ESPAÇOS INFORMAIS E A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES.
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SUMÁRIO
VITÓRIA DA CONQUISTA, BAHIA ....................................................................................02 O ESPAÇO, fruto da cultura............................................................................................05 O ESPAÇO DA HIPERMOBILIDADE, espaço de debate e mudanças ...................... 07 ESPAÇOS INFORMAIS, pelo direito a cidade.................................................................09 CONCLUSÃO ....................................................................................................................14
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“A geração de significados e sentidos que conformam identidades e pressupõe aprendizagens a partir do espaço urbano assumem papel fundamental. Estar na cidade é sentir o fluxo das ruas, integrar-se ao seu movimento, conhecer seus cheiros, ouvir seus sons, penetrar sua arquitetura, deixar-se atravessar pelo seu sopro e também conviver com outras pessoas experimentando diverso, o imprevisto.” Sônia Miranda
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VITÓRIA DA CONQUISTA, BAHIA
Localizada na região sudoeste do Estado da Bahia, Vitória da Conquista é um município que compreende uma população de 346.230 habitantes (IBGE/2015). A formação do seu território se deu por volta do ano de 1782 começando com as expedições dos portugueses para a colonização da região chamada até então de Sertão da Ressaca. A tomada do seu território aconteceu por planos estratégicos da coroa portuguesa em criar um aglomerado urbano entre o litoral da Bahia e o norte de Minas Gerais, além da busca pelo ouro. Levando o título de arraial, depois de Vila da Vitória, Conquista só veio receber o título de cidade no ano de 1821. Os indígenas que ali habitavam, os povos Aimorés, Pataxós, Ymborés e Mongóis foram exterminados em disputas pelas terras, e aqueles que restaram foram escravizados ou fugiram para regiões vizinhas para o sul do Estado como no caso dos Ymborés, que ainda vivem na região com a proteção da FUNAI. Até a década de
1940,
a
base
econômica da região girava em torno da pecuária extensiva e da
agricultura,
principalmente
do
café. Somente depois da implantação da estrada
Rio-Bahia,
conhecida atualmente como a BR 116, que a cidade começou a se tornar polo comercial e de serviços, que
atividades
movimentaram
Figura 01: Espaço dos encontros e trocas comercias na década de 40; Disponível em: http://www.pmvc.ba.gov.br/primeiros-habitantes/
a economia da cidade. Dessa forma, muitos viajantes passaram a frequentar o espaço da cidade, tornando- a palco de relações comerciais das regiões vizinhas. Começaram a ser organizadas grandes feiras e os espaços da região central foram se adequando a
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No final dos anos 80 com a crise do café o município passou a investir ainda mais no setor de serviços. A educação, o comércio e o setor de saúde expandiram-se tornando Conquista a terceira economia do interior baiano. Além disso, um polo industrial passou a se formar em Vitória da Conquista, com a criação do Centro Industrial dos Ymborés. Na década de 1990, os setores de cerâmica, mármore, óleo vegetal, produtos de limpeza e estofados entram em plena expansão. Em meio a tantas mudanças e com o seu crescimento conquista também passou a atrair público com as atividades de lazer que proporcionava aos seus moradores, como os antigos cinemas de rua, teatros e shows. Entretanto, com o passar do tempo, muitos espaços de lazer, como os cinemas de rua, foram sendo fechados em prol de espaços que iriam movimentar a economia da região, como a construção do novo shopping da cidade. Lembro-me do antigo cine madrigal, onde tive o meu primeiro contato com o cinema, assistindo filmes nos domingos à tarde, quando eram exibidos os filmes infantis. O cine madrigal foi o último cinema de rua da cidade, fechado oficialmente em 2007, dois anos depois que o cinema do shopping Conquista Sul passou a funcionar. Os domingos à tarde com pipoca foram substituídos por idas cada vez mais escassas ao cinema do shopping, que cobrava
muito
mais
caro e só realizava as exibições
de
diferente
estreia,
do
cine
madrigal que contava com variado
um
catálogo
independente
dos lançamentos que aconteciam.
