Caderno tfg lívia 2015

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PARQUE URBANO

LĂ­via Maria Estevam Carelli

2015


‘Embora a sutileza humana produza invenções variadas que, por meios diferentes, concorrem a um fim idêntico, ela jamais poderá reproduzir as mais belas, mais simples e mais diretas criações como as da natureza, nas quais não há nenhuma lacuna.’ Leonardo da Vinci – Quaderni IV


PARQUE URBANO


RESUMO As áreas verdes urbanas, são caracterizadoras de uma sociedade e o modo como ela se desenvolve. Elemento de extrema importância para o homem, atualmente, cada vez menos são incorporadas na paisagem urbana, devido a diversos fatores do mundo globalizado, como os problemas de ordem econômica, cultural, política e social. Esse trabalho tem como objetivo contribuir para a paisagem urbana, integrando o verde e melhorando a qualidade de vida dos usuários. Para isso, o trabalho busca a implantação de um parque urbano, localizado na zona norte da cidade de Ribeirão Preto, e que se integra com o leito férreo existente, e que foi de grande importância para o desenvolvimento e expansão da área. A antiga linha férrea Mogiana, que atualmente se encontra parte desativada e parte em funcionamento, configura-se como barreira física no espaço urbano, e a sua falta de uso gera desvalorização para seu entorno. A implantação do parque urbano, torna-se importante para a melhoria da paisagem urbana, uma vez que ele é capaz de controlar poluição, amortecer ruídos, quebrar a monotonia da paisagem das cidades e valorizá-la visualmente, e contribuir ecologicamente, na medida em que os elementos naturais componentes desses espaços , minimizam os impactos decorrentes da industrialização. Além disso, também é capaz de melhorar a qualidade de vida dos moradores da zona norte de Ribeirão Preto.


Centro Universitário Moura Lacerda

Arquitetura e Urbanismo

Parque Urbano Lívia Maria Estevam Carelli Trabalho Final de Graduação apresentado como exigência parcial para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista, sob a orientação da Professora Arquiteta Rosa Farias

Ribeirão Preto 2015


Porque eu, o Senhor teu Deus, te tomo pela tua mão direita; e te digo: Não temas, eu te ajudo. Isaías 41:13


AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar à Deus, pela vida dada e a força concedida a cada dia À meus pais pela oportunidade proporcionada Às minhas irmãs pela companhia À Juliana pela paciência de cada dia À Patrícia por toda a ajuda Em memória de minha avó Feliciana e meu avô Oswaldo, que muito orgulhosos estariam À minha tia Sandra que muito me ajudou À minha avó Iolanda e em memória de meu avô José Às minhas tias Lúcia, Sandra e Sueli pelas orações À professora orientadora Rosa Farias


INTRODUÇÃO

SUMÁRIO

1. QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA ____________________ 11 2. ÁREA DE INTERVENÇÃO 2.1 Delimitação do objeto de intervenção___________________________________15 2.1.1 Assentamentos irregulares da área____________________________________16 2.2 Breve histórico da área de intervenção___________________________________17 2.2.1 Linha cronológica do início do povoamento do entorno da área____________18 2.3 Uso do solo_________________________________________________________19 2.3.1 Legislação do uso do solo e Legislação COMAR__________________________20 2.3.2 Paisagem urbana___________________________________________________21 2.4 Ocupação do solo____________________________________________________22 2.4.1 Mapa equipamentos________________________________________________23 2.4.2 Mapa de Equipamentos urbanos______________________________________24 2.4.3 Mapa equipamentos de áreas verdes existentes na área___________________25 2.5 Mapa declividade____________________________________________________26 2.6 Hierarquia física_____________________________________________________27 2.6.1 Hierarquia funcional________________________________________________28

2.6.2 Via expressa norte__________________________________________________29 2.7 Perfil socioeconômico________________________________________________30

3. REFERÊNCIAS PROJETUAIS 3.1 Parque da Redenção – Porto Alegre/Brasil________________________________34 3.2 Parque La Villet – Paris/França_________________________________________35 3.3 Parque High Line – Nova York/Estados Unidos____________________________36

4. PROJETO DE PARQUE URBANO 4.1 Estudo Preliminar____________________________________________________37 4.2 Memorial Justificativo________________________________________________44 4.3 Projeto Final________________________________________________________46

5. CONCLUSÃO__________________________________________54 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS_________________________56


I NT RO D UÇÃO


Ao longo das histórias das

com predominância de cobertura vegetal, que variam de acordo com o

cidades, as áreas verdes urbanas sempre foram consideradas espaços

grau de intervenção do homem; áreas verdes naturais são aquelas

formadores e caracterizadores de estrutura urbana e social.

poupadas à ocupação e, institucionalmente , podem se apresentar

Constituem-se em espaços refletores do modo de viver dos povos, e

como Parques, Reservas, ou áreas não edificantes; áreas verdes de

suas diferentes épocas e culturas. Os espaços verdes são consequências

cultivo são geralmente aquelas junto às cidades que constituem o seu

das necessidades vividas em cada momento, sendo ao mesmo tempo

cinturão verde. Nesta categoria podem ser incluídos até mesmo os

um reflexo dessa sociedade da qual está presente.

reflorestamentos econômicos; e

As áreas verdes urbanas, nas últimas décadas, tem tido sua discussão

constituem a categoria mais complexa. Englobam desde pequenos

como uma temática obrigatória no cotidiano. Devido ao momento de

parques até os bairros verdes, passando por áreas institucionais. É o

crise que vivemos, sobre a forma a qual as cidades se estruturam, os

verde resultante do desenho urbano, desde o planejamento que define

problemas de ordem econômica, cultural, política e social, e que nos

onde, como e quanto construir, assim como, onde e quanto de espaço

leva a um caminho de ritmo acelerado de futuro incerto.

aberto ser deixado até o projeto paisagístico que define como tratá-lo.

Segundo

o Art. 8º, § 1º, da Resolução CONAMA Nº 369/2006,

No presente momento onde a relação cidade e natureza se encontra

considera-se área verde de domínio público "o espaço de domínio

cada vez mais problemática, devido à expansão dos espaços urbanos

público que desempenhe função ecológica, paisagística e recreativa,

desenfreados e sem planejamentos em que se criam contradições

propiciando a melhoria da qualidade estética, funcional e ambiental da

entre as questões socioambientais e os interesses políticos e

cidade,

econômicos, o parque urbano surge como uma alternativa para a

sendo

dotado

de

vegetação

e

espaços

livres

de

áreas verdes urbanizadas, que

impermeabilização".

melhoria do ambiente físico.

NUCCI (2001, p.198 apud Maymone 2009), define como área verde,

Parque urbanos podem ser definidos dentro de diversas tipologias e

como um tipo especial de espaço livre onde há predominância de áreas

segmentos. Podemos classificá-los como : parque metropolitano: tem

plantadas e que deve cumprir três funções (estética , ecológica e lazer);

um conceito mais amplo, pois é parte de um sistema contendo áreas

vegetação e solo permeável (sem laje) devem ocupar, pelo menos 70%

destinadas ao lazer coletivo da população urbana e ainda pode no seu

da área; deve ser pública e de utilização sem regras rígidas.

interior, abrigar unidades de uso sustentável; parques regionais que são

São exemplos das funções dos espaços verdes: a) controle de poluição

área necessárias para salvaguardar unidade de conservação da

(ar, acústico, gases e materiais residuais); b) conservação do solo,

natureza; parque linear: foram pensados à principio, para serem

mantendo suas propriedades, luminosidade, permeabilidade e

parques de uso recreativo, para servir de caminho para escola, trabalho,

fertilidade; c) amortecimento de ruídos, a quebra da monotonia da

compras, pois cria conexões entre os bairros e espaços. Sua principal

paisagem das cidades, a valorização visual, e a contribuição ecológica

característica é que gera a valorização da terra no seu entorno, de uma

que ocorre na medida em que os elementos naturais componentes

área que não recebe o tratamento devido, melhorando assim a

desses

qualidade de vida e atraindo melhorias; parques ecológicos e de usos

espaços

,

minimizam

os

impactos

decorrentes

da

múltiplos: são parques que possuem áreas de preservação permanente,

industrialização. Kliass apud Mayone (2009), essas áreas verdes

nascentes, olhos d'água, veredas, matas ciliares. Sua principal função é

podem ser classificadas em: áreas verdes urbanas: são espaços abertos

conservar amostras dos ecossistemas naturais além de recuperar essas.

Como nos indica

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áreas já degradadas; e por fim parque temáticos: são parques

A falta destes espaços verdes dentro da malha urbana, tem

planejados levando em conta um conjunto de influências sociais e

conseqüências já pesquisadas que no geral, abaixam a qualidade de

econômicas. São produtos finais de uma proposta de pesquisa

vida, aumentam a violência nas regiões, desvalorizam a paisagem,

multifacetada, ligada ao Turismo, à economia, sociologia, história,

comprometem a condição climática...

geografia, e tantas outras áreas.

É importante ressaltar que entende-se, erroneamente, quem acha que

Dentro da cidade de Ribeirão Preto, segundo Gomes (2009), constata-

qualidade de vida é um conjunto de bens, serviços, confortos. Mas sim

se que houve uma evolução expressiva no número de parques nas

que, através destes, as oportunidades efetivamente apareçam para as

últimas décadas. Em 1998 havia 11 (onze) áreas regulamentadas por lei.

pessoas se disponham a serem felizes, seja pelas realizações coletivas,

Já em 2004, o número de parques na cidade se elevou para 17

passadas ou presentes. Nesse contexto então, é que se evidencia o

(dezessete), sendo que 9 (nove) não se encontravam efetivamente

tamanho da influência da qual um parque urbano pode ter dentro de

implantados. Além desse baixo número de parques existentes, agrava

uma cidade.

ainda mais o problema, a má distribuição destes por toda a cidade.

Falar da importância dos espaços verdes para o homem, tem se tornado

Ainda segundo Gomes (2009), os bairros ocupados pela população de

cada vez mais necessário, uma vez que estes são cada vez mais raros

maior poder aquisitivo, além de concentrarem uma quantidade mais

nas cidades atuais. Os estudos da percepção do ambiente urbano, em

expressiva de praças, dispõem das mais bem equipadas. Nesses

que as pessoas atribuem significados ao ambiente

logradouros, é frequente a existência de mobiliários que permitem o

enquanto ferramentas para a renovação das cidades, intensificam-se

uso desses espaços para fins de contemplação ou da prática de

em uma época em que a cidade passa a ser encarada como um cenário

atividades esportivas. Além disso,é constante a presença de vegetação

para a atração de capital, justificando uma preocupação com os seus

e de tratamento paisagístico, tornando-os espaços agradáveis de ser

aspectos visuais. A busca da melhoria da qualidade de vida está

frequentados, embora não sejam utilizados efetivamente.

relacionada com a maneira de organização das cidades, que, na

Os bairros que têm sua população habitacional predominante de baixa

atualidade, constitui um desafio, pois a criação de lugares portadores

renda, na maioria dos casos, sofre com a falta de espaços públicos

de símbolos, sensações, significados e vivências são, na maioria das

implantados. Existem os casos onde estes bairros até dispõem de

vezes, inviabilizados pela ideia de eficiência, que enfatiza as questões

parques e praças, porém não possuem vegetação e infraestrutura, não

funcionais em sobreposição aos demais valores. ( Ferreira, Adjalme Dias

permitindo assim, um efetivo uso para apreciação do espaço e a prática

, 2005 p. 35).

de atividades físicas, tão importantes para o homem.

