GUARATINGUETÁ, 2014
Editora Penalux K. S. A. S. – MEI
Rua Marechal Floriano, 39 – Centro Guaratinguetá, SP | CEP: 12500-260
Edição | França & Gorj Revisão | Nathan Matos Capa e Diagramação | Ricardo A. O. Paixão
Ficha para Catalogação PRUDÊNCIO, Léo, 1990 Baladas para violão de cinco cordas / Léo Prudêncio. Guaratinguetá : PENALUX, 2014. 94 p. : 21 cm ISBN 978-85-8406-006-1 1. Poesia I. Título
Índices para catálogo sistemático: 1. Literatura Brasileira
Todos os direitos reservados. A reprodução de qualquer parte desta obra só é permitida mediante autorização expressa do autor e da Editora Penalux. penalux@editorapenalux.com.br www.editorapenalux.com.br
Lado - A Faixas 1. Balada para violão de cinco cordas 2. [sem título] (?) 3. Os poetas (poema redundante) 4. A cura 5. Espólio (balada em sol menor) 6. Epílogo 7. Eu e minha pequena 8. Infância (na vitrola: Beatles: in my life) 9. Guitar solo
Lado - B Faixas 1. Os pássaros 2. Horizonte 3. Rstudo sobre margaridas 4. Concerto n°5 em mim menor para guitarra e saxofone 5. O mar (balada em dó menor) 6. Dissertação sobre o natal 7. Ode a Sulamita 8. O poeta está só (poema revisitado) Pósfacio: A solidão entre baladas por Nathan Matos
“Por obséquio, toquem a valsa de despedida” (Dimas Carvalho)
LADO - A
Léo Prudêncio
Balada para violão de cinco cordas I essa é a história de chico mais um dentre tantos que ardem por justiça chico era homem casado (de uma mulher só) pai; amigo; xadrezista; filósofo e sonhador cansou sem grandes alardes da vida dizia que – viver é uma atividade repetitiva e cansativa um belo dia disse à mulher e aos filhos que iria se encontrar com Deus. no mesmo dia voltando para casa chico ao atravessar a avenida foi engolido por um caminhão não resistiu
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Baladas para violão de 5 cordas
II – PSIU!! reza a lenda que chico era um filósofo suicida
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Léo Prudêncio
[sem título] (?) I ando perdido de mim mesmo esqueci de quem outrora fui nem ora inteiro nem ora completo esqueci de mim mesmo em alguma mesa de bar em algum livro deve estar escrita a minha estória mas quem outrora eu fui e quem agora sou what?
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Baladas para violão de 5 cordas
II talvez em algum asilo esteja minh’alma quem sabe em algum porto minh’alma deva estar ancorada começo a acreditar que meu coração foi mesmo embalsamado... ando perdido de mim mesmo
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Léo Prudêncio
III seria eu fruto de uma realidade puramente imaginada!? seria eu (de fato) fruto de vidas solitárias?! não sei se sou de fato essa ilha rodeada de mar ou apenas uma desconhecida constelação solitária talvez eu seja mesmo uma ilusão no deserto
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Baladas para violão de 5 cordas
IV será mesmo que existo porque penso que existo? será isso que penso viver um sonho? (sou eu um sonho de um louco vivendo no imaginário?) eu não existo nem você o que somos (se é que somos) não passa de uma miragem e a vida é um sonho intocável
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Léo Prudêncio
V eu inexisto em mim .
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Baladas para violão de 5 cordas
VI eu: fruto de equações imaginadas equacionado pelas ilusões da vida
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Léo Prudêncio
Os poetas
(poema redundante)
I os poemas são as chaves para se desvendar a vida e a vida segue o ritmo das ondas do mar (clichê não?) as palavras existem para criar mundos foi com a palavra que Deus criou o mundo por falar em Deus o poeta é um profeta enviado por Jah
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Baladas para violão de 5 cordas
II o poeta mero manipulador da palavra o poeta mero desespectador da vida escrever poemas é como soltar pássaros de suas gaiolas e quem compõe poemas já tem o perdão divino
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Léo Prudêncio
III !( a propósito: foda-se platão e sua república )!
