E N T R E lĂvia buchala vetorasso trabalho de graduação integrado 1
M E I O S
Trabalho de Graduação Integrado 1 Lívia Buchala Vetorasso
habitação sob a ótica das mudanças comportamentais que vem ocorrendo há três décadas, fazendo surgir novos formatos familiares e colocando em questão a própria família nuclear. Interessa criar espaços onde esses indivíduos possam realizar atividades, antes, tradicionalmente, destinadas ao espaço privado da habitação, em outra esfera, coletiva. Em uma segunda escala | urbana |é também objeto de estudo, como esses espaços coletivos e as unidades habitacionais configurados em um único edifício, se relacionam com seu entorno construído e com o espaço público.
introdução
O presente trabalho é um exercício de projeto para se pensar a
tornam necessária uma revisão no modo de projetar habitação no século XXI. A maioria das regras vigentes no presente estão pautadas em padrões obsoletos que vão do modelo de habitação burguesa européia do século XIX, caracterizadas pela divisão do espaço doméstico em três áreas social, íntima e de serviços - ao modelo Moderno de habitação para todos. A revisão dessas regras ocorre muito mais lentamente que a mudança da sociedade, cada vez mais diversificada e menos hierárquica. A inserção da mulher no mercado de trabalho e os avanços tecnológicos, foram fatores que induziram mudanças significativas no modelo de família nuclear tradicional, caracterizada pela figura masculina como componente principal, possibilitando a criação de novos formatos familiares e modos de vida. Pessoas vivendo sós, como jovens, solteiros, divorciados, viúvos, idosos; casais sem filhos; grupos de pessoas morando coletivamente, como estudantes e idosos e a própria família nuclear, modificada e mais equalitária, agora, muitas vezes com a figura feminina como componente principal. É necessário também, reinterpretar a habitação além da esfera privada, promovendo atividades comunitárias, sua capacidade de se relacionar com as estruturas urbanas existente, permitindo as pessoas, levar uma vida completa (trabalho, educação, cultura e descanso).
habitação
Nas últimas décadas ocorreram verdadeiras revoluções produtivas, técnicas e sociais, que
O modelo de habitação burguesa européia do século e o modelo Moderno de habitação para todos.
habitação
XIX
O modelo de habitação burguesa européia, caracterizada pela divisão da unidade em três área - social, íntima e de serviços - sempre esteve relacionada a presença de empregados separados dos patrões. A sala - área social - local privilegiado e aberto a receber visitas; os dormitórios constituíam a área íntima e deveria ficar guardada dos olhares externos; e, a área de serviços - cozinha, banheiro e dependências dos empregados - espaços relacionados ao trabalho doméstico, eram rejeitados e relegados aos fundos da habitação.
Já as propostas modernas de habitação no período entre-guerras, apesar de ser o único período na história onde o desenho dos espaços de morar foram revistos segundo critérios claramente formulados, ainda previam um homem ideal, numa cidade inteiramente projetada que precisaria de uma habitação típica. Nessa habitação, a cozinha, antes rejeitada aos fundos da casa, foi trazida para junto a sala, espaço de convívio entorno da família nuclear, onde a responsabilidade das tarefas domésticas se concentravam na figura da mãe. F i g u r a 1 : Propaganda de eletrodoméstico concentração do serviço doméstico na figura feminina. F o n t e : www.arno.com.br
lógica técnico-financeira, se apropriaram dos elementos “economicamente rentáveis” do modelo moderno e misturaram com princípios da habitação burguesa européia, para reproduzir em todo mundo ocidental, com pequenas variações, espaços destinados a abrigar a família nuclear tradicional. No entanto, estamos cada vez mais diante de uma sociedade equalitária e com novos formatos familiares, pessoas vivendo sós e com os avanços técnológicos, voltando a trabalhar no ambiente doméstico.
Diante disso, é interessante pensar qual o espaço privado necessário ou desejável de uma habitação, e quais atividades, antes, tradicionalmente relacionadas a esfera privada, poderiam passar para outros espaços, mais coletivos. Como esses espaços coletivos se relacionam com a escala urbana? Absorvendo espaços da cidade ou trazendo a cidade para dentro do edifício?
Essas são perguntas que mais do que responder, estudei e pretendo ainda estudar nesse exercício de pensar a habitação hoje.
habitação
Gradativamente, os empresários da construção civil, em nome de uma
habitação
Figura 2: Croquis de estudo.
