Revista Toli Inverno 2017

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IN TER


ações


# CO N T E Ú D O

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18 6 ABERTU R A

40 P E R FI L @A N A F L ÁV I A 4

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V I AG E M # N O R D EST E

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V I AG E M #MU N DO

74 ARTE #OR IENTE

16 G A ST R O N O M I A # N E W YO R K

78 M AQ U I AG E M # M A R CO S CO STA TOLI • INVERNO 2O17


STA FF & colaboradores Direção de Produto Direção de Estilo

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Glaucia Rebouças e Julyett Rodrigues

Marketing

Darci Mendes e Janinne Pinheiro

Modelo Campanha

Modelos Toli Teen

Fotógrafa

68 2O17 • TOLI • INVERNO

Gláucio Paiva

Equipe de Estilo

Modelo Look Book

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Michelle Geppert

Ana Paula Scopel (Mega Model Brasil) Isabella Cecchi (Tráfego Models) Karen Geppert e Maria Eduarda Nóbrega Giovanna Rêgo

Stylist

Equipe de Estilo Toli

Beauty

Tácio Melo

Tratamento de Imagem Agência Jornalista Projeto Gráfico & Diagramação IMPRESSÃO AGRADECIMENTOS

Giovanna Rêgo KKI Cristiano Félix Milton Vieira Unigráfica-RN Palone Design Podium Construtora Milano

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#novaera

S

urge um novo significado para o New Age. O movimento continua sendo de transformação social, mas o novo momento se distancia dos estudos metafísicos, religião e sincretismo, e se inclina para o conceito de poder. Nessa Nova Era, a palavra de ordem é empoderamento e as mulheres assumem a dianteira. A mulher moderna é real. Conscientizar sobre os direitos civis e sociais fez-se papel, bandeira, luta. Dessa forma aguerrida, ela inspira e influencia quem está ao redor. Nós assumimos: também fomos influenciados. Essa mulher moderna é você, cliente Toli. E é a você que dedicamos nossos estudos de comportamento, tendências, modelagem, confecção, estampas, cores, bordados, nossa incessante busca por excelência, versatilidade e a qualidade de forma acessível. Observando as particularidades do processo de transitividade – a exemplo do que vivemos a respeito do consumo, que ocorre hoje elevando o viés da consciência – é que olhamos para o futuro. Ele se constrói hoje, sobretudo com bons exemplos. Para nós, uma das melhores práticas é primar por toda a cadeia de produção. Começa pela criatividade da nossa equipe de estilo, mas vai muito adiante. Existe um time que se agiganta por trás para acompanhar a fabricação e entrega do produto final, além de garantir a seleção criteriosa de todos os nossos parceiros. Colocamos também essas ideias no papel. Para a oitava edição da nossa revista, que você agora tem em mãos, foram desenvolvidos ensaios fotográficos - o principal deles com a modelo internacional Ana Paula Scopel - e selecionados temas e entrevistados inspiradores. Thássia Naves e Ana Flávia, a primeira negra a vencer o concurso da Ford Models, são exemplos de quebra de barreiras. Essas próximas páginas simbolizam mais uma forma de retribuir. Também queremos te inspirar com novas ideias, defendendo a importância de interagir com o espaço, olhar ao redor, saber escolher; através de roteiros de viagem, dicas de maquiagem e, claro, moda. Seja bem-vinda ao nosso inverno 2017! Equipe Toli.

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V I AG E M # N O R D EST E

sotaque INVERNO COM

Pelos rincões do Nordeste, há uma vasta opção de inverno com muito potencial turístico. Viajantes de todo o país procuram

Texto: Tallyson Moura Fotos: Canindé Soares

a região no período do inverno e repassam as dicas para os mais chegados. Quer uma nossa? Divida a mala em duas partes e aproveite as belezas da serra e do litoral

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um país tropical como o Brasil, o frio é uma sensação muitas vezes rara. No inverno, entretanto sabe-se, de certo, onde encontrá-lo: nas regiões Sul e Sudeste, onde há cidades cujas temperaturas no período beiram zero grau. Não à toa, Gramado (RS) e Campos do Jordão (SP) estão no topo das pesquisas na

Trivago – plataforma internacional de busca por hotéis - para as férias de julho. É que quando se pensa em roteiro turístico de inverno, vêm logo à cabeça destinos desta ponta do país. O que muita gente não sabe é que existem cidades nordestinas - na parte ensolarada do mapa - que também oferecem tudo aquilo que o turista quer nesta estação: frio, fondue, chocolate, bons restaurantes, pousadas charmosas, paisagens de montanha, música de qualidade e conforto. Em Garanhuns, Pernambuco, por exemplo, a temperatura beira os 10 graus no inverno.

Igreja erguida no início do século XIX está entre os principais pontos de visitação em Martins, no Rio Grande do Norte.


A Casa de Pedra, segunda maior gruta calcária do Brasil, chama atenção pelo grande salão que se forma na parte interna.

A cidade apelidada de “Suíça Pernambucana” está localizada no Planalto da Borborema, 890 metros acima do nível do mar, o que explica o frio em pleno agreste. Para comemorar a chegada da estação, é realizado anualmente um evento que deixa hotéis e pousadas abarrotados de turistas. O Festival de Inverno de Garanhuns acontece geralmente no final de julho, com programação completamente gratuita e recheada de atividades, incluindo shows musicais, apresentações de teatro, dança, exposições e oficinas. A natureza farta completa o roteiro desta cidade localizada a cerca de 230 km da capital. São destaques os parques dos Eucaliptos e o Pau-Pombo. E se há um ponto turístico que não pode ser deixado de fora, é o Cristo do Magano, a 1.030 metros de altitude. Do local onde está a imagem católica é possível ver toda a extensão do Planalto da Borborema, e curtir o frio em um cenário inesquecível. Se estiver acompanhado, uma dica preciosa: o pôr do Sol neste lugar é maravilhoso! Distantes dali cerca de 150 km, já no sertão de Pernambuco, fica Gravatá. Na charmosa cidade típica do interior, com cerca de 80 mil habitantes, as temperaturas neste período também caem bastante. Para esquentar os corpos, duas opções: sobreposição de peças ou se render aos caprichos da boa culinária. Queijos e vinhos são oferecidos com fartura para os paladares mais 2O17 • TOLI • INVERNO