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Baladas para violão de 5 cordas
IV ser poeta é absorver as dores do mundo é cavalgar nas palavras é desconstruir o agouro (h)umano ser poeta é desacreditar na vida é fornecer o grito é formular o descompasso do caminho
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Léo Prudêncio
V sentado a beira do cais o poeta pergunta ao mar: “que faço eu no mundo?” ondaondaonda ondaondaondaondaonda ondaondaondaondaondaondaonda ondaondaondaondaondaondaondaondaonda ondaondaondaondaondaondaondondaondaondaonda o mar devolveu-lhe apenas o silêncio da existência humana
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Baladas para violĂŁo de 5 cordas
VI quem nunca se sentiu como um navio naufragado (alĂŠm de nĂŁo ter o dom da poesia) sobre viver nada sabe
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Léo Prudêncio
A cura a cura vem da alma da busca e encontro com a esperança ou seria a esperança o começo da utopia a cura vem do mar banhado de sal e sol a cura viria também através do amor se for o amor em forma de liberdade amor como prisão é como trancar pássaros amor... como no dicionário amar... a cura nasce na alma
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Léo Prudêncio
Espólio
(balada em sol menor)
I tudo o que sobrará de mim serão palavras impressas tudo o que sobrará de mim serão os beijos que soltei pelo ar sobrarão amores sobrarão temores sobrarão amigos e poucas visitas e você não vai chorar por mim (chorar por mim, chorar por mim) e você não vai chorar por mim
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Baladas para violรฃo de 5 cordas
II de todos os prantos o teu serรก o menor de todas as lembranรงas as que deixei contigo jogarรกs fora
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Léo Prudêncio
III tudo o que sobrará de mim serão essas pegadas deixadas na praia que logo logo serão apagadas assim como nós . . . . . . . . . . . . . †
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Léo Prudêncio
Epílogo I o que resta de nós são só estórias espatifadas pelo caminho, enfrentávamos dragões de cabeça erguida o que resta de nós são só os sonhos desconstruídos pelo caminho
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Baladas para violão de 5 cordas
II envelhecer é deixar de sonhar quem nunca amou não poderá me entender {haverá inspiração no final da vida?}
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Léo Prudêncio
III (escreva a continuação desse poema e envie para o email: prudencioleo@hotmail.com)
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Léo Prudêncio
eu e minha pequena (na vitrola: George Harrison: I’d Have You Anytime)
I me eternizo nos olhares que deixo me eternizo nas roupas que visto e te eternizo por te levar em mim aonde eu vou (eu e minha pequena fazendo um doce dueto em um fim de tarde) agora tem chovido excessivamente ao final da tarde é por isso eu ouço aquelas velhas canções de roque (dos anos 60) e em cada acorde ouço velhas rebeldias de jovens (hoje idosos) carregamos sem querer a inevitável certeza de que somos momentâneos
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Baladas para violão de 5 cordas
II quem já vem atravancando um registro de momentos baixos dificilmente encontrará forças pra se reerguer ser sempre vencedor na vida é um perigo o mais sábio é aquele que sabe degustar o dom das derrotas enquanto vira-folhas arriscam manobras nos céus eu desfilo pelo solo com minha pequena
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Léo Prudêncio
III depois de tantas páginas reescritas que a vida que me ofertou ela foi o capitulo mais longo de se alcançar, espero eu que a vida nos deixe compor belas canções como as em Rubber Soul (1965) (ela faz meu coração bater no compasso da bateria de ringo star)
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Baladas para violão de 5 cordas
IV todas as manhãs ao abrir as janelas ela recebe o dia sorrindo, assim como também o dia lhe sorri de volta ela não é turbulenta (como os solos de jimi hendrix) ela é glamorosa (como os solos de george harrison)
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LĂŠo PrudĂŞncio
V meus olhos sempre procuram os dela sem ela sou apenas um navio naufragado
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Baladas para violĂŁo de 5 cordas
VI e se por acaso sozinho eu acabe nessa vida tentarei nĂŁo chorar caso veja teu rosto desenhado ao vento
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Léo Prudêncio
Infância
(na vitrola: Beatles: in my life)
I quando eu era criança brincava de desenhar nas nuvens. desenhava soldados, carros e animais, sempre desejei subir nas montanhas só para poder tocar o céu uma canção toca enquanto arrisco compor versos em nuvens
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Baladas para violĂŁo de 5 cordas
II existem os que duvidam da vida e existem os que vivem sem viver
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Léo Prudêncio
III do que eu sou hoje muito já se perdeu pelo caminho
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Baladas para violão de 5 cordas
IV ♪♫♩♫♭♪♯♬♫♩♫♭♪♯♬♬♪♫ ♪ ♪ in my life I’ll love you more ♪ ♪♫♩♫♭♪♯♬♫♩♫♭♪♯♬♬♪♫ ♪
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Léo Prudêncio
Guitar solo
(na vitrola: Nirvana: Bleach, 1989)
I somos a metáfora de poetas esquecidos somos a mágoa engolida somos o farol apagado somos um rio subterrâneo somos ruas desertas somos a lua bêbada somos a eternidade esquecida somos o riff da guitarra
(the man who sold the word)
somos o alto da colina somos o infinito somos a palavra dita no silêncio da noite … etc ...
