TFG - Casa Das Hortências

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CASA DAS HORTÊNSIAS


TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

CASA DAS HORTÊNSIAS Desenvolvido por Letícia Fioravanti Kurz de Oliveira Orientado por Antonio Fabiano Jr. e Fábio Boretti

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Pontifícia Universidade Católica de Campinas Campinas, dezembro de 2019


“As pessoas (da Cidade Tiradentes) são gratas pelo mínimo.” – Ana Rita, Líder Comunitária no MOCUTI (Movimento Cultural da Cidade Tiradentes)


AGRADEÇO

Especialmente a não somente um, mas três orientadores, Antonio Fabiano Jr. , Fábio Boretti e Vera Luz. Seres humanos brilhantes que fizeram enxergar a arquitetura com outros olhares, além do que imaginava ser possível. Aos meus pais, Selma e Sergio, que sempre me apoiaram e me deram o amor necessário para acreditar e seguir. Obrigada Pai, por seu meu exemplo de perseverança e determinação. Obrigada Mãe, por todo seu amor e carinho que sempre me aqueceram. E obrigada, Lugi, por todo apoio e por sempre estar lá por mim. Aos meus amigos, tão fundamentais nessa difícil jornada que foi a nossa faculdade. Obrigada por me erguerem nos momentos de dificuldade e por estarem lá sempre que precisei. Obrigada por serem a minha família e por não desistirem de mim, em especial: Felipe Sanson, Gabriel Foglio, Jennifer Brentzel, Viviane Ribeiro, Victor Lucena e Vitor Acciarini. E também, à Luísa Barbosa que desde sempre esteve junto comigo nessa caminhada. À Julia Araujo, Maynara Ferreira e Talita Rosseti por sempre acreditarem em mim. E por fim, a Cidade Tiradentes que me mostrou, mesmo no meio do caos, o amor e a esperança. A Ana Rita, exemplo de mulher que irei levar para toda a vida.


“[...] - A mulher é a força na Cidade Tiradentes, porque, aqui, grande parte das organizações é mobilizada por mulheres. Eu digo as associações, presidentes. A maioria são mulheres na Cidade Tiradentes, chefes de família são mulheres. A grande maioria, seja ela mães, avós, tias, sempre mulheres. A mulher assume um papel de “macho” na Cidade Tiradentes. Tem que ser muito macho. Você vê que a maioria das lideranças é composta de mães solteiras (muitas crianças criadas pelos avós ou tias, maas também têm familias pai e mãe nas quais a mãe trabalha e o pai não). É a mulher que acaba sustentando a casa, sustentando o marido. [...]” - Michelle dos Santos Fernandes sobre as muheres da Cidade Tiradentes no Livro “Jovens da Cidade Tiradentes: de onde ecoam suas vozes?” (p. 25)



INDICE

1. I N T R O D U Ç Ã O 2. A C I D A D E T I R A D E N T E S 3. A A R Q U I T E T U R A 4. C O N S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S 5. R E F E R Ê N C I A S 6. B I B L I O G R A F I A


1. INTRODUÇÃO O projeto Casa das Hortênsias acontece na intersecção de equipamentos muito importantes para Cidade Tiradentes, e com isso se tornam partes complementares do programa como um todo. Esses programas e equipamentos unidos em uma única construção dão força a sua finalidade dentro do distrito. Onde, hoje em dia acontecem em média, segundo a secretaria de segurança de São Paulo, 150 casos de violência contra a mulher por dia. Além disso, as delegacias das mulheres, postos de saúde ou centro de acolhimentos estão distantes, o que dificulta a ida das mulheres até esses locais. Esses números alarmantes juntamente com o déficit de políticas de segurança pública específicas para esses casos, justificam a necessidade de uma unidade pública voltada para o acolhimento e atendimento desses casos. Vistas essas dificuldades, a Casa das Hortênsias é um espaço que reúne em um mesmo local todos os serviços de amparo a mulher. O projeto se articula em três diretrizes principais. 1. Acolhimento, no centro existe o 1º abraço, que é um espaço do primeiro contato da mulher com os profissionais da Casa. Além dele, também se dispõem de habitações de passagem coletivas e individuais, onde as mulheres podem ficar alocadas por algum tempo com seus filhos, até que encontre um local seguro para voltar. 2. Empoderamento, as salas de Apoio, sendo eles: Médico, Jurídico e Psicológico. Em cada uma delas existe um profissional preparado para receber essas mulheres em situação tão delicada. Esses profissionais farão uma avaliação prévia e acompanharão a mulher até o fim do seu caso, seja ele jurídico, hospitalar ou psicológico. 3. Retomada, também fazem parte da Casa oficinas profissionalizantes, a primeira é aberta para todas as mulheres da Cidade Tiradentes, não somente as que procuram o centro, mas também para todas aquelas que queiram aprender algum ofício novo podendo ser convertido em fonte de renda própria, como: técnicas de elétrica, mecânica, marcenaria ou construção civil. Assim como as flores, a Casa das Hortênsias vai plantar, regar, nutrir e admirar essas mulheres florescerem novamente.



