Boletim AAL N.08

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N˚08 2015 JUlho DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

EDIÇÃO ESPECIAL

Noite de gala na entrega da Medalha Péricles Moraes

VEJA também:

Cabral na ALBL e na ESMAM

Amazonsat, representada por Phelippe Daou Jr e Cláudia Daou; o artista plástico Jair Jackmont; e a jornalista Leila Leong foram os agraciados em 2015 com a maior comenda da AAL, respectivamente nas categorias Mecenato, Artes e Letras. PÁG. 2

Elson Farias, Grande Amazônida Elson Farias, nosso confrade e ex-presidente da Academia Amazonense de Letras, recebeu da Associação PanAmazonia a Medalha do Mérito GRANDE AMAZÔNIDA, em solenidade realizada na FECOMERCIO. PÁG. 2

IGHA 98 anos O Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas completou, em 25 de março, 98 anos de existência. Na foto, o ex-presidente Geraldo dos Anjos e o atual presidente Antonio Loureiro cortaram o bolo de aniversário. PÁG. 2

Leia Online: http://issuu.com/aalboletim

CONHECENDO OS IMORTAIS Dando continuidade à série “Conhecendo os imortais”, a presente edição traz um perfil com o acadêmico e vicepresidente do silogeu Almir Diniz de Carvalho. PÁG. 6

Curta: Academia Amazonense de Letras

O Relator da Constituição de 1988, também nosso confrade J. Bernardo Cabral, foi alvo de homenagens pelo Tribunal de Justiça do Amazonas, pela Escola Superior da Magistratura e pela revista Justiça e Cidadania, quando, na mesma solenidade, recebeu, em Manaus, a Medalha do Mérito Acadêmico da ESMAM e viu lançado o livro “Estudos de Direito Constitucional”, escrito, em sua honra, por expoentes do mundo jurídico nacional. Em junho, por sua vez, Cabral tomou posse na cadeira de n˚12, patronímica de Antero de Quental, da Academia Luso-Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro PÁG. 3


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BOLETIM da Academia Amazonense de Letras

EDITORIAL

Arrancada para os 100 anos As duas mais antigas instituições culturais do Estado, o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e esta Academia Amazonense de Letras (AAL), já começaram a contagem regressiva para as comemorações de seus respectivos centenários. A primeira, em 2017; a segunda, em 2018.

Com grande festa IGHA comemora 98 anos

Trata-se, sem dúvida nenhuma, de um feito formidável. Ao longo desse tempo os homens e mulheres que tiveram influência determinante sobre a nossa vida cultural, nessas duas casas congregaram e ainda congregam, produzindo conhecimento, arte e sabedoria, as quais se espraiam, como deve ser, para o conjunto dos cidadãos. A AAL, de seu lado, constituiu uma comissão, formada inicialmente pelos seus ex-presidentes, para pensar e executar as ações necessárias para o bom êxito dos festejos. Inclusive, para disparar este processo, foi lançada, em edição limitada, uma camisa comemorativa, que será entregue a cada um de nossos membros, com o brasão na frente e o nome do acadêmico às costas. Lançamentos de livros, saraus, homenagens e outras iniciativas do gênero estão previstas. Mãos à obra?

Academia Amazonense de Letras Fundada em 1°de janeiro de 1918 Filiada à Federação das Academias de Letras do Brasil Rua Ramos Ferreira, n° 1009 – Centro CEP: 69010-120 Manaus – Amazonas – Brasil Fone/Fax: (92) 3234-0584 E-mail: acadam@ig.com.br A Secretaria funciona nos dias úteis, das 08h às 14h. DIRETORIA 2014/2015 Presidente: Armando Andrade de Menezes Vice-Presidente: Almir Diniz de Carvalho Secretário-Geral: Abrahim Sena Baze Secretária-adjunta: Rosa Mendonça de Brito Tesoureiro: José Geraldo Xavier dos Anjos Tesoureiro-Adjunto: Mário Ypiranga Monteiro Neto Diretor de Patrimônio: Marilene Corrêa da Silva Freitas Diretor de Eventos: José Maria Pinto de Figueiredo Diretor de Edições: Carmem Novoa Silva CONSELHO FISCAL Membros Efetivos: Marcus Luiz Barroso Barros Antônio José Souto Loureiro Euler Esteves Ribeiro Membros Suplentes: Luiz Maximino de Miranda Correa Neto Mazé Mourão Francisco Gomes da Silva Expediente do Boletim Editor do Boletim: Júlio Antonio Lopes Projeto Gráfico e Diagramação: Lo-Ammi Santos Colaboradores: Daniele Faleiro - Secretária Executiva; Gleciane Kinebre - Técnica Administrativa; Maryjonia Ribeiro - Técnica Administrativa; e Fernanda dos Reis Serviços Gerais. Apoio institucional

Em 25 de março de 2015 o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) comemorou 98 anos de fundação, com a posse de dois novos membros Francisco Paulo Pinto, na Cadeira de Roquette Pinto, e Jorg Johannes Ohly, na Cadeira de Gabriel de Souza. Presentes dezesseis sócios da Instituição, intelectuais e suas famílias, que foram prestigiar os seus amigos, o público interessado e autoridades, que abrilhantaram a Sessão. Os sócios efetivos recebe-

ram, pela primeira vez os colares de sua patente. Após os discursos sobre os seus patronos e o de recepção do orador adjunto doutor Arlindo Porto, os novos participantes foram diplomados, antes prestando o seu juramento solene tradicional. O evento foi entremeado por belas partituras musicais por um dueto. Após o término foi servido aos presentes um coquetel de alta qualidade oferecido pelos recém admitidos. Notícias da Corte do Solimões.

Antonio Loureiro, Presidente do IGHA; Dom Sérgio Castriani, Arcebispo de Manaus; e o comandante do 9˚ Distrito Naval, ViceAlmirante Domingos Sávio Nogueira.

Elson Farias, Grande Amazônida A respeitada Associação PanAmazônia, presidida por Belisário Arce, em seu calendário anual de premiações, conferiu ao nosso confrade e ex-presidente da Academia Amazonense de Letras, o escritor Elson Farias, o Diploma e a Medalha de Grande Amazônida.


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Cabral toma posse na Academia Luso-Brasileira de Letras Em cerimônia realizada na noite do dia 15/06/2015, na sede da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o relator da Constituição de 1988, o amazonense J. Bernardo Cabral tomou posse na cadeira de n˚12, patronímica de Antero de Quental, na Academia Luso-Brasileira de Letras.

tanto lutamos para resgatar, fortalecer e consolidar”.

Cabral foi saudado pelo presidente de honra da ALBL, o professor Francisco dos Santos Amaral Neto. Cabral, em seu discurso de posse, afirmou que a sua alegria era intraduzível. Primeiro, por ser tetraneto, bisneto e filho de portugueses. Segundo, por ter como padrinho, o professor Francisco Amaral, doutor pela Universidade de Coimbra. E terceiro, pelo patrono de sua cadeira, Antero de Quental, ao qual foi apresentado literariamente, ainda na sua mocidade, pelo seu saudoso pai. “Muito me honra pertencer a esta Academia. Orgulha-me ser um de seus membros, dentre tantos outros, pois estou certo de que tudo o que se fizer neste Cenáculo será para enaltecer os nomes de Portugal e do Brasil”.

“Reúne-se hoje a Academia Luso-Brasileira de Letras (ALBL) para, em sessão solene na forma da liturgia estatutariamente prevista, Recber um novo e ilustre acadêmico, Bernardo Cabral, que passa a ocupar a cadeira n˚12, patronímica de Antero de Quental, poeta e pensador, criador da poesia filosófica romântica em Portugal, figura influente e quase mítica no meio intelectual de seu tempo, um gênio que era um santo, no dizer de seu discípulo Eça de Queirós.

O evento foi prestigiado por autoridades e amigos do novel acadêmico. O vice-presidente da República Michel Temer mandou mensagem enaltecendo a sabedoria, a competência e o comprometimento de Cabral: “Bernardo Cabral deu lições de espírito público na elaboração da Carta Magna da República durante a Assembleia Nacional Constituinte, da qual tive a honra de fazer parte e testemunhar seu primoroso trabalho e capacidade de articulação, qualidades fundamentais para a transição à Democracia que nós, brasileiros,

Bernardo Cabral foi presidente do Conselho Federal da OAB, relator da Constituição brasileira de 1988, deputado federal, ministro da Justiça, senador e é membro, dentre outras entidades culturais, da Academia Amazonense de Letras e da Academia Carioca de Letras, bem como doutor honoris causa da Academia Brasileira de Filosofia. Ele recebeu, em 195, a mais alta distinção do governo português o Grau da Grã-Cruz da Ordem Infante Dom Henrique. Cabral é também articulista de A CRÍTICA.

