Alsobrook, David A Tremenda revelação do Sangue de Cristo / David Alsobrook ; [tradução de Cristiane Bernadete]. Curitiba, PR : Editora Atos, 2013. 192 p. Tradução de: Understanding the Blood of Christ. ISBN: 978-85-7607-149-5 1. Jesus Cristo – Paixão. 2. Jesus Cristo – Sangue. I. Título. CDD: 232.96 Copyright© by David Alsobrook Copyright©2013 por Editora Atos Todos os direitos reservados Coordenação Editorial Manoel Menezes Capa Rafael Brum Impressão Gráfica Exklusiva Primeira edição Julho de 2013
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Índice
Dedicatória................................................................................................... 7 Prefácio ..................................................................................................... 9 Notas Especiais........................................................................................... 11 Capítulo 1 O precioso sangue de Jesus................................................................... 13 Capítulo 2 Roupas de pele...................................................................................... 21 Capítulo 3 Por que Deus aceitou a oferta de Abel................................................. 39 Capítulo 4 Requisitos do cordeiro........................................................................... 55 Capítulo 5 A proteção do sangue........................................................................... 61 Capítulo 6 Justificação pelo sangue (purificação do leproso)................................. 79 Capítulo 7 Santificação pelo sangue (purificação do ex-leproso)........................... 93 Capítulo 8 Uma fonte jorrará................................................................................ 113 Capítulo 9 Restauração pelo sangue..................................................................... 121
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Capítulo 10 O sangue da nova aliança................................................................... 127 Capítulo 11 Descrição do sangue............................................................................ 143 Capítulo 12 Água da rocha..................................................................................... 157 Apêndice Erros modernos acerca do sangue....................................................... 167 Uma palavra final..................................................................................... 179 Respostas às perguntas............................................................................. 181
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DedicatĂłria
Dedico este livro a Jorge, Christy e Kristian. Sinto uma grande alegria por tĂŞ-los presentes em minha vida.
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Prefácio Desde os dias de Caim, muitas pessoas têm seguido religiões que ig-
noram o sangue de Jesus. Exatamente como Caim que preferiu oferecer a Deus a obra de suas mãos, muitas pessoas querem oferecer a Deus os seus dons, ministérios e doutrinas como sacrifícios. Isso tudo funciona como se sua própria justiça ou espiritualidade tivessem o poder de redimir suas vidas. Essas pessoas não querem depender da obra de uma outra pessoa. Entretanto, a verdadeira redenção ocorre exclusivamente por meio do sangue de Jesus. Como nós, cristãos do Novo Testamento, fomos poupados do confuso ritual de abate de animais e aspersão de seu sangue sobre o altar e sobre as vestimentas da pessoa que estava fazendo o sacrifício, precisamos da ministração do sangue sobre e em nossas vidas. Deus não revogou sua exigência, “e sem derramamento de sangue não há perdão” (Hb 9.22). O tema da Bíblia inteira é “O Cordeiro de Deus”. Ele é retratado simbolicamente nos sacrifícios de Israel, mas Ele é revelado no Novo Testamento como Jesus Cristo, o filho de Deus. Ele morreu para podermos ter vida. Ele levou sobre si nossos pecados no Calvário e derramou seu sangue para remover nossos pecados de uma vez por todas. O Novo Testamento promete: “o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1.7). A atual geração egocêntrica de cristãos precisa voltar os seus olhos para o Calvário. Precisamos aprender e experimentar novamente a proteção do sangue, a justificação pelo sangue, a santificação pelo sangue e a restauração pelo sangue. Sem esta obra dinâmica do sangue de Jesus, nossos sermões de psicologia popular podem mudar ideias, mas não transformam vidas. Somente o sangue de Jesus pode transformar os pecadores em santos. O livro de David Alsobrook, A Tremenda Revelação do Sangue de Cristo, nos traz face a face com o poderoso sangue de Jesus e o aplica à vida moderna. Somos pecadores perdidos, cuja única chance de transformação reside no poder do sangue precioso de Jesus. Quando ele é aplicado adequadamente à vida, viciados em droga são libertos do poder do vício. O sangue de Jesus
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ainda liberta as pessoas que estão quase que irremediavelmente presas à sensualidade e à luxúria, e cura corpos doentes. Não há poder como o poder do sangue. Não há poder como a inundação de curas purificadoras. Nenhum poder contra ele prevalece. Aleluia! Aleluia! Aleluia! Judson Cornwall
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Notas Especiais Sempre que eu estiver me referindo ao sangue de Jesus, direi apenas “o Sangue” para não ser redundante, optei por manter o “s” em maiúsculo para o leitor entender que significa o sangue especial de Jesus. Quando o significado ficar claro que ele se refere ao sangue de Jesus, passarei a deixar o “s” em minúsculo no restante do livro. Todas as referências à divindade são colocadas em maiúsculo independente de a versão da Bíblia utilizada apresentar essas referências em maiúscula ou não. O livro A Tremenda Revelação Sobre o Sangue de Cristo substitui o livro The Precious Blood (O Precioso Sangue) e o manual The Precious Blood Study Guide (Manual de Estudo sobre o Precioso Sangue).