exigentes. Isso sem deixar de lado as delícias da gastronomia local, como a buchada de bode. Completa o circuito pernambucano do frio a cidade de Triunfo, a mais alta de Pernambuco em relação ao nível do mar. São mais de mil metros de altitude. A cidade forma um cenário coberto de serras e vales a perder de vista, um oásis em plena região da seca. É difícil até acreditar que se está no sertão nordestino. A cidade, com suas construções do século 19 e início do século 20 muito bem preservadas - como o Cine Teatro Guarany - parece mesmo um cenário de novela ou, como alguns definem, uma “mini Europa”. No centro, uma atração leva o turista às alturas: o único teleférico de Pernambuco. E a vista do alto é privilegiada. Surpreendentemente frio Natal, a capital do Rio Grande do Norte, é conhecida como a “Noiva do Sol”. Famosa por ter um período de chuva muito breve, os termômetros raramente marcam abaixo dos 25 graus, e isso faz da cidade um dos principais destinos para quem busca o calor. Em razão dessa fama - que já correu o mundo - é difícil imaginar que, a menos de 60 km dali, há um oásis de frio. A temperatura média no inverno em Martins, cidade serrana em pleno sertão potiguar, pode chegar a 13 graus. A temperatura na cidade é mais amena que no restante do estado durante todo o ano. Motivo: a altitude média por lá é de 750 metros. Mas é entre 9


junho e agosto, que o pequeno município de apenas oito mil habitantes vive o seu clima especial. Os turistas facilmente se encantam com a gastronomia local e os festivais de fondue. Há ainda as atrações naturais, verdadeiros caprichos da natureza. A Casa de Pedra, segunda maior gruta calcária do Brasil, está localizada no pé da serra de Martins, a 12 km do centro da cidade. No seu interior, um grande salão chama a atenção dos visitantes, assim como o seu teto com as estalactites. O local pode ser acessado por uma trilha de cerca de 4 km descendo a partir do Mirante da Carranca ou de pau-de-arara - caminhão adaptado para o transporte de passageiros. Os mirantes ainda oferecem bares e restaurantes com petiscos e pratos variados, além da vista panorâmica que permite observar mais de 30 cidades do Rio Grande do Norte e Paraíba, num raio de cerca de 70 km.

Quando se fala em festa e música no Brasil, difícil não se lembrar da Bahia. E no inverno, neste estado que é conhecido pela animação, é possível aproveitar o friozinho dançando. Vitória da Conquista recebe todos os anos o Festival de Inverno da Bahia, evento que reúne grandes nomes da música nacional e atrai público de todo o país. A última edição do FIB teve, entre as estrelas, Lulu Santos, Djavan e Paula Toller. Vitória da Conquista fica localizada a cerca de 510 km de Salvador. Na estação mais fria do ano, a temperatura mínima fica abaixo dos 10 graus. E mais que festa, a cidade ainda oferece como atrações turísticas o Cristo Crucificado da Serra do Piripiri, de Mário Cravo, medindo 15 metros de altura por 12 de largura. Tem ainda a Reserva Florestal do Poço Escuro e o Parque da Serra do Piripiri.

No Ceará Na terra do forró, do humor e do calor, também há onde usar os looks de inverno. A 110 km de Fortaleza, e a 865 m de altitude, está o menor município do estado: Guaramiranga. O tamanho é inversamente proporcional ao charme que esta cidadezinha de menos de quatro mil habitantes tem de sobra. Casas coloniais e chalés no estilo suíço compõem o clima europeu juntamente com o frio nada típico do estado. A temperatura no inverno cai até próximo dos 15 graus. De vários locais da cidade é possível avistar o “Pico Alto”, terceiro maior do Nordeste com 1.115 metros de altitude. Do mirante, a vista é impagável: vê-se a transição da serra com o sertão cearense. Para provar da boa culinária típica e também desfrutar da paisagem, a dica é ir ao mirante Linha da Serra, a 11 km do centro, que possui boa estrutura de restaurantes. A cidade é bem diferente do restante do estado em vários aspectos. Durante o Carnaval, Guaramiranga organiza seu famoso Festival de Jazz e Blues, o que deu notoriedade nacional ao pequeno município.

Descobertos pelos viajantes O perfil de viagem do brasileiro está mudando. Hoje, os destinos dentro do próprio país são muito mais procurados, o que abre espaço para a descoberta de novos destinos em território nacional. Isso é ótimo para os pontos de frio no Nordeste. Entretanto, de acordo com o presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem (ABAV), Edmar Bull, é necessário que o poder público trabalhe na divulgação destes roteiros. “Nós sabemos que existem, mas são poucas as agências que já oferecem pacotes relacionados a estes destinos. Só vendemos quando o próprio cliente já conhece e nos pergunta”, explica Bull, que tem 43 anos de experiência no ramo. “O governo deveria promover mais estas belezas, inclusive com capacitação e treinamento nos destinos, e trazê-los para as agências operadoras”, continua. Outra característica atual do turista que ajuda a impulsionar estas cidades como destinos

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O evento acontece desde o ano 2000 e reúne mais de 15 mil pessoas do país e do exterior.

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A temperatura média no inverno em Martins, cidade serrana em pleno sertão potiguar, pode chegar a 13 graus.

Still Inverno com sotaque #Contextualizando Se o nosso inverno tem sotaque, sua mala vai cheia de personalidade com o vestido de estampa cobra.

A culinária é um ponto alto no Nordeste e impressiona até os paladares mais exigentes.

é o tempo médio de viagem. Mesmo com a crise, o brasileiro não deixou de viajar, mas diminuiu o período. Se antes passava 20 dias em um roteiro, hoje passa entre quatro e cinco dias. “E quem vai aproveitar o frio no Nordeste tem a vantagem de poder desfrutar de características diferentes, estando em um só estado. Depois de curtir o frio por uns dias, o visitante pode com deslocamento curto, ir para o litoral e aproveitar o calor, que ainda é o grande responsável por atrair turistas para a região”, destaca. 2O17 • TOLI • INVERNO

Vestido: 016174 Cinto: 016160

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V I AG E M # M U N D O

rua passarela TENDO A

COMO

Tempo e espaço definem a era atual: informação,

imediatismo e espetáculo formam o tripé da criação. Na moda, as temporadas se dividem em dois turnos e três capitais: Nova Iorque, Paris e Milão Texto: Cristiano Félix • Fotos: Cristiano Félix e Getty Images