Síntese do discurso de recepção a Bernardo Cabral na ALBL

Advogado, jurista, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, professor universitário, deputado federal, senador da República, político, constitucionalista, e nessa qualidade Relator da Constituição brasileira, ministro da Justiça, Bernardo Cabral reúne em si múltiplos status profissionais, sucessivos e decorrentes de uma intensa vida de trabalho, conferindo-lhe uma personalidade multifacetada, poliédrica que nos faz recordar os homens do Renascimento na sua versatilidade criativa. É um cultor da palavra e da ação, um criador de formas plásticas na oratória forense e parlamentar, um escultor do discurso, um artista da eloqüência. Bernardo Cabral é um homem da cultura luso-brasileira, no que se identifica com a nossa Academia. E sendo uma das principais finalidades da nossa instituição difundir a cultura no Brasil e em Portugal, é justo e conveniente que a ALBL possa contar com o talento e o interesse de um homem de cultura como é Bernardo Cabral. Provas de seu amor por essa cultura já ele as deu muitas vezes. Basta recordar que, na Constituição brasileira de 1988, é de sua inteira lavra o art. 12, II, no qual se estabelece que podem adquirir a

Francisco Amaral Presidente de honra da ALBL Doutor honoris causa da Universidade de Coimbra

nacionalidade brasileira, os originários de países de língua portuguesa com residência apenas de um ano ininterrupto, diversamente dos estrangeiros de oura nacionalidade, a quem se exige mais de quinze anos.

Adolpho Pollilo, presidente da ALBL, empossa Bernardo Cabral na cadeira de n. 12, em cerimônia realizada na CNC, no Rio de Janeiro.

cluem todos os seus familiares, esposa, filhos, netos, pois sem eles, e principalmente, sem sua estimada Zuleide, sua brilhante existência não teria qualquer sentido. Seja benvindo. A casa é sua”.

É também necessário dizer que na recepção a Bernardo Cabral se in-

Cabral e o Mérito Acadêmico da Escola da Magistratura do Amazonas

Em belíssima solenidade a Escola Superior da Magistratura do Amazonas concedeu a J. Bernardo Cabral a Medalha do Mérito Acadêmico. O evento foi conduzido pela presidente do TJAM, desembargadora Graça Figueiredo e Cabral recebeu a comenda das mãos do diretor da ESMAM, desembargador Cláudio Roessing. Na primeira imagem, ainda, o presidente da Rede Amazônica, Dr. Phelippe Daou e o governador

do Amazonas José Melo. Fizeram-se presentes ao evento o ministro do STF Marco Aurélio Mello, o prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto, o deputado estadual Serafim Corrêa, o juiz federal Ricardo Salles, o editor da revista Justiça & Cidadania Tiago Sales, o presidente da Academia Amazonense de Letras Armando de Menezes e os acadêmico Arlindo Porto e Júlio Antonio Lopes.

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Na Casa de Montezuma ostentando títulos de várias outras instituições profissionais e culturais e um já significativo acervo de obras publicadas, entre as quais destaco: O sigilo da fonte, O STF e a Imprensa, A Crítica de Umberto Calderaro Filho, Bernardo Cabral – um Estadista da República, Fábio Lucena – Grandes vultos que honraram o Senado, Sejamos Luz, além do livro multiautoral 25 anos de Constituição Cidadã, cuja edição coordenou com o competente concurso do professor Carlos Alberto de Moraes Ramos Filho. José Braga

Da Academia Brasileira de Letras Jurídicas Ex-Presidente da Academia Amazonense de Letras

Cento e setenta e dois anos de história e uma constelação de notáveis: Texeira de Freitas, Ruy Barbosa, Levy Carneiro, Pedro Calmon, Afonso Arinos, Clóvis Bevilacqua, Haroldo Valadão, Roberto Lyra, Seabra Fagundes, para lembrarmos apenas alguns vultos do passado, responsáveis como os de hoje pela sua construção e vitoriosa trajetória. De Montezuma, primeiro presidente, a Técio Lins e Silva hoje a ocupar o sólio presidencial, o mesmo ideário: “ser a instituição máxima do conhecimento jurídico na prática advocatícia no Brasil.”

Na condição de ex-presidente da Academia Amazonense de Letras, ali compareci para reiterar a Bernardo Cabral e Júlio Lopes as homenagens da Casa de Adriano Jorge aos eminentes confrades, luz alvíssima na constelação de notáveis do conspícuo Instituto dos Advogados Brasileiros. Artigo publicado no jornal A Crítica, p. C7, de 02/06/2015

José Braga recepciona alunos do Colégio Militar e fala sobre a história da Academia

A Academia Amazonense de Letras teve a honra de receber alunos do Colégio Militar de Manaus, os quais participam do projeto Oficina de Escrita Criativa do Clube de Linguagens daquela escola. Os alunos foram recepcionados pelo acadêmico José Braga, que falou sobre sua bio-

grafia e obra, além de dissertar sobre a história do silogeu, levando os alunos, também, a conhecerem as dependências da Casa de Adriano Jorge. A visita foi acompanhada por Elaine Andreatta, professora de Língua Portuguesa e Coordenadora do Clube de Linguagens do Colégio Militar.

Júlio Antonio Lopes ingressa no IAB

Na tribuna austera do Instituto dos Advogados Brasileiros, no último 20 de maio, José Bernardo Cabral e Júlio Antonio Jorge Lopes. Um momento de erudição e compromisso. Conduzido por Bernardo Cabral, a quem todos se inclinam em reverência, Júlio Lopes recebeu das mãos do presidente Técio Lins e Silva o título de Membro Efetivo da prestigiosa e representativa instituição criada por Sua Majestade o Imperador aos 7 de agosto de 1843, no Rio de Janeiro. Advogado militante há 25 anos, combativo jornalista sempre na defesa dos valores da democracia e garantia dos direitos fundamentais, Júlio Lopes chega ao IAB com uma extensa e expressiva folha de serviços,

O nosso confrade Júlio Antonio Lopes ingressou, em 20/05 do presente ano, no Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), a mais antiga entidade do gênero no país. A proposta de admissão de Lopes foi feita pelo acadêmico J. Bernardo Cabral e subscrita, também, pelo atual presidente,

o advogado Técio Lins e Silva. O ex-presidente da Academia Amazonense de Letras, Doutor José Braga, esteve presente, representando a Casa de Adriano Jorge, além, dentre outros, do ex-procurador Geral do Estado do Amazonas, Dr. Frânio Lima e do advogado José Farah.

Na primeira imagem Bernardo Cabral e Júlio Antonio Lopes, acompanhados de suas respectivas esposas Zuleide Cabral e Jozélia Lopes. Na segunda imagem, Cabral e Júlio ladeiam o presidente do IAB, Técio Lins e Silva


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Comer com prazer promevendo a saúde Euler Ribeiro* Manter a saúde além de fugir do estresse , se exercitar corretamente, dormir adequadamente temos que comer com prazer tudo aquilo que possa nos beneficiar realmente! E o que seria recomendável que possa promover prazer e saúde ao mesmo tempo? Sabemos que o sistema orgânico dos seres humanos são compostos de setenta e cinco por cento de água e o restante ficam por conta das proteínas, açúcares, gorduras, fibras , sais minerais e vitaminas. Logo devemos recorrer às fontes principais onde estão contidos estes alimentos , tais como carnes vermelhas e carnes brancas, grãos, clara de ovo, e algumas frutas e verduras, e poucos tubérculos . E quantas refeições devemos distribuir estes componentes nutricionais? Nunca menos de seis refeições nas vinte e quatro horas , lembrando que nossa dependência líquida é de trinta mililitros destes por quilograma de peso dia. Como devemos distribuir as proteínas , açúcares , gorduras e os complementos sais minerais e vitaminas sem esquecer das fibras. Aí reside o segredo! Logo sabemos que o que promove o prazer nas refeições são: as gorduras e os açúcares. Mas também sabemos que estes alimentos em excesso podem promover desvios sérios da saúde e que cada grupo deve ser enjerido proporcionalmente as necessidades dias do metabolismo celular. O que fazer? Eu aconselharia nas primeiras refeições um pouco gordura não saturada como a que existe na gema do ovo não frito, logo cozido ou crua seria o ideal, ou um copo de leite desnatado adoçado com Sucralose, uma clara de ovo batida com suco de frutas ricas em vitaminas , tais como

