GUIA DE PRODUÇÃO DE MODA PARA EDITORIAIS
Letícia Dal Bello
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Material gráfico desenvolvido durante o Trabalho de Conclusão de Curso denominado “PRODUÇÃO DE MODA PARA EDITORIAIS: GUIA COM INSPIRAÇÃO NO SEREISMO” 2
“Antes de sair de casa, olhe-se no espelho E tire um acessório.” Coco Chanel 3
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................7 A PRODUÇÃO E O PRODUTOR DE MODA ........................9 EDITORIAL DE MODA........................................................10 ORGANIZANDO UM EDITORIAL .......................................12 ETAPA 1: BRIEFING ...........................................................12 ETAPA 2: ORÇAMENTO .....................................................13 ETAPA 3: CONCEITO .........................................................14 ETAPA 5: MOODBOARDS ..................................................16 ETAPA 6: EQUIPE ..............................................................17 ETAPA 7: LOCAÇÃO...........................................................19 ETAPA 8: CENOGRAFIA ....................................................20 ETAPA 9: PRÉ-PRODUÇÃO ...............................................21 ETAPA 10: PRODUÇÃO .....................................................23 ETAPA 11: PÓS-PRODUÇÃO .............................................24 FINALIZANDO ....................................................................25 GLOSSÁRIO .......................................................................39 REFERÊNCIAS ...................................................................40
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INTRODUÇÃO
Este guia foi desenvolvido como parte do Trabalho de Conclusão de Curso da autora, e visa esclarecer a função do produtor de moda e dos demais participantes de uma produção, assim como quais as ferramentas e procedimentos necessários para o funcionamento de um editorial de moda. Diante disso, Joffily (2011, p.12-13) explica que a produção de moda é uma composição de elementos que exprime um conceito, e o produtor é o profissional responsável pela sua concepção. Apesar de o produtor de moda ser comumente associado apenas à essa função principal dentro dos editoriais, ele atua de diversas maneiras, seja no setor cultural, como figurinista em teatro, TV e cinema; comercial, como Stylist em desfiles, editoriais e catálogos/lookbooks; ou institucional, fornecendo consultoria a clientes como empresários e artistas. É importante frisar que o produtor precisa criar uma coerência entre os elementos para fazer essa ligação do conceito com a imagem. Joffily (1991, p.106) enfatiza que “não se trata de ‘reproduzir o real’, mas de criar algo que pareça real – o efeito da verossimilhança – pela coerência interna, pelo estilo que reúne os elementos.” Neste guia, buscou-se retratar de forma clara e objetiva como realizar um editorial de moda, partindo da referência de autores publicados, entrevistas com profissionais realizadas ao longo do Trabalho de Conclusão de Curso da autora, bem como de experiência própria da autora dentro da área. 7
Para exemplificar as questões aqui abordadas, foi escolhido o tema “Sereismo”; o termo foi criado por Bruna Tavares1, jornalista da Caras e blogueira, e consiste em um estilo de vida inspirado no culto às sereias, criaturas mitológicas que são metade mulher, metade peixe, cuja lenda diz serem capazes de atrair e seduzir qualquer um que ouvir seu canto2. As principais características na moda são as cores remetendo ao fundo do mar, como tonalidades de azul, verde e roxo, além de uma paleta de tons pastéis semelhantes à coloração das conchas. Texturas imitando escamas, brilho e efeitos molhados, remetendo à cauda das sereias aparecem com frequência. Nos acessórios, conchas, estrelas do mar, pérolas e lantejoulas furta-cor.
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Fonte: < http://sereismo.com/2015/10/13/sereismo-moda-ou-estado-deespirito/>. Acesso em 1 de julho de 2016. 2
Fonte: < http://www.infoescola.com/mitologia-grega/sereias/>. Acesso em 1 de julho de 2016.