Silodam - MVRDV São obras que não apelam a historicismos ou imagens
Figura 3: Acessos. Fonte: Pedro Kok.
referentes ao universo popular; ao mesmo tempo desvinculam-se da busca por uma “verdade absoluta” sustentada pelos atributos da razão que dominava o pensamento moderno. Está presente a discussão de espaços, processos, funções, tipologias, estruturas técnicas e formas, para não se restringir somente a imagens.
Figura 4: Acessos. Fonte: Pedro Kok.
Referências projetuais
Figura 5: Edifício acima do mar. Fonte: Pedro Kok.
habitação
Figura 6: Acessos Fonte: El Croquis.
Gifu Apartaments - SANAA
Figura 7: Vista do edifício Fonte: El Croquis.
Figura 8: Maquetes de estudo Fonte: El Croquis.
Referências projetuais
Figura 9: Maquetes de estudo Fonte: El Croquis.
habitação Figura 10: Circulação externa Fonte: Archdaily
Figura 11: Maquete de estudo Fonte: Archdaily
Nemausus - Jean Nouvel
Referências projetuais
Figura 12: Unidade triplex Fonte: Archdaily
habitação
Figura 13: Croquis de estudo
Le Fresnoy - Bernard Tchumi Apesar do projeto Le Fresnoy do Tchumi não corresponder ao universo programático da habitação, o que me interessou estudá-lo foi
Figura 14: Le Fresnoy Fonte: Archdaily
como projetando na circulação, gera o movimento de pessoas e cria eventos. Pensa antes de tudo, relações espaciais antes de pensar a forma.
Referências projetuais Figura 15: “entre” Fonte: Archdaily
Habita Sampa - Grupo sp Elemental Chile Living Box O módulo, nesses três casos, estruturais, representam uma unidade construtiva clara que possibilita inúmeras soluções de projeto dentro de uma regra completamente legível. Ao contrário de limitar, amplia as possibilidades.
Referências projetuais
habitação
Figura 16: Croquis de estudo
ensaios Nas primeiras ações projetuais, ainda sem a certeza de uma área de intervenção, o estudo se pautou nas relações entre edifícios, em possíveis ligações e nos percursos permitidos, explorando o desenho nas suas infinitas possibilidades, sem pensar uma forma prédeterminada.
ensaios
ensaios
ensaios
ensaios Das inúmeras possibilidades de estudo, algumas proposições de forma e relações espaciais surgiram. O edifício, sempre pensado com alguns vazios internos, adquirindo certa porosidade em relação a cidade. Esses vazios são como pátios internos numa residências, porém, quando posicionados a 90º em relação ao solo, criam outras relações com a paisagem. Nesse momento, as circulações externas ainda eram pensadas como uma segunda camada em relação ao edifício, existindo circulação interna para acesso as unidades e circulação para acesso aos vazios no edifício e ligações com outros edifícios já existentes.
ensaios
ensaios
Assim como muitas cidades do interior do estado de São Paulo, a ferrovia, implantada no início do século XX, vai estruturar o crescimento urbano. O vale do córrego do Rio Preto e Piedade foi a área escolhida para o ínicio da ocupação do território, e em seguida as áreas de várzea também foram sendo ocupadas, caracterizando os principais eixos de crescimento e adensamento da cidade. Para que isso fosse possível, diversas obras de tamponamento e retificação dos córregos foram sendo executadas, causando problemas, como as enchentes, que afetam a população como um todo até hoje.
Localização da cidade no estado de São Paulo Fonte: Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto.
são josé do rio preto
A cidade de São José do Rio Preto, localizada a 450km do noroeste de São Paulo, tem sua economia baseada nos setores de comércio e serviço, seguido pelo agronegócio e pela produção industrial. Por ser atravessada pelas rodovias Assis Chateaubriand, pela Transbrasiliana (Br153) e pela Washington Luiz, se torna um pólo regional que possibilita a circualção de mercadorias e pessoas.