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Capítulo 1
O Precioso Sangue
O conceito de fazer um sacrifício para a maioria dos crentes de hoje
é abrir mão de alguma coisa valiosa ou suportar algo difícil por Deus. Formamos esse conceito por causa do procedimento bíblico de sacrifício a Deus. Quando Araúna1 ofereceu gratuitamente ao Rei Davi a eira e os bois para sacrifício ao Senhor, Davi respondeu: “Não! Faço questão de pagar o preço justo. Não oferecerei ao Senhor, o meu Deus, holocaustos que não me custem nada, e comprou a eira e os bois por cinquenta peças de prata” (2 Sm 24.24). Um sacrifício que não custa nada a quem o faz não é um sacrifício. Um israelita da antiguidade procuraria o melhor rebanho e pagaria ao dono um preço justo. Então ele traria o animal para o sumo sacerdote oferecê-lo ao Senhor. O sacrifício mais dispendioso do Antigo Testamento foi a oferta de Salomão na dedicação do Templo. Nunca antes Israel tinha visto um sacrifício tão grande em termos de custo material. Podemos ver esse relato em 1 Rs 8.62-64: Então o rei Salomão e todo o Israel ofereceram sacrifícios ao Senhor; ele ofereceu em sacrifício de comunhão ao Senhor vinte e dois mil bois e cento e vinte mil ovelhas. Assim o rei e todos os israelitas fizeram a dedicação do templo do Senhor. Naquele mesmo dia o rei consagrou a parte central do pátio, que ficava na frente do templo do Senhor, e ali ofereceu holocaustos, ofertas de cereal e a gordura das ofertas de comunhão, pois o altar de bronze diante do Senhor era pequeno demais para comportar os holocaustos, as ofertas de cereal e a gordura das ofertas de comunhão. 13
A Tremenda Revelação do Sangue de Cristo
É difícil imaginar o custo real desse enorme sacrifício. A economia do povo israelita, naturalmente, era muito menor do que a nossa e era baseada no sistema agrário de uma nação agrícola. Segundo nosso padrão, deve ter sido gasto mais de 13 milhões de dólares para comprar esses animais no mercado livre. De acordo com o padrão de Israel daquela época o valor empreendido foi bem maior do que seria para nós hoje. O sangue desses sacrifícios sem dúvida deve ter chegado a medida de dezenas de milhares de galões. O sangue de três bois encheria uma banheira média. Vinte e dois mil bois foram oferecidos. Cento e vinte mil ovelhas formariam um mar branco em um vasto campo. É difícil imaginar a real grandeza dessa oferta. Na verdade, ela foi tão grande que o amplo altar de bronze acabou ficando “muito pequeno para receber” as ofertas. A parte central do pátio (toda a área onde o altar estava) se tornou o local de sacrifício. A Bíblia não diz quantos sacerdotes se ocuparam dessa tarefa ou quanto tempo demorou para esses sacrifícios serem ofertados. Uma coisa é certa: demorou horas e horas, e a tarefa foi executada por centenas de sacerdotes. Poucos israelitas tinham visto um rebanho tão grande em toda a sua vida, para não dizer de uma vez só. O povo antigo de Deus fazia bem em sacrificar um cordeiro ocasionalmente. Algumas pessoas eram tão pobres que mal podiam arcar com o custo de pombos ou pombas. Nunca houve em toda a história de Israel um sacrifício de dedicação como esse. Os modernistas de hoje consideram esse sacrifício como um grande desperdício. Se faz até mesmo a pergunta “Alguns animais não forneceriam a quantidade de sangue exigida?”. A lei não continha nenhum mandamento para se oferecer rebanhos e manadas tão grandes como esses. Ao meditar nessa passagem, o Espírito Santo me deu uma percepção sobre esse evento incomum. Salomão estava sacrificando por meio de uma revelação! Ele previu o inestimável custo do necessário sacrifício perfeito do Cordeiro de Deus. Jesus é o Cordeiro de Deus. O Deus-Pai pegou o que havia de melhor no céu; o segundo melhor não serviria. Somente o Ungido em seu seio estaria qualificado para receber o título de “O Cordeiro de Deus”. Esse não era um cordeiro comum, nem um homem comum.2 A palavra enviada do céu se tornou carne e habitou entre nós e contemplamos sua glória! (veja Jo 1.14). O dispendioso sacrifício de Salomão foi insignificante se comparado com o sacrifício enviado por Deus. Segundo o princípio mencionado ante14
1. O Precioso Sangue
riormente que “um sacrifício não é um sacrifício, a menos que ele custe algo a quem o faz”, o Cordeiro de Deus custou muito ao Pai. O preço da salvação não foi pequeno.