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Baladas para violĂŁo de 5 cordas
II somos o Nirvana em 1989: mais pesados que o cĂŠu
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Léo Prudêncio
III vivemos em um lugar onde os corações são encaixotados e jogados em um armazém sem serventia
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Baladas para violĂŁo de 5 cordas
IV 1989: nirvana: bleach: sifting: guitar solo: E:--------)~~~---------------------------------------------------| B:-------8---------------------------------------------------------| G:-------------------)7(---------)~~~--------)7(--------)~~-~-| D:------------------7---7-------7-----------7---7------7--------| A:-----------------------------------------------------------------| E:-0-0-0------0-0-0-------0-0-0-------0-0-0-------0-0-0-----|
G:---------)7(----------)7(----------)7(--------------------------| D:--------7---7--------7---7--------7---7-----------------------| A:-----------------------------------------------------------------| E:-0-0-0---------0-0-0--------0-0-0----------------------------| V Kurt ∞
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LADO - B
Léo Prudêncio
Os pássaros I queria ser um pássaro e visitar o céu e contemplar o mundo por outro ângulo e quem sabe pousar em tua janela e para ti cantar toda manhã queria ser um pássaro e visitar a morada de Deus e ouvir seus conselhos e aprender novas canções pois todo pássaro canta e encanta essa tão monótona vida
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Baladas para violĂŁo de 5 cordas
II se pĂĄssaro fosse voaria alto e bem longe desse complicado mundo sem saber ao certo se um dia voltaria
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Léo Prudêncio
III queria ser um pássaro e cagar (sem querer?) na cabeça do presidente eu diria: – foi acidente de percurso ele sem entender a linguagem dos pássaros xingaria: – *&%#@ e da sacada me aplaudiriam: clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap clap ∞
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Baladas para violão de 5 cordas
IV queria ser um pássaro e escorregar pelas nuvens sem medo de ser atingido por algum avião queria ser um pássaro e ser amigo do céu
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LĂŠo PrudĂŞncio
Horizonte I olhar para o horizonte sem encontrar o fim olhar e saber que a linha imaginĂĄria continuarĂĄ sem fim olhar para o horizonte e somente olhar ando preso acorrentado por correntes horizontais
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Baladas para violão de 5 cordas NUVEM AVIÃO
NUVEM NUVEM SOL NUVEM
NUVEM
HORIZONTE
EU 60
Léo Prudêncio
Estudo sobre margaridas (rabisco em devaneio sobre ilustração de Ed. Ferreira)
I uma mulher nua desfila com seu chapéu e mira em mim absorto pergunto aonde ela vai porém ela em silêncio permanece estamos sós (ela e eu) eu a perguntar se ela compreende o enigma da esfinge e ela a me indagar com o seu silêncio
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Baladas para violรฃo de 5 cordas
II nada faรงo permaneรงo estรกtico admirando o seu olhar sem palavras para me dizer retorno a mim e ela continua ali com os olhos erguidos de seus bicudos seios
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Léo Prudêncio
III seus pés avançam à frente sem p r e s s a defronte n’alguma construção talvez seja ela parente de luzia-homem talvez seja dela o sangue-matriz de so(L)bral
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Léo Prudêncio
concerto nº 5 em mim menor para guitarra e saxofone (para o Poeta de Meia-Tigela)
I desconcerto a palavra e o movimento da caneta e reconstruo a forma absorta do poema sou de dostoiévski parente distante já fui filósofo hoje me contento com o simples ofício de ser este poeta de meia–tigela
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Baladas para violĂŁo de 5 cordas
II corpo curvo escrita curva-linear assim vou compondo o (des) concerto da palavra sou maestro do contorno palavresco
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Léo Prudêncio
III miravilha é suspender a realidade em colunatas de letras T reformulo o peso do mundo transfigurando o real em sonetos decassílabos e alexandrinos
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Baladas para violão de 5 cordas
IV em turvas horas da noite rogo a Calíope a inspiração como sacrifício à deusa ofereço sonetos desconstruídos
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Léo Prudêncio
O mar (balada em dó menor)