A partir da década de sessenta, o crescimento da cidade, espraiado e pouco adensado se intensificou, tendo como vetores de crescimento os eixos viários e onde houvesse menos obstáculos naturais. O vetor norte é caracterizado por loteamentos populares promovidos pelo poder público, pela iniciativa privada e também muitos deles irregulares. Considerada a segundo região mais populosa da cidade, apresenta dificuldade de conexão com a malha urbana existente em virtude da malha ferroviária, o que fez surgir pequenos centros comercias e de serviços locais. O vetor sul, caracterizado por condomínios fechados de alto padrão, shopping centers e inúmeras clínicas médicas em virtude da Faculdade de Medicina e do Hospital de Base, continua a crescer até hoje, apesar da área ser conhecida pela presença de nascentes, não há no plano diretor qualquer diretriz de restrição a expansão em relação a isso.
são josé do rio preto
Mapas da expansão da cidade
deu a partir da análise do território urbano de São José do Rio Preto. Por tratar da temática habitação, deveria encontrar um local onde as pessoas possam trabalhar, consumir, ter mobilidade e acessibilidade, ter divertimento e cultura, ou seja, onde elas possam desenvolver suas vidas de forma plena. A região central, como já citado anteriormente, possibilita realizar todas essas atividades de maneira satisfatória. Por ser uma região muito ativa, e com a super valorização do transporte individualizado, muitas áreas foram se tornando estacionamentos para veículos particulares. Em três quadras desta região, eles assumem uma proporção muito grande, e justamente nessa área que realizo minha intervenção.
área de intervenção
A escolha da minha área de intervenção se
Rodoviária e Terminal Urbano
Igreja Catedral
. Av
Mercado Municipal
r be l A
Poupatempo Prefeitura Municipal Córrego Canela
to
ó al d An
Represa Municipal
área de intervenção
Biblioteca Municipal
área de intervenção
Praça Cívica
Biblioteca Municipal Praça Dom José Marcondes
Rodoviária e Terminal Urbano
Igreja Catedral
Praça Rui Barbosa
. Av
Mercado Municipal
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Poupatempo Prefeitura Municipal Córrego Canela
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Represa Municipal
Praça Cívica
área de intervenção
Calçadão comercial
Biblioteca Municipal Praça Dom José Marcondes
Rodoviária e Terminal Urbano
Igreja Catedral
Praça Rui Barbosa
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Mercado Municipal
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Poupatempo Prefeitura Municipal Córrego Canela
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Represa Municipal
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área de intervenção
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área de intervenção MAPA DE USOS
comércio
habitação
praças
serviços
institucional
clube
área de intervenção Estacionamentos na região central
área de intervenção Área de intervanção
1 2
5 3
6 7 8
4 3 21
5 6 78
área de intervenção
4
13
14
11
12
15 12 11 10 9 15 14 13
área de intervenção
10
9
diferenciada e individualizada por parte daqueles que a habitam. Portanto, não busco definir funções ou nomes para determinadas áreas, mas garantir a apropriação dos espaços segundo as necessidades e vontades de cada habitante, sem predeterminar exclusivamente uma condição, seja pela superfície, pela acessibilidade ou por uma única possibilidade de distribuição. Espacial e funcionalmente a habitação está divida em três âmbitos - âmbito especializado, âmbito não especializado e âmbito complementar. Os âmbitos especializados e os âmbitos não especializados são projetados tendo como base a superfície retangular de 9m², sendo o lado mínimo com 2,8m e o lado maior com 3,2. Esse módulo foi escolhido por permitir a organização adequada de diferentes áreas funcionais.
2,8
3,2
Módulo
A=9m²
unidades habitacionais
A proposta das unidades habitacionais pretende propiciar uma apropriação
Âmbitos especializados Os âmbitos especializados são aqueles
preparo
que necessitam de infra-estrutura e instalações adequadas para o seu funcionamento. São áreas com funções
limpeza
pré-determinadas como local de preparo, limpeza e armazenagem de alimentos e armazenagem
local para banho. Nos âmbitos especializados estão o espaço para o ciclo dos alimentos e para o ciclo das atividades higiênicas.
Ciclo das atividades higiênicas
O espaço destinado ao ciclo dos alimentos devem permitir um correto desenrolar das tarefas ligadas a ele, como
banho
a utilização do espaço por duas pessoas ao mesmo tempo. A mesma situação higiene íntima
acontece com o ciclo das atividades higiênicas, por isso, o espaço do banho e o espaço da higiene íntima são separados.
unidades habitacionais
Ciclo dos alimentos
Possibilidades de organização dos âmbitos especializados
unidades habitacionais
Módulo com shaft para organizar os âmbitos especializados
Módulo não especializado
Algumas possibilidades de organização dos módulos de forma isolada
Os âmbitos não especializados são aqueles que não necessitam de infraestrutura e instalações adequadas para o seu funcionamento, mas devem garantir parâmetros de conforto para a habitabilidade. A função dos âmbitos não especializados será definida pelo usuário. São os espaços de descanso, de refeições, de convívio e de trabalho. Os módulos dos âmbitos não especializados podem se fundir com outros módulos, ou se organizar de forma isolada.
unidades habitacionais
Âmbitos não especializados
Os âmbitos complementares funcionam Comer
associados a outros âmbitos, nunca formando um recinto único. São os espaços de armazenagem e os
Dormir
espaços exteriores próprios.
