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MICHEL CRUZ
Aprendendo com os LÍderes da Bíblia Volume 1 Caráter, carisma e relacionamentos
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FICHA TÉCNICA
Título: Aprendendo com os Líderes da Bíblia SUBTÍTULO: Caráter, carisma e relacionamentos Volume 1 Autor: Michel Cruz Editor: Edições Novas de Alegria Av. Almirante Gago Coutinho, nº158 1700-033 Lisboa | Tel.: 218 429 190 Site: www.capu.pt Impressão e acabamento: Artipol - artes gráficas, Lda. CORDENAÇÃO EDITORIAL: Ana Ramalho Rosa Revisão TEXTUAL: Ester Carvalho Design Gráfico: Adilson Morais Foto capa: © Olivier Le Moal - Shutterstock 1ª Edição outubro 2015 ISBN: 978-972-580-120-8 Depósito Legal: 398348/15 Categoria: 253 Liderança teXTO BÍBLICO
A tradução base usada nesta obra é a João Ferreira de Almeida, Edição Corrigida e Revisada Fiel ao Texto Original. As restantes traduções estarão identificadas junto da respetiva citação, em abreviatura: João Ferreira da Almeida Revista e Corrigida (ARC); Nova Versão Internacional (NVI), A Bíblia para Todos (BPT). Esta obra respeita as regras do Novo Acordo Ortográfico. © Edições NA - Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em breves citações, com indicação da fonte.
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APRESENTAÇÃO
Em outubro de 2012, a convite, tive o grato privilégio de ser um dos oradores da Escola Bíblica de Cooperadores da Assembleia de Deus em Marietta, Atlanta, EUA, liderada pelo Pr. Carlos Goulart. O tema geral relacionava-se com liderança e coube-me abordar o subtema “LIDERANÇA EFICAZ”, com desdobramentos. Visto que também passei pelas várias congregações do ministério Marietta, distribuídas por vários estados dos EUA, ministrei perspetivas sobre o tema da liderança bíblica. Terminado o tempo da minha estada – muito agradável –, saí dali motivado para elaborar um livro sobre liderança, seguindo o molde que usei – biográfico. Havia apresentado a matéria centrada em dois líderes bíblicos, Neemias e David. Com Neemias tratei o tema “Liderança Eficaz”, e com David tratei os temas “O Candidato a Líder” e “O Líder Bem-Sucedido”. Quando decidi lançar-me neste projeto, idealizei imediatamente desenvolver o tema da liderança em volta de vários líderes da Bíblia, dedicando, o quanto possível, um capítulo a cada um, abordando a característica que mais se releva na sua pessoa e/ou sua liderança. Então, num ápice, alistei vários nomes – mais de vinte – e coloquei à 9
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frente da tal característica. Percorri a Bíblia do seu início até ao fim e procurei abordar o estudo dos líderes na ordem (e seletivamente) em que aparecem. E, de imediato, também pensei no título do livro. O mesmo que está na capa: Aprendendo com os Líderes da Bíblia. Assim, nos (poucos) momentos livres, peguei naquela matéria acima mencionada, juntei outra já elaborada, também por mim, fui escrevendo e investigando, e aí está ao dispor do leitor. Não sendo possível incluir todos os exemplos num só volume, iniciamos esta primeira obra com sete capítulos referentes a aspetos do caráter, carisma e relacionamentos do líder. Como também aprendemos com erros, temos para meditação um líder que deixou um mau exemplo. Como orientação à leitura, existem referências postadas no final do respetivo capítulo, onde encontrará informações importantes para a sua leitura. Espero que goste e que lhe seja útil. Para mim, foi um belo exercício de grande bênção. Aprendi muito. Também me ajudou a mudar aspetos da minha vida e a melhorar o meu desempenho ministerial. Votos de uma leitura abençoada. Michel Cruz Pastor evangélico Leiria
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PREFÁCIO
Chegou-me as mãos o manuscrito do livro Aprendendo com os líderes da Bíblia da autoria do pastor Michel Cruz, o qual me deixou deveras maravilhado pelo conteúdo bíblico e adequado aos tempos em que vivemos. Somos diariamente injetados com novos desafios que diante da pressão a que como líderes de igrejas e comunidades espirituais estamos muitas vezes expostos, nos sentimos desafiados a ceder. A proliferação de igrejas e de novos modelos de cultuar ou de estabelecer igreja, são muitas vezes provocadores de grandes lutas para vivermos firmes nos compromissos em que começámos. Vivemos dias em que estratégia, programas, marketing e tantas outras coisas estão a ocupar o tempo dos líderes religiosos que, no desejo naturalmente humano de fazer mais e melhor, de facto, cada vez mais se afastam das Escrituras em busca desses novos modelos “salvadores” que os façam prosperar e aos seus ministérios, trazendo um crescimento que, de facto, raramente acontece. Livros de autoajuda, ou de técnicas como “faça isto ou aquilo”, “cumpra estes 7 propósitos”, ou “como fazer crescer rapidamente a sua igreja”, ou ainda: “seja um líder dos dias de hoje” etc., proliferam e facilmente cedemos ao desejo do nosso coração em buscar 11