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stilistas colocam nas passarelas de Nova Iorque, Paris e Milão o que apontam como tendência de comportamento e consumo. Isso só vira moda se as pessoas compram a ideia e levam para a rua, o que faz o tempo entre criar e usar ser um tanto mais diferente. Independentemente da introdução, há um fato inconteste: capitais mundiais da moda são a grande fonte de inspiração. Na França nasceu a expressão “le mode”, mostrando seu berço. A inerência, porém, muda de lugar de tempos em tempos. Claro que, se seu roteiro é clássico, não há como desviar do “triângulo dourado” formado pela Avenida Montaige, a George V e a Champs Élysées. Mas nos últimos anos o lugar mais “in” de Paris é o bairro Marais. Antigamente ele era região metropolitana e abrigava o principal cemitério. Afastado, deu origem a expressão “pobre de marré”. Com o crescimento da cidade, passou a estar no centro urbano e pouco a pouco atraiu novos talentos e incontáveis galerias de arte. O circuito por lá é indispensável e pode começar no Boulevard Beumarchais, virar para a Froissart e continuar pela rua Commines e Poitou. Debelleyme e Turenne completam o roteiro. A genuína criação francesa, com menos interferências globais, é vendida ali. Desfila

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Paris Glamour define a capital francesa. Mas, para quem já esteve lá no final de setembro, é sabido que o evento é muito concorrido. De todas, essa é a que tem mais eventos paralelos. Ebulição que extrapola muito o que acontece na sala de desfiles. É também o evento que estabelece o melhor diálogo entre ruas e o tapete vermelho. As grifes são centenárias e seus novos criativos trouxeram frescor a essas maisons. A renovação fez com que a Cidade Luz recuperasse, um par de anos atrás, três posições no ranking da Global Language Monitor, uma empresa de monitoramento de tendências mundiais. Paris havia perdido espaço para Londres.

também pelo Canal Saint Martin, onde ficam excelentes restaurantes e cafés. Suas ruas são um oásis de despretensão, embora soe estranho para Paris. É histórico, charmoso e desencanado como deveriam ser todas as férias. 13


Paris milanesa Paris tem um triângulo e Milão o seu quadrilátero. Nele estão grifes centenárias, bem ao lado da Galeria Vittorio Emanuele II – sede da primeira loja Prada - e da imponente catedral Duomo. Mas a capital italiana também tem seu lado descomplicado e mais acessível. Em Brera não importa se é dia ou noite, sempre há algo diferente acontecendo. Trata-se de um bairro boêmio-chique com quê de Paris, onde as ruas são basicamente para pedestre e só os moradores têm acesso de entrada com seus carros. Não deixe de ir e, quando se encantar com o perfume local, aproveite essa dica: passe na Profumo, loja na via Brera. A loja é especializada em perfumes de edição limitada a exemplo da linha Creed, de Fédéric Malle. Concret jungle Comercial, extravagante e repleta de celebridades, NYC nunca ficará fora do mapa. Fomentadora do esquema see now, buy now, tem sempre celebridades formando a primeira fila das salas de desfile. Quer saber o que os fashionistas incorporam no seu espírito sem frescura? Passe menos tempo no Central Park e mais no High Line, um parque erguido numa antiga linha de trem em Downtown. É hoje a 14

Milão O classicismo e ares artesanais estão nas peças grifadas que formam os cinco desfiles mais disputados. A cidade tem quase 4,5 milhões de habitantes e é uma das maiores da Europa. Apesar da diversidade, é esse estilo manual que dá o tom de exclusividade. Em contraponto, estilistas mais jovens incluem urbanismo. Eles buscam cada vez mais espaço na área do “quadrilátero da moda”, o pedaço que compreende o quadrado formado pelas: Via Montenapoleone, Via della Spiga, Via Sant’Andrea, Via Manzoni e Corso Venezia. São duas temporadas por ano, a mais movimentada delas entre os dias 17 e 22 de setembro.

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atração turística mainstream de Nova Iorque e divide a cena com outro ponto super cool quando se trata de moda: East Village. Programa imperdível por lá é uma visita a loja do estilista americano John Varvatos. Ela abriga o prédio onde ficava o bar CBGB, o templo do rock do East Village que serviu de palco para a estreia de Blondie, Los Ramones e Talking Heads.

Nova Iorque Uma das maiores semanas de moda do mundo tem mais de 100 desfiles e uma pegada mais comercial. Isso porque o fashion show mostra exatamente o que os clientes vão encontrar nas lojas. Além dessa apresentação, os showrooms das grifes ficam abertos o dia inteiro. O evento gera um fluxo muito grande de negócios. Vão à semana de moda americana os compradores de lojas de departamento e multimarcas, além dos clientes das marcas de luxo, que muitas vezes estão sentados na primeira fila.

Still tendo a rua como passarela #Contextualizando

Calça 016191

Na mala, peças para você desfilar: cardigan tricot estampa pied-de-poule + calça flare malha. Cardigan 016144 Blusa 016145

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G A ST R O N O M I A # N E W YO R K

Texto: Cristiano Félix • Fotos: Éverton Barbosa

the lion: o restaurante-galeria DE MANHATTAN

A arte está em todos os cantos da ilha de Manhattan, nas ruas e também em coleções provadas. Felizmente algumas delas são compartilhadas para deleite. No “The Lion” ele é duplo, porque a gastronomia de um dos restaurante mais cobiçados de Nova York é reinventada a todo instante. 16

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A

arte está em todos os recantos de Nova York: no grafite das esquinas, intervenções nos espaços públicos, nas galerias de arte, clubes privados, restaurantes. E em Manhattan há uma casa que exprime o melhor traço da máxima “comer com os olhos”: The Lion, em Greenwich Village. Além da gastronomia de ponta e da exuberante apresentação dos pratos, as paredes são cobertas por quadros, de telas de Basquiat e Andy Warhol a fotos de David La Chapelle. O chef John Delucie é o mesmo do icônico Waverly Inn, o ponto de encontro de uma constelação, como registrou o The New York Times: “Em qualquer noite o restaurante recebe uma combinação de bilionários, estrelas de cinema, intelectuais e estilistas, e quiçá um astro do rock ou lenda do esporte.” Esse texto é icônico, foi publicado pela primeira vez em 2008, um dos primeiros anos áureos do restaurante. O espaço tinha sido recém-adquirido pelo jornalista Graydon Carter, diretor de redação da Vanity Fair. Havia deixado de ser o espaço de encontro de escritores anônimos para reunir todos os expoentes da moda. Não existia telefone, conseguir uma reserva era algo realmente restrito aos afortunados. Uma coqueluche tamanha como a que não se registrava desde os anos 1970, quando o Elaine’s era a referência em exclusividade. Hoje já não é assim no Waverly Inn ou no The Lion. Pelo menos não para as datas comuns. Para jantar em qualquer das duas casas num feriado, como o dia dos namorados, é preciso ter bons contatos, mas ambas já disponibilizam a reserva de mesas pela internet. Faça isso com 48 horas de antecedência e a chance de dar certo é maior. É isso ou, no caso do The Lion, se contentar a comer em frente ao bar. Clássicos americanos A homenagem no cardápio não deixa dúvidas. Apesar da aparência de salón parisiense, no The Lion não faltam clássicos americanos como hambúrguer e cheesecake. Privilegiar a clientela famosa sem pedir desculpas é só mais um detalhe, portanto. Muito comum para ser servido como antepasto, aqui a Burrata aparece como excelente opção de primeiro prato. O queijo cremoso – um 2O17 • TOLI • INVERNO