Por que seu Sangue é Precioso Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da sua maneira vazia de viver, transmitida por seus antepassados, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito, (1 Pe 1.18-19) O sangue de Jesus é precioso. Jesus é benquisto por nós por causa de seu sangue e nós por Ele pelo mesmo motivo. Um significado da palavra “precioso” é estimado, como se diz geralmente, “são pessoas preciosas”, etc. Para ser exato “precioso” significa “de grande preço, valiosíssimo, honroso, muito estimado e amado”. O “Sangue Precioso”, portanto, significa o sangue de grande preço, valiosíssimo, honroso, muito estimado e amado. No versículo 18, Pedro nos diz que não fomos redimidos por coisas perecíveis e no versículo 19 ele nos diz que fomos redimidos pelo sangue de Cristo. Se não fomos redimidos por coisas perecíveis e se fomos redimidos pelo Sangue, então o Sangue é imperecível.3 No versículo 18, o apóstolo diz que não fomos redimidos por meio de prata ou ouro. Esses dois metais estão entre os metais mais raros, valiosos e caros de todo o mundo. O ouro é precioso ao passo que o cascalho é comum. O sangue de Jesus é tão raro, valioso e precioso em comparação com o sangue animal quanto a prata e o ouro em comparação com o ferro e o chumbo. O sangue de Jesus tem um grande valor – o melhor que Deus tinha para oferecer. Custou muito para o Pai e para o Filho prover salvação para nós. Seu sangue é raro – não há outro sangue como o dele. Seu sangue é “grandemente apreciado” no céu onde os santos frequentemente falam e cantam sobre ele e seu Cordeiro4 (veja Ap 5.9; 7.9-14). O sangue de Jesus é amado por Deus e amado por todo filho de Deus, que verdadeiramente nasceu de novo. Paulo admoestou os presbíteros da igreja de Éfesos “...para pastorearem a igreja de Deus que ele comprou com o seu próprio sangue” (At 20.28). Note 15
A Tremenda Revelação do Sangue de Cristo
que nem o nome nem a pessoa de Jesus Cristo foram mencionados nessa passagem. A Segunda Pessoa da trindade não foi mencionada diretamente (“Ele” e “seu” do versículo 28 são pronomes pessoais que se referem ao nome próprio “Deus”). É verdade que “Deus é Espírito” (Jo 4.24) e que “carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus” (1 Co 15.50). Entretanto, Deus pode fazer qualquer coisa e todas as coisas. Todo o sangue do corpo de Jesus foi criado pelo poder criativo do Pai. Por este motivo o sangue de Jesus é de um tipo superior ao sangue comum. Temos uma aliança superior baseada em promessas superiores, porque um Sangue superior a ratificou (veja Hb 8.6). Deus o Pai, através de Jesus, comprou a igreja com seu sangue. Pedro nos diz que somos “redimidos” pelo precioso sangue de Jesus. A palavra grega que ele empregou tinha o significado de comprar um escravo no mercado de escravos. Jesus pagou o preço por nossa redenção unicamente com seu valioso Sangue! Somos comprados da escravidão do pecado com o preço pago integralmente com o precioso sangue de Jesus. Qualquer pessoa que acrescente algo a essa verdade simples não compreende o “precioso” Sangue. A maioria das doenças é detectada diretamente pelo sangue, confirmando que “a vida” na verdade “está no sangue” (Lv 17.11). Por causa do pecado de nossos primeiros pais, todos nós nascemos sob o domínio da morte. Mas Jesus foi, neste sentido, diferente de nós. Seu corpo foi concebido sem a semente do homem, foi concebido sobrenaturalmente pelo Espírito Santo. Quando Ele nasceu neste mundo foi chamado “Santo” (Lc 1.35). O óvulo de Maria não foi fertilizado pelo Espírito Santo, não, mil vezes não! O corpo de Jesus foi totalmente preparado por Deus no útero da virgem. Hebreus 10.5 também confirma essa premissa: “mas um corpo me preparaste”. H. A. Maxwell White salienta no livro The Power of the Blood (O Poder do Sangue), que “Maria foi escolhida para carregar o corpo...” porém, o corpo em si e o sangue que nele corria foram criados inteiramente pelo poder criativo de Deus. A encarnação foi um milagre! Alguém poderia fazer uma objeção dizendo que as tentações de Jesus não foram reais para Ele como as nossas são reais para nós, esquecendo o fato 16
1. O Precioso Sangue
de que o primeiro homem, Adão, também foi criado totalmente sem pecado e puro. O sangue que corria no corpo de Jesus era puro, santo, inocente, vivo e precioso (raro)! Ele era e é um sangue incorruptível – não está sujeito à degeneração moral ou espiritual (veja as páginas 169-173).
Significado grego A palavra grega para “precioso”5 é timios (#5093). No dicionário Thayer’s Greek-English Lexicon essa palavra é definida da seguinte forma: a) de grande preço; p. ex., precioso b) algo a que se atribui honra, estima, especialmente bem-querer O dicionário Vine’s nos fornece as mesmas informações: de grande preço, honroso, valioso, grandemente estimado. Pedro diz: “Você foi comprado da escravidão do pecado pelo sangue de Jesus de grande preço, honroso, grandemente estimado e especialmente querido”. O sangue de Jesus foi o artigo de troca por nossa dívida de pecado. Devemos adotar a atitude de Pedro com relação ao sangue de Jesus se quisermos que Deus nos ensine como Ele ensinou Pedro. Do fundo de seu coração, adore ao Senhor falando para Ele: Senhor Jesus, seu sangue é precioso. Eu tenho em grande estima e consideração o seu valioso e, especialmente benquisto, sangue. Eu honro e valorizo muito o sangue que você derramou de seu corpo para minha redenção e percebo que a oferta de grande valor feita por Salomão é insignificante em comparação com o valor atribuído ao sacrifício de seu sangue.
Notas adicionais 1. Como Araúna (1 Crônicas 21.14-30) era um jebuseu e não um israelita, ele pode ter oferecido gratuitamente a eira e os bois por temer por sua segurança pessoal, visto que morava em Israel somente por causa da misericórdia de 17
A Tremenda Revelação do Sangue de Cristo
Davi (veja Êxodo 23.23). (Os jebuseus foram os primeiros habitantes conhecidos de Jerusalém.) 2. Se a ira de Jeová foi provocada por Israel pela maneira como os israelitas trataram seu servo Moisés, de tal modo que Ele ameaçou destruí-los e fazer de Moisés uma grande nação (Ex 32.7-14), então muito mais tocado ficou o coração de Deus quando Jesus veio e eles não o receberam! Quando o povo zombou de Jesus eles zombaram de Deus: “Aquele que me odeia, também odeia o meu Pai” (Jo 15.23). 3. O fato de Belzebu (o senhor das moscas) odiar o sangue de Jesus é prova que ele não é um sangue comum. Naturalmente, as moscas são atraídas ao sangue decaído de um cadáver que acabou de sangrar. Tanto Belzebu como suas “moscas” (demônios) são repelidos pelo sangue precioso e incorruptível de nosso Salvador. 4. O tempo dos verbos gregos nas passagens de Apocalipse onde diz um “Cordeiro que foi morto” realmente fala de um “Cordeiro que acabou de ser morto”. A visão de João ocorreu mais de 60 anos após a crucificação; ainda, que o sacrifício de Jesus seja mais recente para o redimido no céu. O “Espírito Eterno” (Hb 9.14) verá esse “frescor” em todas as eras vindouras. O sacrifício da cruz nunca terá seu valor diminuído para os redimidos nem sua beleza desvanecerá diante dos seus olhos. 5. Pedro usou esta palavra três outras vezes: referindo-se ao próprio Jesus (1 Pe 2.7); à nossa fé especial (2 Pe 1.1); e às promessas de Deus (2 Pe 1.4).