I o mar fruto de sonhos fruto de sal fruto de suor fruto de lágrimas... o mar que abraça meu corpo que recebe meu coração que recebe minh’alma. o mar é estrada é solidão é nostalgia o mar é tudo aquilo que não cabe no breve espaço da página em branco
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Baladas para violão de 5 cordas
II sinto o mar tocar meus pés o mar abriga em suas profundezas sentimentos nostálgicos e a sua linha nos dá a impressão de que existe apenas para separar corações o vento sussurra em meus ouvidos que alguém me espera do outro lado do oceano contemplo o mar e converso com o vento como se fosse a última vez uma lágrima passeia sobre meu rosto e encontra-se com o mar somos todos seres múltiplos de saudades
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Léo Prudêncio
Dissertação sobre o natal
(tese escrita e defendida por chico)
CAP. 1 dia 25 de dezembro aniversário solar romano aniversário de Átis aniversário de Hércules aniversário de Krishna dizem que Cristo nasceu também nesta data mas assim como o inferno e o céu fica tudo pelo dito pena que não existia certidão de nascimento na época de Cristo autoridades comprovam que durante os três primeiros séc. não se comemorava as festividades natalinas, essa festividade começou a partir do quarto séc. na então jovem religião católica, como não se sabia ao certo a data que Cristo nasceu a igreja (tipicamente romana) empurrou a data festiva para o dia 25 de dezembro nascimento do deus Sol
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Baladas para violão de 5 cordas [se fosse da vontade de Deus celebrar o nascimento de seu filho Ele teria registrado a sua data de nascimento porém a única data certa é a de sua morte que na última noite com os apóstolos instituiu que eles a lembrassem todo ano 14 do mês de nisã] se Cristo nasceu em dezembro como os pastores poderiam estar nos campos se dezembro era um mês frio e gelado impossibilitando assim os pastores de saírem com seus rebanhos - ????
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Léo Prudêncio
CAP. 2 a utilização da árvore na festividade natalina nos reporta a germânia (800 d.c.) as árvores eram utilizadas para substituir os rituais de sacrifício ao deus Odim (Odim: demônio das tempestades) nessa mesma época haviam povos que adoravam árvores em outras palavras: um símbolo pagão de idolatria há quem faça ligação do (popay) noel com são nicolau mas qual a sua ligação com o nascimento de cristo? !!NENHUMA!! (os noruegueses acreditavam que a deusa Hertha sempre aparecia pela lareira deixando no lar prosperidade)
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Baladas para violão de 5 cordas
CAP. 3 – 364 d.c. natalis solis invicti (nascimento do sol invencível) festa em homenagem ao deus persa Mitra
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Léo Prudêncio
CAP 4 que o natal seja visto como ele realmente é que não possui ligação com a Bíblia isso já é perceptível que junta vários contos populares isso também já é notado que tais fatos não seja vistos como heréticos herético mesmo é o que andam pregando por aí e viva a festa do consumo é o período em que as vendas mais avançam no ano deve ser esse um dos motivos de ainda ser tão comemorada por aí o pagão natal
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Léo Prudêncio
Ode a sulamita “Eu dormia, mas o meu coração velava; e eis a voz do meu amado que está batendo” Cantares de Salomão 5:2
I eu não dormi aquela noite passeei pela noite seguindo o ritmo das batidas cardíacas de minha amada a voz de minha amada é a força motora de meu barco a vela navegar em seus lábios é melhor que o vinho minha amada é como a pomba não a prendo em minhas mãos ela é delicada, linda, graciosa e sutil como a mirra exposta ao sol
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Baladas para violão de 5 cordas
II assim como as muralhas de Jerusalém os braços de minha amada me protegem ela me afaga com o mesmo cuidado que um pastor afaga as suas ovelhas o seu corpo é o meu telhado num dia de chuva, o seu cabelo é mais cheiroso e afável que os campos do Líbano que Deus me perdoe por ter escrito o nome de minha amada no caule do cedro de meu jardim
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Léo Prudêncio
III minha amada é majestosa como os montes Moriá, Sião e Sinai os braços de minha doce e amada Sulamita são navegáveis e afogáveis como o mar mediterrâneo a sua presença é mais refugiosa que estar em En-gedi
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Baladas para violão de 5 cordas
IV ela é a fonte dos jardins ela é a força dos cavalos ela é o eco das cavernas ela é o horizonte ela é o azul do mar ela é o sol se pondo ela é minha amada: Sulamita