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soluções fáceis. Por tudo isso e muito mais, é pois oportuno ouvir uma voz que nos chama de novo de volta aos modelos de liderança bíblicos. Num tempo em que o povo de Israel e os seus líderes se desviavam andando cada um segundo o propósito do seu coração (Jeremias 16:12), Deus conclamou o povo e os líderes a um retorno: “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; e achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele.” (realce meu) O livro do pastor Michel, é pois um desafio a voltarmos às “veredas antigas” às páginas do Livro Sagrado e a aprendermos com o exemplo de homens que foram, apesar das suas imperfeições, líderes que tem vencido as páginas do tempo e da história, chegando até aos dias de hoje como verdadeiros modelos do que deve ser um líder espiritual. Este livro que a Casa Publicadora da Convenção das Assembleias de Deus em Portugal tem o prazer de trazer ao público, não aborda apenas as questões de liderança mas outras questões ligadas à mesma e que sendo particularmente do interesse de quem é líder, interessam também ao público em geral como referência do que deve ser um modelo para quem serve a Deus seja qual for a área ministerial. Chamada, confirmação, integridade, eficácia, desilusão, equipa e família, são temáticas por demais pertinentes que ocupam o primeiro volume do livro em questão. De facto, é uma tendência natural colocarmos de parte o que já vimos usando há muito tempo. Fazemos isso com quase tudo na vida, mudamos de casa, mudamos de móveis, trocamos de carro, procuramos roupas novas etc. E nessa tendência somos muitas vezes levados a trocar o melhor até pelo pior, só que o pior é o que está na moda, e só mais tarde é que descobrimos que fizemos um mau investimento. É sempre um mau investimento quando deixamos de parte o ensino das Escrituras e vamos em busca de 12
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novos modelos. É por essas razões que considero este livro algo muito especial, pois o pastor Michel com maestria traz o leitor de volta às Escrituras e aos modelos que até hoje ainda funcionam. Assim, bem haja o Pr. Michel. O prezado leitor ajeite-se comodamente e embarque nesta viagem pelos líderes da Bíblia e aprenda com eles. António Gonçalves Diretor executivo CAPU|CPAD Livraria Cristã
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ÍNDICE DEDICATÓRIA
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AGRADECIMENTOS
007
APRESENTAÇÃO
009
PREFÁCIO
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CAPÍTULO 1
Chamada
017
CAPÍTULO 2
Confirmação
041
CAPÍTULO 3
Integridade
057
CAPÍTULO 4
Eficácia
075
CAPÍTULO 5
Desilusão
099
CAPÍTULO 6
Equipa
125
CAPÍTULO 7
Família
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BIBLIOGRAFIA
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CAPÍTULO 3
Integridade “Os príncipes e os presidentes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum vício nem culpa.” (Daniel 6:4)
É admirável o percurso de Daniel como líder. Fazendo parte da primeira das três levas de cativos israelitas, da deportação babilónica, com cerca de catorze anos, depois de três anos de preparação segundo os preceitos babilónicos, é feito eunuco ao serviço do rei. Num espaço de tempo bem curto, o jovem Daniel é promovido a chefe dos sábios e governador da província de Babilónia (2:48). Belsazar, descendente e sucessor de Nabucodonosor, promoveu-o a terceiro do reino (5:29). No império medo-persa, que seguiu o babilónico, Daniel é constituído pelo rei medo, Dario, o segundo no reino (6:2-3). No capítulo 6, versículo 28, ficamos a saber que o profeta também “prosperou” no reinado de Ciro, o imperador Persa, o mesmo que publicou o édito do retorno dos israelitas à sua terra. Daniel é um exemplo de uma liderança de rápida ascensão e bem-sucedida e, também, de notável longevidade – o profeta passa cerca de setenta anos como cativo entre estrangeiros, sempre no topo da liderança estadista. Esta notável longevidade na liderança deve-se ao facto de que “nele havia um espírito excelente”, segundo o testemunho das casas reais onde Daniel serviu (5:12, ARC) e segundo o testemunho que 57
