O Novo Testamento Hoje - Excerto

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C A R L O S

F O N T E S

O ANTIGO TESTAMENTO

HOJE VERDADES DE DEUS P A R A A S U A V I D A



CARLOS FONTES


FICHA TÉCNICA

TÍTULO O Novo Testamento Hoje SUBTÍTULO Verdades de Deus para a sua vida AUTOR Carlos Fontes EDITOR Edições Novas de Alegria Av. Almirante Gago Coutinho, nº158 1700-033 Lisboa - Portugal | Tlf.: 218 429 190 SITE www.capu.pt IMPRESSÃO E ACABAMENTO Europress COORDENAÇÃO EDITORIAL Ana Ramalho Rosa DESIGN GRÁFICO E PAGINAÇÃO Adilson Morais IMAGEM CAPA © Shutterstock REVISÃO TEXTUAL Ester Carvalho; Ricardo Rosa REVISÃO TEOLÓGICA Samuel R. Pinheiro 1ª EDIÇÃO outubro 2018 ISBN 978-972-580-130-7 DEPÓSITO LEGAL 446671/18 CATEGORIA 225 Novo Testamento TEXTO BÍBLICO A tradução base usada nesta obra é O Livro (OL). As restantes traduções bíblicas estarão identificadas junto da respetiva citação, em abreviatura: Almeida Revista e Corrigida (ARC) e Nova Versão Internacional (NVI). Esta obra respeita as regras do Novo Acordo Ortográfico. © Edições NA - Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo quando mencionado nas páginas e nas condições ali descritas, ou em breves citações, com indicação da fonte.


ÍNDICE

PREFÁCIO INTRODUÇÃO

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PENSAMENTOS 1. Mateus 1:1 2. João 1:4 3. Lucas 1:31 4. Lucas 1:43 5. Lucas 1:47 e 48 6. Lucas 1:76 7. Mateus 1:19 8. Lucas 2:1 9. Mateus 2:2 10. Mateus 2:14 e 21 11. Lucas 2:52 12. Mateus 3:2 13. João 1:12 14. João 1:14 15. João 1:19 16. Mateus 3:17 17. Mateus 4:4 18. João 2:5 19. João 2:16 20. João 3:16 21. João 4:4 22. João 4:39 23. João 4:53 24. Lucas 5:5 25. Marcos 1:25 26. Mateus 8:15

017 019 021 023 025 027 029 031 033 035 037 039 041 043 045 047 049 051 053 055 057 059 061 063 065 067 11


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27. João 5:8 28. Marcos 2:27 29. Lucas 6:19 30. Mateus 5:3 31. Mateus 5:4 32. Mateus 5:5 33. Mateus 5:6 34. Mateus 5:7 35. Mateus 5:8 36. Mateus 5:9 37. Mateus 5:10 38. Mateus 5:13 e 14 39. Mateus 5:20 40. Mateus 5:21 e 22 41. Mateus 5:27 e 28 42. Mateus 5:31 e 32 43. Mateus 5:33-37 44. Mateus 5:38-42 45. Mateus 5:43 e 44 46. Mateus 6:3 47. Mateus 6:6 48. Mateus 6:9 49. Mateus 6:16 e 18 50. Mateus 6:34 51. Mateus 7:1 52. Mateus 7:6 53. Mateus 7:20 54. Mateus 7:28 e 29 55. Mateus 11:30 56. Mateus 12:31 57. Mateus 13:10 e 11 58. Mateus 13:23 59. Mateus 9:36 60. João 6:53 61. Mateus 18:3 62. João 8:11 63. João 8:32 64. Lucas 9:62 65. João 10:11,14 66. Lucas 15:2 67. Mateus 20:16 12

069 071 073 075 077 079 081 083 085 087 089 091 093 095 097 099 103 105 107 109 111 113 115 117 119 121 123 125 127 129 131 133 135 137 139 141 143 145 147 149 151