abacaxi, cupuaçu , laranja , melancia, graviola, carambola e etc. Uma ou duas tapiocas sem sal para cumprir as necessidades dos açúcares, e um copo de água de duzentos mililitros . Tendo ultrapassado a primeira refeição partimos para uma segunda alimentação três horas após a primeira nada como comer frutas ou um copo de suco , ou uma xícara de mingau de milho,aveia, tapioca , ou um caldo de músculo . Na maior refeição do dia que é no meio do dia temos que caprichar nas proteínas , gorduras e açúcares vitaminas, sais minerais e fibras. Logo um bife de carne vermelha, peixe ou aves de mais ou menos umas cento e cinquenta gramas, completar as proteínas com grãos, e açúcares com arroz e farinha de mandioca e ou uma massa qualquer .As vitaminas na sobremesa frutas da estação. Podendo variar com algum derivativo com doces em pequenas proporções. Sem esquecer o quantidade de líquido que deve ser consumido somente no final das refeições. À tarde lá pela metade , um alimento de preferência aquecido um mingau ou um caldo e no jantar , menor quantidade de alimentos e o ideal é comer uma sopa de legumes e verduras, com uma fruta de sobremesa rica em sais minerais vitaminas e fibras. Antes de dormir um copo de leite desnatado aquecido , bebido lentamente para a absorção das gorduras e proteínas e neste caso pode adoçar com o açúcar de cana . Sendo assim não aumenta o conteúdo do estômago antes de dormir . Desligar rádio, televisão computador, telefone celular, escurecer o ambiente de dormir , deixando sempre uma luz no caminho do banheiro , para prevenir acidentes. E seja feliz com muito prazer nas refeições , sem promover doenças e sim saúde! *Membro da AAL, Membro da Academia Amazonense de Medicina e M. D. PhD em Geriatria e Gerontologia.

Euler Ribeiro profere palestra em encontro Brasil e França de Medicina

O Professor Doutor Euler Ribeiro, nosso confrade, proferiu a palestra “Uma breve história da Geriatria e da Gerontologia no Brasil.” durante o III Encontro Brasil e França de História da Medicina, promovido pela UEA. Estiveram prestigiando o palestrante e o evento os acadêmicos Rosa Brito, Geraldo dos Anjos e Armando Andrade de Menezes, nosso presidente.

Sarau na Academia homenageia Samuel Benchimol

O evento teve a participação da Cia. Experimental de Ópera do Amazonas e professor Juremir Vieira, pianistas Miduk Hong (Flora) e Pedrinho Sampaio, poeta Dori Carvalho e historiador e biógrafo Abrahim Baze. Pela primeira vez, foi usado o piano de propriedade da AAL. O empresário Jonathan Benchimol representou a família do homenageado.

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CONHECENDO OS IMORTAIS Nesta edição a personagem é o vice-presidente do Silogeu, o escritor e poeta Almir Diniz

Almir Diniz

de

Carvalho nasceu a 06

de novembro de1929 em Cambixe, Careiro da Várzea, interior do Amazonas. É advogado, jornalista e escritor e poeta. Ganhou seis prêmios no jornalismo, sendo dois Esso e quatro regionais. É membro da Academia Amazonense de Letras, onde ingressou em 24 de março de 2000 para ocupar a cadeira de n˚5, de Araújo Filho, antiga de MartinsJunior, sucedendo a PauloPintoNery, sob a presidência de Max Carphentier e saudação do acadêmico José Braga. É membro, ainda, do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, da Academia Amazonense de Poesia, da Academia Gurupiense de Letras ( Tocantins ), da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro, do Clube dos Escritores Piracicaba ( São Paulo ), da Taba Cultural – Argonauta, do Rio de Janeiro, da Associação dos Escritores do Amazonas, da OAB-AM e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas.

LIVROS PUBLICADOS Almir Diniz já publicou 25 livros, dentre os quais Dicionário Biográfico Acadêmicos Imortais do Amazonas, Agenda Literária do Amazonas, Encontros com a Natureza, Corpo de Mulher, Caminhos da Alma, Andanças Poéticas, Os Deuses, O Elogio do Caboclo, Plumas Humanas, Floradas da Alma, Algemas da Ternura, O império das Águas, Minha Roça de Urtigas, Floradas do Corpo, O Pitoresco e o Hilariante na Imprensa, Paiol de Lembranças, Nos Remansos da Saudade, Sob a Concha da Panacarica e o capineiro.

ENTREVISTA BOL/AAL – Como surgiu o desejo de ser escritor e poeta? ADC – Até aos 18 anos vivi numa al-

TERATURA DE CORDEL! Bem, eu não sabia... Em 1950, dia 13 de maio, aluno do 3º ano, noturno, do Colégio Estadual do Amazonas, houve um concurso de poesia realizado pelo Centro Estudantal Plácido Serrano. Sabendo já do que se tratava, concorri. E não é que venci? O poema vencedor chama-se “O Meu Mundo Selvagem”, versando sobre a natureza e a nossa aldeia. O trabalho vencedor foi publicado na edição de agosto de 1951, no órgão “O Centro” de divulgação do Centro Estudantal Plácido Serrano. Guardo-o com carinho. deia onde não havia biblioteca, nem associações, nem Clubes, sequer um colégio ou um grupo escolar ou mesmo um vendedor de jornais. Apenas lá existia uma escola e uma única professora responsável por todo curso primário ou elementar. Livros? — É brincadeira! Quanto ao fazer poético, eu devia andar aí pelos meus 13 anos, mais ou menos, e freqüentava nossa escolinha (3º ano, acho). Um dia, meu irmão Ademar Diniz, 2 anos mais velho do que eu, já morando e trabalhando em Manaus, indo de férias à nossa aldeia, fez-me uma proposta: — Almir, vamos escrever a história dos tipos inesquecíveis de nossa terra? — Como se faz isso? – perguntei-lhe. E ele: —Em versos. Assim: e compôs ali, no ato, o que chamou de estrofe, focalizando a vida de meu pranteado amigo, humorista de raro talento e saudosíssima memória: José “Gavião”. Vejam o que saiu: “Zé de Souza, “Gavião”, cuja história vou contar

é um homem bem preparado que nasceu no Juruá: Foi ele quem levantou para o Getúlio sentar! ...” Foi o monte e o estopim. Dias depois estava o trabalho concluído. Mais de 100 estrofes em sextilhas e versos de 7 sílabas que, bem mais tarde vim a saber tratar-se de redondilha maior. Outras historinhas surgiram, ficando, entretanto, adstritas ao nosso meio, pena de homéricas surras de cinturão (do pai) e palmatória (da mãe). Foram, então retratados: o “Bode Velho”; o “Capão”; o “Casório do Bispo”, todos na faixa de 100 estrofes. Muitos anos passados, por ocasião de um Congresso de Jornalistas, em Fortaleza, vi por acaso, em frente a uma banca de revistas na Praça do Ferreira, uma série de caderninhos presos a um cordão. — Que é isso? – Perguntei ao vendedor que, me olhando meio desconfiado, respondeu: — É literatura de cordel. Ah! Então o que eu e o Ademar fizeramos tantos anos antes, era LI-

No que diz respeito à prosa. Chegava o mês das férias juninas. Mês de Antônio, de João e de Pedro; das fogueiras e dos fogos de artifício. Tempo de visitar a aldeia. O ano? — 1948. Ao dar seu “até breve” à turma, nossa professora de Português (do 1º ano), d. Cora Santana, esposa do magnífico mestre Martins Santana, fez uma recomendação: “Não esqueçam os livros. Estudem. Leiam jornais... E, no retorno, tragam alguma descrição sobre qualquer assunto interessante que hajam observado, para eu ler e comentar na sala de aula.” Longe de mim deixar de atender à recomendação da querida mestra Cora Santana. Retornando à atividade estudantil fiz chegar às mãos da professora Cora a descrição que intitulara “Fogueira de Enchente”, contando com detalhes a história toda daquela fogueira de S. João construída sobre caules flutuantes de bananeiras. E fechei o trabalho com o soneto do mesmo nome, cujo primeiro quarteto é o seguinte: “Era tosca a jangada e era fogueira


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rência ou predileção. Contudo, para não ficar na evasiva, gosto de reler: O Elogio do Caboclo, Mulheres e Minha Roça de Urtigas (poesia); Sob a Concha da Panacarica, A Virgem de Taipa e Nos Remansos da Saudade (contos); O Pitoresco e o Hilariante na Imprensa e o Paiol de Lembranças (crônicas). Estão vendo como é difícil? Quase relacionava todos...

Diniz discursa em sua posse

de bubuia no jardim que se afogava, na jangada de imbaúba e bananeira a fogueira junina crepitava.” D. Cora vibrou. E me incentivou a continuar escrevendo. Nascia, ali, o prosador (?) que iria aparecer mais tarde, graças ao jornalismo.

