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APOCALIPSE 3:7-13 INTRODUÇÃO Os números enganam. A teologia do crescimento da Igreja tem se preocupado com as mega-comunidades, com as grandes igrejas, com o seu grande número de membros, com os seus recursos e capacidade, com o alcance dos seus ministérios, numa perspectiva empresarial, negocial, mercantil. O sucesso dos ministérios pastorais é hoje medido em termos de quantidade. DESENVOLVIMENTO A igreja em Filadelfia era, ao contrário, pequena em todos os aspectos. Era reconhecidamente fraca. Não era grande. Não dispunha de muitos recursos. Não era um ministério bem sucedido para os nossos padrões. Mas era a igreja do Senhor Jesus em Filadelfia. Ela estava situada numa cidade economicamente próspera, localizada à porta de uma área muito fértil, de onde vinha a sua riqueza. Filadelfia era o nome da cidade, assim denominada por causa da lealdade de Atalo ao irmão Eumenes, rei de Pérgamo, que a fundou no segundo século a.C. Contudo, Filadelfia foi destruída várias vezes por terremotos. Apesar de tanta prosperidade, o povo passou a viver fora da cidade, em tendas e ao ar livre, porque a sua riqueza nada pôde fazer para deter os terremotos. Mas, por generosidade do império romano, a cidade foi reconstruída, e os seus habitantes deramlhe o nome de Nova Cesaréia. Ali floresceu e cresceu uma comunidade cristã cuja marca de seu caráter eram a sua fidelidade e perseverança. Em primeiro lugar, a pequena igreja de Filadelfia foi desafiada com grandes oportunidades do Reino de Deus (3:7 e 8). O Senhor da Igreja colocou diante da pequena igreja em Filadelfia uma grande
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oportunidade de serviço cristão. João nos diz que Ele tem a chave de Davi. Na simbologia desta descrição apocalíptica do Senhor da Igreja ecoam as profecias do Velho Testamento. Jesus é aquele que se assenta no trono de Davi para governar os povos. Ele é o messias e, portanto, tem a chave do Reino de Deus. É Ele quem abre as portas do Reino de Deus para os povos e ninguém pode fechar. Ele fecha as portas do Reino de Deus para os povos e ninguém pode abrir. É dEle a autoridade para admitir ou negar a entrada das gentes no Reino de Deus. Jesus Cristo é o soberano Senhor da salvação dos povos, das gentes, das nações. Por isso, Ele abriu as portas do seu reino em Filadelfia, e a pequena igreja teve um papel bem definido nos seus decretos eternos, na história da salvação, no Reino de Deus. Ela era fraca, mas guardou a palavra de Jesus. Ela era fraca, mas não negou o nome de Jesus. A pequena igreja de Filadelfia, de poucos recursos e capacidade limitada, era conhecida pelo Senhor da Igreja por ter guardado o seu Evangelho e confessado o seu nome. Com recursos ou sem, com capacidade limitada ou não, é preciso guardar o Evangelho e confessar o nome de Jesus. Ele nos deu a oportunidade de participar dos privilégios do Reino de Deus e de abrir as portas do seu reino para o bairro, para a cidade, para o país, para o mundo, onde nos encontramos, através da proclamação do Evangelho. Somos fracos diante do mundo que se nos opõe, mas uma porta está aberta diante de nós para a evangelização. Não é pura coincidência que estejamos aqui, que o nosso prédio tenha sido construído neste lugar, que um shopping center tenha sido erguido ao lado do nosso prédio. Nós precisamos ver todas essas coisas como oportunidades do Reino de Deus que se abrem para a igreja local segundo a vontade soberana de Jesus. E tudo isto não tem nada a ver com poucos ou muitos recursos, mas com a nossa disposição em aproveitar as oportunidades que vêm de Deus.
