, sendo que neste caso a resistência é aplicada no próprio fio. Outro tecido indiano de grande qualidade é o brocado de Banarasi também conhecido por ‘Kinkhab’. Numa mistura de seda colorida e de detalhes dourados formam padrões florais de uma beleza inigualável. Por fim temos mais dois tecidos importantes, a seda do sul da Índia usado para fazer os saris, e a musseline de Bengal, que ocupa um lugar de destaque mercado.



Foi a intervenção de vários povosinvasores, tribos indígenas e exploradores que colaboraram, há centenas de anos atrás, para a construção de toda um cultura imortalizada pela sua vitalidade e cor. Actualmente, mais de dez milhões de tecelões, tintureiros, bordadeiras e fiandeiros contribuem com têxteis feitos à mão que espelham a fusão e o cruzamento de culturas. Depois de Vasco da Gama ter descoberto o caminho marítimo para a Índia em 1498, os Portugueses foram o primeiro povo Europeu a consolidar colónias costeiras na Índia. Por outro lado, o povo Mughal dominava o Norte da Índia e as suas actividades comerciais pouco se expandiam para além das fronteiras indianas. Contudo, os Portugueses, e outras Nações Europeias, não só formaram novos poderes locais espalhados por todas as regiões, mas também estabeleceram importantes relações comerciais com as rotas marítimas Árabes. As trocas externas floresceram durante o século XVII. Foram tempos áureos para o Império Mughal e para a Europa, que se

lançava possantemente à exploração do ouro no solo indiano. índigo, salitre e especiarias eram enviadas para o ocidente, que em troca oferecia vinho, novidades da civilização ocidental, cavalos e metais preciosos. Nesta altura, a Índia tornou-se a maior potência de exportação têxtil do mundo. Barras de ouro eram ainda trocadas por tecidos estampados, finas sedas, algodão, lenços e guardanapos de mesa. Pedaços da Índia chegavam um pouco por toda a Europa. Ocidente e Oriente estavam para sempre ligados através de laços comerciais. As cores, a variedade de padrões, as técnicas de tecelagem e as substâncias de tingimento, têm deslumbrado o mundo Ocidental e, desde que se deram os primeiros passos no domínio territorial pelos Portugueses, tecidos estampados, pintados e bordados já se encontravam em grande demanda por toda a Europa. De toda a parte da Índia floresciam bens materiais e verdadeiros objectos de desejo.


TÉCNICAS DE ORNAMENTAÇÃO Os têxteis indianos são uma expressão ávida de um sólida tradição, de uma espiritualidade inabalável e de uma cultura idilicamente rica. Numa sociedade filosoficamente plural, a riqueza da Índia encontra-se essencialmente nessa variedade que se encerra num mundo que apela aos cinco sentidos. Os têxteis não podiam espelhar de forma mais consciente, aquilo que representam para uma sociedade. Aliam à perícia de um artesão, a beleza e uma estética únicas e toda uma simbologia complexa que se explica através de múltiplos símbolos e cores. Os têxteis indianos são pois, mais do que uma simples técnica apurada, a Arte que se exprime em tecido.


Tie-dye O tie-dye, é um dos métodos mais conhecidos e tradicionais de coloração dos têxteis na Índia. Apesar de ser difícil de perceber quando se começou a usar esta técnica pensa-se que tenha tido os primeiros desenvolvimentos em Jaipur e que foi trazida para Kutch, Gujarat, de Sindh pelos muçulmanos Khatris, ainda hoje a maior comunidade de artesanato.

Esta técnica consiste no cruzamento do fio formando um padrão e posterior amarração. Seguindo do tingimento usando barreiras de modo a proteger da tinta certos pedaços do pano, sendo assim possível criar vários padrões com diversas cores. Geralmente, cada padrão que é tingido no tecido tem um significado especial.



Block-printing Há mais de 400 anos atrás, uma família que detinha a arte do block-printing mudou-se da regiºao de Sindh, no Paquistão, para a região de Kutch, na Índia, a pedido do rei Rao Bharmalji I, empenhado em elevar esta região a um centro artesanal de excelência reconhecido em toda a Índia. Essa família praticava uma versão de blockpainting extremamente complexa e minuciosa, chamada Ajrakh, na qual os tecidos impressos se destinguem dos demais pelos desenhos geométricos usados, pelo facto de privilegiarem o uso de tintas e fibras naturais e pela impressão feita na frente e no verso dos tecidos. O Block-printing é possívelmente a técnica mais conhecida da Índia e a sua variedade traduz-se na expressão de variadíssimas formas e motivos. Para além do

Ajrakn, são também conhecidas as estampagens Sanganer, Bagru e dos motivos Paisley. A ferramenta essencial para este tipo de estampagem são os blocos de madeira, chamados de gurjun, que surgem em diferentes formas e tamanhos. Os próprios blocos são preparados por artesãos instruídos nesta arte. A parte inferior do bloco mantem-se lisa e o design encontra-se gravado no lado que será cunhado no tecido com a tinta que dará vida a ínumeros motivos.




BATIK PRINT Batik é um processo de decorar panos, cobrindo uma parte (formas e desenhos) com um revestimento de cera e de seguida tingir o tecido. As áreas que foram cobertas com cera mantêm a cor natural as restantes zonas, ficam tingidas de modo a contrastar. Uma das características desta técnica é que é muito simples e pode ser feita por qualquer pessoa.

Esta é uma técnica divide em três partes: 1º enceramento, 2º tingimento e em 3º o processo que remove a cera.. A cera normalmente é composta por 30% de cera de abelha e 70% de parafina. Os tecidos que contribuem para uma melhor impressão são: cambraia, popelina e seda pura..




