Camboriú - 131 anos

Page 1


Caderno especial

02 Camboriú 131 anos

Camboriú, abril, 2015

Editorial

Camboriú 131 anos

“Aqui é o meu lugar”

Umas das grandes riquezas de Camboriú é a sua história e a vontade que os camboriuenses possuem em contá-la. Seja história político-administrativa do município, contos e causos que se propagam pelas ruas, a história particular do contador ou a volta ao passado. Relembrar como eram as vias, hoje, em boa parte, pavimentada e até asfaltada. O nascimento de ruas e até de bairros inteiros. O grande crescimento populacional e econômico de Camboriú nas últimas décadas chama a atenção não apenas dos “nativos” mais antigos, mas também dos “estrangeiros”, muitos vindo para cá justamente por conta desse crescimento. E mesmo os que não são daqui, acabam fincando sua raízes em uma parte da cidade. É isso que esse caderno traz. História de camboriuenses, nativos ou não, que são conhecidos nos seus bairros, estão há anos ali. Eles contam sua história e a história do lugar onde vivem. Trazem um carinho pelo bairro onde nasceu ou decidiu ir morar. Porque qualquer cidadão que esteja aqui há muito tempo, tem boas histórias para contar e memórias para compartilhar de como era e como está a cidade e o seu bairro. Olhando para o passado e muitas vezes projetando o futuro. Das boas e más memórias do Centro e dos bairros nasce um pedaço da história dessa cidade que neste final de semana completa mais um aniversário. Parabéns a todos nós!

Expediente Textos e fotos: Schaline Rudnitzki Caroline Maffi

Redes sociais facebook.com/linhapopular twitter.com/linhapopular

Diagramação / Arte Final: Rodrigo Oliveira rodrig0_oliv@hotmail.com

Sede Rua Maria da Glória Pereira, nº 149 - sala 102 - 2º piso Centro - Camboriú CEP 88340-000

Edição: Adriano de Camargo Assis JP 4414SC linhapopular@gmail.com Diretor comercial: Calebe Moreno comercial@linhapopular.com.br Tiragem: 2 mil exemplares Circulação: Camboriú e Balneário Camboriú Site www.linhapopular.com.br

Contato: (47) 3365-4893 (47) 9708-8454 (comercial)

Uma publicação da empresa



Caderno especial

São Francisco de Assis

04 Camboriú 131 anos

Camboriú, abril, 2015

Era uma vez ...

Uma casa Amarela

A via é movimentada, na verdade há pouco tempo as coisas são assim. Quem transitasse pela região há seis ou sete anos não encontraria nem calçamento, há quinze anos então quando começavam os primeiros loteamentos, havia poucos moradores e muito do bairro era mato. Das estradas de barro que davam acesso ao isolado bairro São Francisco de Assis à pavimentação asfáltica, o crescimento populacional e comercial foi gigante. Entre tantas casas hoje, uma chama a atenção. É uma casa de paredes amarelas que com o tempo foram ganhando manchas pretas, de arquitetura diferenciada, no local há mais de um século. Quem imagina quantas histórias já foram vividas em seu interior? Somos recebidos com um sorriso largo por dona Sélia, ela que nasceu há algumas quadras da casa, cresceu ali e viveu sua adolescência por aquelas ruas antes de muitas terem sequer um nome. O casarão, ou a Casa dos Garcia, foi construído pelo pai Isidoro Francisco Garcia com tijolos e óleo de baleia. Além da estrutura externa, que quase em nada foi modificada, foi mantida na parte de dentro a escadaria que dá acesso ao sótão e alguns móveis. No sótão, há três quartos e o telhado