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o próprio Deus dá (6:2-3). Tal reputação que Daniel conquistara por parte das casas reais devia-se ao facto de constatarem que ele possuía uma capacidade sobrenatural para interpretar sonhos, explicar enigmas e resolver dúvidas. Contudo, para aqueles que conhecem o carácter de Deus e a Sua maneira diferente da nossa de julgar pessoas, a excelência do espírito de Daniel não se deve somente aos dons sobrenaturais que revelava possuir - até porque estes são concessões do próprio Deus, reconhecido pelo próprio profeta, 2:20-23, 27-28 - mas, também, à sua integridade. Deus destaca o carácter de Daniel no próprio livro deste profeta, onde o Senhor diz que ele é “mui amado” (9:23) e é um “homem mui desejado” (10:11 e 19, ARC). E no livro do profeta Ezequiel, no qual vemos que Daniel é destacado juntamente com Noé e Job, pelo seu carácter íntegro, de tal forma, que, no caso de Deus vir a castigar uma terra pela sua impiedade, Daniel, com aqueles dois, seriam os únicos a quem o Senhor livraria (Ezequiel 14:13-21). Nos dicionários, como definição, encontramos que integridade é uma palavra de origem latina (integritas, -atis, Dicionário Priberam) e que significa: 1) Qualidade de íntegro; 2) Carácter daquilo a que não falta nenhuma das suas partes; 3) Estado de são, de inalterável; 4) Inteireza moral, retidão, honestidade; 5) Imparcialidade; 6) Inocência; 7) Virgindade; 8) [figurado] Retidão, honradez; pureza intacta. Por sua vez, íntegro (do latim integer, -gra, -grum) significa: 1) não tocado, intacto, completo; 2) que tem comportamento exemplar; 3) honrado, reto, incorruptível. Assim, integridade é a qualidade de alguém que possui um carácter completo e imutavelmente sadio, reto, honesto, honrado e incorruptível, com uma pureza moral inatacável e visível num comportamento exemplar. Poderíamos acrescentar três palavras sinónimas encontradas na Bíblia relacionadas com integridade: sincero, inculpável e irrepreensível. A liderança divina está baseada na integridade. O Salmo 97, versos 1 e 2, reza assim: “O Senhor reina. (…) retidão e juízo são 58
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a base do Seu trono” (ARC, realce do autor). O carácter do nosso Deus é de integridade absoluta. E Ele é puro e inatacável quanto à Sua moral. Em Deus não há treva alguma (1 João 1:5b). Em Deus não encontramos motivo para culpá-l’O ou repreendê-l’O. A duração e o sucesso do líder cristão estão relacionados com a A duração e o sucesso do líder sua integridade. Conferimos isto cristão estão em Deuteronómio 16:18-20 (rerelacionados com alces do autor): “Juízes e oficiais a sua integridade porás em todas as tuas cidades que o SENHOR teu Deus te der entre as tuas tribos, para que julguem o povo com juízo de justiça. Não torcerás o juízo, não farás aceção de pessoas, nem receberás peitas; porquanto a peita cega os olhos dos sábios, e perverte as palavras dos justos. A justiça, somente a justiça seguirás; para que vivas, e possuas em herança a terra que te dará o SENHOR teu Deus.” Note: “A justiça, somente a justiça seguirás; para que vivas, e possuas em herança a terra que te dará o SENHOR teu Deus”.
3.1 INTEGRIDADE TESTADA A integridade é uma virtude que se revela e se atesta perante as pressões. Pedro escreve que a fé é provada e achada “em louvor, e honra, e glória” por meio das tentações (1 Pedro 1:6-7), isto é, por meio de situações que pressionam o crente a pecar, ou a abandonar os valores morais e espirituais que fazem parte da sua crença e vivência. Assim aconteceu com Daniel. Ele passou por várias e fortes pressões perante as quais não sucumbiu, mantendo a sua integridade. Vamos alistar as pressões que Daniel sofreu, que são as mesmas que um líder cristão poderá enfrentar. 59