BOL/AAL – Quais os seus autores preferidos e as obras que mais lhe influenciaram? ADC – Não tenho especial preferência por autores. O essencial é que sejam bons. Não importa se nacionais ou estrangeiros. Há uma infinidade deles. E de primeiríssima grandeza, tanto na prosa quanto na poesia. Influências? Não sei. É claro que alguns nos marcam, mas são tantos... Melhor não citá-los. Afinal, a lista é extensa. Há-os no jornalismo, no direito, no romance, no conto, da historiografia, na crônica, na dramaturgia, na música e, principalmente na poesia com suas escolas e suas correntes. Em todos os caminhos e veredas que percorri, a serviço do jornalismo, da prosa e da poesia, ou meramente por lazer, encontrei-os — deuses entre mortais: Homero, Dante Dumas, Voltaire, Hugo, Camões, Clovis, Pessoa, Alencar, Machado, Graciliano, Amado, Gonçalves Dias, Bilac, Castro Alves, Casimiro, Drumond, Espanca, Wa-

mosy, A. dos Anjos... e tantos outros. Não disse que são muitos? BOL/AAL – Na sua opinião, qual o papel das academias na vida cultural do país? ADC – O papel das Academias na vida cultural do país, de qualquer país, é fundamental, necessário e indispensável. Sem as Academias, quem cuidaria de preservar, divulgar, resgatar a identidade cultural de um povo? Nas academias agregam-se as mais diferentes e importantes tendências intelectivas, atraídas pelo fogo sagrado da imortalidade. Da imortalidade acadêmica. Porque as arcadias, os silogeus, as corporações acadêmicas, os grêmios literários existem para promover, difundir e popularizar o pensamento histórico, o conhecimento científico e construção do processo ficcional, vez que é seu objetivo precípuo, estabelecido em cláusula pétrea estatutária, “o cultivo do idioma e da literatura nacional e, mediante ação individual e coletiva de seus membros, promover a cultura em todos os seus aspectos.” Vem daí, dessa unidade de princípios, o constante intercâmbio existente entre as Academias co-irmãs, de todo o nosso país. BOL/AAL – Qual, de suas obras, você tem especial predileção? ADC – Carinhosamente, chamo aos meus livros de “filhotes”. E aos filhos não se deve estabelecer prefe-

BOL/AAL – se aproxima de seu centenário. Você está preparando algo para celebrar a data? E quais outras sugestões você daria para a Casa de Adriano Jorge fazer já a partir de agora em tal sentido? ADC – Sim. Vem aí o Centenário! Isto é motivo de júbilo, porque a data enseja a preparação de marcantes festejos que se hão de prolongar por todo o ano de 2018. Mas, antes disso, e desde agora já é possível observar-se ações preparatórias do evento. Na verdade, a Academia tem o assunto sob foco. Aliás, já está designada comissão para tratar dos detalhes da programação, que haverá de ser exemplar. O acadêmico Júlio Antonio Lopes deu o primeiro passo apresentando camisa personalizada homenageando todos os seus atuais confrades. E outras, muitas outras contribuições virão, sem dúvida. Posso adiantar que já se fala na edição de livros de acadêmicos, no mínimo 12, ou seja: um por mês. E na obra realmente comemorativa e consagradora que há de marcar época nos domínios da cultura amazonense. De minha parte, como acadêmico, estou organizando novo livro de poemas a ser editado no ano do centenário. E, antes disso há, no prelo, a 2ª edição do Dicionário Biográfico – Imortais do Amazonas, sem dúvida peça fundamental para a elaboração da obra histórica do centenário, que reverencia todos os nossos patronos, fundadores, sucessores, beneméritos, honorários e correspondentes, porque é na relembrança que se esteia o principio da imortalidade acadêmica.

Enquanto 2018 não chega devemos, todos nós, integrantes da Academia, unidos e coesos, trabalhar na divulgação da primeira centúria do Silogeu, sugerindo, ajudando a traçar metas, propondo o que for considerando oportuno para a grandeza da festa que se avizinha. E há de marcar época. BOL/AAL – Qual o conselho que você daria para um jovem que se pretende transformar em poeta ou escritor? ADC – Que estude sempre, dividindo com os livros a maravilha dos celulares, buscando mais conhecimentos literários, enriquecendo seu vocabulário, familiarizando-se com a leitura e a interpretação de nossos escritores, em prosa e verso. E que procure contacto com a Casa de Adriano Jorge e seus integrantes, conhecendo a nossa biblioteca especializada em academicismo e amazonidade. Nossa Academia está de portas abertas, aguardando o público amante de saberes literários. BOL/AAL – Você é vice-presidente pela segunda vez e, nesse tempo, acumulou bastante experiência. Seu nome, naturalmente, vem sendo cotado para suceder o presidente Armando. Está disposto a dar esta colaboração? ADC – Em outra oportunidade recusei convite para disputar a presidência da Academia Amazonense de Letras, porque me encontrava envolvido com outra atividade a qual não me deixava tempo para dedicar-me integralmente à função, como o Silogeu deseja e merece. Hoje, aquele impedimento moral deixou de existir. E, estou sabendo que vários acadêmicos consideram que é chegada a hora e a vez de pleitear a honraria de dirigir a mais importante das instituições culturais de nossa terra. Mas isto não depende de alguns, mas de todos, ou da maioria dos confrades.

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Casas centenárias Inaugurado o ano de 201, as atenções dos intelectuais se voltam mais detidamente para as próximas festas centenárias a serem comemoradas pelo Instituto Geográfico e Histórico e pela Academia Amazonense de Letras, a ocorrerem em 2017 e 2018. Instituída no governo Pedro Bacellar, forma tratadas de forma diferente pelo poder público. O Instituto logo conquistou prédio próprio, biblioteca e pouco depois um museu, quando os seus fundadores ainda cogitavam de fazer com que ele fosse o substituto da Universidade Livre de Manáos, que definhava. A Academia veio conquistar sua sede própria somente na década de 1930, graças ao interventor e capitão Nelson de Mello, medida que foi fundamental para a sobrevivência centenária. Centros do saber e da difusão do conhecimento, sempre agregaram as expressões mais bem formadas de professores, pesquisadores, cientistas, poetas, historiadores, constituindo importante núcleo de preservação da memória do Amazonas e pólo de concentração de estudantes. Atuaram e atuam com clareza de propósitos na missão de preservar e divulgar a história e a literatura. O Instituto surgiu do ânimo de Antonio Bittencourt, Bernardo Ramos, Agnello Bittencourt, Mário Simões, Adriano Jorge e muitos outros, todos eles diretamente vinculados à maçonaria amazonense em altos postos e com vínculos políticos com o governo estadual da época. Valorizaram a geografia sobre a história, diverso do que sucedeu na esmagadora maioria dos estados brasileiros, e atuaram, nos primórdios da instituição sempre preocupados em reunir acervos, juntar peças, livros, fotografias, filmes, coleções arqueológicas, tudo de modo a fazer do Instituto um repositório de parcela importante da vida da cidade e dos amazonenses. E assim tem permanecido, muito embora o cenário social, intelectual e urbano seja bastante diverso daqueles anos inaugurais.

A Academia não seguiu o mesmo caminho. Sem eira nem beira fazia suas reuniões no Ideal Clube, no Colégio de José Chevalier em cuja casa funcionava a secretaria da entidade, e se valia da qualidade e saber dos acadêmicos para alcançar projeção. No grupo despontavam Benjamin Lima, Adriano Jorge, José Chevalier, Pericles Moraes, Araújo Lima, Araújo Filho e outros tantos de igual valor que foram passo a passo, firmando a melhor tradição da Casa. Transcorridos tantos anos as duas instituições permanecem honrado as mais caras tradições de seus construtores, cumprindo a missão tradicional fixada de quando da concepção institucional e, ao mesmo tempo, sendo modernizadas para melhor servir a professores, estudantes, pesquisadores, à sociedade amazonense, enfim. E um grande número de brasileiros de todas as paragens ofereceu a sua contribuição e continua a conceder o contributo a que permaneçam atuantes. Está na hora, pois, do cumprimento de mais uma etapa importante na vida dos dois silogeus, que se devem abrir para o novo centenário que vão iniciar com ares próprios do século XXI, sem perderem o liame com os fazeres que foram a razão do nascimento. Cabe à geração que cumpriu parte dessa fase centenária, preparar-se para inaugurar o novo tempo que se avizinha.

A acadêmica Rosa Brito proferiu o discurso comemorativo dos 100 da Ufam e da colação de Grau da 1ª turma de bacharéis em Direito

Rosa Mendonça de Brito Professora Doutora, membro da AAL e do IGHA.

