COMPLEXO CINEMATOGRÁFICO: ESPAÇO PARA CRIAÇÃO, EDIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAL AUDIOVISUAL

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INSTITUTO EDUCACIONAL SANTO AGOSTINHO FACULDADE DE ARQUITETURA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

COMPLEXO CINEMATOGRÁFICO: ESPAÇO PARA CRIAÇÃO, EDIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAL AUDIOVISUAL

Vitória da Conquista - BA 2019


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FACULDADE SANTO AGOSTINHO DE VITÓRIA DA CONQUISTA LÍGIA CARDOSO BORGES

COMPLEXO CINEMATOGRÁFICO: ESPAÇO PARA CRIAÇÃO, EDIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAL AUDIOVISUAL

Monografia apresentada à Faculdade Santo Agostinho Vitória da Conquista – FASAVIC, como parte da avaliação da disciplina Fundamentos de Trabalho Final de Graduação. Professor orientador: Bernardino

Vitória da Conquista - BA 2019

Fernando

Salgado


B732c

BORGES, Lígia Cardoso Complexo Cinematográfico: espaço para criação edição e distribuição de material audiovisual/ Lígia Cardoso Borges,--Vitória da Conquista:FASAVIC, 2019. 72p.

Orientador: Profº. Fernando Salgado Bernardino Trabalho de Conclusão de Curso em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade Santo Agostinho de Vitória da Conquista, BA – FASAVIC.

1. Arquitetura. 2. Cinema 3. Conforto Acústico. I. Borges, Lígia Cardoso II. Bernardino, Fernando Salgado. III. Faculdade Santo Agostinho de Vitória da Conquista. IV. Título.

CDU:72 Catalogação Bibliotecas Santo Agostinho Aline Andrade Ferraz – Bibliotecária CRB 5/001881/O



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AGRADECIMENTOS Agradeço a minha família pelo suporte durante todo o desenvolvimento acadêmico, às pessoas próximas que influenciaram de forma direta ou indireta o meu trabalho de conclusão de curso. Aos funcionários da minha faculdade por contribuírem para a manutenção do meu ambiente de ensino, aos professores, que participaram na construção do meu conhecimento acadêmico atual. Aos professores Silvio Jessé e Soraya Pretti, por serem pessoas tão importantes no momento da minha formação acadêmica se portando como figuras para espelhamento profissional e como ser humano. Agradeço ao professor orientador Fernando Salgado Bernardino, por ser tão paciente comigo e por ser de extrema importância na criação, desenvolvimento e conclusão do presente trabalho, agradeço também por ser parte indispensável da minha vida. Agradeço a Faculdade Santo Agostinho por prover o curso de graduação o qual estou me formando e por prestar assistência e estrutura para o desenvolvimento desta pesquisa.


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RESUMO

A cidade de Vitória da Conquista vem construindo ao longo dos últimos anos um horizonte cinematográfico cada vez mais destacado dentro de seu contexto regional, tendo como base os cursos da área audiovisual ofertados pela cidade, se tornando comum a prática de mostras de cinema, concursos de curtas-metragens, animações e produções cinematográficas. Esses eventos apresentam uma demanda especifica: um ambiente projetado para comportar este uso. Atualmente a cidade não possui um espaço capaz de atender plenamente eventos desse porte dispondo de espaços que recebem esses eventos separadamente, não significando atendimento pleno dessa demanda, após a análise da demanda apresentada foi possível chegar a um modelo de projeto que contempla as necessidades apresentadas e oferece níveis de conforto e qualidade estética aos usuários de forma a possibilitar o desenvolvimento do campo audiovisual na cidade apoiando os produtores locais, eventos e possibilitando a chegada da arte a parcelas da população a qual anteriormente não eram atendidas.

Palavras-chave: Arquitetura, Cinema, Conforto Acústico.


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ABSTRACT

The city of Vitória da Conquista has been building over the last few years an increasingly cinematic horizon within its regional context, based on the audiovisual courses offered by the city, becoming pretty normal the practice of film shows, contests. Short films, animations and film productions, these events have a specific demand: an environment designed to support this use, currently the city does not have a space capable of fully attending events of this size having spaces that receive these events separately, not meaning attendance After analyzing the demand presented, it was possible to reach a project model that meets the needs presented and offers users comfort and aesthetic quality levels in order to enable the development of the audiovisual field in the city, supporting local producers, events. and enabling the arrival of art to portions of the population which were previously unmet.

Keywords: Architecture, Cinema, Acoustic Comfort.


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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 5 1.1. Objetivos............................................................................................ 8 1.2. Problema e Hipótese ........................................................................ 9 1.3. Metodologia ....................................................................................... 9

2. O CINEMA PELA HISTÓRIA ....................................................................... 10 2.1. Horizonte cinematográfico mundial .............................................. 11 2.2. Horizonte cinematográfico nacional ............................................. 14 2.3. Horizonte cinematográfico local.................................................... 17 2.4.Evolução da produção..................................................................... 20

3. A 7ª MARAVILHA DO MUNDO MODERNO ............................................... 24 3.1.Projeto 1 – Cine Kamari ................................................................... 24 3.2.Projeto 2 – Kino Internacional ........................................................ 26 3.3.Projeto 3 – Theather IMAX............................................................... 28

4.ESTUDOS PRELIMINARES ......................................................................... 30 4.1. Localização...................................................................................... 30 4.2. Vias e Acessos ................................................................................ 30 4.3. Características do Terreno............................................................. 33 4.4. Topografia ....................................................................................... 36 4.5. Condicionantes Legais ................................................................... 37 4.5.1. PLANO DIRETOR – Lei 2043/2015 ...................................... 37


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4.5.2. ANCINE – Portaria 128/2016 ............................................... 38 4.5.3. ABNT NBR 12179/1992 ........................................................ 39 4.5.4. ABNT NBR 9050/2015 .......................................................... 39 4.5.5. ABNT NBR 9077/2001 .......................................................... 39 4.5.6. Corpo de Bombeiros (IT-11) ............................................... 40

5. PROPOSTA ARQUITETÔNICA .................................................................. 40 5.1. Programa de Necessidades ........................................................... 41 5.2. Pré-Dimensionamento .................................................................... 44 5.3. Abrangência Projetual .................................................................... 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 48


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1.

INTRODUÇÃO A proposta de um projeto de complexo cinematográfico vem do entendimento

da sua importância e relevância cultural para Vitória da Conquista-BA, bem como para atender a uma crescente demanda apresentada pela cidade, que não possui nenhuma locação voltada para as várias etapas que compõem desde o processo de criação até o momento da distribuição de material audiovisual. Também se baseia no poder de impacto intelectual que um espaço como esse traz consigo. Historicamente, os diversos recursos audiovisuais se apresentaram como forma de congelar e conservar importantes momentos e impedir que, assim como no grande incêndio da biblioteca de Alexandria, toda a história da humanidade descoberta se perca em dado momento. Além disso, esse espaço traz consigo grande poder reflexivo e empoderador, com forte relação aos movimentos libertários e protestantes, a favor da quebra de tabus e de preconceitos estabelecidos pela sociedade atual. Ou seja, o congelamento da história impede que os erros do passado se repitam. Dessa forma, é possível entender que um lugar onde não existe cultura do ensino ou onde esta é negligenciada, os erros do passado tendem a se repetir. A relevância do cinema e do envolvimento da população é estudado e defendido por muitos especialistas da área, já que um cinema e sua grande distribuição de arte contribui para a formação do que é chamado por psicopedagogos de inteligências múltiplas. Oferece, assim, novos cenários às pessoas, forçando suas mentes a se abrirem para novos horizontes, seja de convívio social ou aprendizado intelectual (ANTUNES, 1998). O cinema também é defendido como um importante antro para lutas sociais, onde o preconceito de qualquer forma vem a ser combatido, não só em questões cênicas, mas também no momento de interação social entre classes distintas e raças distintas. Esse preconceito foi quebrado graças aos esforços dos idealizadores dos teatros pós-elizabetanos, que perceberam como os burgueses se superiorizavam em relação à classe trabalhadora, inclusive não permitindo que o local em que eles estivessem tivesse cadeiras (BROOK, 2000). Dessa forma, aqueles que não tinham condições favoráveis até poderiam assistir a um espetáculo, porém não tinham onde sentar ou o que comer durante as longas apresentações.


