TFG - Escola de Samba Vai-vai: Uma inscrição étnica no território. | Liliane Carvalho

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LILIANE KATITA DE CARVALHO

ESCOLA

DE SAMBA

VAI-VAI

[Uma Inscrição Étnica no Território]



LILIANE KATITA DE CARVALHO

ESCOLA

DE SAMBA

VAI-VAI

[Uma Inscrição Étnica no Território]

ORIENTADOR PROF. CARLOS JOSÉ VERNA

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Universidade São Judas Tadeu Arquitetura e Urbanismo

SP|2016


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[

Agradeço a energia que me fomenta, que me trouxe até aqui, e me faz querer alcançar outros horizontes. Dedico este trabalho aos meus Pais, Leandra e Dore, por todo o esforço, amor e dedicação que me deram, vocês são a base de tudo. Aos meus irmãos, Domenica, Aline e Fabiano pelo carinho incondicional. Agradeço aos amigos que encontrei e foram essenciais nesse trajeto, e em especial a Giselle, Gabriela e Rebecca pelo companheirismo nessa longa caminhada; e Solange, Maciel, Wallace, Angelo e Vanessa por estarem sempre comigo, me aparando nos momentos de alegria e de desespero. Aos meus Professores, pelo incentivo e inspiração. E ao meu orientador Carlos Verna, pela disposição, pelas discussões e o acompanhamento sempre atencioso e solícito por todo o desenvolvimento deste projeto. Muito obrigada !

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SUMÁRIO

2

FATOS URBANOS | 12

1 6

Evolução Urbana Fator Histórico| 14

ABRE ALAS | 5 Apresentação do Objeto | 6 Metodologia | 11

3

PATRIMÔNIO INTANGÍVEL | 18 A cultura Negra no Bexiga|20 O carnaval de São Paulo|22 Escola de Samba Vai-Vai |26


4

6

O LUGAR| 30

Aproximação | 33 Contexto Urbano | 39 Parâmetros Urbanísticos |48

PROJETO|62

Estruturação Projetual|64 Estudo Final | 70

5

ESTUDOS DE CASO | 50 Escolas de Samba| 52 Praça das Artes | 58 MAM - RJ | 60

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BIBLIOGRAFIA| 97 Livros| 98 Vídeos| 98 Iconografia| 99

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Figura 1 - Elaborado pela autora

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ABRE ALAS O tema deste trabalho surge do desejo de investigar e demonstrar as influências da cultura negra na conformação da cidade de São Paulo. Ao realizar estudos sobre a cidade, percebeu-se a existência de núcleos que detinham em seu desenvolvimento urbano, econômico e artístico, uma relação intrínseca com o povo negro, dentre eles o bairro do Bexiga, que busca manter suas características e manifestações culturais em meio as alterações morfológicas que vem vivenciando. Ao se analisar este lugar surge a desapropriação como um fato urbano, gerado do processo de intervenção e transformações que compõe a dinâmica da cidade. Este fato torna-se uma questão ao intervir em uma área que possui um importante valor histórico, desconsiderando em seu processo de avaliação um conjunto urbano significativo que vincula o espaço já construído a sua memória simbólica, atingindo o equipamento cultural Escola de Samba Vai-vai, um espaço que demarca uma inscrição étnica no território, uma vez que, a escola detém grande representatividade ligada à produção artística e cultural negra desenvolvidas em São Paulo. Diante desses pressupostos busca-se no trabalho final de graduação possibilidades para a articulação e permanência desse equipamento cultural e social em seu lugar de origem, favorecendo, através da Arquitetura e do Urbanismo, a preservação da identidade cultural e da memória urbana existentes naquele território.

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APRESENTAÇÃO DO OBJETO

A intervenção proposta está localizada na região central do município de São Paulo, mais precisamente na subprefeitura da Sé, distrito da Bela Vista, no bairro do Bexiga. Tem como objetivo produzir uma nova sede social à Escola de Samba Vai-vai, resultando em um equipamento de caráter público que atuará na reestruturação da dinâmica cultural do bairro. Busca-se através da intervenção reafirmar o espaço da Escola de Samba como uma máquina de possibilidades que apoia a produção da cultura e da educação através de um elemento integrador que é o samba. Trata-se de um espaço articulador que potencializa o convívio e o encontro e exerce uma função social de extrema importância para a sua comunidade e para a cidade. A Vai-vai está inserida em um círculo cultural latente, que envolve diversas manifestações ligadas a religiosidade, a gastronomia e a cultura em uma escala local, a escola de samba passa a ser o lugar que recebe pessoas de todas as naturezas e de todas as faixas etárias tornando-se um ponto de colisão de interesses, aglutinador, dentro do espaço urbano do Bexiga.

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Formação do Lugar e importância h istórica

Intervenções e composição urbana

Choque e ntre a Cria tividade, Diversidad e e Identifi cação

Espaço de de Sociabilida Samba Escola de Vai-Vai.


Figura 2

METODOLOGIA Como método para realizar o objeto final deste estudo, foram analisadas diversas questões durante o processo de trabalho, a seguir estão elencadas os critérios de análise e o motivo pelo qual cada um será apresentado:

do Bexiga, como protagonistas na ocupação desse território, além de demonstrar as origens dos festejos carnavalescos paulistas e sua evolução de acordo com as transformações da sociedade.

Fatos Urbanos: Destacar o processo de intervenção que o Território estudado sofrerá, tratando das desapropriações e os principais impactos causados por esse processo.

O lugar: será analisado o contexto urbano da área, as estruturas físicas e geográficas, a mobilidade, as impressões visuais e as relações da área de intervenção com seu entorno, além da especificação dos parâmetros urbanísticos incidentes no território e no terreno.

Patrimônio Intangível: o objetivo é demonstrar as ligações da população negra com o Bairro

Estudo de Caso: visa demonstrar os estudos realizados em outras escolas de samba, através de visitas, tendo como objetico principal diagnosticar suas necessidades para então fundamentar o programa, além de apresentar estudo de referência. Projeto: O produto de toda a pesquisa realizada será apresentada neste tópico, o desenvolvimento do projeto da Escola de Samba partindo do diagnóstico encontrado, o partido utilizado e suas peças gráficas.

11


12


2. FATOS URBANOS


A EVOLUÇÃO URBANA E O FATOR HISTÓRICO De acordo com o autor Aldo Rossi, o ambiente onde vivemos é formado pela construção da cidade no tempo, a cidade cresce sobre si mesma adquirindo consciência e memórias próprias, compondo uma dinâmica urbana que reúne em si uma série de ‘Fatos Urbanos’, que são elementos condicionados e condicionantes na construção da cidade e de suas escalas.

Um fato urbano pode caracterizar-se de diversas maneiras, ficando dependente da interpretação e experiência do indivíduo que o analisa, no entanto, podemos apresentar como Fatos Urbanos elementos recorrentes na composição da cidade como a rua, a calçada, a construção, a edificação, as demolições, as expropriações, bruscas mudanças do uso do solo ou uma comunidade.

“Se pensarmos num fato urbano determinado, nós o percebemos mais facilmente e logo se dispõem à nossa frente uma série de porblemas que nascem da observação desse fato; além disso

entrevemos questões

menos claras, que se referem à qualidade, à natureza singular de cada fato urbano. (ROSSI, 13)” Figura 3 - Reprodução do desenho de Aldo Rossi sobre o Projeto do Teatro Del Mondo que torna-se um novo Fato Urbano em meio ao contexto da cidade de Veneza.

14


Para o autor esses Fatos Urbanos não devem

bre trilhos da cidade, gerido pela Companhia

Pode-se afirmar que os levantamentos realiza-

permanecer estagnados frente as transforma-

Metropolitana de São Paulo - Metrô. Dentre

dos pelo Metrô para essas grandes interven-

ções urbanas que surgem na cidade, devem

os lotes notificados, em primera estância, está

ções no espaço, pouco consideram os fatores

evoluir juntos, considerando o Fator Histórico do

a sede social do Escola de Samba Vai-vai,

de composição histórica e cultural desenvol-

lugar em seu desenvolvimento pois o passado

que diante disto anúnciou a transferência de

vidos no entorno e

carrega seus valores e significados e, em alguns

sua sede para o bairro vizinho Anhangabaú.

priações, nota-se que os mesmos critérios de análise são utilizados

casos, é o que permite uma funcionalidade ativa ao lugar.

ao indicar suas desapro-

Trataremos então

a

inserção desta inter-

venção urbana de grande

porte e a re-

O Bexiga sofrerá um novo processo de interven-

moção e posterior demolição das edifi-

ção urbana em que relacionam-se determinadas

cações indicadas neste processo como

desapropriações, conforme a figura 6, resultantes

Fatos

Urbanos

existentes

no

de

maneira

recorren-

te pelo Metrô, e geralmente permeiam a facilidade logística de implantação do projeto.

território..

das necessidades de expansão do transporte so-

MEMÓRIA

URBANO

COLETIVO

CONTEXTO

15


Vista da Rua da Quadra da Vai-Vai a partir da Praça 14 Bis, futura Estação de Metro

Figura 4

Vista da Quadra da Vai-Vai a partir do palco da Escola

Figura 5

Vista do Palco da Escola a partir da Quadra da Vai-vai

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Figura 6

Escola de Samba Vai-Vai Figura 7 – Mapa do Metrô com os blocos de Desapropriação da área 14 Bis. Em hachura vermelha os lotes a serem desapropriados.