Magnífica Reitora da Universidade Federal do Amazonas, Profª. Drª. Márcia Perales Mendes Silva, Prof. Dr. José dos Santos Pereira Braga, Membro do Conselho Diretor da FUA Senhores Pró-Reitores, Senhor Diretor e ex-Diretores da Faculdade de Direito, Senhoras Diretoras, Senhores Diretores de Unidades Acadêmicas, Autoridades presentes

Robério Braga

Membro da AAL Membro do IGHA Secretário de Estado de Cultura do Amazonas

Colegas Professoras e Professores, Servidoras e Servidores, Senhoras, Senhores. Designada, pela Magnífica Reitora, profesora Márcia Perales, para dizer da História da UFAM nesta solenidade de comemoração dos 100 da colação de grau da primeira turma de

bacharéis em Direito, justo no dia em que a UFAM completa 106 anos de existência, o faço com grande emoção porque esta Casa abrigou e abriga, há mais de um século, inúmeras inteligências preocupadas em disseminar conhecimentos e formar profissionais para fazer progredir a nossa sociedade porque foi aqui, às margens do grande Rio Amazonas, nesta Cidade de Manaus plantada no coração da Amazônia, com penas 50.000 habitantes, que um grupo de intelectuais do corpo da Guarda Nacional, capitaneado pelo visionário Eulálio Chaves criou, no dia 17 de janeiro de 1909 a primeira universidade brasileira, a Escola Universitária Livre de Manáos! Senhoras e Senhores, a criação de universidades no Brasil é um fenômeno bastante tardio. No período colonial os estudos superiores existentes eram desenvolvidos pela Igreja e destinados à formação do clero, e as tentativas para estender aos colégios jesuítas as prerrogativas universitárias foram sistematicamente frustradas. Por outro lado, o ensino superior laico somente teria início em 1808, com a chegada de D. João VI, quando foram instituídos em Salvador, os Cursos de Cirurgia, Anatomia e Obstetrícia, embriões da Faculdade de Medicina da Bahia, que comemorou 206 anos em 2014. Ainda em 1808, foi criada no Rio de Janeiro a Academia da Marinha e, com ela, os cursos de anatomia e cirurgia destinados a formação de cirurgiões militares; em 1809, alguns cursos de medicina; em 1810 a Academia Real Militar constituída de cursos voltados para a formação de oficiais e de engenheiros civis e militares; em 1813 a Academia de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. Por sucessivas reorganizações, frag-


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mentações e aglutinações, os cursos criados por D. João VI dariam origem às escolas e faculdades profissionalizantes que iriam constituir o conjunto das nossas instituições de ensino superior até a República. A esse conjunto de instituições agregaram-se os cursos jurídicos instituídos após a Independência por D. Pedro I, em São Paulo e Olinda, em 1927. De 1500 a 1808, 308 anos se passaram para que fossem criados os primeiros cursos universitários no Brasil. 409 anos, foi o tempo que a sociedade brasileira esperou para vivenciar a primeira experiência universitária, a criação da Escola Universitária Livre de Manáos, dois anos antes da criação de uma Universidade em São Paulo (1911), três anos antes da Universidade do Paraná (1912) e onze antes da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro (1920). Com a criação da Escola Universitária Livre de Manáos, idealizada por Eulálio Chaves, muitos amazonenses puderam adquirir novos e maiores conhecimentos e novas profissões sem ter que deslocar-se para o nordeste e centro sul do país, ou mais além, Coimbra, em Portugal. A partir de 1912, a sociedade amazonense e a Universidade já começaram a colher os primeiros frutos. É que no dia 1º de janeiro, foi concedido grau a 08 farmacêuticos, 10 odontólogos e 03 agrimensores. O7 mulheres entre os 21 formandos. Em 1914, 19 de dezembro, a Universidade de Manáos concedeu a 20 formandos da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais, o grau de bacharel. Mas, a mesma sociedade que comemorou a criação da nossa universidade e aplaudiu as suas realizações, chorou entristecida com a sua desestruturação e a morte do seu grande reitor, Astrolábio Passos, em 1926. Daquela data em diante, da estrutura de 1909 restaram apenas funcionando isoladamente, a Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais, a Faculdade de Farmácia e Odontologia (antiga Faculdade de Medicina), e a Escola Agronômica de Manaus (antiga Faculdade de engenharia). O caráter de universidade perdido naquele momento, somente seria resgatado 36 anos mais tarde, com a criação da Universidade do Amazonas, sucesso-

ra legítima da Escola Universitária Livre de Manáos, tendo como elo de ligação e ponte de continuidade, a Faculdade de Direito, antiga Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais, que completa hoje, 106 anos de funcionamento ininterruptos. A criação da Universidade do Amazonas pela Lei 4.069-A, assinada pelo presidente João Goulart, em 27 de junho de 1962, todos sabemos, decorreu da vontade de muitos amazonenses tendo à frente outro visionário, o então Deputado Federal Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Filho, que elaborou e submeteu ao Congresso Nacional, apoiado pela bancada amazonense, o Projeto de sua criação. Para a estruturação da Universidade do Amazonas, o governo federal designou como seu representante legal o Prof. Aderson Andrade de Menezes que soube congregar inteligências e vontades, formar e instalar, em 20 de junho de 1963, em sessão presidida pelo Governador Plínio Ramos Coelho e a presença do Senador Arthur Virgílio Filho, o 1º Conselho Diretor da Fundação Universidade do Amazonas constituído pelos senhores: Waldemar Pinheiro de Souza (Presidente); Abdul Sayol de Sá Peixoto, Avelino Pereira, Jacob Benaion Sabbá, Milton Nogueira Marques, João Pinheiro Machado e José Ribeiro Soares que iria estabelecer as diretrizes para a instalação e funcionamento da Universidade. Após a estruturação, o Conselho Diretor elegeu no dia 03 de julho de 1964, os professores Aderson Andrade de Menezes e Augusto Teles de Borborema para os cargos de reitor e vice-reitor, respectivamente. Em homenagem a Escola Universitária Livre de Manáos, por decisão do Conselho Diretor e da Reitoria, a instalação da Universidade do Amazonas ocorreia no dia 17 de janeiro de 1965. As dificuldades para fazer funcionar a Universidade estiveram presentes ontem como hoje, mas a coragem e a vontade de muitos conseguiram suplantá-las. E isto pode ser observado pela grandeza de sua estrutura e dos fazeres de seus dirigentes, docentes, técnicos e discentes.

Nestes 106, estiveram à frente da Universidade os professores: Pedro Botelho da Cunha, Astrolábio Passos, Aderson Andrade de Menezes, Jauary Guimarães de Souza Marinho, Áderson Pereira Dutra, Octávio Hamilton Botelho Mourão, Roberto dos Santos Vieira, Marcus Luiz Barroso Barros, Nelson Abrahim Fraiji, Walmir de Albuquerque Barbosa, Hidembergue Ordozgoite da Frota e, atualmente, Márcia Perales Mendes Silva, primeira mulher a ocupar tão honroso cargo. A todos homenageamos! Como partícipe do processo de desenvolvimento da sociedade amazonense, a Escola Universitária Livre de Manáos, a Universidade de Manáos, a Universidade do Amazonas, a Universidade Federal do Amazonas e a Faculdade de Direito como Unidade Acadêmica, promoveram sempre, em todos os tempos, o desenvolvimento da inteligência, da consciência e da capacidade de promover a problematização do mundo e da vida porque à Universidade compete, como o lócus de preparação do homem para viver harmonicamente em um processo produtivo mutante, intercambiar idéias e gerar conhecimentos para aplicá-los ao que nos ocorre na vida; fazer coexistir e comunicar as culturas das humanidades e as culturas da cientificidade e, através de uma ação regeneradora, reexaminá-las, atualizá-las e transmiti-las. Como sabemos, a idéia de universidade remonta às fontes do pensamento filosófico e ao despertar da curiosidade científica. Buscando os seus primeiros anúncios arqueológicos, passando pela Academia de Platão, pelo Liceu de Aristóteles, pelas corporações de mestres e alunos da Idade Média, pela diversidade de redefinições modernas, verificamos que a universidade, dedicando-se à formação moral e intelectual de homens e mulheres através do estudo, da pesquisa e da busca da verdade, guardou intacta a sua função de gerar e transmitir saberes. Esta tem sido ao longo dos 106 anos a postura da nossa Universidade e da Faculdade de Direito. Nelas temos que ver, sobretudo, os avanços alcançados que impediram a paralisia do pensamento e a asfixia

da consciência reflexiva; o processo de transformação por que passou e está passando para responder aos desafios peculiares de cada momento histórico. Temos que ver, ainda, os resultados alcançados no cumprimento de suas funções na formação profissional para as careiras de base intelectual, científica e técnica, assim como o alargamento da mente humana que a busca e o contato com o saber produzem na vida intelectual, na imaginação e na visão de mundo. Por tudo isso, não é possível deixar de reconhecer a valiosa contribuição da nossa Universidade, em particular, da Faculdade de Direito, para o processo educativo do Estado do Amazonas. Elas proporcionaram o surgimento de uma classe de homens e mulheres que promoveram e promovem estudos e debates em busca da construção de uma sociedade mais sabia e mais humana. Imensa honra Senhoras e Senhores, como ex-aluna e professora da UFAM, há quase 38 anos, poder falar de sua História aqui neste ato, nesta solenidade organizada pela Faculdade de Direito para comemorar os 106 anos de sua existência e da UFAM, e ainda, os 100 anos da colação de grau da primeira turma de bacharéis em Direito e homenagear o trabalho realizado pelos seus Diretores, Professores e Técnicos em Educação. Na continuidade de suas histórias, a Universidade Federal do Amazonas e a Faculdade de Direito enriquecerão o seu legado com aquilo que seus membros puderem construir no presente e o que souberem projetar para o futuro. Com a simbologia do abraço, que diz do respeito, da amizade e do reconhecimento, a todos que nos honram com suas presenças agradeço. Obrigada, Senhoras e Senhores! Manaus, 17/01/2015

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Medalha Pericles Moraes: AAL em noite de festa

Leyla Leong, Jair Jacqmont e Phelippe Daou Jr

O Coral João Gomes Junior, mais uma vez, abrilhantou a cerimônia de outorga da Medalha Pericles Moraes.