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A PRODUÇÃO E O PRODUTOR DE MODA A produção de moda é uma forma de expressão através da imagem, uma junção de ideias que traduz um conceito, ou seja, que passa “a ideia central e dominante ou motivo apresentado em um modelo ou através de uma coleção completa de roupas.” (AMBROSE e HARRIS, 2012, p.81). O produtor é o profissional responsável por essa tradução, por meio da composição de looks (combinação entre roupas, calçados e acessórios). Uma produção de moda é uma composição de elementos que definem um estilo, e o produtor de moda é o profissional responsável pela montagem de uma imagem da moda; é ele quem escolhe e reúne as roupas e os acessórios que vão ser fotografados, gravados ou expostos. (JOFFILY, 2011, p.12)
A harmonia é fator essencial na produção para que a mensagem que se busca transmitir seja passada claramente, e pode ser encontrada através da combinação de elementos como cores, formas e texturas. Ao misturar diferentes peças de roupa, calçados e acessórios, criando personagens e temas para essas composições, o produtor forma vínculos entre o consumidor e o vestuário. Porém, o papel do produtor vai além de definir o look: toda a temática que engloba a produção das fotos passa por suas mãos, desde o local do ensaio, a concepção de maquiagem e cabelo, até a escolha da modelo.
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O produtor [...] vai levar em conta questões como o tom da produção (roupa esportiva, de festa, de trabalho, descontraída, formal), atentar para a modelo – de forma a escolher a mais adequada, a que mais bem interpreta o objetivo pretendido pela produção, cuidar da maquiagem, do penteado – e ainda para a escolha de locações que ‘funcionam’ para a foto, efeitos de luz etc. (JOFFILY, 1991, p.108-109).
É essencial compreender as qualidades e capacidades necessárias para ser um bom produtor, sendo as principais a criatividade e o espírito de liderança, e a posse de experiência e qualificação para traduzir o conceito que lhe é pedido. Holzmeister (2012, p.11) classifica que “informação de moda, ousadia, criatividade e conhecimento de estilo são prérequisitos para quem deseja seguir essa área que se transformou em carreira a partir dos anos 1990 e hoje é opção concreta de trabalho.” De maneira geral, podemos definir que o produtor é um intérprete da moda, um “soberano da imagem”, pois manipula o público a desejar um look por meio dos conceitos que cria de forma imagética.
EDITORIAL DE MODA O editorial de moda pode ser classificado como sendo um ensaio fotográfico que divulga uma marca ou conjunto de roupas. Ele funciona como uma espécie de vitrine das mais recentes tendências no mundo da moda ao acompanhar a mudança de comportamento dos consumidores e transmitir a nova forma de pensar através das produções. De acordo com 10
Joffily (1991, p.12-13), seu valor se dá por manter o público atualizado a respeito de lançamentos e tendências, além da crítica dos critérios estéticos e pragmáticos vigentes. O editorial serve como um auxílio ao consumidor ao demonstrar como adequar a moda ao seu gosto pessoal, tipo físico e estilo de vida, apontando as propostas dos estilistas e as opções no mercado. Nele, o produtor reúne “o olhar do editor, fazendo a escolha sobre o que é necessário para montar o editorial, e o olho artístico, compondo o visual das modelos ou das peças a serem fotografadas.” (JOFFILY, 2011, p.41). Por trabalhar com um apelo um tanto conceitual, o editorial traz uma mistura da realidade e fantasia que atrai e incita o consumidor a buscar a marca e/ou o produto para agregar esse valor que é transmitido ao seu dia-a-dia. Diante da fotografia de moda nós substancialmente experimentamos uma possibilidade de comportamento, ou pelo menos a imaginamos, a desejamos, porque a imagem propõe-nos uma espécie de protótipo de vida, uma experiência de estilos e de modos de ser. (MARRA, 2008, p.15-16)
Se uma coleção apresenta um tema específico, o editorial deve mostrá-lo através da combinação de locação, maquiagem/cabelo e edição, para que haja coerência entre coleção, desfile e fotografias. Porém, quando se trata de um editorial para revista, as melhores produções costumam ser as que apresentam um mix de marcas e produtos, evitando repetições e abrangendo maiores possibilidades.
