No fio da vida

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Paulo Azevedo

No fio da vida

romance


Copyright © 2015 Paulo Azevedo Copyright © 2015 desta edição, Letra e Imagem Editora. Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais. (Lei 9.610/98) Grafia atualizada respeitando o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa Revisão: Priscilla Morandi Criação de capa: Jair de Souza Foto de capa: Rachel Tanugi Ribas

Paulo Azevedo No fio da vida / Paulo Azevedo – Rio de Janeiro: Folio Digital: Letra e Imagem, 2015.

isbn 978-85-61012-45-8

1. Romance. I. Título. II. Azevedo, Paulo. cdd: 869

www.foliodigital.com.br Fólio Digital é um selo da editora Letra e Imagem Rua Teotônio Regadas, 26/sala 602 cep: 20021-360 – Rio de Janeiro, RJ tel (21) 2558-2326 letraeimagem@letraeimagem.com.br www.letraeimagem.com.br


Que nossos atos sejam maiores que nossas covardias;

e o nosso destino seja a soma das nossas melhores escolhas...

À Bela, Dê, Lia, Rique e Saló,

minhas melhores escolhas



o conto da criação do homem

Esta estória foi contada por alguém para minha avó, que contou

à minha mãe, que me contou, e eu, certamente, contarei à minha filha.

“... quando Deus estava criando o homem, perfilou dezenas

de anjos, lado a lado, formando um corredor angelical. Cada

anjo trazia um pote, e dentro desse pote havia, em forma de pó,

um tipo de sentimento. Amor, inveja, rancor, medo, fé, raiva, al-

truísmo, humildade, vaidade, ciúme, bondade e todos os outros

sentimentos possíveis e existentes. Os anjos foram instruídos

por Deus para que, quando o futuro homem estivesse passando pelo corredor, fosse jogado somente um pequeno punhado de

cada sentimento em cima da criação divina. Mas alguns anjos

brincalhões não seguiram as orientações ontológicas e em al-

guns homens jogaram mais amor; em outros, mais inveja; em outros, vaidade, insegurança, fé, tolerância...”

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Capítulo 1

José sempre se achou uma vítima da vida. Nasceu no subúrbio

carioca do Méier, não passou por grandes necessidades como

fome e frio, todavia, quando criança e pré-adolescente, nunca

pôde usufruir das maravilhas da Zona Sul carioca e da cidade, como shoppings, festas e boates. Cresceu ali. Naquele mundo

que seus pais cresceram. Seu pai trabalhava no Cais do Por-

to e era responsável pela descarga de todo material dos navios estrangeiros. Fazia o serviço com seriedade e não gostava de

muita conversa. Aprendeu o ofício aos treze anos de idade com

seu já falecido pai. Foi obrigado a ficar esperto antes do tempo,

convivia com todo o tipo de pessoa: malandros, gigolôs, prosti-

tutas, mendigos, agiotas, policiais corruptos, empresários sone-

gadores, daí ter aprendido que os semelhantes se atraem e, onde

há muita malandragem, o bom é ficar calado. A mãe, tradicional dona de casa dos anos setenta, estudou na Escola Normal e

sonhava em ser professora. Acabou conhecendo o pai de José e,

três meses depois, estava grávida. Uma gravidez não planejada.

Casou por obrigação com um homem insensível, bruto e que

não a amava, pelo menos do jeito que ela desejava. Como toda

jovem, era sonhadora. Queria ser professora, viver um grande

amor e formar uma linda família. Mas não foi isso que aconte-

ceu. Os pais se conheceram em uma festa junina de rua. Troca9


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ram um rápido olhar e sentiram a atração recíproca normal aos

jovens de dezesseis anos. Logo foram apresentados por amigos

em comum e ficaram durante toda festa trocando olhares e sorrisos. No início da década de setenta, o máximo que acontecia no primeiro encontro com uma garota de família era um abraço

respeitoso. E foi exatamente isso que aconteceu aos pais de José.

A mãe de José foi ao encontro escondida da mãe, ou melhor, disse que sairia com as colegas de turma para tomar um sorvete.

Realmente, ela foi tomar sorvete, mas com o futuro pai de José. Sentaram na pracinha, cada um com seu sorvete, e começaram

a conversar sobre as famílias, os amigos e o futuro. E foi nesse

ponto que aconteceu o divisor de águas. A mãe perguntou quais

eram os sonhos do pai, ele calou, abaixou a cabeça, suspirou

profundo e respondeu:

– Não tenho sonhos. Minha realidade é trabalhar no cais. Está

bom demais se tiver o que comer e onde dormir.