BROCADOS Brocado é um oficio importante desde os tempos antigos. Os brocados tecidos em ouro e prata são muito comuns na Índia. A seda é a matéria prima do brocado. Existem varias variedades de seda como o Tanduri, Banaka e Mukta. A seda é torcida e é submetida a um processo que a torna uniforme e regular. Depois disso, limpase a goma e a seda é descolorada. Mais tarde, a seda é fervida em água com sabão para depois

ser enviada para o tingimento. As cores também têm um papel importante. As cores que são mais utilizadas são o vermelho, o amarelo, o índigo e o açafrão. Os corantes vegetais tradicionais têm sido substituídos por cores de anilina, que são mais baratas e produzem uma grande variedade de cores.




BORDADO Os estilos de bordados nos panos indianos são inúmeros, e, como se tem verificado nas restantes artes da Índia, variam de região para região. O design é formado na base da textura do pano e na composição do ponto. O ponto alternado, o círculo, o quadrado, o triângulo e as combinações destes motivos gráficos constroem o aspecto final.

O trabalho bordado é, assim, a arte indiana mais admirada e mais procurada em todo o Mundo, sustentando a em grande parte a sua indústria têxtil.


Zardozi Zardozi é o tipo de bordado mais exaustivo e detalhado. Este estilo usa linha de metal em vez da habitual seda ou rayom. O tecido, rega geral seda ou veludo é marcada com o padrão, que é coberto com esse ponto de foi metálico e ainda enriquecido com pedras ou mais contas. No século XVI era muito usado pelas senhoras ricas do mundo Ocidental.

ari O estilo Ari produz-se esticando o tecido numa moldura de madeira e bordado com uma agulha extremamente comprida. Nesta agulha, para além da linha, seguem lantejoulas, contas e outros ornamentos para decorar o padrão


kashida Kashida é um estilo de bordado típico de Kashmir. As bordadeiras inspiram-se na vida desta região, nas cores e natureza envolventes. Distinguese pela sua constituição integralmente feita com dois tipos de ponto. Os seus motivos são usualmente vegetalistas e os tecidos usados são a seda, o algodão e o fio de lã.

phulkri Técnica típica de Punjab,, que significa “trabalho floral”, o Phulkri tem como principais características o uso de cerzido com linha de seda colorida no lado avesso de um pano de algodão grosseiro. A base é o pano Khaddar e este estilo, como os anteriores, não cobre o pano por completo – apenas o ornamenta.


Chikankari Derivado da palavra persa Chakeen, que significa “elegantes padrões em tecido”, o Chikankari era inicialmente feito com linha branca nas roupas escuras dos Muçulmanos. No entanto, hoje é executado em diversos tipos de tecido tipo algodão, nylon de linho, chiffon, e tecidos sintéticos. Não aparece só em tecidos vestíveis, mas aparece também em roupa de casa com cortinas, toalhas de mesa, lençóis, etc.

Shisha Shisha é a especialidade do estado de Gujerate. Original da Pérsia durante o século XIII, consiste na aplicação de pequenos espelhos combinados com outros tipos de pontos e bordados. Esta arte é geralmente complementada pelo uso de máquinas de bordar, embora em certas regiões ainda seja tudo feito à mão. Os espelhinhos podem ter feitios variados, desde ovais e circulares a quadrados e em forma de diamante.




Significado das CORES Na cultura indiana acredita-se que as cores exercem uma grande influência em situações do quotidiano. A escolha das cores tanto nas roupas como nos vários ambientes e até nos alimentos é feita com cuidado e é extremamente importante para cada momento. As cores rodeiam-nos e causam impacto no nosso estado de espírito. Por esta razão algumas são prescritas para serem usadas por sofredores de amor. Apesar da simbologia das cores funcionar da mesma forma para todos, a cor tem um impacto diferente, quando usada por um camponês e quando usada por um imperador. BRANCO – é a ausência de cor, é a única cor que as viúvas estão autorizadas usar. É utilizada nos funerais e cerimónias que marquem a morte de alguém da família. É a cor da paz e da pureza e é diametralmente oposto ao vermelho. VERMELHO – considerada a cor dos amantes. Existem três tons de vermelho são usados para evocar os 3 estados do amor. Inflama a paixão e o desejo. É a cor do poder espiritual que supera a maldade. Traz poder, coragem e força de vontade. Também reforça a lealdade. Deve ser usada com precaução pois em excesso pode causar raiva, ansiedade e agressividade. AMARELO – cor do Vasant e da Primavera, dos rebentos de manga e dos enxames de abelhas. Representa a luz espiritual que ilumina a

verdade. É sabedoria e clareza, aumenta a força interior e autoestima. Gera criatividade e curiosidade. Pessoas demasiado expostas a esta cor podem-se tornar demasiado perfeccionistas. NILA ( INDIGO ) – é a cor de Krishna. Reforça a intuição e imaginação. Ajuda a compreender a natureza da alma. Cria equilíbrio e estabiliza as emoções e sentimentos. A exposição excessiva gera cansaço e fadiga. PRETO – está relacionado com a falta de desejo, com o mal, a negatividade e a inércia. Representa raiva e escuridão e é associado à falta de energia. VERDE – cor que estimula a harmonia, o equilíbrio e os sentimentos de calma. Está ligado à saúde e a propriedades terapêuticas. É rejuvenescimento e renovação. LARANJA – é a sensitividade, generosidade e a compaixão. Representa o fogo sagrado que queima as impurezas e lembra a busca da iluminação espiritual. Esta cor estimula a nossa energia e a alegria de viver. Excesso de laranja em um ambiente, ou na roupa pode gerar agitação e tensão nervosa. VIOLETA - simboliza respeito. Um ambiente com esta cor estimula a meditação e tranquilidade. Dispersa a depressão e induz à reflexão positiva. Gera um ambiente apaziguador, mas a exposição demasiada pode tornar as pessoas muito centradas em si e distante do mundo