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ORGANIZANDO UM EDITORIAL Para organizar um editorial, é indicado seguir algumas etapas, de forma a não esquecer nenhuma atividade importante para o resultado final. As etapas descritas a seguir não são uma regra a ser seguida, apenas uma sugestão de roteiro, sendo que sua sequência pode ser alterada e as tarefas adaptada de acordo com o gosto e necessidade de cada profissional. Aqui, optou-se por trabalhar com 11 etapas: 1. Briefing; 2. Orçamento; 3. Conceito; 4. Mapa conceitual; 5. Moodboards; 6. Equipe; 7. Locação; 8. Cenografia; 9. Pré-produção; 10. Produção; 11. Pós-produção.
ETAPA 1: BRIEFING Briefing são as instruções e direcionamentos para a realização de um trabalho, conforme explica Ali (2009, p.383). Ter um briefing bem elaborado é imprescindível para o sucesso do trabalho, pois ele especifica o que deve ser almejado como resultado do processo. 12
No caso de trabalhos autorais, o próprio produtor pode estar desenvolvendo o briefing de acordo com seu gosto; caso seja procurado por outro profissional para um projeto autoral em parceria (como o fotógrafo, o beauty artist ou até modelo), podem estar desenvolvendo em conjunto, de forma que o trabalho seja benéfico para ambos. Em caso de trabalho com cliente, ele pode trazer o briefing pronto, ou solicitar auxílio do produtor para desenvolver. Há uma sugestão de modelo básico de briefing na página 29.
ETAPA 2: ORÇAMENTO A elaboração do orçamento já no início do projeto serve para que se mantenha tudo sob controle, afinal, de nada adianta ter ideias incríveis para um editorial e não possuir a verba para concretizar: é preciso manter os pés no chão e saber adaptar-se ao orçamento disponível No caso de projetos autorais, o orçamento é definido pelo próprio produtor. Muitas vezes, a equipe trabalha em parceria, de forma a divulgar o trabalho de todos e reduzir custos. Quando envolve cliente, é ele quem estipula a verba disponível, e a equipe deve ser montada e realizar o projeto de acordo com isso. Dentro do orçamento, devem ser considerados todos os profissionais a serem contratados e os possíveis custos decorrentes disso (como deslocamento, hospedagem e 13
alimentação), Um modelo simples de orçamento pode ser encontrado na página 31.
ETAPA 3: CONCEITO O conceito é a base do editorial: é ele que norteia o projeto. Deve ser claro e objetivo, para que todos da equipe compreendam. No caso de projetos autorais, o produtor define o conceito, seja sozinho ou com auxílio da equipe. Quando envolve cliente, há casos em que ele já traz o conceito definido, casos em que cria juntamente com o produtor, ou, algumas vezes, pede para que o produtor crie e ele aprove. O importante é que, uma vez que o conceito esteja definido, seja seguido em todo o editorial. Abaixo, um exemplo de Conceito: “O conceito do editorial pode ser definido como ‘A sereia no ambiente urbano’. Levando em consideração o movimento do Sereismo, que prega um estilo de vida inspirado nas sereias, surgiu a ideia de inserir a modelo vestida como sereia em ambientes do cotidiano humano, realizando atividades comuns do dia-a-dia, como tomar um banho, descansar, beber algo ou dar atenção ao animal de estimação, sem deixar de lado algumas características clássicas da sereia, como ficar observando-se no espelho.”
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ETAPA 4: MAPA CONCEITUAL
O mapa conceitual é “uma estrutura gráfica que ajuda a organizar ideias, conceitos e informações de modo esquematizado.”3 No geral, o mapa inicia em um assunto mais abrangente e se expande em questões mais específicas. Existem três formatos básicos de mapa conceitual: hierarquizado (título no topo e o restante em ordem hierárquica de importância), fluxograma (apresenta alternativas e possíveis resultados destas) e teia de aranha (ramificação de ideias). No exemplo a seguir, a ideia do Sereismo foi sendo desconstruída no formato teia de aranha em três vertentes que poderiam ser trabalhadas tanto com foco individual no editorial, quanto combinadas e trabalhadas em conjunto.
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Fonte: <https://www.significados.com.br/mapa-conceitual/>. Acesso em 16 de junho de 2017.