Perguntas sobre o Capítulo 1 1. Para a maioria das pessoas, o que significa o conceito de “sacrifício”?
2. Por que Davi recusou a generosa oferta de Araúna e insistiu em comprá-la por um preço?
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1. O Precioso Sangue
3. Que lição podemos aprender com o grande valor despendido na oferta de Salomão de 120.000 ovelhas e 22.000 bois na dedicação do templo?
4. Dê, pelo menos, três significados para a palavra “precioso” conforme usado em 1 Pe 1.19.
5. Quem criou o sangue dentro do corpo de Jesus?
6. O que Paulo e Pedro disseram que Jesus usou para nos comprar do mercado de escravidão do pecado?
7. Peça a Deus para Ele lhe dar percepção e iluminação espiritual sobre o sangue de Jesus como sendo “precioso” antes de você se aprofundar neste estudo. O que a palavra “precioso” significa para você?
(Compare sua resposta depois de ter concluído o livro). 19
A Tremenda Revelação do Sangue de Cristo
Temos certeza de que as “peles” que eles estavam vestindo eram peles de animal, porque a palavra hebraica infere esse significado. O livro Wilson’s Old Testament Word Studies (Estudos da Palavra do Antigo Testamento de Wilson), página 398, diz que a palavra hebraica significa “a pele de um animal” (Gn 3.21). Seria cômico sugerir que Deus tenha criado as peles de animal sobrenaturalmente (sem animais), visto que Ele criou os animais da terra nas fases iniciais da criação (veja Gn 2.19-20). Depois de matar o(s) animal(is) Deus retirou a pele do corpo morto e a apresentou ainda quente e molhada aos nossos primeiros pais. Com este exemplo, o Senhor impressionou Adão e Eva com a completa indignidade do pecado e do seu salário: a morte. Com Adão e Eva vestidos dessa maneira, eles puderam avaliar a morte por meio das peles de animal que os cobriam. De modo parecido, a morte do Messias proveu pagamento pela penalidade do pecado e escape de seu poder. Sua cruz, diferente das cruzes modernas de joias, não era uma bela visão. A morte de Jesus foi vicária (no lugar de outra pessoa). Sua vida sem pecado e morte substitutiva foi a Grande Troca por nossas vidas pecaminosas e mortes eternas. Segundo a colocação de Pedro: Pois também Cristo sofreu pelos pecados uma vez por todas, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus. Ele foi morto no corpo mas vivificado pelo Espírito; (1 Pe 3.18) Isaías previu com exatidão esse acontecimento – como Jesus ficaria: “sua aparência estava tão desfigurada, que ele se tornou irreconhecível como homem; não parecia um ser humano” e como Ele “não tinha qualquer beleza ou majestade” e como “alguém de quem os homens escondem o rosto” (Is 52.14; 53:2-3). Por meio da morte horrível de Jesus, toda pessoa que aceitá-lo será revestida com o belo “manto da justiça” que sua morte proveu. Agora, vamos examinar seis verdades profundas contidas nesse breve versículo da Escritura: O Senhor Deus fez roupas de pele e com elas vestiu Adão e sua mulher. (Gn 3.21) Há uma regra de interpretação no estudo da Bíblia comumente conhecido como a lei da primeira menção. Este princípio ensina que sempre que 24
2. Roupas de Pele
qualquer tópico aparece pela primeira vez na Escritura há certas verdades básicas contidas naquela primeira ocorrência que se mantêm em todo o resto da Escritura e na qual se constrói a revelação completa daquele tópico. A primeira menção de um tópico é a base para seu estudo posterior. Embora as palavras “sangue”, “substituição” e “morte” não apareçam efetivamente neste versículo, as ideias ficam rapidamente evidentes ao coração sincero. Existem, ao menos, sete princípios básicos no último versículo do parágrafo mais triste da Bíblia. Eles são: 1. Deus exige derramamento de sangue pelo pecado. 2. O pecador deve ser coberto com sangue. 3. A vida está no sangue. 4. Deus provê o sacrifício. 5. O próprio Deus cobre o pecador. 6. O inocente morre pelo culpado. 7. Deus traz julgamento por causa do sacrifício.
1. Deus exige derramamento de sangue pelo pecado O Senhor fez “roupas de pele” de animal(is). Fazendo isso, seu sangue foi derramando e aspergido no chão. O derramamento de sangue foi necessário para fornecer remissão da transgressão; “... sem derramamento de sangue não há perdão” (Hb 9.22). Para ser específico (e devemos ser) é o sangue quem faz a expiação (ou cobertura) para o pecador, não a morte da vítima (que é o meio para se obter o sangue). Isso é relatado claramente em Levítico 17.11: Pois a vida da carne está no sangue, e eu o dei a vocês para fazerem propiciação por si mesmos no altar; é o sangue que faz propiciação pela vida. Nos últimos anos tornou-se comum afirmar que o sangue de Jesus não fornece uma cobertura (propiciação) para as almas, mas, em vez disso, uma remoção do pecado. Dizem que a palavra “propiciação” em si é uma palavra e conceito somente do Antigo Testamento e não cabe na teologia do Novo Testamento. Eu concordo, entusiasticamente, que o sangue de nosso Salvador fornece efetivamente uma remoção, mas devo insistir em dizer que uma cobertura também é fornecida.
