Rua geopoetica dos sentidos

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22º Encontro Nacional da ANPAP Ecossistemas Estéticos UFPA, Belém, 2013

GEOPOÉTICA: CARTOGTRAFIA DOS SENTIDOS LILIAN AMARAL PhD PESQUISA DE PÓS-DOUTORAMENTO ARQUEOLOGIA DA R.U.A.: REALIDADE URBANA AUMENTADA INSTITUTO DE ARTES / UNESP GIIP – GRUPO INTERNACIONAL E INTERINSTITUCIONAL DE PESQUISA EM CONVERGÊNCIA ARTE, CIÊNCIA E TECNOLOGIA COORDENADORA DA LINHA DE PESQUISA ARTE E MEDIACITY



R.U.A.: realidade urbana aumentada opera a partir de micro-histórias na megacidade R

“A palavra rua tem origem latina e vem de ruga,

sulco, rego, vinco. Assim como as dobras da pele humana, as ruas são linhas onde ficam retidas as marcas da memória, da passagem

do tempo e suas histórias. Território de criação, moradia, lembrança – pessoal e urbana -, a rua é hoje diretamente relacionada ao seu

valor imobiliário. O cronista João do Rio [1881 – 1921] dizia que a rua “é a agasalhadora da miséria”. Todos os renegados ali encontram seu espaço e é ali também que a cultura se reinventa,

interferindo na língua, “matando substantivos, transformando a significação dos termos, impondo aos dicionários as palavras que inventa”, escreveu ele.[BEIGUELMAN, 2012]


Geopoética

R

Inspira-se e resulta da aproximação da geografia e poesia. A Geografia é a ciência que estuda o espaço, busca o significado dos

lugares, contribui significativamente com a sociedade na reorganização de seus espaços e de suas formas de interação com o ambiente.

O vocábulo “poesia” deriva do grego “poieio”, fazer, e o poeta, como assinala Décio Pignatari, é o fazedor, “aquele que faz”, o poietes

“Se na Poética de Aristóteles, ela conduz à centralidade da categoria de ação, tão fundamental na construção dos gêneros narrativos ocidentais, ao

mesmo tempo aponta para a potência de um ato sem propósito ou sentido definido, um ato construtor de uma forma de presença que conhecemos em

várias situações como as cerimônias, os rituais, o carnaval e as artes chamadas cênicas. Em todas essas situações, às quais costumamos chamar

de

“cenas”,

a

perceptível.”[AGRA, 2012]

centralidade

do

corpo

é

completamente


R

Os praticantes das cidades atualizam os projetos urbanos e o próprio urbanismo, através da prática de tais espaços.

Os urbanistas indicam usos possíveis para o espaço projetado, mas são aqueles que o experimentam no cotidiano que, de fato, os atualizam.

São diferentes ações, apropriações ou improvisações mediadas

pelo pensamento crítico apontado pela Arte Urbana Relacional Contemporânea

que

podem

extrapolar

a

circunscrição

das

experiências nos espaços convencionados ao consumo privado da arte em direção aos espaços da vida, das experiências no espaço público pelos habitantes, passantes ou errantes que reinventam tais espaços em seu cotidiano. (BERENSTEIN, 2006)


R.U.A.: realidade urbana aumentada” que opera a partir de micro-histórias na megacidade: “A palavra rua tem origem latina e vem de ruga, sulco, rego, vinco. Assim como as dobras da pele humana, as ruas são linhas onde ficam retidas as

COLETIVOS MEDIAÇÃO CULTURAL, ARTÍSTICA E EDUCATIVA MORADORES DO CENTRO DA CIDADE SÃO PAULO OCUPAÇÃO ARTÍSTICA EM UMA OCUPAÇÃO POLÍTICA MOBILIZAÇÃO DA MÍDIA PELOS ARTISTAS E FORMADORES DE OPINIÃO INTERVENÇÃO ARTÍSTICA PARA VISIBILIZAR PERFORMANCE, IRONIA, ENCENAÇÃO E RESISTÊNCIA