A rotina atribulada e frenética, a falta de tempo, e o espaço cada vez

Esses espaços que permitem um convívio, uma interação do ser

mais escasso das cidades, fazem com que a existência e a qualidade

humano, com o próximo e com a natureza, tem como função melhorar

dos parques urbanos sejam algumas das causas dessa raridade que

a qualidade de vida, através da recreação, do paisagismo, da

vivemos atualmente.

diversificação das paisagens congeladas das cidades atuais, da

Os espaços verdes tem tamanha importância à humanidade, que

qualidade ambiental que só um espaço verde de qualidade pode

segundo o arquiteto Benedito Abbud, em palestra realizada em

proporcionar.

Ribeirão Preto na associação dos arquitetos, no dia 30 de Outubro, a


maiores benefícios as regiões ao redor, melhorando a temperatura do própria ONU (Organização das Nações Unidas) se preocupa com essa

ar, a poluição e a monotonia das paisagens atuais.

questão, e estipula que para cada habitante de uma cidade, deve haver

Ainda segundo Abbud, na cidade de São Paulo, dos dez bairros mais

uma área total de 15 m² de verde.

valorizados, oitos deles estão localizados e são considerados os mais

Levando então em conta esse índice, podemos ter uma noção de quão

arborizados. Refletindo como atualmente, o verde tem sido valorizado

alarmante é o quadro atual. Uma vez que na cidade de São Paulo a área

cada vez mais, e de como nós necessitamos dele, procuramos estar

verde por habitante fica na casa dos 2,6 m² e pior ainda é o índice da

perto destes espaços. Oferecer ao cidadão um parque urbano, é

cidade de Ribeirão Preto, onde esse número não passa do índice de

proporcionar uma melhor qualidade de vida, um ambiente em que ele

2m².

possa encontrar refúgio em meio à selva de pedras.

Resgatar a importância e a necessidade desses parques ao homem, é

Um centro de referência da população, o local para lazer,

respeitar a condição humana, na sua mais pura essência da qual somos

contemplação, prática de esportes e encontros, proporcionando

compostos.

múltiplos usos para a comunidade, o que tem um resultado direto sobre

Significa devolver a cidade e seu espaço para aqueles que a utilizam. Significa resgatar a parte natural. Animal que somos, necessitamos de contato com a fauna e a flora. Precisamos nos sentir ambientados e em contato com o nosso meio ambiente. Precisamos do contato direto com a natureza e seus benefícios. É importante ressaltar que

os parques urbanos são espaços que

permitem e proporcionam a população: lazer, pesquisas, educação ambiental, conforto, distração, saúde, interação do homem com o meio natural, cumprindo assim um papel fundamental na harmonização do espaço e da paisagem urbana atual. Llardent (1982, apud Rezende, Souza, Silva, Ramos e dos Santos (2012), afirma que as funções desses parques urbanos tem relevante papel no conjunto dos elementos, sistemas e funções das cidades, sendo os espaços livres um dos principais sistemas que formam o organismo urbano. A falta de parques urbanos e consequentemente, das áreas verdes, são prejudiciais não só do ponto de vista humano, levando em conta o lado psicológico, da sensação de paz, do bem estar que um parque pode gerar, mas também sob a ótica do conforto ambiental, térmico. As áreas verdes adquirem um papel de equilíbrio entre o espaço modificado para o assentamento urbano e o meio ambiente. Trazendo

a amenização dos impactos ambientais existentes, a qualidade de vida

e a preservação do meio ambiente. Logo, este trabalho se faz relevante quando propõe o projeto de um espaço verde na zona norte de Ribeirão Preto, um espaço que traga qualidade para á área e atenda a uma escala territorial proporcionando aos usuários um parque que forneça equipamentos de atividades físicas, além de um espaço de convívio, que melhore diretamente a qualidade de vida dos moradores da zona Norte, possibilitando ganho

ambiental, social e cultural para o município. Assim, este trabalho tem como objetivo principal Elaborar um projeto de parque urbano na zona norte da cidade de Ribeirão Preto, que atenda a uma escala territorial. Um ambiente verde de qualidade que possa gerar benefícios direto para os moradores do entorno, para usuários e para a cidade como um todo, tornando-se um referencial , e tem ainda como objetivos específicos: 1) Projetar um parque urbano

que traga qualidade para á área e atenda a uma escala territorial; 2) Proporcionar aos usuários um parque que forneça equipamentos de atividades físicas, além de um espaço de convívio; 3) Melhorar diretamente a qualidade de vida dos moradores da zona Norte; 4) Devolver à população um mínimo de qualidade de vida necessário à condição humana, e portanto, necessitada

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de natureza. O método para o desenvolvimento deste trabalho se deu a partir da coleta e análise de bibliografias que abordaram diretamente o tema e o objeto de estudo. em conjunto foi realizada a coleta de dados junto ao arquivo histórico e museu municipal, nesses recintos se encontram documentos como publicações de jornais, revistas, atas da câmara, códigos de postura e outras legislações municipais; e iconografias do período de implantação desses até os dias atuais; e coleta de dados junto ao ibge, seade, denatran e outros órgãos. A coleta e leitura das leis municipais e federais facilitaram a implantação da proposta do trabalho, uma vez que temos os instrumentos legais para o mesmo. Quanto ao desenvolvimento da proposta foram também realizadas visita “in loco”, com observação assistemática, devido a complexidade e

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extensão do objeto, onde foi observada de forma geral a atual situação da zona norte no que tange areas verdes. para entendimento da situação legal e atual da área, foram realizadas conversas informais com profissionais ligados a gestão municipal, responsáveis pela elaboração de projetos de leis e estudos sobre áreas verdes na cidade. Na etapa de execução da proposta foram utilizados softwares como Autocad, Coreldraw, SketchUp e Archicad, e o material de pesquisa (textos e tabelas) foram desenvolvidos em microsoft word, microsoft excel e microsoft powerpoint.

O presente trabalho se dividirá em seis capítulos, dos quais, o primeiro é esta introdução. O segundo capítulo da pesquisa trará a fundamentação teórico-conceitual, no qual se discutirá acerca da temática da importância dos espaços verdes dentro da aglomeração urbana, e a qualidade espacial e ambiental que um parque urbano pode agregar. No terceiro capitulo se falará sobre a apresentação, contextualização e análise da área de intervenção, segundo todas as

leituras feitas. No capítulo quatro será abordada a proposta para o projeto do parque. E a seguir no quinto capítulo se encontra a conclusão do trabalho. Finalizando com o capítulo seis, onde consta as referências bibliográficas consultadas para a execução deste trabalho.


QUADRO TEÓRICO

DE

REFERÊNCIA


Atualmente, a ideia de parque, paisagismo, área verde, está em alta.

As áreas verdes não são necessariamente voltadas para a recreação e o

Além da conscientização ambiental popular, que vem crescendo

lazer, objetivos básicos dos espaços livres, porém devem ser dotadas de

gradualmente, e as legislações que ficam cada vez mais rigorosas a

infraestrutura e equipamentos para oferecer opções de lazer e

respeito deste assunto, a classe investidora também já notou que um

recreação às diferentes faixas etárias, a pequenas distâncias da moradia

bom projeto paisagístico valoriza e facilita a venda de seus

(que possam ser percorridas a pé).

empreendimentos.

É importante deixar claro que a recreação não deve ser comprada. O

O parque urbano, tal como é conhecido, é uma criação inglesa dos

governo tem a obrigação de fornecer meios para que toda a população

séculos XVIII e XIX, produto do acelerado processo de industrialização e

possa ter a oportunidade de escolher livremente como, quando e onde

urbanização, inserido no desenho urbano tornam-se parte do complexo

se divertir, pois “a rua, que antigamente exercia um papel de ponto de

de áreas públicas, livres de edificações. Ora eram utilizados para

encontro tanto para adultos quanto para as brincadeiras das crianças,

atenuar os efeitos da insalubridade, do congestionamento do trânsito

foi excluída do rol de possibilidades de lazer.” (NUCCI, 2001, p. 89).

de veículos e ora como forma de qualificar as cidades. "Os parques

Segundo Macedo (2002, p.65), o parque moderno tem como principais

urbanos são espaços públicos com dimensões significativas e

características:

predominância de elementos naturais, principalmente cobertura

• possuir uma configuração morfológica estruturada pelos mesmos

vegetal, destinados à recreação." (KLIASS, 1993, p.19).

elementos que o parque eclético, como bosques, gramado e corpos

Segundo estudos feitos por Rezende, Souza, Silva, Ramos e dos Santos

d'água, mas sem a intenção de obter uma paisagem à europeia;

(2012), os parques são equipamentos públicos urbanos difundidos a

• apresentar uma linguagem formal e visual que se utiliza de linhas

partir das experiências inglesas, francesas e americanas e surgiram de

despojadas, de formas mais geométricas, definidas e limpas.

ações concretas, em situações geográfica e historicamente específicas.

Abandonam-se as "parterres", os caminhos sinuosos ladeados por

A provisão de parques é função do município e ocorre a partir da

elementos românticos e pitorescos, os canteiros extremamente

necessidade de existência de tais equipamentos, de sua presença nos

ajardinados e as podas topiárias;

planos e da tendência contemporânea das reivindicações por parques e

• em alguns casos a área do parque é totalmente recortada por uma

áreas verdes (SCALISE, 2002). Nesse sentido é importante ressaltar à

rede de caminhos, menos rebuscada, porém, que a do Ecletismo e com

relação existente e as áreas de entorno, para as pessoas que os utilizam

a função diversa, no parque moderno,a rede de caminhos faz a

através da circulação e permanência.

comunicação entre os diferentes equipamentos de forma mais direta,

O espaço livre é aqui entendido como todo espaço nas áreas urbanas e

passando a ser reaproveitada para praticas esportivas;

em seu entorno, não coberto por edifícios. A amplitude que se pretende

• a vegetação tropical predomina, podendo ser nativa ou exótica,

diz respeito ao espaço e não somente ao solo e a água, não cobertos

devidamente organizada, criando cenários bucólicos, seguindo,

por edifícios; também diz respeito aos espaços que estão ao redor, na

todavia, uma linguagem mais naturalista-tropical;

auréola da urbanização, e não somente internos, entre tecidos urbanos (SCALISE, 2002, p. 22).