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68. Mateus 25:13 69. João 12:32 70. João 13:1 71. João 16:8,13 e 14 72. João 17:1 73. João 19:30 74. Lucas 24:6 75. João 21:22 76. Mateus 28:19 77. João 20:30 e 31 78. Atos 2:4 79. Atos 2:47 80. Atos 9:15 e 16 81. Tiago 1:12 82. Atos 13:2 83. Gálatas 2:11 84. Atos 16:10 85. 1 Tessalonicenses 4:16 e 17 86. 1 Tessalonicenses 5:16-18 87. Atos 19:2 88. 1 Coríntios 6:12 e 10:23 89. 1 Coríntios 11:29 90. 1 Coríntios 12:1; 13:1 e 14:1 91. 1 Coríntios 14:26 92. Romanos 1:20 93. Romanos 12:2 94. Filémon 1:16 95. Colossenses 2:9 96. Efésios 5:18 97. Efésios 6:10 98. Filipenses 1:14 99. Filipenses 4:4 100. Filipenses 4:13 101. Hebreus 1:2 102. Hebreus 6:1 103. Hebreus 10:26 104. Hebreus 11:7 105. Hebreus 11:17 106. Hebreus 11:20 107. Hebreus 11:21 108. Hebreus 11:26

153 155 157 159 161 163 165 167 169 171 173 175 177 179 181 183 185 187 189 191 193 195 197 199 203 205 207 209 211 213 215 217 219 221 225 227 229 231 233 237 241 13


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109. Hebreus 11:31 110. Hebreus 11:33, 34 e 37 111. Judas 1:3 112. 2 Timรณteo 3:16 e 17 113. 2 Timรณteo 4:6 114. Apocalipse 22:17 e 20

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INTRODUÇÃO

A procura por Deus é inata à existência do ser humano. Cada um fá-lo nos quadros de experiência, interesse e capacidade que possui. A religião bem intenta satisfazer essa caminhada, surgindo por isso com revelação (quase que a pedido) e exigência de que o fiel se “porte bem e ganhe o Céu”. O Cristianismo tem-se chegado à frente num processo de “religar” o Homem a Deus de forma diferente dos demais caminhos produzidos por aquela. Como? Em vez de ansiosa procura por parte do homem é Deus quem procura o necessitado e fragilizado ser, dando-Se e recebendo-nos. Em suma: na Pessoa de Cristo, Deus encontra o Homem que procurou. E é devido a esse interesse que nos revelou o Cristo nas páginas das Suas Escrituras – a Bíblia Sagrada. Ali, pela leitura, compreensão e obediência ficamos a conhecer o caminho para Ele. Resolvemos o que nos afastava (o pecado) iniciando a “viagem para a eternidade”. Nessas maravilhosas páginas percebemos uma direção para uma caminhada a dois. A escrita dos textos que constroem este volume tenciona alinhar com o que de muito se tem feito à proposta de dar a conhecer o Deus verdadeiro pela Sua verdade. Essas verdades, as de Deus, encontram-se em forma de eventos, personagens e desafios; sem nunca se perder o óbvio olhar de amor e cuidado em prol de cada um que nelas medita, aceita e vive. Por isso, tentei procurar Deus nos textos e apresentá-Lo em linguagem acessível. Vários dos pensamentos advêm de um blog on-line (já não disponível), onde, em alguns casos são contempladas perguntas colocadas pelo leitor e respostas dada pelo autor. 15


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Os pensamentos são extraidos do Novo Testamento, sendo em sua maioria oriundos dos quatro Evangelhos (como se as doutrinas definidas no restante testamento ratificassem o que de “embrião” se encontra nestes!). São ordenados da forma cronológica possível expressando valores e princípios divinos necessários à vivência da pessoa crente em Deus. De forma alguma, devido ao foco de cada pensamento em cada respetivo texto, se menospreza ou ignora a literatura do Antigo Testamento. Tal como a Bíblia Sagrada é una na mensagem, assim se pretende fazer jus a conceitos equilibrados fruto da “ciência” da hermenêutica – a “arte” de interpretação. O esforço em apresentar a sã doutrina sob a roupagem de exemplos bíblicos propõe trazer à vida de cada um que lê as verdades de Deus para a sua vida. Carlos Fontes Outubro 2018