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ETAPA 5: MOODBOARDS Moodboards são painéis de inspiração, compostos de colagens e que podem conter também palavras-chave.4 São desenvolvidos com o intuito de facilitar a compreensão do tema e orientar a montagem do editorial. Abaixo, um modelo de moodboard:
No editorial do Sereismo, por exemplo, foram criados 6 moodboards: Temática, Conceito, Persona, Casting5, Beautè6 e Cartela de Cores; esses temas foram escolhidos por serem considerados pertinentes à criação do editorial; em outros projetos, é possível trabalhar com diferentes moodboards de acordo com a necessidade.
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Fonte: <http://glossario.usefashion.com/Verbetes.aspx?IdIndice=13&PalavraCha ve=moodboard&IdVerbete=1068>. Acesso em 01 de junho de 2017. 5 Casting – seleção de modelos. 6 Beautè – do francês, significa beleza.
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ETAPA 6: EQUIPE Para garantir um bom resultado, é imprescindível contar com uma equipe completa formada por bons profissionais. A base de qualquer editorial é formada por fotógrafo, beauty artist e modelo. Caso o fotógrafo não trabalhe com edição de imagens, é preciso um profissional para isso também. Quando for selecionar a equipe, é importante considerar os seguintes aspectos: 1. 2. 3. 4. 5.
Qualidade; Orçamento; Criatividade; Disponibilidade de datas; Relacionamento com os demais membros.
Lembre-se que, quanto maior o projeto, maior a equipe envolvida.
Fotógrafo de Moda O fotógrafo de moda é o profissional de fotografia especializado em fotos de moda. Ele precisa ser capaz de compreender o conceito montado pelo produtor e saber traduzi-lo nas imagens, através de enquadramentos, iluminação e direção do modelo. É essencial que o fotógrafo tenha um olhar criativo e faça o modelo entrar no clima, afinal, é ele quem dirige as fotos, pedindo expressões faciais e corporais ao modelo, buscando diferentes enquadramentos e luzes. 17
A função de edição de imagens é posterior ao trabalho do restante da equipe. Esse processo costuma ser feito pelo próprio fotógrafo, mas há casos em que se terceiriza o serviço. Em uma produção de moda, o trabalho de edição serve para ajustar as pequenas imperfeições que ficaram na foto, seja uma correção de iluminação ou esconder uma mancha na pele do modelo. Além disso, é possível alterar fundos e acrescentar ou remover objetos de cena na edição da imagem, de acordo com o resultado que se quer obter.
Modelo De acordo com Ambrose e Harris (2012, p.180), modelo é “uma pessoa contratada para vestir roupas em um desfile de moda ou sessão de fotos para propaganda. [...] expressam, usando o rosto e o corpo, as diferentes emoções necessárias para construir as expressões artísticas relativas a uma peça, joia ou cosméticos”. Deste modo, pode-se dizer que o modelo é a vitrine viva que exibe um look e todo o conjunto que o envolve. O modelo é escolhido com base em pré-requisitos determinados no briefing do projeto, isto é, características como cor da pele, cabelos, olhos, etnia e afins são parte da composição da produção. Joffily (1991, p.70) diz que o modelo deve saber interpretar o papel proposto pelo produtor e o fotógrafo, e que sua aptidão primordial é de “captar um clima e expressá-lo através da sua postura e do rosto.” Afinal, o objetivo é que o/a leitor(a) consiga se enxergar com a roupa fotografada. 18
Beauty Artist Para caracterizar o modelo, é contratado o beauty artist, profissional responsável pelo cabelo e maquiagem. Normalmente, uma única pessoa costuma cuidar do cabelo e maquiagem (por questão de custo), embora haja a possibilidade de contratar profissionais para cuidarem separadamente de cada item, principalmente em casos como quando o profissional domina apenas uma das áreas ou são muitos modelos. A maquiagem e o cabelo são discutidas entre o produtor, o fotógrafo e o beauty artist, e pensados de acordo com o perfil do modelo e a concepção da produção, procurando complementar as roupas e o cenário, trazendo uma harmonia e qualidade maior para a fotografia. É preciso que a maquiagem e o cabelo causem impacto, mas que não tirem a atenção do produto que se busca divulgar. Eles devem conversar com as roupas e o cenário, agregando valor à produção. No caso do editorial Sereismo, a equipe foi formada por fotógrafa, beauty artist, modelo, produtora, figurinista e técnico de luz e efeitos especiais.