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3.1.1 Desligamento forçado do seu ambiente (1:3) Daniel era um adolescente judeu, com cerca de catorze anos, da linhagem real, que foi retirado da sua família, afastado dos seus amigos e deportado para fora do seu país, para uma terra distante. Nessa terra distante encontrou-se num ambiente desconhecido, moralmente perverso e espiritualmente avesso às suas crenças e ao seu modo de vida. Este desligamento foi forçado e injusto, porquanto ele não havia feito nada que o fizesse merecer. O desligamento devia-se ao facto de que os seus ascendentes haviam pecado, rebelando-se contra a Babilónia. Estava a ser vítima dos erros dos outros. Porém, Daniel não se fez de vítima, não amuou, não amargurou e não se revoltou. Pelo contrário, submeteu-se agradavelmente à vontade de Deus, que passava pela submissão ao rei babilónico e aos imperadores que se seguiram, e empenhou-se em prol do bem do seu povo. Por vezes, o líder cristão é dirigido e levado pelo Senhor para O servir em ambientes bem diferentes. Novos lugares, novas pessoas, novos costumes. Sai de um lugar onde estava bem, lugar agradável, com pessoas simpáticas, bons hábitos e costumes e a desenvolver uma obra próspera. No novo lugar encontra diferenças na alimentação e no clima, com implicações na condição psicossomática. De um lugar seguro, com tudo do bom e do melhor à disposição, acha-se num lugar perigoso e instável. Vê-se afastado dos parentes mais próximos e dos amigos. Talvez acostumado à vida citadina é levado para um contexto rural, ou vice-versa; talvez acostumado a viver junto ao mar, e muda-se para o interior árido e seco. É colocado numa nova igreja com um ritmo e disposições diferentes daquela de que é oriundo, com um ministério local com uma maneira diferente de administrar e, quiçá, preso a certos paradigmas que poderão dificultar a sua ação. Enfim, uma mudança para um cenário radicalmente oposto ao habitual e desejado. O líder é um estranho num lugar que lhe é absolutamente estranho. Quantas vezes a mudança é deprimente, para si ou para a sua família que 60
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o acompanha. Quantas vezes o sentimento de desprezo pelo lugar e pelo povo local toma conta do coração. Muda-se cheio de ideias para fazer a obra de Deus e encontra-se perante uma situação em que não lhe é possível implementá-las e desenvolvê-las, pelo menos, logo de início. Afinal, a terra que mana leite e mel, também tem fel!... 3.1.2 Perder a pureza (1:8) As carnes do manjar do rei da Babilónia eram consagradas aos ídolos. Um judeu estava divinamente impedido de comer do que era consagrado aos ídolos. Comer esse tipo de manjar era consentir e prestar culto aos ídolos. Era contaminação. Para Daniel, significaria perder a pureza espiritual e sujeitar-se à dominação demoníaca. Daniel decidiu não comer desses manjares, para não se contaminar. Mas, não foi só com respeito a manjares que Daniel decidiu não se contaminar! Também, a nível de outras práticas de ordem espiritual e moral. A Babilónia era mãe de toda a sorte de espiritualidade esotérica e feiticeira e um antro de imoralidade sexual. A Babilónia era uma confusão ecuménica onde a idolatria ao rei e aos deuses, se misturava com o ocultismo e a feitiçaria. Na revelação apocalíptica, ao falar da futura religião ecuménica a que Jesus se refere como “Babilónia”, uma frase define o que a Babilónia antiga era: “A Grande Babilónia, a mãe das prostituições e abominações da terra” (Apocalipse 17:5, ARC). Em relação a nós, ainda que distantes no tempo, o espírito da Babilónia continua vivo e em avivamento. Ídolos antigos conservam-se firmes e ídolos modernos multiplicam-se. Iguarias consagradas ao deus do consumismo e da imagem, que alimentam a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e da soberba da vida, são o prato de cada dia. Iguarias da música, do cinema, da literatura e das modas mundanas, que promovem a mentira, a 61
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falsidade, a hipocrisia e o consumo das drogas, são-nos servidas quotidianamente. Iguarias do pecado, da orgia e da loucura são apresentados nas ementas do sistema iníquo de uma sociedade cada vez mais afastada de Deus. Iguarias de uma nova espiritualidade mística e esotérica e feiticeira são-nos propostas nos cardápios dos média. Deus diz: “Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados e para que não incorras nas suas pragas!” (Apocalipse 18:5, ARC) 3.1.3 Aniquilamento da fé (1:4) Para além de encontrar um ambiente hostil à fé judaica, como esperaria, Daniel passou por um processo de lavagem cerebral com vista ao aniquilamento da sua fé. O ensino que recebeu na Babilónia era contrário à sua crença – as letras dos caldeus envolviam astrologia e falsidades mágicas. Era imposta a obrigação de prestar culto às divindades estrangeiras e ao imperador (3:13-15; 6:7-9). Quem invocasse outro Deus era condenado à morte. Daniel e