Motivos e padrões Os principais motivos dos padrões indianos têm como principais inspirações temas relacionados com a natureza. Têm como base a repetição de módulos/motivos. Utilizam um grande numero de ornamentos. Flores, animais e desenhos geometrizados são um tem recorrente nos padrões têxteis. Os têxteis são geralmente criados de modo a que sejam confundidos com a cor, textura e tecido do produto. O culpo por motivos naturais e com padrões regulares teve origem com o primeiro imperador mogol da Índia Babur ( reinado de 1626-1530), que era um grande amante de plantas e que mandou construir uma grande quantidade de belos jardins nos seus territórios. Esta sua paixão pelas flores foi partilhada por outros imperadores que o seguiram, particularmente Jahangir (reinado de 1605-1627). Jahangir ao artista Mansur para fazer pinturas de mais de 100 flores da Primavera. As representações de flores de Mansur e de outros artistas, feitas para Jahangir, foram-se tornando cada vez mais estilizadas e evoluíram para motivos de decoração altamente utilizados. Estas decorações comercializaram-se e foram sofrendo alterações ao longo dos séculos XVII e XVIII, resultado de influências Europeias e Chinesas e foi usadas também no design de produtos que foram enviados para a |Europa no século XVIII, no auge da comercialização industria têxtil.







mulheres



Traje O traje feminino, tal como o masculino, varia de acordo com a região, clima e religião. Antigamente as tradições eram muito mais rígidas e por isso havia também muitas restrições no traje adequado a cada situação. Hoje em dia, grande parte dos costumes já não são obrigatórios e apenas se mantém pela tradição em si, porque já se tornou um hábito. A comunidade indiana ocidental encontra-se já muito modernizada e na sua grande maioria utilizam apenas as roupa tradicionais em festas ou ocasiões especiais. Mas é possível dar azo á imaginação e criar uma mistura dos dois estilos criando um look indiano arrojado e moderno, com um toque da cultura ocidental. Existe uma grande variedade de roupa no que toca ao traje feminino mas os mais importantes, os que se vêm mais são o Sari, o Shalwar Kameez ou Punjabi, o Gharara e o Ghagra Choli. É importante referir que qualquer um destes trajes principais se pode dividir em vários outros trajes, com pequenas diferenças mas com uma mesma base comum. O sari é um pano comprido, entre 4 a 9 metros, que se drapeia ao longo do corpo das mais variadas formas. Existem mais de 80 maneiras de ser usado mas a mais comum é enrolado na cintura e

cruzando pela frente deixar cair pelo ombro esquerdo. Por baixo do sari, e mesmo para que este se possa prender, é necessário usar o lehenga, uma saia comprida da cintura aos pés utilizada como uma espécie saiote, e o choli, uma t-shirt de manga curta justa e cortada por baixo do peito mostrando a barriga e o diafragma decotada,


O sari Com o sari, o traje mais usado e popular no seio da população feminina indiana, a mulher tem o poder de acentuar as suas curvas nos sítios certos favorecendo a sua silhueta. O seu sucesso ao longo destes anos deve-se exactamente a isso, é uma peça extremamente sensual que esconde tanto quanto o que revela. Não se sabe ao certo quando surgiu mas é uma das peças de vestuário mais antigas, existe há mais de 5000 anos. Com a chegada dos muçulmanos deu-se também o aparecimento das roupas costuradas mas os hindus acreditavam que qualquer peça cosida com uma agulha era impura e por isso acreditase que a moda de usar o Gahgra e o Choli veio posteriormente com os britânicos. O material, a textura e a riqueza do pano dependem da ocasião em que vai ser usado o sari mas normalmente costumam ser de seda, algodão, chiffon e organza . A maneira de usar o sari varia com a região por isso as divisões são imensas. De todas as que existem podemos identificar como principais as que referimos de seguida.


Nivi:

A mais conhecida e popular maneira de usar um sari. Como já expliquei em cima, é enrolado na cintura e cruzando pela frente deixar cair pelo ombro esquerdo.

Gujarati:

Pode também encontrar-se em Uttar Pradesh, Madhya Pradesh, Rajasthan e Bihar. Depois de enrolar na cintura passa pelas costas e vem sobre o ombro direito, onde depois de pode abrir o que resta e prender de lado ou deixar caído.

Maharashtrian/Konkani/Kashta

: Nesta maneira, uma parte do sari passa-se por baixo das pernas e a outra é drapeada no peito

Bengali ou Oriya :

Sem pregas enrola-se na cintura, cruza na frente, do lado direito para o ombro esquerdo, e finalmente é trazido para frente, por baixo do braço direito até ao ombro, onde se prende

Malyalam/Kerala :

Sari de duas peças usado em Kerala, também chamado de Mundum Neryathum, feito de algodão branco e finalizado com riscas de cor ou douradas.

Gharara

: é tradicional de Lucknowi, capital da cidade de Uttar Pradesh, normalmente usado pelas muçulmanas do norte da Índia no subcontinente. O Gharara é composto pelo Kurta, uma túnica larga até aos joelhos, a dupatta, um lenço que se usa à volta do pescoço, e umas calças justas até ao joelho, alargando a partir daí.

Tamilian (Dravidian) :

Com 8 metros de pano é enrolado na cintura e as pregas são posicionadas na perna esquerda, passa por cima do ombro esquerdo e dá mais uma volta na cintura, prendendo do lado esquerdo.