• a água, ainda de caráter contemplativo, é desenhada em formas ora ortogonais, ora em curvas, mas sempre assimétricas;

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• todo o espaço do parque é subdividido em áreas definidas funcionalmente para piqueniques, lazer infantil, lazer cultural, prática de esportes e contemplação, em alguns casos, essas atividades encontram-se concentradas em duas áreas bastante diferenciadas, uma abriga o lazer mais ativo, onde se localizam as quadras esportivas, os playgrounds, teatros ao ar livre e edificações • de apoio, como lanchonetes e sanitários, a outra é voltada para o lazer mais contemplativo, normalmente ocupado por um bosque já existente e permeada por caminhos (trilhas) com pontos de atração, como mesas para piquenique e churrasco, mirante e lagos; •

é comum a presença de elementos construídos, como jardineiras, anfiteatros, arquibancadas, bancos, mesas, fontes, monumentos e,

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algumas vezes, pisos e murais com desenhos altamente elaborados. Os parques urbanos podem ser voltados a diversos usos. Seus tipos podem ser definidos através de conceitos. Richter (1981) apud

Geraldo,1997 apud Rezende, Souza, Silva, Ramos e dos Santos (2012) propõe a classificação para os espaços livre, sendo eles: os parques de vizinhança, como praças e playgrounds; parque de bairro, que requerem maiores espaços de recreação que os parques de vizinhança; parques setoriais ou distritais, também ligados a áreas de recreação; e áreas de proteção da natureza, destinadas a conservação com uso recreacional pouco intensivo.

Fernando Chacel é um nome importante no conceito de arquitetura paisagística aqui no Brasil. Sua principal contribuição é na restauração e na recuperação de ecossistemas, incorporando o conceito de ecogênese. Curado (2006), define ecogênese: A ecogênese é a reconstituição

de

ecossistemas

parcialmente

ou

totalmente

degradados, valendo-se de uma re-interpretação do ecossistema através do replantio de espécies vegetais autóctones, em um trabalho

de equipe multidisciplinar que envolve profissionais da botânica, da biologia, da zoologia, da geografia, entre outros, além do arquiteto paisagista.

A ecogênese procura reconstruir as paisagens que já sofreram profundas modificações em sua estrutura, valendo-se de elementos vegetais autóctones, provenientes de todos os estratos, e recompondo

suas associações originais. É um conceito proveniente da botânica, e se refere à uma idéia já existente, é portanto um neologismo, e muito associado ao nome de Chacel, por ter sido ele um dos maiores defensores no seu repertório projetual. Usando deste propósito, Chacel realizou diversos projetos no país de restauração paisagística.


Á R EA D E I NT E RV E NÇÃO


2.1 DELIMITAÇÃO DO OBJETO DE INTERVENÇÃO Imagem 01 Localização da área na cidade de Ribeirão Preto, e demarcação dos bairros ao entorno. Fonte: Google 2015

15 03

Localizada na Zona Norte da cidade de Ribeirão Preto, a área de intervenção

no ano de 2011, este Projeto era uma das principais reivindicações da

fica entre os bairros, Quintino facci I e II, Vila Elisa, Parque Industrial Tanquinho

população que utiliza a avenida para viabilizar o acesso aos bairros onde

e Chácara Pedro Corrêa de Carvalho, como mostra a imagem ao lado.

residem e ao local de trabalho.

Das principais avenidas de acesso aos bairros, a Via norte é a mais utilizada

Porém, segundo os moradores que lá residem, essa não é umas das

com 7 km de extensão. A Secretaria de Obras Públicas colocou em prática o

principais melhorias desejadas para a região, existe até uma certa

Projeto de Revitalização, que visa construção de uma ciclovia com 5.330 metros

resistência às obras realizadas, muitos dizem que existem problemas de

de extensão e obras de paisagismo. O total do projeto está orçado em R$ 7

maior urgência, como a questão da habitação, infra-estrutura, saúde e

milhões de reais, segundo informações da própria prefeitura. As obras estão

educação, e que a ciclovia não será útil para a população, sendo que a

em andamento.

maioria não possui este meio de transporte (bicicleta), a falta de segurança

Segundo uma entrevista realizada com a Prefeita Municipal Dárcy Vera,

e o fato de estar localizado na entrada da cidade, favorece a eclosão acidentes, inviabilizando o usufruto deste local.


2) Via Norte / do Brejo: por ainda contar com quantidade considerável de áreas desocupadas, tem apresentado intenso

2.1.1ASSENTAMENTOS IRREGULARES EXISTENTES NA REGIÃO

N

crescimento, o que aumenta a necessidade de ações de controle de novas ocupações.

1 4 3 2 Grupo de Imagens 03 – Assentamentos irregulares existentes. Fonte: Marilia Nardin – Caracterização dos Assentamentos Precários de Ribeirão Preto

3) Usina de Reciclagem: Não apresenta grandes problemas para regularização, pois já existe o início de tubulação para melhorar o saneamento, que ainda é precário

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Mapa 02– Mapa localizando os assentamentos irregulares em toda a cidade de Ribeirão Preto Fonte: Prefeitura de Ribeirão Preto

Por ser a região com a população de menor condição econômica da cidade, a Zona Norte concentra a maior parte das favelas e assentamentos irregulares. O mapa acima foi retirado de um estudo feito pela prefeitura da cidade e deixa evidente a quantidade de núcleos de favelas da zona norte com o restante da cidade. Existem duas grandes concentrações de grupos de

Grupo de Imagens 04 – Moradias precárias do assentamento, e tubulação por entre os barracos. Fonte: Marilia Nardin – Caracterização dos Assentamentos Precários de Ribeirão Preto

assentamentos

irregulares na Zona Norte. Uma localiza-se ao redor do aeroporto da

4) Valentina Figueiredo: apesar de situar-se em área de

cidade, e a outra é no entorno imediato da área de intervenção, que são:

preservação ambiental, ocupando parte da faixa de proteção de curso d’água, apresenta-se consolidado em praticamente todos

1) Complexo Simioni: é considerada como área de risco devido ao grande

os atributos analisados, necessitando apenas a instalação de rede

índice de tráfico de drogas e falta de infra- estrutura. Possui pontos de

de esgoto

esgoto a céu aberto.. As imagens abaixo evidenciam:

Grupo de Imagens 02 – Fotos da precariedade de infraestrutura e saneamento básico existentes. Fonte: Marilia Nardin – Caracterização dos Assentamentos Precários de Ribeirão Preto

Grupo de Imagens 05 – Moradias de melhores condições, com infraestrutura e saneamento. Fonte: Vera Migliorini – Caracterização dos Assentamentos Precários de Ribeirão Preto e Google 2015


Junto com a implantação do núcleo colonial e com a chegada da Mogiana,

2.2 BEVE HISTÓRICO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO

iniciou uma série de obras de infra estrutura como canalização de água em 1897 e luz elétrica em 1899. Este inicio de zoneamento levou a desigualdade

A implantação das lavouras de café na cidade de Ribeirão Preto, foi o

no preço da terra. Os que não tinham condições encontravam seus lotes nas

que consolidou economicamente a cidade e gerou uma expansão

regiões periféricas perto da indústrias constituindo a zona norte pobre da

urbana, responsável por urbanizar toda a cidade.

cidade. A estrada de ferro Mogiana, foi de extrema importância para a cidade

Com o boom da café, as exportações começaram a ser maiores, e para

e para a zona norte, por ter sido o principal elemento que trouxe melhoria e

isso era necessário um meio de transporte rápido e eficiente. Com isso,

desenvolvimento. Foi através dela que os avanços econômicos e urbanos e

em 1883, a Companhia Mogiana de Estrada de Ferro vem para Ribeirão

sociais foram realizados.

Preto, e traz consigo todo o avanço do qual a cidade necessitava, além de também servir para o transporte de imigrantes italianos, japoneses, alemães, entre tantos para a demanda de mão de obra e escoamento da produção agrícola .A urbanização como sempre se teve início no seu ponto central da cidade. A partir dai foram surgindo os demais núcleos.

Grupo de Imagens 08– fotos do início da urbanização na região da Mogiana Fonte: google

A zona norte da cidade, começou a ser povoada na época pelos trabalhadores que não tinham condições de pagar o preço da terra que era cobrado nas demais regiões. Com isso, desde o início, caracterizouse por ser uma área de população de menor renda e poder. Imagem 06 – Plantação de café em Ribeirão Preto. 1911. Fonte: site RP ,Brazil Magazine, 1911

Imagem 07 – Plantação de café Fonte: site RP - Brazil Magazine, 1911

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2.2.1 LINHA CRONOLÓGICA DO INÍCIO DO POVOAMENTO DO ENTORNO DA ÁREA QUINTINO A ocupação do entorno da área iniciou aproximadamente nos anos 80. O FACCI II

QUINTINO FACCI I

PARQUE INDUSTRIAL TANQUINHO

VILA ELISA

CHÁCARA PEDRO CORRÊA DE CARVALHO

bairro Quintino Facci II foi o primeiro a ser regularizado. Foi o maior conjunto construído pela COHAB, e sua execução foi divida em três etapas, porém a entrega final foi somente no final dos anos 1980. O

1980

1981

1982

1985

terreno pertencia à família Quintino Facci, e foi negociado com a determinação da prefeitura. Legalizado com o decreto 268 datado de 14/11/1980. Logo após, se deu a implantação do conjunto Quintino Facci I, que consta na Prefeitura da cidade, legalizada com o decreto de regularização número 201 de 21/07/1981, na Secretaria de Planejamento

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da cidade. É uma área periférica e na época a construção do conjunto era

bem afastado da malha urbana. Havia um grande vazio em sua volta, existindo somente alguns postos de gasolina. O bairro Parque Industrial Tanquinho, foi regularizado sob o decreto número 122 de 27/04/1982, e sua ocupação foi desde o início mais voltada para o setor industrial, com grandes lotes, que abrigam até hoje grandes galpões de serviços e comércios. A Vila Elisa não contém regularização na prefeitura da cidade. A

população que lá se aglomerou, foi chegando a partir da década de 80, também impulsionada pelos já loteamentos existente ao redor, e comprando os lotes independentes, o que mais tarde se originou o bairro em questão, porém ele nunca foi oficialmente regularizado. O bairro Chácara Pedro Corrêa de Carvalho, é uma ocupação de parcelamento totalmente irregular. Suas habitações são todas de baixa renda, havendo a conhecida Favela dos Chácaras, e sua ocupação se deu nos anos 90. Por serem habitações ilegais, não existe regularização. Podemos então notar que é uma área que teve seu povoamento recentemente, e bem próximos. Por serem irregulares, a maioria das habitações são de baixa estrutura e renda.

Mapa 02– Mapa com os bairros do entorno da área Fonte: autoral 2015

1990


2.3 USO DO SOLO Caracterizam-se

N

por

conter

habitações

de

perfil

socioeconômico mais baixo, e isso reflete na habitação, de pequeno e simples porte. À oeste da área, se encontra o bairro denominado Chácara Pedro Corrêa de Carvalho, onde se encontra um dos assentamentos intervenção.

ilegais

mais

próximo

da

área

de

Sem infraestrutura necessária para a

população, algumas ruas do bairro não contam nem com pavimentação.

03 19

LEGENDA: SERVIÇO RESIDÊNCIAL

ÁREA VERDE Mapa 03 – Mapa demonstra os diferente tipos de uso do solo existente no entorno da área de intervenção Fonte: Autora 2015

No entorno da área, encontramos em equilíbrio, dois tipos de uso, mais frequentes: o uso residencial e o de serviços e comércio, que se encontram polarizados na parte de cima e na parte à baixo. Esse uso varia bastante de acordo com sua localização, sendo

Grupo de imagens 09 – Fotos de residências existentes nos bairros do entorno Fonte: Google 2015

encontrado desde pequenas residências unifamiliar, até galpões de serviços e comércios. Na parte mais ao sul da área, no contorno da Avenida Costa e Silva e Avenida Brasil o uso é mais voltado para serviços em geral, e que atendem à uma população de fora dos bairros a redor. Tornam-se portanto, referência e um pólo atrativo para este tipo de serviço prestado. São comércios do tipo oficinas mecânicas, lojas de automóveis, materiais para construção, madeireiras, etc. São em geral grandes galpões que armazenam os produtos necessários e utilizados por cada comerciante. Ao norte, leste e oeste da área, são bairros com predominância de uso residencial.