CONECTAR PARA EMPODERAR A Delegacia da Mulher mais próxima da Cidade Tiradentes se encontra a 15 quilômetros de distância ou a 1 hora e meia de transporte público. Em comparação com o volume de ocorrências de violência contra a mulher, 150 casos/dia segundo a Secretaria de Segurança de São Paulo. O projeto Casa das Hortênsias acontece na intersecção de equipamentos muito importantes para Cidade Tiradentes. Posicionado no centro de um triangulo formado pelo CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) em uma das pontas, o Terminal Cidade Tiradentes em outra e se fechando na Unidade de Policiamento Comunitário (que ainda não recebe instrução para a receber casos de violência contra mulher). Esses equipamentos se tornam complementares ao projeto, que fará a acolhida e o direcionamento posterior para esses demais equipamentos. Esses programas e equipamentos unidos em uma única construção dão força a sua finalidade dentro do distrito, que é a proteção e o amparo da mulher da Cidade Tiradentes. Onde, hoje possui um grande déficit de equipamentos públicos dessa natureza. Por exemplo, a delegacia da mulher mais próxima está a 1 hora e meia de ônibus saindo do Terminal Cidade Tiradentes. E além dessa, postos de saúde ou centros de acolhimentos na maioria das vezes também estão distantes o que dificulta a ida das mulheres até esses locais. Esses números alarmantes juntamente com o déficit de políticas de segurança pública específicas para esses casos, justificam a necessidade de uma unidade pública voltada para o acolhimento e atendimento desses casos.


A Casa das Hortênsias está lá para e pelas mulheres da Cidade Tiradentes, para mostrar que elas não estão sozinhas e que tem sempre para onde ir e se sentirem seguras. Lá elas irão participar de muitos momentos de troca, ao chegar serão recebidas por profissionais que darão as instruções e o apoio certo para superarem esse momento tão delicado. Nas oficinas elas poderão, junto com outras mulheres, trocar experiencias de vida e conhecimentos para se reerguerem juntas. Essa troca é a essência da Casa das Hortênsias. A intensão do projeto é acolher, empoderar e como uma flor, fazer florescer uma mulher mais forte e dona de si.


2. A CIDADE TIRADENTES

MACROZONEAMENTO DE SÃO PAULO URBANO AMBIENTAL

CIDADE TIRADENTES


Localizada na Zona Leste de São Paulo, o distrito da Cidade Tiradentes é um dos componentes da periferia da cidade de São Paulo, fazendo divisa com os municípios de Ferraz de Vasconcelos e Suzano. Configurada com uma formação urbana recente de aproximadamente 40 anos, o distrito um resultado da industrialização brasileira, acompanhada da consequente crise habitacional e especulação imobiliária. O que sucedeu em ocupações de autoconstrução sem controle público, isso paralelo aos modelos BNH carimbados pelo Estado por toda extensão da Cidade Tiradentes. Analisando pelo quesito habitacional, teoricamente não faltam investimentos por parte do governo, porém somente essas ações não suprem todas as necessidades públicas de uma área periférica. Mesmo na questão da moradia, as habitações populares não são suficientes para as necessidades das pessoas que moram nessa região. A criação desses diversos conjuntos habitacionais envolvidos por muros, os transformaram em verdadeiras bolhas habitacionais que acontecem de forma individual. Ou seja, falta costura, falta enlace, falta espaço urbano entre elas. E não só isso, a Cidade Tiradentes vive uma realidade de abandono e negligência. Um distrito com densidade demográfica altíssima, com dados populacionais a níveis municipais, porém é visto como mais um bairro da cidade de São Paulo, ou menos que isso. Serviços básicos como saneamento, coleta de lixo e tratamento de esgoto só abrangem uma pequena parcela do distrito mais próxima das margens da Avenida dos Metalúrgicos (principal via de acesso da Cidade Tiradentes). A Cidade Tiradentes possui muitas precariedades, porém também muitas riquezas feitas pelas próprias mãos dos moradores. Os muros dos conjuntos habitacionais, hoje, possuem cor e pequenas aberturas que chamam a cidade para dentro dos condomínios. Os próprios moradores adaptam suas garagens em comércios que se abrem para a rua e criam espaços de convivência. Espaços residuais são transformados em parques de bolso pela população, onde acontecem encontros e eventos. Esses que são a verdadeira essência da Cidade Tiradentes.