Espaço de armazenagem
Trabalhar
Comer
Dormir Espaços exteriores próprios
Trabalhar
Convívio
unidades habitacionais
Âmbitos complementares
acessos
espaço de trabalho acessos
Diagrama em vista d e c o m o o s “Módulos -” das unidades podem se fundir e criar espaços coletivos dentro do edifício.
Todas as unidades habitacionais possuem ao menos um “Módulo -”. É nesse módulo onde ocorrem atividades que, tradicionalmente são realizadas nos espaços privados da habitação, mas podem ser transferidas para uma esfera coletiva, como espaços de trabalho e estudo, espaços de contemplação e espaços de serviços. Os “Módulos -” de cada unidade, reunidos, criam esses espaços de transição dentro do edifício, da esfera pública da rua para a esfera privada da unidade.
unidades habitacionais
espaço de serviço
unidades habitacionais
6 m贸dulos - 1 (m贸dulo -) = 45m虏
8,4
6,4
Unidades T茅rreas
12 módulos - 1 (módulo -) = 99m² 12 módulos - 2 (módulo -) = 90m² 12 módulos - 3 (módulo -) = 81m² 12 módulos - 4 (módulo -) = 72m²
Unidades Duplex
unidades habitacionais
8,4
6,4
unidades habitacionais 18 módulos - 2 (módulo -) = 144m² 18 módulos - 4 (módulo -) = 126m² 18 módulos - 5 (módulo -) = 117m² 18 módulos - 6 (módulo -) = 108m²
Unidades Triplex
unidades habitacionais
Volumetrias das unidades triplex
Unidades Triplex
estudos de edifício para a área de intervenção, o que serviu de base para a escolha de um dos modelos e definição de projeto. O primeiro estudo é o edifício “bloco 2”, em que o edifício se desenvolve em dois blocos que se conectam entre si e com os edifícios do entorno através de passarelas, rampas, escadas e elevadores. Já o segundo estudo, o edifício “linear”, um único bloco propõe a interligação entre duas quadras, passando sobre a rua e criando um espaço “entre” numa escala urbana. Assim como no “bloco 2”, passarelas, rampas, escadas e elevadores, conectam edifícios vizinhos e são os lugares de acesso ao edifício “linear”.
linear e bloco 2 - exercício
Como exploração de projeto, desenvolvi dois
Acessos Horizontais
linear e bloco 2 - exercĂcio
Acessos Verticais
linear e bloco 2 - exercĂcio
Estudo das tipologias habitacionais
linear e bloco 2 - exercício
Implantação do edifício na área de intervenção
Acessos Horizontais
linear e bloco 2 - exercĂcio
Acessos Verticais
linear e bloco 2 - exercĂcio
Estudo das tipologias habitacionais
linear e bloco 2 - exercício
Implantação do edifício na área de intervenção
Acessos horizontais
proposta de projeto
Acessos verticais
proposta de projeto
Espa莽os exteriores pr贸prios das unidades habitacionais
Espaço público
Atividades que tradicionalmente são realizadas na esfera privada da habitação, transferidas para outra esfera, coletiva.
Espaço coletivo de trabalho Espaço coletivo de estudo Espaço coletivo de serviços
proposta de projeto
Espaços coletivo do edifício
proposta de projeto Unidades TĂŠrreas Unidades Duplex Unidades Triplex
proposta de projeto
proposta de projeto
proposta de projeto
proposta de projeto
Ligação com a praça
proposta de projeto
Praça
Referências Barcelona
-
proposta de projeto
Entrada estacionamento subterrâneo
proposta de projeto
proposta de projeto
Praça
proposta de projeto
Entrada estacionamento subterrâneo
proposta de projeto
Acessos verticais exitentes
Ligação com os edifícios existentes
proposta de projeto
E N T R E
M E I O S
lĂvia buchala vetorasso trabalho de graduação integrado 1