Grupo de imagens 10 – Fotos de comércios existentes no entorno Fonte: Google 2015


2.3.1LEGISLAÇÃO DO USO DO SOLO E LEGISLAÇÃO COMAR

N Mapa 05 – Mapa representa as áreas de influência do COMAR Fonte: COMAR

20

Mapa 04 – Mapa de macrozoneamento com as diferentes zonas de urbanização existentes dentro da área de projeto Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão ambiental, 2006

Segundo o mapa a área de intervenção se encontra no meio de duas zonas de urbanização. Simbolizadas pela cor amarelo claro, a ZUR - Zona de Urbanização Restrita, são áreas frágeis e vulneráveis à ocupação intensa, correspondente à área de afloramento ou recarga das Formações BotucatuPiramboia (Aquífero Guarani), O gabarito máximo dessa zona, não poderá ultrapassar 21 (vinte e um) metros de altura, ao menos que atenda as restrições prevista pela lei, com coeficiente máximo de aproveitamento de até 3 (tres) vezes a área do terreno. Na outra parte, a área é classificada como ZUP – Zona de Urbanização Preferencial. São áreas dotadas de infraestrutura e condições geomorfológicas

propícias

para

urbanização.

Seu

coeficiente

de

aproveitamento poderá ser de até 5 (cinco) vezes a área do terreno. O gabarito máximo para a área é de 10 (dez) metros de altura para todas as edificações novas ou a reformar, podendo ser ultrapassado, desde que atendidas as restrições previstas pela lei. Assim, é possível notar que existem algumas restrições para a área, principalmente por ela estar próximo ao aeroporto, e próximo a um fundo de vale, porém ainda assim, essas restrições não limitam no caso da implantação de um parque urbano, como o que será projetado.

Mapa 06 – Mapa demonstra a proximidade da área - em vermelho, com a pista do aeroporto da cidade - em amarelo Fonte: COMAR

Devido à proximidade com o aeroporto da cidade, Leite Lopes, a área

também está sob legislação do COMAR (Comando Aéreo Regional da Aeronáutica) - Decretos Federais de n.º 83.399/79 e n.º 89.431/84, e por isso deve obedecer a algumas restrições de edificação. Empreendimentos a serem construídos na área de aproximação/ decolagem, tem que ter seus projetos submetidos ao COMAR, para não afetar nas manobras das aeronaves e na operação dos equipamentos de auxílio à navegação. O nível da pista do aeroporto de Ribeirão Preto se encontra na cota 550 m, a partir da cota 590 m, o projeto deve pedir autorização do COMAR. Se o desnível do terreno for para baixo ( o terreno está abaixo do nível da pista do aeroporto) a edificação / projeto poderá ter a altura até a cota 590 m .


Alguns componentes do desenho urbano da Região Norte:

2.3.2 PAISAGEM URBANA

•Vias: São canais ao longo dos quais o observador se move usual,

A paisagem urbana da Zona Norte é caracterizada, de modo geral,

ocasional ou potencialmente. Pelo fato de as pessoas perceberem a

por grande quantidade de vazios urbanos, onde neste, são

cidade enquanto se deslocam, são considerados como principais

depositados irregularmente e de modo demasiado lixos, entulhos

elementos estruturadores da percepção ambiental.

de construção e móveis abandonados o que prejudica a composição do cenário, como mostram as fotos abaixo. Gerando um ambiente

•Limites: São elementos lineares constituídos por barreiras entre duas

degradado, com poluição ambiental e visual, que pode oferecer

partes, interrupções, configurando quebras lineares na continuidade, ou

riscos de contaminação para a população da área, principalmente

até mesmo como elementos de ligação, para muitos, uma relevante

por haver um grande número de crianças na região. Todas essas

característica organizadora, particularmente quando se trata de manter

consequências,

unidas áreas diversas de uma cidade por uma parede ou por água.

contribuem para se tornar uma paisagem

desvalorizada. É uma área sem cuidados do poder público e dos moradores, que,

•Pontos Nodais: São pontos estratégicos na cidade, onde o observador

desmotivados pelo descaso a que lhes foi imposto, não tem cuidado

pode entrar, e que são importantes focos para onde se vai e de onde se

algum para com o lugar onde habita deixando prevalecer o aspecto

vem. Estes podem ainda ser simples concentrações temáticas, tais

sujo e desorganizado da região. As pessoas, barulhos e odores

como os centros puramente comerciais e variam em função da escala

também são característicos da paisagem da região.

em que se está analisado.

03 21 Imagem 12 – Via ao longo da Via Norte, caracterizando a Via Fonte: autora 2015

Imagem 13 –Córrego do fundo de vale, que se caracteriza como um limite urbano. Fonte: autora 2015

Grupo de imagens 14 – Pontos nodais existentes na região Fonte: autora 2015

Grupo de imagens 11– Espaços sem usos que compõem a paisagem da área Fonte: autora 2015


2.4 OCUPAÇÃO DO SOLO No local da área de intervenção, regem duas leis, a qual todas as edificações devem obedecer, a de uso do solo, e também a do

N

COMAR. Obedecendo a lei de Usos e Ocupação do Solo –Lei Complementar 2157/07 | Lei Complementar nº 2157 de 08 de janeiro de 2007, o gabarito máximo é de 10 (dez) metros de altura para todas as edificações novas ou a reformar. Essa exigência ocorre devido a proximidade com o aeroporto Leite Lopes, o que classifica-a, ainda segundo a Lei Complementar, como uma Zona de Urbanização Restrita – (ZUR), e que portanto, fica proibido ultrapassar o gabarito básico. Analisando as edificações, é possível perceber que são em geral, térreas. Em sua maioria são residências de pequeno e simples porte. Na parte mais interna dos bairros, que circundam a área, as

22

LEGENDA: TÉRREO

edificações são em grande maioria habitações térreas, havendo

1 PAVIMENTO Mapa 07 – Mapa gabarito demonstra as diversas alturas de edificações existente no entorno da área de intervenção Fonte: Autora 2015 Grupo de imagens 15 – Residências e comércios típicos existentes no entorno da área. Fonte: google 2015

algumas poucas quantidades de sobrados, no interior dos quarteirões, além de comércios de escala de bairro, como padaria, açougue, lojas de presentes, etc. Nas periferias das avenidas, existem galpões de comércio, ou serviços, como por exemplo oficinas mecânicas, e galpões de armazenamento, e que na maior parte dos casos, são de pé direito alto, chegando a ter de 7 (sete), a 8 (oito) metros de altura, porém ainda térreos. O entrono da área de intervenção, é um território bastante adensado, o que causa uma desqualificação ambiental, relativo à insolação, à ventilação e os afastamentos necessários, já que as edificações em geral ocupam todo o lote e a ocupação foi feita sem seguir nenhuma regulamentação. Também é encontrado em grande quantidade na área, vazios urbanos, terrenos sem uso e sem aproveitamento, que favorecem a apropriação irregular - quando esses são maiores, o entulho de lixo e de materiais variados, e a proliferação de animais nesses

Grupo de imagens 16 – Grandes vazios, terrenos abandonados, que geram entulho e proliferação de animais e lixo para a área. Esse ocorrido, deixa bem claro a falta de cuidado do poder público, para com a Zona Norte da cidade em geral. Fonte:autora 2015

terrenos, degradando a qualidade de vida dos moradores.


2.4.1 MAPA EQUIPAMENTOS Segundo Marco Antônio Gomes, em Ribeirão Preto, os

parques não se encontram bem distribuídos ao longo da malha urbana, de forma que favoreça seu uso por todas as parcelas da população. Na maioria dos casos não dispõem da infraestrutura necessária ao seu uso. São classificados como semiimplantados pela Prefeitura, mas não oferecem condições mínimas de uso, como é o caso do Parque Ecológico Ribeirão, localizado na zona Leste. Essa má distribuição fica evidente quando fazemos esta análise nas zonas que não são tão atrativas do ponto de vista especulativo, principalmente a zona norte. Existe uma grande carência de equipamentos urbanos, e principalmente do porte de parque público. Segundo Gomes (2009),verificou-se na cidade, que os imóveis próximos aos parques Prefeito Luiz Roberto Jábali e Dr. Luís Carlos Raya apresentam preços mais elevados do que outros imóveis no mesmo bairro, proporcionando renda diferencial

elevada,

confirmando

que

os

parques

representam uma forma de valorização imobiliária e contribui no aumento das desigualdades socioespaciais. O mapa ao lado, retirado do estudo feito por Gomes na cidade, mostra a pequena quantidade de parques urbanos existentes na malha da cidade, e além disso, a má distribuição destes. Fica evidente que a zona norte é a área mais carente de equipamentos públicos e parques.

Mapa 08 – O mapa evidencia a má distribuição espacial dos parques urbanos na cidade de Ribeirão Preto Fonte: Marco Antônio S. Gomes, 2009

03 23


A área dispõe de alguns equipamentos urbanos voltados para os cidadãos. Ao seu redor existem creches, escola, centros comunitários e unidades de saúde. Dentre estes, o mais

2.4.2 MAPA DE EQUIPAMENTOS URBANOS

numeroso, são as escolas e creches, pois a população dos bairros são em sua grande maioria jovens, o que demanda uma necessidade de equipamentos capazes de atender à essa população.

N

Existem duas creches, voltadas a atender as crianças de 0 à 6 anos. Estas porém são particulares, o que indica que as famílias, que na maior parte dos casos já vivem com uma certa dificuldade financeira, ainda precisam poupar mais para poderem pagar a creche aos seus filhos pequenos. As escolas atendem três tipos de faixas etárias. Existe m escola infantil, escola de primeiro grau, e de segundo grau.. Todas são públicas, sendo Municipal ou Estadual, o que facilitaria o acesso à ela, se não fosse o alto índice de procura, e muitas vezes o número de vagas oferecido não é suficiente, e existem filas de

24

espera para conseguir uma vaga. Os equipamentos de saúde que existem são: UBDS QUINTINO II , UBS Simioni – Alexander Fleming

e UBS Mário R. de

Araújo/Valentina Figueiredo, como mostra a foto abaixo. Todos estes postos ficam abertos 24 horas por dia e atendem

a

população de todo o entorno. Mapa 09 – Mapa demonstra os equipamentos urbanos existente no entorno da área de intervenção Fonte: Autora 2015

Apesar do grande número de atendimento mensal nas Unidades de Saúde, as mesmas não são suficientes para o atendimento geral da comunidade, sendo uma das principais solicitação de melhoria feita pelos moradores.

