O papel do espaço na formação da criança

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criança é feita vilhas de amarde cem. A criança tem m cem lingua . Calegrias para canta cem mãos cem pen samentos cem sem as mãosgens (e depois cem cemr e compreender.Cem m m d ce descobrir o mu e fazer sem a cabeça m) mas roubaram undos para descoobdorsir.de pensar de jogar e de n mundos para falar. Cem sempre ce u e a terra a ra do que já existe e de cemde resoucub tar e de não fala-rlhdee conoventa e nove. ACem escola e a cultu inventar. Cem mu m modos de escuta armãos mprcem am-lhcem en o sonA hcriança d e er ra lehdee sep ndos cem n r as asmmaravilhas A criança é feitazãdeo ecem. cem pensamentos modos de de jogar falar. Cem sempre de escutar de amar. Calegrias s o em o são cotem v en paramodos ta e nove. Dizem alegpensar aa r is r ia s a a o s s m n d q h e u a a e r a . m ca n A ã b a o eç cr r a para cantar e compreender.Cem mundos para descobrir. para inventar. linguagensian(eça depois cem cem cem) mas estão juntaCem lhe: que o Cem e para do tem marasonhar. corpcem vilhar-seA scriança o. aDizcabeça s. Dizmundos jogo emundos em ema -cabeça o -lhdee: escutar tr ó lhe: qudoe acorpo. a n b a a roubaram-lhe noventa e nove. A escola e a cultura lhe separam Dizem-lhe: de pensar sem as mãos de fazer sem de pen-e de não falar de comprender l P h á o a realidade e s co s cem não exis a e n o N a ta a l . f D a te iz n sem alegrias de amar e maravilhar-se só na Páscoa e no Natal. Dizem-lhe: de descobrir o mundo de cemroubaram-lhe e nove. que o jogo e o trabam A que em-lhDizem-lhe: tasia a ciênnoventa criajánçaexiste e: ci a diz: ejuntas. e a ao contrDizem-lhe: im lho a realidade e a fantasia a ciência e a imaginação o céu e a terra a razão e o sonho são coisas que não estão que as cem não existem A criança diz: ao contrário a g in ário ,as cem ex ação is te m .” as cem existem.” 2016

o papel do

espaço na

LIVIA CAROLINA SOARES ANDRADE ROSA

formação d

a criança





O PAPEL DO ESPAÇO NA FORMAÇÃO DA CRIANÇA



FOLHA DE APROVAÇÃO

Lívia Carolina Soares Andrade Rosa O papel do espaço na formação da criança

Trabalho Final de Graduação apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda, para cumprimento das exigências para a obtenção do grau de bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação da Profª MS. Rita C. Fantini Lima.

Aprovado em:

Banca examinadora



AGRADECIMENTOS “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.” Tiago 1:17

Agradeço a Deus

por ter me

presenteado com a

oportunidade de fazer este curso de graduação e por ter me capacitado para que eu chegasse até aqui, mesmo com todas as minhas dificuldades. A minha mãe que tem sido a base do meu caminhar. Ao meu esposo que

decidiu

trilhar este caminho

comigo ,tendo paciência , sabedoria ,compreensão ( pela minha ausência,tão comum e presente ) e principalmente muito amor, Aos meus familiares e amigos pelas orações . E a minha amiga e orientadora Rita

C. Fantini

Lima que pacientemente me acompanhou, me inspirou, me corrigiu , me acalmou nos momentos de desespero e que fez de mim uma pessoa melhor.



HOMENAGEM “Foi o tempo que dedicaste a tua rosa que fez a tua rosa tão importante” O Pequeno Príncipe

A você Francisco Carlos Gimenes meu mestre ,meu amigo e minha inspiração. A você que me preparou para o agora. Este trabalho tem mais de você do que de mim, pois, muito de você ficou enraizado e eternizado no meu ser. A você , sim a você e somente a você. Que

foi ,e que é e continuara sendo o meu favorito.


1

A criança e a escola A história -19

2

3

A criança e a arquitetura A Arquitetura Escolar no Brasil - 35

a criança e a educação A Educação Básica -29

A Educação Integral - 30


5

A Escola infantil em Ribeirão Preto EMEI Anita Procípio Junqueira - 53

Escola Waldorf João Guimarães Rosa - 57 Referências Projetuais - 60

4

a criança e o espaço

Parâmetros Básicos de

Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil - 48

6

o projeto



introdução

A mudança do atendimento parcial para integral em algumas escolas de Educação Infantil da Rede Municipal de Ribeirão Preto, trouxe consigo desafios de adequação no que se refere a estrutura física dos prédios dessas unidades para esta nova realidade . Ao observar a arquitetura educacional destas escolas infantis, notase que há pouca reflexão a respeito dos espaços escolares, e a falta de recursos traz como resultado o improviso, o “puxadinho” , termo como se refere Gelson Pinto de Almeida, arquiteto e professor da Universidade Federal de São Carlos, um dos poucos pesquisadores de arquitetura escolar no Brasil. Segundo Agostinho( 2003, p.2 ) : Como as instituições sociais coletivas, as creches e pré-escolas compartilham com

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as famílias a tarefa de cuidar e educar as crianças de 0 a 6 anos (...) compreender que nela a urgência de refletir sobre seus espaços é maior, pois as crianças que a frequentam, ficam aí todo o seu dia, de segunda a sexta-feira, vivendo nela boa parte de sua infância. A creche apresenta-se como espaço em que as crianças que nela estão, sujeitos de direitos, têm para viver sua infância na contemporaneidade.

Após observação das edificações escolares de algumas Escolas de Educação Infantil (EMEIS) em Ribeirão Preto, resultado de cinco anos de trabalho como assistente de direção e entrevistas com professores e diretores dessas escolas, podemos notar não há boas propostas espaciais e projetos bem elaborados, no que diz respeito a entender o espaço escolar como lugar. Em algumas escolas as necessidades mais básicas (como vestiários para banho , salas de “sono” , sala de recreação e etc.) não

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são atendidas devido a falta de estrutura, planejamento arquitetônico prévio e falta de percepção sobre as necessidades que a escola integral possui , necessidades

estas que

diferem da escola de atendimento parcial. Sobre a falta de entendimento e falta de sistematização da arquitetura escolar, o arquiteto João Honório de Melo Filho afirma que: os pedagogos têm dificuldade para determinar o que desejam no espaço físico. Em toda literatura que existe no Brasil e na UNESCO, não há quase nada de recomendação sobre o que devem ser os ambientes físicos.

Agostinho (2003,p.1) traça um panorama da situação encontrada em creches analisadas na cidade de Florianópolis e diz, “ preocupados vemos por todos os lados , as mesmas configurações físicas (...) . Esta


ditadura da mesmice

(...) está na lógica

de sua formulações (...)”, este cenário também pode ser observado nas Escolas de Educação Infantil de Ribeirão Preto , onde , “As repetições mecanizadas desfavorecem as interações

e minimizam as possibilidades

de reação frente ao estabelecido” Agostinho (apud França, 1994). Para atender a demanda, fatores essenciais relativos a qualidade do projeto arquitetônico escolar são deixados de lado , em detrimento da rapidez e economia dos materiais. Objetivando os baixos custos, a homogeneização ,uniformização, padronização, que obscurece, escamoteia, omite as diferenças, que se fossem valorizadas, ressaltadas nos projetos arquitetônicos das instituições infantis de educação, oportunizariam para seus usuários e comunidade em geral sentido de pertencimento. Poderíamos, se necessário fosse , para efeito de economia padronizar os elementos

construtivos, mas as configurações poderiam ser diferentes, oportunizando aos usuários da instituição de educação infantil, crianças e adultos, espaços com mais identidade, não deveriam existir soluções prontas, ou seja projetos com modelos rígidos, já pré-definidos ( AGOSTINHO apud SEBASTIANI, 1996)

O resultado é uma arquitetura que não privilegia o individuo e suas relações, como aponta Lima (1989, p.38) O espaço escolar não poderia ser outro: desinteressante, frio, padronizado, na forma e na organização das salas, fechando as crianças para o mundo, policiando-as, disciplinando-as.

Para Freire (1994, p. 96): O espaço é retrato da relação pedagógica. Nele é que o nosso conviver vai sendo registrado, marcando nossas descobertas, nosso crescimento, nossas dúvidas. O espaço é retrato da relação pedagógica porque registra, concretamente, através de sua arrumação (dos móveis...) e

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organização (dos materiais...)a nossa maneira de viver esta relação.

Segundo (Agostinho apud Faria, 1998), “a Pedagogia faz-se no espaço e o espaço, por sua vez consolida a Pedagogia” e ainda para Agostinho ( apud FRAGO ,1998, p.61) “a educação possui uma dimensão espacial e que, também, o espaço seja, junto com o tempo, um elemento básico, constitutivo, da atividade educativa”. OLIVEIRA ( 2009, p.8 ) diz que , é sobretudo no espaço da escola que acontece a formação e evolução infantil , e o aumento da permanência desta criança no ambiente escolar reafirma este conceito. Deste modo, esta pesquisa tem como proposta , um projeto de arquitetura adequado para as EMEIS (Escolas de Educação Infantil ) em Ribeirão Preto

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que atendem seus alunos em

período integral ,adequação esta

que propõe

ambientes lúdicos e desafiadores que possam contribuir com o pleno desenvolvimento infantil.


a criança e a escola A criança é um sujeito social e histórico que está inserido em uma sociedade na qual partilha de uma determinada cultura. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também contribui com ele. (BRASIL, 1994a)

19


De acordo com as Diretrizes Curriculares

rotina das escolas de Educação Infantil

Nacionais da Educação Básica (independente

devem respeitar e considerar a:

dos variados ciclos de desenvolvimento ), as crianças são entes ativos culturalmente e socialmente , pelo fato de aprenderem e interagirem, ou seja “são cidadãos de direito e deveres em construção”. Deve-se entender, portanto, que, para as crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos, independentemente das diferentes condições no espaço escolar, as relações sociais e intersubjetivas requerem a atenção intensiva dos profissionais da educação, (...)Os vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca e que se assenta a vida social, devem iniciar-se na Pré-Escola e sua intensificação deve ocorrer ao longo do Ensino Fundamental, etapa em que se prolonga a infância e se inicia a adolescência. ( DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA, 2013)

(...) Integralidade e indivisibilidade das dimensões expressivo motora, afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e sociocultural das crianças, apontar as experiências de aprendizagem que se espera promover junto às crianças e efetivar-se por meio de modalidades que assegurem as metas educacionais de seu projeto pedagógico. ( DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA, 2013)

A criança é um indivíduo único, total, mas ,possui a particularidade de ser ao mesmo tempo um ente em crescimento, portanto ,não pode ser confundido com um adulto em miniatura. Durante o crescimento da criança acontecem mudanças quantitativas e qualitativas ,que fazem com que seu desenvolvimento aconteça

As atividades e práticas que compõem a

20

não só no plano físico como também no


psicológico. A criança desde bebê é capaz

que às crianças , possam desfrutar

de exercer interação e relacionar-se em

natureza (brincadeiras com areia, terra,

um meio cultural (os valores), social (os

água, ...) e dos espaços externos das

pais...) e natural (o clima) ,mas necessita

escolas , visto que a maior parte do tempo

de acompanhamento

elas se encontram dentro de espaços internos

da escola e dos pais

da

,para que possa crescer e se desenvolver

e fechados nas instituições escolares.

plenamente. A criança tem direito de ter

Esta interação social, segundo Vygotski,

acesso ao ambiente escolar

torna-se o espaço de constituição e

e este ambiente,

juntamente com sua vivencia são responsáveis

desenvolvimento da consciência do ser

por interações que contribuem para a sua

humano.

evolução. Crianças expostas a uma gama ampliada de possibilidades interativas têm seu universo pessoal de significados ampliado, desde que se encontrem em contextos coletivos de qualidade. ( DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA, 2013

Sendo assim, as escolas precisam levar em consideração em seus projetos pedagógicos ,procedimentos educacionais que façam com

21


A história A história da Educação é também a história do desenvolvimento cultural, politico e econômico de uma sociedade.