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Léo Prudêncio
o poeta está só (poema revisitado ®)
I a solidão é um naufrágio em si mesmo a solidão é um estado de introspecção solidão é o momento antropófago do ser ando só como um elefante a beira da morte nesse abrigo de poetas mortos sou o único a permanecer anônimo sou uma ilha rodeada de terra sou poeta apenas quando estou so zinho
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Baladas para violão de 5 cordas
II não sou o poeta das multidões nem dos milhões de leitores escrevo para mim volto à solidão quando ponho o ponto final no poema a solidão é o estado que faz desabrochar a flor a solidão é o quixote do poeta sem solidão não existe poesia o poema atraca em mim como um navio chegando d’além mar
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Léo Prudêncio
III ao compor o poema bato asas e voo para outro país minh’alma se eleva na solidão da escrita sou o vento que forma a onda do mar na solidão da escrita vou além do toque real da vida - mil solitários em um -
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Baladas para violรฃo de 5 cordas
IV poema habitante de mim sobrevivente de mim o poema objeto tรกcteo peรงa de museu
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Léo Prudêncio
V o poema é tudo que res ta
rá de m i m .
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Léo Prudêncio
BÔNUS TRACK (na vitrola: John Lennon: Jealous Guy)
por onde a n d e i aqueles dias de cabeça baixa semblante umedecido só Deus sabe o que eu carregava nas costas e no coração sou a metade do nada estou só sentado à mesa de um bar [eu: chico estou a quatro goles do inferno]
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Léo Prudêncio
A solidão entre baladas por Nathan Matos
Os poetas jovens tendem a falar de temas relacionados ao amor, ao sonho e à esperança de viver. Na maioria das vezes, tais temas nos levam a desacreditar nesses poetas por acharmos que devem dar mais tempo aos seus versos e tentar repensar o mundo, de uma maneira diferente, onde nem tudo o que acontece são maravilhas ou deveriam ser. Que a esperança pode, com muita facilidade, não existir e que as dores do mundo estão a nos incomodar quase que diariamente; e que existem muitas outras abstrações, digamos assim, que deveriam nos preocupar. Léo Prudêncio é um desses jovens, porém com um diferencial. Há alguns anos, li os poemas do poeta e percebi neles o que mencionei. Faltava-lhe uma “estabilidade” no texto, havia, em certo sentido, muito sentimento, apenas. Como se agisse comandado apenas pelo sentir ou pela inspiração. Apesar de acreditar em que bons textos podem surgir sob o efeito anestésico dos sentimentos ou sob o efeito da musa inspiradora, e de momentos de epifania também, creio que o trabalho do poeta deva existir de maneira que consiga não driblar os sentimentos, mas complementá-los com nossa razão. 89
Esse é o problema de vários escritores, pois creem que apenas o sentir é necessário para a escrita. Ao lermos um Manoel de Barros ou um João Cabral de Melo Neto, poderíamos pensar em afirmar que conseguiríamos apontar com certeza qual deles usou apenas a razão ou o sentimento com maior afinco. Seria pura ingenuidade fazê-lo. A poesia não se constrói apenas com momentos epifânicos nem com pura racionalidade, mas sim com a observação da vida que acontece em tudo e em todos e quase sempre acompanhada de atos reflexivos, ou não. Portanto, é quase impossível, a meu ver, separarmos esses dois “seres”. Em Baladas para violão de cinco cordas temos um pouco de cada, com uma harmonia que, por vezes, desafina e afina, como estivéssemos a ajustar o tom das melodias que irão ser tocadas. Partindo de tragédias, como a vida de Chico – presentes desde os primeiros versos-acordes do livro – à ironia, que traz certa pitada de vida, pode-se afirmar que o poeta deste livro “anda perdido”, mas apenas enquanto toca os seus versos nas nuvens que o formam. Perdido entre baladas que tocam não apenas o seu íntimo, mas o da vida que o rodeia. Léo Prudêncio toca em temas caros a qualquer leitor de poesia e aos escritores que começam a desejar enveredar pela escrita. O amor e o sonhar são mais do que vivos em seus poemas. Contudo, perguntaria o poeta: será isso tudo clichê? É para essa resposta que devemos ater detalhadamente a nossa percepção. O poeta entende que temas como esses não devem ser deixados de lado, apenas porque a crítica, propriamente, já não os quer presentes em poemas. O clichê deve ser retomado e talhado com certa originalidade que cabe apenas àqueles que escrevem sozinhos entre as multidões.