meio termo entre a mussarela de búfala e a manteiga - original da região da Puglia, na Itália, é executado com perfeição. Acompanha crosta de queijo parmesão, folhas e frutas, como damascos frescos. Outra excelente opção fria que provamos foi o gaspacho, sopa à base de hortaliças. Não é barato, mas como escreveu o Pedro Andrade, autor do livro “O melhor guia de NY”, se Andy Warhol fosse vivo ele não estaria apenas nas paredes, mas entre os comensais. Vá e desfrute desse prazer com status de arte. Afinal, arte lá é o que não falta. Dizem até que a coleção vale bem mais que o aluguel anual do prédio.

Sugestões do Chef

Principal: cordeiro é acompanhado por alface baby na chapa e redução de cereja.

Sobremesa: Panna Cotta com mix de frutas vermelhas, creme de baunilha e toque de limão.

The Lion No 62 West 9th Street, West Village New York • Tel: 1 (212) 353 8400 17


I N V E R N O 17 #I N T E R AÇÕ ES

#interações Protagonista, ela assumiu seu papel. Sua principal conquista é a liberdade de escolha. Para ser o que quiser, não há mais barreiras. Consciente, ela interage e ensina; tem visão e poder transformador. Na racionalidade do homem incutiu sentimento e intuição. Senso de justiça, pés na terra, infusão e design substancial são fundamentais na sua escolha. Ela aposta nos clássicos e reinventa-os. Fala de moda alinhada com o novo comportamento de consumo. Inclina-se para o nascente em busca do equilíbrio de forças ao melhor estilo Feng Shui. Comportamento que se traduz em preto, marinho e bordô, mas também branco, mescla e róseos diversos. Geométricos, florais miúdos e médios, e figurativos de animal print no rol dos orientalismos. É cropped, cintura alta, comprimento midi: tudo contrabalançado. Como é bela ela!



















E N T R E V I STA @T H Á S S I A N AV ES

thássia naves

Sucesso do outro lado do mundo

Texto: Cristiano Félix • Fotos: Rhaiffe Ortiz

Ela é comparada a uma espécie de Gisele Bündchen das redes sociais. E não é pra menos. Ao estilo mineiro, Thássia foi chegando devagar e já é apontada – até no Japão – como uma das mulheres mais influentes do mundo da moda.


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uando a Vogue Japão destacou o estilo da mineira Thássia Naves, meninas do Brasil inteiro já suspiravam pelo seu closet. E olha que pode-se dizer que a publicação comandada pelo ícone da moda Anna Dello Russo fez isso pela primeira vez quando a blogueira ainda estava no início da carreira, com pouco mais de 400 mil seguidores no Instagram. De lá pra cá esse número já aumentou em 2,2 milhões e outras revistas, como a Glamour Espanha, a colocaram na lista de mulheres mais influentes do mundo da moda, ao lado de Constanza Pascolato, Lea T. e a top model Izabel Goulart. Então, da próxima vez que ouvir que o mundo é muito pequeno, lembre-se de um nome: Thássia Naves. Natural de Uberlândia, ela é formada em Image Consultant pelo Instituto Marangoni, de Paris – um dos seus lugares preferidos no mundo. Uma das pioneiras do universo blogger criou sua página em 2009, após assistir uma aula de publicidade online. O biótipo brasileiro ajuda, sabemos. Mas quiçá seja o estilo hi-lo que mais lhe rende popularidade. Thássia tem uma coleção de bolsas grifadas e mais de 350 pares de sapato no closet recém-construído, mas consegue mesclar facilmente peças da Chanel com outras de fast fashion, totalmente acessíveis. “Procuro estudar para entender se vale a pena ou não mostrar para o meu público. Faço isso desde o início e acho que assim construí uma relação de confiança com minhas leitoras”, destaca. Opção para montar produções impactantes não falta. Thássia coleciona – e não se desfaz – de blazeres pretos da Balmain, vestidos Dolce & Gabbana e jaquetas de couro, mas recebe tantos presentes diariamente que já estipulou que para cada peça nova que entra no closet, duas precisam sair. Elas vão para o Bazar da Thássia, evento que acontece todos os anos na sua cidade natal e tem renda revertida para instituições de caridade. Ela sempre separa peças mais marcantes, sobretudo estampadas. Repetir e reciclar é das propostas mais interessantes, “Chic” na definição de Glória Kalil. Mas profissionalmente nas redes sociais é quase um pecado porque as pessoas sempre querem ver o novo, o lançamento das tendências.

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Na entrevista exclusiva a seguir você vai ver que para esse inverno – anote! – Thássia aposta no minimalismo e no visual esportivo. A informação de moda da estação vai estar no pescoço, em chokers e camisas com laço.