Essas remoções e desapropriações causam seus principais im-

Com base na leitura de Aldo Rossi, ao intervir em um bairro, é ne-

pactos na escala local, gerando desconforto espacial, falta

cessário entender que o mesmo é constituído por uma unidade

de referência perceptiva, ausência do sentimento de pertencimento, intervenção nas funções e atividades comuns ao espaço além de afetar a relação de continuidade com a cidade. Obviamente, neste estudo, não questiona-se deter as transformações ocorridas na cidade, e sim os processos de investigações realizados durante a proposição dessas transformações.

que se compõe naturalmente de sua evolução e das experiências vividas por seus habitantes em função da paisagem urbana estabelecida, é crucial para se obter êxito nas proposições projetuais em uma escala local.

É possível concluir que a desapropriação é uma ação que compõe a dinâmica de transformação e desenvolvimento da cidade tornando-se um fato urbano a ser trabalhado no território, no

“De fato, toda area parece ser um ‘locus solus’, ao passo que toda intervenção parece dever relacionar-se a critérios gereais de concepção. Assim enquanto por um lado eu nego que se possam estabelecer, de um modo racional, intervenções ligadas a situações locais, por outro percebo que essas situações são aquelas que caracterizam as intervenções” (ROSSI, 2)

entanto, essas transformações só seriam funcionais a si próprias e ao seu entorno se os fatores histórico culturais, tais como a memória, a diversidade e a identificação de si em relação ao contexto fossem levados em consideração.

Podemos afirmar que a Escola de Samba Vai-vai é um monumento urbano que exprime valor e signinficado, carcterizando-se como um elemento de permanência, que ao estabelecer relação entre os fatores locais e a construção dos fatos urbanos existentes e criados na cidade, torna-se uma referência determinante ao lugar, ao Bexiga.

17


18


3.

PATRIMÔNIO INTANGÍVEL


A CULTURA NEGRA NO BEXIGA A Arquiteta e Urbanista Raquel Rolnik defende o surgimento do bairro do Bexiga, por volta do final do século XIX, através da formação do

.

Quilombo Urbano Saracura1, na região de Vale do córrego Saracura, hoje canalizado abaixo da Avenida Nove de Julho. Os Quilombos urbanos eram conjuntos de cômodos ou casas coletivas, implantadas nas cidades que normalmente abrigavam os negros libertos e a maior parte dos negros fugidos, tornando essa configuração de habitação crescente para o povo negro a medida em que confirmava-se o fim do período de escravidão. Além de Rolnik, outros autores como Célia Toledo Lucena (1984) e Marcio Sampaio Castro (2008) dissertam sobre o tema, e apontam a proximidade da Mata do Saracura ao Largo dos Piques – onde atualmente é o Largo da Memória - como um fator importante, para a composição desse núcleo negro. Haja vista que no século XIX, o Largo dos Piques detinha uma intensa vida comercial e social, pois era ponto estratégico de passagem pela cidade utilizado pelos tropeiros, abrigava o chafariz que fornecia água potável além de receber semanalmente os leilões de escravizados, conforme citação: “ As capoeiras e capinzais que havia em torno do Tanque Reúno, no Bexiga, como em outros pontos que corriam o Anhangabaú e o Riacho do Saracura, serviram de esconderijo onde se aquilombavam negros rebelados. Esses matos eram convidativos para esconderijos. Em 1831 foi feito um documento com a tentativa de fechar o acesso do Anhangabaú para o Bexiga, cujo objetivo era impedir o trânsito de escravos fugitivos para o Bexiga (LUCENA, 1984, p.24).

1. Hipótese defendida no artigo ‘Territórios Negros nas Cidades Brasileiras (etnicidade e cidade em São 20

Paulo e Rio de Janeiro)’ por Raquel Rolnik.

Figura 8 - Recorte da Área do Bexiga da Planta da Cidade de São Paulo de 1881

Legenda: Primeiros Loteamentos do Bexiga Largo do Piques / Largo da Memória Largo do Riachuelo Cursos de água


Ainda no final do século XIX, a área do Bexiga, com seus primeiros lotea-

De acordo com Rolnik, esse padrão se repetiu na consolidação

mentos, inserida na região de várzea desvalorizada e próxima ao então

de outros ‘territórios negros’ na cidade como o Centro Velho,

‘centro comercial da cidade’, consolidou-se como uma área de baixo

sobretudo na região sul da Sé, na região do Lavapés atual Bai-

custo para moradia, um padrão que atraiu também os novos imigran-

xada do Glicério e na Barra Funda que se tornará um núcleo ne-

tes que chegavam aos milhares na cidade em substituição a mão de

gro impulsionado pela implantação das ferrovias e a crescente

obra escrava, através da intensa atividade econômica do café.

demanda doméstica do bairro dos Campos Elísios. Portanto, a imagem retratada, na maioria das vezes pelos grandes veículos comunicativos da cidade, de que o Bexiga é somente um bairro

Diante do cenário imigratório europeu, as oportunidades para os negros

de formação italiana, está equivocada. O Bexiga também foi

em São Paulo tornaram-se limitadas pois as relações sociais e hierárqui-

destino de outros grupos étnicos como os portugueses e os espa-

cas se mantiveram mesmo após a abolição, o trabalho remunerado

nhóis, mas sem dúvidas, era o bairro que no início do século XX

tornou-se concorrido com os imigrantes, determinando assim o trabalho

abrigava um grande contingente de italianos – calabreses e de-

braçal – para os homens, e os serviços domésticos – para as mulheres,

pois destes, o maior contingente do bairro seria o da população

como os mais acessíveis, este processo passou a consolidar redutos ne-

negra, processo que criou um lugar único na cidade, com relatos

gros, que no caso do Bexiga tirava vantagem da proximidade com os

de uma convivência pacífica que permitia trocas de experiên-

Casarões da Avenida Paulista, mercado de trabalho para os negros.

cias, formando um território multicultural, um bairro afro-italiano.

“O território do Bexiga foi resultado de um duplo desenvolvimento. Por um lado, foi fruto da expansão do próprio Lavapés, na direção do caminho de Santo Amaro. Por outro, o núcleo original do Saracura, de ocupação semi-rural, onde existia um quilombo no final da escravidão, cresceu e se urbanizou. No início do século, com a abertura da avenida Paulista, o Bexiga abrigaria, em cortiços as negras que serviam as casas elegantes da avenida. ” (ROLNIK,1989 p.76)

Figura 9 - Desfile de Cordão Carnavalesco no bairro Vila Esperança - 1964.

21


O CARNAVAL DE SÃO PAULO Do fim do século XIX em diante, com o rápido acúmulo de riqueza que abastou principalmente os investidores da economia do café de São Paulo, surge também uma nova elite que migra das fazendas para os centros urbanos das cidades e passa a adotar um estilo de vida burguês- europeu1, esse processo acarreta uma série de mudanças na maneira como as várias camadas sociais da época (em resumo elites, negros libertos e imigrantes) brincavam o carnaval. Em São Paulo, os entrudos são deixados de lado pela nova elite, que adota como manifestação carnavalesca o modelo de festejo veneziano, sendo restrita a participação dos mais pobres, tendo como palco principal de desfiles a Avenida Paulista.

Figura 10 – Desfile de Corso da elite Paulistana realizado no período de Momo, início da década de 30 na Avenida Paulista.

‘...a burguesia das cidades maiores introduz, a partir de 1855, o carnaval veneziano, cópia do carnaval burguês italiano ou francês. Constava ele de bailes mascarados, realizados em hotéis ou teatros, e de desfiles luxuosos pelas ruas principais da cidade, quando então burgueses desfilavam em carruagens no corso ou em carros alegóricos...’. (VON SIMSON, p. 23) Concomitantemente a esse processo excludente, surgem os cordões carnavalescos formados por grupos de imigrantes, e principalmente por grupos negros, que através de experiências como os folguedos, as procissões religiosas, os batuques ecoados dos tambores de terreiros, o samba e a dança, inserem na cidade uma nova forma de manifestação carnavalesca.