Léo Prudêncio Os poemas-clichês, chamemos assim alguns dos textos aqui encontrados, apontam para algo desconcertante, como frases que surgem ao fim dos poemas e que, além de nos interpelar em outra língua, como no segundo poema do livro, nos deixam desconcertados por perceber que nem tudo é o que se lê. A desconstrução está colocada com precisão para que não nos ludibriemos pela melodia dos versos e para que não nos deixemos levar pela simples ilusão dos temas clichês, que em alguns poemas se fazem presentes. Na verdade, tudo está estruturado para nos desconcertar, nos deixar imprecisos quanto à existência da vida. Parece ser esse sob este sentimento que o poeta compõe sua balada. Ele parece querer nos manipular, assim como fazia Orfeu com os pássaros e os animais selvagens, fazendo assertivas que nos deixam, apesar de compenetrados, confusos e duvidosos, como a que diz que o poeta é um “desespectador da vida”. Parece que Léo Prudêncio segue bem as indicações de um ilustre poeta português, em que afirmava que o poeta é sempre responsável pelo fingir. Iludir, portanto, poderia ser um ato mágico, mas é também poético. Além da falsa ilusão criada pelas palavras lançadas através dos versos harmoniosos de Léo Prudêncio, há certa disposição de aspectos gráficos visuais, mostrando a habilidade do poeta em não exagerar utilizando a influência que aparenta ter do concretismo, como bem é possível observar no poema espólio, que nos direciona para uma cruz que simboliza nossa perdição, nossa rendição ao esquecimento. Poemas como horizonte ou guitar solo deixam evidente a preocupação que o poeta teve em meio aos 91
Baladas para violão de 5 cordas poemas amorosos, que surgem como ervas daninha no jardim dos críticos, aos poucos, como em eu e minha pequena, deixar claro que nem tudo o que se lê é ilusório. Mostra, através desses poemas, que razão e sentimento encontram-se muito bem alinhados, como a sequência de notas que são criadas para suas Baladas para violão de cinco cordas. O que deverá ter sido apreendido por você, leitor, é o toque de inocência que existe na confessionalidade do poeta, deixando parte de si no livro, relatando, quem sabe, sua infância e a escrita, na qual as nuvens, as páginas em branco, eram o seu brinquedo favorito, onde “desenhava soldados, carros e animais”. E através dessa infância, que não se deixou ser levada pela memória, ao contrário dos amores vãos, sugere que sempre haverá os que duvidaram da vida, por que é certo que muito há a se perder no caminho até a morte. Mas é assim que vai “reformulando o peso do mundo / transfigurando / o real em sonetos”. A vida do poeta é construída através dos poemas, assim como constrói os seus versos, sua balada, seu caminho entre as multidões. Léo Prudêncio não está entre as multidões, pois ele acredita que “o poeta está só” e sempre só, quando a revolver em si os sentimentos e os momentos vividos, para que quem sabe um dia seus poemas possam chegar até o leitor mais arredio “como um navio chegando d’além mar”.
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