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capítulo 3. Desospitalização, transição de cuidados e atenção domiciliar

Paciente de 65 anos, residente na Amazônia em lugar de difícil acesso, com tumor de vesícula biliar e obstrução de colédoco secundária. Apresenta perda ponderal associada a sinais de obstrução biliar, como icterícia, dor abdominal e episódios diarreicos. Indicou-se cirurgia radical, que seria de alto risco pela debilidade do idoso. Foi solicitada, então, consulta holográfica dos profissionais que atendem na Região Amazônica com os profissionais que atendem numa metrópole brasileira, com a presença do paciente e um familiar, para oferecer orientação sobre a cirurgia proposta.

Durante a consulta holográfica, discutiu-se o prognóstico e o procedimento a ser realizado. Um dos profissionais da metrópole percebeu que o paciente estava completamente desconectado do que se discutia a seu respeito e solicitava, com o olhar, apoio ao familiar sempre que questionado sobre seu estado. Realizou-se, em seguida, a entrevista familiar, onde ficou evidente que o declínio cognitivo instalara-se meses antes do quadro abdominal. A hipótese de síndrome demencial foi aventada e, após exames complementares, confirmou-se a existência de uma demência degenerativa primária.

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Com isso, o planejamento cirúrgico foi convertido em uma cirurgia paliativa, o que trouxe ao idoso uma sobrevida de melhor qualidade. Essa decisão permitiu que ele permanecesse no campo, junto a seus familiares, até seus últimos dias, e evitou a realização de uma cirurgia extensa -- que provavelmente não lograria sucesso, uma vez que havia forte probabilidade de ela ocasionar agravamento do quadro degenerativo.

Considerações finais

O século XXI caracteriza-se por mudanças que impõem desafios às pessoas idosas, aos profissionais da saúde e à sociedade. Aos idosos, cabe o desafio de lidar com as novas tecnologias e acompanhar a evolução de seus familiares e do mundo que os cerca. Aos profissionais, geriatras e especialistas em gerontologia, compete criar espaços para a escuta e prestar assistência às diferentes facetas da velhice, onde quer que ela se apresente, além de olhar com atenção e curiosidade para o seu próprio processo de envelhecimento. À sociedade, por fim, resta a árdua tarefa do engajamento cotidiano em prol de uma vida longa, digna e com qualidade para todos os indivíduos.

Referências

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PARTE I: O CUIDADO EM DIFERENTES CENÁRIOS

capítulo 1

Abordagem prática do cuidado da pessoa com demência

Yolanda Eliza Moreira Boechat Ivan Abdalla Teixeira Aracely Gomes Pessanha Gunnar Glauco de Cunto Carelli Taets Laura Maria Mello Machado

INTRODUÇÃO

Demência é definida como uma alteração progressiva da memória e de pelo menos uma outra função cognitiva, representando declínio em relação ao nível prévio de funcionamento, com impacto no comportamento e de intensidade suficiente para interferir no aspecto pessoal, social e profissional da pessoa acometida. Em estágios mais avançados os comprometimentos acarretam dependência total (NASCIMENTO; FIGUEIREDO, 2021).

O cuidado ao idoso em processo demencial é um desafio para os profissionais de saúde, tendo em vista que a dinâmica familiar, os sintomas apresentados e a sobrecarga no cuidado demarcam a heterogeneidade de cada caso. O cuidado integral aos idosos deve abarcar suas necessidades de saúde, com ênfase em boas condições de vida, direito de ser acolhido e escutado, possibilidade de desenvolver vínculo com uma equipe que se responsabilize pela atenção contínua e garantia de acesso a serviços e tecnologias ne-

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