1.

Ver Olga R. de Moraes Von Simson, “Carnaval em Branco e Negro” 2007, São Paulo: Imprensa Oficial de SP. p. 21

22

Figura 11 – Primeiro Cordão Carnavalesco negro – Cordão Barra Funda, que mais tarde viria a ser o cordão e Escola de Samba Camisa Verde e Branco, estabelecendo sede até os dias de hoje na Barra Funda.


Os primeiros cordões paulistas surgem entre as décadas de 1910 e 1930, e se multiplicam durante as décadas de 40 e 50, dentre eles estão o cordão do Vae-vae no Bexiga (1928), o cordão Camisa Verde e Branco na Barra Funda (1914) e a Primeira Escola de Samba paulista a Lavapés na Baixada do Glicério (1937), ambos em ‘territórios negros’ da cidade. Os cordões carnavalescos negros passaram a ser associações que organizavam e pautavam o lazer da população negra na cidade de São Paulo, perpetuando uma nova produção cultural, pouco acompanhada pela imprensa do período.

“A dança era vista pela elite paulistana como Figura 12 – Desfile do Cordão carnavalesco Vae-Vae, no ínicio da década de 30

expressão da lubricidade, degenerescência moral e falta de instituições familiares estáveis. Para Muniz Sodré, os afro-brasileiros eram fortemente tocados por essa concepção. Por colocar a liberdade corporal no centro de todo esse processo comunicativo, a cultura negra chocava-se com o comportamento burguês-europeu...”(ROLNIK, 1997, p.68)

Naquele período o samba era caracterizado como algo inapropriado, e era discriminado pela alta sociedade e pelas autoridades, sendo sempre referenciado de forma pejorativa. As pessoas que praticavam o samba e o batuque em vias públicas, poderiam ser autuadas por policiais que justificavam a abordagem para ‘manter a ordem e os bons costumes’ nas áreas públicas, e dependendo da interpretação dos policiais em relação a ‘deturpação do encontro’, os sambistas podeFigura 13 – Fotografia em dia de Festa da Escola de Samba Lavapés, sendo a primeira mulher a esq. Madrinha Eunice, fundadora da escola e percursora do samba paulista.

riam ficar detidos em delegacias. 23


Após a revolução de 1930, surgem novos paradigmas em relação as questões relacionadas a uma afirmação sobre a identidade nacional, sob o governo de Getúlio Vargas, tornando o carnaval, o futebol e o próprio samba ‘símbolos’ do Brasil e do indivíduo brasileiro, este cenário político de intervenção do Estado ressignificando as bases da cultura popular, alavancou os cordões carnavalescos que tomaram grandes dimensões principalmente na cidade do Rio de Janeiro e posteriormente em São Paulo. Os desfiles paulistas entraram em processo de oficialização no ano de 1968, durante a gestão do Prefeito Faria Lima, que promoveu apoio e ajuda financeira às agremiações do período. A partir desse momento, entram Figura 14 – Desfile de Escola de Samba realizado na Avenida Tiradentes no concurso promovido pela prefeitura no ano de 1977.

em vigor nos moldes cariocas, o estatuto e regulamento para concursos de carnaval de São Paulo, que de acordo com a autora Olga Von Simson, tratava-se de um modelo que não presava pelas relações com as estruturas já pré-estabelecidas pelas poucas escolas de samba paulistas existentes.

Ao longo da década de 1970, os desfiles e as Escolas de Samba transformaram-se, muitas escolas surgiram neste momento, a produção carnavalesca se profissionalizou, tornando os desfiles produtos universais. O poder municipal paulista passa a investir financeiramente nestas entidades, resultado do sucesso dos investimentos realizados pelo município do Rio de Janeiro em suas E.S., que refletiu no aumento significativo no lucro das atividades turísticas e movimentação econômica da cidade. Atualmente as Escolas de Samba desenvolvem desfiles do Figura 15 – Desfile da Escola de Samba Vai-vai no Sambódromo da Anhembi em fevereiro de 2016.

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mais alto padrão, verdadeiros espetáculos, que influenciam a cidade durante todo período de Momo.


BLOCOS DO BEXIGA Os cordões carnavalescos que não tiveram ‘fôlego’ suficiente para se tornarem Escolas de Samba, mantiveram-se como blocos de carnaval. O bairro do Bexiga possui grande tradição neste tipo de desfile, uma vez que foi berço dos primeiros blocos da cidade, como o bloco Fio de Ouro, já extinto, o mais tradicional, o Bloco dos Esfarrapados, fundado em 1947 e a Banda do Candinho, fundada em 1981, ambas desfilam até os dias de hoje.

Ainda no Bexiga podemos encontrar outros grandes blocos como o Saci da Bexiga, Ilú Obá de Min, Bloco da Abolição entre outros. Essas organizações são mais recentes tendo sido fundadas entre os anos 2005 e 2010, um processo que está vinculado a retomada das ruas na cidade de São Paulo no período de momo

Além disso, confirmam que o lugar demonstra sua vocação de ser ocupado pelas pessoas, as atividades desenvolvidas na Rua se estendem para as casas e comércios da região num processo de compartilhamento da cidade seus espaços formam uma grande festa, e ao juntarmos em uma linha cronológica os cordões carnavalescos os blocos e as escolas de samba, notamos que ambas são manifestações que se repetem no Bexiga promovendo a ativaçaão da memória através da apropriação do território.

Figura 16 - Blocos de carnaval que desdesfilam pelo Bexiga. 1 - Ilu Oba de Min; 2 - Bloco da Abolição; 3 - Bloco Saci da Bixiga; 4 e 5 - Bloco dos Esfarrapados.


ESCOLA DE SAMBA VAI VAI A E.S. Vai-vai, ocupa as ruas do Bexiga há 86 anos, sendo ponto de refe-

‘A Vai-vai foi conquistando seu espaço no Bexiga em meio a apropria-

rência e resistência cultural em meio ao crescimento do bairro e da cida-

ção do traçado urbano, resistindo ao tempo e as dificuldades cons-

de. Sua história de desfiles está ligada intimamente com a participação

tantes, como não ter um espaço apropriado a sua sede social que

da comunidade na realização dessa festa, contando com o comprome-

ainda se estabeleceu em outros dois endereços, ambos no Bexiga, o

timento de seus membros e o apoio de sua vizinhança. Em tempos de

casarão situado a rua 14 de julho e posteriormente um terreno a rua

Cordão, as apresentações de carnaval eram realizadas primeiro nas

São Vicente, atual endereço da sede social e dos ensaios técnicos da

ruas do bairro, para que todos pudessem prestigiar e brincar o carnaval

Vai-vai.

junto a agremiação. Mesmo com as alterações de endereço e do formato da instituição “ O vai-vai, contou com o apoio da população

(de cordão carnavalesco para Escola de Samba) a Vai-vai, não obte-

do bairro, em sua maioria de origem italiana e de-

ve êxito na construção de uma quadra que pudesse abrigar todos os

dicada ao comércio, que apesar de não inte-

integrantes durante os ensaios, condição que sempre provocou a ex-

grarem as fileiras do cordão, valorizavam a ma-

tensão de suas atividades para rua, fazendo com que até mesmo um

nifestação de seus vizinhos negros e contribuíam

palco fosse construído fora da sede, assim os grandes ensaios aconte-

financeiramente para a montagem do desfile ‘assi-

cem ao ar livre e o encontro entre as esquinas cria uma grande praça

nando’ o livro de ouro” (VON SIMSON, 2007 p.141)

para as apresentações.

Esta tradição persiste desde sua fundação, a Vai-vai sempre realiza os

No entanto, os ensaios ficam a mercê das condições climáticas e em

chamados ensaios técnicos 1 pelas ruas do Bexiga. A primeira sede social

dias de chuva ou dias frios o número de visitantes cai consideravel-

da agremiação foi a casa de um dos seus fundadores, o Sr. Benedito

mente por conta da falta de acomodação e proteção contra estas

Sardinha, situada a Rua Rocha, mas com o crescimento do número de

imtempéries.

integrantes os ensaios passaram a ser realizados pelas ruas do bairro. 1. Entenda-se como Ensaio técnico a reunião de todos os integrantes da agremiação para ensaiar a evolução, harmonia e samba da escola para o desfile de Carnaval. Normalmente acontecem mais de uma vez na semana.