RECORTE DE ESTUDO URBANO A Casa das Hortênsias acontece fora do recorte estudado na etapa urbana deste trabalho. O projeto se localiza estrategicamente margeando a principal avenida da Cidade Tiradentes, Av. dos Metalúrgicos. A gleba de implantação foi escolhida, como já foi dito, devido a sua proximidade com programas que seriam complementares aos implantados na Casa das Hortênsias, como: o CRAS, o Terminal Cidade Tiradentes e a Unidade de Policiamento Comunitário. Além disso, foi também projeto de estudo para essa gleba um novo parcelamento que unisse duas malhas urbanas que estariam desconexas. E através desse novo parcelamento, foi viabilizado o enraizamento da Casa na Cidade Tiradentes e a aglutinação de todos esses fatores, os programas complementares e as malhas urbanas. Dessa forma, o desenho urbano e a localização do projeto facilitam o acesso das mulheres, principalmente, à Casa fazendo com que se cumpra seu papel e o projeto consiga abranger o maior número de mulheres possível.



SORORIDADE substantivo feminino 1. Relação de irmandade, união, afeto ou amizade entre mulheres, assemelhando-se àquela estabelecida entre irmãs. 2. União de mulheres que compartilham os mesmos ideais e propósitos, normalmente de teor feminista. Etimologia (origem da palavra sororidade). Do latim soror + dade. Sororidade é sinônimo de: irmandade



Intervenção de Entorno A Casa das Hortênsias acontece fora do recorte estudado na etapa urbana deste trabalho. O projeto se localiza estrategicamente margeando a principal avenida da Cidade Tiradentes, Av. dos Metalúrgicos. A gleba de implantação foi escolhida, como já foi dito, devido a sua proximidade com programas que seriam complementares aos implantados na Casa das Hortênsias, como: o CRAS, o Terminal Cidade Tiradentes e a Unidade de Policiamento Comunitário. Além disso, foi também projeto de estudo para essa gleba um novo parcelamento que unisse duas malhas urbanas que estariam desconexas. E através desse novo parcelamento, foi viabilizado o enraizamento da Casa na Cidade Tiradentes e a aglutinação de todos esses fatores, os programas complementares e as malhas urbanas.


Dessa forma, o desenho urbano e a localização do projeto facilitam o acesso das mulheres, principalmente, à Casa fazendo com que se cumpra seu papel e o projeto consiga abranger o maior número de mulheres possível. A Casa das Hortênsias está alocada em uma gleba próxima ao Terminal Cidade Tiradentes, onde ainda não existia um parcelamento do solo assegurado. Portanto, para melhor consolidação do projeto com o terreno e com o entorno, se fez necessário o desenho de um novo parcelamento que unisse melhor as duas bordas dessa gleba. Além disso, esse novo plano fez a junção do projeto da Casa das Hortênsias com os programas complementares a ela em um único desenho urbano.



3. A ARQUITETURA Assim como os princípios da etapa urbana desse trabalho, esse projeto preza pelas trocas interpessoais possibilitadas pelo espaço desenhado. Essas trocas neste caso acontecem em espaços públicos, como as praças propostas no entorno, ou em espaços privados, como as oficinas ou salas de apoio. O projeto tem uma implantação aberta permitindo acesso por todos os lados, tendo como acesso principal pela Av. dos Metalúrgicos. A partir desse acesso nasce uma marquise que permeia por toda extensão da construção e se torna um elemento articulador entre os edifícios. O desenho da quadra permite que as áreas pedonais predominem por todo o entorno do projeto. Fazendo com que o convite ao ingresso dos moradores seja mais valorizado.