A base da educação formal da história ocidental, veio da Grécia e a história da educação no mundo e em várias épocas está ligada ás religiões dominantes. No Brasil, a história da educação tem como base a evolução do ensino na Europa e também na América do Sul.

Durante a Idade Média, as escolas eram destinadas aos sacerdotes das igrejas e para os funcionários da corte. A partir do século XI, surgem as universidades na Europa e “ (...) o pensamento aristotélico foi incorporado e a semente do racionalismo implantou-se na instituição medieval de ensino...” KOWALTOWSKI ( 2011, p.14 ). A Reforma religiosa iniciou-se em 1517 e foi no ensino primário que seus efeitos fizeramse sentir mais, com a Contra Reforma, os países católicos acabaram por ganhar novas instituições: os colégios, onde somente as classes privilegiadas poderiam frequentar.

22


Com as novas formas de se viver era

1959), crítico da educação tradicional,

necessário que mais pessoas se educassem, as

principalmente ao destaque dado ao

convicções da educação renascentista eram

intelectualismo e memorização, para ele

formar um homem com um espirito livre, que

a educação é necessidade social e tem a

fosse capaz de dominar áreas do conhecimento

função democratizadora de homogeneizar as

da arte à ciência.

oportunidades. Dewey concedeu grande valor

No século XIX, um dos objetivos dos governos

as atividades feitas a mão, pois segundo

burgueses foi fazer com que toda a população

ele, elas presentam situações de problemas

infantil frequentasse a escola. Devido a

concretos a serem resolvidos, portanto tem

exigência de mão de obra qualificada para as

função essencial no desenvolvimento.

atividades industriais, houve uma pressão

Jean Piaget (1896-1980), estudou a evolução

da classe trabalhadora para que o ensino

do pensamento e o processo de construção

fosse democrático, e como resultado disto, a

do conhecimento até a adolescência. A sua

taxa de analfabetismo no final do século XIX

Teoria do Desenvolvimento Cognitivo, divide-

havia caído radicalmente.

se em etapas

No século XX, um dos maiores pedagogos

passam por várias mudanças sistemáticas e

americanos que ajudou a divulgação dos

previsíveis. Um dos preceitos de sua teoria

princípios da chamada “Escola Nova” ou “

consiste no “interacionismo” que se refere a

Escola Progressista, foi Jhon Dewey (1859-

ideia do construtivismo sequencial e destaca

e presume que os seres humanos

23


os fatos que interferem no desenvolvimento.

baseou-se em experiências anteriores na

Piaget não oferece didática pormenorizada,

Sociedade Antroposófica e Teosófica, nas

mas expõe que cada fase do desenvolvimento

quais desenvolveu suas ideias a respeito

possui possibilidades de crescimento da

de questões humanas como alternativa

maturação. De acordo com

ao materialismo. Busca-se uma perfeita

KOWALTOWSKI (

2011, p.22 ):

comunicação entre corpo, alma e espirito, o ensino teórico é sempre acompanhado

Para Piaget, a autonomia não está relacionada ao isolamento ou à capacidade de aprender sozinho e nem mesmo ao respeito ao ritmo próprio da escola comportamentalista. O florescer do pensamento autônomo é lógico e operacional, paralelo à capacidade de estabelecer relações cooperativas. No desenvolvimento e no aumento da complexidade das ações ,o indivíduo reconhece a existência do outro e passa a entender a necessidade de regras e hierarquias e de autoridade.

24

pela prática com ênfase nas atividades corporais, artísticas e artesanais. O diferencial do método Waldorf em relação as demais pedagogias é

que este é contrario a

exigência da abstração muito cedo. Diversas escolas “Waldorf”, adotam uma arquitetura que contempla os conceitos da arquitetura orgânica (contraponto a arquitetura

Outra importante contribuição para a

racionalista) e utilizam-se materiais mais

educação no século XX, foi a Pedagogia

naturais.

Waldorf, fundada por Rudolf Steiner

Destaca-se também neste século a pedagogia

(1861-1925 ), sua teoria educacional

de Maria Montessori (1870-1952) ,como parte


do movimento das “Escolas Novas”, seu

a escola é o local onde a intervenção

proposito consiste na educação da vontade,

pedagógica proposital , desencadeia a

onde a criança tem autonomia de escolher

metodologia de ensino/aprendizagem.

o material a ser utilizado sua pedagogia

Atualmente as mudanças dos meios de

tem destaque em aspectos biológicos,

comunicação, as tecnologias ,tem

considerando que a incumbência

influenciado as discussões a respeito

da educação

é propiciar o desenvolvimento da criança.

de qual seria a melhor forma de ensino (

A pedagogia de Montessori valoriza a

tradicional e contemporâneo) .

libertação da criança do domínio dos pais e do professor e estimula-se mais cedo o desenvolvimento das habilidades da escrita e

TEORIAS PEDAGÓGICAS BRASILEIRAS

da leitura.

Mesmo que a maioria dos autores acima

Vygotski (1896-1934), sua teoria tem como

citados terem influenciado nas teorias

fundamento o desenvolvimento do indivíduo

pedagógicas brasileiras, devemos mencionar

como consequência de um processo sócio-

educadores do Brasil cujos trabalhos

histórico. Sua ideia central é a mediação :

e pesquisas são significativos para a

a formação do conhecimento é uma influência

pedagogia nacional.

recíproca mediada por várias relações do

Anísio Spínola Teixeira (1900-1971), trouxe

sujeito com o meio. Segundo suas ideias

ao Brasil conceitos da pedagogia de John

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26

Dewey e juntamente com Darcy Ribeiro, foi

vitória das forças democráticas, Anísio

o idealizador da Universidade de Brasília.

volta ao cenário brasileiro. Surge a Escola

Devido a revolução no ano de 1930, Anísio

Parque na Bahia ( considerada pela ONU uma

vai ao Distrito Federal lutar pela função

das grandes experiências de ensino primário

social da escola, a partir disto cria-se um

deste século ).A ideologia de Anísio e

grupo de pedagogos divididos filosoficamente

seus debates inspiraram a criação da Lei

em “naturalistas” e “reformistas” que

de Diretrizes e Bases (LDB,1996), que é

sob liderança de Anísio , iniciaram

considerado um importante instrumento de

a

reconstrução pedagógica brasileira. Os

melhorias do ensino no Brasil

naturalistas

nasce a ciência pedagógica no Brasil,

(Montessori)

estudam a

e também

neurologia, a fisiologia humana e animal

representada pelo INEP (Instituto Nacional

e da ecologia a pediatria. Os reformistas,

de Estudos e Pesquisas Educacionais).

aplicam-se a estudos referente a sociologia,

Paulo Freire (1921-1977), é respeitado

filosofia, psicologia e geografia, com o

mundialmente como um dos grandes pedagogos,

intuito de modificar as condições sociais .

devido a sua contribuição a educação popular

A partir de 1937, as propostas de

(termo derivado da proposta de Freire, que

modificação institucional da educação não

foi influenciada pela ideologia socialista)

são levadas a frente , devido a questões

Foi um grande crítico a “educação bancária”

políticas, no entanto, em 1946, com a

(modelo tradicional de prática pedagógica


, que visa a mera transmissão passiva de

conhecimento, os vários métodos de ensino

conteúdos do professor para o aluno ) e

possuem vantagens e desvantagens e devem ser

em oposição a esta propôs uma “educação

utilizados de acordo com as necessidades

libertadora”, onde o educador já não é

características, diante destes fatos

apenas quem educa, mas que enquanto educa é

apresentados, KOWALTOWSKI (2011, p.36),

também educado, em parceria com o educando.

conclui que só a pedagogia não basta, para o

Freire criou um método de alfabetização em

pleno desenvolvimento da criança:

apenas 40 horas, sem cartilha ou material didático. Com o golpe militar em 1964, sua experiência de alfabetização foi rescindida por ser considerada subversiva. Darcy Ribeiro (1922-1997), antropólogo formado em São Paulo, desenvolveu objetivos mínimos para a educação popular, com escolas de tempo integral, principalmente em áreas metropolitanas, com o objetivo de tirar as

Professores experientes e criativos, utilizam várias atividades e combinações, independente do método educacional adotado pela escola. (...) O sistema educacional precisa dar suporte ao método de ensino, mas a qualidade da educação depende da criação de um ambiente escolar, composto por material didático, móveis , equipamentos e a forma do espaço físico. O conforto que este oferece para o desenvolvimento das suas funções deve ser levado em conta.

crianças da marginalidade. As várias teorias pedagógicas apresentadas, discordam sobre como se constitui o

27


A criança e a educação

28


A EDUCAÇÃO BÁSICA A Educação Básica de qualidade é um direito assegurado pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. (...) a formação escolar é o alicerce indispensável e condição primeira para o exercício pleno da cidadania e o acesso aos direitos sociais, econômicos, civis e políticos. A educação deve proporcionar o desenvolvimento humano na sua plenitude, em condições de liberdade e dignidade, respeitando e valorizando as diferenças.” ( DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA, 2013)

As etapas correspondentes a Educação Básica são: • Educação Infantil: que engloba a Creche que dá atendimento ás crianças até 3 anos e 11 meses e a Pré-Escola que atende crianças a partir de 3 anos e 11 meses com duração de 2 anos; • Ensino Fundamental: obrigatório , com duração de 9 anos ; • Ensino Médio : com permanência mínima de 3 anos.

Um fundamento que orienta todo o ato educativo é o respeito as identidade, tempos mentais, sócio emocionais e culturais de cada estudante, e os sistemas educativos são responsáveis por criarem condições para que as crianças, jovens e adultos possam receber formação digna e igualitária condizente à idade pertinente da trajetória escolar.