ETAPA 7: LOCAÇÃO Parafraseando Joffily (1991, p.88) e Holzmeister (2012, p.34), a locação das fotos é decidida de acordo com a proposta do editorial, e pode ser interna, interna-externa ou externa. Locação interna se trata do próprio estúdio do 19
fotógrafo, ou caso ele não possua um, de um estúdio alugado para a ocasião. Locação interna-externa é aquela em que o ambiente é interno, porém não é o estúdio (como, por exemplo, o interior de um bar/balada/casa/restaurante etc). Por fim, a locação externa é o ambiente aberto, como um sítio, a rua, entre outros. Cada locação possui suas vantagens: Holzmeister (2012, p.31) diz que o fundo branco do estúdio oferece diversas possibilidades de iluminação e mudança de cenários, enquanto as locações interna-externa e externa possuem uma ambientação que pode compor as fotos e acrescentar sentido à produção. Um editorial pode ocorrer em mais de um tipo de locação. No editorial Sereismo, por exemplo, optou-se por trabalhar com dois tipos de locação: externa e interna-externa.
ETAPA 8: CENOGRAFIA Cenografia se trata da concepção do cenário das fotos. Inclui fundos, mobília, objetos decorativos e tudo mais que puder compor o cenário. É importante lembrar que os itens escolhidos devem conversar com o restante da produção, nada deve ser adicionado sem motivo. É interessante que se aproveite ao máximo o que o ambiente já oferece, afinal, a locação não foi escolhida à toa. Ressalte os pontos fortes e disfarce os pontos fracos. São os 20
detalhes que diferenciam uma produção mediana de uma ótima produção. Como exemplo: no editorial Sereismo, foi aproveitado a mobília das locações, apenas remanejando para se adequar à proposta. Produziu-se também um espelho com pedrarias combinando com o traje de sereia para ser utilizado interativamente.
ETAPA 9: PRÉ-PRODUÇÃO Nessa etapa, ocorrem os preparativos finais para a execução do editorial. São montados os looks, o kit de produção e feitas as compras para o catering.
Looks Os looks são elaborados pelo produtor de acordo com a proposta do editorial. Em caso de projeto autoral, podem ser montados tanto com acervo pessoal quanto com empréstimo de lojas, ou até combinação de ambos. Em caso de projeto com cliente relacionado à moda ou mídias sociais (como revistas, blogs e jornais), é este quem define de quem serão as peças exibidas: de uma marca ou loja específica, de um conjunto de marcas/lojas, ou, em alguns casos, é dado liberdade ao produtor para definir. Quando for cliente em busca de projeto autoral, pode ser realizado com acervo pessoal do cliente, do produtor, empréstimo de lojas ou combinação dessas possibilidades. 21
Catering Catering é o serviço de alimentação para a equipe – afinal, produções costumam ser longas e é responsabilidade do produtor prezar pelo bem estar de todos. Água e lanches práticos, como sanduíches e salgados assados, são indispensáveis. Opções de bebidas quentes (como café e chá) no inverno também são indicadas.
Kit de Produção O kit de produção consiste em um conjunto de itens que possam ser necessários para o dia do editorial – seja para ajustes em roupas ou bem-estar da equipe. Cada produtor monta seu kit de acordo com o que julga necessário, porém alguns itens são indispensáveis, como: roupa íntima neutra, meias, toalhas, grampos, elásticos de cabelo, spray fixador, pente, escova de cabelo, kit de costura (linhas, agulhas, botões, alfinetes, tesoura), kit de primeiros socorros (remédios, curativos), protetor solar, repelente, roupão, chinelo, creme corporal, toalha de papel, lenços umedecidos, fita crepe, absorventes, grampos de roupa, arara(s), cabides, camarim móvel e steamer (passadeira a vapor). Há um modelo desta lista na página 33. Dependendo de onde e quando ocorrerão as fotos, podem ser acrescentados outros itens, como cobertores (durante o inverno) ou guarda-sol (em dias de sol forte).