IMPLANTAÇÃO


PLANTA


PLANTA


CORTE BB



PERSPECTIVA GERAL





ACOLHIMENTO A acolhida na Casa das Hortênsias começa no primeiro momento da mulher lá dentro, no 1º abraço. Porém, nesse ciclo de passagem, nós podemos definir o início, mas não o fim desse momento de acolhida. O ingresso da mulher na Casa das Hortênsias acontece em um espaço acolhedor, o 1º abraço, onde ela terá o primeiro contato com profissionais especializados que irão ouvi-la e direciona-la aos próximos passos dentro da Casa. Esse momento acontece em um espaço reservado e acolhedor, situado próximo à Avenida dos Metalúrgicos e voltado para a maior porção da Cidade Tiradentes. Os espaços de Acolhimento se dão de duas maneiras na Casa das Hortênsias, individual e coletiva. Ambos, podem acolher a mulher e seus filhos caso necessário.

I. ACOLHIMENTO COLETIVO No caso dos espaços de acolhimento coletivo, se constituem em dormitórios com acomodações que variam de seis a quatro mulheres. O edifício que abriga os dormitórios tem sua estrutura feita por pilares robustos de tijolo em formato de “H” dispostos em dois eixos paralelos, esses servem de apoio para cinco arcos plenos que fazem a cobertura do conjunto. Perpendicular aos pilares está a marquise que faz o ingresso e a ligação do edifício com os outros espaços do projeto. É interessante ressaltar que, o formato aplicado ao pilar “H” serve de suporte para muitas variações do mobiliário interno do dormitório, como mesas de apoio, armários de múltiplo uso e no caso do vestiário ele sustenta os lavatórios.

CORTE AA


PLANTA

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PERSPECTIVA ACOLHIMENTO COLETIVO



II. ACOLHIMENTO INDIVIDUAL

O acolhimento individual, se dá em casulos circulares de tijolo encaixados na topografia e abrigados por uma cobertura em abóbadada. Nele se acomodam uma cama de solteiro e berço, além de mobiliário de apoio e múltiplo uso. Devido a sua situação com relação à topografia, as aberturas são dispostas de forma periférica.

CORTE HH


CORTE GG

PLANTA

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PERSPECTIVA ACOLHIMENTO INDIVIDUAL



APOIO Dando continuidade a um processo iniciado no 1º abraço, a Casa das Hortênsias procura ajudar a mulher a se encontrar novamente com ela mesma e retomar a sua vida como era antes desse grande trauma sofrido. Para isso existem as salas de apoio com três diferentes frentes, apoio médico, apoio jurídico e apoio psicológico. Em cada uma delas as mulheres terão contato com profissionais da área, que acompanharão elas em hospitais ou em delegacias. Todo esse processo é essencial para o empoderamento feminino e a retomada da mulher a sua vida cotidiana. São três salas de apoio, constituídas de paredes de tijolos e a vedação é feita por caixilhos metálicos com vidro. Sendo todo esse conjunto coberto por seis abobadilhas feitas também em alvenaria de tijolos.

CORTE EE


PLANTA

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5

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ESPAÇO DE ENCONTROS



RETOMADA Dando continuidade ao processo de reintegração da mulher na sociedade, para ajudar não só as mulheres que procuram a Casa das Hortênsias, mas também todas moradoras da Cidade Tiradentes. O projeto conta com os espaços de oficina para que ali aconteçam as trocas mais ricas e saudáveis de conhecimento entre as mulheres e quem mais se interessar a participar. O espaço de ateliê é amplo e com poucas barreiras limitadoras, o que permite que as oficinas se desenvolvam de forma livre e orgânica. Com o objetivo de incentivar trocas de forma que ali possam surgir fontes de renda para aquelas mulheres, o espaço permite que as oficinas aconteçam em roda ou em formato de sala de aula. Estruturalmente, as oficinas se resumem em pilares em “H” dispostos em dois eixos que apoiam um arco pleno. E novamente, como nos dormitórios, os pilares sustentam o mobiliário interno, como mesas e armários de múltiplo uso. Com o arco pleno dessa construção sendo mais elevado gerando um pé direito maior, isso possibilita a existência de um mezanino de estrutura independente no seu interior. E nesse espaço, além de dar ao pavimento inferior um pé direito mais acolhedor, cria-se uma área reservada para abrigar a parte administrativa da Casa das Hortênsias. Além das oficinas profissionalizantes, também existe no projeto a Oficina da Instrução. Como o projeto é implantado abraçando a E.E. Ruy de Mello Junqueira foi pensado um espaço que trouxesse os estudantes para dentro da Casa das Hortênsias, para que fosse apresentado a eles a realidade do presente momento em que eles estão inseridos e fosse também trabalhada a conscientização para que o futuro seja de uma melhora.