Outra
mudança na dinâmica dos espaços culturais da cidade
foi
a
transferência de eventos que antes aconteciam nos espaços públicos de praças
e
ruas
para
ambientes privados de
FIGURA 02: Cine Madrigal, último cinema de rua, fechado com a inauguração do Shopping Conquista Sul. Disponível em http://www.blogdoanderson.com/2010/11/19/historia-dos-cinemas-de-vitoria-daconquista/
clubes e salões de festas, como os carnavais de rua, as comemorações de ano novo e São João. Durante a minha infância frequentei muitas festas juninas que aconteciam na
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porta de casa, onde a criançada percorria as casas vizinhas atrás das comidas juninas e pelo prazer de brincas nas fogueiras espalhadas pelo caminho. Os enfeites das ruas eram confeccionados e colocados por todos os moradores. No carnaval, os blocos percorriam as ruas do centro, íamos fantasiados nos divertindo em meio a serpentinas, confetes, balões e sprays coloridos. O carnaval de rua foi cancelado, bem como as comemorações de ano novo. As tradições juninas foram substituídas por festas particulares e assim o contato com os vizinhos e antigos amigos da rua foi diminuindo. Assim até o ano de 2011, as atividades culturais de shows, cinema e teatro estavam cada vez mais excludentes, acontecendo em ambientes privados e muitas vezes a preços que não eram acessíveis para os moradores. O povo conquistense perdia o significado por seus espaços públicos e a relação com a cidade se esvaia.
O ESPAÇO, fruto da cultura Pensando no espaço como fruto da cultura do homem, percebe-se que os espaços da cidade de Vitória da Conquista foram sendo modificados de acordo as mudanças vividas em sua sociedade. A partir dos anos 2000, em minhas lembranças do que vivi e acompanhei, pude perceber uma sociedade que cada vez mais foi se fechando, uma sociedade que cada vez mais assumia valores do mundo capitalista, onde as pessoas ficavam mais individualistas e preocupadas com o consumo. Tornar privado espaços até então públicos, bem como as manifestações que antes pertenciam a um “coletivo” são evidências dessa cultura capitalista. Conquista, como muitas cidades brasileiras, sofreu com uma industrialização tardia e sua inserção no que chamamos de economia “global” se deu realmente na primeira década do século XXI. Como nos alerta (MARICATO, 2000) muitas vezes o progresso vem mascarado de crescimento econômico. Mas crescimento econômico não deve ser confundido com desenvolvimento, entretanto é o que acontece. A cidade parece se “desenvolver” quando na verdade as práticas econômicas colaboram para uma cidade cada vez mais desigual. Pela visão de FURTADO, 1972, in MARICATO, 2000, pág 42: “O caráter predatório dessa industrialização que, diante do infraconsumo da maior parte da população, implanta no país um modelo baseado na obsolescência programada, no desperdício, na substituição de produtos que é própria dos países altamente desenvolvidos. “
Assim, vi a minha cidade passo a passo seguir essa linha de urbanização conectada ao desenvolvimento do capital que modificou as relações sociais da população. Até o ano de 2005, não havia nenhuma rede de McDonald’s e Subway. As
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pessoas em sua maioria frequentavam as praças onde
os
comerciantes
locais
montavam
suas
barracas e trailers com os mais variados produtos. A praça Nove de Novembro, por exemplo, conhecida carinhosamente como a praça do acarajé, sempre foi ponto de encontro de amigos e familiares para passeios e conversas, além do consumo do acarajé, comida
típica
consumo artesanato
na
local feira
e
de
FIGURA 03: Croqui, praça Nove de Novembro.