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Mateus 1:1 “São estes os antepassados de Jesus Cristo, descendente do rei David e de Abraão.” PENSAMENTO Simplesmente fenomenal a forma como se inicia o Novo Testamento! Tal como numa competição onde a partida é o ponto mais distante da chegada (meta), assim o percurso de Jesus Cristo neste mundo se inicia exatamente no ponto mais distante da Sua exaltação “(…) Deus o elevou às posições mais altas e lhe deu um nome que é superior a todos os nomes” – Filipenses 2:9). Na lista de Seus antepassados, Jesus não Se coibe de referir os nomes sonantes de pessoas de má fama e porte. Cabe aqui uma pergunta: Qual de nós se permitiria exibir nomes extraídos da nossa árvore geneológica que compremetessem a nossa reputação? Certamente que gostaríamos de ostentar nomes de boa fama e que nos prestigiassem. O Senhor Jesus revela que na Sua própria família houve muito “trabalho a fazer”. A perspetiva com que Deus se aproxima de cada um não depende do seu prestígio, fama ou bom nome. O mérito não é nosso, a necessidade sim. Podemos vê-Lo carregando uma lista de gente da Sua família que não O promove mas que necessita Dele - foi assim que chegou a Belém! É descendente de David (vem com direito ao trono) e de Abraão (o grande pai da fé, o amigo de Deus). Esta primeira frase do Novo Testamento parece augurar tudo de bom... contudo, lá vem a lista: “Abraão, Isaac, Jacob, Judá”. Paremos! “Tamar (...) Raabe (...)” supostamente estas mulheres não deveriam figurar na lista! O seu mau comportamento mancha a lista. E Rute também lá se encontra mesmo não pertencendo ao povo de Deus. 17


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Mas o que parece perturbante torna-se mote no argumento divino: “Ela terá um filho a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.” (v.21). Lá está! Jesus começara pela Sua casa, pelo Seu povo! Quão felizes podemos ficar – há solução para nós! Se Jesus quis e pôde salvar a Sua própria família também pode salvar a minha, as nossas famílias; afinal, pode salvar qualquer pessoa. Que bem que começa o Novo Testamento (em Mateus): Jesus a salvar a Sua pequena família, terminando (em Apocalipse) a salvar a família da Humanidade! Não somos Seus ascendentes mas podemos ser Seus “descendentes”! “Salva-nos, Senhor!”

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João 4:4 “E era-lhe necessário passar por Samaria.” (ARC) PENSAMENTO A figura da mulher samaritana é muito conhecida dos leitores assíduos da Palavra de Deus. A expressão que introduz a viagem de Jesus e de Seus discípulos da Judeia para a Galileia é a seguinte: “E era-lhe necessário passar por Samaria.” Somos levados a consultar a geografia, vendo-a sob o contexto histórico e cultural da época. Na verdade, havia um litígio de séculos entre os habitantes da província de Samaria e os restantes habitantes da Palestina – os judeus, por aqueles serem o resultado de casamentos mistos entre judeus e não judeus. A inimizade era grande a ponto dos judeus não se darem com os samaritanos! Então, o normal era os judeus contornarem Samaria quando transitavam entre o norte (Galileia) e o sul (Judeia). Pergunto: por que era necessário Jesus passar por Sicar, uma cidade da Samaria? Por que não atravessar o rio Jordão, passando pela Pereia em direção à Galileia? “era-lhe necessário”. Era necessário por que razão? Certamente haverá um forte motivo para tal afirmação. Se não era por uma questão geográfica, seria então porquê? Tão lindo! Não havia nenhuma razão de ordem natural, mas havia um motivo divino. Uma mulher, ou melhor, uma cidade necessitava de salvação! Como, em todo o tempo e em todas as circunstâncias, Jesus era guiado pela vontade do Pai, agia quando “necessário”. Nem sempre percebemos a lógica divina, mas passa por se aproximar do homem e de o ajudar. A mulher samaritana necessitava, os habitantes da 57


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cidade necessitavam e nós também necessitamos... Ele providenciará o “encontro”. Obstáculos como a rivalidade dos dois povos, a diferença de sexo – que tinha grande influência cultural – e a possível má reputação desta mulher, foram ultrapassados. A samaritana encontrou Cristo e os habitantes de Sicar também: “Então disseram à mulher: Agora acreditamos porque nós próprios o ouvimos e não apenas pelo que nos contaste. É, de facto, o Salvador do mundo.” (v.42) Talvez você sinta que não O merece, mas disponibilize-se para se encontrar com Ele. Não importa quem é ou o que os outros pensam de si. Ele ainda acha que “é necessário” passar pela sua vida! Quão bom será se nos juntarmos a todos aqueles homens e mulheres, e em coro entoarmos: “É, de facto, o nosso Salvador!”