Auditório lotado na noite da Medalha Péricles Moraes.

Os acadêmicos e os homenageados, na foto oficial.

A Academia Amazonense de Letras (AAL) promoveu a entrega, em sessão solene, de sua mais alta condecoração, a Medalha do Mérito Cultural Pericles Moraes que, no ano de 2015, foi outorgada, respectivamente, ao artista plástico Jair Jacqmont (Arte), a escritora Leyla Leong (Letras) e ao Amazonsat, representada pelo seu Diretor Presidente - Phelipe Daou Júnior. A belíssima saudação aos agraciados foi proferida pelo confrade Cláudio Chaves. Confira, abaixo, alguns flashes do evento.

Tela de Jair Jacqmont

Um dos livros de Leyla Leong

Logomarca do AmazonSat

A mesa dos trabalhos: o acadêmico Robério Braga, representando o governador José Melo; o presidente Armando Andrade de Menezes; o secretário-geral Abrahim Sena Baze; e Bernardo Monteiro de Paula, representando o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto.


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Lançada a Lira da Madrugada, de Zemaria Pinto e Mauri Marq

Academia realiza sarau em honra do poeta Luiz Bacellar

No programa Literatura em Foco, veiculado pelo Amazonsat, capitaneado pelo nosso confrade Abrahim Baze, o destaque foi a obra Lira da Madrugada, de Mauri Mrq e Zemaria Pinto, que retrata a historia dos 60 anos do Clube da Madrugada em Manaus.

História, poesia e música se combinam em “Lira da Madrugada”, obra que foi lançada na Academia Amazonense de Letras (AAL). O CD-livro, de autoria de Mauri Mrq e Zemaria Pinto, enfoca a trajetória do Clube da Madrugada, a partir da história do movimento lítero-cultural e da produção poética de seus representantes de várias gerações. A publicação é da editora Coreli e Jiquitaia. Combinado de CD e livro, com projeto gráfico de Rômulo Nascimento, “Lira da Madrugada” reúne na verdade três produtos. O disco traz 16 canções, compostas a partir de poemas de 15 escritores do Clube da Madrugada, num trabalho capitaneado pelo artista e compositor Mauri Mrq, com a colaboração de Zemaria Pinto e de especialistas no segmento musical. A seleção tem ainda poemas de autoria de Moacir Andrade, Almir Diniz, Jorge Tufic, Elson Farias e Astrid Cabral, além dos saudosos Anísio Mello, Antísthenes Pinto, Farias de Carvalho, Alencar e Silva, L. Ruas, Alcides Werk, Ernesto Penafort e Luiz Bacellar – que teve dois de seus poemas musicados por Mauri Mrq no álbum, “Rondel do Tucumã [XXIV]” e “Rondel do Cupuaçu [XXVI]”. Já o livro “Lira da Madrugada”, em formato dupla-face, agrupa dois títulos diferentes: um deles conta a história do projeto e a trajetória artística de Mauri Mrq, trazendo ainda as cifras das músicas contidas no CD; o outro é uma análise da formação histórica do Clube e sua trajetória, de autoria de Zemaria Pinto. A obra traz também análises dos poemas do CD e reproduz, pela primeira vez em livro, o “Manifesto Madrugada”, divulgado originalmente em 1955, na “Revista Madrugada”, um ano após a fundação do Clube.

A Cia. Experimental de Ópera do Amazonas e prof. Juremir Vieira, pianistas Miduk Hong (Flora), Bruno Nascimento e Pedrinho Sampaio, tenor Humberto Vieira, poeta Dori Carvalho, atriz Koia Refkalefsky e compositor/cantor Mauri Mrq, cantaram, declamaram e interpretaram textos em mais uma homenagem que a Academia Amazonense de Letras presta ao grande Luiz Franco de Sá Bacellar.

Camisa comemorativa 100 anos AAL A camisa traz em sua parte frontal o brasão, a imagem da fachada da Casa de Adriano Jorge e o nome de todos os seus membros efetivos na atualidade. Às costas, o nome de cada um dos 40 imortais

Fonte: jornal A Crítica, com adaptações. As colaboradoras Gleciane Bueno Faleiro, Daniele Faleiro e Maryjonia vestem a camisa que marca o inicio das manifestações de júbilo pela aproximação dos 100 anos da Academia Amazonense de Letras.

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Sábados na Academia: Patronos, 3ª serie

Renan Freitas Pinto falou sobre o patrono Bernardo Ramos.

Zemaria Pinto, representando o acadêmico Francisco Vasconcelos, falou sobre o patrono Paulino de Brito.

Euler Ribeiro proferiu palestra sobre Torquato Tapajós, patrono de sua cadeira na AAL.

O acadêmico Cláudio Chaves falou sobre Sant´Anna Nery, o patrono de sua cadeira.

Júlio Antonio Lopes representa e lê a palestra de Newton Sabbá Guimarães a respeito do patrono de sua cadeira, Sílvio Romero.

O acadêmico Zemaria Pinto fala sobre o seu patrono, Tavares Bastos.


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Sábado na Academia – A Amazônia na visão dos viajantes

Primeira palestra da Série: A Amazônia no olhar dos viajantes, dentro do projeto Sábado na Academia, com o Prof. Me. e Acadêmico Zemaria Pinto, o qual palestrou sobre o tema Representações da Amazônia na relação de Carvajal: devaneio e mistificação, e a Prof.ª Dr.ª Auricléa Neves, acerca de Os registros de Acuña sobre a Amazônia.

Segunda palestra do projeto Sábado na Academia – Série: A Amazônia no olhar dos viajantes, com o Prof. Dr. Auxiliomar Silva Ugarte, o qual palestrou sobre o tema: A Amazônia na visão de Frei Laureano de La Cruz.

Terceira palestra do projeto Sábado na Academia – Série: A Amazônia na visão dos viajantes, com a Prof.ª Msc. Elisângela Socorro Maciel Soares, o qual palestrou sobre o tema: Robert Avé-Lallemant e a Comarca Eclesiástica do Amazonas.

Última palestra da Série: A Amazônia na visão dos viajantes, com a Prof.ª Msc. Nasthya Cristina Garcia Pereira, o qual palestrou sobre o tema: Construindo redes na Viagem pelo Brasil: colóquios e cartas do casal Agassiz (1865-1866).

Sábado na Academia – Arte em tese

Primeira palestra da Série: Arte em Tese, do projeto Sábado na Academia, com a Prof.ª Dr.ª Nicia Zucolo, na foto com os acadêmicos Zemaria Pinto e Almir Diniz, a qual palestrou sobre o tema: Benjamin Sanches, o outro.

Segunda palestra da Série: Arte em Tese, do projeto Sábado na Academia, com a Prof.ª Dr.ª Rita Barbosa de Oliveira, a qual palestrou sobre o tema: Literatura e política na obra de Sophia Andresen.

Terceira palestra da Série: Arte em Tese, do projeto Sábado na Academia, com o Prof. Dr. Wilson Nogueira, a qual palestrou sobre o tema: A recriação do imaginário amazônico no Boi-Bumbá de Parintins.

Última palestra da Série: Arte em Tese, do projeto Sábado na Academia, com o Prof. Me. João Gustavo Kienen, a qual palestrou sobre o tema: Paisagens sonoras amazônicas na obra de Arnaldo Rebello.