As pessoas comumente associam o trabalho de blogueiros ao acaso, mas a gente sabe que tem uma longa história por trás de cada caso de sucesso e muitas horas de trabalho todos os dias. O que você acredita que fidelizou seu público, nos vários canais? Thássia Naves – Sempre fui muito sincera com meus leitores e fiel ao meu estilo, tanto no conteúdo editorial do blog quanto nos looks que eu uso. Acredito que isso me aproximou das pessoas e elas passaram a confiar no que eu escrevo, mantenho isso até hoje. Temos uma relação muito boa e de confiança. Adoro procurar novas tendências e assuntos relevantes para contar para meus leitores também. Ano passado você resolveu gravar um tour pelo seu closet e fez todas as mulheres suspirarem. Construir o espaço ideal era um projeto muito ansiado? Sou apaixonada por moda, isso todo mundo já sabe, e sempre quis ter o meu próprio espaço, onde pudesse guardar minhas coisas de forma organizada. Costumo dividir as coleções de bolsas, sapatos, roupas, joias... Como sempre estou viajando, o closet me ajudou a encontrar as peças de forma mais fácil na hora de arrumar a mala. Tenho uma regra que para cada peça nova que recebo, já separo duas antigas que são destinadas para o Bazar da Thássia, que acontece todo ano em Uberlândia. Recentemente seu irmão casou em Pipa, no Rio Grande do Norte. Morar com os pais mudou depois disso? A rotina acaba mudando, não tem jeito... Sinto falta de ver meu irmão todos os dias, mas somos muito unidos e sempre damos um jeitinho de nos encontrar. Torço muito por eles, sei que ele está muito feliz! O casamento foi incrível, Pipa é um lugar maravilhoso. 37


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As cobranças por casamento e filhos existem para toda mulher. Como lida com isso? Sou muito tranquila em relação a isso. Namoro há sete anos e claro que penso em casar e ter meus filhos, mas nada de imediato.

minimalismo, slip dresses, jaquetas, tênis, pijamismo, camisas desconstruídas, recortes estratégicos. E um foco muito grande no pescoço, com cachecóis, lenços, chokers, camisas com laços etc.

Contra ou a favor de cirurgia plástica e procedimentos estéticos?

Qual o melhor lugar do mundo para respirar moda e se atualizar?

Sou a favor das pessoas estarem felizes com seu próprio corpo, fazendo ou não procedimentos estéticos.

É difícil escolher só um porque cada lugar tem uma visão diferente sobre moda, mas não posso deixar de citar Milão, Paris e Nova York. As três têm um papel muito importante nesse sentido. A internet também se tornou um dos principais lugares para se atualizar sobre moda e tendências.

Qual sua estação preferida para se vestir? Acho que é mais divertido me vestir no inverno, mas não tenho uma estação preferida... Também adoro o verão. O inverno traz vantagens como a sobreposição. Como você aproveita essa temporada? O inverno é uma estação que permite experimentar muitas combinações e tendências... A sobreposição é um truque de styling incrível, adoro usar como base para montar meus looks. Qual sua principal aposta para o inverno 2017?

Vamos fazer uma cápsula do tempo: Como se vê com quais sonhos realizados - em dez anos? Pretendo sempre focar no meu trabalho, amo o que faço e não me imagino fazendo outra coisa. Esse ano eu lancei minha primeira linha de esmaltes e agora quero continuar focando no nome Thássia Naves. Estou fazendo algumas consultorias e espero ainda crescer bastante nesse sentido.

Minha aposta é em uma moda mais confortável e com uma pegada esportiva... Tons claros,

Sou a favor das pessoas estarem felizes com seu próprio corpo, fazendo ou não procedimentos estéticos.” 2O17 • TOLI • INVERNO

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P E R FI L @A N A F L ÁV I A

ana f lávia

beleza

negra em

alta

Texto: Tallyson Moura • Fotos: Henrique Falci

Mulher, negra e de origem humilde. Tudo o que no passado poderia lhe fazer alvo de preconceito, na verdade, fez forte. E foi mostrando garra que Ana fez história ao se tornar a primeira negra a ganhaR aqui no país o maior concurso de modelos do mundo. Ela é o símbolo da mudança – lenta, mas nítida – no mercado da moda no Brasil.

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Esta vitória não foi só minha, mas de muitas mulheres negras como eu. Ela mostra que o mercado da moda está se abrangindo, apesar de ainda ter a maioria branca e de olhos claros.”

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U

m fato inegável: o mercado da moda está se abrindo para a diversidade no Brasil. Ainda que faça parte de um processo lento de evolução, as passarelas e campanhas publicitárias têm dado mais espaço àquelas modelos antes deixadas de fora dos castings. A preferência absoluta por pele branca está gradativamente dando lugar à esperança por tempos mais inclusivos. Nem faz tanto tempo que no São Paulo Fashion Week - principal evento do calendário da moda no Brasil - foi necessário estabelecer uma “cota racial” para que as marcas tivessem no mínimo 10% de modelos negros em seus desfiles. Hoje, no geral, esse percentual mínimo é superado com certa folga, mas ainda está bem distante de fazer jus à miscigenação do povo brasileiro. No último país ocidental a abolir a escravidão, 53% da população é negra. Ao fazer um raio-x do acesso às políticas públicas, como educação, saúde e segurança, a Organização das Nações Unidas (ONU) não deixou dúvidas do racismo no maior país da América do Sul: os negros vivenciam descriminação racial e enfrentam severa desvantagem em relação aos outros brasileiros. Os editoriais de moda e desfiles no Brasil são mero reflexo desta realidade. No mercado fashion, entretanto, a expectativa de mudança é construída em cima de indícios bastante representativos. A modelo Ana Flávia, baiana de 20 anos, é um destes sinais. A bela com 1,79m foi a primeira negra a vencer o Super Model of The World, concurso da agência internacional Ford Models, 36 anos após sua primeira edição. O fato ganha peso quando se leva em conta que o certame é o maior concurso de modelos do mundo e já revelou talentos como Adriana Lima, Camila Queiroz, Evandro Soldati, Mariana Weickert, Isabela Fiorentino, entre tantos. A new face, agora com contrato de quatro anos no valor de R$ 150 mil com a agência, sequer considera o feito inédito uma conquista pessoal. “Esta vitória não foi só minha, mas de muitas mulheres negras como eu. Ela mostra que o mercado da moda está se abrangindo, apesar de ainda ter a maioria branca e de olhos claros”, destaca a modelo, que tem planos de engajar-se na luta contra o racismo. “Desejo poder servir de espelho pra meninas e mulheres. É importante entender que se a gente tem um sonho, tem que correr atrás, independente do que digam ou outros”.