seus amigos foram sujeitos a uma tentativa de remoção da sua identidade espiritual. Vê-se isso na mudança dos nomes por parte do imperador babilónico. Os nomes naturais dos adolescentes israelitas deportados identificavam-nos com o Deus deles. Os novos nomes identificava-os com as divindades babilónicas: • Daniel, significa “Deus é meu Juiz”; o novo nome que lhe foi dado, “Beltessazar”, significa “Bel – divindade principal da Babilónia – proteja a tua vida”; • Hananias, significa “Jeová é gracioso”; recebe o nome “Sadraque”, que significa “Servo de Akú” ou “Sob o comando de Akú” - Akú era o “deus-lua”; • Misael, significa “Quem é igual a Deus?”; é-lhe dado o nome “Mesaque”, que significa “Quem é como Akú?”; • Azarias, significa “Jeová ajuda”; o novo nome, “Abede-Nego”, significa “Servo de Nego”, sendo Nego o “deus da sabedoria”. 62
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Foi, sem dúvida, uma tentativa de remover a crença no Deus Jeová, no Deus de Israel, e a sua relação com Ele. Atualmente, vivemos numa nova babilónia hostil à fé cristã. Avivamento ocultista com uma proposta de espiritualidade fascinante e alternativa, com algumas das suas doutrinas e práticas a ganhar terreno em certos meios evangélicos (já se ouve falar em regressão e yoga “evangélicos”). Obras literárias romanescas que apresentam pseudoinvestigações e lançam dúvidas sobre a historicidade e divindade de Jesus e outras crenças fundamentais do cristianismo bíblico. O liberalismo teológico que procura desacreditar o sobrenatural, e com isso, o nascimento virginal de Jesus, os milagres descritos na Bíblia, a ressurreição de Cristo e o Seu retorno. Uma nova moralidade fundada no relativismo, que põe em causa Atualmente, os valores morais absolutos, funvivemos numa nova dados na revelação escrita da Bíbabilónia hostil blica. A pressão do dito “diálogo à fé cristã. ecuménico” com a mistura de ortodoxismo, cristianismo, catolicismo, judaísmo, islamismo e outros. A somar a tudo isto, e de lamentar, escolas, seminários e institutos de teologia de raiz evangélica que oferecem aos futuros líderes em formação um ensino teológico indefinido e ou diverso, liberal ou sincretista. E, ainda, grupos evangélicos que parece que ganharam uma certa aversão à identificação “igreja evangélica”, e trocam por outras “mais adequadas” e “menos afastadoras das pessoas”. 3.1.4 Da posição elevada na vida. Daniel chegou bem alto. E rápido! Abaixo do imperador estava ele. A prosperidade é uma tentação, seja material, seja socialmente. 63
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Diz-se, porque se constata, que o poder corrompe. Muitos bons e sadios líderes viraram maus e doentios ao chegarem ao poder. Em muitos casos o poder induz o líder a entrar por caminhos menos retos e honestos. Isto não aconteceu com o profeta. Não se encontrou em Daniel “culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nenhum vício, nem culpa.” Ou como versa a Bíblia Judaica: “não encontraram nada para reclamar, nenhuma falta; ao contrário, ele (Daniel) era tão fiel que nem um caso de negligência ou má administração pôde ser encontrado.” Daniel manteve a sua dedicação, fidelidade e integridade perante o rei e o reino. A posição elevada não beliscou o seu caráter íntegro, incluindo a sua dedicação espiritual ao Senhor – mantinha a sua vida devocional, e quando pressionado pela tramoia dos príncipes e governadores invejosos, ele dedicou-se ainda mais à oração e à comunhão com o seu Deus (6:10-11, 16-20). O carácter de David era tão excelente, que ele se tinha tornado desejado por Deus (10:11 e 19). As tentações e as provações não vêm só pelas coisas ruins da vida. Também, vêm das coisas boas. O sucesso ministerial em certos líderes fá-los cair no pecado do orgulho, da vanglória e da superioridade. Fá-los afastar da simplicidade, do carácter simples, da vida simples, e do povo simples. Em muitos casos, na cadeira do poder, o líder cristão torna-se autoritário e esquece o sentido de serviço e busca (exige) ser servido. Em muitos casos, com a “promoção” do líder a mais poder, as responsabilidades administrativas aumentam e isso absorve tempo à sua vida devocional e, por consequência, há um esfriamento espiritual. Em muitos casos, a subida na hierarquia do poder introduz o líder em certos ciclos e ambientes sociais que, de igual modo, pode absorver o tempo que deveria dedicar à presença e ao serviço de Deus, com prejuízos pessoais, relacionais e ministeriais.