PLANTA

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PERSPECTIVA DAS OFICINAS



ESTRUTURA MODELO I A estrutura da Casa das Hortênsias consiste em basicamente, arcos plenos sobre pilares em formato de “H”. Sendo em sua maioria constituida de tijolos, de dimensões 10cm x 15 cm x 20 cm. Esse material compõe os pilares, os arcos plenos e as vigas de contraventamento da cobertura vazada. No caso da marquise, são vigas e pilares de madeira encaixados sob telhas metálicas. Além dos arcos plenos, se desenvolvem nesse projeto técnicas construtivas com cúpulas e abobadilhas.

DETALHAMENTO 1

LEGENDA 1. ARCO PLENO EM TIJOLOS COM CAPA DE CIMENTO 2. LAJE MESANINO 3. CAPA PROTETORA DE CIMENTO PARA PILARES DE TIJOLOS 4. PILARES PARA SUSTENTAÇÃO DO MESANINO 5. TORRES HIDRÁULICAS 6. PILARES EM “H” 7. TELHAS METALICAS 8. VIGAS DE MADEIRA


DETALHAMENTO 1


ESTRUTURA MODELO ii Muito similar com o primeiro modelo de estrutura, porém os modelos se divergem por a orientção em que os arcos apoiam sobre os pilares “H” é diferente. No modelo anterior os arcos se apoiam no sentido longitudinal do pilar, já nesse modelo se apoiam no sentido transversal.


DETALHAMENTO 2

LEGENDA 1. ARCO PLENO EM TIJOLOS COM CAPA DE CIMENTO 2. VIGA DE TRAVAMENTO 3. PILARES PARA SUSTENTAÇÃOEM “H” 4. TORRES HIDRÁULICAS 5. TELHAS METALICAS 6. VIGAS DE MADEIRA


INFRAESTRUTURA Infelizmente a realidade da Cidade Tiradentes é de descaso quanto o acesso ao saneamento básico. Em razão disso foi necessário fazer o uso de sistemas de tratamento alternativos, independentes do convencional, que foram implantados no próprio terreno se mesclando ao paisagismo. Para o esgoto cinza foi pensado o sistema de jardins filtrantes. Este processo consiste na limpeza da água pela passagem dos efluentes por um tanque de plantas macrófitas, que absorvem os nutrientes e os elementos contaminantes. É necessário 1 m² por usuário, a Casa das Hortênsias abriga 30 mulheres nos acolhimentos coletivos e individuais, e além disso recebem pessoas participantes das oficinas entre outros usuários durante o dia. Foi atribuído uma área que atenda a essa demanda de 100 m² para filtragem do esgoto cinza.


O esgoto negro também será tratado de formas alternativas ao sistema público em tanques de evapotranspiração. Esses que são tanques de blocos de concreto que recebem o esgoto sob uma camada de entulho, areia e brita. Essa ultima camada acomoda plantas de folhas largas, como bananeiras por exemplo. Essa vegetação será beneficiada pelos nutrientes e pela água presente no esgoto e através da evapotranspiração devolve a água para atmosfera. Para cada usuário é necessário 2 m³ de tanques de evapotranspiração.


4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Aprendi com esse trabalho que dentro de uma cidade podem existir muitas cidades, e essas cidades tem voz e gritam para serem ouvidas. Devemos ouvi-las. Os usuários das idades devem estar em primeiro plano. Se não eles ou nós, para quem estaríamos fazendo as cidades? Cidades essas que em sua maioria estão doentes e necessitam olhares atentos voltados a elas. A violência contra a mulher não aumentou ou diminuiu. Ela sempre existiu. Só falamos mais dela agora e ainda temos muito o que falar. Nós temos voz e não vamos nos calar. A Casa das Hortênsias foi pensada para ouvir e reverberar a voz das mulheres da Cidade Tiradentes. Mulheres fortes com tripla jornada que são exemplos de amor e de determinação. Que mesmo sem conhece-las já me ensinaram muito. Por fim, também aprendi que para fazer arquitetura temos que olhar para todas as direções e perceber o outro. Aprendi que ainda tenho muito que aprender com a Arquitetura e tudo que ela tem a oferecer para transformar esse mundo.