Edifício Prestes Maia

Avenida Prestes Maia, 911 São Paulo – SP

Entre 2002 e 2006 em condições precárias abrigou em seus 22 andares 468 famílias quase 2 mil moradores Considerada a maior ocupação vertical da América Latina



“ACMSTCC” (dezembro/2003) primeira manifestação socialmente visível da Associação Artistas/ Movimento dos Sem-Teto OCUPAÇÃO ARTÍSTICA realizada por 120 artistas dentro de uma OCUPAÇÃO POLÍTICA


ACMSTCC - Arte e Cultura Contemporânea no Movimento Sem Teto do Centro de São Paulo Projeto-processo que desdobrou-se em eventos que ecoaram e ganharam distintos contornos ao longo dos anos seguintes. Configura-se como uma dobra na História da Arte e Poéticas Urbanas Contemporâneas. Realizado na Ocupação Prestes Maia em dezembro de 2003 em São Paulo, registra a ação de coletivos transdisciplinares documentadas em vídeo, compilados, entre outras produções confluentes na mostra ZPA – Zona de Poesia Árida, organizada por Túlio Tavares entre 12 e 16 de setembro de 2010. ZPA aponta para as especificidades das ações artísticas coletivas como forma de articulação cultural contemporânea que ampliam as fronteiras da arte / estética / política operando na subversão ao supercontrole midiático e ao estado policial. Potencializa sua função social ao se conectar e dialogar com outras esferas do conhecimento, outros públicos, diferentes espaços de atuação, novas práticas artísticas e formas de organização.








“Já não é a Arte [com A maiúsculo] o que deveria contar como a substancia aqui, não é o estético como fim, mas sobretudo como meio. Daí igualmente uma renúncia, cada vez mais necessária e ainda incipiente, hesitante portanto, ao próprio “status” da arte, ou seja, um desapego e uma entrega incondicional à vida.”[ROSAS, 2005]


Exposição simultânea sobre a OCUPAÇÃO PRESTES MAIA na Bienal de Havana e no Edifício Prestes Maia (27 de março de 2006)





DISPOSITIVO

DESACELERAR OLHAR O QUE NÃO SE VÊ PARTICIPAÇÃO CONTEMPLAR CAMINHOS

OLHAR ESTRANGEIRO SURPREENDER

CIDADE/ESPAÇO CIDADE/MUSEU






CIA. SÃO JORGE teatro e variedades BARAFONDA

espetáculo itinerante percorre 1.700 metros nas ruas da Barra Funda história do bairro mesclada com tragédias gregas Prometeu Acorrentado e As Bacantes 25 atores e 4 músicos 150 figurinos e 2 carros alegóricos




















... AVOA! Núcleo Artístico Corpo e ambiente

Dança e espaços públicos

Consciência corporal, escuta e prontidão

Campos de experiência

Possibilidades de criação e resistência no território urbano Aborda de forma crítica a banalização da miséria

Primordial: o corpo

Relação do ser humano com sua morada


FESTIVAL INTERNACIONAL DE DANÇA EM PAISAGENS URBANAS 2012


SOLO DE RUA




INVISIBILIDADE




URGÊNCIA




MICRO-RESISTÊNCIAS




iD BAIRRO SP#01

2010 ORIGEM iD BAIRRO SP#01 SANTO AMARO > < BOM RETIRO SEMINÁRIOS INTERNACIONAIS OFICINAS

iD BAIRRO SP#02

OBSERVATÓRIO BOM RETIRO

2011 PROJETO PROCESSUAL IMERSÕES NO TERRITÓRIO DO BOM RETIRO CONVIVÊNCIA MULTICULTURAL 11 PROJETOS TRANSDISCIPLINARES

CRIATIVIDADE SOCIAL, AÇÃO COLETIVA E PRÁTICAS ARTÍSTICAS DISPOSITIVOS ITINERANTES INTERVENÇÕES PROJEÇÕES DISCUSSÕES ABERTAS