LEGENDA:

Imagem 17 – Unidades de Saúde localizadas no entorno Fonte: Google 2015


2.4.3 MAPA EQUIPAMENTOS DE ÁREAS VERDES EXISTENTES NA ÁREA

2 1

N

Imagem 18 Av. Magid Simão Trad Fonte: Google 2015 Imagem 19 - Rua Artur de Jesus Campos Fonte: Google 2015

3 5 4

6

Imagem 20- Rua Concheta D'andréa Gual Fonte: autora 2015

Imagem 21Avenida Vanderlei Tafo Fonte: autora 2015

7

Imagem 22 Rua Augusto Pessotti Fonte: autora 2015

8 Mapa 10 – O mapa com as praças existentes na região da área de intervenção Fonte: Autora

Imagem 23Rua Dr. Nassib Zedu Fonte: autora 2015

É possível notar que as praças existentes na área analisada são recortes urbanos, sem equipamentos de lazer adequados e projetados para uso publico. Algumas áreas de esportes, por exemplo, como o campo de futebol, não tem equipamento nenhum,

Imagem 24 Rua Augusto Volta Fonte Google 2015

somente as traves. Algumas ainda, não contam com completamente nada para a qualidade do usuário e do espaço, são somente áreas com uma vegetação enorme. A manutenção destas áreas verdes é precária, e na maior parte é feita pelos próprios

moradores das ruas, já que a prefeitura não tem nenhum programa de limpeza ou de conservação destas áreas. Em alguns casos faltam até mesmo calçada. Mesmo com todo esse quadro existente, são espaços bastante utilizados,como espaços de convívio, de encontro, de lazer, para praticar futebol ou mesmo brincadeiras em geral, principalmente pelos jovens que residem nos bairros, e que são a maior parte da população.

Imagem 25 - Rua Hipólito José da Costa Fonte Google 2015

03 25


2.5 MAPA DECLIVIDADE

LEGENDA:

N

A altimetria de um espaço, é a classificação de seu terreno, segundo suas declividades ,suas alturas.

Conforme o mapa ao lado, e o quadro de legendas, a área tem em predominância uma altimetria entre 2 e 5% de inclinação, concentrada mais ao centro.

26

Já nas regiões do contorno, o índice fica geralmente em 0%, e em alguns isolados pontos, é possível encontrar uma altimetria de 30%. A área de intervenção abrange uma grande quantidade de curvas de níveis. Em algumas partes, elas são mais próximas, fazendo com que a altimetria seja mais elevada do que em outros pontos, como por exemplo nas regiões ao centro, fazendo com que existam grandes desníveis de altura. Mapa 11 – Mapa de altimetria da área de intervenção Fonte: Autora 2015

Já nas regiões periféricas, onde as curvas de níveis são mais espaçadas, torna

a área é mais plana, os declives menos

acentuados, criando platos, que podem ser trabalhados futuramente no projeto do parque e na distribuição dos

Corte 01: corte do terreno no sentido vertical

equipamentos. Portanto, é uma área que pode ser considerada em sua maioria, plana, sem muitas diferenças de alturas.

Corte 02: corte do terreno no sentido horizontal


O mapa ao lado, representa o plano viário proposto no Plano Diretor

2.6 HIERARQUIA FÍSICA

da cidade de Ribeirão Preto, na gestão de 2007. Na época a maior

parte das vias já estavam consolidadas, e portanto no geral, o mapa representa a realidade existente na área, como demonstra o mapa

N

abaixo que foi elaborado segundo o que acontece hoje na região. As vias que estão no mapa demarcadas como a serem construídas, que passam por dentro da área, continuam a não existir, porém devese levar em conta a possível implantação destas. Existem duas propostas que passariam por dentro da área, sendo uma via expressa

e uma avenida. Fazendo um estudo mais aprofundado, chega-se à conclusão de que a implantação da avenida, que faria a ligação da Avenida Costa e Silva, até a Avenida Magid Simão Trad, é somente proposta devido a praticidade que traria aos usuários com veículos – nota-se que mais uma vez a cidade é pensada voltada para os automóveis, e não para o cidadão não motorizado.

Portanto é

possível uma rota alternativa, com o prolongamento da via José

Benelli – que afinal já existe implantada - até a avenida Costa e Silva, tornando-se assim o eixo de ligação desejado pelo Plano Diretor. A outra proposta de via, faria a ligação direta da Via Norte com a Costa e Silva, e essa sim seria de bastante valor para os moradores da

N

região, pois facilitaria o acesso e o tráfego. A proposta é que ela seja construída em túnel, desse modo liberaria a área toda para o parque acontecer acima

As ruas dos bairros são em sua maioria, tranquilas, por serem vias locais, que dão acessos ao lotes residênciais. Porém, onde há uma maior concentração de comércios e serviços, há maior movimentação, sendo eles concentrados na periferia das grandes e importantes avenidas existentes na área, como a Av.

LEGENDA: VIAS ARTERIAIS VIAS PRINCIPAIS VIAS SECUNDÁRIAS VIAS LOCAIS

General Euclides de Figueiredo, Av. Vanderlei Tafo, Av. Magid Simão Trad, e a Via Norte. Encontra-se nesta área ruas sem saída, travessas, vielas, grande quantidade de bifurcações ou várias ruas que se encontram em um mesmo ponto, como mostra o primeiro conjunto de imagens. A manutenção é escassa e precária, o que contribui para o asfaltamento

Mapa 12 – Mapa de hierarquia física desenvolvido pelo plano diretor da cidade Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão ambiental, 2006 Mapa 13- Mapa de hierarquia física em loco Fonte: autora

e calçamento não serem de grande qualidade, o que também é uma das maiores reclamações dos moradores do entorno.

27


2.6.1 HIERARQUIA FUNCIONAL

O mapa ao lado representa a hierarquia funcional da área, e também faz parte do Plano Diretor, e o mapa abaixo foi elaborado conforme a qualificação dessas vias atualmente. É possível também perceber que

N

em sua maioria, funcionam ao foram destinadas. Analisando o mapa, é possível perceber que a área de intervenção é cercada por vias expressas e avenidas.Ambas são vias de intenso fluxo, e que ligam os bairros que a circundam. Vias expressas são vias de tráfego direto e acessos espaçados e podem por meio de marginais, dar acesso à áreas fronteiras, é o caso da Via Norte, que é o principal eixo de ligação da cidade à zona Norte. Já as avenidas principais são vias que

agregam o tráfego local com o tráfego geral e tem como principal função trânsito com fluidez, acessos e transporte coletivo, como a Avenida Marechal Costa e Silva e Avenida Brasil. Em geral, elas contém em suas margens, um comercio significativo, o que atrai usuários de dentro e fora do bairro.

28

Interiorizando o bairro, existem as vias coletoras. Elas são responsáveis por captar o fluxo das avenidas e fazer a ligação com as o interior do

bairro. São exemplos dessas vias, a Rua Doutor Demétrio Chaguri, e a

N

Rua Petrópolis. As vias locais são as mais comuns, elas interiorizam ainda mais os bairros e fazem o acesso aos lotes residenciais e comerciais. Isso faz com que essa área esteja localizada em um ponto central, e portanto de bastante movimento. Com um acesso fácil e de grande fluxo. A partir disto, é possível trabalhar um parque urbano que se integre não só ao

bairro e traga benefícios ao local, mas também a cidade como um todo, abrangendo uma escala de usuários maior. Que ofereça um acesso mais diversificado, e que possa atender à demanda com qualidade.

LEGENDA: VIAS EXPRESSAS AVENIDAS VIAS COLETORAS VIAS LOCAIS Mapa 14 – Mapa de hierarquia funcional desenvolvido pelo plano diretor da cidade Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão ambiental, 2006 Mapa 15- Mapa de hierarquia funcional em loco Fonte: autora

As vias expressas e as arteriais, são a de maiores importância para o fluxo do área, pois são grandes corredores de acesso tanto aos bairros, como a outras regiões, fazendo as conexões necessárias. A partir dessa , é possível se pensar os acessos ao futuro parque urbano, usando principalmente destas grandes vias , pois facilitaria aos usuários, tanto o acesso à zona norte, quanto o acesso de estacionamento e entrada ao parque


2.6.1 VIA NORTE

Imagem 26 - Foto da via e suas faixas de tráfego Fonte: autora 2015

Criada por volta da década de 80, a Via Expressa norte, mais conhecida como “Via Norte”, é um elemento marcante na região norte da cidade. É uma via de fluxo rápido e intenso, capaz de comportar o fluxo que lhe é demandando, porém é uma via incapaz de oferecer o mínimo de conforto e segurança para o pedestre, não sendo então muito utilizada e explorada pelos moradores ao seu redor. Grande parte de sua extensão ainda não disponibiliza calçamento necessário para a circulação dos pedestres, além da falta de travessia e acesso para os mesmos. É uma via considerada ‘esquecida’, pois além de limitar seu uso

Imagem 27 - Foto da via e suas faixas de tráfego Fonte: autora 2015

somente a automóveis, também está repleta de vazios urbanos, o que gera a falta de segurança para seus usuários, como nos mostra as fotos ao lado, tiradas no local.

03 29

O comércio existente, é um comércio voltado a prestação de serviços , indústrias e barracões, que atendem a população de fora do bairro. Nela, foi implantada a ciclovia, que não oferece os requisitos adequados para seu uso, pois o pedestre não recebe nenhum tipo de estrutura para chegar a ciclovia, além de não ter um trajeto de percurso de lazer. Foi um projeto polêmico, devido ao grande valor orçamentado, e por não ser uma das principais necessidades da área, sendo utilizada por

Imagem 28 Localização da ciclofaixa na Via Norte Fonte: autora 2015

pouquíssimos moradores. Na imagem ao lado, é possível ver sua localização na via.

A via Norte circula pelos seguintes bairros: •Via América •Jardim Central Park •Vila Abreu Sampaio •Jardim Rubem Cione •Conjunto Habitacional Antonio Marinceck •Conjunto Habitacional Valentina Figueiredo •Conjunto Habitacional Adelino Simioni.

Imagem 29 - Trecho da ciclofaixa ao longo da Via Norte. Este trecho se localiza numa parte de subida da via, o que dificulta o tráfego de bicicletas pelos usuários esporádicos. Fonte: bikeribeiraopreto.blogsp ot.com


Segundo o gráfico ao lado, fornecido pelo censo do IBGE, do ano de 2010, a maior parte da população dos bairros ao entorno da área de intervenção, são de raça branca, com um total de mais da metade do índice. Porém, segundo também os dados, a somatória dos índices da

2.7 PERFIL SOCIOECONÔMICO

população negra e parda, chega a quase a outra metade populacional.

A região Norte de Ribeirão Preto é considerada a mais populosa

Com isso, a Zona Norte é a única zona da cidade de Ribeirão Preto, que

da cidade, com aproximadamente 195.663 habitantes.

tem esse grande número de população negra e parda, pois nas outras zonas da cidade, esse índice não chega a representar nem na metade.

POPULAÇÃO RESIDENTE – COR OU RAÇA

•Além disso, outro dado também

analisado, foi

a faixa etária

predominante na área. Com o gráfico, é possível notar que é uma região com perfil jovem. A situação de drogadização é presente no cotidiano de jovens e adolescentes, e as ações voltadas para esta faixa etária são insuficientes. A partir desse quadro existente, é possível se ter noção de quão importante é uma intervenção que traga um equipamento deste porte, como é um parque urbano, para a área e seus moradores.