direto sem a existência do forro. No quarto à direita, um vento que traz a brisa leve da rua pela janela e pelas frestas do assoalho de madeira. No terreno amplo, hoje há outras quatro residências. São filhos e netos que vivem próximos. Um dos motivos pelo qual Sélia, aos 76 anos, não abre mão da casa. Além disso, tem a emoção de partilhar a alegria dos bisnetos correndo pelo mesmo terreno que outrora ela correu. Sélia Garcia Lamim conta que como os fundos do terreno dá para o Rio Camboriú, era comum no cardápio sua mãe incluir peixes e ela mesma pedia para que guardasse as tripas. E com essa vivência tão próxima ao rio, Sélia comenta que não passou despercebida a poluição do mesmo. “Eu as fazias de iscas e ia pros fundos pegar siri, depois era só jogar na panela. Me assusta mesmo é ver como esse rio está sujo”. Enquanto o município não define a possibilidade de tombamento histórico, Sélia já definiu que a herdará seu neto Jeferson Lamim, 25 anos, a quem cuida desde o primeiro ano de vida e a tem como mãe. O que deve demorar muito a acontecer, visto que ela tem a agenda cheia. De segunda a quinta-feira são muitos compromissos com o grupo da terceira idade e energia de sobra para percorrer em 25 minutos o trajeto de sua casa ao Centro da cidade.

ela que nasceu há algumas quadras da casa, cresceu ali e viveu sua adolescência por aquelas ruas antes de muitas terem sequer um nome.”

Casarão foi construído por Isidoro Francisco Garcia, pai de Sélia



06

Caderno especial Camboriú 131 anos

Distrito do monte alegre

Camboriú, abril, 2015

“A bondade do povo

daqui me cativou”

A região mais habitada de Camboriú nasceu nos morros. E vai seguindo até as margens da BR101. Os morros, antes todos verdes, hoje possuem marcas de devastação. Todos eles podem ser vistos da casa de Antonio Pedro de Souza, a poucos metros da Paróquia Senhor Bom Jesus. Seu Antonio rodou o Estado até chegar ao Distrito. Nasceu em Petrolândia, perto de Ituporanga, mas foi criado em Rio do Campo, na região de Taió. Todas essas cidades com menos habitantes que o Monte Alegre. Passou por Rio do Sul e morava no bairro Cordeiros, em Itajaí, quando fez as malas e chegou em Camboriú em fevereiro de 1983. Na cidade vizinha trabalhava puxando barro e areia em uma “caçambinha”, como chama. O dinheiro que usaria para fazer a fundação de uma casa em Cordeiros serviu para comprar um terreno com uma casa velha no então desvalorizado Monte Alegre, qe ainda não era Distrito. Ele acreditou no potencial do bairro, próximo de Balneário Camboriú e abriu uma lojinha. Não parou mais de crescer. Hoje há uma loja grande no terreno comprado há 32 anos e em cima ele fez a casa onde vive com esposa. Tem apartamentos do outro lado da rua que garante a renda da família.

De vendedor e líder comunitário foi duas vezes vice-prefeito. Com Ainor Lotério, em 1993, e Edson Olegário, 2005. Trabalho 20 anos na então Capela Senhor Bom Jesus, que se tornou paróquia. Foi coordenador de catequese e administrador. Tudo por um motivo. “Eu tinha que pagar tudo aquilo que o Monte Alegre me deu”.

Eu tinha que pagar tudo aquilo que o Monte Alegre me deu”.



08

Caderno especial Camboriú 131 anos

Quando ele chegou já havia a separação entre Taboleiro, Monte Alegre e Conde Vila Verde. Todos pequenos. As ruas de barro. Não havia nem mercado, apenas vendinhas. Ele viu de perto a explosão populacional dos bairros. “Hoje temos uma cidade aqui”. Nos anos 1980 não havia sequer iluminação pública. Já passava a rede elétrica que iluminava as casas, mas nada de lâmpadas nos postes. Conquista dos moradores após muitas reuniões com a Prefeitura. E não foi a única cobrança da época. “Não havia ônibus. Fizemos uma reunião, cobramos e lançaram uma rede de ônibus que chamávamos de 'Cutuca”, hoje a CTT. Isso em 1984, 1985”, ri ao lembrar. O Cutuca os deixou mais perto do centro.

