Lodo Zine #2

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L o d o M a p s

E n t r e v i s t a P o l i

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Fotografia: Alexandra Barros Blunt/rock to fakie Capa: Catarina Florido
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3 Produtor: WallRide Editor (print): Alexandra Barros Editor (video): Frederico Cardoso Diretor: Viriato Villas-Boas
Mateus Da Silva - nosemanual Fotografia: Frederico Cardoso
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Ivan Martins - Ollie Fotografia: Viriato Villas-Boas
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Viriato Villas-Boas - Heelflip Fotografia: Catarina Florido
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Fotografia: Iara Martins Alexandra Barros - bs boardslide

-Ahahahaahaha epahhhh não!!!! Não ia conseguir, adoro power trip para skatar ou tudo o que

Como descreverias uma session de skate, só com Sam Alone e DIM a tocar nas colunas? (Haha) seja thrash metal, punk ou vaga rock anos 70, eu não quero ouvir a minha música ahahahhahh!!!

Para alguém que esteve parado tanto tempo, o que signica skatar para ti, passados tantos anos?

-Andar de skate dá-me uma alegria que não consigo sequer comparar com mais nada na minha vida e preenche uma parte enorme da mesma, e sim, tive 6 anos sem estar em cima de

um skate devido a uma lesão super agressiva, na qual fraturei a tíbia e rasguei o ligamento

Quem te conhece, sabe que a tatuagem é a tua grande paixão e trabalho de vida. Como achas

que o mundo da tatuagem e do skate interagem? E para ti pessoalmente?

-É verdade, neste momento tenho 20 anos de tattoo e espero tatuar até cair para o lado,

assim como andar de skate e estar envolvido nesta nossa "cena". Tattoos e skate são unha

e carne, sempre foi um casamento perfeito, para mim só tem um senão.....os meus pulsos e

o medo ganhar durante algum tempo, até que prontos, fez-se luz e aqui estou eu. Andar de

cruzado por completo na perna direita e deixou-me muito em baixo na altura. Acabei por deixar skate para mim é pira liberdade, é o momento onde elegância e agressividade se fundem e

parece que mais nada importa e isso é raro de encontrar numa sociedade banal e cheia de muros, skate é sem dúvida um sinónimo de liberdade e amor.

cotovelos ahhahh. De resto tudo é arte na verdade, os grasmos, as bandas sonoras e mais uma

vez toda a liberdade e inclusão social que ambas representam, pois assim na tattoo como no para mim é das coisas mais bonitas que podem existir, é por ai que eu caminho e sei que somos

skate pouco importa a classe social, credo ou raça, não há sequer espaço para o contrário, e isso

muitos que assim vêm o mundo. O meu é tattoos, punk e skate.

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Regionalismos e localismos à parte, somos uma revista algarvia. De que forma é que achas

que a nossa região e cidades afetam todas estas facetas da tua vida (skate, tattoo, musica)?

Quarteira está a começar a mexer, e ouvimos dizer que és o Presidente de uma nova

Associação. O que podes/queres dizer em relação ao Colectivo Skate (C/S) 8125 ?

palavras passados 39 anos de aqui andar, o Algarve é sem dúvida um paraíso e quem aprende a

viver aqui sabe do que falo, é simplesmente LINDO e temos tanto talento aqui, sempre o tivemos um cinematográco.

A velha escola de Quarteira e Young Guns estão em sintonia, o que rapidamente nos trouxe a esta nova Era. O C/S 8125 tem como foco dinamizar o skate na nossa cidade através de futuras ações sociais, ao usar a força do Skate como veículo para ajudar quem mais precisa e dar amor de volta a nossa cidade e comunidade de skaters. Estamos a reabilitar

de uma ponta a outra e eu sempre bebi da nossa fonte em todas as m i n h a s f a c e t a s . E m b o r a praticamente tudo o que eu gosto não sejam coisas "tugas", nada bate fazer uma tattoo em Quarteira, arrancar para Faro com os tropas para dar um ride e acabar a beber umas cristais, é ato

-Afetar sempre afetou, mas parece que se tem tornado cada vez mais difícil de explicar por Algarve rules.

o nosso Skatepark, já conseguimos ter casas de banho, dar uma melhoria a algumas rampas, e estamos a trabalhar com a Junta de Freguesia de Quarteira para ter um Skatepark de cimento mais evoluído

e com melhores condições para quem está a iniciar. O processo tem sido muito graticante e a Junta de

Freguesia de Quarteira, desde o nosso Presidente Telmo Pinto a toda a sua equipa, têm sido

uma força muito importante, com a sua visão e conança no C/S 8125, o futuro é próspero.