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Mateus 5:3 “‘Felizes os que, no seu espírito, são como pobres”, dizia-lhes, ‘porque a eles é dado o reino dos céus’.” PENSAMENTO As mui conhecidas bem-aventuranças descrevem, e bem, os valores do Reino de Deus. Em oposição aos paradigmas do nosso mundo e sociedade - que incessantemente buscam a felicidade momentânea – a proposta de Jesus lança o desafio de uma felicidade intemporal e de formato divino. A felicidade encontra-se no Rei do reino. Podemos entrar para o Reino, ser pertença e desfrutar dele. Ser feliz, bem-aventurado, afortunado… eis a proposta de Jesus! Felizes os pobres! Quem é que deseja ser pobre? Note como a pergunta importuna. Importuna por, geralmente, a pobreza ser sinónimo de infelicidade. Contudo, a pobreza a que Jesus Se refere representa a maior riqueza - ser “pobre de espírito”, entender no espírito a sua real pobreza, limitação e fragilidade. Não depende de bens materiais para se afirmar e ser feliz! Não tem nada a ver com a falta de autoestima ou o desprezo por si próprio. As noções de pequenez e de grandeza partem do Rei do reino e não de nós. A felicidade acha-se na leitura que fizermos dos valores do Rei. À medida que nos sentimos e percebemos o quão pequenos somos, o Reino é-nos dado. Com Deus as coisas funcionam assim: o esvaziar do “eu” permite-Lhe que nos dê o que não merecemos; o que através do “eu” não conseguirmos, Ele realiza e dá-nos. O reino é dado aos pobres de espírito. Os que se consideram ricos escusam a doação do Rei – consideram-se autosuficientes. Contudo, aos “que, no seu espírito, são como pobres”, aos verdadeiramente 75


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humildes, Deus dá o reino. Esta é a condição de ingresso no Reino. Vale a pena! Confira o que Deus promete: “O alto e sublime, que habita na eternidade, o santo, diz assim: Eu vivo num lugar excelso e santo; mas também comigo estão todos aqueles que têm um espírito contrito e humilde. Conforto os humildes e dou nova coragem aos corações arrependidos.” (Isaías 57:15) Seja feliz!

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Mateus 5:20 “(...) a não ser que a vossa obediência a Deus seja maior do que a dos mestres da lei e dos fariseus, de outra forma não poderão entrar no reino dos céus!” PENSAMENTO O exemplo máximo de obediência visto em Jesus apoia a ideia de que as leis de Deus, dadas ao povo de Israel, não eram más – eram boas! Jesus sabia que por serem boas deveriam ser obedecidas. A excelência dessas leis era tal que ninguém – a não ser Jesus – as conseguiu cumprir integralmente. Ele não tinha vindo para acabar com elas - viera para as cumprir! A Sua vivência exemplar provara que era possível obedecer... mas com a ajuda de quem o conseguira – Ele! Os religiosos da época não eram apenas desobedientes às leis divinas como exigiam aos demais uma obediência escrupulosa... Obediência escrupulosa de quê? Respondo: de atos e práticas que os mesmos tinham criado e ora impunham. A pujança das suas regras era direcionada para o fazer e não para o ser! A vida das pessoas teria forçosamente de ser preenchida e dirigida por ações previamente estipuladas, e que satisfaziam os critérios humanos de controlo! Tinham substituido a verdade do coração pela aparência das práticas! O mais importante era parecer... fazer tal como era ordenado por eles, os mestres e fariseus. Jesus veio para inverter o paradigma. Com o Seu exemplo podemos aprender a obediência voluntária a partir de um relacionamento pessoal com o Deus que tais leis criou. O conceito de “justiça” necessitava de redefinição. A dos fariseus - que diziam e não praticavam, e o faziam para serem vistos - estava cimentada na 93


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observância de leis e costumes. Por sua vez, a justiça que caracteriza(va) o Reino dos céus era resultado de uma realidade espiritual produzida pelo relacionamento com Deus. Esta realidade de fé resulta em retidão interna refletida externamente. Finalmente, ficara claro na vinda de Jesus que a obediência a Deus nos faz entrar no reino dos céus. Só quando o Rei entra – através da obediência de cada um - é que cada um entra no reino!