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Desejo poder servir de espelho para meninas e mulheres. É importante entender que se a gente tem um sonho, tem que correr atrás, independente do que digam os outros”. Filha de um pedreiro desempregado e de uma auxiliar de serviços gerais, Ana Flávia nasceu e foi criada em Mussurunga, bairro da periferia de Salvador. A realidade à margem da sociedade – comum à maior parte da população negra do país - anulava seu sonho de ser modelo. Vencer um concurso de uma grande agência, ter contrato assinado e ainda representação internacional era algo que parecia impossível. “Mas tudo aconteceu no momento certo e é agora. Tenho que me jogar, dar o meu melhor”. Os planos para o futuro, que antes eram bem tímidos, transformaram-se em desejos ousados e ambiciosos. A nova Ana Flávia, consciente de si e empoderada, quer ganhar o mundo, viajar, conhecer novas línguas, novas pessoas, e, o mais importante, fazer com que as pessoas a conheçam pelo próprio nome. Não quer apenas ser conhecida como uma modelo negra, mas como “Ana Flávia, modelo negra”. Na moda, inspira-se na britânica Naomi Campbell e na angolana Maria Borges. Fora do mercado tem como referência a atriz Taís Araújo, reconhecida internacionalmente na luta contra a descriminação racial, além das cantoras Beyoncé e Rihanna. Desde a vitória no concurso, a rotina da new face já mudou completamente. Mas ela não reclama. Quer mais. “A vida está muito corrida, e mesmo assim estou curtindo. Estou gostando bastante. Quero que continue assim: muito trabalho, muita gente boa perto de mim. E a luta conta o racismo é diária. Não acredito na vitória imediata e não pretendo parar de lutar”. 2O17 • TOLI • INVERNO

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# LO O K B O O K

#Versátil

Valorize a sua beleza e interaja com o que de melhor nossa coleção oferece.

Blusa: 01.02.5360 Saia: 03.02.0437


MacacĂŁo: 05.02.0125


Vestido: 07.03.0209


Macaquinho: 06.02.0253 Cinto: 08.06.0639

Blusa: 01.02.5385 Calรงa: 04.03.0402


Vestido: 07.02.1912 Cinto: 08.06.0653


Vestido: 07.02.1914


Vestido: 07.02.1910


Blusa: 01.02.5402 Saia: 03.04.0323


Vestido: 07.03.0208 Cinto: 08.06.0636


Colete: 22.01.0022 Blusa: 01.02.5370 Short: 12.03.0559

MacacĂŁo: 05.02.0128 Cinto: 08.06.0650


Macaquinho: 06.02.0249 Cinto: 08.06.0635


Blusa: 01.02.5380 Short: 12.02.0286


Blusa: 01.02.5399 Bermuda: 016068


Vestido: 07.02.1917 Cinto: 08.06.0651


Blusa: 01.02.5398 Short: 12.03.0570


Vestido: 07.02.1915


Blusa: 016053 Calรงa: 04.03.0410


Blazer: 016067 Blusa: 01.02.5397 Calรงa: 016070


Macaquinho: 06.02.0251 Jaqueta: 19.02.0425


Blusa: 01.02.5375 Calรงa: 04.03.0404


M E N I N A S @ M I N I B LO G U E I R A S

moda

PARA TODAS AS IDADES

Ditar moda não é para qualquer um, é pra quem gosta e procura referências. O universo é tão apaixonante – nós sabemos! – que meninas se envolvem desde muito cedo. É por isso que as fashionistas dessa edição são miniblogueiras, que de mini só tem a idade mesmo, pois já falam do assunto feito gente grande. Texto: Cristiano Félix • Fotos: Álvaro Benevides

Moda infantil é delicadeza A intimidade com a câmera surpreende. Nos vídeos, palavras bem colocadas e uma eloquência admirável. Em fotos, uma variedade de poses que deixaria contente até o mais experiente dos fotógrafos. A pequena Maria Eduarda Benevides tem só 11 anos de idade, mas o que começou como uma brincadeira está ganhando, dia a dia, ares de profissionalismo. Duda faz parte de um time crescente de mini-blogueiras, meninas que, como gente grande, apontam tendências de moda, maquiagem e estilo, e definem – para milhares de outras pequenas - o que

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está ou não em alta. Seu perfil no Instagram (eududaoficial_) já tem mais de 10 mil seguidores e esse número cresce em ritmo acelerado desde que ela entrou para um grupo nacional de pequenas fashionistas, o MBO (@miniblogueirasoficial). “Estou gostando muito de tudo isso. Eu amo fotografar, desfilar, participar de eventos, adoro maquiagem e tudo ligado às roupas da moda”, afirma a menina, que garante não descuidar dos estudos. Seu sonho é tornar-se dermatologista, mas sem deixar de acompanhar as tendências fashion, obviamente. “E eu quero ir morar fora também, em Londres”, conta. Suas referências na moda são de peso. Acompanha diariamente os passos da Thássia Naves, hoje apontada como blogueira mais influente do Brasil. “Também gosto muito da Nah Cardoso (4,8 milhões de seguidores no Instagram), Flávia Pípolo e Nathi Faria”. Para ela, entretanto, a moda vestida pelas blogueiras adultas nem sempre pode ser copiada pelas pequenas. A moda infantil, defende, deve trazer a delicadeza e pureza da infância.

Estou gostando muito de tudo isso. Eu amo fotografar, desfilar, participar de eventos, adoro maquiagem e tudo ligado às roupas da moda” 2O17 • TOLI • INVERNO

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J eans destroyed é peça chave A rotina é intensa, mas a pequena Silvia Louise, 11 anos, tira de letra. Além de todos os compromissos de mini-blogueira – selecionar looks, fazer fotos e participar de eventos -, o que toma certo tempo da estudante do sexto ano, ela ainda faz cursos de inglês, canto, violino e pratica tênis. “Minhas atividades não atrapalham nem o blog nem os estudos”, garante. A voz doce de uma menina sorridente, ganha tons mais sérios quando o assunto é moda. Com olhar apurado e muitas referências, Silvinha fala como gente grande ao ser questionada sobre as roupas infantis. “São mais leves, mais coloridas, e por mais que tenham suas particularidades, também se pautam em muita coisa que acontece nos guarda-roupas adultos”, afirma, salientando que a peça chave de qualquer closet é o jeans. “Esse jeans mais rasgadinho... Amo!”.

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Ela é apaixonada pelo mundo fashion, disso ninguém tem a menor dúvida. E os motivos, ela mesma aponta: “Eu gosto do novo, gosto do diferente, gosto de estar na moda”. E foi esse encanto que a levou a se tornar blogueira. Silvia conta que as pessoas, quando ela ia para algum evento como modelo infantil, sempre perguntavam de onde eram suas roupas. “Foi aí que eu decidi criar o blog no Instagram para postar os looks e dar dica às pessoas de onde elas poderiam adquirir essas roupas”. As fotos sempre muito bem produzidas e os looks impecáveis converteram-se em seguidores. Hoje já chegam a 18 mil. A menina de cabelos longos não sai uma vez sequer à rua sem ser reconhecida. Membro de duas agências de modelo e de duas plataformas de mini-blogueiras, uma nacional e outra estadual, a pequena já participou de vários programas de TV e fez fotos para catálogos, além dos desfiles.

