Assombrado 29 de Maio de 2010 Capítulo 1
- Bem, bem, bem - disse uma voz claramente masculina atrás de mim. - Vejam se não é Suzannah Simon. Olha, não vou mentir para você. Quando um cara bonito fala comigo (e pela voz do cara dava para saber que ele era um gato; a autoconfiança daquele bem, bem, bem, o modo acariciante com que disse meu nome) eu presto atenção. Não posso evitar. Afinal de contas sou uma garota de 16 anos. Minha vida não pode girar inteiramente em volta da última estampa de miniblusa da Lilly Pulitzer's e de qualquer inovação que Bobbi Brown tenha feito no mundo do delineador labial que não sai. Então vou admitir que, mesmo tendo namorado - ainda que namorado seja uma palavra meio otimista para ele - quando me virei para ver o gostosão que estava falando comigo, dei uma leve sacudida no cabelo. Por que não? Quero dizer, considerando todo o produto que passei nele naquela manhã, em homenagem ao primeiro dia da décima primeira série (para não mencionar a névoa marinha que costuma transformar minha cabeça numa confusão encaracolada), meu penteado estava excepcionalmente bom. Só quando tinha dado uma sacudida na velha juba castanha eu me virei e vi que o gato que tinha dito meu nome não era alguém de quem eu gostasse muito. De fato você pode dizer que tenho motivos para morrer de medo dele. Acho que ele pôde ler o medo nos meus olhos - cuidadosamente maquiados naquela manhã com uma combinação nova em folha de sombras chamadas Bruma Café - porque o sorriso que se abriu em seu rosto bonito era ligeiramente torto num dos cantos. - Suze - disse ele num tom brincalhão. Nem a névoa podia embotar as luzes brilhantes em seu cabelo escuro, encaracolado e revolto. Os dentes eram de um branco ofuscante em contraste com o bronzeado de jogar tênis. - Aqui estou eu, nervoso porque sou novo na escola, e você nem me diz oi! Isso é jeito de tratar um velho amigo? Continuei a encará-lo, perfeitamente incapaz de falar. A gente não pode falar, claro, quando está com a boca seca como... bem, como o prédio de tijolos à nossa frente. 1
O que ele estava fazendo aqui? O que ele estava fazendo aqui? O negócio é que eu não podia seguir meu primeiro impulso e sair gritando, fugindo dele. As pessoas tendem a falar quando vêem garotas impecavelmente embonecadas como eu fugir Baixe Livro | www.BaixeLivro.com