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Com a quebra da ideia de deuses e mortais impostos a condições sociais, o teatro e o cinema puderam evocar para si o título de “lutadores” em relação a segregação social, pois apoiam a democracia e a igualdade social, racial e de gênero mesmo nos dias atuais, onde alguns países do mundo estão sob ditaduras, e usam como recurso de poder a forte censura aos cinemas. Nesses países, é comum a inexistência de complexos cinematográficos e, quando estes existem, o acesso da população sofre uma forte pressão por parte do governo. Dessa forma, é imprescindível para uma cidade que deseja manter sua história, a existência de um complexo cinematográfico, onde criações independentes e locais também possam ser desenvolvidas de maneira que a própria história seja guardada e passada para as próximas gerações (BROOK, 2000). O Brasil, apesar de não ser conhecido mundialmente por suas produções cinematográficas, tem grandes representantes mundo afora, com diversos curtas premiados e filmes como Tropa de Elite (2007), que transpassaram fronteiras e já estiveram presentes em premiações internacionais. Em 2015, o país contava com 2.883 salas de cinema legalmente registradas (ANCINE, 2015). Em relação ao mundo, o Brasil se encontra na 60º colocação em quantidade de cinemas por habitante. No entanto, esses números vêm crescendo e é cada vez mais latente o potencial de público para tais empreendimentos, de forma que o Brasil não só possui público e demanda para salas de cinema, mas também criadores e demanda de espaços audiovisuais voltados à oficina e construção do material final. Vitória da Conquista, desde sua fundação até os dias atuais, teve um número variante de cinemas. O pouco investimento e a relação de tamanho dos espaços, quando comparado com a demanda da população, eram desiguais. Um cinema não precisava ter mais que uma sala de sessão para atender a população e, mesmo assim, muitos fecharam devido a falência, tendo como solução a venda do imóvel para igrejas, ação imobiliária que se tornou bastante comum em todo o país. Na Tabela 1 estão descritos os cinemas que já passaram por Vitória da Conquista.


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Tabela 1 – Cinemas em Vitória da Conquista Cinema

Inauguração

Status

Cine Ritz

19321

Fechado

Cine Vitória

1970¹

Fechado

Cine Riviera

1970¹

Fechado

Cine Glória

1970¹

Fechado

Eldorado

1970¹

Fechado

Madrigal

1970¹

Fechado

Trianon

1970¹

Fechado

Cinema Jurandyr

1971¹

Fechado

Cine Iris

1971¹

Fechado

Cinema Ideal

1971¹

Fechado

Odeon Cinema

1971¹

Fechado

Cine Conquista

1971¹

Fechado

Moviecon Cinemas

2006²

Aberto

Centerplex cinemas

2018²

Aberto

Fonte: GUSMAO (2010)¹, PMVC.ba.gov (2019)²

Além de toda a experiência com salas de cinema, a cidade também possui um curso de graduação em cinema, na Universidade Estadual do Sudeste da Bahia (UESB), assim como outros projetos de pesquisa e extensão independentes como Janela Indiscreta e Concurso de Curtas, movimentos esses que tem suas apresentações improvisadas no núcleo de jornalismo e TV da UESB ou em auditórios e salas multimídias. Dessa forma, a implantação de um complexo cinematográfico incentivaria um mercado já existente na cidade, trazendo novas perspectivas e oportunidades de maior desenvolvimento da área, oferecendo um diferencial para a cidade.


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Em Vitória da Conquista não existe espaço físico voltado para cinema independente e eventos que apoiem o cinema, como a Mostra de Cinema anual. Esta, no ano de 2019, completa 14 anos de existência e muitas de suas edições foram realizadas no Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima. Essa falta de infraestrutura impacta diretamente não só apenas no curso da UESB, mas também interfere nos projetos ligados às políticas de fomento para a disseminação das habilidades audiovisuais por meio de cursos. Logo, a existência de um complexo atenderia de maneira enfática a necessidade crescente que a cidade apresenta. Considerando o potencial de Vitória da Conquista para ser um polo universitário em sua região, é vital a construção de um centro audiovisual na cidade, trazendo, assim, um forte desenvolvimento artístico e um maior aperfeiçoamento em uma das 7 maravilhas da arte moderna, já que proporcionaria também o acesso a filmes de produções independentes de todo o mundo que são aclamados pela crítica, porém nunca alcançam o cinema comercial, ficando apenas em nomeações de prêmios internacionais e mais tarde disponibilizados diretamente em mídia de DVD, ou ainda em serviços de streaming, como NETFLIX.

1.1. Objetivos Dessa forma, o objetivo principal deste trabalho é desenvolver a proposta de projeto de um complexo cinematográfico que atenda a crescente demanda do mercado audiovisual na cidade de Vitória da Conquista. Os objetivos específicos são: Propor ambiente de trabalho propício à edição de material audiovisual para profissionais da área; proporcionar local adequado para exibição de filmes independentes; ofertar espaço para realização de mostras e festivais de cinema; integrar à cidade o conceito cultural de mostras e festivais de cinema; ofertar espaço para realização de cursos voltados à área, e projetar um complexo cinematográfico com características sustentáveis minimizando o consumo de recursos energéticos e hídricos.


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1.2.

Problema e Hipótese Diante

do

exposto,

tem-se

como

problema:

Como

um

complexo

cinematográfico pode promover o processo de criação, edição e distribuição de material audiovisual? A hipótese levantada é: A implantação de um complexo cinematográfico contribuirá para o desenvolvimento da área audiovisual da cidade e para o acesso a filmes independentes que não entram no circuito nacional ou internacional do cinema.

1.3.

Metodologia A metodologia aplicada será exploratória e hipotética dedutiva. A conclusão

da pesquisa será a apresentação de uma proposta de projeto conceitual que, baseado em deficiências pré-apontadas, busca sana-las atendendo a demanda apresentada. Os subsídios necessários para a realização da pesquisa serão captados em forma de dados quantitativos documentais sendo: Pesquisa bibliográfica para base teórica; Diagnóstico do horizonte cinematográfico local; Análise e organização de dados captados; Criação de programa de necessidades baseado em dados coletados. Nos próximos capítulos deste trabalho serão apresentados a contextualização histórica do cinema, seu caminho pela história mundial até sua chegada na cidade de Vitória da conquista, as diferentes tipologias do cinema e como cada uma marcou seu momento na história, e hoje como é possível, de acordo com a normatização, construir uma sala que promova conforto visual e acústico para os espectadores. Também será apresentado o desenvolvimento dos aparatos de pré e pós produção que trabalham junto ao cinema para completar sua experiência sensorial, seguido pela contextualização dos processos que envolvem o cinema, a introdução dos projetos referenciais e os motivos de suas escolhas, e os estudos preliminares que dizem respeito ao desenvolvimento do projeto final, trazendo localização, acessos, topografia do terreno, aspectos legais e leis aplicáveis, o programa de necessidades inicial, a proposta de conceito e partido, a proposta arquitetônica do projeto, onde são descritos os ambientes propostos e as razões para a construção. Por fim, as considerações finais e conclusão do trabalho.


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2. O CINEMA PELA HISTÓRIA Cinema significa toda imagem em movimento dentro de uma cena, ou mesmo fotografias em sequências. Envolve perspectiva e profundidade, uma diferente leitura do mundo e uma forma singular de mostrar isso (GRILO, 1958). Empiricamente o cinema significa ainda mais que seus conceitos, está além da técnica de como foi feito. Sua importância está no produto final da junção de conceito e técnica, na mensagem que o espectador recebe. Essa necessidade de atingir o público de maneira singular trouxe para o cinema uma demora em sua solidificação no horizonte mundial (BERNARDET, 2017). Uma das consequências que puderam ser observadas foi o cinema préguerra, que era tido como recreação por muitos, descaracterizando seu conceito filosófico intrínseco, apesar de esse mesmo momento histórico contar com, de acordo com dados históricos, um dos maiores números de cinema em funcionamento na Europa. Presume-se que somente em Paris existia cerca de 200 cinemas funcionando no ano de 1913 (MACHINSKY, 2015). Em contrapartida, existia forte resistência por parte das pessoas que valoravam o cinema por seus conceitos originais, o que o levava a ser chamado de oitava maravilha do mundo. Mais tarde, o título lhe foi conferido pela sociedade moderna, garantindo ao cinema o título de patrimônio cultural da humanidade e de 7a maravilha do mundo moderno (MACHINSKY, 2015). Uma das marcas históricas que o cinema carrega é sua relação direta com a 2a Guerra Mundial, onde países utilizavam de sua influência cinematográfica para informar a população ou como forma de propaganda e incentivo ao alistamento voluntário de jovens aos exércitos. Como um dos momentos chave, a companhia de cinema e animação Walt Disney participou ativamente como propagandista durante a 2a Guerra e Guerra Fria, trazendo o icônico” Der Fuehrer's Face”, premiado com o Oscar de melhor curta metragem, demonstrado na Figura 1, de 1942. Este trazia os personagens Pato Donald e Pateta ligados à guerra, focando na propaganda antinazista, instigando jovens americanos a se alistarem em um período de baixas dentro do exército (FERREIRA, 2007).


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Figura 1 – Der Fuehrer’s Face, Estudios Walt Disney - 1942

Fonte: Wikpedia (2019) Adaptado pelo autor

2.1.

Horizonte cinematográfico mundial O cinema e sua arquitetura nasceram no final do século XIX, quando

arquitetos como Walter Groupius começaram a incluir, na parte cênica do teatro, ferramentas cinematográficas já disponíveis na época. Muitos autores entendem essa mesma época como o início da decadência da arte teatral, já que o cinema era uma concorrência tecnológica inalcançável (ZILIO, 2010). A ideia básica do cinema era juntar grandes momentos fotografados em uma sequência, sem áudio ou sequer uma linha de tempo ou desenvolvimento preciso. O início do cinema foi uma fase de experimentação, onde o filme era apenas um grande compilado de fotos aleatórias ou de imagens de câmeras fixas fazendo movimentos circulares sem nunca perder sua referência de eixo (KORNIS, 2008). Porém, o cinema não foi sucesso em suas primeiras aparições. Na primeira sessão de cinema do mundo, na Paris de 1895, as pessoas se assustaram com a realidade tecnológica existente no curta “The Arrival of a Train at La Ciotat station” , demonstrado na Figura 2, que continha um percurso feito por um trem chegando em


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sua estação. O filme, dirigido pelos pioneiros do cinema e grandes nomes referenciais até os dias atuais - os irmãos Lumière - apavorou os espectadores, que deixaram a sala correndo. A situação foi descrita pelos jornalistas como “uma excitação que beirou o terror, para logo depois o terror se tornar pânico” (MENNEL, 2008).