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Em segundo lugar, as dificuldades não dobraram a pequena igreja de Filadelfia (3:9 e 11). A igreja em Filadelfia foi perseguida pelos judeus. Além de ser limitada em recursos e capacidade, Ela sofreu forte oposição dos judeus que queriam negar-lhe os privilégios de ser povo de Deus, herdeira das promessas da graça da salvação, participante do Reino de Deus. Parece que os judeus tentaram desmoralizar os cristãos de Filadelfia, opondo-se a eles continuamente. Mas o Senhor Jesus os condenou. Eles eram sinagoga de Satanás, porque, na verdade, não eram povo de Deus, pois perseguiam o verdadeiro povo de Deus. Os falsos judeus, diz o Senhor da Igreja, prostrar-se-iam diante da pequena comunidade do seu povo, que por eles tinha sido humilhada, e ainda conheceriam o grande amor de Jesus por sua Igreja, o seu Corpo, do qual Ele é o Cabeça. A igreja de Filadelfia era amada do Senhor Jesus por causa de sua fidelidade. Ela o amava porque guardou a palavra da sua perseverança. Ela foi leal ao Senhor da Igreja, por isso Ele lhe foi leal, principalmente guardando-a da hora da provação, porque a igreja de Filadelfia guardou o Evangelho de Jesus e não negou o nome de Jesus no momento mais difícil de sua perseguição. Ela era uma pequena grande igreja, porque o nome do seu caráter era fidelidade e perseverança. Filadelfia era uma igreja leal ao Senhor Jesus. A igreja era fiel à proposta de Jesus no seu Evangelho. Ela dividia com o Senhor a mesma visão do reino. Ela estava engajada no projeto do Reino de Deus. A oposição de seus perseguidores não a fez arredar um milímetro de sua fidelidade e perseverança. Nós precisamos ter a visão do Reino de Deus. Nós precisamos estar sintonizados com os propósitos de Jesus para a sua igreja aqui. A igreja precisa entender qual a vontade do Senhor. Quando nos reunirmos para planejar as nossas ações, para projetar o nosso orçamento, para adotar novas diretrizes, nós, mais do que nunca, precisamos ser fiéis à
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visão de Jesus, à visão do seu reino, à visão que Ele tem para a nossa igreja, neste bairro, nesta cidade, neste estado, no mundo. O problema não são a falta de recursos e limitada capacidade, mas, sim, a falta de fidelidade e perseverança com respeito à visão de Jesus e do seu reino para a igreja. Em terceiro lugar, a pequena igreja de Filadelfia era motivada pelas grandes promessas do Reino de Deus (3:12 e 13). O Senhor da Igreja vem sem demora. Jesus faz à igreja de Filadelfia uma exortação: “Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”. Se a pequena igreja se mantivesse leal até o fim, ninguém lhe tomaria a honra de entrar no Reino de Deus para participar dos seus privilégios e abrir a sua porta a outros pela proclamação do Evangelho. Ela tinha um lugar nos planos missionários de Deus, na história da salvação, na expansão do Reino de Deus. Jesus prometera aos cristãos fiéis de Filadelfia, apesar de suas fraquezas e limitações, a firmeza e segurança de se tornarem coluna no santuário de Deus: de estarem na presença de Deus para sempre; de levarem o nome de Deus: de partilharem da santidade do caráter de Deus; de levarem o nome da cidade de Deus: de serem cidadãos da Jerusalém celeste; de levarem o novo nome de Jesus: de serem glorificados com a glória de Jesus. A recompensa da pequena igreja de Filadelfia não dependia dos recursos de que dispunha, da capacidade para empreender grandes projetos, do número de membros. O Senhor Jesus não avaliou aquela igreja de acordo com os nossos padrões de sucesso ou numa perspectiva econômica. Ela foi recompensada apenas porque era leal ao Evangelho de Jesus e ao seu nome. A certeza de que participaremos das grandes promessas do Reino de Deus é o que nos motiva a sermos fiéis à visão de Jesus e perseverarmos na sua vontade para a igreja. Sem a devida motivação, ninguém produz nada. Jesus nos motiva à fidelidade e perseverança com promessas gloriosas. Se as promessas da vida eterna não
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nos motivam a fazer a vontade de Jesus, nada mais vai nos motivar à fidelidade e perseverança. CONCLUSÃO Com recursos e capacidade limitados, o fato é que Jesus abriu diante de nós uma porta neste bairro, nesta cidade, neste estado, no mundo. Com recursos e capacidade limitados, existem diante de nós oportunidades grandiosas. Com recursos e capacidade limitados, nós vamos ter de enxergar além das nossas muitas dificuldades. Com recursos e capacidade limitados, o que conta é que Jesus nos faz promessas gloriosas. A nossa prédica se resume numa única e desafiadora indagação: Seremos fiéis à visão do Reino de Deus? Amém.