30

POPULAÇÃO RESIDENTE: ESCOLARIDADE Gráfico 01 – gráfico de percentual relativo à raça dos moradores da zona norte do entorno da área de intervenção Fonte: IBGE censo 2010

POPULAÇÃO RESIDENTE – FAIXA ETÁRIA

Gráfico 03 – gráfico do percentual de escolaridade dos moradores da área . Fonte:Pesquisa Social realizada na zona norte pela assistente social Cláudia Granado Bastos, 2012

Legenda: Conforme as estatísticas, 34% dos moradores entrevistados não concluíram o Ensino Fundamental. Nos formulários que foram preenchidos por eles, é possível perceber a falta de valorização do Gráfico 02– gráfico de percentual relativo à faixa etária dos moradores da zona norte do entorno da área de intervenção Fonte: IBGE censo 2010

estudo na vida dos moradores.


POPULAÇÃO RESIDENTE: PRINCIPAIS PROBLEMAS DO BAIRRO POPULAÇÃO RESIDENTE: RENDA – COR OU RAÇA

LEGENDA: ½ à 5 ½ à 3

3 à 10

Gráfico 05 – gráfico elaborado a partir de questionamento feito com moradores da área, sobre as principais problemáticas existentes. Fonte:Pesquisa Social realizada na zona norte pela assistente social Cláudia Granado Bastos, 2012

Ainda segundo a pesquisa realizada pela assistente social Cláudia Bastos, quanto às demandas de melhorias apontadas pela comunidade para o bairro, são diversas. Envolvendo desde infra-estrutura até Gráfico 04 – gráfico de percentual relativo à renda, através da raça dos moradores da zona norte do entorno da área de intervenção. Fonte: IBGE censo 2010

segurança pública, havendo um forte apelo por investimentos na área da educação e lazer de jovens e adultos.

TIPO DE MORADIA DA POPULAÇÃO HABITANTE Segundo dados disponibilizados pelo IBGE, a maior parte da população branca da área ganha entre 3 à 10 salários mínimos. Porém, a população negra e a parda, que juntam somam praticamente a metade dos residentes, não ganham além de 5 salários mínimos, ou no caso da negra, que chega à 3 salários mínimos. O que evidencia um

dos motivos da Zona Norte da cidade ser uma das mais pobres e carente. Vale ressaltar ainda, que esses dados foram trasnpostos a partir das informações que o IBGE disponibiliza, o que inevitavelmente pode conter alguns erros, e além disso, o valor dos salários por raça, é dado levando em conta a realidade do município, e não a setorização em si.

Gráfico 06 – gráfico elaborado a partir de questionamento feito com moradores da área, sobre os tipos de moradia. Fonte:Pesquisa Social realizada na zona norte pela assistente social Cláudia Granado Bastos, 2012

Nota-se que 27% das famílias que não possuem casa própria. Verifica-se que 24% dos entrevistados moram em locais cedidos ou invadidos, que não possuem saneamento básico e infra-estrutura mínima para garantir a subsistência digna do ser humano.

03 31


DOMICÍLIOS PARTICULARES PERMANENTE ABASTECIMENTO DE ÁGUA: DOMICÍLIOS PARTICULARES PERMANENTE – DESTINO DO LIXO:

Gráfico 08 – gráfico relativo ao índice de abastecimento de água Fonte: IBGE censo 2010

A maior parte das residências contam com infraestrutura de abastecimento de água, proveniente da rede estruturada pela prefeitura, o DAERP. Porém, conforme mostrado, o número de residências que não contam com esse serviço,

32

Gráfico 07 – gráfico relativo ao índice do destino final do lixo gerado Fonte: IBGE censo 2010

ainda é bastante alto, evidenciando mais uma vez como a Zona Norte sofre com o descaso.

A cultura de queimar o lixo permanece presente na comunidade, sendo um indicador negativo, visto que pode favorecer a eclosão de incêndio nas habitações por serem de barraco de madeira e possuir fiação elétrica irregular. Além disso, os gases contidos na

DOMICÍLIOS PARTICULARES: ENERGIA ELÉTRICA

fumaça do lixo queimado podem ser poluentes. A grande quantidade de vazios urbanos que existem na área, favorece essa ação dos moradores, o que evidencia o descaso

do poder

público para com a Zona Norte, já que não existe a fiscalização necessários.

Gráfico 09 – gráfico relativo ao índice de domicílios que tem energia elétrica disponível Fonte: IBGE censo 2010 Imagem 30 - A cultura de queimar o lixo ainda é muito presente na área. Fonte:Pesquisa Social realizada na zona norte pela assistente social Cláudia Granado Bastos, 2012

A energia elétrica disponível, também é em grande parte a fornecida por companhia particular, a CPFL., e como indica o gráfico, a grande maioria possui medidor particular.


REFERÊNCIAS PROJETUAIS


Imagem 33 Lago artificial projetado para melhorar a qualidade do ambiente. Fonte: www.alcacuz.co m.br

3.1 PARQUE DA REDENÇÃO – PORTO ALEGRE/RS O Parque Farroupilha é um parque eclético em sua concepção paisagística, possuindo os princípios de composição da escola francesa e da escola inglesa. Os jardins sempre expressaram muito bem em cada

Imagem 34 - Na mesma imagem podemos perceber vários usos do mesmo local: Contemplação, alongamento, bate papo. Tudo isso ao redor do lago Fonte: Google 2015

período histórico as idéias das camadas sociais dominantes naquele momento. O projeto original é de Agache, arquiteto francês contratado para projetar o parque em 1928.

Imagem

31

Implantação

do

Parque, nota-se o Imagem 35 Monumento dos expedicionários Fonte: tola.com.br

eixo central a patirl do qual o parque se desenvolve Fonte: vitruvius.com.br

O lago do foi construído artificialmente em terreno com condições

Imagem 36 - Campo de futebol e quadra poliesportiva Fonte: google.com

geológicas apropriadas, uma vez que toda a área do parque era uma imensa várzea, um platô de baixa planície constituído por depósitos sedimentares, coluviões e eluviões, formando solos com características hidromórficas. O lago e o Eixo Monumental são elementos do projeto original de Agache, arquiteto francês contratado para projetar o parque em 1928. REFERÊNCIA PARA O PARQUE:

O fator de maior importância do Parque Farroupilha, para ser referência ao futuro projeto de Parque Urbano, é devido a ele ser um símbolo para a população da cidade de Porto Alegre. O parque é um ponto de

encontro para os usuários, de diversas idades, e que procuram por diferentes tipos de atividades de lazer ou esporte., é referência como espaço de convívio e para eventos. Além disso, o lago que foi Imagem 32 - A sua área é ocupada por um público diversificado que circula nos diferentes lugares oferecidos pelo Parque Farroupilha, apropriando-se destes de formas também diferentes. Fonte: skyscrapecity.com

implantado é um elemento que agrega valor ambiental e paisagístico para a área, sendo um elemento em potencial que pode ser pensado em se implantar também na área de intervenção.

03 34


O Parc de la Villette foi projetado com três princípios de organização que configuram três camadas de intervenção: pontos, linhas e superfícies. O terreno é organizado espacialmente através de uma malha de trinta e cinco

3.2 PARQUE LA VILLET - PARIS/FRANÇA O parque La Villet, é um parque urbano, localizado na 211 Avenue Jean Jaurès, 75019 Paris, France. É o maior parque da cidade.

edifícios pontuais. A malha de pontos dá uma qualidade dimensional e organizacional para o parque servindo como pontos de referência.

1

Imagem 37 – Imagem de satélite mostra a implantaçã o do parque na cidade Fonte: Google 2015

2

3

35 Grupo de Imagens 38– Imagens do parque e seus equipamentos Fonte: archidaily.com.br

Imagem 40 – esquematização do projeto do parque e seus elementos FONTE: http://www.archd aily.com.br/br/01160419/classicosda-arquiteturaparc-de-lavillette-bernardtschumi

1 - Linhas: este sistema se encarrega do movimento dos corpos no projeto. Através destas linhas (retas e curvas) que atravessam o espaço, se pode controlar a velocidade com a qual os usuários percorrem o espaço.

2 - Pontos: o centro de atividades, são aqueles lugares dispostos em retas sobrepostas, nos quais se alteram os usos. São fantasmas no espaço ao redor dos quais se desenvolvem atividades. Se distribuem a cada 120 metros. Imagem 39Esquematiz ação do parque FONTE: http://www. archdaily.co m.br/br/01160419/class icos-daarquiteturaparc-de-lavillettebernardtschumi

3 - Superfícies: estes espaços se convertem na somatória de jardins temáticos e demais atividades que se desenvolvem ao redor das linhas REFERÊNCIA PARA O PARQUE: •La Villet é um parque referêncial por ser considerado um jardim à céu aberto.

Seu projeto foi pensado de modo à dispor jardins em vários espaços, criando ambientes ao longo dos caminhos, e que surpreende o usuário. O projeto também preveu as instalações de diversos equipamentos culturais em todo o espaço do parque, o que o torna atrativo para usuários que querem algum tipo de atividade ou somente uma caminhada ao longo de uma área verde de qualidade.


Tido como um dos espaços públicos mais atenciosa e sensivelmente projetados em Nova York em anos, o parque realmente revela um extremo

3.3 PARQUE HIGH LINE – NOVA YORK/EUA

cuidado em cada um de seus detalhes: desde as espreguiçadeiras em madeira dotadas de rodízios que deslizam sobre trilhos – numa referência clara aos trens que por ali passaram – e permitem diversas configurações, até os bancos em ripas de madeira que “surgem” das placas de concreto do piso.

Imagem 41 - Os trilhos originais da linha férrea se misturam à vegetação dos canteiros. Fonte: http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/21445/21445_5.PDF

Imagem 44 - A grande sacada da High Line foi reciclar uma linha de trem antiga e abandonada num parque verde, agradável e elegante. Fonte: Google 2015

Imagem 45 - Além dos jardins, foram instalados bancos para leitura, descanso ou mera contemplação do Rio Hudson e do ritmo de vida dos nova-iorquinos. Fonte: Google 2015

Imagem 46 – Foto do piso instalado sobre a linha férrea, e a vegetação distribuída no espaço Fonte: http://www.ma xwell.vrac.pucrio.br/21445/214 45_5.PDF

Imagem 42 – O projeto paisagístico foi visando garantir grande diversidade de espécies e variação de alturas e cores, e tendo em vista a conservação dos microclimas lá originalmente encontrados. Fonte: http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/21445/21445_5.PDF

Grupo de imagens 43 : Mobiliário do parque, em ferro e concreto Fonte: Google 2015

REFERÊNCIA PARA O PARQUE: •O Parque High Line, talvez seja a referência mais evidente para o meu projeto, por se tratar de um parque que foi implantado em uma área que estava abandonada devido a desativação da linha do trem. E exemplifica na prática, de que é possível se utilizar do espaço dos trilhos, e ainda assim se tornar um ambiente de qualidade. Dentro da área de intervenção, ainda existe instalado, a linha férrea, e que portanto é necessário pensar em um modo de intervir naquela área, projetando um parque que possa se integrar a paisagem já existente no local.