Figura 17 - Ensaio Escola de Samba Vai-Vai

26


27


Figura 18

Benef ícios da Escola de Samba para o seu entorno

Conecta pessoas de todas as classes, idades e credos

Fornece oportunidades econômicas

Cria espaços públicos ativos e potencializa sua ocupação

Fortalece a dinâmica cultural de sua vizinhança

Promove a sociabilidade e o lazer.

Referência histórica e cultural, promovendo o turismo

Figura 19

28


Rua Encontro Evento

v o P

o

Figura 20

Essa relação de pertencimento e encontro com a rua, estabelecida du-

apoiando a formação cultural de seus integrantes. Entre os cursos ogere-

rante os ensaios permanece até os dias de hoje e tornou-se uma marca

cidos estão: alegoria, canto e música, violão, percurssão, reforço escolar,

dos eventos realizados pela Escola.

passistas, escola de samba mirim, capoeira e iniciativas ligadas a poder municipal que são os cursos de manicure e cabelereiro, a escola trabalha

A E.S.Vai-vai é a única Escola da Liga do grupo especial de São Paulo

durante todo o ano atraindo um grande número de pessoas para diversas

está localizada na região central da cidade, no bairro do Bexiga. A esco-

atividades com diferentes enfoques.

la é composta atualmente por uma parte de produção ligada ao desfile de Carnaval que inclui a contratação de cerca de 120 pessoas para

Diante de todas estas atribuições é notável que a Escola tem um valor his-

o desenvolvimento das alegarias e fantasias, a parte administrativa da

tórico e cultural ligado ao bairro, e funciona como um espaço de encontro,

instituição, formada por Presidente, secretários, diretorias diversas, finan-

lazer, permanência e apropriação. Propor sua retirada do Bexiga é des-

ceiro, comunicação, relações internacionais, além dos Projetos Socias.

considerar sua importância simbólica de resistência da produção cultural

A Vai-vai apresenta um Programa Social que inclui a oferta de cursos

negra e o fato dela ser um marco referencial para o bairro e elemento

de cunho profissionalizantes e pedagógicos que atendem não só a de-

fundamental na composição da identidade cultural e memória urbana do

manda do bairro do Bexiga, mas a de interessados dos bairros vizinhos,

Bexiga. 29


30


4.

O LUGAR


32


APROXIMAÇÃO | O BEXIGA A origem do nome ‘Bexiga’ à região é incerta, apresentando três hipóteses recorrentes. A primeira é que o nome teria sido dado pejorativamente aos adoentados de varíola que iam para aquela região se recuperar. A segunda hipótese é o que o nome seria oriundo de um matadouro que existia na Rua Santa Amaro, e a terceira afirmativa é que Bexiga seria herança do nome do proprietário da chácara Antônio Bexiga. No início de seus loteamentos o Bexiga se compôs como um bairro residencial de uso misto, com pequenos comércios estabelecidos pelos imigrantes italianos, tais como alfaiatarias, mercearias e cantinas mantendo essa configuração até meados da década de 50. O bairro tornou-se Polo Teatral na década de 60, ponto de encontro de músicos e artistas da boemia na década de 70, abrigou uma espécie de circuito do Rock com abertura de bares e pubs na década de 80 e gradualmente, nas últimas décadas, o Bexiga foi sendo substituído pelas novas centralidades de mesmo segmento, resultando desse processo uma crise de atratividade ao bairro. Atualmente, apesar da grande ‘pegada cultural’ o Bexiga apresenta poucos espaços urbanos de qualidade, capazes de ancorar, e potencializar os atrativos turísticos da região. A escolha do bairro se deu sobre tudo, por conter uma forte ligação com a cultura negra, além de apresentar vínculos locais singulares como a Escola de Samba Vai-vai.

Figura 21

33


Um grande contingente de imigrantes europeus chega a São Paulo. Boa parte dos Italianos da região da Calábria se instalam no Bexiga.

1790

Auge das construções de cômodos, cortiços e vilas, na área do Bexiga.

1890

1900

1897

1880

1910 A região do Bexiga passa a ser denominada oficialmente por Bela vista, através de Decreto Municipal

Figura 26

Os loteamentos aumentam na região do Bexiga, já são existentes ruas como a Santo Antônio, Treze de Maio e Rui Barbosa, além do caminho para Santo amaro em destaque. Planta da cidade de São Paulo 1897

O Jornal da Província anuncia o loteamento de várias terrenos nos Campos Bexiga, pertencentes a Antônio José Leite Braga.

Figura 25

34

Figura 24

Figura 23

Figura 22

LI NH A DO T E M PO

A área é conhecida ora como Campos do Bexiga, ora como Chácara do Bexiga, localizada entre a rua da Consolação e em vermelho o Caminho para Santo Amaro (atual Av. Brigadeiro Luís Antônio). Planta da cidade de São Paulo 1790.


Surge o Cordão Esportivo Carnavalesco ‘Cai-cai’, posterior mente chamado de Vae-vae.

É inaugurada a Avenida Nove de Julho que canaliza o Rio Saracura. Vista do túnel nove de julho.

1935

1928

Figura 30

Figura 29

Figura 28

Figura 27

A Rua Celeste passa a ser chamada oficialmente de Rua Treze de Maio, em homenagem aos negros que realizavam a festa de Santa Cruz nessa rua, um cortejo em comemoração a promulgação da lei áurea.

Inauguração do Cine Rex, um dos maiores cinemas de rua de São Paulo, atendia a demanda da elite paulistana com o luxuosidade que foi construído. Entra em decadência durante a década de 70

1940

1916

1938

Inauguração do Sanatório Esperança. Um dos melhores hospitais da região, atendia a alta sociedade paulista. Entra em decadência durante a década de 50.

Figura 33

Figura 31

1929

É inaugurada a Vila Itororó, uma vila singular em São Paulo, abriga um grande casarão e mais 37 casas. Primeira residência particular a ter piscina na cidade.

Figura 32

1926

A paróquia se torna Igreja de Nossa Senhora da Achiropita, reinaugurada na Rua Treze de Maio.

35


1955

1950

Figura 36

1963

Figura 38

O Sanatório esperança entregue ao poder municipal, passa a atender crianças e seu nome é alterado para Hospital Menino Jesus.

Figura 37

1968

1958

1956

Ciclo de alta Boemia no Bexiga, ligada principalmente ao samba, sendo representante cativo Adoniran Barbosa

Oficialização dos desfiles de carnaval e institucionalização das escolas de Samba de São Paulo. Notícia do Jornal Estadão de SP.

1969

É inaugurado o Teatro Bela Vista, na rua Rui Barbosa. Cia de Sergio Cardoso e Nydia Licia.

Figura 39

1948

36

Inauguração do Teatro Oficina, que foi tombado como Patrimônio Histórico em 1983. Posteriormente é restaurado com intervenções da Arquiteta Lina Bo Bardi.

Inauguração da Avenida 23 de Maio, que canaliza o córrego Itororó e passa a ser uma nova referência de limite para o bairro do Bexiga.

Figura 40

Promoção do Alargamento da Rua Rui Barbosa e sua unificação com a Rua João Passalacqua, Além da criação da famosa Praça Dom Orione através do plano de melhoramentos do Bairro da Bela Vista

Figura 35

Figura 34

Figura 33

Fundação do Teatro Brasileiro de Comédia – TBC, um dos mais importantes da história da cidade, naquele momento coloca o Bexiga no circuito das artes dramáticas.


1975

1971

1982

Figura 45

evitalização de fachadas em trecho da Rua Conselheiro Carrão, localizada entre a Rua Rui Barbosa e Treze de Maio, com o intuito de potencializar o atrativo turístico.

2009

2010

2002

1980

Inauguração da ligação Leste-oeste, sendo o viaduto Julio de mesquita filho um divisor do bairro do bexigo, uma cicatriz urbana

Figura 44

Figura 43

Tem início a famosa Feira de Antiguidades da Praça Dom Orione

Inauguração do Teatro Sergio Cardoso, que herda a Cia do Teatro Bela Vista

É promulgada a Resolução 2002 que define o tombamento de inúmeras edificações e elementos, como a escadaria do Bexiga e a maior parte do território da Bela vista como área envoltória de Patrimônio Histórico Tombado pelo Compresp

O Bexiga foi sendo substituído pelas novas centralidades de mesmo segmento cultural e gastronômico, como a Vila Madalena, resultando desse processo uma crise de atratividade ao bairro.

Figura 47

O Maestro Zaccaro adquire a edificação do antigo Cine Rex e Inaugura o Teatro Zaccaro, que perdura por anos, mas entra em decadência durante a década de 90 sendo abandonado

Figura 46

1972

Figura 42

Figura 41

O Cordão Vae-vae se oficializa como GRCS Escola de Samba Vai-vai.