A mãe ficou calada, olhando para as estrelas. Era o momento

decisivo. Sorriu sem graça e nada falou. Começaram a namorar e, três meses depois, a mãe descobriu-se grávida. Casaram. O

pai assumiu toda a responsabilidade de homem. José Santos da

Silva nasceu em uma casa humilde de vila, na Rua Dias da Cruz,

em junho de 1975. O pai trabalhava o dia todo, chegava em casa mal-humorado e exausto. Pouco falava com a mãe. Essa, por sua

vez, era só carinho com o pequeno José. Tratava-o como príncipe. Era muito amor. Amor de mãe é único. Com o tempo, pai e

mãe já não se tocavam e falavam meramente o necessário. Era

uma relação acomodada e coagulada. Ele, o provedor, e ela, a

dona de casa dedicada e zelosa. A força de ser havia parado ali.

Não havia perspectivas e sonhos. A mesmice estava instalada.

A vida se encarregaria de guiar o futuro. E quem deixa a vida

guiar pode chegar a qualquer estrada. Para quem não tem aonde chegar, qualquer estrada serve. Assim era a relação dos pais


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de José. Os sonhos da mãe de viver um grande amor, formar

uma linda família e ser professora ficaram ali naquele banco da praça, no primeiro encontro, quando da resposta do pai. Tudo

que sucedeu àquele encontro estava agora latente e irrevogável.

Foi a escolha. A mãe tentou várias vezes conversar com o pai.

Ele, por sua vez, não tinha a capacidade cognitiva para entender que a história pode ser mudada, que a responsabilidade por sua

felicidade está dentro de você. E, antes que realidade chegue,

você pode transformá-la em virtudes. Não podemos mudar as

pessoas, mas somos capazes de influenciá-las. Ela tentou exaus-

tivamente mostrar ao marido que podemos melhorar e crescer como pessoa.

Tentou melhorar o dia a dia, tentou melhorar no sexo, tentou

melhorar na educação do filho. Mas ele não conseguia ver a luz.

Talvez o maior entrave do ser humano seja a ignorância. O não

querer ser alguém melhor limita a vida a um domingo à tarde.

José nunca viu o pai fazendo ou recebendo carinho da mãe. Para

ele, era normal viverem assim. José era inteligente e muito ca-

lado. Herdara o silêncio do pai, não queria repetir a vida do pai.

Queria voos maiores. Não sentia orgulho do pai, e muito menos

do marido que seu pai era. Sua mãe não demonstrava tristeza, mas também não demonstrava alegria. A mesmice. Como

pode uma pessoa viver entre o nascer e o pôr do sol da mesma maneira todos os dias? Ele se questionava. Toda pessoa triste e

melancólica guarda um segredo. O pai sentia-se inferior cultu-

ral e intelectualmente à mãe. Daí a raiva disfarçada da esposa.

Nunca permitiu que a esposa trabalhasse fora e jamais apoiou

qualquer atividade criativa da mãe do seu filho. Na sua mente,

tacanha entendeu que mantê-la sob seus olhos seria a melhor forma de controle. Ele não tinha discernimento para entender que a melhor forma de cumplicidade é a liberdade. A infelicidade

pela impossibilidade de ser livre é contagiante. O pai não entendia


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que uma pessoa com sonhos perdidos e não realizados tende a

buscar formas de preencher a lacuna da frustração. A mãe de

José não era diferente, uma grande mãe, mas, acima de tudo, humana. Queimava todas suas frustrações com amantes. José

desconfiava e até escutava comentários na rua, fingia não ouvir.

Entendia as necessidades da mãe, é muito fácil julgar fora do contexto.

Em um dia que parecia comum a outros tantos do ano de

1992, aconteceu o que tinha que acontecer. Durante a retirada

do carregamento do navio, uma placa de duzentos quilos se sol-

tou do guindaste e acertou a perna do pai na altura do fêmur. Foi ele levado rapidamente ao hospital, onde tivera que amputar

a perna direita. A mãe ficou sabendo do acontecido por telefone. Sentiu um misto de pena, culpa e satisfação. O que se passa na

mente do ser humano, jamais alguém será capaz de descobrir.

Pena, pela dor que o filho sentiria em ver o pai naquele estado;

culpa, por não ter feito o marido crescer como pessoa e profissional; e satisfação pelo o marido ter que depender, pelo menos

a princípio, dos seus cuidados. Agora ela seria realmente a dona

do lar. As pessoas, em momentos de crise, têm apenas duas sa-

ídas: aceitar e lutar para crescer, ou revoltar-se contra tudo e

todos. E como não podia ser diferente, o pai foi revolta pura. Não aceitava aquela condição de inválido, incomodavam-lhe as pessoas olhando-o com pena e os comentários feitos: – Tão novo...