03 36


PROJETO


4.0 ESTUDO PRELIMINAR: 4.1 CONCEITO DO PROJETO: A área de intervenção é marcada pela existência de um elemento na paisagem urbana, a linha férrea., que é símbolo do surgimento e desenvolvimento da região norte da cidade. A ideia do projeto portanto, parte da discussão voltada à integração, os encontros, e fluxos presentes no entorno com esse símbolo já existente. Baseado nesse elemento, foi se buscar o conceito na história do lugar, mais precisamente, na relação da linha férrea com o entorno, o modo como ela o transformou e o dinamizou, e o quadro atual da área, visto que hoje essa parte da linha se encontra desativada, o que também trouxe e traz consequências para o lugar. Usa-se da ideia da linha férrea, como um elemento integrador, aquele que se apodera do espaço, liga os pontos, os lugares, os serviços, possibilita e promove encontros. Desse modo, ao encontro das linhas do traçado do parque, um equipamento é implantado, de apoderando do território.

Imagem 48: A partir do conceito da linha férrea,de traçado com linhas retas e puras, pretende-se trabalhar a circulação do parque da mesma forma. Fonte: autora 2015

É baseado na integração de um elementos já existente na paisagem urbana, com um equipamento de parque urbano implantado na área. Um espaço que agregue valor e qualidade de vida aos usuários, sem desconsiderar a paisagem já existente, que foi tão importante para o desenvolvimento da cidade e da região norte.

Imagem 47: Estudos equipamentos Fonte: autora 2015

iniciais

de

localização

dos

Imagem 49 : Ao encontro das linhas que formam o traçado, um equipamento é implantado, integrando as diferentes áreas, assim como a linha férrea integra o território. Fonte: autora 2015

38


4.2 PARTIDO DO PROJETO: A área de intervenção, junto com seu terreno e seu entorno, apresentam diversos aspectos a serem levados em consideração para a qualidade do projeto final. Exemplo disso é a altimetria e sua variações, a ventilação, a direção solar e

a posição relativa ao norte. Com base nesses levantamentos, os

partidos foram sendo definidos. Tirando partido da topografia da área, é possível a movimentação do projeto, de forma que os setores e equipamentos fosse melhor trabalhados e implantados, atendendo a cada necessidade específica de cada parte do parque. Também com isso, é pensando o volume, a altura, e a distribuição dos equipamentos dos outros setores, para que com isso, haja um ganho na

39

ventilação, a fim de não

barrar as correntes, levando em conta a

localização do norte da área. Além de se pensar na insolação, resultante dessa distribuição dos setores e como as massas de vegetação podem ser trabalhadas, a fim de que

Imagem 51: Marcado em laranja o ponto mais alto do terreno, e marcado em amarelo, a parte mais plana. Fonte: autora 2015

tragam uma qualidade ambiental para o parque.

Imagem 50: Primeiro estudo de possível zoneamento Fonte: autora 2015

Imagem 52: Primeiro estudo da possível locação dos setores e equipamentos dentro do parque. Fonte: autora 2015


4.3 ZONEAMENTO DO PROJETO

N

40

Imagem 53: Primeiro estudo de zoneamento, conforme os setores distribuidos por dentro da área do parque. Fonte: autora 2015

Para iniciar os estudos de implantação do parque urbano, o processo

alimentação, que a primeira instância estava isolado, e com o

foi feito através dos primeiros recursos projetuais.

desenvolver do projeto, ele foi absorvido de melhor forma pelo

O Estudo de zoneamento do parque, levou em consideração a

programa de necessidades.

primeira ideia de implantação dos equipamentos, qual seria a melhor

Com o Plano de massas, os volumes foram tomando forma, e as

distribuição desses, e a forma de localização dentro do parque, a fim

dimensões mais reais. Os primeiros equipamentos foram sendo

de integrar com o entorno, e resultar na qualidade espacial desejada.

definidos e os ajustes feitos.

Com ele foi possível definir a espacialidade, e perceber quais as

melhorias que deveriam ser feitas, por exemplo no equipamento de


4.4 PLANO DE MASSAS

N

41

Imagem 54: Primeiro estudo de plano de massas, com já todos os equipamentos definidos e a possível localização destes. Fonte: autora 2015

Grupo de Imagens 55: Primeiros estudos volumétricos dos equipamentos dos setores. Fonte: autora 2015


4.5 PROGRAMA DE NECESSIDADES Após os estudos da área e necessidades feitos, as problemáticas levantadas e as pesquisas consultadas, foi estabelecido um plano de necessidades do parque, com os elementos necessários.

N 4

8 7

42

9

6

2 5

1 3

7- CULTURAL ·1 Palco para eventos

1 - ESTACIONAMENTO

Bolsão destinado aos veículos dos usuários. Comporta 184 carros.

2- SETOR LAZER CONTEMPLATIVO ·1 Praça Principal ·1 Espelho D'água ·1 Módulo de Sanitário ·Gramado

3- ALIMENTAÇÃO

·Restaurantes, Cafés e Cantinas ·1 Praça de Alimentação ·1 Módulo de Sanitário

4- CULTURAL

·1 Biblioteca Digital

5- LAZER ATIVO ·3 Módulos de Equipamentos de Ginástica ·1 Playground ·1 Módulo de Sanitário

6- LAZER ATIVO ·6 Quadras Poliesportivas ·1 Pista de Skate ·1 Módulo de Sanitário

8- LAZER ATIVO ·3 Quadras de areia ·1 Caixa de areia ·1 Módulo de Sanitário

9 - ESTACIONAMENTO Bolsão destinado aos veículos dos usuários. Comporta 103 carros.


4.6 DIRETRIZES GERAIS E PROJETUAIS: As diretrizes gerais levam em consideração o programa de necessidades do projeto, e nos dirigem a realizá-lo de forma que atenda

CRIAÇÃO DE ESPAÇOS CULTURAIS

as melhorias desejadas.

• Implantação de uma biblioteca digital, incentivando a leitura para os

As diretrizes projetuais são consequências das diretrizes gerais e são efetivamente as apresentações propostas, as atitudes tomadas em relação a projeto, a fim de se atingir o objetivo das diretrizes.

jovens • Implantação de palco para eventos e shows, trazendo cultura a região • Criação de espaços interativos para a população

MELHORIA NA QUALIDADE DE VIDA:

RECONSTITUIÇÃO DA FLORA

• Criação de espaços verdes

• Replantio de espécies nativas, com ênfase no conceito de ecogênese

• Projeto de arborização em um vazio urbano

43

MELHORIA NA ACESSIBILIDADE E MOBILIDADE: MELHORIA NA PAISAGEM URBANA:

• Criação de vias alternativas

• Criação de um parque em um vazio urbano

• Melhoria na circulação no entorno da área

• Diversificação da paisagem urbana • Implantação de árvores e vegetação

CRIAÇÃO DE ÁREAS DE LAZER E ESPORTE:

• Implantação de pista de caminhada • Implantação de quadras poliesportivas • Criação de espaços para encontro e permanência • Criação de espaço para andar de skate • Criação de espaço para a prática de exercícios

MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA

• Criação de ambientes para convívio e contemplação • Criação de espaços para encontro e permanência • Criação de espaços para shows, eventos, encenações • Criação de espaços para lazer e relaxamento


A praça principal logo a entrada, é a primeira impressão que o usuário tem do parque. Seu acesso se dá por um caminho longo e reto, que o leva até uma

4.7 MEMORIAL JUSTIFICATIVO

praça central, onde existem alguns nichos de paisagismo, que ao seu entorno já possui grandes e largos bancos de concreto, que é possível não só sentar,

Com um total de aproximadamente 800 mil m², o parque fica localizado na

mas deitar, cruzar as pernas, e permanecer lá todo o tempo desejado com

zona norte da cidade de Ribeirão Preto e seus principais acessos são as vias

conforto, proporcionando encontro ao usuário, pensando no seu convívio e

costa e silva e via norte.

permanência no setor e com os equipamentos, já que isso interfere no modo

o terreno tem como caracteristicas planas, com pouca altimetria, de ótima

que ele irá se sentir dentro do parque.Ao lado, já se encontra a praça com o

ventilação e insolação, favorece a implantação dos equipamentos.

espelho d’água, que localizado no ponto mais alto do parque – e bem acima

a facilidade dos acessos dos usuários, por diversos meios, favorece a chegada

de uma reservatório de aquífero subterrâneo, o que facilita a implantação -

e o fluxo no parque.

conta com uma área de aproximadamente 150 m², e em todo o seu contorno,

o equipamento abriga diversos setores voltados para as atividades

um deck de madeira, onde é possível a caminhada por todo seu perímetro ou

específicas, tendo seu principal foco, o esporte, e o incentivo à pratica deste.

mesmo a permanência.

Dessa forma, ele conseguirá atingir uma das maiores necessidades da

Complementando-o, uma extensa área de grama, voltada para o lazer

população do entorno imediato, melhorando a qualidade de vida, contando

contemplativo dos usuários, para que estes possam permanecer num local de

também com as extensas áreas verde. as atividades esportivas oferecidas são

tranquilidade, e relaxamento, em contato direto com a grama. Podendo fazer

muitas. quadras esportivas multiuso, pista de skate, pista de caminhada,

pique niques, encontros, deitar e até dormir.

quadras de areia, e equipamentos de ginástica são distribuídos ao longo do

No setor de alimentação, concentra-se em uma grande praça, onde o usuário

parque, de forma a incentivar o usuário.

poderá encontrar diversos tipos de refeição, desde uma rápida, na cantina ou

A distribuição do projeto foi feita a partir de estudos feitos na área, da

café, ou até algo mais elaborado nos restaurantes. A sua frente, mesas são

demanda que a população do entorno necessita, e também pensando na

dispostas afim de integrar todos os usuários. Localizada estrategicamente

cidade como um todo, afim de este equipamento funcionar como um polo

entre os equipamentos de lazer ativo e contemplativo, e o estacionamento,

atrativo para usuários do entorno imediato, da cidade de Ribeirão Preto e de

dessa forma, o usuário deve percorrer ao menos uma parte do parque,

toda a região.

contemplando-o nem que por alguns momentos, pequenos minutos, que já

Trabalhando sempre com o conceito da linha férrea - aquela que integra os

possa agregar qualidade ao seu dia. Ao seu entorno, os jardins são

espaços e se apodera dele com um traçado reto e puro, os principais caminhos

distribuídos, afim de trazer sempre o contato direto com o verde, com a

de ligação entre os setores do parque são também distribuídos conforme essa

vegetação.

ideia.

A entrada de carga e descarga para produtos que serão utilizados pela praça

Os caminhos, e setores são diferenciados pelo tipo de piso instalado, que

de alimentação, é feita bem próxima ao módulo, pela rua Igarapava, que por

serão blocos intertravados. Esse piso é recomendado para projetos deste

ser uma rua local, não existe intenso tráfego, e por isso é possível suportar

porte, devido a sua facilidade de instalação e posteriormente a manutenção,

alguns pequenos caminhões alimentícios que farão entregas aos restaurantes,

podendo ser lavado ou varrido rapidamente. Além disso, ele também é

cantinas e cafés. Dessa forma facilita para os estabelecimentos, para os

acessível a todos os tipos de usuários, pois a locomoção sob ele é facilitada

fornecedores e principalmente, não atrapalha o trânsito de automóveis e

devido a uniformidade na instalação deste.

moradores locais. Voltado a população que deseja se exercitar, fazer

Em cada setor do parque, o desenho de instalação deste blocos é diferente, e

alongamentos e etc, os equipamentos de ginástica são dispostos em

isso torna fácil a identificação de que parte do parque o usuário está, além de

módulos, formando entre si uma grande praça de desenho orgânico, onde é

dinamizar o desenho do equipamento.

possível sentar, passear , e permanecer sozinho ou com mais usuários.