CRECHES E PRÉ-ESCOLAS A Educação Básica de qualidade é um direito assegurado pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. (...) a formação escolar é o alicerce indispensável e condição primeira para o exercício pleno da cidadania e o acesso aos direitos sociais, econômicos, civis e políticos. A educação

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deve proporcionar o desenvolvimento humano na sua plenitude, em condições de liberdade e dignidade, respeitando e valorizando as diferenças.” ( DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA, 2013)

A primeira etapa da Educação Básica do ponto de vista legal é a Educação Infantil e seu

objetivo é o desenvolvimento pleno da

criança até 5 anos de idade em seus aspectos físico, afetivo, intelectual, linguístico e social, complementando a ação da família e

específica . EDUCAÇÃO INTEGRAL A discussão sobre a ampliação da jornada escolar, através do sistema publico de ensino, tem sido utilizada ,segundo a socióloga Maria Alice Setubal ( 2006, p.3) :

pois seu programa ( Currículo ) contempla

“Como estratégia de convocação de muitos espaços de aprendizagem, como possibilidade de alargamento da participação de diferentes políticas sociais e da sociedade organizada no processo educativo e, também, como alternativa importante para a melhoria dos índices

práticas que buscam associar saberes e

educacionais do País.”

da comunidade (Lei no 9.394/96, art. 29). As creches e pré-escolas não possuem características meramente assistencialistas,

experiência para as crianças,

30

de profissionais que possuem formação

portanto,

A educação integral ressurge sob o estímulo

são estabelecimentos educacionais (privados

da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

ou públicos) em que as crianças de zero

Nacional – LDB, que antevê o aumento

a cinco anos recebem cuidado e educação

crescente da jornada escolar para regime de


tempo integral (Artigos 4 e 87)

e também

com o Plano Nacional de Educação –

PNE

2014-2024 que tem como uma de suas metas “oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das escolas públicas”

.

Entre as possibilidades de atendimento dessa meta, podemos mencionar o § 1o do Decreto no 7.083, de 27 de janeiro de 2010, que estabelece educação em tempo integral como aquela de jornada escolar com duração igual ou a que excede a sete horas diárias, durante todo o período letivo, incluindo o tempo total em que o aluno permanece na escola ou em atividades escolares em outros recintos educacionais. O decreto esclarece ainda que a ampliação da jornada escolar diária pode se dar por meio de :

“desenvolvimento de atividades de acompanhamento pedagógico ,experimentação e investigação científica, cultura e artes, esporte e lazer, cultura digital, educação econômica, comunicação e uso de mídias, meio ambiente, direitos humanos, práticas de prevenção aos agravos à saúde, promoção da saúde e da alimentação saudável, entre outras atividades”. (art. 1o, § 2o) “desenvolvidas dentro do espaço escolar, de acordo com a disponibilidade da escola, ou fora dele, sob orientação pedagógica da escola, mediante o uso dos equipamentos públicos e o estabelecimento de parcerias com órgãos ou instituições locais”. (art. 1o, § 3o)”

Nesse sentido, garantir educação integral de qualidade requer mais que a apenas a ampliação da jornada escolar diária, é preciso além de um projeto pedagógico diferenciado e formação de seus agentes, infraestrutura adequada e meios para sua

31


implantação. Para isto faz-se necessária uma reflexão profunda sobre a atual arquitetura das Escolas Municipais de Educação Infantil em Ribeirão Preto , que passaram a atender os alunos em tempo integral, e através desta reflexão encontrar um modo de como adaptar estas pré-existências a esta nova realidade que a escola de ensino integral traz , a um baixo custo , com rapidez e competência projetual .

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A CRIANÇA E A ARQUITETURA

Uma visão educacional consiste não apenas no método pedagógico , como também na organização espacial de todos os itens de um programa (BRITO CRUZ;CARVALHO, 2004). É a partir da elaboração do projeto de arquitetura que se estabelece o espaço físico escolar. De acordo com KOWALTOWSKI, Escola aparece na Europa no século XIX como reguladora da ordem social e um auxílio ,devido a sua pontualidade e organização do tempo estabelecido pela indústria. “(...) a educação é apresentada como forma de dominação política e social e discute-se a preocupação do espaço do ensino, para que as normas sejam corretamente seguidas.” KOWALTOWSKI ( 2011, p.64 )

Foucault (1987), apresenta-nos a disposição por fileiras no século XVIII

33


e define o espaço seriado, organizando

Panóptico segundo ilustração de Michael Ulrich.

os lugares de circulação e obediência de modo que transforma a escola em um local de vigilância, de hierarquias, a fim de possibilitar o controle simultâneo do trabalho ( Panóptico - sistema de arquitetura, construída com o objetivo de controlar os movimentos de determinada sociedade. Conforme nos diz KOWALTOWSKI ( 2011, p.64 ) : “Esta ordenação espacial

34

FONTE : http://www.yorokobu.es/panoptico-camaras-vigilancia/ > Acesso em abril de 2016

transformava a sala de aula em pequenos

(século XI) , a invenção da imprensa por

observatórios e a disciplina proporcionava

volta de 1440 e etc (...) .

um controle sobre os alunos”.

A arquitetura escolar no século XIX teve

A formalização da instituição escolar

duas principais vertentes : uma desejava o

definiu-se a partir da Revolução Industrial

controle e disciplina a outra davam mais

(que trouxe novas demandas), outros

importância a criatividade e interação

acontecimentos também tiveram relevância e

social. O contexto da sociedade e suas

refletiram na arquitetura escolar, como as

dicotomias sempre influenciaram no espaço

primeiras universidades de Paris e Bolonha

escolar e faz-se necessário o conhecimento


histórico para apreender a realidade escolar

( com formação europeia) como : Ramos de

na atualidade.

Azevedo ,Victor Dubugras (...). ARQUITETURA ESCOLAR NO BRASIL

A arquitetura escolar brasileira foi influenciada pelos principais acontecimentos sociais, políticos, econômicos e culturais

O programa arquitetônico era composto por salas de aula e um número reduzido de ambientes administrativos. Destacavam-se a simetria da planta, com uma rígida separação entre as alas femininas e masculinas, toda concepção do espaço era condicionada pelo Código Sanitário de 1894.” KOWALTOWSKI ( 2011, p.83 )

no país. No final do século XIX até 1920 nas

Escola Modelo da Luz (1897) do arquiteto Ramos de Azevedo

edificações escolares era ressaltada a arquitetura neoclássica , própria da Primeira República .Os programas arquitetônicos eram embasados em modelos educacionais franceses .O prédio escolar é organizado basicamente pela disciplina e espaço de controle. A arquitetura escolar deste período foi feita principalmente por arquitetos conhecidos internacionalmente FONTE :FONTE : http://www.crmariocovas.sp.gov.br/exp_l.php?t=1a1r > Acesso em abril de 2016

35


“As manifestações como a Semana de Arte Moderna de 1922 e movimentos como a Revolução de 1930 influenciaram o setor da educação, com reflexos na arquitetura escolar. O edifício, aos poucos, deixou de ser compacto ,extinguiu-se a divisão entre os sexos , a implantação apresentava as características mais flexíveis, como o uso de pilotis ,deixando o térreo livre para atividades recreativas.” FDE ( 1998b )

Segundo KOWALTOWSKI ( 2011, p.85 ), houve uma abertura de espaço para a concepção de educação pública como “elemento remodelador do país na construção de uma sociedade moderna e democrática” , com a ascensão de Getúlio Vargas em 1930 ao poder. As edificações escolares representavam o crescimento político social e econômico no país e neste período foram criados códigos de Educação em vários Estados, com o propósito de unificar a legislação escolar. Na maioria dos Estados, quanto aos estilos

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dos prédios optou-se pela arquitetura moderna. São Paulo em 1940, tornou-se um grande polo industrial do País o que ocasionou , aumento significativo da demanda socioeconômica e para atender esta nova demanda a “(...) quantidade atropelava a qualidade das construções escolares (...)”KOWALTOWSKI ( 2011, p.88 ) . Anísio Teixeira , que nesta época era Secretário da Educação da Bahia , propôs as chamadas escolas-parque ( inspiradas nas escolas comunitárias norteamericanas).Estas escolas tem como conceito o convívio com a comunidade e segue os princípios da arquitetura moderna. Em São Paulo , a arquitetura moderna passou a ser implementada nas escolas públicas , apenas após o Convênio Escolar (1949-1954). O período de 1960 a 1990


serviços, para agilizar a implementação “Para Artigas (1999), a situação vivida pelo Brasil no final da década de 1950 e o início de 1960 exigia uma nova concepção na arquitetura, com prédios educacionais que aplicassem as novas técnicas construtivas e elementos préfabricados. Para Buffa e Pinto (2002) as referências arquitetônicas estavam consolidadas com os preceitos da arquitetura moderna ” FDE ,1998 apud KOWALTOWSKI, 2011)

Em 1971 a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), atribuiu ao Estado a responsabilidade pelo o ensino fundamental, porém a demanda por escolas era cada vez maior em muitos estados. Em 1976, com o objetivo de especificar e sintetizar as informações fundamentais aos projetistas, foi criado a Companhia de Construções de São Paulo (Conesp), e os escritórios de arquitetura eram contratados para esse tipo de prestação de

das edificações, mediantes concorrências públicas (Ornstein; Borelli, 1995 apud Kowaltowski, 2001, p. 91). A racionalização era a única maneira de suprir a demanda e em vez de optar por um “projeto padrão”, os responsáveis pela Conesp decidiram por normalizar os componentes dos projetos, geometrias dos prédios, seus ambientes e criaram um modulo “origem” ou “embrião”. “Simplificava-se o padrão construtivo para atendimento mais rápido à constante demanda de novas escolas, ampliações ou reformas.” (SOARES, 1995 apud KOWALTOWSKI, 2011) Na década de 1980, ressalta os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs) que foram idealizados para uma vivência principalmente das crianças de classes

37


lazer e iniciação ao trabalho.

populares em período integral nas escolas ,concebida por Darcy Ribeiro, Secretário da

Exemplo de projeto de CIAC, de João Filgueiras Lima (1999)

Educação no Governo de Leonel Brizola . CIEP Nelson Rodrigues , em Nova Iguaçu ,Rio de Janeiro.