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Mateus 6:9 “Devem orar assim: (...)”

PENSAMENTO Olhando para o texto paralelo de Mateus 6:9-13 — Lucas 11:2-4 —, ficamos a saber que o ensino de Jesus sobre a oração foi feito como resposta ao pedido dos discípulos: “Senhor, ensina-nos a orar (…)” (Lucas 11:1). Essa oração modelo ficaria conhecida como a oração do PAI NOSSO. Como os textos de Mateus e Lucas não são escritos exatamente com as mesmas palavras, podemos deduzir que o importante na oração não está na reprodução fiel das palavras ou expressões, como se de uma fórmula mágica se tratasse. O correto é perceber os princípios que Jesus quiz transmitir, e que podem ser usados por qualquer pessoa, em qualquer tempo e situação. Leiamos Mateus 6:9-13: 1. Santidade de Deus a) Adoração: “Nosso Pai que estás no céu, que o teu santo nome seja honrado.” (v.9, negrito do autor) Iniciamos a oração agradecendo a Deus por ser nosso Pai, procurando honrar o Seu Nome e Pessoa. b) Submissão: “Pedimos que o teu reino venha. Que a tua vontade seja feita aqui na Terra, tal como é feita no céu.” (v.10, negrito do autor) O Reino estabelece-se pela execução da vontade. À medida que fazemos a Sua vontade, o Seu Reino instalar-se-á em e entre nós. Queremos ver a vontade de Deus realizada na vida pessoal, na família, igreja, etc.

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2. Necessidades pessoais a) Provisão: “Dá-nos o pão para o nosso alimento de hoje.” (v.11, negrito do autor) O Reino de Deus vem em primeiro lugar, e depois... as minhas, as nossas necessidades. “O pão que nos é necessário, dá-nos hoje, dia após dia”. b) Perdão: “Perdoa-nos os nossos pecados, assim como perdoamos aos que nos ofendem.” (v.12, negrito do autor) Perdoamos aos que nos ofenderam, pedindo depois a Deus que nos perdoe também! c) Livramento: “Não deixes que caiamos durante a tentação, mas livra-nos do mal.” (v.13, negrito do autor) Reconheçamos que necessitamos do poder de Deus para vivermos uma vida vitoriosa.

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Mateus 9:36 “E sentia grande pena das multidões (…) Eram como ovelhas sem pastor.”

PENSAMENTO O Senhor, Mestre e Pastor, vivia num rodopio de atividas evangelísticas e de fazer o bem. Movia-Se estimulado pelo desejo de agradar ao Pai e suprir as necessidades de Seus contemporâneos. O texto que compõem os versículos 35 a 38 demonstra a grandeza do Grande! Quando Mateus fala de compaixão, ensino, pregação e cura vê Jesus como pastor (vv.35 e 36). Ao sugerir que Deus conta com a nossa participação em tão árdua tarefa, ainda que seja Ele o Senhor da seara, constata a necessidade de recrutamento de mais ceifeiros (vv.37 e 38). 1. GRANDE ministério. “Jesus andava por todas as cidades e aldeias da região, ensinando nas sinagogas e anunciando as boas novas do reino. Aonde quer que ia, curava toda a casta de enfermidades.” (v.35) O que ainda hoje define o verdadeiro ministério prende-se com o ensino, a pregação e a cura. Estas ações abrangentes tornam o ministério completo por serem elas também três formas de Deus completar o homem. Como tantas vezes se ouve: o Evangelho total para o homem total! 2. GRANDE compaixão. “E sentia grande pena das multidões que apareciam com problemas enormes, sem saberem que fazer nem onde procurar auxílio! Eram como ovelhas sem pastor.” (v.36) O sentimento e a visão do observador (Jesus) definem o 135


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tipo de objeto (as multidões) em observação. Explico-me: ver as pessoas como ovelhas define bem a visão e coração de Jesus, o pastor. A eficácia da nossa ação para com os outros depende da forma como os vemos. O Senhor via o desnorte e as necessidades do povo, mas também continha em Si a possibilidade de o conduzir, guardar, amar e dirigir como pastor! 3. GRANDE necessidade. “A seara é tão grande, e tão poucos os trabalhadores, disse aos discípulos.” (v.37) Ainda que Ele tenha a plenitude de recursos reconhece quão grandes são as necessidades das multidões. Aqui sugere que há poucos nessa incursão da compaixão por haver uma “seara tão grande”! 4. GRANDE chamada. “Orem ao Senhor da seara e peçam-lhe que chame mais trabalhadores para as suas searas.” (v.38) Temos o dever de ir e a responsabilidade de ouvir a chamada. A Sua chamada transmite a paixão que O motivava. Precisamos de orar para que Ele nos chame e estarmos dispostos a ir.