organizadas
pelos artesãos e bordadeiros locais. Com a construção do shopping, a praça perdeu sua identidade, tornando-se local de passagem, local transitório para quem frequenta o comércio do centro da cidade. Assim pode-se dizer que muitos espaços deixaram de ser os espaços que Santaella, 2007, chama de espaço primitivo. O espaço primitivo aquele que foi projetado para determinado uso. As praças quando construídas assumiam o papel de espaço livre para convivência, recreação, contemplação. Na atual configuração da cidade, a ela só atribuído o valor de passagem. Quando as pessoas se apropriavam do espaço para o seu uso de convivência ainda surgia um terceiro espaço: o espaço perceptivo na experiência humana. Ainda segundo Santaella, 2007, o espaço perceptivo assume valores individuais e coletivos ligados as experiências sensoriais da sociedade. Só através dessas percepções que se cria a identidade das pessoas no espaço urbano, através de suas atribuições simbólicas para os lugares. Porque a importância do reconhecimento desse espaço perceptivo? Porque a partir dele exponho a minha problemática. No ano de 2011, quando entrei em contato com as pessoas insatisfeitas com as mudanças culturais inseridas na minha cidade, foi possível perceber que os valores atribuídos aos antigos espaços, a identidade quanto cidadãos conquistenses haviam sido feridos para aquelas pessoas. E por que não o que chamamos de direito a cidade? A cidade que se tornava cada vez mais acessível para aqueles que detinham o capital, tornava os espaços excludentes e segregatícios.
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A segregação dos espaços privados disfarçados de “públicos” crescia na imagem do segurança do shopping que seguia os jovens negros pelos corredores como se estes fossem perigosos, nos shows que aconteciam em casas noturnas que cobravam valores altíssimos, tornando-os inacessíveis para a classe trabalhadora. Nos teatros que exibiam muralhas invisíveis para os mais humildes que enxergavam os mesmos como espaços de cultura da classe média alta escolarizada. Como reverter tal situação? Estaríamos entregues ao cenário que se concretizava?
O ESPAÇO DA HIPERMOBILIDADE, espaço de debate e mudanças No ano de 2011, um outro espaço ganhava força e sedia voz para aqueles que já enxergavam a perda física de seus espaços urbanos: a internet. As discussões que surgiam através de blogs e redes sociais fomentavam a necessidade de se discutir quais lugares pertenciam de fato aos conquistenses. Os debates começaram a girar principalmente nos temas de abandono das praças, ao cancelamento de eventos que ocupavam as ruas, como por exemplo o carnaval, os festejos juninos, o ano novo e o natal. Ao fechamento dos cinemas de rua para ceder espaço ao único cinema que a cidade passou a ter dentro do Shopping Conquista Sul, além da cena dos teatros e espaços de shows que não valorizavam os artistas locais.
Nesse momento muitos
coletivos independentes que já atuavam começaram a se fortalecer, enquanto outros nasciam ou aderiam a movimentos de coletivos nacionais. Os
coletivos
urbanos são grupos de pessoas que possuem interesses em comum, normalmente ligados as artes, a cidade, que visam através de um engajamento, troca de experiências
e
conhecimentos, ocupar os
espaços
urbanos
através de intervenções FIGURA 04: Atividade organizada pelo Coletivo Suiça Baiana; Disponível em: https://www.facebook.com/casaforadoeixovca/
e
apropriações
mudar
as
formas
para de
como as cidades são
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pensadas e planejadas. Os coletivos de maior destaque no cenário do sudoeste baiano são o Coletivo Suíça Baiana – formado em 2010 em vitória da conquista – com o intuito de democratizar as artes e a cultura. O grupo atua principalmente em mostras de cinema, shows, organização de saraus e mostras de artistas locais. Outro movimento de coletivos a nível nacional, mas com atuação significativa na cidade é o Casa Fora do Eixo – formado em Brasília – e o Grito do Rock. Esses movimentos além da característica de atuarem como citado acima, ainda possuem casas de acolhimento aos artistas, onde estes podem morar ou alugar espaços para a produção artística independente. Outros grupos também começavam a surgir, a revista Gambiarra, a Rádio Mega, além do circuito de blogs independentes. Com a movimentação de coletivos, outros grupos também começaram a se movimentar, como