A paixão pelo bairro foi logo no começo. E olha que passou sufoco, afinal, chegou poucos meses antes da enchente de 1983. E não é só uma questão e gratidão por tudo que conquistou depois que passou a morar ali. O jeito dos moradores o fez se sentir e casa. “A bondade do povo daqui. É um povo igual o da roça. Eu vim para a cidade depois de ser colono, plantar fumo, fazer engenho.Eu sentia falta em outras cidade do estilo do pessoal da roça. E aqui eu encontrei. Mais aqui no bairro que no município. Eles tem o estilo dos agricultores. Aqui eu me sinto muito bem e, por isso, eu amo o Monte Alegre”. Essa parte final da frase é dita com frequência quando ele conta a sua história.

Camboriú, abril, 2015


A cidade está de aniversário, mas quem ganha o presente é você. Apresente este jornal e ganhe um desconto adicional na sua compra. Quer ainda mais? Além do desconto, você irá ganhar um presente especial

Parabéns Camboriú Relojoaria e Ó ca Camboriú

R: Gustavo Richard, 17 - Centro - Camboriú Fone: (47) 3365-2996


10

Caderno especial Camboriú 131 anos

Lembra que falta de segurança não é um problema apenas do bairro, mas também da cidade e de todo o Estado. Ela não tem dúvida: “não temos o grande bandido aqui. O que temos é o bandidinho que rouba galinha, bicicleta, para comprar drogas”. Seu Antonio acredita que a presença de policiamento a pé ou a bicicleta já inibiria os criminolos e diminuiria e muito a violência na região. A falta de estabelecimentos como bancos e os Correios também o chateiam. Há apenas uma lotérica. Ele considera uma falta de atenção do Poder Público com o Distrito. Seu Antonio sente falta de uma maior proximidade da administração. Se tem uma pergunta que o senhor de cabelos brancos tem dificuldade de responder

é qual a parte favoria do bairro. Sempre responde: “tudo aqui”. Mas basta insistir para ele citar dois lugares: a igreja, onde trabalhou por 20 anos, e o CAIC, seu motivo de orgulho. Ele ajudou a construir quando foi vice-prefeito. “Ali era um terreno invadido, um favelão.

Camboriú, abril, 2015 tação o CAIC. Depois foi feito o posto de saúde. A fama ruim do bairro, quando o assunto é violência, faz com que seus filhos o convidem com frequência para se mudar. A filha tenta o levar para Balneário Camboriú, enquanto o filho o quer perto

Eles [os moradores do bairro] tem o estilo dos agricultores. Aqui eu me sinto muito bem e, por isso, eu amo o Monte Alegre” Tiramos 390 famílias e fizemos o loteamento Vida Nova, no Conde Vila Verde”. Depois de limpo, o terreno foi doado para o Governo Federal para a implan-

dele, no Centro. Mas de lá seu Antonio não sai. “Digo para minha filha: vou sair do Monte Alegre, mas se você pegar na alça do meu caixão e me levar”.



12

Caderno especial Camboriú 131 anos

Camboriú, abril, 2015

Santa Regina

Do lamaçal

a pavimentação Com o passar do tempo, acredita-se que tudo pode e logicamente mude, seja onde for e o que for. Mas não foram muitas as mudanças vistas por Érico Ancini, o Alemão, 55 anos, no bairro Santa Regina. Ele é um dos primeiros moradores do local. Chegou há 17 anos. Natural de Ituporanga, no Oeste do Estado, Alemão veio para Camboriú com a família, quando tinha apenas quatro anos. Os Ancini se instalaram em um sítio, nos Macacos, onde ele passou seus primeiros anos. “Aos sete comecei a frequentar a cidade onde estudei, trabalhei e casei”, fala o morador. “Praticamente nada mudou aqui”, garante ele. Em sua conta o principas feitos foram as pavimentações das avenida Belo Horizonte e Minas Gerais. O que diminuiu e muito foi o lamaçal. “Entre as décadas de 1980 e 1990, além de termos que caminhar até o Grupo Escolar Professora Clotilde Ramos Chaves para pegar o transporte público, tínhamos que tirar os calçados e colocar uma sacola plástica nos pés para podermos passar