Figura 2 – Cartaz de Convite à primeira sessão de cinema da história

Fonte: UMBU (2019) Adaptado pelo autor.

Durante sua fase de estabelecimento, o cinema passou por diversas tribulações. Com seu fracasso inicial, muitos críticos associaram o train effect à ideia de que o cinema era algo para morrer naquele momento e ressurgir em séculos vindouros, pois claramente seu público o havia rejeitado, e isso o fez não possuir locações próprias (MENNEL, 2008). As exibições eram feitas em salas de teatros e até mesmo em vagões de circos itinerantes. Isso se estendeu pelos primeiros 20 anos do cinema, uma época conturbada em que esse segmento sofreu bruscas e quase diárias

mudanças

em

seus

conceitos,

até

que

encontrasse

seu

estilo

(MASCARELLHO, 2016). Em 1910, quando a fase chamada Cinema Narrativo chegou e, junto com ele, as diversas vanguardas cinematográficas, começou ser necessária a intervenção da


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arquitetura, já que as salas comuns não eram suficientes e as salas de teatro eram grandes demais (KORNIS, 2008). Foi necessária uma expansão no campo da arquitetura e a construção de um local que atendesse a plenitude das necessidades cinematográficas. Desde então, o cinema tem sido usado como grande e importante ferramenta para contar a nossa história. Idealizado por Marc Ferro, a utilização do cinema passou a ser como um projetor daquilo que deve ser transmitido de gerações em gerações. Iniciou na França, sua terra natal, e logo se espalhou por outros países, incluindo o Brasil, já que é incontestável a influência cinematográfica na sociedade atual (KORNIS, 2008). Quando, por volta de 1960, a arquitetura se apoderou de vez do conceito de cinema, ela o dividiu por dois vieses. O primeiro englobou a arquitetura cênica, ou efêmera. O segundo diz respeito à arquitetura física do edifício cinema, que se inclinava à ideia de arquitetura vernacular, fundada pela vanguarda teatral. Esse conceito foi assumido em um momento delicado, onde modernistas e pós modernistas batalhavam pelo direito da hegemonia. Assim, o cinema acabou sendo um prédio com características marcantes modernistas. Porém, graças ao movimento opositor, sem as principais características do movimento. Como mostrado na Figura 3, o Kino Internacional é um dos maiores exemplos das marcas modernistas no cinema durante essa batalha de escolas arquitetônicas.

Figura 3 – Kino Internacional. Vanguarda Modernista

Fonte: Kino internacional (2018)


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Dessa forma, com o passar do tempo, aos poucos o cinema foi adquirindo características contemporâneas e/ou ecléticas, não sendo adotada por nenhuma das vanguardas clássicas da arquitetura. Esse desenvolvimento, que ainda ocorre, traz um leque de possibilidades em referência à estética de um cinema, já que ele não necessita seguir o conceito forma-função.

2.2.

Horizonte cinematográfico nacional No Brasil, o cinema começou de forma conturbada, tendo diversos momentos

de súbita descontinuidade, de modo que os eventos aconteciam de maneira curta e quase aleatória, não permitindo desenvolvimentos notórios dentro do horizonte cinematográfico. Essa descontinuidade afetou carreiras de cineastas pelo Brasil inteiro e muitos diretores com futuros promissores lançaram sucessos e caíram em esquecimento durante essas paradas (JOHNSON, 1993). A irregularidade propiciou o nascimento do movimento da pornochanchada no Brasil, que foi um momento de aumento espontâneo na produção de filmes com cunho pornográfico escrachado, movimento esse que apenas abraçou características já enraizadas nos cinemas norte-americanos e europeus. Esse cinema colocava a mulher em posição de objeto para prazer e dava ao homem o título de dominador. Uma das grandes atrizes de sucesso desta época foi Sonia Braga, demostrada na Figura 4. A pornochanchada também trazia em seus diálogos de comédia pastelona escrachada e críticas duras ao governo, que na época se tratava da ditadura militar, já que com seu crescimento estando à margem de qualquer lei do audiovisual vigente não podia ser censurada ou retaliada pelo governo. (SELIGMAN, 2013).


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Figura 4 - Sonia Braga para revista masculina

Fonte: Revista Playboy (1984)

Atualmente, a empresa responsável pela fiscalização e distribuição de qualquer material audiovisual legalizado dentro do território brasileiro é a Agência Nacional do Cinema (ANCINE). A maioria dos complexos cinematográficos tem, ou deveria ter, uma ligação direta com o órgão, já que até mesmo para eventos de exposição e concursos que envolvam material inédito é necessária a aprovação da ANCINE. Isto já levantou diversos questionamentos opositores sobre a necessidade de um órgão para censurar o cinema e limitar os criadores de conteúdo indie (FORNAZARI, 2006).


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Logo, para a abertura de um complexo cinematográfico, ou cinema, também é necessário, de acordo com o artigo 22º da MP 2228-1/2001 (ANCINE, 2019), que seja feito um cadastro e avaliação na ANCINE, já que se trata do principal órgão regulador da área. Em uma linha do tempo, a história do cinema no Brasil não foi rápida, muito menos superficial como foi em países não tão desenvolvidos para a época. Os principais eventos relacionados estão listados a seguir. 1896 – O primeiro cinema chega ao Brasil, no Rio de Janeiro, em uma sala alugada com os equipamentos recém apresentados ao mundo pelos irmãos Lumière. 1897 - É inaugurado o “Salão de Novidades Paris”, a primeira sala fixa de cinema do Brasil, no Rio de Janeiro. 1908 – Primeiro filme produzido no Brasil, o filme “Posados’. Foi produzido por proprietários de cinemas brasileiros, como Francisco Marzullo. 1917 – Ano em que foram iniciadas a produção de animações no Brasil, marco que ampliava a visão audiovisual brasileira. 1923 – Se iniciam pequenos ciclos regionais cinematográficos fora do eixo RioSão Paulo, e o advento do cinema narrado acontece. O cinema mudo passa a ser considerado cult. 1944 – O Brasil ganha um prêmio de honra durante a premiação do Oscar, pela música “Você Já foi à Bahia”, trilha sonora de um filme do Pato Donald. 1949 – É fundado o estúdio Vera Cruz, um complexo de “moldes” cinematográficos, funcionando como local de produção e edição de longa-metragem. 1952 – É fundado o Congresso Nacional de Cinema Brasileiro, no estado do Rio de Janeiro. 1953 – O primeiro filme brasileiro indicado ao prêmio principal do festival de Cannes, “O Cangaceiro” de Lima Barreto. 1954 – É apresentado, no dia 10 de setembro, na cidade de São Paulo, o primeiro sistema de projeção em cinemascope no Brasil. 1956 – Fundação do Instituto Nacional de Cinema, INC, que funciona como um incentivador para produtores brasileiros executarem e exibirem suas produções, com


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ênfase em produções independentes. 1962 – Campanhas de apoio financeiro ao cinema indie brasileiro, com auditoria do instituto Embrafilme. 1968 – Se consolida o movimento do Cinema Novo. Começam aparecer filmes “pornochanchadas”, e a resposta negativa ao início da queda do cinema brasileiro. Nomes do cinema se encontravam em estado de beira-falência, apelando para cinema pornográfico, o que Glauber Rocha chamava de subdiretores de um sub-cinema. 1973 – É criado o festival de Gramado, anualmente premiando filmes brasileiros. 1976 – Criação da CONCINE, o Conselho Nacional de Cinema, órgão responsável pela criação do código de ética e sua fiscalização. Foi extinto no ano de 1990. 1982 – O primeiro curta metragem animado brasileiro “Meow!” é premiado no festival de cinema de Cannes. 1990 – O então governador Fernando Collor extingue a Embrafilme, o CONCINE, a Fundação do Cinema Brasileiro, o Ministério da Cultura. As leis de incentivo à produção, os órgãos reguladores da distribuição e estatísticas sobre cinema são canceladas no Brasil. 1991 – O governo nacional sanciona a Lei Rouanet, lei de apoio a ações culturais de diversos segmentos. 1992 – Criação da Secretaria para apoio ao desenvolvimento do audiovisual. 1993 – Foi instaurada a Lei do Audiovisual, que prevê o abate de impostos sobre material referente ao tema audiovisual, qualquer que seja sua espécie. 2001 – Criação da ANCINE, a Agência Nacional do Cinema, por meio de uma medida provisória. 2002 – Fundação da Academia Brasileira de Cinema, que passou a organizar todos os prêmios brasileiros na área audiovisual. 2006 – Criação do Fundo Setorial Audiovisual, FSA, que tinha o objetivo de fiscalizar e organizar os projetos de cunho cinematográfico pertencentes ao governo


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2.3.