FONTE:

http://www.leonardofinotti.com/projects/ciac > Acesso em abril de 2016

FONTE : https://goo.gl/mNst4v > Acesso em abril de 2016

Em de 1990, os CIACs (Centros de Atenção

CIAC de João Filgueiras Lima , em Natal

Integral à Criança e ao Adolescente), desenhados pelo arquiteto João Filgueiras Lima, foram criados pelo governo Collor, a nível nacional, como parcela do projeto “Minha Gente”. Os projetos dos CIACs

foram

influenciados pelos CIEPs, do Rio de Janeiro, e tinham como propósito, oferecer educação fundamental em tempo integral, e também programas de assistência à saúde,

38

FONTE: http://www.leonardofinotti.com/projects/ciac > Acesso em abril de 2016


verificar o retorno quanto aos recursos Após os anos 2000, em São Paulo, tem-se o

técnicos utilizados e o comportamento da

projeto dos CEUs ( Centros Unificados de

comunidade em relação a este equipamento,

Ensino), localizados em áreas periféricas

que muitas vezes é implantado como um

da Grande São Paulo , que são equipamentos

projeto padrão sem levar em consideração as

públicos voltados à educação, criados

peculiaridades de cada terreno e orientação

pela Secretaria Municipal de Educação

solar e materialidade que dialoguem com a

da Prefeitura de São Paulo na gestão do

comunidade beneficiada.

governo de Marta Suplicy. Seu programa articula os equipamentos urbanos públicos para a educação infantil e fundamental e as práticas cotidianas tais como esporte, recreação e cultura. Podemos concluir que a maioria dos Estados as escolas apresentam arquitetura bastante padronizada. Percebemos uma preocupação por parte dos governos em elaborar diretrizes básicas

de projetos escolares, no entanto ,

primeiro se implantam as escolas para depois

39


A CRIANÇA E O ESPAÇO

40


O grande desafio em adaptar os espaços

pouco estimulam a criatividade e capacidade

das escolas de educação infantil que

de associações que as crianças na primeira

passaram a atender os alunos em período

infância tanto precisam. Mas seria a

integral dá-se pela dificuldade em dar

flexibilidade a solução adequada aos espaços

um novo uso aos ambientes, pois estes

escolares? Herzberger (1999, p.146) ,nos diz

possuem dimensões para funções específicas,

um pouco sobre o conceito de flexibilidade

estas dimensões específicas são fruto da

em arquitetura :

arquitetura funcionalista onde, “a forma derivava da expressão de eficiência” ( HERZBERGER, 1999, p.146 ) ,porém , esta eficiência é “posta em cheque”, ainda , segundo o arquiteto Herzberger (1999, p.146 ) onde: ” a rápida obsolência de soluções demasiadamente especificas conduz não só a disfuncionalidade como também a uma grave falta de eficiência”. Nos prédios escolares esta arquitetura resulta em formas pouco flexíveis , monótonas , repetitivas, racionais e que

“ Flexibilidade significa- já que não há uma solução única que seja preferível a todas as outras –a negação de um ponto de vista fixo, definido. O plano flexível tem seu ponto de partida na certeza de que a solução correta não existe , já que o problema que requer solução está num estado permanente de fluxo (...). Embora uma formulação flexível adapte-se a cada mudança que surja, não pode ser nunca a melhor e mais adequada solução para nenhum problema; pode fornecer qualquer solução em qualquer momento, mas nunca a melhor solução. A flexibilidade representa , portanto , o conjunto de todas as soluções inadequadas para um problema. Dado isto, um sistema que se mantém flexível por causa de uma mudança dos objetos que devem ser

41


acomodados dentro dele produziria a mais neutra das soluções para problemas específicos, mas nunca a solução melhor, a mais adequada...” ( HERZBERGER, 1999)

HERZBERGER, 1999)

Para projetar novos espaços escolares de maneira que eles possam ser adequados

Não sendo a flexibilidade a melhor solução

para as demandas que a Educação Integral

arquitetônica para os espaços, o autor nos

necessita ,é preciso lutar contra a

propõe uma saída para propor ambientes de

alienação da forma .

mais qualidade : “ A única abordagem construtiva para uma situação que esta sujeita a mudança , é a forma que parta da própria mudança como fator permanente - isto é, como um dado essencialmente estático: uma forma que seja polivalente. Em outras palavras , uma forma que se preste a diversos usos sem que ela própria tenha que sofrer mudanças, de modo que uma flexibilidade mínima possa produzir uma solução ótima(...). O essencial, portanto, é chegar a uma arquitetura que, quando os usuários decidirem dar-lhe um uso diferente do que foi originalmente concebido (...), não seja perturbada a ponto de perder sua identidade.” (

42

“ Se queremos responder a multiplicidade na qual a sociedade se manifesta, devemos libertar a forma dos grilhões dos significados cristalizados. Devemos procurar continuamente as formas arquetípicas que, pelo fato de poderem ser associadas a múltiplos significados, são capazes não só de absorver mas também de gerar um programa. Forma e programa produzem-se mutuamente.” ( HERZBERGER, 1999)

Para um projeto de qualidade é necessária uma abordagem eficiente por parte do arquiteto principalmente no que diz respeito a arquitetura escolar, onde o foco deveria


ser o pleno desenvolvimento da criança e suas múltiplas relações com o espaço

de

forma coletiva ou individual, em seu cotidiano. O projetista deve: “ usar ao máximo sua imaginação para ser capaz de identificar-se com os usuários e, assim, como seu projeto chegará até eles e o que eles esperam .Esta capacidade imaginativa específica que pode ser vista como parte indispensável da competência normal do arquiteto e que , como tal , deveria ser adquirida como qualquer outra habilidade , é o único meio de se chegar aos fatos verdadeiramente básicos: o programa por trás do programa. ” ( HERZBERGER, 1999)

É necessário que o projeto ofereça “incentivos” que despertem associações nos

Deixar espaços para as crianças exige que nós, adultos, responsáveis pela educação das crianças de 0 a 6 anos, tenhamos convicção de suas potencialidades. Importa que acreditemos que elas são capazes de estabelecer relações com seus pares e com os adultos, que elas são produto e produtoras de culturas. Crer no potencial criador das crianças e deixar espaços para que esse potencial floresça e frutifique na creche representa a garantia de que esse espaço institucional, responsável pelo cuidado e educação dissociados dos pequenininhos, seja um lugar para se viver a infância na contemporaneidade. Ao garantir espaços para as crianças na creche, dando a elas a chance de encontros diversos, de relações plurais, estaremos garantindo também espaços para que nós, adultos, possamos nos alfabetizar nas linguagens infantis.” (AGOSTINHO 2003, p.129)

usuários (no caso as crianças) , o arquiteto

Para gerar uma arquitetura hospitaleira nas

deve “ criar espaços e deixar espaço ,

Escolas de Educação Infantil, privilegiando

nas proporções adequadas e com equilíbrio

as relações sociais, as soluções do espaço

adequado” ( HERZBERGER, 1999, p.169 ) .

seguirão os ensinamentos teóricos propostos

43


pelo arquiteto Hertzeberger em seu livro Lições de Arquitetura : • Espaços articulados para torná-los

devemos sempre buscar a forma com a articulação de referencia mais rica para que seja oferecido o máximo de possibilidades e experiências” ( HERZBERGER, 1999, p.235 )

menores, ou seja não fazê-los maiores que o necessário ,como meio de aumentar

• Deve-se evitar as “condições de espaciais

a legibilidade e percepção do espaço.

que confirmem a desigualdade”

Hertzeberger define articulação como,“ a

hierarquias do espaço ,

definição rítmica de paredes e fachadas que dá origem a certa plasticidade” ; • Deve-se procurar o equilíbrio entre visão e reclusão, trazer o mundo exterior para dentro através de generosas aberturas, que

, atenuar as

“ Mesmo que a arquitetura em si não possa ser responsabilizada pelo abuso de poder e que , sem duvida, não possa impedi-lo ,certamente é muito melhor prevenir-se com a criação de condições espaciais em que o autoritarismo floresce.” ( HERZBERGER, 1999, p.255 )

ajudam a criança a expandir suas percepções; • Deve-se evitar a abstração da forma:

Ainda sobre a qualidade dos espaços arquitetônicos, oferecidos a educação

“ a arquitetura deve ser expressiva(...) “A tendência na arquitetura para tornar a forma mais abstrata num esforço para alcançar a simplicidade, sempre implica o risco de perda de força expressiva (...) Indiferentes a se o resultado é mera simplicidade ou complexidade,

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infantil ,teremos como base teórica também a dissertação de mestrado de Katia Adair Agostinho (2003)

“O Espaço da Creche:

que lugar é este?” , onde a autora trata da qualidade desses espaço do ponto de


vista principalmente das crianças e suas exigências . “Pensar o espaço da creche, a forma como ele se torna lugar socialmente construído pelas crianças e adultos que o habitam, exige que incluamos as crianças, que consideremos suas manifestações e expressões e seus pontos de vista, concebendo-as como seres sociais plenos , com especificidades próprias desta etapa da vida. Isso desafia nosso poder adulto ao incluir a racionalidade infantil, e também o rigor e a imaginação metodológicas para a criação de mecanismos de participação.” AGOSTINHO ( 2003, p.5)

educação das crianças de zero a seis anos, lugar de vivências de seus direitos; dando a todos os atores a oportunidade de pensar e organizar o espaço. A participação de todos os segmentos na reflexão sobre o espaço possibilitará o sentido de pertencimento por parte de cada um; tornará as relações mais democráticas, contribuindo para tirarmos a centralidade adultocêntrica9 das relações educativas, garantindo a efetiva participação das crianças.” (AGOSTINHO 2003, p.11) Alunos da Escola Infantil Anita Procópio Junqueira em Ribeirão Preto montando árvore de Natal ,feita com materiais reciclados( 2015).

Segundo a autora deve-se levar em consideração diversos fatores e agentes na produção do espaço escolar de qualidade, O espaço físico da creche é o cenário de convivência de três atores: crianças, profissionais e famílias (…), com identidade própria, pautada no princípio do cuidado -

FONTE :Acervo Pessoal

45


Em seu trabalho a autora

traz algumas

• Um lugar para se movimentar : “movimentar-

respostas que as crianças deram à pergunta

se para as crianças é comunicar-se,

que intitula seu trabalho : O espaço da

expressar-se, interagir com o mundo; é uma

creche, que lugar é este? :

forma de linguagem; é explorar e conhecer o

• Um lugar de brincadeira : “ Em nossas

mundo e o próprio corpo ” (AGOSTINHO 2003,

observações e fotografias as crianças estão

p. 115)

dizendo a todo tempo que querem um lugar

• Um lugar para encontrar:

onde possam brincar, sozinhas, acompanhadas de outra(s) criança(s) ou do(s) adulto(s).” (AGOSTINHO 2003, p.74) • Um lugar de liberdade : “A alegria e a satisfação na ida para o parque por elas manifestada, nos fez compreender o parque como o espaço da creche de grande expressão e encontro de liberdade. Nele as crianças encontram a chance instituída, permitida da brincadeira livre oportunidades para movimentos amplos, convívio/confronto com as diferenças, lugar de exercício do livre arbítrio, onde o adulto é fugazmente um olho

vigilante.”(AGOSTINHO 2003, p. 95)

46

Ao garantir espaços para as crianças na creche, dando a elas a chance de encontros diversos, de relações plurais, estaremos garantindo também espaços para que nós, adultos, possamos nos alfabetizar nas linguagens infantis.”(AGOSTINHO 2003, p. 129 )

• Um lugar para mim: “O espaço da creche tem de propiciar um “ninho seguro”, um lugar que a criança possa considerar seu, possa estar consigo mesma, num encontro íntimo com seus ritmos, pulsações e sentimentos. Um lugar em que ela tenha segurança e confiança, oportunizando sentido de pertencimento e lhe


seja assegurada sua identidade pessoal. Enfim, que tenha direito ao isolamento, num encontro com o que lhe é mais profundo e íntimo, resguardada sua individualidade. ”(AGOSTINHO 2003, p. 139 )

Em seu livro A poética do espaço (1993), Bachelard fala sobre o valor dos espaços de intimidade: “A consciência de estar em paz em seu canto propaga, por assim dizer, uma imobilidade. A imobilidade irradia-se. Um quarto imaginário se constrói ao redor de nosso corpo, que acreditamos estar bem escondido quando nos refugiamos num canto. As sombras logo se transformam em paredes, um móvel é uma barreira, uma tapeçaria é um teto.”