37


Figura 48

38


CONTEXTO URBANO Antes de ser conhecido como bairro “italiano”, o Bexiga foi uma área formada por chácaras que tiveram registros de 1790 a 1880 nos mapas da cidade de São Paulo, essas chácaras passaram a ser loteados em meados 1880, iniciando a urbanização do bairro. O crescimento urbano do bairro acompanhou a implantação e extensão das ferrovias na cidade e a chegada dos imigrantes europeus, que intensificou consideravelmente a ocupação do Bexiga. A alta possibilidade de mobilidade permitiu ao Bexiga se tornar polo cultural da alta sociedade, até meados de 1950, atraindo investimentos para a região, e tornando o lazer uma vocação do lugar. Devido sua localização central o bairro passou a ser uma área de transposição da cidade fazendo ligações norte-sul e leste-oeste, processo que inseriu algumas cicatrizes urbanas na região como a avenida nove de Julho e o viaduto Julio de Mesquita Filho. Em análises mais específicas, notaremos algumas particularidades urbanas da área estudada, e suas influências no desenvolvimento do projeto.

39


ANÁLISE DE MOBILIDADE URBANA E CONEXÕES A partir da decisão de realizar o projeto no Bexiga, o ponto de partida foi identificar os vazios urbanos ou lotes subutilizados na área de estudo. Através do levantamento foi possível verificar que área não possui um grande número de vazios relevantes, apresentando uma ocupação horizontal bastante extensiva, com grande parte dos lotes ocupando mais de 90% do terreno. Ainda assim, foi possível identificar um lugar potencial para realizar a intervenção, situado a Rua Rui Barbosa.

A partir da escolha desse ponto, nota-se que a mobilidade por transporte público é facilitada nessa região tornando o equipamento acessiível em escala regional, que será potencializada com a inserção da nova estação do metrôdentro do raio 400 metros do projeto.

As conexões são caracterizadas por alguns entroncamentos que acabam gerando conflitos entre automóveis e pedestres. O fluxo de veículos se intensifica em função da hierarquia das vias e do uso do solo, sendo mais intenso nas vias arteriais que são a nove de julho e a 23 de maio. Continuando alto e moderado pelos eixos comercias e mantendo um fluxo baixo nas áreas mais residenciais.

40


Figura 49

41


ANÁLISE DE GABARITOS E PERMANÊNCIAS

A maior parte da área de estudo apresenta gabarito de até 2 pavimentos, pode-se afirmar que isso seja reflexo do grande número de restrições vinculados aos tombamentos realizados no Bexiga.

As edificações com mais pavimentos estão ligadas a grandes empreendimentos residenciais ou comerciais inseridos na região. O fluxo de pessoas se intensifica em função do uso do solo, nos eixos de comércio e serviços, no entanto diferente do que ocorre com o fluxo de veículos, a intensidade de uso pelo pedestre diminui ao se aproximar das vias arteriais.

A análise apresenta pontos de aglutinação que se repetem por conta das atividades desenvolvidas como a escola, a igreja, o hospital e paradas de transporte público que acabam atraindo pessoas diaiamente. Além disso existem pontos de aglutinação que atraem as pessoas periodicamente que é o caso da praça dos restaurantes e do teatro, com isso é possível identificar uma alta permanência de pessoas no entorno imediato da área de intervenção.

42


Figura 50

43


Proposta às Ruas Treze de Maio e Rui Babrbosa Atualmente o lote escolhido para a realização do estudo de intervenção não cumpre sua função social na cidade, uma vez que vem sendo subutilizado como estacionamento. A fachada frontal apresenta uma empena de aproximadamente 60 metros de comprimento, negligenciando qualquer relação com a cidade em uma das ruas mais importantes e ativas do Bexiga. A rua Rui Barbosa, configura-se como uma rua de pequenos comércios, e edificações de maior gabarito que abrigam serviços, só possui uma intensa utilização do pedestre nos horários de deslocamento de casa para o trabalho e vice-versa, mesmo apresentando condições agradáveis para o passeio do pedestre como calçadas largas e vasta arborização, diferente do que ocorre com as vias paralelas.

Figura 51

Já a rua Treze de Maio, é composta basicamente por edificações de baixo gabarito de uso misto. As edificações lindeiras a rua estão todas enquadradas como ZEPEC, tornando-se parte do circuito cultural da cidade. A treze de maio também recebe a Festa de Nossa Sra. Da Achiropita, um dos maiores festejos católicos da cidade atualmente, atraindo não só romeiros como turistas. Considerando esses pontos, propõe-se a alteração de uso das casas 1, permitindo uma ligação do projeto com a Rua Treze de maio e com a Rua São Vicente – atual rua da Quadra da Vai-vai, e a requalificação de uso do lote 2 que funciona como estacionamento no nível térreo e apresenta fachada completamente descaracterizada a nível de tombamento, a edificação e o uso atuais são contraditórias as premissas da ZEPEC. 44

Figura 52


Principais pontos de interresse do entorno

Figura 53

45


Figura 54

Figura 56

Figura 55

46

Figura 57

Figura 58


Figura 62

Figura 60

Figura 61

Percepção do Local

Figura 59

Figura 63

47


PARÂMETROS URBANÍSTICOS De acordo com a recente Lei de Zoneamento nº 16.402, aprovada em 22 de março de 2016, a área de estudo está identificada como uma ZEU – Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana, enquadrada na subcategoria de uso nR3-4 – Local de reunião ou evento de grande porte localizado na zona urbana com lotação superior a 500 pessoas. Parâmetro de ocupação do uso do solo: Coeficiente de Aproveitamento máximo = 4 Taxa de ocupação máxima = 0,7 Taxa de permeabilidade mínima = 0,25 Figura 64

Área de Intervenção ZEU – Zona de Estruturação Urbana ZC - Zona Centralidade ZEIS 3 – Zona de Interesse Social 3 ZM – Zona Mista ZEIS 5 - Zona de Interesse Social 5 ZOE – Zona de Ocupação especial Áreas verdes

A área de estudo também está inserida no espaço envoltório de bens tombados denominado ‘Área do Bexiga’ conforme a Resolução n° 22/2002 - CONPRESP, que discorre sobre os tombamentos do Distrito da Bela vista. De acordo com o Art. 3° ‘As intervenções que impliquem em reforma com modificação de área construída demolição ou nova construção, que venham a ser feitas nos imóveis localizados nos espaços envoltórios dos bens tombados deverão ter coerência com o imóvel vizinho tombado’.

As alterações de uso indicadas na proposta, nas edificações enquadradas como ZEPEC, estão de acordo com o Art. 26 da Lei de

O distrito da Bela vista está em sua maior parte demarcado como ZEPEC

Zoneamento, que prevê em seu § 2º A emissão de autorizações e

- Zona Especial de Interesse Cultural, que são ‘ÁREAS DESTINADAS A PRE-

licenças para novas construções e atividades devendo observar as

SERVAÇÃO, VALORIZAÇÃO DOS BENS CONSTITUINTES DO PATRIMÔNIO CUL-

seguintes condições: ‘I - os usos deverão apresentar finalidade vol-

TURAL MUNICIPAL(...), INCLUINDO ESPAÇOS QUE DETENHAM VALOR DE USO

tada à promoção de atividades culturais, serviços públicos sociais

SOCIALMENTE ATRIBUÍDO(...)’. A ZEPEC abrange os imóveis já tombados e

ou habitação de interesse social, atestada pelo órgão municipal

indica outros ao processo de tombamento.

de planejamento urbano’.


Figura 65

Área de Intervenção ZEPEC

Figura 66

Área de Intervenção Área Envoltória de Bens Tombados

Fica utilizado como critério o alinhamento da edificação a rua, confor-

Já os recuos laterais e de fundos de acordo com o Art. 66 ficam dispen-

me o Art. 69.’ Não será exigido recuo mínimo de frente quando, no mí-

sados quando a altura da edificação for menor que 10 metros de altura

nimo, 50% (cinquenta por cento) da face de quadra em que se situa o

e/ou quando o lote vizinho apresentar edificação encostada na divisa

imóvel esteja ocupada por edificações no alinhamento do logradouro,

do lote conforme análise de órgão competente.

conforme base georreferenciada cadastral oficial do Município, não se

O projeto deverá atingir a pontuação mínima em relação a Quota Am-

aplicando a exigência de doação para alargamento do passeio público

biental de 0,46 pontos, de acordo com as diretrizes programadas para

prevista no inciso II do “caput” do art. 67 desta lei(...)’.

área que está enquadrada como PA5

49


50


5.