5. REFERÊNCIAS PROJETUAIS Gando School Library - Francis Kéré

Dano Secondary School - Francis Kéré

Centro de Reabilitação Infantil da Teletón - Gabinete Arquitetura


ResidĂŞncia dos Padres Claretianos - Affonso Risi

Casa Rio Frio - Rogelio Salmona

Cidade Tiradentes

Igreja Episcopal - Carlos Mijares


REFERÊNCIAS PROJETUAIS Residência dos Padres Claretianos - Affonso Risi

Gando School Library - Francis Kéré

Songtaaba Women´s Center - Francis Kéré

Ana Rainha Rita - Cidade Tiradentes

Mapungubwe Interpretation Centre - Peter Rich


Igreja Episcopal - Carlos Mijares

ResidĂŞncia dos Padres Claretianos - Affonso Risi


6. BIBLIOGRAFIA Fernandes, Michelle dos Santos; Hylário, Daniel; Jay, Bob. “Jovens da Cidade Tiradentes: de onde ecoam suas vozes?”. São Paulo: Instituto Polis, 2008. Teles, Maria Amélia de Almeida. Breve História do Feminismo no Brasil. São Paulo: Editora Brasiliense, 1993. Adell, Josep Ma. Carlos Mijares: I. Algunos bocetos: en torno al lenguaje, los acuerdos del habla (Mijares) II. La arquitectura de ladrillo de Carlos Mijares (Adell) III. Algunas ideas... y unas cuantas creencias (Mijares). Espanha, 2005.

DOCUMENTOS Prefeitura Municipal de São Paulo. “Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo. (PDE 16.050/2014)’’ . São Paulo, 2014.

SITES

* ACESSADOS ENTRE AGOSTO E DEZEMBRO DE 2019 https://www.archdaily.com.br/br/01-17287/casa-tolo-alvaro-leite-siza-vieira https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/urbanismo/legislacao/plano_diretor/index.php?p=1386 http://kere-architecture.com/projects/school-library-gando/ http://kere-architecture.com/projects/secondary-school-dano/ http://kere-architecture.com/projects/womens-association-centre-gando/ https://www.archdaily.com.br/br/01-110643/classicos-da-arquitetura-residencia-dos-padres-claretianos-slash-affonso-risi-e-jose-mario-nogueira?ad_source=search&ad_medium=search_result_all http://www.revistaimagenes.esteticas.unam.mx/carlos_mijares_bracho_y_la_arquitectura_industrial https://www.archdaily.com.br/br/801438/classicos-da-arquitetura-biblioteca-virgilio-barco-rogelio-salmona https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.043/623/pt https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/10.029/1816


REFERÊNCIA MUSICAL

.

Ela Encanta - Marina Peralta “ [...] Ela foi chegando devagar Veio já tirando todo ar Desmistificando tudo o que o povo insiste em falar E a sua roupa ela escolheu Não pediu pra você nem pra eu Porque ela entendeu que ela mesma manda Nesse corpo que é seu E logo de início eu quero falar do respeito Essa mina do seu lado é mais que bunda e peito Fugir desse assunto meu mano, é uma vergonha Ou cê tá achando que nasceu de uma cegonha Fica bem aqui, que eu vou te falar Frida já se foi, mas pediu pra representar E só pra constar na minha rima vou lembrar Você é linda do seu jeito e até quando acaba de acordar! O sol raiou, e toda essa guerra entre o povo não parou Seu nome é Betânia, sua mãe é dona Flor E referencial de pai só tem o seu avô Só que seu corre é todo dia, sua luta é mais que grito Não dá asa pro fuxico, nem procura homem rico Um dia não votava, também não estudava De casa ela saiu, pra rua foi armada Armada de ousadia, o medo escondia Homem privilegiado mais sistema, oprimia Um salve vai pras mina que na luta botam fé Lugar de mulher é onde ela quiser. [...] ”


Feito por uma mina. Obrigada ! LetĂ­cia.



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