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João 13:1 “(…) como havia amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim.” (ARC)

PENSAMENTO Encontramo-nos no dia em que o Senhor foi preso. Posteriormente seria julgado e crucificado, para final e triunfantemente ressuscitar. Aleluia! O momento é de despedida junto dos Seus, os que O tinham acompanhado, servido e com Ele aprendido. Agora era impreterível prepará-los, não só para o choque que a Sua partida produziria nos seus corações, mas também induzi-los a manterem-se unidos – tendo em vista a prossecução de Seu ministério. A tónica seria o amor (leia 13:34 e 15:17). O episódio relatado nos versículos 1 a 20 descreve o momento que deveria ser (só) de festa – celebrava-se a ceia pascal -, mas que (também) é de tensão. Na sala escolhida para a celebração, Jesus demonstra que “amou-os até ao fim”; diria, tal como a Bíblia em Ordem Cronológica (página 1121) coloca como nota: “mostrou-lhes então que os amava perfeitamente”. O grupo dos doze tinha sido minado por fatores que o destabilizariam pondo em questão o seu papel de promotor do reino. Sabiamente o Mestre ensina uma dupla lição, que visava repor a ordem no grupo, estimulá-lo e alinhá-lo com o amor. Como? Através do ato de lavagem dos pés. Aproveitando a ausência do anfitrião e a falta de voluntariedade dos doze, Jesus “levantou-se da mesa, despiu a túnica, pôs uma toalha à volta da cintura, e, deitando água numa bacia, começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha.” (vv.4 e 5). 157


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Só o amor seria antídoto à corrosiva falta de humildade demonstrada na discussão sobre quem seria o maior (leia Lucas 22:24-30) e à impureza revelada em Judas (leia vv.10, 11 e 18). Só o amor é capaz de unir, purificando o coração de cada um e auferindo a humildade de se igualar aos seus pares, reconhecendo que só um é Mestre. Como sempre os amara TAMBÉM AGORA os amava até ao fim! Mesmo na constatação da falta de humildade e da existência de maldade, impureza… “amou-os até ao fim”. O Seu amor não baixou de nível! Era isso que lhes queria ensinar: para executarem a missão atribuida não podiam permitir que o amor baixasse de nível. Amamos até ao fim?

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Atos 19:2 “‘Receberam o Espírito Santo quando creram?’, perguntou-lhes (...)”

PENSAMENTO A pergunta feita por Paulo aos crentes efésios é indicadora do interesse deste quanto à necessidade e importância da receção do batismo no Espírito Santo. O parágrafo textual de Atos 19:1-7 é de extrema riqueza para a compreensão do que designamos “os 3 batismos”. 1. Batismo de João. Visava a necessidade de arrependimento dos pecados (leia Mateus 3:1-2,6,8). Sendo os efésios batizados neste tipo de batismo (leia v.3), o apóstolo aproveitou para reiterar o propósito de João Batista, endossando-lhe a (outra) necessidade: crer no Cristo que viria mais tarde (v.4). 2. Batismo de Jesus. Implicava o compromisso de fé em Cristo (leia Marcos 16:16), pelo empreendimento do discipulado. Fica implícito que criam em Cristo, porque “Logo que souberam disto (…)” (v.5) foram batizados. 3. Batismo no Espírito Santo. Traria poder para testemunhar (leia 1:8) e capacitaria para uma nova dinâmica espiritual. O diálogo de Paulo com os irmãos em Éfeso: a) Pergunta de Paulo: “Receberam o Espírito Santo quando creram?” (v.2). b) Resposta dos Efésios: “Não, nem sequer ouvimos que existe o Espírito Santo” (v.2, NVI). c) Pergunta de Paulo: “Então, que batismo receberam?” (v.3). d) Resposta dos Efésios: “O batismo de João” (v.3). 191