Horizonte cinematográfico local Em Vitória da Conquista, o cinema chegou por volta de 1912, com sessões

únicas e independentes de “cinema”. Esses eventos costumavam acontecer durante feiras, em ambientes improvisados com lonas, pelo centro da cidade (MOSTRA DE CINEMA CONQUISTA, 2018). Logo, a cidade demonstrou o seu potencial para a área, quando diversos cineclubes abriam e funcionavam bem, despertando o olhar empreendedor das pessoas responsáveis por trazer os cinemas já existentes na cidade. Alguns destes estão demonstrados na Figura 5. Um dos patronos do cinema local foi Jorge Luis Melquisedeque, um videomaker que desenvolveu seus trabalhos a partir dos anos 1990. Sua paixão particular pelo cinema, em parceria com outras pessoas de influência, possibilitaram a realização de mostras de cinema, seminários, cursos e oficinas, estabelecendo a arte cinematográfica em Vitoria da Conquista. Assim, influenciaram diretamente a criação do programa Janela Indiscreta Cine Vídeo, realizado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (FERNANDES, 2014).

Figura 5 – Cinemas em Vitória da Conquista

Fonte: Elaborado pelo Autor (2019)

Vitória da Conquista, assim como o Brasil inteiro, durante o golpe militar conheceu o movimento da pornochanchada e chanchada. Estes filmes motivaram o


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movimento do Cinema Novo, o que inevitavelmente levou ao fechamento de diversos cinemas. Numa época em que não havia fomento à arte, apenas grandes estúdios ou pessoas com grandes patrocínios conseguiram realizar o feito de fazer um filme, ou de manter um cinema que não fosse atacado pela onda das chanchadas. Um dos cineastas que encabeçaram esse movimento do cinema novo, e que levou sua pauta a nível internacional com filmes que apresentavam duras críticas e discursos cheios de empoderamento, demonstrando a realidade brasileira e o silenciamento seletivo de mídias, foi Glauber Rocha. Glauber Pedro de Andrade Rocha nasceu em 1939, em Vitória da Conquista. Descobriu sua vocação enquanto assistia o, já censurado, Verão 40 graus. Sua arte sempre teve conceito provocador, qualidade que ele levaria por toda a sua vida e que se estenderia para além do campo do cinema (DESBOIS, 2016). Liderava, junto com outras grandes mentes, o movimento do Cinema Novo, que criticava a censura, lutava pelo direito às leis e programas de fomento e buscava oferecer cinema às pessoas por meio de arte, um poder cultural e intelectual até então desconhecido. Os cineastas do movimento Cinema Novo criticavam o domínio dos grandes cinemas e a expansão agressiva das igrejas, que costumavam comprar muitos cinemas que entravam em fase de declínio. Suas ideias trouxeram grande legado com seu nome, o que voltou os olhos do país para sua cidade natal (DESBOIS, 2016). De acordo com informações colhidas da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Vitória da Conquista influencia um total de 52 municípios com seu horizonte cinematográfico (MOSTRA DE CINEMA, 2018). Porém, aos olhos do curso de Cinema, a cidade não possui nenhum tipo de estrutura que possa atender as atividades de um curso que exerça tamanha influência dentro de sua microrregião. Dentre as ações que movimentam o mercado cinematográfico de Vitória da Conquista estão: Mostra Anual de Cinema; Festival de Cinema do Sudoeste Baiano; PocaZoi Festival; Semana do Cinema e Audiovisual; Concurso de Curta-metragens Estudantil; Mostra SESC de Cinema; Cine SESC Gratuito; Mostrinha de Cinema Infantil; Janela Indiscreta. O principal foco do cinema local é a Mostra de Cinema, um evento anual promovido pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), demonstrados na Figura 6, o que garante visibilidade às produções conquistenses.


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Figura 6 – Eventos Relacionados ao Cinema em Vitória da Conquista

Fonte: Elaborada pelo autor (2019)

Porém, da mesma forma que a cidade tem um enorme potencial para produção de material audiovisual, não possui espaços com estrutura adequada para pleno suporte de tais eventos, criando uma barreira no desenvolvimento desse mercado, seja na dificuldade de adaptação desses locais ou pela falta de espaços para trabalho, não deixando escolha aos profissionais atuantes no mercado senão a busca por estúdios particulares, terceirização de serviços e por vezes a necessidade de finalizar seus produtos em outra cidade. Na Figura 7 é possível visualizar os espaços que atendem à demanda do mercado audiovisual da cidade, e a sala de pré e pós-produção do curso de cinema da UESB, único espaço na cidade que os estudantes podem fazer uso para a realização de seus trabalhos.


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Figura 7. Espaços existentes em Vitória da Conquista

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

2.4.

Evolução da Produção O conceito de pré/pós-produção surgiu por volta de 1895, quando as primeiras

formas de linguagens e processos estruturantes começaram a surgir, evoluindo conforme o mundo evoluía (PEDROSA, 2016). Em seu início, o cinema era feito com roteiro simples e o “cameraman” assumia a posição de quase chefia. Após o aumento da duração dos filmes, que passaram a ser longametragens, foi necessário que fosse sofisticada sua forma de proceder, já que até então o poder e o controle da produção era centrado em um único diretor. Dessa forma, começam ser necessários artifícios como roteiros e storyboards (Figura 8), que contam como a cena será montada, filmada e pós produzida (SOARES, 2007). Artifícios como trailers foram introduzidos apenas em 1915, com a missão de atrativo publicitário perante o público antes da estreia do filme, e garantia um maior controle sobre a demanda do filme.


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Figura 8 – Justice League Storyboard, Steve Skroce

Fonte: MANGAFOREVER (2019) Adaptado pelo autor

Storyboard é um termo da língua inglesa que significa “quadro de histórias”. Caracteriza uma das formas mais eficazes de montagem de roteiro, geralmente criado na fase de pré-produção. Este artifício nada mais é do que o mapeamento da filmagem em forma de histórias em quadrinhos (SOARES, 2007), utilizado como base referencial para a montagem da fotografia da cena, de que forma e posição cada cena será gravada, e costuma ser liberada para acesso público após o lançamento do filme, À exemplo o storyboard do filme PROMETHEUS (Figura 9). Essa mudança foi necessária quando cineastas perceberam que era possível uma grande economia monetária se todas as cenas do filme que fizessem uso de um mesmo plano de fundo ou de uma mesma sequência fossem gravadas fora da ordem cronológica do filme e de uma única vez. Este fato só aconteceria se o cinema


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passasse a ter um roteiro semelhante a forma de condução de uma peça teatral e um plano sequencial desenhado previamente. Hoje em dia esta formatação de roteiro é marca de muitos cineastas de renome (SOARES, 2007).

Figura 9 – Storyboard ridleygram do filme Prometheus, Ridley Scott

Fonte: POND5 BLOG (2019)

Em questão de tecnologia, o horizonte cinematográfico vem expandindo exponencialmente. Com os avanços atuais já é possível, além do uso dos efeitos especiais, o efeito de Computer Graphic Imagery (CGI), demonstrado na Figura 10, que permite a criação de cenários e até personagens inteiros (PENAFRIA, 2007). O carro chefe da tecnologia atual são filmes em 3D e 4D e definição 4k, que tem como conceito um cinema sensitivo em que o telespectador pode passar pela experiência do filme utilizando os demais sentidos e sensações do corpo.

Figura 10 – Efeito CGI, Thanos (Avengers: Endgame)


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Fonte: AWN HD (2019)

Isso é visível para o público em forma de Making-off, um compilado de gravações que demonstram todo o processo por trás das câmeras, desde comentários do diretor até a montagem de cenas de plano-sequência (PENAFRIA, 2007). Toda a evolução da tecnologia permitiu o avanço significativo na produção de animações, que passaram de filmes desenhados à mão, quadro por quadro, para filmes modelados em softwares de ponta com renderização em HD. Assim, filmes em stop-motion são feitos em tão perfeito detalhamento que se torna difícil diferenciar o que é feito digitalmente e o que é artesanal. Este elogio foi conferido aos cineastas Tim Burton, por Coraline e o Mundo Sombrio, e Orson Wells, pelo premiado Fantástico Senhor Raposo, pela Academy of Motion Picture Arts and Sciences (The Academy). Ambos os filmes estão demonstrados na Figura 11.