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Minhas atividades não atrapalham nem o blog nem os estudos. 2O17 • TOLI • INVERNO

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TO L I T E E N #I N V E R N O F LO R A L

#compartilhe Karen Geppert e Duda NĂłbrega #compartilham estilo e se conectam com as tendĂŞncias do floral e do jeans mostrando a atitude, criatividade e beleza que a menina antenada precisa para se destacar e brilhar.


Blusa: 01.02.5371 Short: 12.03.0566 Vestido: 07.02.1893


Cropped: 01.02.5372 Saia: 03.04.0318


Vestido: 07.02.1902


Blusa: 01.02.5388 Saia: 03.04.0319 Vestido: 07.02.1895 Cinto: 08.06.0646


Blusa: 01.02.5389 Short saia: 12.03.0567


ARTE #OR IENTE

MINIMALISMO ORIENTAL

invade a cena

Texto: Tallyson Moura • Fotos: reprodução

Mesmo no inverno, nosso país tropical desabrocha. As flores ganham destaque nas estampas cada vez com mais frequência. Mas dessa vez a aposta é oriental e inspirada em arte, linhas e formas. Grandes pintores sabem aproveitar bem essa relação próxima.

S

em características climáticas bem definidas, fashionistas dão acesso livre a alguns elementos permitindo-os transitar entre estações. E o floral é, sem dúvida, uma dessas cartas-coringas. Mas há um detalhe a que se deve estar atenta. Diferente da última temporada, as flores agora vêm menores, tamanhos médios e até minimalistas, e trazem um olhar oriental – outra forte tendência para a estação.

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A construção multicultural – da ponte erguida entre arte e moda – existe não é de hoje, mas cada vez mais ganha características que parecem contrastantes: força e elegância. Moda é contraste. E nessa estação invernosa a convergência nipônica-tropical encontra artes como a da mineira Adriana Lopes. Já faz quase 15 anos que ela adaptou uma das mais antigas técnicas japonesas de cozedura em barro TOLI • INVERNO 2O17


Moda é contraste. E nessa estação invernosa a convergência nipônica-tropical encontra artes como a da mineira Adriana Lopes

ao clima brasileiro. Não bastasse, inseriu flores e cores – veja que ironia! As peças são tradicionalmente feitas em preto e branco. Na releitura, encheram-se de vida - como será o nosso inverno. “Todo mundo fala que o meu Raku é tropical e eu não conheço mais ninguém que trabalhe desta forma”, destaca ela. A técnica é famosa pelo efeito vitrificado e o craquelado impressos no barro. As fissuras criam uma espécie de impressão digital na peça. Para chegar a este efeito, passam por um delicado e demorado ritual. Após uma primeira queima de até 8 horas, são riscadas, pintadas e submetidas a uma nova cozedura, a uma temperatura próxima dos 1.000º C. Ainda incandescentes, as peças são mergulhadas e abafadas em um recipiente contendo serragem, onde ardem e queimam até que o fogo seja sufocado pelo grande volume de fumaça. 2O17 • TOLI • INVERNO

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Equilíbrio das flores As flores presentes nesta estação não imprimem apenas a tropicalidade do inverno brasileiro. O Brasil vive uma crise econômica, política e ética, e este viés oriental conduz a uma busca por equilíbrio. Mas, longe daqui, também existem paralelos entre moda e arte. A artista milanesa Rita Mangano oferece calma através de um trabalho desenvolvido durante mais de 30 anos. Ela desenvolve na Itália um trabalho de humanização de hospitais a partir de obras de arte. Transmite sensações aos pacientes, com o propósito de anular sentimentos negativos. “Com a inspiração infinita que a natureza oferece, é possível criar memórias e emoções que são destinadas para o bem-estar das pessoas”, comenta. No seu ateliê em Naviglio, Milão, são inúmeras as árvores e ramos de cerejeiras pintados pela artista. A riqueza de detalhes em face à miudeza das flores é impressionante. Some-se a isso o poder de teletransporte da arte. É possível imaginar o canto dos pássaros e o voo sutil da borboleta, ou até a brisa leve no rosto. 76

A artista milanesa Rita Mangano oferece calma através de um trabalho desenvolvido durante mais de 30 anos.

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Beatriz Milhazes se inspira nas notas orientais.

Mágica de Milhazes Celebridades, admiradores de arte e curiosos elegeram um trabalho de Beatriz Milhazes como o ponto de selfies da feira Arte-SP. A imagem se espalhou como rastro de pólvora e virou um novo marco das artes plásticas no Brasil. A obra “O moderno” foi comprada por R$ 16 milhões. Segundo a Folha, o comprador é Marcel Telles, da Ambev. No rol de negócios, Milhazes também ganha peso. Na lista estão Jô Soares e a atriz Fernanda Montenegro. Tanta visibilidade foi conquistada com bons relacionamentos, claro, mas também marcos, como quando “O Mágico” foi vendido por mais de US$ 1 milhão na Sotheby´s, em Nova York, fazendo com que ela fosse a primeira brasileira a atingir a marca dos sete dígitos. Carioca, formou-se na Escola de Artes Visuais do Parque Laje nos anos 80. Em 1995 entrou para o badalado Carnegie Museum of Art, em Pittsburgh, Estados Unidos e no mesmo ano

foi representada em Manhattan, recebendo inclusive crítica otimista do The New York Times. Beatriz Milhazes se inspira nas notas orientais. Pinta flores, alvos e arabescos em uma superfície de plástico construindo uma película de tinta acrílica para depois transferir esses elementos para suas colagens. Utiliza papéis de chocolate e balas, além de sacolas de compras para criar uma harmonia de excessos. Depois é que chega a vez da tinta. A cor é o elemento estrutural mais forte da sua obra. O repertório é concluído com questões relativas à abstração geométrica, o modernismo, o concreto brasileiro e o carnaval com embalagem Pop Art. Pode parecer muito Rio de Janeiro, mas, na verdade, as telas dela são completamente geométricas, com a característica principal do abstracionismo que é não repetir forma nenhuma. As estruturas são extremamente organizadas em quadrados e linhas.