os grupos de estudantes, principalmente os estudantes universitários da UESB - Universidade Estadual da Bahia, do campus de extensão da UFBA Universidade Federal da Bahia e do campus do IFBA, Instituto Federal de Educação da Bahia de Vitória da Conquista. A parceria com o setor educacional foi de extrema importância. Pois os estudantes muitas vezes possuíam vínculos não só com a universidade, mas com grupos políticos, movimentos sociais entre outros que puderam enriquecer as discussões. É importante ressaltar que esse espaço ainda não era o espaço de Hipermobilidade. O espaço de Hipermobilidade só acontece quando as ações dos espaços virtuais são concretizadas nos espaços reais. Nesse sentindo, percebeu-se que ações precisavam ser de fato tomadas. Nesse sentido as organizações que aconteciam somente nos espaços da internet começaram a transpor fronteiras e reuniões entre os grupos começaram a serem marcadas nos espaços urbanos. As ações tornavam-se mais que necessárias. Nesse sentido diversas intervenções urbanas foram surgindo e ganhando apoio do público que tomava conhecimento dos trabalhos pelas redes sociais. Como cita CASTRO; LAMPREIA, 2004, Pág 31 in MIRANDA; SIMAS, pág 194: Ver, Conhecer e, finalmente ocupar a cidade significam momentos de decifrar aspectos da história comum estampada nos edifícios, ruas, becos, rostos, afazeres, hábitos e costumes de uma cidade. Processo extremamente laborioso, penoso, contraditório e incompleto, tornar-se citadino – vendo, conhecendo e ocupando a cidade – requer o lento deciframento de um “nós” que permeia a vida citadina”
Naquele momento, os jovens estavam fazendo isso. Decifrando, estudando a cidade, procurando reconhecer a identidade de um “nós”, de um coletivo que ameaçava se perder. Foi preciso um retorno a história da cidade para o
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reconhecimento de nossos símbolos, o reconhecimento dos espaços na transformação da vida das pessoas. Nesse momento, os movimentos perceberam as ocupações da cidade não deveriam centralizar somente na reocupação de espaços antes abandonados, mas na criação de novas espacialidades, por meio do uso dos lugares informais. Porque a rua não torna-se palco? Foi pensando nisso e com novas parcerias que os coletivos começaram a se movimentar.
ESPAÇOS INFORMAIS, pelo direito a cidade Nesse desejo de resignificar os espaços que intervenções foram desenvolvidas, como o ocupando o beco. A princípio a ideia era de fazer da rua um laboratório de grafite com o coletivo 071 Crew com Coletivo Mutirão MeteaMão. A ideia era fazer uma análise e abordagem sobre a história do grafite, suas técnicas e referências estéticas, desde o surgimento como expressão artística aos dias atuais. O resultado final da oficina foi a construção de um painel coletivo. Ao final da intervenção, artistas fecharam
a
travessa
Zulmiro Nunes, para uma comemoração
da
atividade. DJs e Rappers encerraram a noite com muita música. O evento foi tão marcante, que a ocupação começou
a
no
local
se
tornar
recorrente. Os sebos da rua FIGURA 05: INTERVENÇÃO COLETIVO 071 CREW/METEAMÃO. Disponível em https://www.flickr.com/photos/mutiraometemao/6280224259/
começaram
a
funcionar até mais tarde, e os barzinhos passaram a
colocar suas mesas no caminho. Desse ato que nasceu no fim de 2011, foi oficializado o “Fechando o Beco”. A prefeitura reconheceu as novas manifestações que ali nasceram e resolveu oficializar a ação. Com isso as tardes de sábado passaram a ser palco de artistas locais, músicos, poetas, escritores, entre outros começaram a desenvolver seus trabalhos no beco. Nesse sentido é importante destacar a aceitação da população. Se as pessoas não abraçassem a ideia, talvez o reconhecimento do poder público talvez não tivesse acontecido. Ainda na visão de CASTRO; LAMPREIA, 2004, Pág 31 in MIRANDA; SIMAS, pág 195:
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Entre idas e vindas dos percursos que se fazem na cidade, os espaços vão se construindo de outra maneira, investidos pelos sujeitos, elementos de um passado vivido e vislumbres do que está por vir. A espacialidade assim produzida torna-se, assim, extensão da história e da ação pessoal, entrecruzamento de realizações e possibilidades.”
Dessa forma fica evidente a relevância das vivencias na cidade. Através das mediações sociais que o espaço perceptivo ganha força e assim a construção das identidades.