pela intensa lama, agora isso diminuiu, apesar de haver alagamentos constantes nos dias de chuvas, nos mesmos locais que antes sofríamos com o barro”. Outras coisas, porém, melhoraram e muito. A queda da criminalidade é uma delas. “Apesar de ficarmos meses sem que uma viatura passe em frente às casas dos moradores, o crime diminuiu muito, antigamente havia bem mais roubo, furto e principalmente ocorrências de estupros”. Alemão hoje está aposentado, é pais de duas meninas. Perdeu dois filhos homens. Ele sobrevive com o salário ao qual se aposentou após muito tempo de trabalho. O que gosta do Santa Regina é de seus moradores e da rotia qu conseguemante. “Hoje, assim como antigamente caminho pelo bairro, vou à padaria Anjinho, converso com os vizinhos, amigos e desfruto da companhia das pessoas que me fazem bem”. Ele espera estar vivo ainda para ver um Santa Regina com mais pontos de lazer, mais infraestrutura e recebendo uma melhor atenção do poder público.



14

Caderno especial Camboriú 131 anos

Camboriú, abril, 2015

Interior

O interior

das lembranças

Em meio a seus violões e outros instrumentos musicais, Mauro Chillemi relembra os momentos felizes vividos junto à esposa Evandir Simas Chillemi na localidade de Lageado, no interior do município de Camboriú. O terreno que acolheria a família por trinta anos, foi adquirido logo após o casamento em 1955. Devido a compromissos de trabalho, o casal se mudou muitas vezes antes de definir o domicílio na cidade. O clima temperado do interior, a qualidade da água e o contato com as pessoas foram determinantes para a compra do terreno, além de que a esposa nasceu na região e era apaixonada pela vida do interior. “Ela gostava de ver o gado pastando, de cuidar dos pássaros e até criava galinhas”. Na comunidade o casal era presença marcante e engajados socialmente. Evandir, que embora fosse professora de formação, ficou conhecida pelo cuidado com todos por ter conhecimentos de primeiro socorros. Ele pelo envolvimento com a igreja onde foi até regente do coral. “Eu amo aquele pessoal, eu amo. Minha esposa sempre foi muito querida, o trabalho social dela foi muito melhor que o meu. Na época não tinha ambulância e era distante, então a procuravam, e

estava sempre disponível”. O casamento deu a Chillemi mais que a qualidade da vida no interior, lhe deu três filhas mulheres, um filho homem, oito netos e um bisneto. Ele só

se mudou para o Centro da cidade após o falecimento da esposa há cinco anos e conta que as tantas lembranças deixadas na residência o abalam ainda hoje. Aos 83 anos Chillemi es-

tuda música e deve concluir essa graduação ainda neste ano, mais uma além das duas em Engenharia Civil e Mecânica e os cursos em Administração de Empresas e Teologia. De opiniões fortes no

campo político relembra ainda a divisão do município em duas cidades. “Na época eles ficaram com toda riqueza em Balneário. Mas, olha agora? Nós temos a maior riqueza: a água”.



16

Caderno especial Camboriú 131 anos

Editorial

Lembranças de uma

Camboriú diferente

Após ensinar a muitos com seus aprendizados, e conhecimentos adquiridos na faculdade de Pedagogia, Valtair Iolanda Rebello Salti, 70 anos, moradora há 45 anos do Centro de Camboriú, guarda com amor as sabedorias adquiridas nos tempos de trabalho, os quais se misturam com os ensinamentos da vida. Ela nasceu na vizinha Itajaí, mas logo depois do seu casamento, quando tinha 26 anos, se mudou para Camboriú. Na mesma casa onde mora até hoje. Entre a Praça da Bíblia e a Praça da Igreja.

Salti relata que notou mais mudança nos bairros em si do que no Centro da cidade. “É engraçado ver o local mais conhecido e frequentado da cidade parar no tempo, evoluindo bem mais os bairros do que o ponto principal da cidade”. A Praça das Figueiras continua a mesma desde o início da cidade, garante a moradora, porém as ruas do centro antes com paralelepípedos foram ganhando asfalto. “A Praça Adolfo Konder continha em sua arquitetura os anos da cidade,

onde somente ano passado recebeu novas árvores, e uma modernizada no antigo”, diz. O comércio, esse

sim, mudou. Foi crescendo ao longo dos anos. Mas ela sente falta do primeiro supermercado da cidade: o Vitória.