Still Minimalismo oriental invade a cena #Contextualizando Inspiração oriental: Nossa estampa Tsuru, pontuada por um dos principais tons da nossa cartela, o bordô.

Camisa 016164

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Short 016229

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M AQ U I AG E M @ M A R CO S CO STA

cara DEMOCRACIA ESTAMPADA NA

Texto: Tallyson Moura

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Backstage Lino Vilaventura

No Brasil e além fronteira, democracia é a palavra de ordem. Inclusive para a beleza, que pode ser igualitária. Marcos Costa, um dos maiores nomes quando o assunto é maquiagem no Brasil, acredita piamente nisso. O goiano de 50 anos de idade aposta suas cartas na autoestima feminina e tem transformado, mais que rostos, vidas.

O

sucesso deste profissional caminha lado a lado com sua versatilidade. Dentro do que escolheu aos 16 anos de idade, passeia por várias áreas. Até livro publicado ele tem. Dois, aliás. O primeiro deles, “Eu Amo Maquiagem”, lançado em 2006 propunha mais ousadia às mulheres em tempos engessados. Esgotou quatro semanas após a publicação, para se ter ideia do sucesso. Com a segunda obra, de 2013, foi ainda mais longe. “Maquiagem” reuniu fotografias de mulheres de 15 a 80 anos, de todas as partes do Brasil, maquiadas e fotografadas por ele. Resultado: dois prêmios, um “Fernando Pini” por excelência gráfica e um “Prêmio Jabuti” que o colocou como uma das três melhores capas do ano.

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Longe de perder o fôlego, Costa ainda assina a beleza para desfiles de estilistas consagrados até internacionalmente, como é o caso de Ronaldo Fraga, de quem é parceiro há 30 coleções. Sem falar nas capas e editoriais de grandes revistas, jornais, sites, blogs e campanhas publicitárias. Com a Natura desde 1998, ainda desenvolve conceitos, produtos e dá treinamentos nos quatro cantos do país. “Eu gosto de ouvir que sou um profissional versátil porque eu sempre quis isso. Optei por um trabalho mais amplo mesmo, justamente pensando nessa coisa de democratizar a beleza. Maquiagem não é coisa só de artista. Com meu trabalho, mostro que maquiagem é algo possível”, defende. Em um de seus projetos mais recentes, Costa aborda na rua mulheres comuns e dá dicas rápidas. Tudo isso, acompanhado por uma produtora de vídeo. O nome da iniciativa não poderia ser outro: Beleza na Rua. O beauty artist que escolheu São Paulo como moradia conta que queria fazer algo diferente dos tutoriais de beleza tão comuns na internet e então decidiu levar uma penteadeira para centros movimentados e abordar mulheres de todos os perfis e idades, da maneira mais natural possível. Ele relata que a experiência tem sido fantástica para todos. Para ele até mais que para elas, possivelmente. O resultado está disponível na internet, no Youtube, dividido em episódios curtos de cerca de dois minutos apenas. As dicas são dadas de acordo com o perfil da mulher abordada, e vão desde como usar sombra marrom até como valorizar lábios finos. “Esse é um projeto que deu muito certo e vamos continuá-lo em 2017”, anuncia Costa. Há, no total, dez episódios publicados. Para todas Para quem enxerga com olhos de mercado, há outros projetos de excelente dinâmica, cheios de nuances e cores bem alegres. Mas um deles Marcos trata como iniciativa pessoal. Com o “Maquiagem para Todas”, ele cumpre a nobre função de fazer mulheres se verem mais bonitas. 80

TOP da make de inverno

Foto: Pedro Bonacina • Modelo: Mari Calazan

PELE NATURAL A pele dessa estação é a mais natural possível. Nada de carregar na base ou no pó. Marcos sugere às meninas que sofrem com acne que busquem tratamento com dermatologista, para que não precisem exagerar na cobertura. A dica é: mantenha a leveza e fujam da artificialidade.

Foto: Danilo Apoena • Modelo: Rebeca Campelo

CORES E METALIZADOS Cores em alta: Berinjela e violeta, que podem vir nos olhos e na boca. Metalizados também continuam, mas é preciso ficar atento: para as meninas mais experientes com a maquiagem, Marcos sugere escolher boca ou olhos. Os riscos de erro serão menores. Mas a mulher segura pode sim ousar na make inteira.


Foto: Edu Delfim • Atriz: Maristane Dresch

MAKE DA ESTAÇÃO “Delineador azul, com blush bronze e batom laranja, porque combina perfeitamente com a beleza da brasileira e nosso inverno é tropical”.

Foto: Paschoal Rodriguez • Modelo: Thairine Garcia

CONTORNOS Os contornos são suaves e fogem do padrão Kardashian, disseminado pelo mundo. “Vejo meninas lindas que ficam menos bonitas ao exagerarem no contorno. Estamos em um país iluminado. Nossas mulheres não precisam disso”, reforça o especialista.

Foto: Edu Delfim • Modelo: Luisa Pasinatto

BRILHO Em tempos áridos, brilhe. O contraponto para a crise política, econômica e ética pela qual passa o Brasil, pode estar nos olhos e bocas femininos. Para o inverno 2017, Marcos aposta no brilho e na cor. Nada de introspecção nesta estação, afinal aqui o inverno é tropical.

2O17 • TOLI • INVERNO

É assim sobretudo por dentro, já que nesse trabalho as atendidas são mulheres cegas ou com baixa visão. “É algo que eu queria fazer há muito tempo em minha vida”, conta. A ação foi iniciada em 2008 e somente agora, após quase dez anos e muitas mulheres formadas, é que a iniciativa começa a ganhar visibilidade. Foi mantida quase em segredo por muito tempo, por escolha de Marcos. Ele atinou para ensinar automaquiagem a deficientes visuais depois de assistir a uma matéria sobre acessibilidade num telejornal. Começou por uma vizinha. Informalmente mesmo. Mas a vizinha chamou um grupo de amigas e a ideia ganhou corpo. “Várias pessoas já fizeram esse curso comigo. E realmente a maquiagem é algo que mexe com autoestima da mulher. Não é fútil ou artificial, como alguns julgam. Várias delas relataram que, após o curso, voltaram a ser mulher, literalmente. Principalmente as que têm na memória as imagens da adolescência, mas adquiriram cegueira e pararam de se maquiar”, relata ele.

Maquiagem não é coisa só de artista. Com meu trabalho, mostro que maquiagem é algo possível. 81



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MANAUS Manauara Shopping (92) 3342.1009

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