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28 de abril, Dia Mundial da Educação -- há o que comemorar? CONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO

CADEIRA 10 JOSÉ DE MORAES

1 Adalberto Acioli Sobral 2. Gutemberg Fernandes de Araujo 3 Edson Garcia Ferreira 4 Ivan Celso Furtado da Costa (Ivan Sarney) José Jorge Siqueira 5 ALEXANDRE FERNANDES CORRÊA 6 JOCELINA CORREIA MONTEIRO EDMILSON SANCHES 2016

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ADALBERTO FRANKLIN (1962-2017)

Neste 28 de abril, Dia Mundial da Educação, o jornalista, escritor e editor imperatrizense Adalberto Franklin Pereira de Castro completaria 60 anos de idade. Mas, há 5 anos e 58 dias, em 02 de março de 2017, o mais imperatrizense dos piauienses, o maior editor do Maranhão contemporâneo faleceu em Imperatriz, vítima de acidente vascular cerebral e outras complicações geradas a partir da diabetes. Não tenho certeza se Imperatriz e o Maranhão, afora o impacto da morte, aquilataram o grande peso da perda de um intelectual e trabalhador especialista do porte do Adalberto. Se não é POUCO o tempo para se formar um profissional com as características do Adalberto Franklin -- e tê-lo no dia a dia da cidade, do estado e do país --, com certeza é RARO o ter-se à disposição um humanista como ele, e é IMPOSSÍVEL contar-se com um cidadão igual a ele, ante as especificidades que cada um de nós guarda dentro de si ou exterioriza no cotidiano de nossos papeis sociais, políticos, culturais, profissionais e que tais. Com efeito, Adalberto Franklin reunia -- e com regularidade eu dizia isso para ele -- qualidades que não são fáceis de se desenvolverem em um ser humano de hoje, em virtude de uma aparente "preferência" de grande parte -- senão a maior parte -- da população brasileira por conteúdos e atitudes fragmentadas, frágeis, consúteis. Adalberto Franklin tinha qualidades de EDITOR de livros de centenas e centenas de autores, com domínio incomum dos recursos da Informática, das normas e metodologias técnicas da editoração (leis, ABNT, Biblioteca Nacional etc.), de gosto e estética pessoal-profissional apurados. E, somado a isso, Adalberto (man)tinha as virtudes do LEITOR consciente, crítico, seletivo, exigente; ...do JORNALISTA sintonizado com as coisas e causas de seu tempo, criador e editor de publicações gerais e especializadas; ...do HISTORIADOR e PESQUISADOR cuidadoso, dedicado, apaixonado; ...do ESCRITOR de linguagem não rebuscada, simples mas adequada às reivindicações intrínsecas dos temas abordados; ...do AUTOR de livros de História, Economia, Religião, Metodologia e até produções de crônica, ficção e poesia; ...do ENXADRISTA de talento, responsável pela inserção de Imperatriz como destaque nacional nesse jogo de inteligência estratégica; ...do ATIVISTA político, profissional, religioso e sociocomunitário; do CIDADÃO e PENSADOR que não se furtava do exercício dos direitos de manifestação, participação e crítica aos diversos aspectos da vida nacional, estadual e local, além, claro, das reflexões e posicionamentos como ser universal, como unidade cósmica pensante. Essas e outras qualidades, no âmbito do que é exterior, aparente, cotidiano, não são algo que se desenvolve com facilidade, não são algo que aparece com frequência. Conhecimento, paixão, profissionalismo, dedicação não são propriamente virtudes costumeiras, assíduas, habituais no exercício de certas atividades e produção intelectuais, que exigem (muito, muuuuuuuito) esforço mental, raciocínio, inteligência, sensibilidade, empenho e um fervor quase sacro ou sacrificial. Em um país, em um estado e em uma cidade onde, em geral, pessoas inteligentes são olhadas de través pelos ditos e tidos detentores do poder político e econômico;... ...em uma cidade onde "intelectual", "poeta", "escritor", "artista" são palavras pronunciadas com um sentido de quase escárnio ou ofensa por quem é vazio de substância e sentido;

...em uma cidade onde se fecham livrarias como se fecham mentes e mentalidades, e se compram e conhecem livros com a habitualidade assemelhada àquela com que conhecem e se compram e consomem caviar e faisão; ...em uma cidade onde, pelos dados e pesquisas econômicos já realizados, o consumo de papel higiênico é maior que o de livros, jornais e revistas; ...em uma cidade onde se se faz a cabeça mais (e com direito) nos salões de beleza do que em ambientes de livrarias; ...em um país, em um estado e em uma cidade onde sobrevivência é mais que evolução; onde egoísmo é mais que desprendimento; onde cultura é quase o mesmo que "frescura"; onde VALOR é uma quantidade e não uma qualidade, onde "valor" é algo físico e estimável (por exemplo, dinheiro) e não algo essencial, ético, transcendental; ...enfim, em lugares assim não nascem, não surgem, não se formam, não se desenvolvem nem evoluem talentos em áreas de grandes exigências de empenho pessoal, sensibilidade social e inteligência inusual e de tão penosos reconhecimentos, tão injustas recompensas e tão baixa remuneração pelos serviços profissionais prestados. Se a tão elogiáveis talentos e qualidades dá-se em contrapartida tão discutíveis condições de sobrevivência, quem cuidará do que é mais essencial a uma comunidade -- sua identidade, sua cultura, sua história, sua existência no Tempo? Algumas raras e iluminadas pessoas decidiram dedicar a isso praticamente toda a sua vida. Às vezes, até a morte.

Adalberto Franklin foi uma delas.

Parabéns pelo seu dia, amigo. E se aí na Eternidade se comemoram aniversários (tantos, infinitos, serão os anos de vida), receba daqui da Transitoriedade o carinho e as lembranças de seus familiares e amigos. E, aí no Alto, ore por nós que ainda estamos cá no andar debaixo...

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