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A Tremenda Revelação do Sangue de Cristo
O fato de as declarações de Paulo e João sobre esse assunto serem ignoradas é algo assombroso! Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue... (Rm 3.25) Ele é a propiciação pelos nossos pecados (1 Jo 2.2) Os substantivos que Paulo e João usam, no grego literal, significam exatamente o que representam: propiciação. O que é mais interessante aqui é o fato de que a forma verbal (hilaskomai) é associada à palavra hebraica kaphar (a palavra em português é “propiciação” no Antigo Testamento) por muitos estudiosos do grego (Vine, Unger, White, Thaver, etc.). As formas substantivas (hilasmos usada por João e hilasterion usada por Paulo) referem-se ao propiciatório no tabernáculo do Antigo Testamento (a tampa da arca da aliança). Era sobre o propiciatório que o sumo sacerdote “fazia a propiciação” para a nação de Israel ao aspergir o sangue sobre ele (veja Lv 16). O significado grego “significa uma expiação, um meio pelo qual o pecado é coberto e remido” (W. E. Vine). Como nossa propiciação Jesus se tornou um sacrifício propiciatório na cruz e posteriormente levou seu sangue para o santuário celestial (veja Hb 9.11, 12, 24). Paulo disse que Deus tornou Jesus “uma propiciação (um propiciatório) através da fé em seu sangue”. O conceito do Antigo Testamento de propiciação (kaphar), que significa, “cobrir, expiar, propiciar, pacificar” (An Expository Dictionary of Biblical Words, página 16) é percebido no termo do Novo Testamento propiciação, que é o motivo pelo qual algumas autoridades a traduzem como “um sacrifício propiciatório”. Em vez de propiciação ser uma palavra obsoleta, encontrada somente no Antigo Testamento e abandonada no Novo, o significado básico do Antigo Testamento é cumprido de vez em quando no Novo Testamento (em Hb 2.17 essa palavra é traduzida “e fazer propiciação pelos pecados do povo”). Deus ainda requer derramamento de sangue para fornecer uma cobertura que remova (expie) a culpa do pecador pela remoção de seu pecado. Isso
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2. Roupas de Pele
logicamente nos leva ao próximo princípio básico adotado pelas primeiras “roupas de pele”.
2. O pecador deve ser coberto com sangue O(s) animal(is) substituto(s) não foi(ram) apenas morto(s), mas seu sangue foi aplicado a Adão e a sua esposa quando Deus os vestiu com suas peles. A aspersão do sangue fornece uma cobertura para o pecador, mas o pecador deve aceitar o sacrifício feito em seu favor. Cada pessoa deve receber a provisão de Deus para si. O sangue de Jesus foi derramado para toda a raça humana. Ele é o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1.29). Entretanto, cada pessoa deve aceitar o seu sacrifício, individualmente, ou a morte de Jesus em favor daquela pessoa será em vão. Jesus derramou seu sangue por nós para dá-lo para nós. Os eleitos são “aspergidos” com ele (1 Pe 1.2), “lavados” nele (Ap 1.5) e “foram alvejados por ele” (Ap 7.14). Seu corpo ressuscitado não precisa mais de seu sangue – nós precisamos dele. Quando Jesus falou para Tomé colocar seu dedo nas marcas dos pregos e colocar a mão no lado de Jesus, não havia nenhuma possibilidade de que sua mão estivesse ensanguentada, pois não havia nem uma gota de sangue no corpo5 transformado do Salvador (1 Co 15.50). Afirmaremos em todo este livro o fato de que o crente é coberto com o sangue de Jesus. Nosso sangue natural mantém a vida de nosso corpo... nossa vida espiritual é mantida pelo sangue de Jesus. “A vida está no sangue”. O sangue de “Jesus” foi derramado há quase dois mil anos, mas ele ainda é eficaz para todo aquele que aceitar Jesus. Ele é um sangue vivo e fala a Deus do propiciatório no céu em nosso favor (veja Hb 12.24).