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3.2 MANTER A INTEGRIDADE, VENCER AS PRESSÕES Daniel venceu as pressões a que foi sujeito. Como o conseguiu? É o que vamos ver de seguida 3.2.1 Determinou no seu coração não se contaminar (1:8-9) Ao determinar no seu coração não se contaminar com as iguarias babilónicas, o texto bíblico afirma que “deu Deus a Daniel graça e misericórdia” para ele conseguir levar avante o que havia determinado. É assim, o homem não consegue nada por si mesmo – precisa do favor de Deus! O homem conhece a vontade de Deus, os Seus altos padrões de santidade e integridade, assenta no seu coração cumpri-los e, aí, Deus trabalha a favor do homem para que este cumpra as exigências divinas. Deus faz essa obra (Filipenses 2:13). Deus, por meio da Sua Palavra, faz-nos saber o Seu querer, nós aceitamos de coração, e cabe a Ele operar em nós para que o Seu querer seja cumprido, em nós e por meio de nós. 3.2.2 Amizades sadias e espirituais (2:17-19) Uma boa parte do que somos deve-se às companhias. “Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és”, diz o provérbio popular. As amizades sadias e espirituais prestam-se à cooperação, aconselham-nos nas decisões, consolam-nos na dor, sustentam-nos pela oração, edificam-nos e ajudam-nos na nossa formação, protegem-nos perante as tentações e de algum desvio, e, assim, favorecem-nos a manter a integridade. O autor do primeiro salmo recomenda o crente a não se deter no caminho dos pecadores, nem a sentar-se na roda dos escarnecedores 65
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para frutificar e prosperar. Paulo advertia os crentes em geral de que “as más conversações corrompem os bons costumes” (1 Coríntios 15:33, ARC) e recomendava, particularmente aos líderes, para que escolhessem amizades piedosas e se afastassem daqueles que tinham comportamentos impiedosos (2 Timóteo 2:19-22), e exortava-os a que se afastassem dos que fossem heréticos (Tito 3:10-11). O rei David escolhia para a sua convivência os puros, bons, autênticos, fiéis, íntegros e verdadeiros (Salmo 101:4-7). Para ele esta atitude era uma atitude inteligente, para poder manter o seu coração íntegro (Salmo 101:2)! Esta foi também a escolha inteligente de Daniel, desde a sua mocidade, e esta escolha ajudou-o a manter a sua integridade! 3.2.3 Vida dedicada à oração (6:10) Conforme lemos no versículo referenciado, Daniel tinha o costume de se colocar três vezes ao dia de joelhos diante de Deus em oração. E não são poucas as vezes que o livro regista o profeta em oração. Daniel orava para receber revelações especiais de Deus (2:16-18); orava quando, pela leitura das Escrituras, recebia uma promessa divina, para que ela se cumprisse (9:2-3); orava para interceder em favor do seu povo (9:20); orava, com jejum, pelo simples (e sublime) desejo de estar em comunhão com Deus, consagrar a sua vida e compreender os mistérios de Deus (10:2-3 e 12). Nada, nem ninguém o impedia de orar, mesmo que isso lhe pudesse custar a vida (6:6-11). Daniel orava por necessidades, ou por puro prazer de orar, pelo prazer de estar na presença de Deus. Para além da oração ser um recurso através do qual se obtém de Deus ajuda, socorro e ou orientação para a resolução de problemas, a oração proporciona comunhão com Deus, a qual, por sua vez, purifica, molda e fortalece o carácter. Na oração tomamos maior consciência da nossa real condição de pecadores e de quão fracos somos, e da majestade e santidade de Deus, o que gera um maior 66
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temor e tremor e uma maior pureza de coração. Isto foi o que aconteceu com o profeta Isaías (Isaías 6:1-7). Na oração, Daniel achava graça que o ajudava a manter a sua integridade, perante as pressões a que ia sendo sujeito. 3.2.4 Vida dedicada à meditação da Palavra de Deus (9:1-2) Não se pode imaginar um líder cristão sem ter esta característica na sua vida. Na verdade, esta deveria ser a característica mais marcante na vida de todo o cristão! Deus exige a todo o líder espiritual a meditação contínua na Sua Palavra (Deuteronómio 17:18-20; Josué 1:8). Todos sabemos os benefícios da Palavra de Deus na formação Todos sabemos do caráter. Lembramos as palaos benefícios da Palavra de Deus vras do salmista, parafraseando: na formação “Como purificará o líder o seu cado caráter minho? Observando-o conforme a tua palavra” (Salmo 119:9, ARC) e acrescentou “escondi a tua palavra no meu coração para eu não pecar contra ti.” (Salmo 119:11, ARC). Com efeito, o livro de salmos hebraico começa, exatamente, com estas palavras: “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se senta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará. Não são assim os ímpios; mas são como a moinha que o vento espalha. Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos” (Salmo 1:1-5). Moody, o grande evangelista do século XIX, declarou: “Ou a 67