Narrativas artísticas contemporâneas e patrimônio

Mobilização de relações entre pessoas e bens culturais Cartografias culturais

sensibilidade e tecnicidade + cartografia social

O mundo como um "museu" articulador do passado e do futuro Memória e experimentação

Criatividade social, ação coletiva e práticas artísticas

Aproximação entre museu e cidade

Lugar onde se encontrem e dialoguem

As múltiplas narrativas e as diversas temporalidades do mundo Contextos iberoamericanos


Cartografia e cartografias Num momento histórico em que se privilegia a imagem e a visualidade, o mapa visto como forma de visualização instantânea dos lugares, percursos, fenômenos, tornou-se um artefato amplamente utilizado no cotidiano. Os mapas, em especial da cartografia hegemônica, têm comprometimentos políticos e ideológicos, um “segundo texto” a ser considerado (Dodge & Kitchin, 2007), podem mentir (Massey, 2008) ou oferecer uma história seletiva. Porém, deve-se enfatizar, o mapa como algo próximo do mundo e não distante dele. Afinal, mapear é criar, não simplesmente revelar conhecimento. As cartografias não só representam o território como criam um território, todo mapa é uma reterritorialização e tem a potencialidade de refazer-se a cada fruição do sujeito.


2010 ORIGEM iD BAIRRO SP#01 SANTO AMARO > < BOM RETIRO SEMINÁRIOS INTERNACIONAIS OFICINAS

Proyecto

iD Bairro São Paulo

Creatividad social, acción colectiva y prácticas artísticas
















Workshop Internacional Escultura Sonora: Air City, Activar lo IntangĂ­vel


iD Bairro

Use a câmera do seu celular para acessar informações sobre o projeto

http://qrcult.tk/idbairro http://www.qrcult.tk




Museu Aberto

Use a câmera do seu celular para acessar informações sobre o projeto

http://qrcult.tk/museuaberto http://www.qrcult.tk


Arqueologia da R.U.A

Narrativas ArtĂ­sticas em Realidade Urbana Aumentada UNESP/Universidade Barcelona

Bom Retiro > < Barra Funda

2011 / 2012 / 2013


Cartografias não só representam o território como o

recriam. Todo mapa é uma reterritorialização e se atualiza a partir da interação com cada sujeito. Ao produzirem mapas os artistas radicalizam a interação entre psicoesfera e tecnoesfera produzindo espaço.

A partir do lugar e do cotidiano configuram-se campos de estudo e campos de ação. É no cotidiano que o

espaço se constrói e se transforma e onde nossas

ações, gestadas a partir da relação com o espaço, o produzem.

O espaço banal, cotidiano, é o do acontecer solidário, da

revolução desejada. Espaço da existência. Espaço da emoção. Espaço da resistência [ou re existência, como

sugere José Celso Martinez Correa], da criação e da consciência de outro devir.


A cartografia dos afetos é trabalhada com um método

para o conhecimento e o desvendar de uma experiência. (Felix Guatari e Gilles Delleuze)

“Para os geógrafos, a cartografia – diferentemente do mapa: representação de um todo estático – é um desenho que acompanha e se faz ao mesmo tempo que os

movimentos

de

transformação

da

paisagem.

Paisagens psicossociais também são cartografáveis. A cartografia, nesse caso, acompanha e se faz ao mesmo tempo que o desmanchar de certos mundos – sua perda de sentido – e a formação de outros: mundos que se criam

para expressar afetos contemporâneos, em

relação aos quais os universos vigentes tornaram-se obsoletos”. (ROLNIK, 2007:23)


Cartografar nesta perspectiva sugere a identificação de afetos e relações nos contextos psicossociais.