O arquiteto Hertzberger (1999, p. 206) sugere o uso dos princípios da organização espacial, para que seja possível introduzir muitas escalas de abertura e isolamento,

“O grau de isolamento, como o grau de abertura, deve ser cuidadosamente dosado, para que sejam criadas as condições para uma grande variedade de contatos, indo desde a decisão de ignorar os que estão à sua volta até o desejo de juntar-se a eles, de modo “Hertzberger (1999, p. 206)

Portanto , para um projeto adequado é necessário pensar os espaços do ponto de vista também das crianças, “Pensar os espaços da creche a partir do que as crianças nos indicam revoluciona, mexe, remexe, vira do avesso, desafia-nos em nossa adultez controladora, normalizadora, impositora; mas aquela criança que todos fomos mora em nossos corpos, com marcas e cicatrizes, em nossas lembranças, com emoções, visões, cheiros, sons que insistentemente nos convidam a deixar-nos seduzir, embriagar pela magia da fluidez e da autenticidade infantil.”(AGOSTINHO 2003, p. 88 )

E é responsabilidade do arquiteto a

47


qualidade dos espaços propostos , “Tudo que o arquiteto faz ou deliberadamente deixa de fazer (...) sempre influencia, intencionalmente ou não, as formas mais elementares da relação social. E ainda que as relações sociais só dependam até certo ponto de fatores ambientais, ainda assim há motivos suficientes para almejar conscientemente uma organização do espaço que faça com que cada pessoa possa confrontar a outra em pé de igualdade .” (Hertzberger (1999, p.214)

para que se possa estabelecer uma edificação de qualidade para os usuários, atendendo suas respectivas necessidades ,destacando o planejamento de ambientes que possam assegurar acessibilidade universal. Antes de se iniciar um projeto de uma unidade de Educação Infantil , faz-se necessário que se envolva na discussão de projeto equipe multidisciplinares e também a comunidade que fará uso da edificação.

PARÂMETROS BÁSICOS DE INFRAESTRUTURA PARA AS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL Segundo FRAGO (1995) , o espaço físico consiste em uma forma silenciosa de se educar e não somente um cenário onde se desenvolve a educação, portanto, a construção de uma Escola Infantil necessita de planejamento e envolve vários estudos

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Desta maneira

o Ministério da Educação

apresenta alguns parâmetros básicos de infraestrutura para as Instituições de Educação Infantil de forma a orientar os sistemas de ensino em construções e reformas, sugerindo materiais e aspectos construtivos de forma que se crie espaços de qualidade que propiciem o integral desenvolvimento e o processo de ensino e


aprendizagem, para a crianças de 0 a 6 anos.

respeitando os direitos, desejos e

Segundo os PARÂMETROS BÁSICOS DE

sentimentos infantis. PARÂMETROS BÁSICOS DE

INFRAESTRUTURA PARA INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO

INFRAESTRUTURA PARA INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO

INFANTIL (2006), as edificações escolares

INFANTIL (2006).

infantis devem ser ambientes não apenas

Deve-se estudar e meditar sobre a qualidade

físicos como também ambientes sociais que

espacial e organização dos espaços físicos

proporcionem para as crianças proteção

destinados às crianças ,na elaboração

e acolhimento ao mesmo tempo, de modo

de um projeto arquitetônico, de modo

que elas possam se sentir seguras para

que este espaço possa contribuir para o

vivenciar novas experiências e que se sintam

desenvolvimento integral da criança ,

estimuladas a vencer os desafios diários.

levando em consideração as estratégias para

O ambiente escolar deve propiciar aventuras,

este desenvolvimento a partir de aspectos :

descobertas , desafios e conduzir as

o cuidar e o educar . (OLIVEIRA, 2008)

crianças a um processo de aprendizado

As crianças possuem necessidades

pleno, além de auxiliar nas interações da

características de acordo com cada faixa

criança com o meio ambiente , criança-

etária ,sendo que ,as mais novas, de zero

criança e criança-adulto. Para tanto ,

a um ano, necessitam de espaços para

este espaço deve ser dinâmico, explorável

engatinhar, explorar diversos materiais,

e singularmente ser um espaço de brincar,

brincar, alimentar-se, dormir, tomar

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banho, diferente de crianças de quatro

50

Nos PARÂMETROS BÁSICOS DE INFRAESTRUTURA

a seis anos, pois estas possuem uma

PARA INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL (

rotina escolar diferente, contendo outras

2006)

propostas pedagógicas com a utilização de

específica , seguem algumas:

outros espaços. (PARÂMETROS BÁSICOS DE

• Espaços de repouso (sono):

INFRAESTRUTURA PARA INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO

mínimo entre os berços e/ou colchonetes deve

INFANTIL, 2006).

ser de no mínimo cinquenta centímetros, para

Porém , algumas atividades precisam de

facilitar a circulação entre eles.

espaços que são fundamentais para o processo

• Sala de atividades : é neste ambiente que

de formação e aprendizado de uma criança

ocorrem diversas atividades, portanto este

(principalmente em escolas de período

espaço deve proporcionar a leitura, escrita,

integral), como por exemplo , o espaço

brincadeiras de faz de conta e jogos

do repouso

adequados de acordo com cada faixa etária.

ou espaço do sono, a sala

cada espaço possui uma orientação espaçamento

de atividades, os espaços multiusos, os

Aconselha-se

que o espaço de repouso e

ambientes de higienização, os espaços de

a sala de atividades

alimentação, espaços externos , além dos

por visores, para que se possa ter

espaços destinados a serviços relacionados

visibilidade entre um espaço e outro.

ao dia a dia da escola (Administração, sala

• Espaços Multiuso : área destinada às

dos Professores , Banheiros ...).

atividades especificas, programadas de

sejam integrados maior


acordo com as necessidades pedagógicas de

importante frisar que o refeitório deve ser

cada instituição.

adaptado de forma adequada para atender

• Ambientes de Higienização : devem ser

todas as faixas etárias.

adequados a cada faixa etária, separados por sexo e próximos as salas de atividades, porem, os sanitários não devem ter comunicação direta com os ambientes de alimentação. Os banheiros destinados aos adultos devem ser de uso exclusivo deles, e em algumas situações também podem ser utilizados

como vestiário dos funcionários.

• Ambientes de Alimentação : são aqueles que englobam as atividades relacionadas ao preparo e a distribuição dos alimentoscozinha e refeitório. Cada município possui diretrizes para o dimensionamento destas áreas e seus respectivos equipamentos, e em algumas escolas

o preparo dos alimentos

pode ser de um serviço terceirizado. É

Este ambiente é importante no processo de socialização e autonomia da criança, além de ser um espaço que estimula os sentidos e as sensações, possibilitando o processo de aprendizagem infantil. (OLIVEIRA, 2009, p.33)

• Espaços Externos : devem suprir as necessidades e anseios das crianças, de modo que possam incentivar a fantasia, imaginação e o faz de conta do universo infantil. É importante que este espaço possa garantir uma maior interação da criança com o meio ambiente. Em contato com a natureza, a criança percebe, por exemplo, transformações e alterações climáticas e fenômenos atmosféricos, apreendendo deles significado. Ao lidar com água, areia,

51


pneus, pedrinhas, garrafas, tampinhas, copinhos, a criança compreende conceitos de quantidade, volume, peso, temperatura; conhece as propriedades de flutuação e de resistência; realiza atividades que exigem motricidade fina, como misturar, remover, encher e esvaziar. Atividades livres e espontâneas estimulam a criança a desenvolver habilidades e competências. (FRISON, 2008 p. 172 apud OLIVEIRA, 2009 p.34)

• Espaços de serviços gerais: estes espaços possuem a função de completar

o serviço da

instituição, como por exemplo, depósito de lixo , lavanderia … • Espaços administrativos : são ambientes que compõem :

recepção, secretaria,

almoxarifado … e tem a função de acolher a família e a comunidade na escolar , sendo também local de entrada e saída das crianças. Deve ser previsto também em projeto ,um local para guardar

52

brinquedos,

colchonetes e outros materiais que fazem parte do processo de aprendizagem cotidiano da criança. Diante disto, podemos concluir que pensar nos espaços para a educação infantil, não consiste apenas na organização espacial e realização de um programa preestabelecido, é necessário ir além e buscar e propor ambientes lúdicos que estimulem o desenvolvimento da criança tanto fisicamente quanto psicologicamente e socialmente.


A EDUCAÇão infantil em Ribeirão Preto

53


De acordo com a Secretaria Municipal da Educação em Ribeirão Preto, o município

Demonstrativo de atendimentos feitos pela prefeitura para a Educação Infantil, dos anos de 2011 á 2014.

atende cerca de mais de 22.000 crianças na Educação Infantil, sendo que estas crianças tem atendimento dividido em Centro de Educação Infantil (CEI) , Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI), e também alguns destes atendimentos acontecem em parcerias com instituições conveniadas. A tabela ao lado apresenta o demonstrativo da quantidade de crianças atendidas, nas

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FONTE: Prefeitura de Ribeirão Preto (2015)

Instituições de Educação Infantil no ano de

as de quatro a seis anos, permanecem nas

2014 (dados mais recentes fornecidos pela

instituições em período parcial, manhã ou

Secretaria Municipal de Educação).

tarde e em alguns casos também desde o ano

No atual momento as crianças entram nas

de 2013 algumas EMEIS passaram a atender os

instituições infantis municipais, a partir

alunos em período integral também.

do quinto mês de vida e continuam até

O objetivo das creches em Ribeirão Preto,

os seis anos (CEI). As crianças de zero

segundo a Secretaria Municipal da Educação,

a três anos ficam em período integral e

consiste no desenvolvimento da autonomia e


também

o desenvolvimento das mais variadas

Alunos de Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino

linguagens e saberes. As CEIs e EMEIs municipais utilizam em seu plano pedagógico três projetos permanentes, que são desenvolvidos

ao decorrer do ano. Segundo

informações da a Secretaria Municipal da Educação, o complexo Ribeirão Verde possui demanda significativa de vagas para Educação Infantil. Para elaboração deste projeto, visitou-se as instituições de atendimento da educação infantil em Ribeirão Preto: EMEI Anita Procópio Junqueira ( Escola Municipal) e a Escola Waldorf João Guimarães Rosa (Escola Particular).