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No paralelo pergunta-resposta “ouvimos que existe” (v.2) que corresponde a “batismo” (v.3). O certo é que “Quando Paulo lhes colocou as mãos sobre a cabeça, o Espírito Santo desceu sobre eles, e começaram a falar noutras línguas e a profetizar.” (v.6). A pergunta “Receberam o Espírito Santo quando creram?” continua a ecoar. Redefino-a e aplico-a: “Recebemos o batismo no Espírito Santo?” Note a sua importância e a nossa necessidade: 1. Jesus batiza no Espírito Santo (leia Marcos 1:8), prometendo cumprir a promessa do Pai (Lucas 24:49; Atos 1:4,5,8). 2. No dia de Pentecostes: “E todos ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem.” (Atos 2:4; leia vv.15-17,33). 3. Quando Pedro e João foram instados a não proclamar o nome de Jesus, os cristãos reuniram-se em oração. “E, tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a palavra de Deus.” (Atos 4:31). 4. Após um grande despertamento em Samaria pelo ministério de Filipe, os apóstolos enviaram para lá Pedro e João, “os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo(...) Então, lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo.” (Atos 8:15,17). 5. Experiência semelhante aconteceu na casa de Cornélio (Atos 10:44). 6. O Espírito Santo é acompanhado por dons espirituais e operação de prodígios e milagres: “testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas, e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade?” (Hebreus 2:4). 7. O mesmo Espírito confere os dons espirituais para edificação da igreja, repartindo a cada um segundo quer. (leia 1 Coríntios 12:4–11).

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Romanos 12:2 “(…) que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (ARC)

PENSAMENTO Conhecer a vontade de Deus! Que mais desejamos para vivermos seguros, confiantes e gratos a Deus? Claro, conhecer a vontade de Deus. O apóstolo introduz o tema vontade de Deus, tendo como base do seu apelo a “compaixão de Deus” (leia v.1) referida na forma de Deus tratar – compassivamente - tanto os judeus como os gentios. Vamos ao encontro do compassivo Deus pela entrega e para transformação. Queremos experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus? Experimentemo-lo. Como? 1. Método: “apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (v.1). O verdadeiro culto a Deus deve ser racional, espiritual, concretizando-se através de uma devoção consciente, inteligente e dedicada a Ele. A adoração verdadeira consiste na entrega do próprio ofertante. É lógico que se Deus demonstrou compaixão por nós, devemos nós aceitá-la, reconhecendo-a pela oferta de nós próprios. 2. Processo: “não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento” (v.2). O sacrifício consciente inclui a decisão de uma mente que se quer renovada, sendo transformada continuamente… com novos pensamentos, atitudes e crença. O valor da oferta parte da compreensão da magnificente compaixão divina e passa pelo cada vez maior entendimento do tipo de sacrifício a ofertar (vivo e santo, que é o que Lhe agrada). O processo de transformação 205


O ANTIGO TESTAMENTO HOJE

capacita-nos a compreender e a experimentar, cada vez mais, a bendita vontade de Deus. 3. Alvo: “para que experimenteis a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (v.2). A vontade de Deus é, tal como o próprio Deus, boa, agradável e perfeita. Não é curioso? a) Deus demonstrou compaixão pelo homem. b) O homem cultua-O com um sacrifício vivo e santo que Lhe agrada. c) O homem experimenta a vontade de Deus: boa, agradável e perfeita. O alvo é o resultado a alcançar. Bendito resultado!

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CARLOS FONTES

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Filipenses 4:13 “Posso suportar todas as coisas com a ajuda de Cristo, que é a fonte da minha força.”