Camboriú, abril, 2015


Camboriú, abril, 2015

Caderno especial Camboriú 131 anos

Do passado, Salti tem saudade principalmente da tranquilidade e da segurança. Houve um tempo onde não se precisava trancar a casa para dar uma volta ou passear. Hoje tudo esta diferente. “Temos que trancar as portas com quantas chaves forem possíveis e colocarmos grades nas janelas para nos sentirmos mais protegidos”, enfatiza.

Dona Iolanda se considera bem caseira. Faz sua tarefas do dia a dia dentro de sua casa, onde só gosta de sair com as duas filhas e suas duas netas. “Não gosto muito de viajar, ainda mais após ficar viúva, por isso saio somente com minhas filhas”. Um dos locais que ela vai, mesmo que sozinha, é na Igreja Matriz em dias de missa.

17



Caderno especial Camboriú 131 anos

Camboriú, abril, 2015

19

Praça da igreja matriz há uns anos" que mudou tudo ali

Apesar da saudade de muita característias que Camboriú tinha antigamente, a moradora quer ver a cidade evoluindo e se de-

senvolvendo. “Creio que as autoridades locais deveriam dedicar-se mais a cidade, principalmente criando indústrias, proporcionan-

do geração de trabalho. Isso ajudaria em muitos fatores, um deles seria a diminuição do intenso movimento de carros vindos para

a cidade. Pois muitos moram em Camboriú, mas trabalham em outros locais”. Esse é um desejo que Iolanda espera ver concretizado.




Caderno especial

22 Camboriú 131 anos

Morro do Encano

Um recanto Na estrada de barro uma pequena entrada a direita esconde um recanto familiar. Agora pouco se vê do marrom da estrada, só verde e sol. Plantações e uma casa, mais adiante a segunda nosso ponto final. Na casa de madeira com janelas fechadas, a porta entreaberta guarda o cheiro de camomila. Do alto do terreno, se vê muita grama, uma plantação de milho, um abacateiro e um galpão – que logo descobriremos ser o galinheiro. Nadir e Nelson são de uma época em que não era preciso conhecer as pessoas pelo nome completo. Faziam a pé os doze quilômetros do Centro da cidade ao Morro do Encano, às vezes sozinhos, às vezes com os filhos pequenos. Andavam, paravam, carregavam no colo, paravam e seguiam. Nadir conta que muitas vezes os filhos não tinham nem sandália, e é até engraçado perceber que hoje encontramos o casal de pés descalços.

no morro

Camboriú, abril, 2015


Caderno especial Camboriú 131 anos

Camboriú, abril, 2015

Quando casaram, ela tinha 18 anos e ele 20, hoje ela tem 73 e ele 75 anos. Do longo casamento vieram seis filhos – todos homens, e onze netos. Nadir conta que não teve filha mulher com certo pesar na voz, mas demonstra alegria ao lembrar da nora Janice. Ela diz que essa não é uma filha, é quase uma mãe. Tama-

nho o cuidado e o zelo da nora em relação aos sogros. Dona Nadir qual o segredo do casamento? “Digo para ele: ora por mim, que oro por ti. E peço pro senhor guardar ele cada vez que sai de casa”. De vida simples e muito trabalho na terra, a família plantava milho e feijão, torrava café e mantinha

um moinho para fazer farinha. A água da casa vem de uma cascata, cristalina como não se vê nem nos galões de supermercado. “Sempre tinha uma casa lá, uma casa cá. Mas, agora não se conhece mais ninguém. A cidade cresceu demais”. A verdade é que ainda hoje os vizinhos são

poucos, muitos vem apenas para o fim de semana ou para descansar de vez em quando. Mas, as visitas na casa de Nadir e Nelson são frequentes. São amigos da igreja que se reúnem no silêncio da propriedade para rezar durante algumas noites. Ou são as caronas que trazem seu Nelson do culto ou de alguma ação da

23

igreja. Porque como diz Nadir, ele não para. Eles viveram em uma Camboriú com extensão territorial muito maior que a atual, mas também muito menor em termos populacionais. A cidade cresceu, a população também, mas quer saber quem mora naquela casa? A Nadir e o Nelson e ponto.



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.