Figura 11 – Coraline e o Mundo Sombrio, O Fantástico Senhor Raposo


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Fonte: Elaborado pelo Autor (2019)

2.5 O Cinema e a arquitetura Identificar a escola arquitetônica do cinema é difícil, pois seu momento de criação foi conturbado, e em uma análise final seu estilo é variável, podendo ser profundamente influenciado pelo meio em que está inserido, ou por seu idealizador. No início de sua história, o cinema acontecia a céu aberto, em praças, durante feiras ou festivais, sem necessariamente existir um espaço físico para abrigar esses eventos. Pouco tempo depois os teatros começaram a dar espaço para essa arte, acontecendo diversas exibições de filmes ao redor do mundo, mas ainda assim, por mais monumental que fosse, um teatro não oferecia a estrutura que o cinema precisava (GASTAL 1998). A tipologia a céu aberto, conhecida como open air cinema, ganhou notoriedade com o passar dos anos pela informalidade que trazia e pelo contato com a natureza, fazendo apologia ao contato com os deuses, proposta característica dos cinemas gregos. Posteriormente, passou por um processo de evolução, dividindo-se em diversas formas de open air cinema, como a nostálgica tipologia drive-in, muito referenciada em filmes consagrados da cultura pop atual (Figura 12). Esta se caracterizava por grandes estacionamentos que serviam de plateia onde pessoas em seus automóveis podiam assistir a projeções em prédios ou em telões, sintonizando a rádio do carro para a transmissão do áudio do filme. Figura 12. Drive-in, filme: Grease (1978)


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Fonte: FILMN’FILMS (2015)

Atualmente, muitos países buscam a retomada desse segmento clássico dos cinemas. No Brasil, os movimentos Jameson Cinema Club e Cine Autorama trazem, de forma gratuita e em diferentes lugares da cidade, a oportunidade do público participar dessa experiência. Após esse início “difícil” de carreira, o cinema passou a acontecer dentro de teatros, onde eram aproveitados seus formatos de plateia e palco para melhor locação. Porém, logo o teatro se mostrou ineficaz para a consolidação do cinema por não conseguir acomodar sistemas de sonorização e pelo difícil ajuste de tela ao palco. De acordo com Kornis (2008), nesse momento o cinema se apoderou da arquitetura utilizada em teatros para seu próprio benefício, criando seus próprios prédios e os batizando de movie theathers. Esses prédios carregavam características góticas, modernistas e até mesmo neoclássicas (Figura 13).

Figura 13. Marcus Theatres Chesterfield Galaxy 14


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Fonte: Cinema Treasures (2013)

Considerando essa irregularidade arquitetônica, com o passar do tempo o cinema foi construído visando a melhor funcionalidade, trabalhando com padrões específicos de sala. Os prédios podiam ser desde galpões sem expressão a prédios monumentais carregados de influência arquitetônica. Como exemplo dessa irregularidade, atualmente vários coliseus e arenas romanas, que datam de épocas antes de Cristo, tem sido utilizados para shows, eventos variados e festivais de cinema. Essas arenas tem seu estado de conservação variado, e enfrentam sérios problemas acústicos. Dentre estas está a Arena de Pula, na Croácia, que data de 81 A.C, construído pelo imperador Titus (Figura 14). Após o cessar de suas atividades, a arena esteve abandonada, com apenas pequenas manutenções até o ano de 1932, quando foi adaptada para receber peças teatrais e eventos públicos (IANNIELLO, 2017). A partir de 1954, a arena passou a atuar como cinema a céu aberto, como pode ser observado na Figura 15. Dessa forma, é perdida a qualidade arquitetônica, já que essa tipologia de cinema não demanda espaço fechado.

Figura 14. Arena Pula, Croácia


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Fonte: IANNELLO (2007)

Figura 15. Festival de Cinema, Arena Pula

Fonte: IANNELLO (2017)

A arena Pula atualmente recebe diversos festivais de cinema, shows de cantores e músicos consagrados, como David Gilmour e Luciano Pavarotti. No entanto, não significa que atende plenamente ao esforço exigido. Pela falta de artifícios específicos, a acústica e sonorização da arena não são adequadas, o que de acordo com Iannello (2017) gera problemas em todos os eventos, sendo que muitos deles não são sequer perceptiveis pela audiencia, que pode chegar a mais de 15 mil pessoas, mas é uma grande preocupação do ponto de vista dos profissionais de arquitetura.


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2.6. A construção de uma sala de cinema e seus condicionantes No Brasil, para a construção de uma sala de projeção, sala de cinema, cinema outdoor ou qualquer uma de suas vertentes, é necessário que a norma ABNT NB 1186/1988 seja atendida. O primeiro passo para a construção deste local de projeção é a escolha do tamanho da tela. Atualmente é possivel comprar tela personalizada, sendo que a altura da tela é diretamente relacionada à sua largura. O segundo passo é a locação da plateia. Diferentemente dos cálculos realizados para auditórios e teatros, que consideram o tamanho do palco, a distância da primeira fileira em uma sala de projeção se dá de acordo com o tamanho da tela, sendo esta uma das razões pela qual a utilização de teatros tornava a experiência de assistir um filme incompleta. De acordo com a NB 1186, a recomendação é que o encosto das cadeiras da primeira fileira esteja a uma distância correspondente a no minimo 60% do valor da largura da tela, e o encosto da ultima fileira deve estar a uma distancia maxima igual a 2,9 vezes a largura da tela (Figura 17). Figura 17. Distância da primeira e utlima fileira em salas de projeção

Fonte: ABNT NB 1186 (1988)

Em relação à altura das cadeiras, é recomendado que a tela esteja a no mínimo 1,20 m do piso, que compreende a altura de uma pessoa sentada, de forma que a


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cosntrução da plateia se dá em função desse valor. É preciso, ainda, que cada pessoa nas fileiras subsequentes esteja a pelo menos 12 cm de altura acima da pessoa à sua frente, para que se possa ter uma visão completa da tela. É preciso considerar também que as pessoas da primeira fileira tenham ângulo de visão do ponto central da tela menor ou igual a 30º e do ponto superior da tela menor ou igual a 45º, para que não seja preciso levantar a cabeça, comprometendo o conforto físico do espectador (Figura 18). Figura 18. Corte da plateia

Fonte: ABNT NB 1186/1988 (19988)

A cabine de projeção, de acordo com a ISO9568/1993 (1993) deve estar suspensa, e na parte central do fundo do cinema, de forma que o equipamento que fará a projeção tenha o feixe de luz a 1,90 m de altura do piso da ultima fileira e 1,90 m de altura do piso da primeira fileira (Figura 19).


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Figura 19. Projeção do filme

Fonte: ISO 9568/1993 (1993)


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3. A 7a MARAVILHA DO MUNDO MODERNO Para a produção do objeto de estudo apresentado no presente trabalho foram utilizados como fontes primárias de referências três projetos de cinema que apresentam características cabíveis dentro do estudo Foram analisados métodos construtivos, tecnologia implantada e estética externa que podem oferecer inspiração para a criação do projeto conceitual do complexo cinematográfico.

3.1.

Projeto 1 – Cine Kamari O Cine Kamari é um Outdoor Cinema (cinema a céu aberto) localizado em

Santorine, Grécia. Este cinema carrega a tradição grega de cinemas “abaixo das estrelas’, com o Festival Anual de Mostra de Cinema Independente e projetos de concursos de longa e curta-metragem durante os meses que correspondem ao verão grego (SANTORINI CINEMA, 2019). Sua sala de projeção tem a característica de sala À céu aberto, demostrado na figura 12, que integra a sala de projeção ao paisagismo existente. Figura 12 – Cine Kamari - Outdoor Cinema

Fonte: SANTORINI CINEMA (2019)

Durante o resto do ano o cine Kamari funciona como um cinema apoiador de obras indie, oferecendo a possiblidade de cineastas estreantes apresentarem seus proetos de forma gratuita, e como cinema, oferecendo ambas as opções ao público,


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podendo ser utilizado também como espaço para exposições artísticas, com alguns cartazes desses eventos demonstrados na Figura 13.

Figura 13 – Festival de Cinema Anual em Cine Kamari

Fonte: Arquivo próprio (2019)

Sua estrutura consiste em sala de cinema a céu aberto, banheiros, espaço reservado para administração e um bar para atender ao público. Sua localização, na entrada da cidade, ajudou a popularização do cinema. O Cine Kamari é um exemplo de cinema que foi projetado para ter o máximo de contato possível com a natureza (SANTORINI CINEMA, 2019). Esse projeto foi escolhido como referencial por agregar à pesquisa o conceito de outdoor cinemas, e da integração do mesmo com a natureza. A estrutura fixa naquele local foi pensada para justificar e demonstrar esse maior contato com o cenário paisagístico do espaço, oferecendo ótima base teórica para dimensionamento de um dos blocos da construção proposta neste trabalho.

3.2.

Projeto 2 – Kino Internacional O Kino Internacional é um cinema de tipologia Movie Theater, ou cinema

convencional, localizado em Berlim, Alemanha. O Kino foi construído durante a época em que a cidade sofria com a sua separação pelo muro de Berlim. Após a queda do


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muro, foi legalmente locado em Karl Marx-Alle, bairro famoso em Berlim, a figura 14 demonstra a forte influência modernista na fachada do Kino que traz elegância que remete aos anos 60’.

Figura 14 – Kino Internacional Movie Theather

Fonte: Yorck Kinogruppe (2019)

Em 1990 foi evidenciada sua importância, sendo hoje um cinema tombado como patrimônio histórico mundial e é conhecido como um dos cinemas com maior relevância histórica do mundo. Possui arquitetura interna extremamente elegante, e o Panorama, um famoso bar que vive de uma conexão simbiótica com o cinema, sendo conhecido por sua fantástica vista para um ponto histórico da cidade, as ruínas do Muro de Berlim (YORCK KINOGRUPPE, 2019). De acordo com o acervo histórico, oferecido pelo Kino Internacional, sua importância vem da coragem de seus fundadores, cineastas que, em uma época de extrema censura, trazia filmes com cunho documental sobre homossexualidade. Essa importância dura até hoje, pois foi instaurado às segundas-feiras o dia de cinema LGBT, onde todos os filmes e eventos dentro do cinema são voltados para esse público, já tanto hostilizado dentro da Alemanha (YORCK KINOGRUPPE, 2019). O Kino funciona como antro de exposições artísticas, movimentos teatrais menores, e como cinema de premières, sendo um dos cinemas utilizados para a extensão das semanas de cinema Russas e Francesas demonstrados na figura 15.