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ETAPA 10: PRODUÇÃO A sequência básica das atividades no dia da produção é: 1. Conferir se está em posse de todos os itens necessários, como kit de produção, catering e objetos cenográficos; faça um checklist para garantir que nada fique de fora (modelo na p. 35); 2. Buscar os looks na(s) loja(s) – é interessante fazer uma lista com a referência e valor de todas as peças que estão sendo retiradas, deixar uma cópia com a loja e levar a outra consigo, para garantir que na hora da devolução tudo esteja correto (e para o caso de precisar cortar alguma etiqueta ou algo se perder, saber a referência e o valor que deve ser pago); A lista deve ser assinada na retirada e novamente na devolução das peças (modelo na p.37); 3. Chegada na locação; 4. Montagem do catering e do cenário; 5. Preparação da modelo; 6. Início das fotos; 7. Trocas de looks; 8. Fim das fotos; A duração depende do ritmo da equipe e da quantidade de looks e fotos. Em alguns casos, quando o cliente possui muitos looks a fotografar, o editorial pode durar mais de um dia. Algumas questões a serem levadas em consideração:
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ξ
ξ
ξ
ξ ξ
Caso algum look exija uma roupa íntima específica (como um sutiã tomara-que-caia, por exemplo), é responsabilidade do produtor providenciar. Roupa íntima não deve ser emprestada ou reutilizada. Caso o/a modelo não esteja usando a roupa íntima neutra e precise usar a levada pelo produtor, ao fim do ensaio ele deve ser presenteado com a mesma. Quando for fotografar roupa íntima ou moda praia emprestados, as peças devem ser protegidas com fita crepe ou protetores específicos para que não haja contato com as partes íntimas do/a modelo. Se possível, o/a modelo deve permanecer com sua própria roupa íntima por baixo. Planeje tudo com antecedência e procure deixar um prazo para refazer o trabalho caso algo dê errado. Às vezes, menos é mais. Uma boa produção exige criatividade, mas não extrapole.
ETAPA 11: PÓS-PRODUÇÃO Após finalizar as fotos, inicia-se a fase de pósprodução. Ela pode ser dividida em 4 etapas: 1. 2. 3. 4.
Guardar os looks, calçados e acessórios; Desmontagem dos cenários; Organização do local; Devolução das peças (se necessário, lavar a seco antes de devolver);
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A seleção de fotos costuma ser feita pelo produtor em caso de projeto autoral. Caso seja um trabalho com cliente, é provável que ele queira escolher, mas pode delegar essa tarefa para o fotógrafo ou o produtor. A função do produtor encerra-se quando todas as peças tiverem sido devolvidas.
FINALIZANDO Espera-se que este guia tenha sido útil para esclarecer dúvidas sobre o assunto e orientar na atividade de produção de moda para editoriais, tanto para profissionais quanto para estudantes. Nas páginas a seguir, encontram-se o resumo do conteúdo, bem como os modelos de briefing, orçamento e listas: utilize-os para praticar e adapte-os às suas necessidades. Aproveite também os espaços em branco para fazer anotações.