FONTE: Acervo Pessoal

“Anita Procópio Junqueira” é uma antiga instituição Municipal de Educação Infantil, fundada em 1954,e esta localizada na Rua 21

EMEI ANITA PROCÓPIO JUNQUEIRA A escola de educação infantil municipal EMEI

de abril n.º 570, no bairro de Vila Tibério, e atende atualmente 307 alunos na faixa etária de 3 á 6 anos em período parcial (

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modelagem, além de uma grande área verde que

manhã/tarde). Entrada Principal ( pela rua 21 de abril )da EMEI Anita Procópio

proporciona um ambiente bastante agradável para quem frequenta a unidade. Para o desenvolvimento do projeto pedagógico a escola possui uma diretora (atualmente Rogéria Mara Castelucci e Oliveira), 25 professores, um oficial administrativo, uma monitora de informática 3 auxiliares de serviços, duas cozinheira, uma estoquista. O diferencial da EMEI Anita Procópio Junqueira em relação ás demais escolas da

FONTE: Acervo Pessoal

A escola conta com 8 salas de aulas de

Quadra coberta e Parque de areia

aula, uma sala de informática que também é a biblioteca da escola,

amplo refeitório,

salão social, sanitários masculino e feminino, cozinha, parte administrativa (secretaria e direção), parque de areia, quadra, campo, pracinha, casinha de bonecas, mesas externas para pintura e FONTE: Acervo Pessoal

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Casinha de Bonecas e Salão Social

Sala de Aula (Alunos da Etapa II) e Sala de Informática

FONTE: Acervo Pessoal

ESCOLA WALDORF JOÃO GUIMARÃES ROSA

FONTE: Acervo Pessoal

rede municipal , é o amplo terreno que possui com sombreamento de qualidade devido a grande quantidade de árvores que a escola possui.

Foi feita uma visita também na escola Waldorf Guimarães Rosa em Ribeirão Preto. Esta escola possui uma pedagogia muito própria e tem uma abordagem bastante

Refeitório

diferente da escola citada anteriormente (EMEI Anita Procópio Junqueira) em diversos pontos,dentre eles a qualidade dos espaços escolares, a preocupação com o vinculo afetivo entre professor e aluno e também podemos citar que a pedagogia

FONTE: Acervo Pessoal

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principalmente na Educação Infantil prioriza

a outra escola visitada) é que as crianças

o crescimento emocional da criança como

(separadas por faixa etária) ficam todas em

um todo,preparando-a não apenas para os

um ambiente e este ambiente (sala de aula

desafios de um próximo ciclo escolar,mas

não tradicional)representa o lar e, a partir

também para os desafios diários da vida,

disto, elas aprendem diversas atividades

possibilitando a esta criança segurança e

domésticas. Os brinquedos são construídos

maior autonomia.

pelos próprios alunos, com a intenção

Segundo a filosofia proposta por Rudolf

de despertar na criança a imaginação e

Steiner, a educação das crianças é

a fantasia e os materiais são naturais

desenvolvida a partir dos sentidos, deste

(madeira, fios, cordas e sementes).

modo, as atividades realizadas no jardim de infância, atendem ao desenvolvimento

Sala de Aula da Educação Infantil

sensório-motor, onde as crianças são estimuladas a brincarem, pois segundo Steiner, é através da brincadeira que a criança imita o mundo que a cerca, e com o brincar, ela exercita a interação social e desenvolve a sua capacidade imaginativa . Um diferencial da escola Waldorf (em relação FONTE: Acervo Pessoal

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Sala de Aula da Educação Infantil

formação integral da criança, evidenciando o lúdico, a criação e as atividades de vida real no seu projeto pedagógico. Entrada Principal da escola Waldorf e Totem de localização

FONTE: Acervo Pessoal

Outro diferencial da escola é sua arquitetura e a abundância de áreas verdes

FONTE: Acervo Pessoal

Interior da escola e Playground Infantil

e a maneira que elas estão integradas às salas. Portanto, pôde-se observar que, a concepção de educação apresentada por esta instituição, mesmo sendo diferente da tradicional, preocupa-se muito com a FONTE: Acervo Pessoal

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REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Telhado da Escola Infantil Fuji Kindergarten

1 ESCOLA INFANTIL FUJI KINDERGARTEN A Escola Infantil Fuji Kindergarten é um jardim da infância projetado em 2007 ,pelo grupo Tezuka Architects . IMPLANTAÇÃO: A forma arquitetônica da escola é oval e possui um perímetro de 183m, em uma área total de 1304.01m2 .Um dos diferenciais desta escola infantil é que pode-se acessar o telhado como se fosse uma circulação infinita, dando liberdade e autonomia as crianças.

FONTE : Tezuka Architects

Existem 3 grandes árvores no terreno que atravessam o telhado da escola, onde redes em volta destas arvores impedem que as

Escola Infantil Fuji Kindergarten

crianças possam cair,estas redes ao mesmo tempo que protegem proporcionam um espaço de lazer e brincadeiras para as crianças. Para proteção também dos alunos, em toda a extensão do telhado há um guarda-corpo que

FONTE : Tezuka Architects

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quando há algum evento, as crianças podem se


sentar na beirada e avisar o que acontece no meio da escola. O telhado foi feito o mais baixo possível para que ficasse em uma escala apreensível

“Quando se coloca muitas crianças em uma caixa silenciosa, algumas delas ficam realmente nervosas. Mas neste jardim da infância, não há motivo para ficarem nervosas. Não existem divisões.”

as crianças. Telhado da Escola Infantil Fuji Kindergarten

E apesar dos gritos (seja causados por alegrias ou até tristezas) próprios das crianças o arquiteto garante que neste jardim da infância, as crianças demonstram uma concentração surpreendente em sala de aula.

FONTE : Tezuka Architects

Interior da Escola Infantil Fuji Kindergarten

Um grande diferencial deste projeto é que não há uma cisão entre o interior e o exterior, ele é totalmente aberto, e também não há separação com paredes entre as salas de aula mas apenas com mobiliários. Portanto, não há proteção acústica alguma. Segundo o arquiteto Takaharu Tezuka :

FONTE : Tezuka Architects

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Interior da Escola Infantil Fuji Kindergarten

FONTE : Tezuka Architects

FONTE : Tezuka Architects

Todas as

Claraboia

salas de aula tem, pelo menos,

uma claraboia para entrada de iluminação

JARDIM DE INFÂNCIA TIMAYUI

natural.

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Para o arquiteto as crianças não podem ser

Este projeto fez parte das inciativas

protegidas demais, elas precisam cair de

públicas em parceria com a Fundação

vez em quando, elas precisam se machucar um

Carullana,no sentido de melhorar as

pouco. E isto faz com que aprendam a viver

condições educacionais e nutricionais das

neste mundo.

comunidades periférica da cidade (áreas


estas caracterizadas pela violência e falta

um elemento que sugere três centralidades

de infra-estrutura pública. Esta escola está

relacionadas entre si e que ocasionam

localizada em Timayui (uma comunidade rural

diversas situações e troca de experiências

locada na periferia de Santa Marta, uma

entre crianças, professores e familiares.

cidade na costa do Caribe.

Ao invés de propor uma arquitetura fechada

IMPLANTAÇÃO: O desenho do projeto parte da

em si, o arquiteto propôs um desenho aberto

compreensão da filosofia educacional de

e adaptável, constituído por módulos com a

Loris Malaguzzi (Itália), que inspirou o

forma de uma flor, que pode ser adaptado a

arquiteto Giancarlo Manzzanti á criação de

diversas situações,sejam elas topográficas,

Jardim da Infância Timayui

urbanas ou programáticas,gerando edifícios “vivos” capazes de crescer e se multiplicar, Módulo Tipo

FONTE : http://www.elequipomazzanti.com/en/proyecto/

FONTE : http://www.elequipomazzanti.com/en/ proyecto/timayui-2/

63


O módulo tipo é um espaço neutro e flexível

Ambiental, que fez com que o arquiteto

que permite o desenvolvimento de diversas

trabalhasse com aberturas zenitais e um pé-

atividades em seu interior,além de,

direito diferenciado (ocasionando o efeito

relacionar-se com os espaços externos mais

chaminé)

próximos.

Corte das Salas de Aula

Respeitando a morfologia do terreno, criouse um sistema em cadeia, baseado em um módulo tipo. Implantação-Modulos em cadeia

FONTE : http://www.elequipomazzanti.com/en/proyecto/timayui-2/

Este é um exemplo de projeto capaz de trazer qualidade ao entorno além de “trazer o FONTE : http://www.elequipomazzanti.com/en/proyecto/timayui-2/

64

entorno para dentro da escola” (visualmente

O que chama atenção nos módulos é que apesar

,por não ser um projeto fechado em si , como

da simplicidade do material (Concreto

também conceitualmente, pois devido a sua

Armado) há a preocupação com o Conforto

qualidade espacial , a população se sente


parte da edificação

e por isto participa

Imagem do Pátio Interno localizado entre os módulos e Sala de Aula

mais ativamente das rotinas escolares . Imagens do Interior e Exterior do terreno da Escola

FONTE : @Jorge Gamboa

FONTE : @Jorge Gamboa

65


O projeto

66


A proposta é criar uma escola infantil para

O LOCAL- COMPLEXO RIBEIRÃO VERDE

crianças, onde a criança seja a protagonista deste o ambiente ,diminuindo a cisão entre

O Complexo Ribeirão Verde está localizado

interior e exterior, proporcionando áreas

próximo ao Rio Pardo e, possui uma área

verdes de amortecimento e de proteção de

de preservação permanente (APP), de

modo que haja interações entre os espaços

aproximadamente 252 mil m e inclui os

(interior e exterior), além de uma proposta

bairros : Jardim Florestan Fernandes

pedagógica que condiz com o cotidiano

inaugurado em setembro de 1995, Jardim Diva

infantil e as necessidades diárias da

Tarlá de Carvalho inaugurado em setembro de

criança que permanecerá nesta escola em

1995 e o Jardim Professor Antônio Palocci,

tempo integral,tendo nesta edificação seu

localizado em suas proximidades e que foi

segundo lar. Desta maneira, o partido

inaugurado em fevereiro de 2004, sendo este

adotado para o projeto foi criar uma

o mais recente deles. Todos estes bairros

escola onde a criança possa interagir com

são empreendimentos da COHAB (Companhia

os espaços multifuncionais, espaços de

Habitacional de Ribeirão Preto).

recreação descobertos e cobertos, ambientes

Segundo dados da Secretaria de Planejamento

de aprendizagem como também com a própria

de Ribeirão Preto o bairro Jardim Florestan

arquitetura da escola.

Fernandes possui cerca de 1.582 lotes urbanizados, para uso de 7.910 pessoas,

67


Mapa do Complexo RibeirĂŁo Verde

FONTE: Secretaria Municipal do Planejamento (2008) , legendas por OLIVEIRA (2009)

68


o Jardim Diva Tarlá tem cerca de 1.812

que atendam toda a demanda ).

lotes para uso de 9.060 moradores e, o

A via que possui a maior concentração

Jardim Professor Antonio Palocci, tem

de comércios e serviços é a Rua Emygdio

aproximadamente 2.117 casas que atendem

Rosseto, onde estão localizados vários

10.585 pessoas.

estabelecimentos comerciais , tais como:

Segundo dados da Secretaria da Fazenda,

supermercado, padaria, cabeleireiro, entre

Secretaria de Saúde, Policia Militar,

outros.