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Figura 15 – Kino Internacional Events

Fonte: Acervo Próprio

Este cinema foi escolhido como projeto referencial por apresentar afinidades de gêneros arquitetônicos, fazendo amplo uso de materiais como madeira, vidro e concreto aparente, além de possuir vários elementos que fazem referência à vanguarda modernista e contemporânea, mesclando estilos e misturando técnicas, porém ainda mantendo a elegância da época na qual foi construído.

3.3.

Projeto 3 – Theather IMAX O IMAX é um cinema com temática de teatro, feito pela companhia IMAX.

Localizado em Darling Harbour, Sidney, Australia. Neste cinema estão abrigada as maiores telas de cinema , dentre elas a super tela, que detém o posto de maior tela de cinema do mundo. Atualmente, o local está passando por uma série de grandes reformas para melhor atender ao seu público e melhorar o conforto dentro das salas que possuem a super tela, na figura 16 é possível ver o design do projeto que está sendo executado (WORLD’S BIGGEST IMAX DARLING HARBOUR, 2019). Figura 16 – IMAX Movie Theather

Fonte: World’s biggest IMAX Darling Harbour (2019)


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De acordo com Julie Brown, porta voz do Cinema IMAX de Darling Harbour, existe uma série de tecnologias de alta performance aplicadas às salas de cinema IMAX. Ainda de acordo com Brown, tudo é feito para que os telespectadores se sintam não só vendo o céu pela janela, mas sim estando entre as estrelas. Entre as tecnologias aplicadas às salas de cinema, criadas pelos arquitetos responsáveis pelo IMAX, estão o uso das melhores câmeras de alta resolução do mercado atual, luzes de projeção tão claras que são visíveis da lua, sistema de sonorização tão preciso que é possível ouvir um parafuso caindo no chão, e com a mais alta tecnologia, patenteada, que permite, graças ao design único da sala, que seja possível ter visão central da super tela em qualquer assento da plateia (WORLD’S BIGGEST IMAX DARLING HARBOUR, 2019). Atualmente foi adotado também o serviço de auxilio em pós-produção de filmes, já que a companhia IMAX financia e tem atuação direta no mercado cinematográfico, sendo contratantes correntes de diretores como Christopher Nolan, conhecido por seu sucesso em Batman: Cavaleiro das Trevas, nomeando esse processo de pós-produção de “Digital Re-Mastering” (DMR). Dentro do projeto apresentado neste trabalho, o IMAX oferece uma sólida base teórica para as escolhas de materiais e tecnologias a serem aplicadas em cada ambiente, visto que contempla os dois conceitos principais do projeto: a pré/pós produção e distribuição do material final. Este cinema contribui, também, com sua excelência no desenvolvimento de salas, assim como em seu projeto de implantação, já que está locado desde 1996 em Darling Harbour sem nunca interferir no horizonte local ou nas atividades desenvolvidas no local.


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4. ESTUDOS PRELIMINARES Para a realização do complexo cinematográfico, foram levantados dados de relevância, incluindo localização, estudos de entorno e de legislação aplicada ao terreno, tipologia e construção. 4.1.

Localização O terreno escolhido possui uma área total de 8.358,66m², sendo um recorte

de do loteamento Itamaraty, no bairro Candeias, esquina da Avenida Olívia Flores com Rua Rio de Contas, na zona leste da cidade de Vitória da Conquista. Está próximo ao Centro Municipal de Atenção Especializada (CEMAE), a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e ao Shopping Boulevard, demonstrado nas figura 17 e 18. Figura 17 – Localização do terreno na cidade de Vitoria da Conquista

Fonte: Cidade Brasil (2019). Adaptado pela autora


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Figura 18 - Localização do terreno na cidade de Vitoria da Conquista

Fonte: Cidade Brasil (2019). Adaptado pela autora

4.2.

Vias e Acessos O acesso ao terreno se dá principalmente pela Avenida Olívia Flores, onde

sua testada principal está posicionada. O acesso secundário, lateral, é feito pela Rua Rio de Contas. Sua localização permite fácil acesso, pois está locado em uma das grandes avenidas da cidade, que possui acesso pela Avenida José Pedral, uma avenida perimetral recém inaugurada que liga a Avenida Juracy Magalhães à Avenida Olívia Flores, e pela avenida Luis Eduardo Magalhães, que cumpre semelhante função de ligação, demonstrado na Figura 19. Figura 19- Mapa de Vias e Acessos

Fonte: Cidade Brasil (2019) – Adaptado pelo autor


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O fato do terreno se localizar na Avenida Olívia Flores facilita o acesso por todos os meios de transporte. Em relação ao transporte público, a empresa responsável pelas linhas de ônibus da cidade, Cidade Verde, disponibiliza 14 linhas de ônibus que passam diretamente pelo terreno escolhido para o projeto proposto, com isso é possível verificar na figura 20 que é possível chegar ao terreno viA transporte coletivo de qualquer ponto da cidade. Figura 20 - Rota de ônibus e ciclovias

Fonte: Cidade Brasil (2019) – adaptado pelo autor

As linhas de ônibus que passam pelo terreno são: 

D30- Vilas Serranas x UESB

D32- Nossa Senhora Aparecida x UESB

D33- Conquista VI x UESB


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4.3.

D34- Patagônia x UESB

D35- Rodoviária x UESB

D36- Morada dos Pássaros x UESB

D39- Miro Cairo x UESB

D40- Jardim Valéria x UESB

D42- Lagoa das Flores x UESB

D44- Bairro Brasil x Jardim Candeias

P52- Conquista VI x UESB (via Av. Luís Eduardo Magalhães)

R04- Santa Marta x Centro

R09- UESB x Centro

E08- CEMAE x UESB

Características do terreno O terreno escolhido está localizado em uma área de vazio urbano (Figuras 21

e 22), que é uma área não qualificada com espaços livres dentro dos limites do perímetro urbano. Observa-se que novas construções estão aos poucos surgindo nesse vazio, devido à implantação da Avenida Perimetral José Pedral e do Shopping Boulevard e, tendo como já existentes, há mais tempo, lotes com construções residenciais ou de uso misto, que se estendem desde a Universidade Federal da Bahia até o Bem-Querer, bairro antigo de médio-alto padrão. Um dos principais pontos considerados na escolha do terreno em questão é que a melhor localização para o projeto proposto seria estar próximo às faculdades que possuem cursos correspondentes aos serviços oferecidos e que seja de fácil acesso ao público, tendo compatibilidade de horário com os comércios de entorno imediato. Isto pode conferir sensação de segurança, por existir movimento em qualquer horário de funcionamento do complexo. Também foi levado em consideração a vista proporcionada pela testada do terreno, que possibilita visão total do pôr do sol da cidade, famoso por sua beleza singular (Figuras 23 e 24).


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Figura 21 – Mapa de cheios e Vazios

Fonte: Elaborado pelo autor (2019) Figura 22 – Mapa de uso e ocupação do solo

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)


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Figura 23 – Pôr do sol em Vitória da Conquista

Fonte: Blog do Rodrigo Ferraz (2019) Figura 24 – Pôr do sol no Cristo

Fonte: Blog do Rodrigo Ferraz (2019)

Seu público alvo compreende desde estudantes em processo de formação dentro dos cursos de cinema, programação, desenvolvimento de games e outros, profissionais já graduados da área, até o público espectador, não tendo margem de idade definida, considerando o grande leque de opções de longas e curtas metragens.


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O terreno tem sua fachada principal voltada para o poente (Figura 25), portanto é necessário que na proposta do projeto haja elementos que confiram adequado conforto térmico nas área que são atingidas pelo sol durante seu momento de maior incidência térmica. Figura 25 – Estudo de Incidência Solar no Terreno

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Dada à sua localização o objeto de estudo sofre impacto direto de diversas fontes poluidoras, tais como fumaça, poeira, lixo descartável, poluição sonora via trafego e poluição visual, para isso o projeto a ser desenvolvido apresentará várias técnicas e formas diferentes para o bloqueio desses condicionantes. 4.4.

Topografia O terreno possui topografia levemente desnivelada, apresentando, de acordo

com o mapa topográfico da cidade de Vitória da Conquista, aclive de 2 metros da calçada ao fundo do terreno (Figura 26)


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Figura 26 – Mapeamento topográfico do terreno

Fonte: Governo da Bahia (1999)

4.5.