Outra
construção que se deu por
um
caminho
semelhante foi o festival da Juventude. A ideia dos coletivos por trás da organização do festival era trazer para a cidade shows de artistas tanto
Figura 06: Fechando o Beco, oficialização da intervenção; Disponível em http://www.pmvc.ba.gov.br
da região quanto do Brasil que pudessem enriquecer o cenário cultural da cidade, atraindo principalmente o público juvenil. Além dos shows no palco principal, o festival também lançava rodas de conversa, sessões de filmes e oficinas que se espalhavam pela cidade. Na sua primeira edição no ano de 2012, o evento contou cam a participação do cantor Criolo, Móveis Coloniais de Acaju entre outras apresentações musicais, bem como uma roda de conversa sobre poesia com o cantor Arnaldo Antunes. Em 2013 os participantes também tiveram a oportunidade de participar de uma roda de conversa com o escritor Ariano Suassuna entre outros. O evento que foi realizado totalmente de forma gratuita aconteceu através de uma organização de autogestão. Assim toda a cobertura do evento, divulgação, organização das mesas, apresentações aconteceu por jovens interessados nas atividades que se inscreveram enviando seus currículos para a comissão de coletivos e Universidade – UESB que lideravam o movimento. Como local de instalação do palco principal, o Festival usou o espaço da Praça Barão do Rio Branco, que na verdade não tem o uso de praça, mas funciona como um estacionamento. O festival foi sucesso imediato. As oportunidades geradas foram imensas. Primeiro a de recuperar o uso do local que até então só era ocupado por carros, além da possibilidade de crescimento
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dos jovens que possuíam diversas atividades sendo realizadas durante todos os dias dos festivais. O evento continua Mais
acontecendo.
uma
grande
vez
com
aceitação
a
das
pessoas, os coletivos e a Universidade começaram a discutir com a prefeitura a possibilidade daquelas atividades organizadas,
serem não
só
durante o festival, mas ao longo do ano. Assim nasceu a central da Juventude. O antigo prédio sede do SUS, Sistema único de Saúde, ganhou um novo uso. Sua reforma promoveu um espaço de acolhimento de jovens, criando espaços que
poderiam
ser
adaptados
as
mais
diversas
atividades, como aula de artesanato, aula de teatro, dança e música. Pequenos saraus também passaram a
Figura 07 e 08: Festival da Juventude. Arquivo Pessoal
ser organizados e o local ainda passou a contar com a sala de informática e biblioteca para auxílio na educação das crianças e jovens. Agora no ano de 2016, como ampliação dessa iniciativa,
foi
inaugurada
pela
prefeitura a Praça da Juventude. A força de ocupação de um espaço informal
como
aquele
estacionamento, culminou numa série de diálogos, a necessidade de
repensar
espaços
a
cidade
próprios
e
para com
infraestrutura para realização dos FIGURA 09 – Praça Barão do Rio Branco, área de estacionamento; Disponível em http://img.blogdoanderson.com/2013/09/DSC_0360-001.jpg
eventos. O reconhecimento de que espaços públicos são muito mais importantes que iniciativas
privadas que transformam tudo em lucro.
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FIGURAS 10,11,12, 13 acima Estação da Juventude, FIGURA 14,15: Inauguração da Praça da Juventude; Disponivel em http://www.pmvc.ba.gov.br/
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A Mostra de Cinema Conquista também é outro evento que passou a movimentar o cenário cultural da cidade, trazendo o cinema como foco. A atividade é desenvolvida anualmente desde 2004, por meio da parceria entre a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, por meio do Programa Janela Indiscreta Cine-Vídeo Uesb, e a Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, através da Secretaria de Cultura, Turismo. Apesar de ativa desde 2004, o festival ganhou destaque a partir do ano de 2011 e 2012, justamente pelas movimentações que passaram a acontecer sobre os usos dos espaços na cidade. A
Mostra
Conquista
tem
Cinema em
sua
programação a exibição de
filmes
brasileiros
internacionais, longas.