Transerp, Daerp , o Complexo Ribeirão Verde possui aproximadamente 5.511 residências, 60 estabelecimentos comerciais e prestadoras de serviços, uma unidade de saúde (USF

Mapa do Jd Florestan Fernandes -Em destaque Rua Emygdio Rosseto

– Unidade de Saúde Familiar), uma base da Polícia Militar e transporte público por ônibus, além de tratamento de água e esgoto. (GOMES, 2008 apud OLIVEIRA, 2009). No entando, ainda é possível notar problemas referentes a infraestrutura (saúde, transporte público, segurança e falta de instituições escolares de educação infantil

FONTE: Wikimapia ( Grifo autoral)

69


Comércios e serviços localizados na Rua Emygdio Rosseto

Fundamental, EMEF Geralda de Souza Espin , uma Escola Estadual do Ensino Médio EE Escola Jardim Diva Tarla de Carvalho e no Jardim Antonio Palloci : uma EMEF Prof. Dr. Waldemar Roberto. Pode-se notar que o Complexo Ribeirão Verde

FONTE: Secretaria Municipal do Planejamento (2008) , legendas por OLIVEIRA (2009)

O Complexo todo possui : um Centro de

como de equipamentos públicos. Para

Educação Infantil (CEI), localizado no

suprir a demanda de vagas para Educação

bairro Jardim Diva Tarlá, chamada C.E.I.

Infantil, faz-se necessário a implantação

Professora Leonor Mertília Costa (que atende

de uma Escola de Educação Infantil. Com a

atualmente duzentas e oitenta crianças, com

instalação desta escola infantil, além de

faixa etária de zero a três anos) e ao lado

diminuir a demanda existente na área, este

da CEI Professora Leonor Mertília Costa está

projeto poderá propiciar a estes moradores,

localizada a Escola Municipal de Educação

um espaço educacional de qualidade, não

Infantil (EMEI) Professora Maria Inês Vieira

apenas em aspectos pedagógicos, mas também

Machado (que atende crianças de quatro a

em qualidade arquitetônica .

seis anos de idade), no Jardim Florestan Fernandes : uma Escola Municipal de Educação

70

está em desenvolvimento, tanto populacional


CONDICIONANTES DO PROJETO

uma escola de ensino fundamental EMEF Geralda de Souza Espin, e seu entorno

A escolha da área para a implantação da

é ocupado por áreas principalmente

escola de educação infantil no Complexo

residenciais, mas também é localizado

Ribeirão Verde foi feita a partir de

próximo a Rua Emygdio Rosseto (Imagem

levantamentos ,estudos disponibilizados

Pg.69), onde estão localizados vários

pela Secretaria de Educação de Ribeirão

estabelecimentos comerciais.

Preto e visitas in loco. Verificou-se que a

Uma das potencialidades da área de estudo

Secretaria de Planejamento, destina algumas

é sua localização central no bairro Jardim

áreas institucionais, no entanto a escolha

Florestan Fernandes e possuir tamanho

final foi estabelecida

adequado para deixar áreas verdes destinadas

de acordo com as

potencialidades do entorno.

a população no terreno sem que estas áreas

A área escolhida pertence ao bairro Jardim

prejudiquem o programa arquitetônico que

Florestan Fernandes, e está localizadas

será proposto. Além

entre as Ruas Afonso Milena, Sebastião

próximo a outras duas escolas de ensino

de Souza Castro e Vicente José dos Reis.

fundamental

Esta área possui aproximadamente onze

que corta o bairro (Rua Emygdio Rosseto).

de estar localizado

que estão localizadas na rua

mil e sessenta e cinco metros quadrados. Atualmente esta vazia, mas ao lado possui

71


Áreas Institucionais Do Complexo Ribeirão Verde

Área escolhida para o projeto

Área de Intervenção Escolas Públicas de Ensino Fundamental Rua Emigydio Rosseto

Foto da fachada da EMEF Geralda de Souza Espin , pela R.Emygdio Rosseto

ÁREA DE INTERVENçÃO

FONTE: Secretaria Municipal da Educação (2008) , legendas por OLIVEIRA (2009), com atualizações do autor do presente trabalho

72

FONTE: Acervo pessoal


Fotos do terreno escolhido para a implantação da EMEI (ao fundo EMEF Geralda de Souza Espin.

DIRETRIZES PROJETUAIS A primeira diretriz que será seguida referente ao espaço de aprendizagem é a criação de espaços que sejam amplos e ventilados que possam servir como suporte para várias atividades que não estejam necessariamente ligadas aos usos dos turnos escolares. Para integrar a escola com a comunidade e seu entorno pretende-se não construir barreiras físicas que obstruam por completo a visão do público externo, permitindo que as atividades que ocorrem dentro da escola sejam visíveis de fora da escola, levando em

FONTE: Acervo pessoal

consideração ás necessidades de proteção e segurança . Uma outra diretriz que está intimamente ligada com o entorno é a construção de

73


uma entrada convidativa que tenha ampla

, de modo a fugir das tipologias atuais

área verde como uma pequena praça que seja

racionalistas de escolas de Educação

integrada de certa forma com o programa

Infantil.

arquitetônico. Esta entrada deverá ser ampla para acomodar a população escolar

PROGRAMA DE NECESSIDADES PARA INSTITUIÇÃO

em sua entrada e saída, e conectada à

INFANTIL

área administrativa da escola e às áreas utilizadas pela comunidade. Estratégias de sustentabilidade ambiental deverão ser consideradas ao ser feito o projeto, e que constituem também uma diretriz, como por exemplo

a utilização de

um sistema de captação, tratamento e reuso de água, aquecimento solar, e,

também,

serão adotadas técnicas construtivas que prezem pela eficiência energética. Em relação a diretriz formal de projeto, pretende-se, inicialmente, seguir uma linguagem com características orgânicas

74

Em arquitetura , o programa de uma edificação é o conjunto de necessidades que um projeto deve contemplar e o roteiro de como os requisitos funcionais devem estar dispostos em um prédio,” KOWALTOWSKI ( 2011, p.63 )

Segundo a autora acima citada , o programa de necessidades , não deve ser apenas uma lista de ambientes, mas deve ser também mas um documento que interage com as pedagogias e o modo de abrigar as atividades essenciais para o tipo de ensino almejado . Para a realização de um projeto educacional no município de Ribeirão Preto, é importante


ter como fundamento essencial as diretrizes

devem ser respeitadas.

básicas de edificações do município. Este documento, contém as principais atividades necessárias, para qualquer instituição educacional infantil. Desta forma, este documento nos mostra as principais relações de metragem quadrada pela quantidade de crianças, professores, funcionários e espaços que configuram a organização da instituição. Respeitando as diretrizes estabelecidas pelo Código de Obras de Ribeirão Preto e utilizando como base teórica também a dissertação de mestrado de Katia Adair Agostinho (2003)

“O Espaço da Creche: que

lugar é este?”( onde a autora trata da qualidade desses espaço do ponto de vista principalmente das crianças ), foi criada a tabela

abaixo com algumas relações que

75


Estas diretrizes acima servirão como fundamento para a configuração e a metragem de cada espaço que compõe o programa da unidade de educação infantil proposto, respeitando a relação professor/ criança, sendo na Pré-escola para as crianças de 3 a 4 anos -15 alunos por professor e para as crianças de 4 a 6 anos-25 alunos por professor (DELIBERAÇÃO CME N 001 /2001). Esta Escola de Educação Infantil atenderá 150 crianças em período integral, com a faixa etária de três a seis anos de idade, sendo duas salas de Maternal ( 3 a 4 anos),duas salas de Etapa I ( 4 a 5 anos) e duas salas de Etapa II ( 5 a 6 anos). Os setores são : administrativo, de serviços, pedagógico, de descanso, além das áreas de recreação coberta e descoberta.

76


IMPLANTAÇÃO

espera com vegetação e equipamentos infantis lúdicos, locados nesta área.

A área escolhida para implantação da

Outra diretriz projetual relacionada ao

escola possui potencialidades que foram

terreno é referente aos seus desníveis. O

utilizadas no projeto arquitetônico. Estas

terreno apresenta desnível de cinco metros

potencialidades estão relacionadas ao

e a proposta do projeto foi aproveitá-los

próprio terreno, pois devido ao seu grande

criando 3 platôs . A existência dos platôs

tamanho (150 x 80m), pôde-se deixar grandes

permite que o próprio terreno organize

áreas verdes no entorno da edificação,

as atividades que compõem a escola em

formando uma grande área que poderá ser

diferentes níveis.

utilizada pela população como uma praça de

Contudo, devido à dificuldade de implantação

lazer além de também favorecem ao microclima

do projeto arquitetônico foram realizados

da edificação, como também protegem a

diverso estudos com desenhos e maquetes,

edificação formando “cinturão verde” .

para verificar qual seria a melhor forma

A principal entrada da escola (entrada de

de ocupação, levando em consideração as

alunos) foi locada de modo a proporcionar

diretrizes projetuais pessoais bem como,

uma ampla área verde em sua frente, de modo

também respeitando os recuos e as diretrizes

que as pessoas que forem levar as crianças

básicas contidas na legislação Municipal e

na escola, poderão usufruir de uma área de

também Normas de Acessibilidade.

77


Área de estudo com curvas de nível (sem escala)

N FONTE: Acervo pessoal

ESTUDOS REALIZADOS PARA A IMPLANTAÇÃO DO EDIFÍCIO

78


SEGUNDO SEMESTRE DE 2016- DISTRIÇÃO ESPACIAL MAIS SOLTA

Imagem da maquete com a organização espacial e com a cobertura

FONTE: Acervo pessoal

79


Após todos estes estudos, realizou-se a implantação geral do edifício escolar. A solução encontrada para a melhor ocupação possível no terreno, foi criar 3 platôs em níveis diferentes. Sendo que no nível estabelecido como 1: encontra-se o Prédio Administrativo, o prédio de Serviços (Refeitório e Cozinha) e um prédio Pedagógico TIPO (com duas salas de aula e um banheiro entre elas). No nível estabelecido como 2:encontrase um m prédio Pedagógico TIPO e o espaço de Descanso e lazer para funcionários e professores. No nível estabelecido como 3:encontrase o último prédio Pedagógico Tipo e a Biblioteca.