Condicionantes Legais Apresentados a seguir estão todas as normatizações aplicáveis ao

desenvolvimento do projeto conceitual do complexo cinematográfico, tendo destacados os trechos individuais que se aplicam ao projeto. 4.5.1. Lei 2043/2015 De acordo com a lei complementar Nº 2.043, de Junho de 2015 (PMVC, 2015), o terreno escolhido como objeto de estudo está localizado no corredor de uso diversificado Avenida Olívia Flores, um corredor de uso nível II. Já no quadro 3.1 dos anexos da lei 2043/2015 (PMVC, 2015), são especificados os critérios e restrições aplicáveis às zonas e corredores de uso. Como já afirmado, o terreno se encontra em um corredor de uso diversificado nível II, o que significa que seu Coeficiente de Aproveitamento (C.A) é de no máximo de 2,0, o Coeficiente de ocupação (CO) máximo corresponde à 60% da área total do terreno, Coeficiente de Permeabilidade (CP) mínimo correspondente à 20% da área total do terreno, recuo frontal de 5 metros a partir do fim da calçada, laterais de 1,50 m.


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Aplicando ao objeto de estudo, que possui uma área total de 8.358,66m², o CO máximo é 5.015,16,4m², o CP mínimo é de 1.671,73m² Em relação aos critérios e restrições relativas a polos geradores de tráfego e de vagas de estacionamento, as informações aplicadas ao objeto de estudo correspondem a quantidade de vagas de estacionamento mínimas necessárias por lugares das salas de cinema. Classificado como empreendimento de serviço dentro da categoria SI.8.13, sendo a quantidade de lugares ofertados entre 250 e 350, há necessidade de 1 vaga de estacionamento para cada seis lugares. Assim, o número aproximado de vagas necessárias será de, no mínimo, 56 vagas, não contando vagas para pessoas portadoras de deficiências e idosos. 4.5.2. ANCINE - Portaria 128/2016 Esta dispõe sobre legalizações de cinemas, estando livre de aprovação da ANCINE os festivais de curtas não premiados e mostra de cinema independente sem oficinas. Regulamenta, ainda, a quantidade de equipamentos voltados para a possibilidade de experienciar o cinema para deficientes visuais e auditivos. (ANCINE 2016) 4.5.3. ABNT NBR 12179/1992 A NBR 12179/1992 (ABNT, 1992) dispõe sobre soluções acústicas obrigatórias em recintos fechados, se aplicando diretamente a salas de cinema e grandes halls. Dispõe também sobre coeficientes de isolamento e absorção acústica por materiais distintos, e apresenta o cálculo pra o tempo ótimo de reverberação (Figura 28). Figura 28 – Cálculo de tempo de reverberação ótimo

Fonte: ABNT NBR 12179/1992

4.5.4. ABNT NBR 9050/2015 A NBR 9050/2015 (ABNT, 2015) discorre acerca da acessibilidade, e de como adequar o projeto, com as representações das dimensões mínimas para Pessoas com Deficiência (PCD) ou pessoas obesas, manobras para cadeirantes, espaços no qual


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eles necessitam para poder ter um acesso básico a um estabelecimento sem nenhum tipo de constrangimento, a obrigatoriedade de assentos para pessoas obesas e seus acompanhantes, dimensionamento de portas, a correta aplicação da sinalização para deficientes físicos em geral, adequação em braile em paredes, mapas ou cartazes, programação para atendimento especial para pessoas com deficiência auditiva e, por fim, a correta localização de assentos especiais de acordo com o ângulo de visão e a possibilidade de saídas praticas que não corrompam a segurança da pessoa. 4.5.5. ABNT NBR 9077/2001 Na norma NBR 9077 (ABNT, 2001) está especificado, assim como a IT-11, larguras mínimas para saídas de emergência e/ou corredores de acessos, as distâncias mínimas a serem percorridas de acordo com a estrutura de cada prédio. Explica também a obrigatoriedade de rampas de acesso, dada a importância da acessibilidade em prédios que envolvam atividades ligadas a grandes públicos. No projeto referido neste trabalho serão aplicadas uma distância máxima de 140 m da escada até a saída de emergência mais próxima, o uso de rampas para a integração externa/interna, e vasto uso de rampas de acesso entre ambientes dentro do complexo, tendo seu maior uso dentro das salas de cinema. 4.5.6. Corpo de Bombeiros (IT – 11) De acordo com a norma dos bombeiros, IT-11 (CORPO DE BOMBEIROS, 2016), todo o ambiente deve possuir sinalização de emergência, especificado na IT 18/16, ou em NBRs de saídas de emergência, sobre os acessos principais e como eles devem ser locados dentro do projeto. Discorre ainda sobre as distancias máximas e mínimas a serem percorridas.


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5. PROPOSTA ARQUITETÔNICA De acordo com o exposto, a cidade de Vitória da Conquista não oferece estrutura e atendimento pleno aos profissionais de audiovisual que atuam da cidade, retardando a execução e distribuição de seus materiais originais. Outra questão é o valor do ticket médio de cinema na cidade está entre R$ 30,00 e R$ 35,00 reais, o que acaba inviabilizando o acesso de uma parcela da população. Esses dois pontos são agravantes no impedimento do crescimento do mercado audiovisual da cidade. O projeto do Complexo Cinematográfico visa transparecer pontos relevantes dentro do contexto cinematográfico e arquitetônico, buscando otimizar processos, prover apoio e fomento à arte e ensino, promovendo fácil acesso de espectadores e profissionais da sétima arte. Baseado nesta perspectiva, e buscando melhora-la, o conceito deste projeto é “Todas as pessoas podem ir ao cinema”, afinal todas as pessoas devem ir ao cinema. Partindo do conceito de que todas as pessoas podem ir ao cinema, o complexo cinematográfico oferece suporte por meio de sua estrutura arquitetônica para desde o desenvolvimento até a finalização do filme O complexo contará com salas de cinema convencionais, local de exibição a céu aberto, possibilitando experiências sensoriais diferenciadas. Além disso, haverá espaço no foyer para apresentações teatrais, encontros para debates sobre livros ou filmes, mostras de fotografia ou material relacionado à arte. Ainda, como ponto atrativo para pessoas interessadas apenas pela temática do cinema, será projetado um café ambientado com elementos cinematográficos, com visão direta para o interior do complexo, oportunizando a essas pessoas conhecerem mais da cultura do cinema pelo contato visual com os eventos. 5.1.

Programa de Necessidades O programa de necessidades (Tabela 1) foi construído tendo como base

complexos já existentes visando o melhor atendimento às necessidades do cliente e evitando áreas subutilizadas. Ainda, tomou-se como base para áreas e espaços constituintes a cartilha do SEBRAE, distribuída gratuitamente pelo site oficial (SEBRAE, 2019).


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Tabela 1. Programa de Necessidades

AMBIENTE VESTIARIO FEMININO VESTIARIO MASCULINO HALL DE SERVIÇO COPA GUARDA DECORAÇÃO DML BOMBONIERE HALL DE ENTRADA FOYER BILHETERIA SALA DO COFRE W.C FEMININO W.C MASCULINO ELEVADOR GUARDA LIXO SALA DE CINEMA 1 – 123 LUGARES SALA DE CINEMA 2 – 123 LUGARES ADMINISTRAÇÃO E TESOURARIA DIRETORIA DEPÓSITO EMBAIXO DA ESCADA DML W.C FEMININO W.C MASCULINO ESTUDIO DE CRIAÇÃO E EDIÇÃO VARANDA SALA DE PROJEÇÃO FOYER ESTÚDIO DE DUBLAGEM ESTÚDIO DE SONOPLASTIA

AREA (m²) 27,20 27,20 12,44 10,48 28,55 2,09 19,18 210,76 402,36 7,09 4,02 30,46 28,45 4,10 9,64 289,36 291,38 18,83 18,83 24,55 2,07 30,41 28,39 62,84 18,92 43,97 308,45 12,13 14,38

PAV. 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2

SETOR RESTRITO RESTRITO RESTRITO RESTRITO RESTRITO RESTRITO SERVIÇO PUBLICO PUBLICO SERVIÇO RESTRITO PUBLICO PUBLICO PUBLICO RESTRITO PUBLICO PUBLICO ADMINISTRATIVO ADMINISTRATIVO RESTRITO RESTRITO PUBLICO PUBLICO SERVIÇO SERVIÇO PUBLICO PUBLICO SERVIÇO SERVIÇO


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SALA TÉCNICA DE APOIO CAFÉ COZINHA GUARDA PELÍCULA DESPENSA BANHEIRO CAMARIM HALL ESPAÇO DE APOIO PALCO HALL DE APOIO DEPÓSITO DE MATERIAIS CABINE TÉCNICA 1 CABINE TÉCNICA 2 CORREDOR DE SERVIÇO W.C FEMININO W.C MASCULINO DML GUARDA PELÍCULA ROOFTOP CINEMA GUARDA TELA SALA DO AR CONDICIONADO SALA DAS CAIXAS D’AGUA ESTACIONAMENTO – 90 VAGAS 9 VAGAS PCD JARDIM GUARITA W.C GUARITA CASA DE LIXO SALA DO GERADOR

30,90 327,36 24,27 3,76 5,96 8,19 18,54 5,40 11,08 55,98 8,48 9,04 20,01 20,01 10,26 30,41 28,39 2,07 16,81 566,26 37,94 54,84 31,73 3.023,44 3.077,31 30,76 5,50 11,20 13,84

2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 EXTERNO EXTERNO EXTERNO EXTERNO EXTERNO EXTERNO

SERVIÇO SERVIÇO RESTRITO RESTRITO RESTRITO SERVIÇO SERVIÇO SERVIÇO SERVIÇO SERVIÇO SERVIÇO RESTRITO RESTRITO RESTRITO RESTRITO PUBLICO PUBLICO RESTRITO RESTRITO PUBLICO RESTRITO RESTRITO RESTRITO PUBLICO PUBLICO RESTRITO RESTRITO RESTRITO RESTRITO


53

5.2.