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Poli Correia - 5-0 nosegrab Fotografia: Viriato Villas-Boas
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Fotografia: Viriato Villas-Boas Pedro Moita - fakie sw bs tail
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Fotografia: Viriato Villas-Boas Ricardo Palma - fs tail
15 JotapEnoseslide shovit out Fotografia: Alexandra Barros JotapE - bs flip Fotografia: Catarina Florido Fotografia: Alexandra Barros Viriato Villas-Boas - bs boardslide nollie fs bigspin out
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17 Fotografia: Alexandra Barros Vinicius Oliveira - ollie
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Fotografia: Alexandra Barros Pedro Pica - varial flip Fotografia: Alexandra Barros Fernandinho - ollie
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Pedro Pica - heelflip Fotografia: Alexandra Barros Fotografia: Alexandra Barros Vinicius Oliveira - fakie hardflip
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Vinicius Oliveira - bs ollie Fotografia: Alexandra Barros Bruno Chagas - casper flip Fotografia: Alexandra Barros
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Vinicius Oliveira - nosegrind Fotografia: Alexandra Barros Vinicius Oliveira - 5-0 Fotografia: Alexandra Barros
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Ricardo Palma - 360 flip Fotografia: Alexandra Barros
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Fotografia: Catarina Florido Ricardo Palma - nollie bs flip
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Fotografia: Catarina Florido Martim Alexandre - fakie bs shovit

Ivan - ollie body varial

Fotografia: Catarina Florido

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Fotografia: Catarina Florido Viriato Villas-Boas - fs nose drive reverse
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Fotografia: Alexandra Barros Frederico Cardoso - bs ollie

AS PESSOAS QUE ODEIAM PESSOAS FELIZES

O skate, como prática, tem algo genuinamente único no sentido que força uma reflexão, ou pelo menos um reflexo, acerca da legitimidade da partilha de espaços públicos Mas antes de tentar dissecar a questão da legitimidade da ocupação partilhada de zonas comunais urbanas, creio ser relevante virar o foco para o rastilho do barril de pólvora que é o ato de skatar da rua

As pessoas que odeiam ver pessoas felizes são sempre a primeira linha de defesa de conservadorismos ultrapassados, que não reconhecem a legitimidade de existência de todos os que não se enquadram nos seus comportamentos de apatia civil Apatia essa que os leva a ter mais amor pelos objetos que com põem o espaço (que pertence a todos), do que pelos seres humanos que o utilizam

As pessoas que odeiam ver pessoas felizes são aquelas que se sentam em cima de um banco quando vêm skaters a utilizá lo, são também aquelas que chamam a polícia ao ponto de exaustão, pressionando desnecessariamente as forças de autoridade, que por sua vez descarregam as suas frustrações nas pessoas que ousam a sorrir enquanto encontram novas utilidades para espaços que são por norma estáticos, de utilização pontual, ou ignorados

Intitulo as de pessoas que odeiam ver pessoas felizes', pois estas alimentam-se parasiticamente de uma fictícia sensação de autoridade E quanto maiores os sorrisos de quem está a skatar, maior a desproporcionalidade de resposta quanto mais visível for a felicidade de outrem, maior o impulso visceral que deforma as expressões daqueles que descarregam um mar de frustrações pessoais nos que se atrevem a quebrar os moldes daquilo que é a pior desfeita que se pode fazer às nossas cidades/vilas/aldeias: o desvinculo emocional das mesmas

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cultura do skate fomenta um apreço gigante pela identidade e onstituição dos espaços urbanos em que se encontra inserido ão existem duas comunidades de skate iguais, no Algarve e ém, simplesmente porque essas mesmas comunidades são rucialmente afetadas por fatores específicos, como a rquitetura, a situação socioeconómica local, o tempo, transportes úblicos, e os equipamentos especializados ao seu dispor

independentemente das pessoas que odeiam ver pessoas felizes ejam elas quem forem), o skate persiste, e insiste, em formar dadãos e cidadãs que valorizam e acrescentam valor aos spaços públicos A interação ativa com os meios em que os katers se inserem é algo que devolve vida a espaços que oram condenados a um ' existência inexistente', em que os ancos de jardim só servem para ver a vida a passar, as scadas são um obstáculo no caminho do trabalho, e os muros eros delimitadores de áreas O skate resgata esse mesmo anco da inércia, compõe arte nas escadas, e constrói novas arrativas criativas para os espaços contidos

skate é uma das melhores ferramentas de combate á esconexão dos espaços públicos (e suas respetivas comunidades), ssim como para a regeneração e reeducação cultural das uitas cidades/vilas/aldeias que ainda se encontram ssombradas pelas almas das pessoas que odeiam ver pessoas elizes

Viriato Villas-Boas

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