Bengali ou Oriya:

Sem pregas enrola-se na cintura, cruza na frente, do lado direito para o ombro esquerdo, e finalmente é trazido para frente, por baixo do braço direito até ao ombro, onde se prende

Malyalam/Kerala: Sari de duas peças usado em Kerala, também chamado de Mundum Neryathum, feito de algodão branco e finalizado com riscas de cor ou douradas.

Kodagu ou Coorgi: As pregas são feitas atrás e o pano é puxado de trás para a frente sobre o ombro direito e preso.

Kodagu ou Coorgi:

As pregas são feitas atrás e o pano é puxado de trás para a frente sobre o ombro direito e preso.



O Bindi ou Kumkum é a pinta feita no meio da testa. Antigamente era sinal de que a mulher era casada, ou que uma rapariga se tinha tornado adulta. Hoje em dia é usado como ornamento na maioria dos casos. Outro acessório importante é o mangal-sutra, um colar feito em preto e dourado, considerado sagrado, que é oferecido à noiva pelo noivo, e enquanto forem casados ela deve usá-lo sempre. No casamento além da Henna, tinta com que se pintam as mãos e pés,

existem uma enorme variedade de jóias que se podem usar, a Maang Tikka, a peça que cai no centro da testa, a Tikka, a jóia maior, é feita de modo a cair no sexto chacra, brincos, colares, anéis, brinco para o nariz, pulseiras e anéis para os pés e uma faixa na cintura. Relativamente às tradições festivas, no casamento a cor usada é o vermelho enquanto o luto se faz com o branco. No caso dos hindus os bebés também têm de usar cores específicas de acordo com as castas.


gharara

ghagra choli

O Gharara é tradicional de Lucknowi, capital da cidade de Uttar Pradesh, normalmente usado pelas muçulmanas do norte da Índia no subcontinente. O Gharara é composto pelo Kurta, uma túnica larga até aos joelhos, a Dupatta, um lenço que se usa à volta do pescoço, e umas calças justas até ao joelho, alargando a partir daí.

O Ghagra Choli, também conhecido por Lehenga Choli, é o traje tradicional das mulheres de Rajasthan e Gujarat. O Choli é uma camisola justa ao corpo, de manga curta, com um decote generoso na frente e nas costas, e cortado por baixo do peito. O Lehenga ou Ghagra foi introduzido pelos Mughals e consiste numa saia comprida e pregueada.


Salwar kameez O Salwar são as calças e a Kameez é uma camisa de mangas compridas e até aos joelhos. O Punjabi é, então, composto pelo Salwar, a Kameez e a dupatta, o lenço à volta do pescoço.

dupatta A Dupatta é útil quando as mulheres precisam de cobrir a cabeça, e nos restantes casos é meramente decorativo.


homens


Traje Embora a maioria das mulheres indianas vistam os trajes tradicionais, os homens são vistos muito mais com roupa ocidental. Isto porque a tradição oferece muito mais liberdade ao Homem, e, na Índia uma mulher indiana com roupas ocidentais ainda não é inteiramente bem vista. Estes dogmas não passam pelo modo de ver os homens, e uma visão mais do que comum em todas as regiões da Índia é o homem indiano vestido de camisa e jeans. Contudo, nas regiões interiores mais conservadoras, os homens ainda se sentem confortáveis com as vestes tradicionais numa base diária. As vestes mais relevantes são o Shervani, o Lungi, o Dhoti e o Shalwar-Kurta, usadas geralmente nas ocasiões especiais, sendo o casamento a cerimónia suprema. Hoje em dia, a modernização dos trajes tradicionais é muito comum nos indianos mais ocidentalizados, misturando peças chave de um traje-tipo ou até com peças de roupa ocidentais. O turbante é outra peça-chave do vestuário típico da Índia, sendo as diversas maneiras de o enrolar .consideradas uma verdadeira arte.


sherwani Peça com a forma de um casaco, ajustado ao corpo, de comprimento pelos joelhos ou pelos tornozelos e abertura à frente com botões de cima a baixo. Por baixo, uma espécie de calças largas na zona das ancas e coxas que vai afunilando para se tornar justa á perna nos gémeos e tornozelos. É o traje formal, geralmente usado em cerimónias como casamentos e festivais pelas casas reais do norte da Índia. As ornamentações tradicionalmente de Bananas e Delhi.

Lungi É apenas um pedaço de tecido enrolado à volta da cintura provocando diversos drapeados. É usado por homens e mulheres da mesma forma, podendo os homens não usar mais roupa nenhuma na parte superior do corpo.


Dhoti O Dhoti é o pano drapeado mais antigo da Índia. Popular tanto na Índia como no Sri Lanka e no Bangladesh, É considerado traje estrito formal – membros do Hare Krishna são conhecidos pelo seu uso. No Sul da Índia é comum dobrar-se o Dhoti ao meio, fazendo com que se revelem as pernas do joelho para baixo, o que é considerado desrespeitoso no caso de o homem se dirigir a uma mulher ou um superior – liberta-o então de modo a que o resto da perna seja coberto.

Shalwar kurta O Kurta, como no vestuário feminino, é a parte inferior, enquanto o Shalwar ou Salwar é a inferior. O Kuta consiste numa túnica de comprimento pelos ou um pouco acima. O Shalwar, uns género de calças largas, no mesmo material que o Kurta, geralmente de algodão, seda ou Khadi – um material barato que permitia que a ornamentação fosse mais rica.