Fluxograma Pavimento térreo


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Pavimento superior


55

Pavimento cobertura


56

5.3.

Apresentação do projeto O projeto do complexo foi concebido visando a legibilidade máxima possível do

mesmo, tentando antecipar o atendimento acessível ao maior número de pessoa possíveis, sem discriminar grupos sociais (CIDEA 2001). Para a legibilidade do projeto ele foi planejado de forma a utilizar da percepção pessoal de cada indivíduo para criar as conexões mentais entre o local e o ambiente como um todo. De forma que a circulação foi otimizada com grandes halls e espaços de passagem ou pontos de descanso e encontro de pessoas, possibilitando a memorização mental do projeto graças aos pontos visuais presentes em elementos de destaque como a escada. O projeto contempla plenamente as normas aplicáveis, e respeita o conceito e o partido definidos para ele. O terreno tem 8.593,00 m² e em sua parte externa conta com o estacionamento com capacidade para 100 carros, sendo 3 vagas acessíveis para PCD e 3 vagas para idosos, tendo seus acessos de entrada e saída pela rua Rio de Contas, mesma rua em que está localizada a entrada da Universidade Federal da Bahia (UFBA) (figura 28). Figura 28. Estacionamento

Fonte: elaborado pelo autor (2019)

Ainda na área externa, há jardins que se espalham pela frente e laterais do complexo, com a intenção de trabalhar como áreas permeáveis e espaços que ajudam a minimizar a temperatura, além de contribuir com o aspecto estético do local. A fachada do complexo foi concebida se utilizando de referências modernistas, utilizando os brises e os janelões para criar permeabilidade visual, se conectando com o ambiente externo mas mantendo os limites da edificação (figura 29). Figura 29. Fachada Principal


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Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Na lateral do complexo, foi reservada área para o outdoor cinema, um espaço para ser utilizado como cinema a seu aberto em eventos noturnos com tons mais informais, e com a intenção de trazer a sensação de nostalgia, além de ser utilizado como espaço anti-stress durante os momentos em que não é utilizado como cinema (figura 30). Figura 30. Outdoor Cinema

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

O primeiro pavimento possui entrada principal pela Avenida Olivia Flores, tendo uma saída de emergência pelos fundos dando acesso ao estacionamento e uma entrada de funcionários pela lateral. Logo no acesso principal há o Foyer, dedicado


58

para receber eventos de exposições, rodas de conversas, demonstrações artísticas dentre outras. Na sequência, o hall de espera do café, que possui vista para a parede construída com brises, esquemático demonstrado na figura 31, de forma a utilizar de ventilação e iluminação natural durante o dia. Figura 31. Esquemático dos brises

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

O hall oferece acesso direto ao café por meio de escada. As salas de cinema também estão localizadas no térreo, cada uma delas com 123 lugares, sendo 4 destinadas a pessoas obesas e 3 lugares para PCD. A sala de cinema possui tratamento acústico, feito de acordo com a normativa NBR 12179/1998 (ABNT 1998), atendendo ao tempo de reverberação ótimo exigido, de 0.8 s, cálculo do tempo de reverberação das salas de cinema em anexo A), buscando atender a inteligibilidade de fala interno e tentando isolar os ruídos gerados da parte externa (figura 32). Figura 32. Salas de cinema


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Fonte: elaborado pelo autor (2019)

No pavimento térreo ainda estão locadas as áreas administrativas do complexo, os espaços de atendimento e serviço, como bilheteria, banheiros e DML, o setor restrito com vestiários e copa para funcionários. Para acessar o segundo pavimento existem duas escadas e um elevador. As escadas atendem à exigência da NBR 9077/2001 (ABNT 2001), tendo 14 unidades de passagem, esquemático das escadas demonstrado na figura 33. Figura 33. Esquemático das escadas


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Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

No segundo pavimento estão locados os setores técnicos do cinema, as salas de apoio à produção e edição de material audiovisual, com estúdios de sonoplastia e dublagem, e sala de edição, esses espaços estão reservados para o trabalho de pessoas da área, sejam acadêmicos ou formados, tendo acesso livre trazendo o acesso do espaço de trabalho para o desenvolvimento do cenário cinematográfico local. Há também uma sala de projeção para mostras menores, testes de público ou eventos de menor porte, podendo ser utilizado por empresas, escolas, cursos ou outros para oferecer um espaço que atenda a norma e que ofereça uma experiência real de cinema. O café está locado na fachada, com palco, espaço de mesas, e espaços de apoio convenientes ao palco e a cozinha, sua interferência na fachada traz um apelo estético influenciado pela escola modernista, trazendo vidro temperado e uma parede de alvenaria grossa com a implantação de um canteiro interno na espessura da janela, trazendo calma ao ambiente, e um controle de temperatura oferecido pela vegetação. O pavimento cobertura possui apenas três funções, a de guarda de geradores, que alimentam o complexo, a guarda de caixas d’agua e o rooftop cinema, que se trata de um cinema a céu aberto no topo da edificação, tendo, ao invés de cadeiras, tapetes e puffs para acomodar o público trazendo uma sensação de “despojamento” para a experiência cinematográfica do público, a ausência de cadeiras chumbadas no chão possibilita ainda a utilização desse espaço para eventos de outras naturezas artísticas ou sociais flexibilizando o uso do espaço (figura 34). Figura 34. Rooftop cinema.


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Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

5.4.

Abrangência Projetual O projeto do complexo cinematográfico busca atender em primeira mão o

público local de Vitória da Conquista, trazendo para essa população novo conceito de arte e cinema, bem como a valorização de produções nativas e seus idealizadores. Em segunda mão, atenderá o público proveniente de cidades da região circunvizinha a Vitória da Conquista, púbico já presente em eventos dispersos que acontecem dentro da cidade em locais não apropriados ou sem estrutura necessária para sua realização, como a mostra de cinema anual da UESB, o concurso de curtas do IFBA e sessões de cinema em diversas secretarias da prefeitura, tendo como estratégia a captação desses eventos para dentro do complexo promovendo um melhor desempenho em qualidade visual e sonora, e de espaço compatível com o uso. E em última mão, todo o público dentro do espaço territorial nacional, explorando a cidade como o expoente ascendente cinematográfico que é.


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6. Conclusão

O desenvolvimento do estudo apresentado neste trabalho possibilitou uma análise sobre o contexto cinematográfico da cidade de Vitória da Conquista, como ele se encaixa em escala nacional e como isso exige da cidade estruturas para atendimento de suas demandas. Além disso, também permitiu o desenvolvimento de um banco de dados sobre eventos que acontecem na cidade e onde eles ocorrem, demonstrando a insuficiência por parte da cidade e como esse déficit atinge diretamente a área audiovisual, limitando eventos, ou impedindo desenvolvimento em escalas maiores de projetos que possuem abrangência regional, constatando a real necessidade de um espaço voltado inteiramente para a área. Com base em entrevistas com profissionais, estudos de caso e recomendações do SEBRAE foi possível a construção de um programa de necessidades justificável que garanta o atendimento a demandas, ofereça conforto e seja convidativo a seus usuários, visando o aumento da esfera de alcance da área do audiovisual dentro da cidade. Conclui-se então que o estudo e apresentação do projeto do Complexo Cinematográfico atende as carências existentes, apresenta mais recursos e oferece um novo leque de opções ainda não presentes na cidade, contempla a normativas que se aplicam e principalmente, atende ao público que fará uso dela trazendo impacto positivo para a cidade agregando em sua cultura ajudando a manter vivas tradições e oferecendo a oportunidade da criação de novas experiências junto a cidade.


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ANEXOS


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Anexo a – memorial de cálculo de tempo de reverberação das salas de cinema. Tabela 1.Sala de cinema 1

Material

Quantidade

Coeficiente de aborção

Total

Cadeiras

123 un.

0,28

34,44

Carpete 10mm

289,36m²

0,57

164,94

Tela de lona

34,38m²

0,20

6,88

Forro modulado

289,36m²

0,32

92,59

Painel acustico

600,00 m²

0,52

312,00

Total

610,85

Fonte: elaborado pelo autor (2019)

Volume: 3.130,87 m³ TR = 0,161 * 3.130,87 / 610,85 TR = 0,8s Tabela 2. Sala de cinema 2

Material

Quantidade

Coeficiente de aborção

Total

Cadeiras

123 un.

0,28

34,44

Carpete 10mm

291,38m²

0,57

166,09

Tela de lona

34,38m²

0,20

6,88

Forro modulado

291,36m²

0,32

151,52

Painel acustico

600,00 m²

0,52

312,00

Total

670,93

Fonte: elaborado elo autor (2019)

Volume: 3.152,73 m³ TR = 0,161 * 3.152,73 / 670,93 TR = 0,7s


69


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