3. A vida está no sangue A vida natural é mantida pelo sangue que flui nas veias de uma pessoa. Portanto, “a vida da carne (vida física) está no sangue...”6 A maioria das doenças da raça humana pode ser rastreada pelo sangue. A vida natural está em nosso sangue e conforme veremos mais adiante, a vida espiritual está no sangue de Jesus. Seu corpo foi criado soberanamente por Deus (a pa27
A Tremenda Revelação do Sangue de Cristo
lavra “criado” em Gl 4.4 na NVI está literalmente “nascido”); o sangue de Jesus foi criado inteiramente pelo poder criativo de Deus. Ele não continha nenhuma mancha de pecado e não carregava nenhum defeito genético em seus cromossomos. “um corpo que me preparaste” o Logos exclamou para Deus (veja Hb 10.5) e o sangue que fluía naquele corpo era sangue especial (veja At 20.28). Jesus Cristo viveu sendo o único homem que nunca pecou e não merecia o salário do pecado de forma alguma (veja Hb 4.15, Rm 6.23 e Lc 23.22). Ainda quando o Messias entregou sua vida por nós – pois nenhum homem a tirou dele – Ele fez isso aspergindo o seu sangue (veja Jo 20.11, 18 e compare com Lv 17.11). Quando Jesus ressuscitou não havia sangue naquele corpo Transformado. Onde está seu sangue agora? A Bíblia ensina que ele foi aspergido em dois lugares: O sangue de Jesus foi aspergido no propiciatório no céu: Mas vocês chegaram ao monte Sião, à Jerusalém celestial, à cidade do Deus vivo...e ao sangue aspergido, que fala melhor do que o sangue de Abel. (Hb 12.22, 24) O sangue de Jesus foi aspergido em cada filho de Deus: escolhidos de acordo com o pré-conhecimento de Deus Pai, pela obra santificadora do Espírito, para a obediência a Jesus Cristo e a aspersão do seu sangue: Graça e paz lhes sejam multiplicadas. (1 Pe 1.2) Quando o corpo de Jesus foi ressuscitado ele foi transformado para um estado glorioso. A mesma pele e os mesmos ossos que foram pregados na cruz foram ressuscitados. Depois de sua ressuscitação em uma sala cheia de discípulos temerosos, o nosso Senhor disse, “Vejam as minhas mãos e os meus pés. Sou eu mesmo! Toquem-me e vejam; um espírito não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho”. (Lc 24.39). Alguns estudiosos têm discutido isso, por entender incorretamente 1 Co 15.50 onde Paulo diz “carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus”. É verdade carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, mas obviamente carne e osso podem! Nenhuma pessoa irá para o inferno porque seu pecado não foi tratado, mas porque ela não aceitou pessoalmente a propiciação. 28
2. Roupas de Pele
Depois que o sangue tiver sido derramado ele deverá ser aplicado. Essa cobertura de sangue é mencionada claramente em Lv 17.11: Pois a vida da carne está no sangue, e eu o dei a vocês para fazerem propiciação por si mesmos no altar; é o sangue que faz propiciação pela vida. Propiciação é a palavra hebraica kaphar, que significa “cobrir e fazer reconciliação”. A frase “é o sangue que faz propiciação” significaria, então, que somente o sangue faz uma cobertura que Deus aceita. Coberturas sem sangue não são aceitas por Deus. É o sangue que faz uma cobertura para a pessoa.
4. Deus provê o sacrifício No primeiro exemplo de sacrifício de sangue o próprio Deus fez a provisão e não exigiu que os transgressores o provessem. Por que Deus fez isso no primeiro exemplo? A resposta está no fato de que milhares de anos depois Ele proveu o sacrifício perfeito referido como “o Cordeiro de Deus” e por meio de seu Cordeiro Ele forneceu o “manto de justiça” (individualmente) e “vestes de salvação” (coletivamente) conforme Isaías predisse. As “roupas de peles” que Deus forneceu para Adão e Eva eram tipos (símbolos) da cobertura propiciatória do Messias. Temos um outro exemplo de Deus provendo diretamente o sacrifício no Antigo Testamento. Temos vários comentários chave, mas será necessário registrar o relato inteiro aqui com nosso comentário a seguir. Passado algum tempo, Deus pôs Abraão à prova, dizendo-lhe: “Abraão!” Ele respondeu: “Eis-me aqui”. 2 Então disse Deus: “Tome seu filho, seu único filho, Isaque, a quem você ama, e vá para a região de Moriá. Sacrifique-o ali como holocausto num dos montes que lhe indicarei”. 3 Na manhã seguinte, Abraão levantou-se e preparou o seu jumento. Levou consigo dois de seus servos e Isaque, seu filho. Depois de cortar lenha para o holocausto, partiu em direção ao lugar que Deus lhe havia indicado. 4 No terceiro dia de viagem, Abraão olhou e viu o lugar ao longe. 5 Disse ele a seus servos: “Fiquem aqui com o jumento enquanto eu e o rapaz vamos até lá. Depois de adorarmos, voltaremos”. 6 Abraão pegou a lenha para o holocausto e a colocou nos ombros de seu filho Isaque, e ele mesmo levou as brasas para o fogo, e a faca. E caminhando os dois juntos, 1
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Isaque disse a seu pai Abraão: “Meu pai!” “Sim, meu filho”, respondeu Abraão. Isaque perguntou: “As brasas e a lenha estão aqui, mas onde está o cordeiro para o holocausto?” 8 Respondeu Abraão: “Deus mesmo há de prover o cordeiro para o holocausto, meu filho”. E os dois continuaram a caminhar juntos. 9 Quando chegaram ao lugar que Deus lhe havia indicado, Abraão construiu um altar e sobre ele arrumou a lenha. Amarrou seu filho Isaque e o colocou sobre o altar, em cima da lenha. 10 Então estendeu a mão e pegou a faca para sacrificar seu filho. 11 Mas o Anjo do Senhor o chamou do céu: “Abraão! Abraão!” “Eis-me aqui”, respondeu ele. 12 “Não toque no rapaz”, disse o Anjo. “Não lhe faça nada. Agora sei que você teme a Deus, porque não me negou seu filho, o seu único filho”. 13 Abraão ergueu os olhos e viu um carneiro preso pelos chifres num arbusto. Foi lá pegá-lo, e o sacrificou como holocausto em lugar de seu filho. 14 Abraão deu àquele lugar o nome de “O Senhor Proverá”. Por isso até hoje se diz: “No monte do Senhor se proverá”. (Gn 22.1-14) 7
Versículos 4 - 5 Durante os três dias de viagem para a montanha de sacrifício, Abraão veio para um novo lugar de fé em Deus. Ainda que não houvesse precedente para ressurreição, Abraão acreditou que Isaac, depois que o matasse, ressuscitaria. Essa deve ter sido sua única conclusão, visto que anteriormente Deus tinha falado para Abraão que Isaac era o filho da promessa por meio de quem Abrão se tornaria o pai de muitas nações. Portanto, se, a) Deus disse que Abraão deveria oferecer Isaac, e, b) Isaac ainda era o pai de filhos (porque Deus não poderia ter mentido sobre esse fato), então, c) Deus ressuscitaria Isaac depois que Abraão o oferecesse! Essa foi a grande provação e exercício de fé de Abraão. Na verdade, o escritor do livro de Hebreus se refere à oferta de Isaac, em vez de ao nascimento de Isaac, como a provação da fé de Abraão:
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Pela fé Abraão, quando Deus o pôs à prova, ofereceu Isaque como sacrifício. Aquele que havia recebido as promessas estava a ponto de sacrificar o seu único filho, embora Deus lhe tivesse dito: “Por meio de Isaque a sua descendência será considerada” Abraão levou em conta que Deus pode ressuscitar os mortos e, figuradamente, recebeu Isaque de volta dentre os mortos. Hb 11.17-19 Abraão chegou a essa conclusão durante os três dias de jornada para Moriá. Ele instruiu seus servos para o aguardarem, enquanto ele e Isaac foram ao local de adoração prometendo que os dois voltariam depois que eles oferecessem o sacrifício!