Entrevistas


ALIDA remtula

Alida Remtula, 18 anos, Lisboa. A Alida estuda Gestão no ISEG e nasceu em Lisboa. Os pais são Moçambicanos e todo o resto da linhagem a partir dos avós é indiana. Os avós são de Mumbai.

1.  Alida, antes de mais, qual é a tua religião?

4. E que rituais são esses?

- Sou Muçulmana Xiita. Há uma divisão entre os Muçulmanos Xiitas e Sunitas. Basicamente, os Sunitas pararam no tempo, acreditam apenas nos Profetas. Nós acreditamos nos Profetas e nos Imãs.

- São vários. Não há nada de muito anormal ou escandaloso. Rezamos três vezes por dia, virados para Meca, e há duas missas, uma de madrugada, às 3 ou 4 horas, e outra à noite. Duas dessas vezes rezamos na missa, a outra é ao longo do dia quando quisermos. A missa mais importante é a Sexta-Feira, como o vosso Domingo. Outro ritual é, por exemplo, durante a gravidez das senhoras. Ao 7º mês, faz-se uma cerimónia em que, na hora da missa tem de levar uma bandeja com um côco, como símbolo de fertilidade. Á nascença, as crianças baptizam-se, dando-se-lhes a beber Niaz (uma bebida sagrada como a água benta Cristã).

2. O que são Imãs? - Imãs são líderes espirituais contemporâneos, aos quais prestamos culto. Festejamos o dia de aniversário do Imã do momento, o actual celebra-se a 13 de Dezembro.

3. Quais são os símbolos da vossa religião? - Bem, nós não temos símbolos como os Hindus. Pelo menos não temos símbolos físicos, de imagens, como os Hindus ou os Cristãos têm. Temos alguns rituais, mas a nossa imagem é a do Imã actual. Não há apego a imagens, incentiva-se a espiritualidade interior.

5. Passemos para a tua ascendência. De onde vem? - Os meus pais são Moçambicanos mas os meus avós são Indianos, de Mumbai.


6. Como é o traje indiano? De que forma lhe tens acesso? -  Eu não uso roupas indianas no dia-a-dia, e acho que hoje em dia poucos indianos aqui em Portugal o fazem. Mas nos dias de festa, vestimo-nos a rigor. No dia 13 de Dezembro, por exemplo. As mulheres têm três opções: o Sari, o Punjabi, e o Gharara. O Sari é o mais conhecido, que é um pano de mais ou menos 4 metros, enrolado à volta do corpo segundo várias técnicas – e sei que a mulher Xiita o enrola de maneira diferente que a Hindu; o Punjabi, que é o conjunto de umas calças largas e uma túnica a condizer; e o Gharara, que é um conjunto de saia longa e uma túnica ou um género de top. Os homens vestem o Salwar Kurta, que é também um fato de calças e túnica, geralmente em tons pastel.

7. E esses trajes de festa são passados de geração em geração? - Na minha família não. Compramos os nossos trajes numa rua em Londres, que tem muitas lojas indianas.

8. Que simbologias associadas ao traje conheces? As cores, por exemplo… - Acho que não há simbologias muito importantes… que eu conheça, pelo menos. No casamento, por exemplo, as noivas vestem verde ou encarnado escuro, adornam as mãos e os pés com Henna e usam muitas jóias. As jóias são oferecidas pelo noivo e são usadas apenas no início da vida de casadas em sinal de alegria. Depois disso, é visto como ostentação. As viúvas vestem branco, como símbolo de purificação e em sinal de respeito. Os tornozelos não são expostos pelo Sari, apenas pelas classes mais baixas, é sinal de pobreza.



Rosa bilkiss

Rosa Bilkiss, 58 anos, Lisboa Rosa nasceu em Moçambique e actualmente está reformada. Os pais são Moçambicanos e todo o resto da linhagem é Indiana. Os avós são de uma terra no interior de Mumbai.

1. Primeiramente, qual é a sua religião?

3. Existem mais tradições que sejam diferentes da nossa cultura?

- Sou Muçulmana Xiita do Iraque. A nossa base, tal como para os muçulmanos sunitas, como é o caso do meu marido, é o alcorão. Nós acreditamos nos Profetas e nos Imãs, os sucessores de Maomé e por isso prestamos mais culto e acabamos por ter mais celebrações que os sunitas.

- Nós fazemos o jejum durante um mês, desde muito novos, isto para que possamos ter uma noção e experienciar aquilo por que passam os mais pobres, e para que desta forma seja “mais fácil” ajudarmos. As raparigas neste caso só podem jejuar quando não estão com o período, pois significa que não estão puras, limpas para o fazer. Também não se pode ter relações quando se está com o período pois se daí nascer um bebé, este não vai ser puro. Um verdadeiro muçulmano não deve beber álcool nem comer carne de porco, e as restantes carnes têm de ser compradas em talhos específicos que sabem como matar o animal e cortar a carne de modo a que seja “pura”.

2. Na vossa religião não existem muitos símbolos, pois não? - Não, nós não temos mesmo símbolos nenhuns, nem imagens. Ao contrário dos xiitas ismaelitas que acreditam na continuidade de Aga Khan nós acreditamos que este morreu também na batalha como os outros. A coisa mais significativa que temos são os dez dias que relembramos todos os anos como símbolo da grande batalha que houve, o martírio de Hussein, neto de Maomé. No Iraque, em certas regiões, a Ashura tomou uma visão exagerada onde as pessoas se autoflagelam, como meio de reproduzir o que se passou.

4. E relativamente às castas? -

Nós não temos castas, quem tem são os hindus


4. E relativamente às castas? -

6. Quando é que se usam os panos? Costuma usar, por exemplo, o Sari?

Nós não temos castas, quem tem são os hindus.