ESTUDOS DE CASO


ESCOLAS DE SAMBA

ESCOLA DE SAMBA VAI-VAI

Para compor os estudos de caso foi ne-

A Escola de Samba Vai-vai atualmente possui sua sede social localizada na Rua São

cessário conhecer espaços que abri-

Vicente, na Bexiga, está foi construída em XXXXX, é a menor infraestrutura espacial

gavam as atividades de uma Escola de

dentre as escolas do grupo especial da cidade. A edificação apresenta dois acessos

Samba, tornando possível a especula-

pelo nível da rua, o programa atual é dividido em dois pavimentos (térreo mais um),

ção dos espaços mínimos ao progra-

que abrigam: loja de artigos, sala de troféus, palco, camarim, sala de equipamen-

ma proposto. As visitas foram realizadas

tos audio visuais, conj. sanitários, bar, bilheteria, secretaria, sala de reuniões, sala do

a diferentes Escolas da cidade de São

presidente, mezanino. A cobertura é composta por tesouras metálicas e telhas de

Paulo, tanto do grupo especial como do

fibrocimento sem aberturas zenitais. A segunda edificação, abriga, o palco principal,

grupo de acesso , entender as relações

a guarda de intrumentos da bateria e equipamentos audio visuais. Dentre as ativida-

espaciais como um todo, diagnostican-

des desenvolvidas na Escola estão os projetos sociais, que atualmente tem a maior

do seus pontos comuns e suas maiores

demanda ocupada por crianças com a escola de samba mirim e as atividades ad-

dificuldades, foram os objetivos dos es-

ministrativas ligadas ao desenvolvimento dos desfiles de carnaval.

tudos uma vez que a Escola de Samba Vai-vai possui uma das menores infraestruturas entre as principais Escolas de Samba de São Paulo.

1. As escolas de Samba da cidade são divididas em grupos para a organização dos desfiles o grupo especial é o grupo de elite sendo configurado pelas escolas de melhor colocação no desfile, seguido pelo grupo de acesso.

52

Informações: Arquiteto Responsável: Não identificado Área do terreno: 5.530m² | Área total construída: 5.400m² | Pavimentos: 2 Pé direito: 4 m Estrutura: Concreto armado | Cobertura: Estrutura metálica

Figura 67

1


Esquema de Implantação

Em média ficam 100 ritmistas por ensaio Área da Bateria

Os Ensaios recebem em média 1500 pessoas.

Palco Principal de Apresentações e Guarda de Instrum. e Equipamentos de áudio.

Figura 68 - Vista da Área Interna da Quadra a partir do mezanino. A frente o Bar e o palco.

Fluxo de Pessoas Evolução do Ensaio

Esquema de organização em Plantas Mezanino

es Ac s

so

Face proncipal voltada para o Sul

Distribuição do Programa

Esquema de organização em Corte

Circulação Vertical

Figura 69 - Vista do térreo para o Mezanino, olhando sala de troféus e Loja de artigos.

Ar quente fica acumulado

Ar frio restrito por pequenas aberturas

Figura 70 - Palco Principal Localizado na segunda edificação

53


ESCOLA DE SAMBA UNIDOS DE VILA MARIA A escola de Samba Unidos de Vila Maria foi fundada em 1954, no bairro de Vila Maria, na zona norte de São Paulo. Atualmente sua sede social, construída em 2004, possui uma das melhores infraestruturas espaciais dentre as escolas do grupo especial da cidade. A escola foi pioneira no desenvolvimento de atividades vinculados a um Programa Social para sua comunidade e integrantes, atendendo cerca de 800 pessoas durante o ciclo de um ano. Dentre as atividades sociais oferecidas hoje estão a escola de futebol, a escola de samba mirim, ballet, dança, equoterapia, fisioterapia, consulta médica, teatro, fotografia, capoeira, karatê instrumentos de corda, áudio e som e padaria artesanal. Ficha Técnica: Arquiteto Responsável: Não identificado Área do terreno: 5.530m²

Figura 72

Área total construída: 5.400m² Pavimentos: 3 | Pé direito: 4 m Estrutura: Concreto armado Cobertura: Estrutura metálica Endereço: R. Cabo João Monteiro da Rocha, 448 - Vila Maria – SP

Figura 71

54

Figura 73


ESCOLA DE SAMBA CAMISA VERDE E BRANCO A escola de Samba Camisa verde e Branco nasce do Primeiro Cordão Carnavalesco da cidade o Cordão Barra funda, criado em 1914, e torna-se Escola em 1972, situada sempre na barra funda, na zona norte de São Paulo. A escola faz parte o grupo de acesso da Liga das escolas de samba de São Paulo. Atualmente sua sede social ocupa um galpão desde 1978. Dentre suas atividades sociais estão as aulas de padaria artesanal, técnicas de construção civil, escola de moda e a escola de samba mirim. Ficha técnica: Arquiteto Responsável: Não identificado Área do terreno: Aprox. 935m²

Figura 74

Área total construída: Aprox. 1.850m² Pavimentos: 2 | Pé direito: 3,9 m Estrutura: Alvenaria Estrutural Cobertura: Estrutura metálica Endereço: Rua James Holland, 663 Barra Funda - SP

Figura 75

Figura 76

55


ESTUDO DE FACHADAS

Figura 77

Legenda 1 - E. S. Rosas de Ouro 2 - E. S. Império de Casa Verde 3 - E. S. Águia de Ouro 4 - E. S. Nenê de Vila Matilde 5 - E. S. Vai-vai 6 - E. S. Camisa Verde e Branco

Figura 78

Figura 80

56

Figura 79


Ao analisarmos as fachadas das Escolas de Samba podemos perceber a falta de relação com a rua que ambas apresentam, sendo quase sempre formadas por grandes empenas com pequenas aberturas, o que traz a sensação de fechamento e reclusão a aqueles que estão no espaço interno da escola e indiferença e deFigura 81

sinteresse a aqueles que passam pelo lado externo da escola, prejudicando também a composição da paisagem urbana, uma vez que não fomentam nenhuma dinâmica. Esses são fatos curiosos, já que todas essas escolas apresentam projetos sociais de inclusão e pedagógicos além da própria produção de carnaval que envolvem suas comunidades de maneira intensa, não só nos períodos de alta produção, mas durante todo o ano, As Escolas acabam por não refletir arquitetonicamente o quão são abertas as suas comunidades e aos seus visitantes e quanto é importante as atividades cul-

Figura 82

turais que ali desenvolve. Talvez seja possível afirmar que a recorrente utilização da empena cega como solução de vedamento se dê em função das Escolas basearem seus espaços em galpões, afim de abrigar um número grande de pessoas, além de poder ser uma tentativa de amenizar os problemas de acústica e decibéis causadas pelos ensaios com baterias, já que são raras as escolas concebidas através de projetos arquitetônicos.

Figura 83

57


REFERÊNCIAS PROJETUAIS

PRAÇA DAS ARTES Ficha técnica:

Diante da necessidade do programa, que prevê a utilização de

Arquitetos: Escritório Brasil Arquitetura Localização: Av. São João, 281 - Centro São Paulo - SP, Brasil Autores: Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz + Luciana Dornellas

um grande espaço livre para os

Área: 28500.0 m²

ensaios, e a premissa

Ano do projeto: 2012

tornou-se

essencial o estudo de sistemas estruturais que pudessem vencer um Viaduto Santa Efigênia

grande vão, a partir disso foi realizado levantamento de diversas

Av. São João

tipologias que poderiam ser adotadas, além disso houve o estudo de referência sobre implantações e soluções que pudessem atender necessidades do contexto urbano, sendo aqui apresentada as referências de maior relevância.

Figura 84

Teatro Municipal de SP

Praça das Artes

Vale do Anhangabaú

A essência do projeto da Praça das Artes é a sua contextualização com o entorno, visto que, de forma contrastante e analógica, trabalha com diferentes relações a favor das pré existências. Sua implantação tem como base a desapropriação de lotes subutilizados, tendo sua maior área concentrada

58


no miolo da quadra, o desafio estava na acomodação do pro-

Esquema de Implantação

grama em meio a espaços residuais, que articulam e criam novos caminhos e espaços de estar relacionados a forte pré existencia do seu entorno. Assim, elementos como fachada, volumetria, usos múltiplos e espaços livres foram levados em consideração. O conceito estratégico de concepção do projeto respondeu à demanda de um programa de diversos novos usos para região, e articulou de maneira transformadora uma situação física e espacial preexistente, com vida intensa e com uma vizinhança fortemente presente, criou novos espaços de convivência a partir das oportunidades de junções de lote e da nova geografia urbana Figura 85

formada na quadra, considerando a história local e as necessiAcessos

dades da vida pública contemporânea.