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Artigo

A capivara A capivara é o maior roedor do mundo, pesando até 91 kg e medindo até 1,20 m de comprimento e 60 cm na altura. Pertence à mesma família das pacas e das cotias e, podemos dizer que, se trata de um rato gigante. Habita os capinzais das beiras dos rios e várzeas, dai o seu nome capi+uara= morador do capim. Sua carne é gordurosa e nutritiva, sendo muito abundante nos primeiros tempos, na Amazônia,diminuído progressivamentea sua quantidade, pelo consumo e também pela caça predatória visando o seu couro, exportado aos milhares. A sua gordura era considerada similar ao óleo de fígado de bacalhau, rico em vitamina D, sendo denominado de Capivarol. Servida assada, cozida ou frita, devido ser por demais gordurosas, conservava-se por muito tempo, sem estragar, como as mexiras do peixe boi, a carne frita mergulhada, na banha, como umbom paio português. Quando meu avô Areal Souto, recém-formado em Direito, pela Faculdade do Recife, foi para o Acre, em 1910, aos vinte e quatro anos de idade, o seu primeiro emprego foi o de administrar o seringal São Pedro do Icó, pertencente ao grande seringalista Childerico Fernandes. Nele, como em todo seringal, havia uma sede, pequena localidade, onde estavam situadas a residência do proprietário ou do seu representante, as residências dos auxiliares da administração da propriedade e os depósitos dos aviamentos e dos estoques de borracha. Todo seringal, que se prezasse, deveria ter um porto próprio, com lenha para vender, como combustível, para as chatinhas e outras embarcações que passassem pelo rio, subindo ou descendo, além da sua própria lancha ou navio, nele ancorado, além de dezenas de bolas de borracha bruta defumada, aguardando a desacida da embarcação pertencente a firma de Manaus ou Belém, que aviava o seringalenfeudado

SERINGAL REMANSO – RIO ACRE. ALBUM DO RIO ACRE - 1907. 120 TONELADAS DE BORRACHA POR ANO OU 2400 QUILOS DE OURO

A casa do seringalista geralmente era do tipo palafita, em cujo porão abrigavam-se as criações do seringal: patos, galinhas, porcos e carneiros ao cair da tarde, para o consumo nos dias festivos. Algumas possuíam todo conforto possível naquele tempo, como piano, sala de jantar para as visitas, livros, quartos para hóspedes e outros requintes mais. Toda sede tinha cozinheiro e caçadores, geralmente cabocos amazonenses conhecedores das matas e dos rios, que abasteciam a vivenda com peixes e caça, enquanto a tarefa de extrair o látex das seringueiras e defumá-lo transformando-o em pelas negras como azeviche e perfumadas com o cheiro de toucinho de fumeiro,pertencia aos nordestinos, na sua maior parte cearenses. Na sala de jantar da sede do seringal, estando ou não a família do proprietário, participavam das refeições o gerente, o guarda-livros e as pessoas gradas ou os vizinhos amigos, que passavam pelo porto,descendo o rio, rumo a Sena Madureira e dai para Manaus, e depois talvez um passeio pela terra natal, ou subindo, rumo às cabeceiras, os altos rios, atrás de novos seringais ainda virgens. Mas quando os tempos mudaram nada mais foi possível, pois o dinheiro desaparecera. Naquele ano de 1910, quando a borracha alcançou o seu preço máximo, na Bolsa de Londres e de Nova Iorque, o

movimento da produção estava a todo vapor. Os barcos subiam carregados de um tudo, mercadorias de todos os tipos, das balas de rifle Winchester à creolina, dos artigos de primeira necessidade: feijão torrado e arroz sem casca, para não serem plantados, farinha, xarque, sardinha em lata, corned beef e cachaça, aos de luxo, como vinhos, champagne, batatas, cebolas, azeite, bacalhau, compotas, picles, e desciam abarrotados de passageiros, borracha e castanha. E assim todos os dias havia alguém para almoçar ou jantar, no seringal de São Pedro de Icó, para uma conversa amigável com o gerente, um rapaz novo e sabido, vindo do Juruá, e que estudara no Nordeste, e as conversas iam se prolongando. Do almoçopassava-se ao jantar, acabando em um pernoite para a saída pela manhã, após o café. Naqueles dias, a mata andava alagada de tanta chuva e a caça escasseava, por mais que os cabocos se esforçassem, e até a piracema de mandi já havia subido o rio. Naquele sábado chuvoso eles haviam conseguido pegar apenas uma capivara meiota, ai de uns trinta quilos. O cozinheiro esmerou-se e preparou-a, para o domingo, bem temperada, assada no forno de barro da sede. Todos comeram muito daquele prato delicioso, mas sobrou bastante para o dia seguinte, e por mais dois ou três dias o assado voltava à mesa, requentado.

Na quinta feira apareceram dois visitantes, e o cozinheiro desdobrou-se em retemperar aqueles restos de capivara, pois só havia carne velha, o xarque, e o feijão com arroz. O almoço foi servido. Os de casa se retiravambocadinhos, logo deixados de lado, sem comentários, demonstrando boa educação. Um dos visitantes, o mais mal educado, teve, porém a coragem de comentar ao provar o prato: - Esta capivara está com um pitiú danado. Etodos desataram em uma gargalhada uníssona. Passaram-se mais de setenta anos, e aqui em casa, já em Manaus, e na casa de minha mãe, quando se servia um alimento ou sobremesa, por mais de uma vez, ou que não fosse gostoso, principalmente doce, logo um de nós, seus filhos,lembravamo-nos dessa antiga história e se dizia: - Isto é uma capivara!!! Todos riam.

Antonio Loureiro Membro da AAL Presidente do IGHA


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Sobre Tradutores e Traduções Newton SABBÁ GUIMARÃES Ph.D

Para o Makar escocês George T. Watt, bom tradutor

Léo Gilson Ribeiro, em uma de suas últimas entrevistas, falava mal das traduções brasileiras, e punha-as abaixo da grande maioria das traduções em línguas ocidentais. Em primeiro lugar, elogiava as alemãs, pela seriedade e competência, depois as inglesas. Conheci Léo Gilson na Olivetti, onde ambos trabalhámos, eu como advogado-assistente, e ele como PublicRelations. Foi nos dias do Dott. Guido Santi, o temperamental, mas eficiente superintendente da multinacional. Muito conhecido nos meios artísticos, frequentando as melhores rodas, Léo era uma figura fascinante: vestia-se primorosamente, tinha uma conversação das mais agradáveis, sólida cultura literária e falava fluentemente várias línguas. Aproximou-nos a mesma antipatia pelas esquerdas ululantes e festivas. Já naqueles dias, pessoas ricas e bem postas na vida, voltavam-se contras as tradições culturais nacionais, em favor de ideais vazios- dos quais temos o resultado palpável neste pobre Brasil dominado por gentalha inculta e brutal que se diz “esquerdista”... Estudara Léo na Universidade de Heidelberg, parece-me, e de lá trouxera a busca do conhecimento sólido, o sabor das investigações e a seriedade ao criticar, mas dele me

lembrosobretudo pelas observações pertinentes sobre a arte de traduzir. Tinha um domínio excelente do alemão, acima do do francês e do inglês. Devo-lhe alguns conselhos que me têm servido até hoje, e quarenta anos depois, deles me lembro. Ele sempre batia na tecla de que quem não possui bons conhecimentos da língua de entrada e da língua de saída, não se metesse a traduzir. E que tivesse bom gosto literário. Parecem ensinamentos óbvios, mas não são. Pensava no meu antigo colega, morto faz oito anos, quando li, faz pouco, algumas observações de Guilherme Figueiredo, em Cobras & Lagartos1, sobre o tema. Começa por dizer que “este é um terreno em que piso com cautela, olhando desconfiadamente para todos os lados”2. Acusa as editoras de irresponsabilidade e interesse apenas na comercialização de obras, em segundo a displicência dos candidatos a tradutores. Figueiredo (era irmão mais velho do Presidente Figueiredo, o último, injustiçado e generoso governante do Regime Cívico-Militar), que era um grande estilista, era, também, leitor dos bons e cometeu várias traduções, de André Maurois a Servan-Schreiber; de BjørnstjerneBjørnson a uma desconhecida MarcelleMaurette;do terso e clássico ProsperMérimée, o de Colomba e Carmen, a Shakespeare, de quem passou para a nossa língua Much Ado AboutNothing, a conhecida peça Muito Barulho por Nada. Sabia, portanto, do que falava, malgrado a sua desculpa inicial. E acredito que era bom oficial do seu ofício. Disse, em outras palavras, muito antes de Léo, o mesmo que o crítico me dissera em uma de nossas conversações. “Traduzir é um trabalho braçal. Exige não somente o conheci1 Figueiredo, Guilherme. Cobras & Lagartos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. 351p. 2 Op. Cit., p.228.