80

SITUAÇÃO E IMPLANTAÇÃO GERAL


platôs e rampas NV. 03 NV. 01

NV. 02

PLATÔS RAMPAS

SEM ESCALA

81


IMPLANTAÇÃO ARTÍSTICA

82


CROQUI DE distribuição do programa

83


84

A escola possui três acessos independentes,

A administração está localizada próxima a

sendo : um acesso principal, onde

entrada principal, facilitando o acesso

acontece

a entrada dos alunos, pais e toda a

da população para resolução de questões

população , um acesso de serviços ,próximo

cotidianas referente a vida escolar das

á cozinha , para assim facilitar carga

crianças.

e descarga de produtos e um acesso de

O refeitório está próximo a entrada

funcionários, mas que em dias e horários

principal e ao pátio coberto de modo a

não letivos pode ser utilizado para a

viabilizar o livre acesso ao público em dias

população fazer uso das dependências da

de comemorações coletivas ,onde se faz uso

escola , para oficinas culturais, lazer,

tanto do pátio como do refeitório ( Festa

uso da biblioteca... dando assim uma outra

Junina).

funcionalidade a esta edificação , além do

As salas de aula são todas iguais e contam

atendimento escolar.

com um bloco de vestiário interno .Este

A circulação da escola é feita através de

vestiário possui

platôs e rampas, respeitando as normas de

das salas, como também para fora delas (

acessibilidade (NBR 9050).

de modo a tornar mais fácil o acesso das

A distribuição do programa foi projetada

crianças e dos professores nestes locais. As

de modo a ser funcional diminuindo as

salas possuem amplas aberturas para a área

distâncias percorridas .

coberta (“interior” ) facilitando o acesso

abertura para dentro


programa e acessos

LEGENDAS 1234-

Administrativo Serviços Pedagógico Descanso e lazer Acesso Principal Acesso de Serviços Acesso de Funcionários e da população em dias não letivos

85


dos familiares ao entregar e buscar as

ACESSO PRINCIPAL DA ESCOLA

crianças, bem como abertura para a área de recreação descoberta. O layout das salas de aula foram projetados de modo a possibilitar diversas atividades com pequenos grupos,com mobiliário na escala da criança. Deixou-se um local entre as duas salas de aula para Roda de Conversa e Contação de história. As salas de aula contam também com uma área para as crianças dormirem. ACESSO PRINCIPAL DA ESCOLA

86

ACESSO DE SERVIÇOS


ACESSO DE SERVIÇOS

ACESSO DOS FUNIONÁRIOS

VISTA AÉREA DO PÁTIO COBERTO

VISTA INTERNA DA ENTRADA DOS FUNCIONÁRIOS

87


BLOCO SALA DE AULA -TIPO

VISTAS DO INTERIOR DA SALA DE AULA

ESCALA 1:200 LOCALIZAÇÃO

ESCALA 1:200

88


Como a rotina da escola de educação integral

VISTA SALA DE AULA

é por vezes agitada e cansativa, fez -se necessário a criação de um espaço de aconchegante e com qualidade para descanso dos professores e funcionários. Este espaço encontra-se entre a Administração e a Biblioteca. Como foi dito anteriormente, a escola possui também uma Biblioteca para uso dos alunos como também para toda população. FORRO DE GESSO UTILIZADO PARA REBAIXAR O TETO E CRIAR VÁRIAS ALTURAS DE ACORDO COM O LAYOUT DA SALA

Este amplo espaço tem como característica a multifuncionalidade, podendo ser utilizado como espaço de leitura, informática e oficinas artísticas. No programa da escola há espaço também para horta e viveiro de animais. Na área de recreação descoberta localizada

ÁREA ENTRE AS DUAS SALAS DESTINADA A RODA DE CONVERSAS E CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

ao fundo das salas localiza-se um espaço de recreação sensorial, onde os brinquedos

89


imaginados para o local pudessem estimular os sentidos (através de cores, texturas, alturas e materiais diferentes),de modo a proporcionar novas formas de aprendizado e desenvolvimento,utilizando o conceito lúdico do espaço. Neste espaço a criança tem maior contato com elementos naturais tais como: areia, terra, água, sombra e árvores frutíferas. O objetivo principal desta área de recreação é estimular o desenvolvimento, através de todos os sentidos ( Olfato, Paladar, Visão e Tato). REFERÊNCIAS DE BRINQUEDOS

90


VISTA PERSPECTIVADA DA ÁREA DE RECREAÇÃO DESCOBERTA

FONTE: Todas as imagens de referências foram acessadas em Junho de 2016 e estão disponíveis em < http://www.archdaily.com.br/br/773517/19-playgrounds-provam-que-arquitetura-nao-e-somente-paraadultos

91


Espaço sensorial de recreação- vista artística

92


BLOCO ADMINISTRATIVO LEGENDAS 12345678-

7 3 2

6

Recepção Secretaria Almoxarifado Sala da direção Sala de reunião Wcs Copa Sala dos Professores

8

1 4

LOCALIZAÇÃO

5

ESCALA 1:200

93


VISTAS DO BLOCO ADMINISTRATIVO

VISTA DA SALA DOS PROFESSORES

ESCALA 1:200

94

ESCALA 1:200


ESPAÇO PARA DESCANSO E LAZER

VISTAS DA SALA DE DESCANSO E LAZER

ESCALA 1:200

ESCALA 1:200

LOCALIZAÇÃO

95


BIBLIOTECA

VISTAS DA BIBLIOTECA

LOCALIZAÇÃO

ESCALA 1:200

96


VISTAS DA BIBLIOTECA

VISTAS INTERNAS DA ESCOLA

97


BLOCO DE SERVIÇOS LEGENDAS 1234567-

2 A3

3 1

Vestiários Área externa (gás,lixo e compostagem) Despensa Seca Despensa Fria Área de Pré-Preparo e Cocção Distribuição da alimentação Refeitório

6

4

2

1

Corte Refeitorio 1 : 200

5 LOCALIZAÇÃO

2

ESCALA 1:200 0

2

4

6

8

ESCALA GRÁFICA

98

1

Cozinha

10

20 1:200

3

Vista Cozinha


VISTAS DA DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS (PASSA-PRATOS)

A organização espacial desta escola foi projetada em acordo com o programa de necessidades para escolas infantis (FDE), produzindo assim espaços de permanência, espaços de recreação, e espaços de

2

Corte Refeitorio 1 : 200

a Cozinha

aprendizagem. Sendo assim, através deste projeto arquitetônico, as crianças podem ter contato com ambientes internos e externos (amplas áreas verdes), uma maior versatilidade em relação a realização de suas atividades escolares cotidianas, podendo acontecer, em espaços mais restritos, como também em espaços coletivos, permitindo assim interações entre

as crianças nos diferentes

espaços e com diferentes faixas etárias, enriquecendo assim suas vivências, com experiências descobertas no ambiente escolar, no convívio com o outro e com o

99


externo e também possibilitando o pleno uso

próprio educador.

da luz solar sem que se faça uso de luzes MATERIALIDADE

artificiais. Quanto a cobertura das edificações, será

A escolha dos materiais foi pensada

feita com Lages impermeabilizadas.

para facilitar o processo construtivo,

Há também há uma cobertura metálica

proporcionando rapidez no tempo de obra e

(sanduiche) autônoma das edificações (com

minimizar os custos da construção, além do

forro de madeira ), que possui grande valor

conforto térmico proporcionado pelo material

plástico/funcional garantindo beleza e

e também devido ao fato do material estar

sombra aos pátios internos da edificação.

inserido no cotidiano

Esta cobertura tem característica formal

da população do

entorno , fazendo com que a vizinhança se

seus planos inclinados, fracionados ( de

identifique com a obra .

que pudessem criar diferentes alturas de

Foi escolhido como material principal

pé direito acompanhando a topografia) e

de fechamento a alvenaria autoportante

sobrepostos deixando espaço entre a altura

e para vencer os grandes vãos (devido as

de um plano e outro (evitando assim uso de

peles de vidro) a estrutura metálica. O

calhas). Além disto, esta cobertura conta

edificação toda possui grandes aberturas

com dois rasgos com inclinações de modo a

de vidro, permitindo o contato interno-

captar a água da chuva para uso da irrigação

100


das áreas verdes.

COBERTURA

METÁLICA

A escola possui placas fotovoltaicas em sua cobertura de modo a evitar o gasto com energia elétrica, utilizando de energia limpa e sustentável. O portão principal da escola conta com o sistema retrátil “Fancy-Fence”, possibilitando maior acessibilidade e a estética, eliminando qualquer elemento horizontal, O mecanismo vertical deste portão reduz a área necessária para os portões deslizantes, o que significa que o

ESTRUTURA DA COBERTURA

espaço adjacente à cerca pode ser usado para outras finalidades.

N

ALVENARIA ARMADA (TIJOLOS)

0

10

20

30

ESCALA GRÁFICA

1

40

50 1:500

Estrutura Telhado 1 : 500

101


VISTAS DA COBERTURA

102


PORTÃO RETRÁTIL -SISTEMA FANCY FENCE

VISTA PORTÕES RETRÁTEIS- ENTRADA PRINCIPAL E ENTRADA FUNCIONÁRIOS

FONTE: Disponível em :<http://fancyfence.pl> Acessado em Julho de 2016

103


1

Corte 1

0

1 : 500

10

20

30

ESCALA GRÁFICA

VISTAS GERAIS

0

1

21 0

FACHADA ENTRADA PRINCIPAL

10

20

30

40

50

ESCALA GRÁFICA Corte 1

1:500

0

1 : 500

Corte12 Corte

10

0

20

10

20

ESCALA GRÁFICA

FACHADA POSTERIOR- SALAS

10ESCALA GRÁFICA 20

0

1 : 500 1 : 500

30

30

30

40

50

ESCALA GRÁFICA

10

20

30

40

1:500

50

FACHADA -ENTRADA SERVIÇOS

Corte 2

ESCALA GRÁFICA

2

2

3

0

1:500

Corte 2

0

0

Corte 3

10

20

30

40

10

20

30

40

40

0

10

20

ESCALA GRÁFICA

0 0

30

10

ESCALA 10GRÁFICA

ESCALA GRÁFICA

1:500

40

20 20

1:500

10

ESCALA GRÁFIC

4

Corte 4 1 : 500

50

30 30

50

0

50

ESCALA GRÁFICA

1 : 500

3 1Corte 1: 500 : 500 3

30

ESCALA GRÁFICA

-ENTRADA FUNCIONÁRIOS

10443 Corte Corte

20

ESCALA GRÁFICA

1 : 500

1 : 500 FACHADA

10

1:500 40

0 40

50 50 1:500

1:500

0

Corte 4

4 Corte 4

10

10ESCALA GRÁFICA 20

ESCALA GRÁFICA

30


A criança é feita de cem. A criança tem cem mãos cem pensamentos cem modos de pensar de jogar e de falar. Cem sempre cem modos de escutar as maravilhas de amar. as alegrias para cantar e compreender., Cem mundos para descobrir. Cem mundos para inventar. Cem mundos para sonhar., A criança tem cem linguagens (e depois cem cem cem) mas roubaram-lhe noventa e nove., A escola e a cultura lhe separam a cabeça do corpo. Dizem-lhe: de pensar sem as mãos de fazer sem a cabeça de escutar e de não falar de compreender sem alegrias de amar e maravilhar-se só na Páscoa e no Natal. Dizem-lhe: de descobrir o mundo que já existe e de cem roubaram-lhe noventa e nove., Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho a realidade e a fantasia a ciência e a imaginação o céu e a terra a razão e o sonho são coisas que não estão juntas. Dizem-lhe: que as cem não existem A criança diz: ao contrário ,as cem existem.” loris malaguzzi

105


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107


108


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