Versículo 7 Esse versículo mostra que os filhos sabiam muito acerca do sacrifício de sangue, visto que Isaac listou os itens usados, como o fogo e a madeira, mas perguntou a seu pai sobre o cordeiro necessário para o holocausto. Os pais ensinavam seus filhos sobre o sacrifício de sangue por meio de exemplo e instrução, e passavam essas informações de geração em geração até a Lei ter sido dada.
Versículo 8 Uma declaração que revela a natureza do sacrifício de Jesus é: “Deus mesmo há de prover o cordeiro”. Abraão não chegou a matar Isaac, seu filho unigênito com Sara, mas Deus lançou sobre seu Filho a iniquidade de todos nós (veja Jo 1.29).
Versículo 10 O teste definitivo da obediência de Abraão. A faca teria sido desferida contra o peito de Isaac se, do céu, o anjo do Senhor não tivesse chamado Abraão.
Versículo 13 Um carneiro preso em um arbusto foi o primeiro cumprimento da promessa, “Deus mesmo há de prover o cordeiro”. Jesus, o Cordeiro de Deus (vindo do seio do Pai) cumpriu definitiva, perfeita e absolutamente a promessa. O carneiro (cordeiro maduro) foi oferecido no lugar de Isaac. O princípio da substituição foi mais uma vez decretado. 31
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Versículo 14 A revelação de Abraão da redenção de Jeová é explicada em um dos muitos nomes de Deus mencionados no Antigo Testamento. “Jeová-Jiré” que significa O Senhor olhará (para isso); ou, o significado mais conhecido, O Senhor proverá.
5. O próprio Deus cobre o pecador com o sangue Note em nosso texto (Gn 3.21) a frase “e vestiu Adão e sua mulher”, que também poderia ser lida “e (Ele) vestiu Adão e sua mulher”. Deus não apenas forneceu o sacrifício e fez roupas de peles, mas também vestiu Adão e Eva com elas. No que se refere ao manto de justiça e vestes de salvação, nós não os colocamos sobre nós mesmos, mas nosso Pai nos veste. Ele nos veste com justiça. É grande o meu prazer no Senhor! Regozija-se a minha alma em meu Deus! Pois ele me vestiu com as vestes da salvação e sobre mim pôs o manto da justiça... (Is 61.10) Paulo expressou isso dessa maneira, “É Deus quem os justifica” (Rm 8.33). Nós mesmos não podemos fazer isso, como pecadores clamamos ao Senhor, mas é Deus quem nos regenera por meio do sangue de Jesus.
6. O inocente morre pelo culpado O(s) animal(is) que o Senhor matou no lugar de Adão e Eva nunca tinham feito nada de errado nem cometido mal algum. Eles eram inocentes e ainda assim morreram. Se isso parece ser injusto, pense em quanto foi muito mais “injusto” “Cristo ter morrido pelos ímpios” (Rm 5.6). Ele era mais do que inocente, Ele era perfeitamente justo. A justiça é a inocência comprovada. Ele “passou por todo tipo de tentação”, porém, “sem pecado” (Hb 4.15). O príncipe deste mundo (Satanás) não tem nenhum direito sobre Ele (Jo 14.30). Em todo o registro sacrificial da Bíblia, a culpa do transgressor é transferida dele para o seu sacrifício e a inocência do sacrifício ou justiça (no caso de Jesus) é transferida por imputação7 ao transgressor. Jesus profetizou a oferta de si mesmo em nosso lugar em Mt 20.28:
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como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. Ele, literalmente, deu sua vida “em resgate, no lugar de muitos”.
7. Deus trouxe julgamento sobre o sacrifício No primeiro exemplo fica claro que o Senhor matou o(s) animal(is) para sacrifício. Em todo o resto do Antigo Testamento o pecador ou o sacerdote matava o animal para sacrifício. O “princípio da primeira menção” novamente aponta para o Novo Testamento, onde Jesus sofre julgamento em nosso lugar. Oitocentos anos antes de Jesus, Isaías vê a crucificação em andamento e declara profeticamente usando o tempo verbal no passado, ... o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. Contudo, foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer, e, embora o Senhor tenha feito da vida dele uma oferta pela culpa ... (Is 53.6, 10) Paulo, através da revelação que lhe foi dada, declarou: Deus (o Pai) tornou (não original) pecado (ou, “oferta pelo pecado”) por nós aquele (o Filho) que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus. (2 Co 5.21) Jesus levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro (1 Pe 2.24) e destruiu a barreira, o muro de inimizade anulando em seu corpo (Ef 2.14-15). Na morte seu sofrimento foi completo – e nós agora temos “paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1). Jesus estabeleceu paz entre Deus e o homem pelo seu sangue derramado na cruz (veja Cl 1.20). O primeiro encontro de Adão e Eva com a morte vicária e o sacrifício de sangue foi a base sobre a qual eles evidentemente passaram a oferecer sacrifícios de animais depois de terem sido expulsos do jardim. De alguma forma, eles sabiam que isso era necessário para aproximá-los de Deus cuja santidade eles tinham como certa. Essa informação foi passada de geração em geração bem antes de a Lei ter sido dada. O homem antigo tinha uma reverência especial pelo sacrifício de sangue, porque o próprio Deus o ensinou quando o homem pecou pela primeira vez. Abel veio até Deus dessa maneira. 33
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Sete também deve ter feito o mesmo (veja Gn 4.26). Noé construiu um altar quando saiu da arca e recebeu a bênção para a “nova” terra (veja Gn 8.1822). Jó, que provavelmente foi o primeiro livro da Bíblia a ser Escrito, oferecia sacrifícios de animais bem como os seus “amigos” (Capítulos 1, 42). Com tanto material bíblico sobre sacrifício de sangue, deve ser um paradoxo para qualquer coração sincero por que tão poucos ministros hoje, de qualquer grupo ou movimento específico, adotam os méritos do precioso sangue de Jesus.