PENSAMENTO O Evangelho de Jesus Cristo é um evangelho de equilíbrios. Por um lado, temos a garantia de termos um Deus que é Pai e que se preocupa connosco, prometendo cuidar de cada um; por outro, somos chamados à responsabilidade de cuidarmos de nós, trabalhando para obtermos o que necessitamos – Deus não ajuda preguiçosos! É verdade que o pão de cada dia está seguro, mas também não devemos descansar “à sombra da bananeira” esperando que as coisas venham ter connosco! Cuidado com ensinos em que se promete o que Deus não promete! O apóstolo Paulo endossa a ideia de “posso (…)”. Muito facilmente este verbo pode ser apontado como uma afirmação de supercapacidades humanas! Mas, ao lermos os versículos 11 e 12 é óbvio que a ênfase colocada por Paulo está na dependência de Deus. Leiamos: “(...) já aprendi a contentar-me com o que tenho de momento. Sei o que é passar necessidades e sei também o que é ter em abundância. Aprendi já a viver em todas as circunstâncias: tanto na fartura como na fome; tanto no conforto como nas privações.” É na dependência Dele que podemos. O poder não é nosso – é de Deus! As necessidades são nossas, e é com elas, ou melhor, no meio delas, que aprendemos a contentar-nos com o que temos. Quando Deus é o nosso contentamento e suficiência, Ele dar-nos-á o que necessitarmos! Onde está o nosso foco? Estamos a tentar ser autossuficientes ou dependentes? Somos os “maiores” ou dependemos do Maior? Na abundância 219


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reconheço a Sua provisão e na necessidade dependo Dele! Posso estar tranquilo porque “Posso suportar todas as coisas com a ajuda de Cristo, que é a fonte da minha força.”

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CARLOS FONTES

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Hebreus 11:33,34 e 37 “(…) pessoas que pela fé (…) escaparam de morrer à espada (…) outros foram tentados a renegar a sua fé, acabando por serem mortos à espada.”

PENSAMENTO Fé, por definição, é confiar e fidelizar-se. Não apenas confiar em… mas ser fiel a… Cuidado: pode colocar-se maior ênfase nos critérios do necessitado que na soberania do benfeitor. Corre-se o risco de fazer da fé um “saca-rolhas” do homem, em vez da entrega confiante nas mãos dadoras de um Deus bondoso. Se fé é fé em Deus, dever-se-á seguir critérios dependentes de Deus. A nós, resta-nos aprender, depender e beneficiar. Sim, beneficiar. Porque sempre que confiamos, beneficiamos – Deus “(…) recompensa os que sinceramente o buscam.” (Hebreus 11:6). Rotulemos os versículos 32 a 38 como “As duas faces da fé: fé para libertação e fé para sofrimento”. 1. Fé para receber libertação: “(…) pessoas que pela fé conquistaram nações, praticaram a justiça, obtiveram a realização das promessas, fecharam a boca de leões, anularam a força do fogo, escaparam de morrer à espada, da fraqueza tiraram forças, foram valentes nas batalhas, fizeram recuar exércitos de estrangeiros. E houve mulheres que receberam os seus entes queridos ressuscitados.” (vv.33-35). Encontramos exemplos no texto bíblico: a) David, que, repetidamente escapou à morte pela espada. b) O filho da viúva ressuscitado por Elias (1 Reis 17:17-24). 247


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c) Sedraque, Mesaque e Abednego na fornalha ardente (Daniel 3). d) Daniel na cova dos leões (Daniel 6). 2. Fidelidade no sofrimento: “Outros foram torturados, preferindo morrer a ficarem livres, porque esperavam que pela ressurreição alcançariam uma vida melhor. Outros foram ridicularizados, açoitados, acorrentados em prisões. Até morreram apedrejados; serrados ao meio; outros foram tentados a renegar a sua fé, acabando por serem mortos à espada. Houve os que andaram vagueando pelos desertos e pelas montanhas, vestidos de peles de ovelhas e de cabras, escondendo-se em covas e em cavernas, sem amparo, perseguidos e maltratados — o mundo não era digno deles.” (vv.35b-38). Encontramos variados exemplos, como: a) Jeremias na prisão (Jeremias 37-38). b) Inúmeros mártires e sofredores anónimos. Fé é mais que acreditar. A verdade do que acreditamos será verdadeiramente testada na dor, na aflição, nas contrariedades. Ouçamos C. S. Lewis: “Você nunca tem consciência do quanto de facto acredita nalguma coisa enquanto a verdade ou a falsidade dessa coisa não se torna uma questão de vida ou de morte para si... Apenas um perigo verdadeiro põe à prova a realidade de uma crença.” (A anatomia de uma dor: um luto em observação. São Paulo: Editora Vida, 2006.) Aí está! Fé é confiar. Por vezes, a única certeza que nos assiste tem a ver com Deus, o demais, colocamos em Suas mãos!

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