– Nossa! Que triste sorte a desse infeliz! – Uma esposa tão bonita e dedicada... – Não era flor que se cheirasse...

O ser humano tende a sentir-se atraído por tragédias e pelo

improvável. O gosto pelo macabro e a desgraça são fascinantes. O

homem é atraído a ver aquilo que foge à normalidade. O sadismo é

uma forma de domínio. As maiores atrocidades são as que causam


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espanto. Nosso cérebro, tendencioso às situações negativas, foi o

que nos manteve vivo até hoje. Ninguém compreende um velhinho

simpático e magrinho ser pedófilo. Ou aquela senhorinha baixinha, sorridente e tímida que agencia e escraviza mulheres de programa.

Em uma roda de chá de senhoras distintas e elegantes, ninguém

sabe o que se passa em suas cabeças. Ninguém sabe que, pela ma-

nhã, aquela senhora mais recatada, religiosa e defensora da moral

do grupo se masturbou pensando em ser espancada pelo segurança

da padaria da esquina. O anormal é uma forma de sentir-se diferente. É o poder de ser diferente. De perto, ninguém é normal.

O pai voltou para casa. Na primeira semana, esteve mais ca-

lado que nunca. Nem reclamar reclamava. Foi orientado a procurar psicólogo, recusou veementemente, achava uma besteira.

Coisa de mulherzinha. Sua perna ninguém traria de volta. Para que falar sobre o problema? A dor da perda era sua. Ele que

desse um jeito de resolver seus problemas. Nossos problemas

são intransferíveis, cada um sabe onde sua dor sangra, assim

aprendera no cais. Não seria um psicólogo que resolveria a falta

do seu membro amputado. Passadas duas semanas, o clima ficou

insuportável. Todos já estavam acostumados com a desventura. A novidade já não era chocante. Nossos olhos acostumam-

-se rápido com o novo, seja para bem ou para o mal. O pai não

pedia favores, gritava em voz alta, sempre acompanhada de um palavrão:

– Quero água, puta que pariu, estou morrendo de sede!

E a esposa ou José rapidamente tentavam matar a sede do

pai. Só havia silêncio em casa quando ele dormia, senão eram

gemidos de dor e reclamações à sorte. Era uma tortura em voz alta.

José, já adolescente, entrava na fase das grandes inseguran-

ças e dúvidas inerentes à idade. Não tinha um bom referencial masculino. O pai nunca tratou a mãe com carinho, achava que


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colocar comida na mesa era o suficiente. Esqueceu que, antes de

ser mãe, ela era mulher, portanto precisava de carinho e respei-

to, sentir-se desejada.

Apesar da influência negativa do pai em relação à educação e

à cultura, José sempre foi bom aluno e ávido por conhecimento.

Aos vinte dois anos, já estava graduado em Direito, contratado

por grande escritório de Direito Internacional. Não era nenhum

gênio, estudava muito e estava sempre atento aos acontecimentos relacionados à sua profissão. Era um jovem de fisionomia

simpática, inseguro e calado que, por vezes, passava por arro-

gante, tímido e com dificuldade de fazer amizades profundas. Poucas namoradas. Na verdade, apenas duas no ensino médio. Na faculdade, algumas paqueras e nada mais. Parecia sempre

estar desconfiado. Não frequentava eventos sociais que não fossem relacionados ao escritório, gostava de ler escritores e filósofos pessimistas. Não era mal-humorado, mas raramente sorria.

Tinha vergonha de expressar os sentimentos. A convivência em casa ficou insuportável. O pai aceitou o papel de inválido, e a mãe, de eterna enfermeira. O pai tornou-se agressivo, não só

com as palavras: quando não era atendido prontamente, arremessava o que estivesse ao alcance das mãos. Por várias vezes,

acertava a mãe e José. O filho percebia uma frustração latente

no pai e uma resignação perene na mãe. Já não havia vida na-

quela casa. Era hora de ir embora. Aos vinte quatro anos de

idade, José alugou um quarto e sala em Copacabana, já era respeitado no escritório, e o salário daria perfeitamente para novos

voos. Comunicou à mãe que estava indo morar sozinho. A mãe caiu em prantos, chorou pela partida do filho, mas o choro de

alegria era maior por saber que o filho estava realizando parte

do sonho, sensação que ela deixara no banco daquela praça. “O desejo que nasce de uma alegria é muito mais forte que aquele

que nasce de uma tristeza”, era uma ideia spinoziana. José pro-


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meteu à mãe ajudar financeiramente e vez ou outra aparecer. A mãe olhou profundamente em seus olhos e disse:

– Filho, busque sua felicidade dentro de você. Não deixe que

ninguém atrapalhe seus sonhos. Faça da sua vida um equilíbrio

de amor, paz e desejos. Vou ficar cuidando do seu pai, meus

sonhos morreram no dia em que comecei a sonhar os sonhos, ou

melhor, a falta de sonhos do seu pai. Vá, filho, que Deus abençoe seu caminho.

Deram um abraço longo e apertado, com os olhos marejados.

Agora, teria que comunicar ao pai a mudança. Entrou no quarto

e o encontrou olhando para o nada. Olhar perdido sem tristeza,

alegria, raiva ou qualquer sentimento. Vazio. Sentiu uma pon-

tada no peito ao ver o pai ali, com o coto da ex-perna direita,

gordo, barba por fazer e cheiro de suor. Olhou em volta e viu uma parede descascando, precisando de pintura, um espelho

manchado e a imagem de Nossa Senhora já desbotada e com

pequenas rachaduras.

– Pai, tudo bem? – perguntou o filho de forma verdadeira-

mente carinhosa.

– O que você acha? Inválido, ignorante e sem uma perna. Isso

é estar bem?

– Pai, estou indo embora. Vou morar sozinho. Aluguei um

apartamento em Copacabana. Acho que já é hora de seguir so-

zinho.

– Em toda a minha vida fui a Copacabana quatro vezes.

– Quando o senhor quiser, pode me visitar, passar um final de

semana lá para a gente ir à praia.

– Não preciso da sua pena. Meu lugar é aqui, neste quarto

fedido. Deixei minha vida passar, e agora não há como mudar a

realidade. Só lhe peço que não acabe igual a mim. Se veio pedir minha bênção, está dada. Pode ir embora.


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José olhou fundo nos olhos inexpressivos do pai e não teve

sentimento algum. Nem raiva, piedade ou amor. Nada. Ausência

de sentimento causa um buraco na alma.

No dia treze de maio de 1999, José abria a porta do apar-

tamento alugado na rua Prado Junior, em Copacabana, rua da

Zona Sul carioca, tradicional em prostituição, tráfico de drogas e malandragem. Alugou um quarto e sala já mobiliado, trouxe

pouquíssimas coisas de casa, alguns livros, CDs e uma imagem

da Nossa Senhora, que sua mãe havia lhe dado ainda criança.

Há tempos, ele não olhava para essa imagem, não tinha o costume de rezar. Não tinha religião e fé. Acreditava que tudo na

vida ocorria por méritos, era cético e prático, diria até frio. Era um híbrido do pai com sua mãe. Do pai, herdou o silêncio, a desconfiança e a frieza. Da mãe, a responsabilidade, o caráter e

o medo de ir além. Agora, ele estava ali. Sozinho em seu apar-

tamento e com seus pensamentos. José ficou sentado em uma cadeira de braços longos, olhando para o teto, e um misto de

independência e medo circulava em seu pensamento. Sentiu or-

gulho de ter tido a coragem de sair da casa dos pais, deixar para

trás a frustração do pai e a submissão da mãe. Nunca entendeu

como sua mãe, uma mulher inteligente e espirituosa, fora casar com seu pai. Nunca tocou nesse assunto. Sua mãe carregava um

olhar que se perdera em algum momento, parecia ter potencial de ir muito mais longe, mas contentou-se em ficar ali, em uma casa velha, ao lado de um marido ignorante, estúpido e longe

dos seus sonhos. Na cabeça de José, o pior era a falta de amor.

Tudo seria explicado se houvesse amor. Mas não havia. O que

sustentava aquela relação? Não era amor, sexo, dinheiro, con-

forto. Isso martelava na cabeça de José. O pior sentimento entre

o casal é o costume da rotina. O contentamento de ver o sol nascer

e se pôr da mesma maneira e pelo mesmo ponto de vista. O costume

das retinas fadigadas. José cansou de pensar e não viu o tempo


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passar. Resolveu descer para comprar algo para comer. Já eram quase onze horas da noite. A rua começava a ferver. Todo tipo de pessoas frequentava a famosa Prado Junior, um verdadeiro

zoológico humano. De famílias aparentemente recatadas a tra-

vestis drogados.


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