Propõe uma série de terminologias que dão visualidade para fenômenos subjetivos que podem ser individuais e/ou coletivos. Numa

linguagem

simbólica

é

um

“espacializar”,

contextualizar no tempo e no espaço a experiência. Nesse sentido, as cartografias construídas sob esta abordagem

contemplam

são as

emergências

materialidades,

da

psicoesfera,

fatos,

aspectos

objetivos, mas seus códigos, suas legendas, escalas, representações,

são

traços

de

uma

construção

simbólica que têm suas especificidades, intenções, afetos e poética.


Valorizamos, aqui, os artistas que agem na contra-

racionalidade, na ação desobediente, na produção de novas

solidariedades,

pois,

as

cartografias

são

apropriações do espaço num processo de empoderamento e de consciência do espaço. Nas descontinuidades do cotidiano estão sua possibilidade de reflexão e atuação.

O trabalho de arte com cartografias mostra este terreno poroso e aberto a intervenções, a múltiplas autorias, à colaboração e à possibilidade de pensar e conhecer o

espaço, num processo de tornar visível os fenômenos de ordem simbólica e afetiva. Apropriação e subversão das

técnicas para criar outras espacialidades, ampliar o repertório das ações como campo da liberdade. Pensar o espaço hoje é pensar-se na contemporaneidade.



http://artecontemporaneanaocupacaoprestesmaia.wordpress.com/ http://www.pensarte.org.br http://ciasaojorge.com/post/view/54 http://ciasaojorge.com/gallery/view/11 http://ciasaojorge.com/post http://www.nucleoavoa.com/ http://idensitat.net/idbairrosp/ http://www.giip.ia.unesp.br/ http://www.teatrodavertigem.com.br/ http://www.teatro-documentario.blogspot.com/ http://www.naborda.com.br/ http://www.oifuturo.org.br http://www.videurbe.com.br

Lilian Amaral www.museuaberto.com.br lilianamaraln@gmail.com


Festival Internacional TRANSPERFORMANCE

Oi Futuro Ipanema

Rio de Janeiro - 2011


Práticas performativas contemporâneas

Transversal e transdiciplinar Interelação com o urbano

Forma expandida

Diversos territórios e derivações nas redes

Diálogo, contaminação e hibridização entre campos

Prática artística e investigativa

Linguagens, espaços e multisensorialidades

Cidade como corpo atravessado e instituição atravessada Deambular cotidiano

Performatividade

Cartografias performativas Intervenções urbanas

Vídeoperformance em espaços públicos




Vade Retro


AÇÃO EM BLOCO Circulação do Acúmulo



Phila 7


OCCUPY ALL STREETS



Regina Silveira


TRACKS






Adriano e Fernando GuimarĂŁes


AR











A.C.Ho Antonieta Chegou Hoje


Q______





Maracanรฃ https://vimeo.com/45925575 Cantagalo https://vimeo.com/45923895 Glรณria https://vimeo.com/45929668 Tiradentes https://vimeo.com/45928347 Central do Brasil https://vimeo.com/46255701 Praรงa Paris https://vimeo.com/46316420 Parque Lage https://vimeo.com/46337206


Videoarte contemporânea Questionar, transgredir, recriar Imagem ao vivo Projeções mapeadas, interativas e telemáticas Realidade aumentada Campo de experiências estéticas Novas sociabilidades Intervenção urbana Cidades como criações vivas e complexas Superfícies como peles e interfaces Cidade como imenso organismo, Jogo entre micro e macro formas de poder Vídeo, mostra, vigia, ilumina engana, projeta, interage, remixa, brinca redesenha, a paisagem sempre em construção


CANTAGALO



MANGUINHOS

COE LHO NETO e

PAVUNA

CENTRAL DO BRAS IL

PÇA. TIRADENT ES

- Centro PÇA. MAL. FLORIANO

MARACANÃ

P ÇA. PARIS

21/06 15/06 - Glória

P ÇA. LUIS DE CAMÕE S






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