Espaços de estar uso coletivo

Avenida São João

Figura 87

Figura 86

Rua Conselheiro Crispiniano

Vale do Anahangabaú

Esquema de fluxo

fluxo térreo, que permite a travessia da quadra por dentro do lote.

59


MUSEU DE ARTE MODERNA - RJ MAM RJ Vedações translúcidas

Ficha técnica: Arquiteto: Affonso Eduardo Reidy Localização: Av. Ifante Dom Henrique, 85 , RJ Ano do projeto: 1952 Coordenação Geral: Eng. Carmen Portinho ; Paisagismo: Roberto Burle Marx

Valorização da vista

Ventilação Cruzada

Laje Cobertura, armada por nevuras

Entrada de Luz

Viga do Quadro Principal Recebe o atiratamento da laje cobertura e da laje do segundo pav.

Figura 88

Aeroporto Santos Dumont

MAM- RJ Aterro do Flamengo

Baía de xxxxx

Laje segundo pavimento Direção das cargas aplicada a estrutura

60

Laje do primeiro pavimento apoiado nos pilares do quadro secundário

Figura 89


Esquema de implantação 1. Galeria de Exposições 2. Bloco Escola 3. Teatro

Esquema de fluxo fluxo térreo, que se torna livre ao centro com implantação dos pilares apenas nas extremidades. Circulação Vertical Figura 90

O arquiteto toma como partido principal a continuidade do espaço e da vista do usuário através da forma a ser proposta, considerando o entorno privilegiado. A partir disso, Reidy propõe um edifício que concentra em seu sistema estrutural seus apoios nas extremidades de menor vão e mantendo o espaço interno livre para o desenvolvimento das atividades do programa, sem nenhum pilar. Dessa maneira a edificação constitui-se por 14 pórticos de concreto armado, implantados a 10 metros de distância um do outro, vencendo um vão de 28 metros entre os apoios principais. Cada pórtico é bi-articuldo e apresenta o quadro principal que é constituído de duas pernas inclinadas para fora e uma viga horizontal de 41m de comprimento, na qual atirantam-se as lajes da cobertura e do 2º pavimento. O quadro secundário, com duas

Figura 91

pernas para dentro, sustenta a laje do primeiro pavimento.

61


62


6.

PROJETO


FORMULAÇÃO DO PROGRAMA A partir das análises dos estudos de caso e do entendimento das atividades desenvolvidas em uma Escola de Samba, foi possível formular o programa para a Escola de Samba Vai-

TABELA DE ÁREAS Quadra 1708m² Bar da Quadra 125m² Conjunto de Sanitários 101,45m²

-Vai, sendo este, inicialmente, divido em três espaços. A pri-

Loja de Artigos 62,6m²

meira parte se refere ao Espaço Social e de Vivência, que

Vitirne de trofeus 10,9m²

abriga toda o programa específico para o desenvolvimento

Botequim Vai-Vai 461,4m²

e evolução dos ensaios técnicos da Escola. A segunda par-

Exposição de Fantasias 167,7m²

te é o Espaço Administrativo, que trata das áreas técnicas

Bilheteria 30,8m²

utilizadas pelos funcionários fixos da Escola. O espaço edu-

Bicicletário 75,3m²

cacional, abriga o programa dos Projetos Sociais realizados pela escola, nasce do objetivo de suprir problemas espaciais encontrados durante o diagnóstico.

Reciclagem 40m² Depósitos 88,4m² Guarda de Instrumentos 73,5m² Vestiários 48,5m²

RELAÇÃO ESPACIAL A partir da definição das atividades, foi necessário entender as relações que seriam criadas em torno da associação dos

Cisterna - água pluvial 38,5m² Equipamento audio Visual 51,5m² Secretaria e Administração - Vai Vai 56,8m² Sala de Aula teórica 50m²

espaços, esses vínculos representam as intenções das propo-

Diretorias 40,5m²

sições realizadas, de maneira que organizam os atividades

Sala de Reuniões 26,5m²

hierarquizando as conexões primárias e secundárias e as intangíveis em relação aos acessos e rua.

Teto Jardim 705m² Sala do Presidente 20m² Sala Multiuso 60,8m² 5.141,3m²

64


ESTRUTURAÇÃO PROJETUAL ENSINO E APRENDIZADO

APOIOS

TRADIÇÃO

A

I

VAI-V

CULTURA

VAI-V

VAI-VA

ESPAÇOS DE PERMANÊNCIA

VAI-V AI

VIDA NO BEXIGA

AI

I

RUA

PROJETOS SOCIAIS

PRODUÇÃO DE ARTE

COMÉRCIO

EVENTOS

SETOR DE CARNAVAL

RUA

PR A A

Ç PR A

COZINHA

PRESIDÊNCIA

A

ATENDIMENTO REUNIÕES

DIRETORIAS

QUADRA

DEPÓSITO

ADMINISTRATIVO

pedes

da Priori

PR

SETOR

ÇA

ao

ENSAIOS

BAR E

LANCHONETE

ÇA

Guarda de Instrumento

LAZER

ÇA

EQUIP. AUDIO VISUAL

PR A

de

ESTAR

tre

BATERIA

ENCONTROV

VIDA NO BEXIGA

LOJA SECRETARIA APRESENTAÇÕES

PERTENCIMENTO

DEPÓSITO SALAS DE AULA

VITRINES BILHETERIA EXPOSIÇÃO DE FANTASIAS

Elaborado pela autora

Relação Espacial Primária Relação Espacial Secundária Relação Espacial Intangível

65


FORMULAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO Esquema de percepeção sensorial

Solucionar dificuldades das interpéries mantendo a relação visual que já acontece na vai-vai.

Solução proposta.

empena cega

ADM

Vista para Rua São Vicente

66

Acesso

Esquema de ventilação e iluminação

Patrimônio Histórico

Ar frio

Acesso

Ar quente

Principal eixo - ligação urbana

ENSAIOS

Maior declividade

Esquema do trajeto do palco.

Acesso Principal

Ensaios atualmente na Vai-vai


SISTEMA ESTRUTURAL A partir da definição do pórtico como solu-

1

2

3

ção para a composição do sistema estrutural e implantação do projeto, buscou-se entender como funcionava suas tipologias e deformações. Conforme o diagrama podemos verificar que a tipologia 1 seria a menos indicada, pois

Rigidez do pórtico

seu pilares com um terço de sua viga apresenta a maior deformação dentre todos, levando a insustentabilidade de alta concentrações de carga. Já a segunda tipologia, reforça o ponto de apoio entre pilares e vigas e por isso apresenta uma deformação por flexão um pouco

deformação por flexão

menor que a primeira, mas ainda assim tende a uma flexão consideravel conforme seu gráfico de momento. wwwDe acordo com o autor Heino Engel, este tipo de pórtico deve apresentar como seção 1L para o vão horizontal e 1/2L para o vão vertical, para assim alcançar os resultados esperados de sua deformação. Sendo

gráfico do momento esforços por flexão

então a terceira tipologia escolhida para implantação no projeto.

67


DIVISÃO DO PROGRAMA

68


Social e ConvĂ­vio Ensaios | Atividade de Carnaval Administrativo | PedagĂłgico

69


PLANTA DE IMPLANTAÇÃO - COBERTURA ESC. 1/1000

70



PLANTA DE IMPLANTAÇÃO - TÉRREO ESC. 1/1000

72


Planta do terreo

73


PLANTA TÉRREO

DETALHAMENTO 1. Palco

ESC. 1/500

Legenda 1. Palco móvel 2. Quadra 3. Bar da Quadra 4. Conjunto de Sanitários 5. Túnel 6. Loja de Artigos 7. Vitirne de trofeus 8. Passagem Pública 9. Botequim Vai-Vai 10. Exposição de Fantasias 11. Bilheteria

Esquema estrutural Palco

Planta de Posicionamento Palco 4 cantores 1 violão 2 cavaquinhos 2 surdos 2 caixas 1 reco-reco 1 repique 1 cuíca

Acoplagem de equipamento de áudio Revestimento de piso opaco antiderrapante

Estrutura em aço | treliças

74


779,5

i=10% 780,3

779,5

780,3

779,5

DET.1 779,5 780,5

75


PLANTA SUBSOLO

ESC. 1/500

Legenda 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.