curtas
Além
acontecem
e e
disso
seminários,
oficinas, cursos, exposições e lançamentos de filmes e livros, com o objetivo de democratizar o acesso da população Sudoeste
da da
Região Bahia
à
produção cinematográfica brasileira e mundial que não chega às salas de cinema, bem como possibilitar o acesso às discussões relacionadas à arte cinematográfica no Brasil e no mundo. A mostra recupera o sentimento pelo cinema de rua que foi fechado. Ela acontece em diversos pontos da cidade, em telões pelas ruas, ocupando teatros, bem como mantendo a centralidade do evento no Centro de Cultura Camillo de Jesus de Lima, referência nas atividades artísticas da cidade.
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Conclusão Percebe-se assim que a interação entre o espaço virtual e o espaço físico podem gerar transformações positivas na sociedade e em sua arquitetura. A partir de uma insatisfação que visava transformar nossa cidade em mercadoria, houve um grito de reação. Nesse sentido os espaços informais, a arquitetura informal passou a receber novos signos em reação ao capitalismo, signos que pediam por uma cidade mais democrática. A arquitetura efêmera, ou como cita BÓGEA, 2009: a cidade errante, a cidade em movimento que cria espaços móveis que se deslocam e permitem a apropriação do espaço urbano de diferentes maneiras e por diferentes públicos emerge como uma característica que acompanha o ritmo do homem contemporâneo, e é capaz de gerar novas identidades, novas espacialidades. Acompanhar todas essas mudanças na minha cidade, me fez refletir nas forças de interação que existem entre as linguagens líquidas, as novas tecnologias associadas a força do sentimento humano de construir um lugar que seja para todos. Como para LIBESKIND, na Conferência Fronteiras do Pensamento citou: A arquitetura, portanto, é um fenômeno que pode incentivar uma nova orientação para a cidade.[...] A arquitetura é uma semente que pode gerar crescimento para uma cidade; Não apenas econômico, que é obviamente necessário, mas também crescimento cultural. A vida cultural pode se expandir e as pessoas podem encontrar um lugar para viver.
Termino, portanto, com a sensação de que os espaços da cidade sempre ganharão novos sentidos, e cabe a nós como arquitetos lutar por espaços perceptivos, espaços que sejam acolhedores a seus moradores, que eles possam participar ativamente de todos os processos de construção do que é a cidade, para que eles possam se enxergar nos lugares, na paisagem urbana. Como dizia LYNCH “ A cada instante, há mais que o olho pode ver, mas do que o ouvido pode perceber, um cenário, uma paisagem para serem explorados”.
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REFERÊNCIAS LIVROS LIBESKIND, Daniel. Fronteira do Pensamento. Conferência. Pág 436 LYNCH, Kevin. A imagem da Cidade. Ed.3 São Paulo. Editora Martins Fontes. 2011 MARICATO, Ermínia. Brasil, Cidades – Alternativas para a crise urbana. Ed. 2. São Paulo. Editora Vozes. Pág 15 – 39. MIRANDA, Sônia Regina; SIMAN, Lana Mara. Cidade, Memória, Educação. Ed. 1 Juiz de Fora. Editora UFJF, 2013. SANTAELLA, Lucia. Linguagens Líquidas na era da mobilidade. Ed.2. São Paulo. São Paulo. Editora Paulus. Pág 154-187
SITES Histórico da cidade, referências dos eventos em: http://www.pmvc.ba.gov.br/crescimento/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Vit%C3%B3ria_da_Conquista Informações da Mostra de Cinema em: http://www.janelaindiscretauesb.com.br/ http://mostracinemaconquista.com/2015/ Festival da Juventude: http://revistagambiarra.com.br/site/festival-da-juventude-pode-ser-reduzido-em-2016/ Coletivo mc071/ MeteaMão: https://www.flickr.com/photos/mutiraometemao/6280224259/ Coletivo Suíça Baiana: https://www.facebook.com/casaforadoeixovca/?fref=ts Desenhos: Autoria de Matheus Giello TRABALHO DA DISCIPLINA TEORIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO II PROFESSOR FÁBIO LIMA/ UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
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