03 44


do espaço, e mais importante que isso, pensado para ser um espaço de todos. Pois espaços destinados a essa função são os que mais fazem falta nas Junto nesta praça, também fica localizado o playground destinado as crianças,

cidades atuais, e principalmente, na região de intervenção, que é tão carente

desse modo, fica viável aos pais ficarem vigiando seus filhos, enquanto ficam

de equipamentos urbanos.

nos grandes bancos de concreto que contornam a praça, ou mesmo fazendo

Os setores são conectados de forma estratégica. Por caminhos retos e puros,

os exercícios nos equipamentos disponíveis.

existência de mais um ambiente, uma pequena praça, que oferece descanso,

escalonamento, com um desenho retilíneo e de concreto, com grandes

com mobiliário e vegetação ao usuário. Ainda neste gramado, existem

janelas de vidro, que permitem aos usuários de dentro integrarem com a

algumas pequenas praças, que são ambientes agradáveis e confortáveis, com

paisagem de fora, onde são trabalhadas vegetação de grande porte, e da

bancos e pergolados, que aconchegam os usuários, e dá a vista para a linha

mesma forma quem está de fora pode ter a visão do interno, e assim

férrea logo abaixo. Trazendo o novo, sem esquecer da história já vivida.

promovendo o entorno onde está inserido.

Os acessos de veículos ao parque se dá por duas entradas. Uma localizada

Para o lazer ativo, foram dispostas seis quadras poliesportivas, em vertical, voltadas para o lado norte do parque, assim é possível a utilização delas

45

ligam-se uns aos outros. Aos encontros de um ou mais caminho, temos a

Para o setor cultural, a disposição da biblioteca digital é feita em

direto a partir da Avenida Costa e Silva, e o bolsão de estacionamento deste lado comporta um total de 103 veículos, além da rua para a manobra de

durante todo o dia, sem que o sol atrapalhe seus usuários, impedindo de usar

entrada e saída dos veículos. Outra entrada é feita a partir da Rua Estrada

o espaço. Entre elas, dá-se origem a também uma praça de desenho orgânico,

Cinco, que é uma rua local, e dá acesso a ponta de um dos lados do parque.

com nichos de vegetação e bancos, e uma pista de skate, voltada à esta que

Nesse bolsão, são comportados um total de 184 veículos, mais o espaço

uma prática tão comum entre os jovens, e que estimula o esporte. Em seu

também para a rua de manobras. Possibilitando a entrada e a saída ao mesmo

entorno, e principalmente nas quadras, árvores de grande porte fazem o

tempo. Nessa rua também, se dá o acesso principal do parque feito aos

sombreamento, e isolam os ruídos gerados nessa área do parque, para todo o resto. Ao lado dessa praça de esportes, localiza-se um volume com algumas salas, para que estas possam servir como local para a administração do parque, almoxarifado, a guarda de materiais esportivos, e etc. Os sanitários são dispostos em módulos, em cada setor do parque encontrase um módulo contendo cabines masculinas e femininas, além de uma grande pia ao lado de fora, assim o usuário que quer usar somente as pias, não precisa entrar em filas, e também bebedouros ao lado de fora. Os módulos possibilitam que as pessoas acessem os banheiros facilmente, sem ter que percorrer grandes distâncias, o que é um incômodo e desconfortável. A outra seção voltada para o lazer ativo, é a praça onde concentram-se as quadras de areia, para vôlei e futvôlei. Além de uma caixa de areia, feita em

usuários que irão a pé, pois assim, fica mais seguro para a população, que podem tramitar por esse espaço sem demais perigos. Já que essa parte da área é bastante tranquila, pois não existem muitas edificações no entorno. Com relação a vegetação: as espécies trabalhadas no parque são todas espécies tropicais, e nacionais, que se adequam perfeitamente ao clima e solo do local onde o parque está inserido. Os jardins são trabalhados com massa vegetativa de grande porte, com espécies do tipo Palmeiras, Pau Brasil, Angico, Sibipiuna. Também com espécies de médio porte, como Cica, Dracena e Palmeira Rafia. E espécies de pequeno porte, para detalhes de jardinagem, como Guaimbé, Liríope e Mini Ixora Vermelha. Para as forrações são usadas Grama Preta, Grama Amendoim e Grama Esmeralda para os grandes campos voltados a permanência do usuário. Com

concreto, que pode ser utilizada pelas crianças para brincar. Ao redor foi

o intuito de não isolar o parque do contexto inserido, o fechamento dele será

trabalhada uma massa de vegetação de grande porte, afim de fazer o

feito também com vegetação, a Murta, pois é uma espécie que cresce e se

sombreamento e trazer a qualidade de ar para as quadras. Entre as praças de lazer ativo , existe um grande gramado livre, para o palco que se localiza

torna

uma cerca viva, trazendo segurança e limitando o espaço sem

necessitar de grades ou portões. Dessa forma, a todo momento o usuário de

abaixo da passarela , que faz a ligação destas praças. Esse palco, no formato

dentro do parque não se sente isolado do entorno, nem os que estão de fora,

de um semicírculo, é destinado a apresentações, shows, encenações, que

pois eles podem ter a visão do que ocorre dentro do equipamento,

vão acontecer dentro do parque, pensando também na qualidade cultural

integrando-o ao máximo com o ambiente inserido.


IMPLANTAÇÃO


CORTES


DETALHAMENTO


49


50


51


VEGETAÇÃO: A vegetação usada no parque, são de espécies tropicais, a maioria brasileiras, que se adaptam facilmente ao clima encontrado na cidade, e ao território do parque. Além disso, a intenção também é replantar algumas das espécies, que já existem hoje no local, afim de manter e conservar

a

vegetação nativa que resta. As espécies são divididas entre grande porte, usadas ao redor das praças, para ajudar na qualidade do sombreamento, entre médio porte, usadas para criar ambientes entre os setores, e de pequeno porte, usadas para fazer o acabamento dos jardins. Além das gramíneas, usadas para a forração dos gramados.

52

Para a definição das espécies, foram consultados dois profissionais, a arquiteta paisagista Cláudia Perecin, e o engenheiro agrônomo

Antônio Valente.

Grupo de Imagens 56: Espécies encontradas na área de intervenção Fonte: autora 2015


Imagem 74: Pandanus Fonte: autora 2015

Imagem 73: Costela de Ad茫o Fonte: autora 2015

Imagem 72: Sing么nio Fonte: autora 2015

Imagem 71: Palmeira Talipot Fonte: autora 2015

Imagem 57 : Areca Bambu Fonte: autora 2015 Imagem 70: Ofiop贸go/ Barba de serpente Fonte: autora 2015

Imagem 69: Dracena Canela de Ema Fonte: autora 2015

Imagem 58: Murta Fonte: autora 2015

53 Imagem 59: Espirradeira Fonte: autora 2015

Imagem 68 : Grama amendoim Fonte: autora 2015

Imagem 66: Cica Fonte: autora 2015

Imagem 60: Quaresmeira Fonte: autora 2015

Imagem 67: Sibipiruna Fonte: autora 2015 Imagem 62 : Estrelitzia Fonte: autora 2015 Imagem 63: Grama Imagem 61: Dracena SP batatais Fonte: autora 2015 Fonte: autora 2015

Imagem 64: Palmeira Imperial Fonte: autora 2015

Imagem 65: Moreira e Agave Fonte: autora 2015


CONCLUSテグ


CONCLUSÃO O projeto buscou propostas para solucionar alguns fatores como a falta de equipamentos urbanos como parque numa região carente da cidade, visto que esses equipamentos ou não existem, ou estão concentrados em partes onde o poder privado tem dominância, além de propor alternativas para o lazer

e a melhoria da qualidade de vida da

população. Com isso, busca-se chamar a atenção para a alternativa proposta, de que é possível implantar um parque urbano, que tenha um desenho e um mobiliário diferenciado, moderno e que se integra com a área onde esta sendo implantado, e com a história presente nela.

03 55


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • MAYMONE, Marco Antonio de Alencar. Parques Urbanos – Origens, conceitos, projetos, legislação e custos de implantação. Estudo de caso: Parque das Nações indígenas de Campo Grande, MS. Campo grande, MS, 2009. Disponível: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?sel ect_action=&co_autor=92995 Acesso em 28 fev 2015 •GOMES, Marco Antônio Silvestre. Parques Urbanos de Ribeirão PretoSP: Na produção do espaço, o espetáculo da natureza. Campinas-são Paulo, 2009. Disponível: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000469526 Acesso em 28 fev 2015 FERREIRA, Adjalme Dias. Efeitos Positivos Gerados pelos Parques Urbanos. O Caso do Passeio Publico da Cidade do Rio de Janeiro. Niterói, Rio de Janeiro, 2005. Disponível: http://www.uff.br/cienciaambiental/dissertacoes/ADFerreira.pdf Acesso em 28 fev 2015 •REZENDE, P.S., DE SOUZA J.R., SILVA, G.O., RAMOS R.R., SANTOS, D. G. Qualidade ambiental em parques urbanos: levantamento e análises de aspectos positivos e negativos do Parque Municipal Victório Siquierolli – Uberlândia – MG. Uberlândia, MG, 2012 Disponível: http://www.observatorium.ig.ufu.br/pdfs/3edicao/n10/04.pdf Acesso em 01 mar 2015 •KLIASS, Rosa Grena. Parques urbanos em São Paulo. São Paulo: Projeto, 1993.p.19. Disponível em: <www.lume.ufrgs.br › ... › Ciências Sociais Aplicadas › Arquitetura> Acesso em: 24 out.2010. •SCALISE, W. Parques Urbanos – evolução, projeto, funções e usos. Revista Assentamentos Humanos, Marília, v4, n. 1, p17-24, 2002. Disponível em: <www.observatorium.ig.ufu.br/pdfs/3edicao/n10/04.pdf>. Acesso em: 22 out. 2010. •MACEDO, Silvio Soares. Parques urbanos no Brasil. São Paulo: Edusp/lmprensa Oficial do Estado, 2002. p.65. Disponível em: <www.lume.ufrgs.br › ... › Ciências Sociais Aplicadas› Arquitetura> Acesso em: 24 out.2010.

•CAMPOS CURADO, Mirian M. de. Paisagismo Contemporâneo: Fernando Chacel e o Conceito de Ecogênese. Rio de Janeiro: UFRJ, 2007. 117 p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Urbanismo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. • Filhos do Café - Ribeirão Preto da terra roxa - tradicional em ser moderna/Curadoria Histórica do Museu do Café - Ribeirão Preto, Fundação Instituto do Livro, 2010 •Traçado urbano e funcionamento do núcleo colonial Antônio Prado em Ribeirão Preto (SP), 1887 – ADRIANA CAPRETZ BORGES DA SILVA • Pesquisa social realizada no subsetor norte 08 e 10 da cidade de Ribeirão Preto, 2012 - Claudia Granado Bastos •http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/21445/21445_5.PDF - Estudo de caso Parque High Line, Nova York •Caracterização dos Assentamentos Precários – Prefeitura da Cidade de Ribeirão Preto

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