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Bíblia me afastará do pecado, ou o pecado me afastará da Bíblia.” O líder cristão que escolhe a Bíblia, há de acontecer-lhe o que diz a segunda parte da frase – a Bíblia o afastará do pecado! O que significa que as pressões para pecarmos serão vencidas pela força da Bíblia, quando esta é lida com o propósito de purificar o coração! No meu curso formação, para ingressar no ministério a tempo integral, na disciplina de homilética, aprendi que devemos ler a Bíblia em função de três vetores: • Culturalmente, para termos conhecimento do seu conteúdo; • Ministerialmente, para adquirir matéria visando o ensino e a pregação; • Devocionalmente, com vista à edificação pessoal. Pode acontecer que líderes cristãos leiam e estudem a Bíblia visando somente os dois primeiros vetores: adquirir o conhecimento cultural e a preparação de mensagens e estudos bíblicos, para entregarem a auditórios. Mas, primordialmente, o líder cristão deve ler e meditar na Palavra de Deus pensando na sua edificação pessoal, a fim de que seja um homem de Deus íntegro! Quando assim faz, também adquirirá conhecimento cultural e material que o ajudará na melhor preparação de mensagens e estudos bíblicos que precisa de entregar às assembleias que o ouvirão. Porém, com um maior crédito porque quem o ouve, ouve um verdadeiro profeta de Deus sem “ocasião ou culpa alguma; porque ele é fiel, e não se acha nele nenhum erro nem culpa”. 3.2.5 Solidão e reflexão Tomo de empréstimo este tópico do livro Andando com Tanque Vazio, de Wayne Cordeiro. Neste livro o autor testemunha de um período de esgotamento por que passou e como saiu dele. Uma das medidas que recomenda para manter a integridade é “a 68
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solidão e a reflexão”. Wayne esclarece que não se trata de “isolamento” que ele define como sendo “um sintoma de depleção emocional”, mas, sim, “um período deliberado” de exercício de “uma disciplina saudável e prescritiva”. No contexto, o autor define essa “solidão” como “uma separação voluntária para refinar a alma”26. Trata-se de um retiro para reabastecimento emocional. Wayne assevera que essa prática ajuda o líder cristão a evitar de chegar ao “estado mental que às vezes chamamos de ‘colapso nervoso’” e que, no limite, “pode destruir o ministério ou o potencial futuro de um líder”27. O autor fala disto no contexto das muitas pressões que um líder eclesiástico enfrenta, que o esgotam e que o conduzem a um estado depressivo e vulnerável, tornando-o presa fácil das tentações pecaminosas, isto é, com a perda da sua integridade! Daniel tinha essa disciplina na sua vida - solidão e reflexão. Diria, solidão para reflexão. Para além da sua prática devocional quotidiana, ao retirar-se para o seu aposento três vezes ao dia para estar em comunhão com Deus, em oração e meditação nas Escrituras, Daniel fazia retiros prolongados (Daniel 10:2-3). Nesses retiros, o profeta desejado, a sós e com Deus, refletia sobre si mesmo, o estado do seu coração, o seu comportamento e o seu ministério. Com a conveniente serenidade, avaliava as decisões tomadas e ponderava nas decisões a tomar, fazendo dele um líder de reconhecida sabedoria e competência. Sem qualquer perturbação, meditava nas manifestações e visões divinas para obter a revelação profética das mesmas. Sem qualquer distração e no silêncio, propiciava a sua mente para entender a mensagem das Escrituras e o seu espírito para ouvir a voz de Deus. De grande relevância para manter a sua integridade, nesses momentos de solidão e reflexão, aliados à oração e à leitura calma das Escrituras, Daniel recarregava as suas baterias espirituais, morais e emocionais. O líder cristão precisa desses retiros! Ele precisa dessa prática. E, para o efeito, precisa de determinação e disciplina. O ativismo de muitos líderes, a agenda sobrecarregada de atividades e afazeres, o 69
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excessivo envolvimento em comissões e projetos, a adrenalina que dá a alguns ao olharem para a lista de tarefas realizadas no dia, são uma dificuldade para a prática dos retiros de solidão e reflexão. O parar, o afastar-se da multidão, o desligar-se de atividades e afazeres, o desligar a comunicação, não atendendo telefonemas nem responder a emails, o sentimento de culpa por não estar disponível para atender a tudo e todos, como é tradicionalmente suposto, a ideia de que o líder da igreja, assalariado por esta, só trabalha quando tem aquele ativismo, e que só é digno do seu salário se for um “ativista”, dificultam deveras o líder à prática de um retiro à maneira de Daniel. A exemplo de Daniel, é indispensável ao líder cristão a prática regular desses retiros para seu benefício pessoal, do exercício ministerial e da igreja. Está em causa a saúde espiritual e emocional do líder. Também, a sua renovação e o recarregamento das baterias espirituais e emocionais, e o seu rendimento ministerial - aparentemente, não faz tanto, mas fará melhor, certamente! Relembrando os “sabat’s” judaicos (prática instituída por Deus), Wayne, falando da sua experiência pessoal e da de muitos outros líderes cristãos que chegaram ao esgotamento e à depressão no ministério, advoga a prática imperativa de descansos sabáticos prolongados e planeados com vista à cura ou à prevenção. Este renomado líder defende que essas pausas para descanso e renovação favorecem o rendimento ministerial. Ele afirma: “O sabat e os descansos sabáticos são biblicamente planeados para aumentar a nossa produtividade e aprofundar a nossa fé ao longo do caminho”28.