Notas Adicionais 1. Na tumba vazia, “dois homens com roupas que brilhavam como a luz do sol” apareceram para as mulheres que vieram prantear. Em Ap 19.8 “linho fino, brilhante e puro” em que os santos são eternamente trajados é de qualidade espiritual e não material. O linho é chamado “a justiça dos santos”. O endemoninhado gadareno “não usava roupas” antes de Jesus libertá-lo, mas depois ele foi encontrado vestido e em perfeito juízo (Lc 8.27, 35). 2. As boas obras do homem, embora sejam nobres e humanitárias, não podem produzir um bom relacionamento com Deus, independentemente de quanto esforço e tempo sejam empregados em sua execução. Por isso, os perdidos serão julgados “segundo suas próprias obras” (Ap 20.12) comprova isso. As obras de ninguém são boas o suficiente para merecer salvação. Jesus reprovou aqueles que “confiavam em sua própria justiça” (Lc 18.9). 3. Isso não quer dizer que Adão, de fato, não morreu “no dia” em que ele pecou, pois Deus prometeu que isso aconteceria, porque “para o Senhor um dia é como mil anos” (2 Pe 3.8) e lemos que Adão “viveu ao todo 930 anos e morreu” (Gn 5.5). 4. Essas roupas de pele cobriam suas próprias peles físicas. Deus fez a pele de Adão quando o formou do pó da terra e fez Eva quando Ele a tirou da carne de Adão (Gn 2.7, 21-24). 5. Note também em João 20.25,27 que Jesus ressurreto não tinha as cicatrizes de pregos nas mãos, como se estivessem curadas, mas tinha as mãos perfuradas pelos pregos. (Jesus instruiu Tomé a colocar a mão dele em seu lado.) Cinco de suas feridas foram deixadas em seu corpo quando o Espírito Santo o ressuscitou (Rm 1.4) como lembretes eternos de que nosso grandioso Rei um dia foi um Cordeiro que sofreu. Jesus carregará eternamente as marcas da redenção em seu corpo glorificado – que os nossos corpos transformados que se tornarão como o dele não carregarão. 6. As palavras “vida”, “alma” e “almas” em Lv 17.11 são derivadas de uma palavra do texto massorético: nephesh. Essa palavra é derivada do termo naphash 34
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que significa “uma criatura que respira”. Muito antes de a ciência ter descoberto que o sangue pega o oxigênio dos pulmões e transporta por todo o corpo esse elemento que dá vida, a Bíblia ensinou “porque a vida de toda carne é o seu sangue” (Lv 17.14). Este nephesh ou princípio de vida era para ser mantido sagrado. Quando o homem matava animais para obter alimento tinha que “derramar o sangue e o cobrir com terra” (Lv 17.13) e o sangue jamais poderia ser ingerido com a carne do animal. A primeira proibição contra comer sangue foi estabelecida na aliança com Noé (veja Gn 9.4) e foi declarada para a igreja em At 15.20. O nephesh do homem era especialmente sagrado, porque o homem era feito à imagem de Deus. Sempre que seu sangue era derramado injustamente, ele só poderia ser silenciado com o sangue do assassino. O próprio Deus estabeleceu a pena capital em Gn 9.4-6 em suas leis para o próprio governo do homem. Sem esta lei, toda a carne rapidamente se corromperia novamente, como ocorrera antes do dilúvio: “Ora, a terra estava corrompida aos olhos de Deus e cheia de violência” (Gn 6.11). De Gênesis (4.10) a Apocalipse (6.9-11) o sangue da pessoa assassinada clama a Deus por vingança (compare com Hb 12.24). 7. Imputar significa “creditar na conta de alguém, transferir legalmente de um para outro”.
Perguntas sobre o Capítulo 2 1. Você sabe com o que Adão e Eva se vestiam no jardim antes de terem pecado ?
2. Quando eles se deram conta que estavam nus?
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3. Por que eles coseram folhas de figueira e fizeram “aventais”?
4. Por que Deus fez roupas de peles para eles?
5. Como Adão e Eva já tinham corpos físicos formados do pó da terra que tipos de “peles” eram essas?
6. Como Deus obteve essas peles para eles? Ele apenas estalou os seus dedos ou para obtê-las uma morte substitutiva teve que ocorrer?
7. Liste pelo menos quatro princípios, com base na lei da primeira menção, de Gn 3.21.
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8. O que Isaac revelou a respeito de seu conhecimento sobre o sacrifĂcio de sangue ao perguntar para seu pai acerca da necessidade de um cordeiro alĂŠm da madeira e do fogo?
9. Os pais devem ensinar a seus filhos sobre os princĂpios divinos hoje em dia?
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