5. E o que é que acontece se um membro da vossa cultura se afasta da religião? - Não acontece nada. Cada um faz a sua escolha. Mas por exemplo, no caso do casamento é muito mais difícil aceitar um casamento entre diferentes religiões porque na realidade as crenças acabam por ser diferentes. Antigamente era mesmo obrigatório, mas hoje em dia, apesar de ser permitido casamento misto, a tradição leva a que seja menos frequente.

- Sim, costumo usar em algumas ocasiões mais especiais, mas é mais por tradição. Uso mais o Punjabi, a túnica comprida com as calças. Actualmente não é obrigatório mas antigamente convinha usar, a minha mãe por exemplo costuma usar as túnicas compridas. O que normalmente convinha usar sempre era o cabelo tapado, pois na mulher o que as diferencia é o cabelo, é a sua maior atracção. Isto ficou também vincado como tradição pois antigamente usava-se para proteger o cabelo e as orelhas das areias. Hoje em dia, como sinal de respeito, ainda se tapa a cabeça em alguns locais, quando vou à missa por exemplo ainda o faço. Os vestidos têm de ser compridos, temos de andar tapadas, ao contrário dos ismaelitas que sempre puderam andar com vestidos curtos pelos joelhos. As túnicas não deveriam ser justas, tinham de ser largas de modo a não mostrar as formas do corpo. Os homens usavam normalmente as calças e a túnica larga.



ELEMENTOS FACILITADOS:

FIG. A - Dia do casamento da filha. Ritual feito antes de sair de casa.

FIG. B – Casamento da filha. Fotografia com o avô.

FIG. C e D - Festa antecedente ao casamento da sobrinha.


FIG. F - Dia do casamento da filha. Ritual feito antes de sair de casa.

FIG. E - Dia do casamento da filha. Ritual feito antes de sair de casa.

FIG. .G - Casamento


Roshni Dyrup, 25 anos, Lisboa A Roshni nasceu em Lisboa e é educadora de infância. Os pais são de Moçambique e as avós maternas são de Porbandare, Gujrat, na Índia.

Roshni dyrup 4. Quais são para ti os dois valores mais importantes da tua cultura? 1. Primeiramente, sabemos que és Hindu, gostávamos de saber quais são os vossos símbolos e no que acreditam?

- Talvez a harmonia e a paz

Acreditamos na trindade GOD (generator, operator e destroyer). Um é o criador, Brahma, o outro operaciona e regula tudo, é o preservador Vishnu, e o outro é o destruidor, a Shiva. E Acreditamos na reencarnação.

5. O que acontece se um membro da vossa cultura se afasta da religião?

2. Então vocês são politeístas?

6. Existe alguma distinção entre homem e mulher?

Existem várias teorias. Nós não somos bem politeístas, nós acreditamos na reencarnação, é a mesma alma mas em diferentes corpos, daí muitas pessoas pensarem isso, mas na realidade nós somos monoteístas, acreditamos é nas várias reencarnações de um mesmo Deus, temos várias formas de o ver.

- Nós valorizamos muito as mulheres porque são símbolo de dinheiro. Mas claro que as famílias querem sempre ter um filho porque é ele que vai dar continuidade à família.

3. Há algum dia da semana mais importante para vocês?

- Que me lembre não, a única coisa que pode haver são os jejuns como sacrifício a Deus. Mas não é um jejum como os muçulmanos. Nós temos duas opções, ou comemos o dia todo só batata, sumos, frutas, leite e esse género de alimentos, ou fazemos uma boa refeição e durante o resto do dia comemos fruta.

- Depende de quem acreditamos mais, para mim por exemplo, é a Shiva, e por isso o dia é a segunda-feira. Mas existem vários santos e reencarnações que se celebram nos vários dias da semana.

- Não acontece nada, é a escolha de cada um.

7. Há algumas tradições que para nós sejam mais “escandalosas”?


8. Não comem carne, não é? - Não, não. Nós fazemos parte de uma casta vegetariana mas existem castas que comem. Excepto a vaca claro, que é sagrada.

solteiro, noivo e noiva separados, onde se põe tintas na pele para a deixar bonita. Á tarde é o casamento e à noite vai-se para a casa da mãe do noivo e fazem-se jogos. Diz-se que quem ganha estes jogos entre os noivos é quem vai acabar por mandar na casa. Por fim no último dia é o copo-de-água.

9. E vocês não se costumam misturar? 11. E quando alguém morre, o que acontece? - Geralmente não. O casamento entre castas não é muito bem visto e aceite e mesmo no convívio, por causa das festas, não é costume misturarmo-nos 10. Em relação aos vossos rituais, quais são? - Quando uma pessoa nasce, ao sexto dia faz-se uma festa, vêm escrever o nosso destino e acreditamos que é aí que fica traçado. Os casamentos são sempre muito grandes, duram 3 ou 4 dias normalmente mas podem ser muito mais. Primeiro é a festa da henna, onde se pintam as mãos com as iniciais dos noivos. Antigamente na noite de núpcias antes de avançar o noivo teria primeiro de encontrar as iniciais desenhadas anteriormente. No segundo dia o dia do sanjeet, onde todos se juntam para dançar, família e convidados, e se oferecem brindes e presentes. No dia do casamento, de manhã há uma espécie de despedida de

- Quando alguém morre é cremado. O luto normalmente varia entre 7 a 30 dias, podendo chegar a um ano. Nesse tempo os familiares vestem-se de branco e juntam-se para rezar. Neste tempo os homens não devem fazer a barba.