mento linguístico, a técnica, o saber da arte, mas uma capacidade de absorção no clima da obra alheia, uma vontade de pesquisar e não enganar ante os pequenos tropeços”3. É verdade. Defendi estes aspectos na minha tese para professor-associado, mais tarde transformada em livro4. Tenho muito respeito pela tradução, pelo trabalho e fins do tradutor.Fico irritado, muito irritado, quando encontro traduções que apenas confirmam o velho ditado irônico dos italianos, traduttore, traditore. Considero-o um réu de lesa-cultura. Na verdade encontrei poucos tradutores a quem devesse fazer homenagem. A ousadia, a desfaçatez, a petulância intelectual, levam muitos dessespseudointelectuais a se lançarem a traduzir. Não é território privativo de ninguém, mas, também, não deve a tradução ser vista como terra de ninguém, terra que qualquer um possa, impunemente, devassar. Há todo um mistério. É preciso muita responsabilidade. Há um aspecto moral na obra do tradutor, que não deve ser ignorado: a sua vinculação com o tema da obra a ser traduzida. Evito traduzir autores com os quais não simpatizo, ou cujas idéias me desgostam. “Há no trabalho de traduzir um aspecto moral de que sobrevém todo o esforço intelectual posterior”5, escreve, com muita propriedade, Figueiredo. Eis uma grande verdade. E frisemos que o tradutor tem de possuir excelentes conhecimentos da língua que se propõe a traduzir. Fiquei pasmado de encontrar, certa ocasião, um poetastro que se meteu a traduzir Rilke sem saber uma palavra de alemão. E Rilke é difícil, pedra no sapato de muito bom tradutor. Meu Deus! Quanta ousadia e 3 Ibidem, p.230. Grifos meus. 4 V. Tradução. Da sua Importância e Dificuldade. Reflexões sobre a Filosofia da Tradução. Curitiba: Juruá, 2010. 217p. 5 Ibidem, p.230.

irresponsabilidade! Admito que a re-tradução, a tradução de tradução, é por vezes necessária, quando não há quem traduza uma obra diretamente do original por tratar-se de língua de raro acesso. Suponhamos que haja um grande poeta tadjique e ninguém que domine a língua, mas se existem traduções russas e alemãs, ou inglesas,admite-se, aí, a re-tradução, necessária, aliás. Lembro um caso de obra célebre, Djamila, romance de TchinguizAymatov, - possivelmente o mais importante romancista quirguiz - econsiderado por Louis Aragon “laplus belle histoire d´amour”. Foi traduzido ao francês, ao italiano, ao português e outras línguas, através de duas línguas: a russa (por sinal o romance apareceu primeiramente em russo e, só depois, em quirguiz!) e a inglesa, esta devida a uma russa que dominava excelentemente o inglês e obviamente o quirquiz, FainnaGlagoleva, tradutora extraordinária.Recentemente apareceu, em Londres, mais uma tradução do romance, feita por James Riordan, do russo. O texto original permanece, pelos vistos, inconspurcado e... virgem! Mas, por que violentar com a poesia de Rilke, o supremo artista da língua alemã no século XX?! Com dezenas de belas edições comentadas e introduções magníficas à sua obra, é muita irresponsabilidade e mesmo má-fé. Mas esse pobre diabo que arrebentou com o genial e desgraçado autor das DuineserElegien, sequer o português nativo dominava... É irritante isto! Figueiredo cita alguns bons tradutores brasileiros como Aurélio Buarque de Holanda, tradutor do francês (era um que traduzia de traduções, como ao passar, em excelente português,Hafiz e Saádi, mas, desculpa-se-lhe: como traduzir diretamente do velho persa literário esses poetas?); Gondim da Fonseca, Osório Borba, Guilherme de Almei-

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BOLETIM da Academia Amazonense de Letras

da, Manuel Bandeira, Abgar Renault, Brito Broca, Leonel Vallandro (do inglês, sobretudo), Casemiro Fernandes (quem traduziu, salvo engano, La Chartreuse de Parme) e outros. Inclui o romancista Galeão Coutinho, o das Memórias de Simão o Caolho e O Último dos Morungabas. Ah, como era bom Galeão Coutinho, em especial a traduzir do francês. Galeão foi um dos grandes tradutores brasileiros, assim como deixou romances que honrariam quaisquer literaturas europeias, deixou boas traduções. Está esquecido e abandonado, enquanto excelentíssimas mediocridades se aboletam nos altos e pomposos degraus da fama. O nosso é um País injusto. Não é o verdadeiro escritor o premiado, é o inculto ousado!

D. Helder e a fraternidade

Há muito o que dizer sobre traduções e tradutores, que isto seja apenas um começo. O tema é sedutor e resvaladiço. Faço minhas as palavras de Guilherme Figueiredo. Que outros, com mais méritos, o enfrentem. Aqui o deixo, com algum pesar, pois confesso a minha atração pelo assunto.

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Dom Helder Câmara, ícone dos direitos humanos no Brasil e no mundo desde 1960, comemorou cem anos de vida há 6 anos. Tornou-se bispo aos 43 anos. Arcebispo de Olinda e Recife aos 55 anos de idade. Apresenta-se hoje como figura admirável por ter sido o articulador da C.N.B.B. (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), idealizador da fundação do CELAM, planejador da Campanha da Fraternidade (vigorando no país desde os anos sessenta) além de constar no seu ideário de sacerdote o de criador da Associação São Sebastião (especificamente destinada ao atendimento dos favelados) e do Banco da Providência (atuante na faixa da miséria). Lembro bem de suas atitudes enérgicas em favor dos menos favorecidos quando eram feitas reportagens com suas fotos na revista Cruzeiro e Manchete de circulação nacional. Sempre pugnando por causas nobres, mais precisamente, dos excluídos. Não possuíamos televisão em Manaus e as únicas imagens eram aquelas que se gravaram em minha mente de criança. Um padre

de estatura pequena, um pouco calvo, magro e com cara de “tô aqui pra toda obra”. As mãos. Chamavam-me atenção principalmente suas mãos. Na maioria das fotos com elas levantadas como que exortando à mobilização de forças para uma justiça social digna e condizente aos brasileiros. A batina. Geralmente num tom cáqui (bege) ou cinza, quase sempre suada (viam-se marcas de suor) e algo amassada. Era algo habitual e sempre rodeado dos pobres e marginalizados fosse em favelas, fosse em praças públicas. Com o traje episcopal o vi raramente. Alegrei-me em saber que a Igreja Católica abriu os festejos de seu ano centenário no dia 7 de Fevereiro (dia de seu nascimento, no ano de 1909). Alegrei-me porque ele realmente acreditou no poder do Evangelho. Tachado de anarquista, instigador de massas e proibidas as notícias sobre sua pessoa pela censura da ditadura militar de 1964 encetou palestras pelo mundo afora sobre a problemática de exclusão humana e social em nosso país. Isso rendeu-lhe à época, no exterior muitos prêmios e títulos e indicações para o prêmio Nobel da Paz por 3 vezes. Quero aqui deixar registrado que ele não foi só o mentor de grandes causas mas foi sobretudo um poeta. E poeta da Virgem. E foi em plena época ditatorial, em Julho de 1971 que disse: “Com o Magnificat/ o teu hino incomparável/ de louvor e ação de graças/ Vão gravar-te/ palavras isoladas e provar/ que és subversiva, agitadora,/ comunista!’’. A Campanha da Fraternidade evocou anos atrás a segurança pública. Problema social enfrentado pelo nosso

país em especial Manaus a deparar-se com a violência como se fosse sua inquilina diuturnamente. Mulheres, crianças violentadas e exploradas em todos os aspectos. Violência familiar. Vergonha! Pais, agressores de filhos e...covardia! Filhos adultos agredindo seus pais. Essa campanha é fruto do semeador Helder Câmara. O que acreditou no poder do Evangelho. Dizia João Paulo II aos jovens: “Para FAZER na Igreja é preciso aprender a SER”. Dar testemunho. Bom exemplo de conduta moral e cristã, pois a “palavra convence, mas só o exemplo arrasta”. Essa foi a ação evangelizadora de D. Helder. Numa época marcada por ódios, egoísmos, desejos de falsas felicidades, decadência dos costumes, ânsia do poder, da inversão de valores, da desvalorização da família, aviva às mentes mais sensíveis a precisão da pacificidade e da solidariedade. Dar nitidez à paisagem policrômica de perdidos paraísos. Gente com cadeiras à porta. E em noites escuras à luz de velas ou candeeiros. Só temíamos as estórias fantásticas da cobra-grande e de almas penadas contadas pelos mais velhos. Tudo era paz. Pedimos emprestado de D. Helder Câmara sua poesia de 1962 que dizia: “Onde estão Virgem Mãe/ as palmas de tua mão amiga/ que tinham o dom de serenar/ a cabeça de teu Filho?...”

Carmen Novoa Silva Membro da AAL

novoasilva@yahoo.com.br


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