76

Bicicletรกrio Vaga para carga e descarga Reciclagem Depรณsito Guarda de Instrumentos Vestiรกrios Cisterna - รกgua pluvial


776,2

77


PLANTA PRIMEIRO PAVIMENTO ESC. 1/500

Legenda 1. Mezanino 2. Equipamento audio Visual 3. Conjunto de Sanitários 4. Depósito - Botequim 5. Câmara fria 6. Vestiário funcionários - Botequim 7. Secretaria e Administração - Vai Vai 8. Depósito 9. Sala de Aula teórica 10. Administração - Botequim 11. Diretorias 12. Sala de Reuniões

78


784

784 779,5

779,5

784

79


PLANTA SEGUNDO PAVIMENTO ESC. 1/500

Legenda 1. 2. 3. 4. 5. 6.

Mezanino Teto Jardim Hall Sala do Presidente Depósito Sala Multiuso

DETALHAMENTO 1. Cobertura

Fechamento lateral em vidro Revestido com telha de cerâmica e vidro

80


787,5

DET.1

787,5

81


PLANTA COBERTURA

DETALHAMENTO 1. Cobertura Verde

ESC. 1/500

Legenda 1. Teto jardim 2. Cobertura Verde

Laje Impermeabilizada Manta Geodrenante Substrato | Terra Vegetação

Vidro Policarbonato perfurado

Calha

82

Nervura da Laje


791

DET.1

791,5

83


787,5 784

779,5

776,2

CORTE A ESC. 1/500

84


787,5 784

779,5

779,5 776,2

CORTE B ESC. 1/500

85


784 780,3

CORTE C

ESC. 1/500

86

779,5


787,5 784

779,5

780,3

CORTE D ESC. 1/500

87


ELEVAÇÃO A

88


ELEVAÇÃO B

89


90


91


92


93


94


95


96


7.

BIBLIOGRAFIA


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VON SIMSON, Olga Rodrigues de Moraes. Carnaval em Branco e Negro: Carnaval popular Paulistano: 1914-1988. Campinas: Editora Unicamp; São Paulo: Editora da USP; Imprensa Oficial do Estado de SP, 2007, 396 p.

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SITES

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Figura 26 - Disponível em: http://www.arquiamigos.org.br/info/info20/img/1897-download.jpg. Acessado em 08-04-16. Figura 27 – Disponível em: http://curitibaspace.com.br/wp-content/uploads/2014/04/arua-treze-de-maio-13-de-maio-curitiba-space1.jpg. Acessado em: 25-04-16 Figura 28 - Print Screen do Documentário Vai-vai 80 anos nas Ruas. Figura 29 – Disponível em: http://gq.globo.com/Cultura/noticia/2015/08/mirante-9-de-julho-em-sao-paulo-reabre-como-centro-cultural.html. Acessado em 08-04-16. Figura 30 – Disponível em: http://www.saopauloantiga.com.br/teatro-zaccaro. Acesso em: 23-03-16. Figura 31 – Disponível em: http://medjugorje.org.br/eventos_leitura.php?modulo=brasil&registro=75. Acessado em 23-03-16. Figura 32 – Disponível em: http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,a-historia-da-bela-vista,1790272. Acessado em 23-03-16. Figura 33 – Disponível em: http://acervo.estadao.com.br/imagens/105x65/1938.11.06GIMP.jpg. Acessado em 23-03-16. Figura 34 – Disponível em: http://www.olharhumanista.org.br/atividades-16-03-13.html. Acessado em 25-04-16. Figura 35 – Disponível em: https://leismunicipais.com.br/a2/sp/s/sao-paulo/lei-ordinaria/1955/471/4704/lei-ordinaria-n-4704-1955-aprova-plano-de-melhoramentos-do-bairro-da-bela-vista-e-da-outras-providencias-1955-06-03-versao-original. Acessado em 25-04-16. Figura 36 – Disponível em: http://piniweb.pini.com.br/construcao/arquitetura/imagens/i204286.jpg. Acessado em 25-04-16 Figura 37 – Disponível em: http://acervo.estadao.com.br/imagens/105x65/1968.02.24_oficial.jpg. Acessado em 15-05-16. Figura 38 – Disponível em: http://moozyca.com/artigo/105-anos-de-adoniran-nao-tem-graca-o-samba-e-um-drama. Acessado 25-04-16. Figura 39 – Disponível em:http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/autarquia_hospitalar_municipal/2%20%20Imagens/ conhe%C3%A7a%20as% 20unidades informativos/H_M_Infantil_Menino_Jesus%20%282%29.jpg. Acessado em 25-04-16. Figura 40 – Disponível em: http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,a-historia-da-bela-vista,1790272. Acessado em 23-03-16 Figura 41 – Disponível em: http://2.bp.blogspot.com/-9HWhJlfbqUk/Ulatq4ICpbI/AAAAAAAAA4M/5hfOnnM7lfM/s1600/323952-970x600-1.jpeg. Acessado em 25-04-16. Figura 42 – Disponível em: http://www.vaivai.com.br/. Acessado em 19-03-16. Figura 43 – Disponível em: http://www.saopauloantiga.com.br/teatro-zaccaro. Acessado em 23-03-16. Figura 44 – Disponível em: http://viagem.uol.com.br/album/conselheiro_carrao_sp_album.htm. Acessado em 25-04.16 Figura 45- Disponível em: http://www.saopauloantiga.com.br/sao-paulo-em-1971. Acessado em 25-04-16. Figura 46 – Disponível em: http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,a-historia-da-bela-vista,1790272. Acessado em 25-04-16. Figura 47 – Disponível em: http://casaraodobixiga.com.br/o-bairro-do-bixiga. Acessado em 25-04-16 Figura 48 - http://bairrodbixiga.blogspot.com.br/2013/03/bixiga-o-bairro-das-cantinas.html. Acessado em 29-09-16 Figura 49 – Elaborado pela autora. Figura 50 – Elaborado pela autora. Figura 51 – Base disponível pelo Google Maps. Acessado em 28-09-16. Figura 52 – Base disponível pelo Google Maps. Acessado em 28-09-16. Figura 53 - Base disponível pelo Google Maps. Acessado em 28-09-16. Figura 54 - Acervo Pessoal Figura 55 - Acervo Pessoal Figura 56 - Base disponível pelo Google Maps. Acessado em 28-09-16. Figura 57 – Acervo Pessoal Figura 58 – Acervo Pessoal Figura 59 – Acervo Pessoal Figura 60 – Acervo Pessoal 100


Figura 61 – Acervo Pessoal Figura 62 – Acervo Pessoal Figura 63 – Acervo Pessoal Figura 64 – Disponível em http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br. Acessado em 23-03-16. Figura 65– Disponível em http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br. Acessado em 23-03-16. Figura 66 – Base disponível pelo Geosampa. Acessado em 05-02-16. Indicações elaboradas pela autora. Figura 67 – Base disponível pelo Google Maps. Acessado em 01-10-16. Figura 68 – Acervo Pessoal Figura 69 - Acervo Pessoal Figura 70 – Acervo Pessoal Figura 71 – Base disponível pelo Google Maps. Acessado em 25-04-16 Figura 72 – Acervo Pessoal Figura 73 – Acervo Pessoal Figura 74 – Acervo Pessoal Figura 75– Acervo Pessoal Figura 76 – Base disponível pelo Google Maps. Acessado em 05-05-16 Figura 77 - Disponível em Google Street View. Acessado em 16-05-16. Figura 78 - Disponível em Google Street View. Acessado em 16-05-16. Figura 79 - Disponível em Google Street View. Acessado em 16-05-16. Figura 80 - http://www9.prefeitura.sp.gov.br/simdh/compara/index_comp.html Figura 81 - Disponível em Google Street View. Acessado em 16-05-16. Figura 82 - Disponível em Google Street View. Acessado em 16-05-16. Figura 80 - Disponível em Google Street View. Acessado em 16-05-16. Figura 83 - Base disponível pelo Google Maps. Acessado em 01-10-16. Figura 84 – Base disponível pelo Google Maps. Acessado em 05-05-16 Figura 85 - Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura. Acessado em 02-11-16 Figura 86 - Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura. Acessado em 02-11-16 Figura 87 - Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura. Acessado em 02-11-16 Figura 88 - Base disponível pelo Google Maps. Acessado em 01-10-16. Figura 89 - Disponível em: https://deborabonetto.wordpress.com/2013/04/03/mam-museu-de-arte-moderna-rio. Acessado em 02-11-16 Figura 90 - Elaborado pela Autora Figura 91 - Disponível em: http://www.timeout.com.br/rio-de-janeiro/arte/venues/455/museu-de-arte-moderna. Acessado em 02-11-16

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ORIENTADOR PROF. CARLOS JOSÉ VERNA

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Universidade São Judas Tadeu Arquitetura e Urbanismo

SP|2016


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