12. Relativamente às cores, quais é que se usam normalmente? Há alguma tradição ou símbolos? - No caso do nascimento as cores usadas dependem da casta a que se pertence, são cores que estão escolhidas para esse fim. No caso da minha sobrinha, quando ela nasceu teve de usar roupa verde ou roxa. No casamento usa-se o vermelho, ou branco e bordou, ou verde. As viúvas vestem o branco ou cores escuras como o roxo, mas não o preto.


16. Existem diferenças entre as solteiras e as casadas? 13. E em relação às maquilhagens e pinturas? Há alguma simbologia? - Não. É só um adorno. 14. Agora dentro do traje que tradições têm? Quando é que se usam os panos?

- Actualmente não, mas antigamente penso que sim, talvez as mais velhas usassem mais o sari que as mais novas. O que existe hoje-emdia é o mangal sutra, um colar que o noivo dá à noiva e que esta deve usar enquanto for casada. A pinta na testa é feita às mulheres casadas, com uma tinta chamada Kanku e simboliza a fertilidade da mulher, que esta pode ter filhos.

- Usamos o sari ou o punjabi em algumas ocasiões, mas é algo que depende das castas. A nossa casta, por exemplo, é mais moderna por isso podemos usar roupa normal no dia-a-dia, mas existem algumas em que não é permitido. Não sei bem se estas castas existem em Portugal mas penso que mesmo essas estão a ficar mais modernas. A minha mãe por exemplo usa o sari quando vai à igreja já eu prefiro o punjabi que dá menos trabalho.

17. E vocês têm de tapar a cabeça? Não, não é obrigatório. Antigamente as castas mais altas eram os comerciantes, que somos nós e os Brahmanas, e as mais baixas eram habitualmente pescadores, daí que ter os tornozelos destapados como estes era sinal de pertencer a uma classe mais baixa.

15. Como é que podem combinar as duas modas, ocidental e indiana? Usam panos mais pequenos?

18. Há algum sinal de herança através dos panos? - Não…hoje em dia as mulheres já seguem muito a moda e por isso vão sempre comprando novos. Agora têm novos padrões, são mais decotados e mostram mais a barriga.

- Sim, Pode usar-se a dupatta, por exemplo, um lenço que se coloca por cima da roupa normal.



Ă­ndia hoje


Expresso do oriente A índia possui uma herança têxtil muito rica e variada, onde cada região possui o seu próprio traje e vestuário tradicional. Enquanto que esses trajes mais tradicionais ainda dominam nos meios rurais da Índia, as grandes cidades deste subcontinente estão a mudar a uma velocidade impressionante, e uma Índia cada vez mais urbana afirma-se, com tendências de moda internacionais que se reflectem nos jovens glamourosos que passeiam pelo metros cosmopolitas da índia. A moda na Índia é um espectáculo vibrante, uma indústria florescente e um mundo colorido, onde designers em acensão começam uma nova moda todos os dias. Trocas comerciais entre a Índia e o mundo Ocidental remontam tempos longínquos, e os têxteis foram os primeiros produtos que ligaram dois mundos tão distantes. Mas a Moda tem este poder de conseguir aproximar duas realidades, por mais diferentes que possam ser, comportando-se como um amalgama que une estilos, mistura-os e torna-nos culturalmente versáteis. O trajecto da Índia para as passereles foi supersónico e o fascínio que se deposita na sua cultura é manifestado quando colecções de designers são apresentadas sem esconder uma tendência eclética na qual a Índia se distingue imponentemente.


Jean Paul Gaultier Primavera/verão 2002 Ready-to-Wear No potpourri de etnias que Jean Paul Gaultier tem sempre presente no mundo seu conceptual, trouxe com este desfile cheiros da Índia. Misturando subtilmente influências Ocidentais e Orientais, Gaultier afirmou: “Sempre me

inspirei por culturas diferentes, e descobri que no Budismo, o cor-delaranja é a cor da paz e da liberdade, e eu quis passar uma mensagem de união global."


HERMès Primavera/verão 2008 Ready-to-Wear Jean Paul Gaultier recebeu de braços abertos a clientela multicultural com uma grande viagem à Índia. O pano de fundo era feito com o cor-delaranja tão característico da Hermès, mas que agora apelava ao exotismo quente da canela e das especiarias, assim como apelavam os coloridos

turbantes de seda ou de padrão de corcodilo. Casacos Nehru brancos vestidos sobre joghpurs, saltavam para túnicas de camurça bordadas a estanho. Um safari revivalista que reanimou a Era Colonial e a sua indumentária.


Christian Dior Resort 2008 Ready-to-Wear Galliano recuou umas décadas atrás para se sintonizar aos anos 60 de Barbara Hutton – cores eléctricas mas suaves, foram combinadas com brilhos cintilantes, lamé, paisley, biquinis, calças capri, vestidos trapézio,

óculos de sol cat-eye e cabeças adornadas com tecido, chamavam os dias quentes de um resort exótico Oriental.


THREEASFOUR Primavera/Verão 2009 ready-to-wear Uma lufada de ar fresco é acompanhada pela colecção que evoca sem qualquer dúvida a Primavera. Costuras curvas, camadas fluidas e baínhas flutuantes eram combinados com motivos espirógrafos que evocavam um certo misticismo. As silhuetas avant-garde deram forma a básicos executados em tecidos finos, translúcidos e leves. A uitilização da seda

georgette remete-nos para a delicadeza têxtil da Índia, reforçado pelas formas suaves com que o corpo se deixa envolver através dos tecidos e pela própria contrução das peças. Um lado minimalista e purista Oriental está com certeza patente nesta colecção.