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BRIEFING
Autoral Cliente
ORÇAMENTO E T A CONCEITO P E A T A MAPA CONCEITUAL 1 P E Persona 0 A T :A Casting MOODBOARDS 1 P Beautè E P 0 A Fotógrafo T Cartela de Cores R : A Beauty Artist EQUIPE O 1 P E Modelo D P 0 A T Interna Produtor R :U A Ç Interna-externa O LOCAÇÃO 1 P E à D P Externa 0 A T O U R : A Ç O CENOGRAFIA 1 P E à D P 0 A T Catering O U :R A Ç Kit de Produção PRÉ-PRODUÇÃO O 1 P E à D P Checklist 0 A T O U R : A Ç PRODUÇÃO O 1 P E à D P 0 A T O R :U Devolução das peças A Ç PÓS-PRODUÇÃO O 1 P E Seleção das imagens à D P 0 A T O 27:U R A Ç O 1 P à D P 0 A O U R :
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BRIEFING
CLIENTE:_______________________ PRAZO:__/__/____ Divulgação na mídia: ( ) redes sociais ( ) revista ( ) jornal ( ) catálogo ( ) lookbook ( )______________ Verba disponível: ________________ Segmento: _______________________________________ Produto(s) a ser(em) vendido(s): _____________________ ________________________________________________ Público-alvo:______________________________________ Tendências e influências culturais a serem trabalhadas: ___ ________________________________________________ ________________________________________________ Concorrentes: ____________________________________ Referências:
Outras colocações: ________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ 29
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ORÇAMENTO
O QUÊ
CUSTO
Fotógrafo Beauty Artist Produtor de Moda Edição de Imagens Locação Cenografia Figurino Catering Deslocamento Hospedagem Alimentação
TOTAL
R$ 31
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KIT DE PRODUÇÃO
( ) Arara
( ) Kit de primeiros socorros
( ) Cabides
( ) Steamer
( ) Camarim móvel
( ) _________________
( ) Roupão
( ) _________________
( ) Chinelo
( ) _________________
( ) Roupa íntima neutra
( ) _________________
( ) Meias
( ) _________________
( ) Elástico de cabelo
( ) _________________
( ) Grampos de cabelo
( ) _________________
( ) Spray fixador
( ) _________________
( ) Grampos de roupa
( ) _________________
( ) Toalhas
( ) _________________
( ) Lenços umedecidos
( ) _________________
( ) Toalhas de papel
( ) _________________
( ) Creme corporal
( ) _________________
( ) Fita crepe
( ) _________________
( ) Absorvente
( ) _________________
( ) Kit de costura
( ) _________________
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CHECKLIST
( ) Look 1:_______________________________________ ________________________________________________ ( ) Look 2:_______________________________________ ________________________________________________ ( ) Look 3:_______________________________________ ________________________________________________ ( ) Kit de produção ( ) Catering ( ) ______________________________________________ ( ) ______________________________________________ ( ) ______________________________________________ ( ) ______________________________________________ ( ) ______________________________________________ ( ) ______________________________________________ ( ) ______________________________________________ ( ) ______________________________________________ ( ) ______________________________________________ ( ) ______________________________________________ ( ) ______________________________________________ ( ) ______________________________________________ 35
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EMPRÉSTIMO DE PEÇAS
LOJA:___________________________________________ Responsável da loja:________________________________ Produtor:_________________________________________ Data de retirada:__/__/____
Data de devolução:__/__/____
Número de peças:________ PEÇA
REFERÊNCIA
VALOR
Retirada ______________________
______________________
Responsável da loja
Produtor
Devolução ______________________
______________________
Responsável da loja
Produtor 37
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GLOSSÁRIO Briefing – instruções/direcionamentos para um trabalho. Beauty Artist – profissional da beleza, atua como maquiador e cabeleireiro. Catering – serviço de alimentação para um grupo. Coleção – conjunto de peças que um estilista cria para uma temporada e apresentam entre si características em comum. Conceito – ideia ou referência representada através de uma coleção. Hair Stylist – cabeleireiro. Look – combinação de roupas, calçado e acessórios usados em conjunto. Lookbook – publicação que mostra o tema e conceito de uma coleção. Make-up Artist – maquiador. Moodboard – painel de inspiração. Temporada – período de duração de uma coleção. Normalmente é de uma estação. Tendência – previsão de uso de determinado estilo ou peça. Caracterizada pela temporalidade e massificação. Voga – moda ou tendência em vigor.
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REFERÊNCIAS
ALI, Fátima. A arte de editar revistas. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009.
AMBROSE, Gavinkore; HARRIS, Paul. Dicionário Ilustrado da Moda. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2012.
HOLZMEISTER, Silvana. Styling: guia básico. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2012. 104 p.
JOFFILY, Ruth. O Jornalismo e Produção de Moda. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.
JOFFILY, Ruth; ANDRADE, Maria de. Produção de moda. Rio de Janeiro, Senac Nacional, 2011. 144 p. Il.
MARRA, Claudio. Nas sombras de um sonho: história e linguagem da fotografia de moda. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2008. ISBN 978-85-7359-678-6
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