3.3 INTEGRIDADE, CONFIANÇA E AUTORIDADE Integridade e confiança são duas virtudes de carácter aliadas. A nossa confiança em Deus resulta da Sua integridade. Podemos confiar nas Suas Promessas porque sabemos que Ele não mente e 70
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vai cumprir com a Sua Palavra. Podemos confiar no Seu julgamento e aceitamo-lo porque será sempre justo, mesmo quando não conhecemos tudo acerca da causa julgada. No Salmo 119, versos 137-138 está escrito: “Justo és, ó SENHOR, e retos são os teus juízos. Os teus testemunhos que ordenaste são retos e muito fiéis” (ARC). Assim é com toda a autoridade! Para que o líder possa ver a sua autoridade reconhecida e respeitada, ele precisa ser digno de confiança, e para isso ele deve possuir integridade. Integridade e confiança são indispensáveis para uma liderança credível. A integridade é uma das qualificações exigidas aos líderes. Lembramos os setenta que Moisés separou para liderar o povo. Entre as características exigidas estava “homens de verdade, que aborreçam a avareza” (Êxodo18:21, ARC, realce do autor). Instalados na terra prometida, à liderança governativa Deus impôs integridade: “Juízes e oficiais porás em todas as tuas cidades que o SENHOR teu A integridade Deus te der entre as tuas tribos, para é uma das que julguem o povo com juízo de qualificações justiça. Não torcerás o juízo, não exigidas aos farás aceção de pessoas, nem relíderes ceberás peitas; porquanto a peita cega os olhos dos sábios, e perverte as palavras dos justos. A justiça, somente a justiça seguirás; para que vivas, e possuas em herança a terra que te dará o SENHOR teu Deus” (Deuteronómio 16:18-20, realces do autor). Paulo, ao escrever a Timóteo a respeito das qualificações morais dos líderes eclesiásticos, menciona a integridade, afirmando que o bispo deve ser “irrepreensível, honesto e não cobiçoso de torpe ganância” (1 Timóteo 3:2, ARC). Por outro lado, a integridade é um fator de autoridade. Na sua epístola a Tito, Paulo integra a integridade na lista das qualificações morais requeridas aos líderes eclesiásticos e relaciona-a com a autoridade. Ele escreveu que o presbítero deve ser “irrepreensível, não 71
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cobiçoso de torpe ganância, justo – para que seja poderoso (tenha autoridade), tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes” (Tito 1:5-9, ARC, realce e parêntesis do autor). O apóstolo Pedro, de igual modo, aponta a integridade como a virtude que confere autoridade ao líder cristão. Pedro escreve aos presbíteros das igrejas, que devem apascentar “o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho” (1 Pedro 5:1-3, realce do autor). O líder que é exemplo de integridade é um líder que tem força e domínio sobre o rebanho de Deus que lhe foi confiado. Os membros da igreja seguem um líder íntegro, reconhecendo e submetendo-se à sua autoridade! Veja três exemplos de líderes que de tão íntegros que eram chegaram ao ponto de desafiar outros a apontarem-lhe uma falta de integridade, e como eram dotados de autoridade: • Samuel (1 Samuel 12:1-5): As palavras de Samuel eram confirmadas pelo Senhor e geravam temor sobre o povo porque ele era íntegro (1 Samuel 12:16-19). • Paulo (Atos 20:33): no acontecimento com os filhos de Ceba, o demónio disse o seguinte: “Conheço a Jesus e bem sei quem é Paulo”. Os demónios não conseguem tocar na vida daqueles que são íntegros e não resistem às suas ordens de expulsão. A expulsão dos demónios não ocorre só pelo poder que há no nome de Jesus, mas também por causa da integridade na vida de quem usa esse Nome. Como somos conhecidos? • Jesus (João 8:46): o povo dizia que Jesus falava com autoridade, não como os escribas. Porquê? Porque a sua vida era íntegra! Os escribas poderiam ensinar o mesmo que Jesus ensinava, mas não viviam o que ensinavam; e o que de correto faziam faziam-no com motivações e propósitos errados. Os demónios dobravam-se diante da presença de Jesus e sujei72
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tavam-se a Ele porque a Sua vida era íntegra (Marcos 1:2-28; Mateus 23:1-6)! Nem príncipes, nem presidentes, nem o rei medo, nem mesmo Deus, encontraram algo a apontar em desabono do carácter e da conduta de Daniel. Como é connosco? Podemos levantar-nos diante de quem lida connosco, na igreja, fora da igreja e na família, e desafiá-los para nos apontarem algo que ponha em causa a nossa integridade?
Wayne Cordeiro, obra citada, Editora Vida, pág. 65. Ibidem, pág. 88. 28 Ibidem, pág. 165. 26 27
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