CHANEL PRÉ-COLECÇÃO DE Outono/INVERNO 2012 ready-to-wear Por uma noite, o Grand Palais, em Paris, transformou-se num luxuoso palacete indiano e recebeu os200 convidados habituais às apresentações Métiers d’Art, da Chanel. O silêncio do cenário branco foi quebrado com acordes asiáticos e, por entre as três longas mesascarregadas de comida ostensiva, as modelos pisaram a passerelle imaculada. Os penteadosadereçados com tiaras, a maquilhagem carregada e o tilintar dos acessórios maioritariamente

dourados transporta-nos para a capital da Índia, foco central da colecção Pre-Fall 2012 de Karl Lagerfeld. A gala sente-se à mesa, nos cenários meticulosamente montados, mas a colecção mantémse minimalista, no que toca às linhas e designs, enaltecida pelos melhores materiais indianos, pela joalharia de pérolas, pedras preciosas e metal e pelo trabalho manual irrepreensíveldos ateliers Chanel.


Karishma Shahani

“Esta colecção inspira-se nas camadas múltiplas da cultura vibrante da Índia que deslumbra pelas suas cores, vividez e ecletismo. As cores foram escolhidas a partir de pinturas tradicionais de deuses indianos, que foram recriados através de métodos naturais de tingimento. A textura que resultam aumentam dão uma sensação multi-dimensional. Na sua essência, esta colecção é um reflexo do estilo de

vida Indiano, com uma nova interpretação dos materiais e das suas funções. Cada peça é feita com simplicidade, beleza e versatilidade. O design que orienta toda a colecção é uma combinação de dois extremos, que tornam a colecção experimental e não convencional, e, ao mesmo tempo articulada e funcional”.


Manish Arora


Ritu Kumar


Abraham & Thakore


JJ VALAYA


Tarun tahiliani


Bollymood A índia costitui um chacra para os criadores, e dela, herdam uma veia espiritual consegue alimentar as criações com a riqueza e conteúdo simbólico e o exotismo que encanta o mundo Ocidental, peças que transcendem a musicalidade visual, e que se tornam verdadeiros objectos de desejo para a sociedade de consumo. A inspiração Indiana confere aos editoriais propriedades hipnotizantes pelos efeitos caleidoscópicos que as combinações de cores conseguem criar.

Kate Moss fotogarafada por Annie Leibovitz para a Vogue America de Outubro de 1999. As peças de joalharia são assinadas por John Galliano para a Maison Christian Dior.



“Big Bold Gold” Fotografia de Oskar Cecere para Vogue Gioiello, Março de 2012



“Indian Jewelery”, Vogue Itália, Março 2012




Vogue India, Outubro de 2007, a primeira edição da Vogue Indiana com Gemma Ward fotografada por Patrick Demarchelier






Vogue India, Setembro de 2009, Gisele Bundchen fotografa por Patrick Demarchelier



Vogue India “Call of The Wild”, Março 2012




Vogue India, Outubro de 2010, “A New Wave”, Bette Franke fotografada por Paul Maffi,





Vogue India, Novembro de 2011, “Paradise Found�, Bette Franke fotografada por Paul Maffi,





O caminho da índia para 0 ocidente Enquanto que antigamente, um períto em tecelagem era reconhecido pela sua habilidade manual, hoje em dia um designer de moda é celebrado pela sua criatividade. A geração jovem Indiana tem, actualmente, uma liberdade de se exprimir através da roupa muito maior e tem ao seu dispor, o melhor do Oriente e do Ocidente, uma vez que designers de moda Indianos são inspirados ambos pelos estilos Ocidentais e Indianos. Esta fusão pode ser vista nas ruas, principalmente nas grandes cidades. A Moda na Índia tem começado a deixar a sua marca no panorama internacional, tendo os acessórios indianos como os bindis, pequeno sinal circular vermelho usado na testa, o mehendi, desenhos feitos no corpo através da aplicação de henna, e os bangles, ganho uma popularidade cada vez maior a nivel internacional, e foram também, seduzindo ao longo dos tempos, cantores, estrelas de cinema e ícones da moda.. Na índia, o mesmo fascínio pelas novidades que se estreiam em primeira mão no mundo Ocidental são cobiçadas no Oriente, e a Índia tem adquirido cada vez mais uma atitude muito idêntica à Ocidental em relação à Moda. Essa multiculturalidade e a adaptação da Moda a todos os campos étnicos mostra-se principalmente através da rua, mais precisamente dos street styles.















































bibliografia LEITE, Maria Fernanda Passos – Bordados do Império Otomano à Índia, séc. XVIII-XIX. Lisboa: Colecção Calouste Gulbenkian, 2003 LYNTON, Linda - The Sari. London: Thames and Hudson, 1995 SCOTT, Phillippa - The Book of Silk. London: Thames and Hudson, 1993 GILLON AND BERNARD, John and Nicholas – Traditional Indian Textiles. London: Thames and Hudson, 1991 CRAVEN, Roy - Indian art : a concise history. London : Thames and Hudson, 1991. GUY, John - The Mahabodhi temple : pilgrim of Buddhist India. London, 1991

KRISHANA - New interpretation of the Buddhist "sadhanas" and Buddhist sculptures showing Buddhist gods trampling upon Brahmanical or Hindu gods. London, 1992 http://www.exoticindiaart.com http://wearabout.blogspot.com http://www.homeindia.com http://textileartscenterblog.com/textiles-of-india-part-i/ http://en.wikipedia.org/wiki/Clothing_in_India http://www.indianmirror.com http://www.chillibreeze.com/articles/The-ten-mostbeautiful-Indian-textiles.asp


Inês Santos . Mara Costa . Leonor Militão . Rita Silva 1º ANO DESIGN DE MODA // PROF. SOFIA VILARINHO // 2012


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